Obstetrícia 3 Flashcards
Qual é a definição de abortamento?
Interrupção da gestação com feto com MENOS de 20 - 22 semanas ou 500g.
NA PROVA, GESTANTE COM < 20 SEMANAS E SANGRAMENTO = ABORTAMENTO até que se prove o contrário.
Quais são as etiologias do abortamento?
Anormalidades cromossômicas:
- Principal causa. Mais frequentes: aneuploidias (trissomias principalmente, a mais frequente é a trissomia do 16. Uma paciente com perda isolada precoce, principalmente no início da gravidez, tem risco = da população geral em repetir o evento.
Desordens anatômicas:
- Incompetência istmocervical (feto pesa e o colo abre), malformações uterinas (mullerianas) e sinéquias.
Doenças endócrinas:
- Insuficiência lútea (?), doenças da tireoide, DM –> a paciente com DM prévio tem que engravidar bem controlada para diminuir risco de malformação e abortamento; o risco de malformação em diabética prévia é diretamente proporcional ao nível da hemoglobina glicada. O corpo lúteo ajuda a manter a gravidez inicialmente, sustentando hormonalmente (progesterona) até a placenta assumir este papel.
Infecções:
- Rubéola, CMV, parvovirose, HIV, sífilis.
Trombofilias hereditárias:
- Questionável… a maioria recomenda não rastrear.
Distúrbios imunológicos:
- Síndrome antifosfolipídio.
Como é classificado o abortamento?
- Precoce: < 12 semanas.
- Tardio: 12 - 20 semanas.
- Habitual: ≥ 3 episódios consecutivos –> necessita de investigação.
A mutação da metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) não é causa de abortamento de REPETIÇÃO!
Quais são as características da Síndrome Antifosfolipídeo?
É uma trombofilia autoimune que cursa com:
- Abortamento de repetição.
- Óbito fetal, pré-eclâmpsia.
- Trombose arterial e venosa.
- Associação com lúpus.
Como é feito o diagnóstico da Síndrome Antifosfolipídeo?
1 CRITÉRIO CLÍNICO + 1 LABORATORIAL.
Clínicos:
- Trombose arterial ou venosa ou;
- Óbito fetal após 10 semanas ou;
- Parto prematuro por pré-eclâmpsia < 34 semanas ou;
- 3 ou mais abortamentos < 10 semanas.
Laboratoriais:
- Anticoagulante lúpico.
- Anticardiolipina IgG ou IgM.
- Anti B2 glicoproteína 1 IgG ou IgM.
Como é o tratamento da Síndrome Antifosfolipídeo?
- SAF apenas com critérios obstétricos: AAS + heparina profilática (sem trombose).
- SAF com história de trombose: AAS + heparina terapêutica (com trombose).
Quais são as características da Incompetência Istmocervical?
Falha do orifício interno em manter a gestação, causando:
- Abortamento tardio.
- Perdas gestacionais INDOLORES: sem contrações.
- Amniorrexe precoce.
- Feto morfologicamente normal: vitalidade fetal preservada.
Quais são os fatores predisponentes da Incompetência Istmocervical?
- Amputação do colo.
- Dilatação do colo (mecânica - histeroscopia cirúrgica).
- Fatores congênitos: malformação uterina.
- Partos laboriosos.
Como é feito o diagnóstico da Incompetência Istmocervical fora da gravidez e na gravidez?
Fora da gravidez:
- Histerossalpingografia.
- Histeroscopia.
- Passagem de vela de Hegar 8.
Na gravidez:
- Dilatação do colo indolor.
- USG: encurtamento do colo, dilatação cervical (sinal do lápis/funil).
Qual é o tratamento da Incompetência Istmocervical?
Cerclagem uterina (McDonald) entre 12 - 16 semanas (média 14).
Deve-se ter um USG morfológico comprovando que está tudo bem com o feto.
Quais são os tipos de abortamento de acordo com o colo uterino?
Colo fechado:
- Ameçada: apenas susto.
- Retido: feto morto.
- Completo.
