Queimados Flashcards
Principal etiologia das queimaduras no Brasil
Chama
2º lugar: escaldadura
Queimaduras
Feridas traumáticas causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos, radioativos ou fricção que atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos
CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DAS QUEIMADURAS
Calor (chama, escaldadura e contato), químicos, eletricidade, fricção e radiação.
- Chama: lesão por ar superaquecido
- Escaldadura: lesão por contato com líquidos quentes
- Contato: lesão por contato com materiais sólidos quentes ou frios
- Químicos: lesão por contato com agentes químicos nocivos
- Eletricidade: lesão por condução de corrente elétrica através dos tecidos
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A PROFUNDIDADE:
- Primeiro grau: Envolvem apenas a epiderme e não deixam sequelas
- Segundo grau superficial: Epiderme + derme superficial. Não costuma deixar cicatriz mas o local da lesão pode ser mais claro (discromia)
- Segundo grau profundo: Toda a derme. Há destruição das terminações nervosas da pele e deixa cicatrizes
- Terceiro grau: Profundas, acometem toda a derme e atinge subcutâneo, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos. Não curam sem apoio cirúrgico.
Queimaduras de Primeiro grau
- Superficial
- Envolvem apenas a epiderme
- Dor, calor e eritema (com palidez ao toque)
- Lesão seca e não produz bolhas
- Melhora no intervalo de 3 a 6 dias podendo descamar
- Não há formação de cicatriz, não necessitam de reposição volêmica.
Queimaduras de Segundo grau superficial
- Epiderme + porção superficial da derme (papilar)
- Dor, edema, bolhas, erosão e ferida de aparência úmida (base da bolha rósea/hiperemiada)
- Reepitelização ocorre a partir dos anexos subcutâneos
- Melhora de 3 a 4 semanas
- Não costuma deixar cicatriz, mas pode ocorrer discromia
Queimaduras de segundo grau profunda
- Acometem toda a derme
- Pode ocorrer destruição das terminações nervosas da pele, glândulas sudoríparas e folículos capilares (lesões menos doloridas, secas, de base branca e de difícil reepitelização)
- A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes, geramente necessita de enxertia
Queimaduras de Terceiro grau
- Acometem tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo atingir músculos e estruturas ósseas.
- Lesões esbranquiçadas/acinzentadas ou enegrecidas/com aspecto de couro, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxerto ou retalho.
Queimaduras de Quarto grau
- Algumas literaturas trazem terceiro grau como até o subcutâneo e quarto grau como queimaduras que atingem músculos, ossos e órgãos internos (típico de queimaduras elétricas)
- ATLS não
Classificação por extensão
(Regra dos 9 de Wallace)
Adulto:
- Toda a cabeça e pescoço: 9% da superfície corporal total
- Membro superior: 9%. 4,5% frente e 4,5% dorso
- Tronco: 36%. 18% frente e 18% dorso
- Membro inferior: 18%. 9% frente e 9% dorso
- Períneo e Genitália: 1%
Criança (o que muda)
- Cabeça: 18%
- Membro inferior: 14%, sendo 7% frente e 7% dorso
Para determinar com maior precisão o tamanho das feridas em CRIANÇAS, pode ser usado o diagrama de Berkow, que classifica o tamanho de acordo com a idade da criança.
Repercussões locais das queimadura
(zonas de dano tecidual)
Zona de coagulação
- Porção central da lesão
- Tecido não viável (destruído no evento causal e sem chance de recuperação)
Zona de estase
- Porção com inflamação e baixos níveis de perfusão
- Tecido viável, porém, pode se tornar inviável nas primeiras 48h, expandindo a área e profundidade da lesão
- Pode ser salvo ou não
Zona de hiperemia
- Área mais externa,
- Não há dano, mas sim, inflamação.
