Obesidade e cirurgia bariátrica Flashcards

1
Q

Indicações de cirurgia bariátrica

A
  • Tomar cuidado, pois as classificações estão mudando!
  • Para quem é a cirurgia bariátrica?:
    Condições:
    –> Ausência de doenças psiquiátricas ou endocrinológicas ativas (p.ex., sd. de Prader-Willi - alguns autores questionam essa assertiva proibitiva, indicando cirurgias bariátricas para casos de
    –> Ausência do uso de drogas ilícitas
    –> Tratamento clínico (MEV + medicamentos) já tentado ao menos durante 2 anos, sem resposta
    –> Paciente deve ter > 18 anos (se apresentar > 16 anos e < 18, a avaliação da pediatria é obrigatória e a presença de epífises ósseas bem consolidadas deve ser vista à radiografia)
    Indicações:
    –> IMC ≥ 40
    –> IMC 35-40 desde que comorbidades (p.ex., HAS, doença cardiovascular, osteoartrite, dislipidemia)
    –> IMC 30-35 E DM refratária*
  • O paciente deve ter idade máxima de 70 anos e ter menos de 10 anos de doença (como se trata de uma cirurgia metabólica que visa a uma boa resposta contra o diabetes, o paciente deve necessariamente ter algum grau de reserva pancreática). Refratariedade ao tratamento clínico (MEV + medicamentos que incluam a insulina) deve ser atestada por pelo menos 2 endocrinologistas
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2
Q

Atualizações em 2022

A
  • A Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS - American Society for Metabolic and Bariatric Surgery) retificou algumas questões em torno das indicações clássicas da cirurgia bariátrica:
  • IMC ≥ 35 agora tem indicação de cirurgia bariátrica INDEPENDENTE de comorbidades, desde que atendendo as condições para tal.
  • IMC 30-35 + doença metabólica (síndrome metabólica) também tem indicação de cirurgia bariátrica.
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3
Q

Principais contraindicações da cirurgia bariátrica

A
  • Impossibilidade de compreender o procedimento (transtornos cognitivos ou demenciais graves)
  • Etilista crônico
  • Usuário de substâncias psicoativas ilícitas
  • Cirrose/hipertensão portal COM VARIZES GASTROESOFÁGICAS ou outros estigmas de hipertensão portal grave - ascite, peritonite bacteriana espontânea, síndrome hepatorrenal, encefalopatia hepática.
  • Psicose ou depressão graves
  • Doença pulmonar em estágio avançado
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4
Q

Entero-hormônios e sua relação com a cirurgia bariátrica e metabólica

A
  • Grelina: produzida pelas células oxínticas do fundo gástrico, consiste no principal hormônio indutor de fome (hiperorixígeno). Tende a diminuir com a cirurgia bariátrica, tanto pelo by-pass, quanto pela gastrectomia vertical.
  • GLP-1: produzido pelos enterócitos localizados no íleo. Possui efeito incretínico, potencializando os efeitos da insulina - diminui a resistência à insulina e aumenta a sua produção. Aumenta a SACIEDADE. Além disso, acaba diminuindo a produção de glicose pelo fígado (glicogenólise e gliconeogênese) e reduz a produção de glucagon pelo pâncreas
  • Peptídeo Y: produzido pelas células L do íleo e cólon. Diminui ou retarda o esvaziamento gástrico, promovendo saciedade. Diminui os níveis de grelina.
  • Os hormônios peptídeo Y, GLP-1 e outras incretinas tendem a aumentar com a cirurgia metabólica
  • O único hormônio que diminui em resposta à bariátrica é a grelina
  • DICA!
    GRELINA DIMINUI
    TODO O RESTO AUMENTA
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5
Q