Colo aberto:
- Inevitável.
- Infectado: clínica de infecção.
- Incompleto: saiu, mas não tudo.
Quais são as características da Ameaça de abortamento - Colo fechado?
- Sangramento e dor discreta.
- BHCG positivo.
- Útero: compatível com IG.
- Colo uterino: fechado.
- USG: presente.
Como é o tratamento da Ameaça de abortamento - Colo fechado?
Ambulatorial: sintomáticos + avaliar imunoglobulin anti-RH.
Quais são as características do Abortamento retido - Colo fechado?
- Sangramento e dor ausentes.
- BHCG negativo ou em queda.
- Útero: menor que IG.
- Colo uterino: fechado.
- USG: embrião ≥ 7mm sem BCE..
Como é o tratamento do Abortamento retido - Colo fechado?
- Repetir USG (confirmatório).
- Esvaziamento uterino.
- Avaliar imunoglobulina anti-RH.
Quais são as características do Abortamento completo - Colo fechado?
- Sangramento discreto, dor ausente.
- BHCG negativo ou em queda.
- Útero: menor que IG.
- Colo uterino: fechado.
- USG: útero vazio (endométrio < 15mm –> JÁ SAIU TUDO).
Como é o tratamento do Abortamento completo - Colo fechado?
Sintomáticos + avaliar imunoglobulina anti-RH.
Quais são as características do Abortamento inevitável - Colo aberto?
- Sangramento intenso, cólicas.
- BHCG positivo.
- Útero: compatível com IG –> ainda não saiu o bebê.
- Colo uterino: aberto.
- USG: BCE presente/ausente.
Como é o tratamento do Abortamento inevitável - Colo aberto?
- Aguardar resolução espontânea ou esvaziamento uterino.
- Avaliar imunoglobulina anti-RH.
Quais são as características do Abortamento Infectado - Colo aberto?
- Sangramento fétido, dor abdominal.
- BHCG negativo.
- Útero: amolecido, doloroso.
- Colo uterino: aberto.
- USG: restos ovulares + febre.
Como é o tratamento do Abortamento Infectado - Colo aberto?
- Clindamicina + Gentamicina.
- Esvaziamento uterino.
- Avaliar imunoglobulina anti-RH.
Quais são as características do Abortamento incompleto - Colo aberto?
- Sangramento variável, cólicas.
- BHCG negativo ou em queda.
- Útero: menor que IG.
- Colo uterino: aberto ou fechado.
- USG: restos ovulares (endométrio > 15mm –> incompleto).
Como é o tratamento do Abortamento incompleto - Colo aberto?
- Esvaziamento uterino.
- Avaliar imunoglobulina anti-RH.
Como podemos fazer o diagnóstico diferencial do abortamento facilmente?
Colo fechado:
- Ameaça: BCE+; sintomáticos.
- Completo: útero vazio (< 15mm); nada.
- Retido: BCE-, CCN ≥ 7MM; esvaziamento.
Colo aberto:
- Inevitável: BCE +/- (embrião) + cólica; esvaziamento.
- Incompleto: restos; esvaziamento.
- Infectado: restos; esvaziamento + ATB.
Como é feito o esvaziamento cirúrgico?
Menor ou igual 12 semanas:
- AMIU (melhor) ou curetagem.
MACETE: AMIU é para útero MIÚDO.
MAIOR QUE 12 SEMANAS:
- Sem feto: curetagem.
- Com feto (inevitável/retido): Misoprostol +/- curetagem (apenas se necessário).
Quando é permitida a interrupção voluntária da gestação?
1. Risco de vida para a gestante:
- Abortamento terapêutico.
- Atestado por 2 médicos.
- Notificação da Comissão de Ética do Hospital.
2. Decorrente de violência sexual:
- Permitida após informar Unidade de Saúde.
- Não precisa de B.O ou autorização judicial.
3. Anencefalia:
- Descriminalização em 2012.
- Interrupção > 12 semanas (se desejar).
- Diagnóstico USG com 2 fotografias (sagital e transversal).
- Laudo assinado por 2 médicos.
