Tumores benignos e cistos ovarianos Flashcards
Ovários
- Os ovários são compostos de tecido de três diferentes origens embriológicas, justificando a variedade de tumores e de fatores de risco envolvidos, assim, podendo acometer mulheres de diferentes faixas
etárias - Totipotentes
DIVISÃO TUMORES OVARIANOS
- Não neoplásicos: endometriomas, abscessos tubo-ovarianos, ovários policísticos e os cistos funcionais (cistos foliculares, cistos do corpo lúteo e cistos tecaluteínicos)
- Proliferativos ou neoplásicos: tumores epiteliais, o cistoadenoma seroso, o cistoadenoma mucinoso e o tumores de células germinativas (teratoma cístico benigno)
- Sólidos Benignos: fibroma, tumor de Brenner e o luteoma da gravidez
- Funcionantes: podem ser feminilizantes (tecomas, tumores de células hilares e gonadoblastomas) ou virilizantes ou ainda struma ovarii
- Limítrofes
Tumores ovarianos - infância
- Cistos funcionais: mais frequentes
- Tumores sólidos: multilobulados e de dimensões mais amplas (tto cirúrgico)
- Nessa faixa etária, o ovário apresenta maior mobilidade anatômica, propiciando torções e lesão definitiva por isquemia e necrose
Tumores na adolescência - pós menarca
- O aumento das gonadotrofinas pode formar os cistos ovarianos funcionais
- Devem ser tratados como doenças benignas e na maioria das vezes resolvem-se espontaneamente após a menstruação
- Tratamento cirúrgico: caso novo exame ultrassonográfico evidencie persistência da massa
- Diagnósticos diferenciais: abscessos tubo-ovarianos e gravidez ectópica
- Predominam os tumores das células germinativas
Tumores no menacme
- Cistos funcionais do ovário, endometriomas e tumores epiteliais do ovário (cistoadenoma seroso e o mucinoso)
- A maioria dos tumores não produz sintomas
- Sintomas inespecíficos: dor abdominal, sintomas urinários e/ou gastrointestinais
- Tumores produtores de hormônios (funcionantes): sangramento pode estar presente
- Teratomas: células germinativas
Tumores pós menopausa
- Tumores benignos são menos comuns e aumenta a incidência de malignidade
- A avaliação ultrassonográfica e a palpação no exame físico tornam-se mais difíceis devido a atrofia fisiológica do período
Etiologia
- Cistos funcionais
- Tumores epiteliais (entre 20 e 40 anos idade)
- Tumores de células germinativas
- Tumores sólidos benignos
- Tumores funcionantes (Estroma Gonádico)
- Tumores limítrofes
Cistos funcionais - folicular
- Mais comum
- Cisto simples > 3cm e < 8 cm
- Do folículo estimulado que não se rompeu no ciclo
- Mais frequentes após menarca, ramos na menopausa
- Pode ocorrer no período fetal por estimulação das gonadotrofinas maternas -> após o nascimento é reabsorvido
- Geralmente assintomáticos e com resolução espontânea de 4-8 semanas (ou até 3m) -> pode usar ACO por 3-4 m
- Complicações: ruptura ou torção de ovário - parece abdome agudo. Nesses casos e caso persistência do cisto por mais de 3 meses ou ainda cistos maiores que 8 cm -> avaliação de tratamento cirúrgico
Cistos funcionantes - luteínico
- Menos comuns e derivam da persistência do corpo lúteo que se torna cístico devido a hemorragia aumentada na cavidade folicular, ou por acúmulo anormal de líquido devido à estimulação excessiva do LH
- Maioria dos casos ocorre regressão espontânea
- Complicações: rotura e hemorragia -> com instabilidade hemodinâmica, cabe abordagem cirúrgica com preservação do ovário
Cistos funcionantes - tecaluteínico
- Menos comuns
- Em geral, são bilaterais, multicísticos, podem atingir grandes dimensões (até 30 cm) e tendem a regredir espontaneamente
- Ocorrem durante a gravidez, principalmente naquelas complicadas com mola hidatiforme ou coriocarcinoma, em pacientes com diabetes, com sensibilização Rh, que usaram citrato de clomifeno e uso de análogos do GnRH
Tumores epiteliais - cistoadenoma seroso
- Epitélio superficial do ovário
- 15 a 25% dos tumores benignos
- São multiloculares, raramente tem septações grosseiras, podem ser bilaterais, medindo geralmente de 5-15cm
