Via biliar Flashcards
Icterícia colestática Coledocolitíase Colecistite aguda e outras afecções da vesícula
Icterícia
- Expressão clínica do aumento da bilirrubina total (normal: 0,3 a 1,3)
- Pigmentação amarelada (inclusive escleras, mucosas)
- Acima de 2 a 2,5 mg/dL: acúmulo nos tecidos
Referência
Bilirrubina total
0,3 a 1,3 mg/100ml
Referência
Bilirrubina indireta
0,2 a 0,8 mg/100ml
Referência
Bilirrubina direta
0,1 a 0,3 mg/100ml
Metabolismo da bilirrubina
- Hemácias senescentes são degradas.
- A enzima HEME OXIGENASE transforma o grupamento HEME na biliverdina.
- A biliverdina redutase, em seguida, transforma a biliverdina em BILIRRUBINA INDIRETA/NÃO CONJUGADA.
- A bilirrubina indireta é lipossolúvel, precisa de um carreador para “andar” no sangue: ALBUMINA.
- A bilirrubina indireta ligada a albumina entra no fígado e são separados. Então a BI é conjugada no hepatócito. A conjugação é a associação da bilirrubina indireta com o ácido glicurônico feita pela UDP glicuroniltransferase.
- Essa bilirrubina direta/conjugada, hidrossolúvel, é excretada junto com os outros componentes da bile no duodeno.
- A bilirrubina direta no cólon é transformada em urobilinogênio que pode ser absorvido e posteriormente pelo sistema porta (ciclo entero hepático) ou pode continuar no cólon e ser transformado em estercobilinogênio (substância que dá a cor característica das fezes).
Causas da icterícia
Geral, mecanismos que causam
- Pré hepáticas (relacionadas com o aumento da bilirrubina indireta)
- Aumento da produção de bilirrubina indireta (hemólise por exemplo)
- Diminuição da captação hepática
- Hepáticas (geralmente provoca hiperbilirrubinemia mista)
- Diminuição da conjugação
- Pós-hepáticas – colestase (relacionadas com o aumento da bilirrubina direta)
- Diminuição da excreção
- Intra-hepática (hepatite)
- Extra-hepática (obstrução)
- Diminuição da excreção
ICTERÍCIA NÃO COLESTÁTICA
- Aumento da bilirrubina indireta
- Maior oferta de bilirrubina ao fígado, com:
- Deficiência de captação pelo hepatócito
- Defeito no seu transporte extracelular
- Defeito na conjugação
- HIPERBILIRRUBINEMIA INDIRETA
- Hemólise: principal causa de aumento da bilirrubina indireta
- Icterícia do recém-nascido, é por bilirrubina indireta (e como a B. Indireta pode ultrapassa a barreira hematoencefálica pode causar o Kernicterus)
ICTERÍCIA COLESTÁTICA
- Colestase: “estagnação de bile” no fígado
- Deficiente fluxo de bile para o duodeno
- HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA
- Principal causa: coledocolitíase
- Causas: Intra-hepática (hepatite A) e extra-hepática (obstrutivas)
- Obstrução das vias biliares (obstrução do colédoco por cálculo, tumor de papila, de cabeça do pâncreas)
- A bilirrubina não consegue ser escoada, parte é absorvida pela circulação (pigmento se acumula em mucosas, na esclera e em outros tecidos)
- Por ser eliminada em larga escala pelos rins a urina fica escura (coca cola, café) e por não chegar no cólon as fezes ficam brancas (hipocolia ou acolia fecal).
Icterícia obstrutiva
- Obstrução ao fluxo de bile extra-hepático
Causas
- Coledocolitíase (pode dar uma icterícia flutuante)
- Tumores periampulares
- Cabeça de pâncreas
- Papila (pode dar uma icterícia flutuante)
- Colédoco distal
- Duodeno
- Estenose inflamatória
- Colangite esclerosante primária
- Lesões iatrogênicas
Possíveis causas de icterícia flutuante
Coledocolitíase
Tumor periampular de papila
Aspectos clínicos da Icterícia obstrutiva
- Icterícia
- Colúria
- Acolia fecal
- Prurido (acúmulo de sais biliares na pele. Que só melhora mesmo com a desobistrução da via biliar)
Forma de manifestação da icterícia que podem dar pista do diagnóstico
- Lenta e progressiva na neoplasia (associada a perda de peso também)
- Precedida de cólica biliar na litíase
- Flutuação no tumor de papila e coledocolitíase
Vesícula de Courvosier – Terrier
- Vesícula palpável e indolor em um paciente com icterícia colestática (icterícia + acolia fecal + colúria)
- Significa neoplasia periampular
Ictetrícia obstrutiva
Exames laboratoriais
Provas de função hepática
- Bilirrubinas
- TAP/INR
- Albumina
- Bilirrubina total aumenta ao custo de BD, o TAP e o INR devem estar normais. Mas, podem ser alterados por não chegar à bile no intestino, assim não há emulsificação de gordura e absorção de vitaminas lipossolúveis (ADEK) e sem a vitamina K o TAP e INR podem ser alargados.
Provas de lesão hepática
- TGO/AST e TGP/ALT (aminotransferases)
- Levemente aumentadas nos casos obstrutivos (em casos de hepatite aguda estarão muito aumentadas)
Enzimas canaliculares
- Fosfatase alcalina
- Gama GT
- Ambas estarão aumentadas
Ictetrícia obstrutiva
Primeiro exame de imagem
Primeiro exame de imagem será sempre a USG
- Ele é ótimo para ver colédoco? Coledocolitíase? Não, mas é pra ver a vesícula biliar: colelitíase. Se tem pedra na vesícula e o paciente tem icterícia colestática provavelmente a pedra migrou para o colédoco.