- A perfusão microvascular não é prejudicada, não há risco de perda tecidual
Alterações sistêmicas (gerais) nos queimados
- As alterações sistêmicas irão envolver diversos órgãos
- Resposta circulatória hiperdinâmica com aumento da temperatura corporal, com glicólise, lipólise, proteólise
Na ausência de suporte nutricional, as reservas proteicas rapidamente se esgotam, levando à desnutrição e à perda de tecido muscular ativo
- Existem duas fases após o episódio de queimadura: “EBB PHASE” OU HIPODINÂMICA (refluxo)
- Fase de Fluxo hiperdinâmico e hipermetabólico (hiperdinâmica)
“EBB PHASE” OU FASE HIPODINÂMICA (refluxo)
- Dura de 24 a 72h
- Permeabilidade vascular aumentada e extravasamento de fluidos para o interstício (depleção de volume intravascular e formação de edema)
- Mecanismo responsável: liberação de mediadores de permeabilidade microvascular e liberação de mediadores inflamatórios
- O objetivo nessa fase é restaurar e manter a perfusão tecidual, evitando isquemia por hipovolemia
Fase de fluxo hiperdinâmico e hipermetabólico (hiperdinâmica)
- Início 24-72h após queimadura
- Diminuição da permeabilidade vascular
- Aumento da FC e diminuição da RVP = aumento do DC (1,5x maior; Taxa metabólica 3x maior)
- Cicatrização da integridade microvascular e aumento do fluxo sanguíneo periférico = redistribuição preferencial para a área queimada
- Semanas a anos para resolução
ESTADO HIPERMETABÓLICO - QUEIMADURAS
Consequência da liberação de mediadores inflamatórios + resposta ao estresse
- Aumento dos hormônios catabólicos (cortisol, catecolaminas) = aumento da lipólise e proteólise
- Diminuição dos hormônios anabólicos (GH e testosterona)
- Aumento da taxa de matabolismo basal (aumento da temperatura corporal)
- Aumento da demanda de glicose e neoglicogênese hepática
- Uso da proteína muscular como fonte de energia.
ALTERAÇÕES SISTÊMICAS
CARDIOVASCULARES
- No início, fase de debito diminuído, resistência aumentada, pois há hipovolemia.
- Depois de 24 a 72h, com a reposição volêmica adequada, há aumento do DC, da FC, e um estado hiperdinâmico
- Pode haver arrtmias provocadas pela rabdomólise, principalmente em queimaduras elétricas
ALTERAÇÕES SISTÊMICAS
RENAIS
Alteração da volemia, diminuição do DC e do fluxo sanguíneo para os rins, podendo levar à necrose tubular e IRA.
No casos das queimaduras elétricas, a IRA pode ocorrer secundária a rabdomiólise, comum nesse tipo de lesão.
ALTERAÇÕES SISTÊMICAS - SISTEMA IMUNE
- Perda da barreira de proteção natural da pele
- Depressão imunológica
- Formação de reguladores negativos do crescimento mieloide (diminui a produção na medula de fatores para maturação de células da linhagem mieloide: macrófagos, neutrófilos)
- Alto risco de infecções (principal causa de morte)
ALTERAÇÕES SISTÊMICAS
GASTROINTESTINAIS
- Atrofia mucosa (morte epitelial por apoptose)
- Diminuição da absorção de glicose, ác. graxos, AA
- Aumento da permeabilidade da mucosa à macromoléculas
- ÍLIO PARALÍTICO (se SQ > 25%, choque ⇒ vasoconstricção da mucosa intestinal ⇒ ilío paralítico. retorno a peristalse: 3 a 5° dia)
A primeira etapa no atendimento de um queimado
Interromper o processo da queimadura
- Irrigação com abundantes volumes de água em temperatura ambiente
- Retirada de todas as roupas e joias
- Curativos estéreis e não aderentes (evita contaminação continua e dor pelo fluxo de ar sobre as terminações nervosas expostas)
- Cremes não devem ser aplicados nesse momento (impedem a visualização direta da queimadura e a determinação da gravidade)
Exame básico inicial dos queimados
Queimado = politraumatizado
Avaliação primaria (ABCDE) e secundaria
A – Vias Aéreas e c cervical: Avaliar a presença de corpos estranhos, verificar e retirar qualquer tipo de obstrução.
B – Boa respiração? Administração de O2 a 100% (máscara umidificada). Suspeita de lesão inalatória = IOT precoce. Avaliar queimaduras circunferenciais no tórax (limitação constrictiva, escarotomia)
C – Circulação. 2 AVP calibrosos (mesmo em área queimada, na impossibilidade - acesso central), determinar SCQ e usar Parkland para repor volemia.
D – Disfunção neurológica: Glasgow, pupilas.
E – Expor e Examinar a área queimada, avaliar a lesão
Critérios de transferência para o centro de queimados
Critérios:
- Queimaduras de 2° grau com + de 10% da SCQ
- Queimaduras de 3º grau
- Queimaduras em face, pés, mãos, períneo e grandes articulações
- Queimaduras elétricas (incluindo raios) e químicas
- Lesões inalatórias
- Lesões circunferenciais
- Queimaduras + comorbidades
- Queimaduras + trauma
- Situações de maus tratos, autoextermínio e situações sociais adversas