- Corpos de Psammoma: são áreas de granulações calcificadas que podem estar presentes de forma difusa pelo tumor e se evidenciam pelo raio X
- Detectados de forma incidental
- Conduta depende da idade da paciente e se a prole está constituída, mas somente a cirurgia é o tratamento definitivo
- Se suspeita de malignidade, está indicado o exame histológico por congelação no perioperatório e o estudo em parafina para confirmar a ausência de invasão estromal - em centro cirúrgico de referência - tumor delicado -> 20% dos cistoadenomas serosos são malignos e 5 a 10% dos tumores epiteliais são limítrofes
Tumor epitelial - cistoadenoma mucinoso
- São mais volumosos que os tumores serosos, chegando até a 50 cm de diâmetro, podem ser bilaterais, geralmente multilobulados, císticos, de conteúdo mucóide e acastanhados ao corte
- Suspeitou? encaminhar para ambiente oncológico
- Complicação: formação de pseudomixoma peritoneal, caracterizado pela secreção exacerbada de mucina, levando à formação de ascite, a qual recidiva com frequência após o tratamento cirúrgico (mais comum nos carcinomas mucinosos, mucocele do apêndice e no carcinoma bem diferenciado do cólon)
- Tratamento: cirúrgico e a extensão varia conforme idade e se há pretensões reprodutivas, estando indicada a ooforectomia - (TRH se fizer) -> A histerectomia total abdominal e salpingo-ooforectomia bilateral está reservada para pacientes na pós-menopausa
Tumores de células germinativas - teratoma cístico benigno
- 10 a 15% de todos os tumores ovarianos
- Pico aos 30 anos
- Mais unilaterais, baixa malignidade (pior pós menopausa - carcinoma de células escamosas)
- Totipotentes: diferentes tecidos
- Composição: células bem diferenciadas de
todos os três folhetos embrionários - folículos pilosos, material sebáceo, cartilagem, osso, dentes, calcificação e tecido tireoidiano - Complicação: torção do pedículo devido ao conteúdo gorduroso que faz com que ele ‘flutue’ na pelve -> aumenta mobilidade c\ maior chance de ocorrer a torção
- Tratamento: cistectomia ovariana com preservação do ovário ou ooforectomia (prole ok)
- Cuidado com extravasamento do conteúdo do cisto para a pelve -> lavagem exaustiva -> peritonite química
- Cisto dermoide torcido: avaliar infarto. Se houver necrose - ooforectomia, se não houver - desfazer torção e cistectomia
Tumor sólido - fibroma
- Tumores do cordão sexual (mais comuns)
- Derivam das células estromáticas da granulosa, mas não apresentam atividade hormonal
- Associados à ascite e hidrotórax (respectivamente em 10-15% e 1% dos casos) -> síndrome de Meigs
Tumor sólido benigno - tumor de brenner
- Epitélio transicional, de histopatologia incomum, com ilhotas de células cubóides claras, os ninhos de células de Walthard
- Raramente ocorre transformação maligna
- Pode estar associado à síndrome de Meigs (resolve ao retirar tumor) e a um cistoadenoma mucinoso, assemelhando-se ao quadro de um tumor maligno
- Estão associados à ela os fibromas, os tumores de Brenner e Krukenberg
Tumores sólidos benignos - luteoma da gravidez
- Raro, pode ser bilateral e aumentar ovário em até 12cm
- Se inicia no 2º trimestre da gestação devido à produção de testosterona, pode por isso estar associado à virilização, e ocorrer ainda a masculinização de um feto do sexo feminino
- A maioria regride espontaneamente, mas o aumento persistente indica cirurgia
Tumores funcionantes - feminilizantes
- Tecomas
- Origem: estroma cortical dos ovários, normalmente são unilaterais e raramente malignos
- Predominam na pós-menopausa e são produtores de estrógenos, provocando sintomas compatíveis com indução estrogênica, incluindo sangramento genital e hiperplasia endometrial na pós-menopausa
- Recomenda-se a ooforectomia
Tumores funcionantes - virilizantes
- Gonadoblastomas
- Tumor misto - elementos germinativos e do
cordão sexual, podendo produzir androgênios e estrogênios - Tratamento: ooforectomia
- Pacientes com disgenesia gonadal e presença de cromossoma Y são consideradas de alto risco para o desenvolvimento deste tumor.