- As vezes o médico consegue ver o colédoco e cálculos no seu interior.
Ictetrícia obstrutiva
Exames de imagem
TC e RM
TC
- Bom exame para ver o pâncreas
- Pedir na suspeita de tumor periampular.
RM
- Bom exame
- Principalmente a colangioressonância que desenha toda a anatomia da árvore biliar.
Ictetrícia obstrutiva
Exames de imagem
Ecoendoscopia
- Para ver lama biliar, microcálculos
- USG na ponta de um endoscópio
- Possível fazer biópsia na via biliar, no pâncreas
Ictetrícia obstrutiva
Exames de imagem
CPRE
- Procedimento invasivo
- 2 a 5% de complicações
- Risco de pancreatite aguda grave
- Não deve ser feita para diagnóstico, ela deve ser usada somente para TRATAMENTO.
- TERAPÊUTICA.
- Retira cálculos, faz papilotomia endoscópica, faz escovado de células
Ictetrícia obstrutiva
Exames de imagem
Duodenoscopia
- Possibilita a visualização da papila por fora do duoneno, na EDA só vemos a frente, nesse exame dá pra ver lateralmente
- Bom se suspeita de tumor de papila
Coledocolitíase
Litíase do colédoco
A maioria das coledocolitíases são _________
(primárias/secundárias)
Secundárias ou residuais
(toda litíase vem da vesícula até que se prove o contrário)
Porém, o cálculo pode se formar primariamente no colédoco quando existe um grau de obstrução e dilatação crônica, presença de colestase.
Quanto tempo após uma colecistectomia o cálculo do colédoco é tido como residual da vesícula?
2 anos
Dois anos após colecistectomia o cálculo no colédoco é tido como primário
Coledocolitíase
Quadro clínico
- Icterícia colestática (icterícia + acolia + colúria - aumento de bilirrubina direta)
- Dor (porque esse cálculo provavelmente migrou)
- Vômitos
- Colangite (se houver infecção associada a obstrução)
- A icterícia pode ter um grau de flutuação (porque o cálculo pode se mover e escoar um pouco da bile)
Coledocolitíase
Exames
- O primeiro exame é a USG, se não for possível visualizar o colédoco e não há litíase na vesícula:
- Colangioressonância
- Colangiografia intraoperatória (para casos de suspeita pequena que não vale a pena arriscar a CPRE sem ter certeza do diagnóstico)
Coledocolitíase
Tratamento
- CPRE
- Abrir a papila (sempre as 11h)
- Papilotomia endoscópica
Risco de coledocolitíase secundária a colelitíase
- Se tenho colecistolitíase (colelitíase) há risco de desenvolver coledocolitíase secundária, por isso, ao retirar a vesícula, se houver suspeita de migração de calcula, a exploração do colédoco deve ser feita.
- Isso não ocorre sempre, vai depender do risco associado a coledocolitíase secundária.
Fatores de alto risco de coledocolitíase secundária a colelitíase
- Icterícia flutuante
- Colúria
- Acolia fecal
- Colangite
- Exame comprovante coledocolitíase
- Conduta: CPRE
Fatores de médio risco de coledocolitíase secundária a colelitíase
- História prévia de icterícia
- Dilatação do colédoco
- Enzimas canaliculares aumentadas
- Não está ictérico agora
- Colangio RNM, se positiva: CPRE
- Colangio RNM, se negativa: Colangiografia intraoperatória
Fatores de baixo risco de coledocolitíase secundária a colelitíase
- História prévia de colecistite, colangite ou pancreatite
- Enzimas canaliculares alteradas
- Microcálculos
- Colédoco normal
- Conduta: colescistectomia com colangiografia transoperatória
Dreno de Kehr
- Dreno inserido após colecistectomia ou outra EVB para ajudar no diagnóstico de obstruções por litíase residual, se a via biliar estiver pérvia, a bile passa direto do ducto hepático comum para o colédoco, caso o colédoco esteja bloqueado há intensa saída de bile pelo dreno
- Através desse dreno, consegue-se fazer a colangiografia, inserindo contraste através do dreno
Papilotomia cirúrgica
- Pode -se fazer papilotomia por via aberta
- Faz-se pouco hoje porque por via endoscópica com a CPRE é mais simples, mas nem sempre possível
- Ex: paciente que fez bariátrica, em Y de Roux, ao engolir o endoscópio, esse não passa no duodeno do Y vai direto pra baixo, n tem como explorar as vias biliares.
Derivação Biliodigestiva
- Cálculo primário
- Via biliar doente > 2 cm
- A cirurgia de derivação biliodigestiva é realizado em situações que necessitem desviar o fluxo de bile do fígado diretamente para o intestino sem passar pelo colédoco
- Obstruções por tumores ou até lesmo por lesões inadivertidas da via biliar como por exemplo durante uma cirurgia de vesícula (colecistectomia) - iatrogênia
- A cirurgia consiste em criar uma anastomose entre os canais biliares hepáticos e o intestino (geralmente o jejuno - Hepatojejunostomia)
- Esta cirurgia pode ser realizada por videolaproscopia, mas exige experiência laparoscopica avançada.
Coledocolitíase é a principal causa de colangite aguda
V ou F?
Verdadeiro
Vesícula em porcelana
- Calcificação da parede da vesícula biliar
- Variante incomum da colecistite crônica (secundária a crises de repetição)
- 5x mais comum em mulheres (como todas as afecções da vesícula)
- Tem associação com o câncer de vesícula (aumenta o risco)
- Conduta: Colecistectomia