Qual a definição de gestação ectópica?
É a implantação do blastocisto fora da cavidade endometrial.
Quais são os fatores de risco para gestação ectópica?
- Cirurgia tubária prévia.
- DIU: fator de risco relativo (comparados a pacientes com método anovulatório).
- Gestação ectópica prévia.
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP).
- Endometriose: distorção da cavidade, sinéquias.
- Contracepção de emergência.
A localização mais comum é na ampola, seguida pela região ístmica.
Quais são os sintomas clássicos, da gestação ectópica subaguda e da aguda?
Clássicos:
- Dor abdominal.
- Amenorreia.
- Sangramento vaginal (não obrigatório).
Subaguda:
- Dor abdominal.
- Amenorreia.
- Sangramento vaginal (não obrigatório).
- 70% região ampular.
- Sem instabilidade hemodinâmica.
Aguda:
- 30% dos casos, região ístmica (distende menos, tendência a rompimento).
- Sinal de Laffon.
- Sinal de Cullen.
- Sinal de Blumberg.
- Sinal de Proust: dor no fundo de saco de Douglas por irritação peritoneal.
- Instabilidade hemodinâmica.
Como é feito o diagnóstico de gestação ectópica?
BHCG - limite discriminatório:
- < 1.500 = repetir.
- ≥ 1.500 = ACHAR SACO GESTACIONAL (“DESCOBRIMENTO DA ECTÓPICA”).
Ultrassonografia:
- Saco gestacional em anexo.
- Anel tubário.
- Pseudo saco gestacional.
- Dopplerfluxometria: fluxo ao redor do anel tubário.
Qual é o tratamento para gestação ectópica?
Depende de variáveis como:
- Estabilidade hemodinâmica.
- Integridade da trompa.
- Desejo de nova gravidez.
- Características do saco gestacional.
- Acesso a diferentes terapias: exemplo, acesso a laparoscopia.
Qual é o tratamento para gestação ectópica com instabilidade hemodinâmica?
Laparotomia com salpingectomia.
Qual é o tratamento cirúrgico para gestação ectópica?
Salpingostomia linear:
- Ectópica íntegra (laparoscopia).
Salpingectomia:
- Sangramento incontrolável.
- Ectópica recorrente.
- Trompa uterina muito lesada.
Salpingostomia:
- Trompa contralateral doente.
- Manutenção do desejo reprodutivo.
- Tubária de pequenas dimensões.
Qual é o tratamento medicamentoso para gestação ectópica?
Metotrexato: antagonista do ácido fólico (contraindicado em gravidez viável; em gravidez heterotópica, não pode usar ele).
- Saco gestacional < 3,5/4cm.
- Embrião sem atividade cardíaca.
- BHCG < 5.000mUI/ml.
Estes critérios indicam prognóstico para seu uso. Sem estas condições, não há bom efeito.
De quais formas o metotrexato deve ser usado?
- Injeção direta sobre o ovo: invasivo.
- Intramuscular dose única (dosagem de BHCG no 4° e 7° dia): compara-se o 7° com o 4° dia; se não cair pelo menos 15%, repetir 3 vezes.
- Intramuscular em dias alternados: mais efeitos colaterais.
Quando devemos ter conduta expectante na gestação ectópica?
- Níveis baixos e decrescente de BHCG (< 1.000).
- Estáveis hemodinamicamente.
Qual é a definição de doença trofoblástica gestacional?
Proliferação anormal do trofoblasto.
Quais são os tipos de doença trofoblástica gestacional? Divida em benignas e malignas.
Benignas: mola hidatiforme:
- Mola completa.
- Mola incompleta.
Maligna: neoplasia trofoblástica gestacional:
- Mola invasora: 80% dos casos de malignização.
- Coriocarcinoma.
- Tumor trofoblástico do sítio placentário.
Quais são os fatores de risco para doença trofoblástica gestacional?
- Idade > 40 anos.
- Mola hidatiforme anterior.
- Inseminação artificial.
- Tabagismo.
- Abortamentos prévios.