Avaliação pré-operatória

A
  • Redução do peso perioperatório!
    –> Melhora resultados e diminui as complicações intraoperatórias. SE O PACIENTE PERDEU PESO A PONTO DE NÃO SE “ENCAIXAR” NAS INDICAÇÕES DA BARIÁTRICA, O PACIENTE AINDA DEVE FAZER A CIRURGIA!!!!!
    –> Avaliação cardiológica ECG +- ecocardiograma
    –> Avaliação pulmonar e cessação do tabagismo em 12 semanas antes da cirurgia
    –> Suspender anticoncepcionais orais por pelo menos 1 mês antes da cirurgia. Lembrar que uma das principais complicações da cirurgia metabólica/bariátrica é o tromboembolismo venoso!
    –> EXAMES:
    EDA
    USG de abdome superior (identificar esteatose e colecistopatia - em pacientes com cálculos sintomáticos, optar por operar ANTES da cirurgia bariátrica, de modo a diminuir os tempos operatórios)
    RX de tórax PA e perfil
    Espirometria (se houver sinais de pneumopatia - asma, DPOC, doença pulmonar intersticial)
    Densitometria óssea nos pacientes > 60 anos
    pHmetria em caso de DRGE sintomático e indicação de gastrectomia vertical - a gastrectomia vertical pode piorar o refluxo pós-operatório! Nos casos de DRGE com sintomas importantes, a opção cirúrgica melhor seria realizar um by-pass, pois se trata de uma cirurgia com efeitos antirrefluxo.
    Laboratório: hemograma, função renal (ureia, creatinina), função hepática (bilirrubinas, TAP e INR), glicemia de jejum e função tireoidiana (TSH e T4 livre)
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6
Q

Tipos de procedimentos cirúrgicos

A
  • Procedimentos restritivos:
    –> Diminuem a capacidade do estômago, oferecendo uma restrição mecânica à passagem de alimentos
    Ex: balão gástrico (procedimento mais realizado como ponte para a cirurgia definitiva), banda gástrica (vem sendo abandonada), gastrectomia vertical (cirurgia de Sleeve) e gastroplastia do tipo Mason
  • Procedimentos predominantemente disabsortivos:
    –> Reduzem a absorção dos alimentos por meio da alteração na absorção dos nutrientes no intestino delgado
    Ex., derivações biliopancreáticas: duodenal switch e cirurgia de Scopinaro
  • Procedimentos mistos:
    –> By-bass em Y de Roux, cirurgia de Santoro e mini gastric by-pass.
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7
Q

Procedimentos restritivos

A
  • Balão gástrico:
    –> Literalmente é a colocação de um balão no interior do estômago por meio de endoscopia
    –> Utilizada algumas vezes como ponte terapêutica para a cirurgia definitiva. O balão gástrico deve ficar no paciente até 6 meses.
    –> Efeitos colaterais e complicações: empachamento, vômitos recorrentes, risco de broncoaspiração durante a sua retirada endoscópica.
  • Banda gástrica:
    –> Procedimento cada vez mais inutilizado
    –> Consiste na colocação de uma anel ao nível da cárdia, comprimindo essa região. Pode ser ajustada através de um portal de acesso
    –> Efeitos colaterais e complicações: disfagia intensa e distensão do esôfago (pseudoacalásia), extrusão da banda gástrica por ulceração da parede gástrica
  • Gastrectomia vertical ou Sleeve
    –> A mais utilizada nos Estados Unidos e no mundo
    –> Faz a confecção de um tubo gástrico (novo estômago = sleeve) a partir de uma gastrectomia vertical
    –> Efeito enterohormonal importante, determinando aumentos da GLP-1, peptídeo Y e REDUÇÃO NA GRELINA (porque exclui o fundo gástrico, onde se localizam as células oxínticas)
  • Gastroplastia vertical anelada (do tipo Mason)
    –> Não é mais realizada
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8
Q

Procedimentos predominantemente disabsortivos

A
  • São derivações biliopancreáticas cujo efeito é reduzir abruptamente a capacidade de absorção do TGI, levando à perda de peso e alterações enterohormonais. Lembrar que muitas dessas cirurgias envolvem gastrectomias, portanto não são isentas de efeito restritivo.
  • Cirurgia de Scopinaro:
    –> Gastrectomia distal + anastomose em Y de Roux com íleo distal (alça comum) de aproximadamente 50 cm
    –> Essa anastomose gera uma alça comum muito diminuta, levando a quadros de desnutrição intensa, diarreia crônica e supercrescimento bacteriano
    –> Por conta das complicações descritas acima, vem sendo abandonada
  • Duodenal switch:
    –> Feita por certos grupos, porém também tem efeitos disabsortivos importantes, como diarreia crônica, desnutrição e supercrescimento bacteriano.
    –> Consiste em uma anastomose da primeira porção duodenal com o jejuno, produzindo uma alça alimentar com 150 cm de comprimento e outra alça biliopancreática
    –> Faz-se, em seguida, enteroanastomose entre a alça alimentar e biliopancreática à 100 cm da válvula ileocecal.
    –> Dessa forma temos uma alça comum de 100 cm, maior que a confeccionada na cirurgia de Scopinaro, produzindo menos sintomas disabsortivos.
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9
Q