- Conduta: gonadectomia
Tumores funcionantes - Struma ovarii
- Variante do teratoma cístico maduro (predomínio de mais de 50% de tecido tireoidiano, havendo produção ectópica dos hormônios tireoidianos, podendo inclusive provocar sintomas de tireotoxicose em cerca
de 5% dos casos) - Baixo potencial de malignidade
Tumores limítrofes
-Tumores de baixo potencial maligno ou borderline
- 10 a 15% dos tumores epiteliais e possuem aspectos
que os caracterizam entre os benignos e os malignos
- Tendem a se manter restritos aos ovários por longos períodos, tendo baixo potencial de crescimento tumoral e também de invasão, são capazes de se metastatizar, porém não apresentam invasão estromal
- Bom prognóstico
- Predominam na perimenopausa, em torno dos 46 anos
- Tratamento cirúrgico, exceto nos pacientes com desejo reprodutivo (conduta conservadora -acompanhamento)
QUADRO CLINICO
- A maioria é assintomática, dificultando o diagnóstico
- Alterações menstruais em algumas situações
- Cistos de corpo lúteo hemorrágicos: dor ou sinais de peritonite, especialmente se ocorrer ruptura
- Dor abdominal intensa: torção anexial de um cisto ou massa, geralmente > 4 cm
- Ascite e derrame pleural pode acompanhar fibromas
- Palpação de massa pélvica anexial
Diagnóstico - USTV
Exame de escolha para avaliação de massas ovarianas
Diferencia massa cística de sólida
Massas ovarianas benignas: < 8 cm; parede interna regular; conteúdo unilocular ou cístico; ausência de septações
Em geral, as massas são detectadas casualmente
Solicita-se teste de gravidez - gestação ectópica
US transvaginal: confirma o diagnóstico
Massas com características radiográficas de câncer (p. ex., componentes císticos e sólidos, excrescência na superfície, aparência multilocular, forma irregular) exigem consulta com um especialista e excisão
Diagnóstico - teste para marcador tumoral
Massa que exige excisão ou se câncer ovariano estiver sendo considerado
Marcadores tumorais: Beta-2 microglobulina, antígeno de câncer (CA) 125 II, apolipoproteína A-1, pré-albumina, transferrina
Utilizados para monitorar a resposta ao tratamento, em vez triagem, para a qual eles não possuem sensibilidade
Podem ser falsamente elevados em mulheres com endometriose, miomas uterinos, peritonite, colecistite, pancreatite, doença inflamatória do intestino ou vários cânceres
TRATAMENTO
- Expectante ou cirurgico - cistectomia ou ooforectomia (volumoso, multilocular, aspecto maligno)
- Infância: 80% são malignas, devendo ter diagnóstico
confirmado e tratamento cirúrgico para todos os tumores císticos em pacientes pré púberes - Adolescência: Cistos funcionais ->acompanhados até resolução espontânea; Tumores sólidos (de células germinativas) ->cirúrgico
- Peri menopausa - cistos funcionais: acompanhamento até sumir por 3 meses. Cirurgia se dor intensa, suspeita de malignidade ou de torção, tentando preservar fertilidade
- Peri menopausa - massas benignas: cirurgia em caso de suspeita maligna ou sintomatologia importante, tentar manter fertilidade
- Pós-menopausa: A depender do risco de lesão maligna
- Risco mínimo, cisto unilocular < 5,0cm à USG: conduta expectante (acompanhamento de 6 em 6 meses, USG e CA 125)
- Risco intermediário ou alto risco malignidade: tratamento cirúrgico
- Cistos funcionais < 5 cm desaparecem sem tratamento - faz-se ultrassonografia seriada para documentar seu desaparecimento
- Mulheres assintomáticas, em idade reprodutiva, com massas anexiais císticas simples na parede fina de 5 a 8 cm (em geral, foliculares) sem características de câncer: tratamento expectante (US TV controle)
Indicações de cirurgia
- Peri-menopausa
- Tumores sólidos em qualquer faixa etária
- Tumores císticos > 5 cm por mais de 6 meses
- Tumores mistos, cístico sólido, independentemente do tamanho e persistente por mais de três meses
- Mulheres assintomáticas com cistos >10 cm
- Suspeitos de malignidade, independentemente
do tamanho: aparência ultrassonográfica do cisto, nenhuma mudança ou aumento no tamanho, níveis elevados de CA 125 (> 200 U/ml), ascite, suspeita de doença metastática, ou história familiar de um parente de primeiro grau com câncer de mama ou de ovário
- Pós menopausa
- Cistos >5 cm
- Cisto sintomático
- CA 125 > 35 U/ml (não usar como fator isolado)
- Ascite ou outros sinais suspeitos de metastase
- Tumores benignos exigem tratamento
- Massas com características radiográficas de câncer são excisadas por laparoscopia ou laparotomia
- Sempre que possível, tentar preservar os ovários (cistectomia)
Indicações de ooforectomia
- Fibromas que não podem ser removidos por cistectomia
- Cistadenomas
- Teratomas císticos > 10 cm
- Cistos que não podem ser removidos separadamente dos ovários
- A maioria dos cistos detectados na pós-menopausa e com > 5 cm