Procedimentos mistos

A
  • By-pass gástrico em Y de Roux ou antiga cirurgia de Fobi-Capella
    –> Cirurgia mais realizada no Brasil (cuidado que isso vem mudando de alguns tempos para cá)
    –> Realiza-se um pouch gástrico, isto é, confecção de uma bolsa proximal do estômago pequena de aproximadamente 40 ml, excluindo-se o restante do estômago do trânsito intestinal
    –> Em seguida se realiza uma anastomose em Y de Roux, produzindo uma alça biliopancreática e uma alça alimentar ambas com aproximadamente 100 cm de comprimento.
    –> Faz-se a enteroanastomose de ambas as alças que produz uma alça comum de comprimento aproximado de 300 cm
    –> Essa alça de 300 cm reduz consideravelmente os sintomas de má absorção.
    –> Nessa cirurgia, o cirurgião deve estar atento a fechar as “brechas”, locais potenciais de complicações, especialmente de hérnias incisionais.
    –> Podem ocorrer 3 brechas:
    A: Ocorre quando a técnica inclui a passagem da alça alimentar transmesocólon transverso. Nos dias atuais, passa-se a alça supramesocólon transverso, resolvendo esse problema.
    B: Espaço de Petersen: é o espaço que ocorre entre o mesentério da alça alimentar e o mesocólon transverso. Deve-se fechar esse espaço, caso contrário o paciente tem risco de desenvolver hérnias internas
    C: Ocorre entre o mesentério da alça alimentar e o mesentério da alça biliopancreática. Deve ser prontamente fechada para prevenir a ocorrência de hérnias.
  • Mini gastric by-pass:
    –> Cirurgia mais rápida, pensada em pacientes com múltiplas comorbidades graves. Não é amplamente empregada, muitas vezes apenas experimental.
    –> Consiste na confecção de um poutch gástrico de cerca de 30 ml que é anastomosado com o jejuno à 100 cm do ângulo de Treitz
    –> Há realização de uma única anastomose gástrica, semelhante à anastomose de Billroth II (gastrojejuno anastomose).
  • Cirurgia de Santoro:
    –> Gastrectomia vertical com bipartição do trânsito intestinal, dando 2 vias de saída para o alimento. Produz uma alça comum com cerca de 80 cm.
    –> Reduz consideravelmente o risco de deficiência de vitaminas
    –>
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10
Q

Procedimentos mistos

A
  • By-pass gástrico em Y de Roux ou antiga cirurgia de Fobi-Capella
    –> Cirurgia mais realizada no Brasil (cuidado que isso vem mudando de alguns tempos para cá)
    –> Realiza-se um pouch gástrico, isto é, confecção de uma bolsa proximal do estômago pequena de aproximadamente 40 ml, excluindo-se o restante do estômago do trânsito intestinal
    –> Em seguida se realiza uma anastomose em Y de Roux, produzindo uma alça biliopancreática e uma alça alimentar ambas com aproximadamente 100 cm de comprimento.
    –> Faz-se a enteroanastomose de ambas as alças que produz uma alça comum de comprimento aproximado de 300 cm
    –> Essa alça de 300 cm reduz consideravelmente os sintomas de má absorção.
    –> Nessa cirurgia, o cirurgião deve estar atento a fechar as “brechas”, locais potenciais de complicações, especialmente de hérnias incisionais.
    –> Podem ocorrer 3 brechas:
    A: Ocorre quando a técnica inclui a passagem da alça alimentar transmesocólon transverso. Nos dias atuais, passa-se a alça supramesocólon transverso, resolvendo esse problema.
    B: Espaço de Petersen: é o espaço que ocorre entre o mesentério da alça alimentar e o mesocólon transverso. Deve-se fechar esse espaço, caso contrário o paciente tem risco de desenvolver hérnias internas no pós-operatório tardio
    C: Ocorre entre o mesentério da alça alimentar e o mesentério da alça biliopancreática. Deve ser prontamente fechada para prevenir a ocorrência de hérnias.
  • Mini gastric by-pass:
    –> Cirurgia mais rápida, pensada em pacientes com múltiplas comorbidades graves. Não é amplamente empregada, muitas vezes apenas experimental.
    –> Consiste na confecção de um poutch gástrico de cerca de 30 ml que é anastomosado com o jejuno à 100 cm do ângulo de Treitz
    –> Há realização de uma única anastomose gástrica, semelhante à anastomose de Billroth II (gastrojejuno anastomose).
  • Cirurgia de Santoro:
    –> Gastrectomia vertical com bipartição do trânsito intestinal, dando 2 vias de saída para o alimento. Produz uma alça comum com cerca de 80 cm.
    –> Reduz consideravelmente o risco de deficiência de vitaminas
    –> Empregada em alguns centros, porém não muito comum
  • Transposição ileal + gastrectomia vertical
    –> Bem pouco realizada, porém promove aumento dos hormônios anorexígenos e GLP-1, controlando bem o DM tipo 2.
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11
Q

By-pass gástrico em Y de Roux

A
  • Indicações do by-pass gástrico:
    –> DM tipo 2 e síndrome metabólica
    –> DRGE - melhora os sintomas de refluxo
    –> Super obesos (IMC > 50) e tratamento definitivo em super super obesos (IMC > 60)
  • Vantagens:
    –> Bom controle da DM tipo 2
    –> Controle adequado do refluxo
    –> Maior perda de peso sustentada a longo prazo, o que é muito bom para IMCs muito elevados (> 50)
  • Desvantagens:
    –> Necessita de duas anastomoses, o que aumenta o tempo operatório e possibilita maior número de complicações
    –> Risco de deiscência e fístulas
    –> Risco de hérnias internas
    –> Tem padrão mais disabsortivo que o procedimento à Sleeve, culminando em hipovitaminoses e anemia
    –> É uma cirurgia mais complexa, portanto tem maior curva de aprendizado
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12
Q

Gastrectomia vertical à Sleeve

A
  • Indicações:
    –> Extremos etários - muito jovens e muito idosos, pois não é uma cirurgia disabsortiva considerável
    –> Hérnia incisional gigante - a perda de peso acarretada pelo Sleeve no pré-operatório facilita a abordagem cirúrgica da hérnia
    –> Osteoporose - pela má absorção da vitamina D, pacientes portadores de osteoporose podem fazer fraturas. Por isso, prefere-se cirurgias menos disabsortivas, no caso à Sleeve.
    –> Esteatose hepática após transplante hepático
    –> Uso de anticoagulantes
    –> Comorbidades graves e risco cirúrgico alto (hepatopatias, doença renal crônica, anemia intensa e doenças inflamatórias intestinais)
    –> Tratamento ponte em super super obesos (IMC > 60)
  • Vantagens:
    –> Cirurgia mais rápida, menor tempo cirúrgico, menos complicações
    –> Não há risco aumentado de hérnias internas
    –> Tem padrão menos disabsortivo que o by-pass
    –> Facilidade técnica, necessitando de menor curva de aprendizado
  • Desvantagens:
    –> Tem menor perda de peso a longo prazo, com risco de reganho ponderal
    –> Menor controle de DM
    –> Pode precipitar refluxo ou piorar os sintomas de refluxo em pacientes portadores de DRGE
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13
Q

Causas de reganho de peso

A
  • O que seria esperado de bons resultados na cirurgia bariátrica?
    –> Perda de 50% do excesso de peso e manutenção dessa perda por 2 anos
    –> Nadir do peso/perda máxima de peso ocorre entre 18 a 24 meses do pós-operatório
    –> Há tendência FISIOLÓGICA de reganho de peso até 10% após a cirurgia
  • O que é considerado reganho de peso não fisiológico?
    –> Ganho de > 50% do excesso do peso perdido
  • Causas funcionais de reganho:
    –> Comportamento alimentar desfavorável (padrão “beliscador”)
    –> Perda tardia do estímulo enterohormonal, gerando menor metabolismo
    –> Tratamento das causas funcionais:
    Otimizar mudanças de estilo de vida, exercícios físicos adequados, orientar alimentação com redução total das colorias diárias, psicoterapia nos casos de compulsão alimentar
    Comportamento compulsivo alimentar: TOPIRAMATO
    Tratamento da perda do estímulo hormonal anorexígeno: ANÁLOGO DE GLP-1
  • Causas anatômicas de reganho:
    –> Investigação complementar necessária:
    Solicitar EDA, EED, TC com volumetria gástrica e cintilografia de esvaziamento gástrico

–> Fístula entre pouch e estômago excluso:
Fístula gastro-gástrica, pode ser precipitada por algum processo inflamatório local, ocasionado por infecções ou ainda má técnica operatória. Pode ser identificada pelo EED ou EDA
Tratamento:
Procedimento cirúrgico com secção e rafia da fístula com patch omental é o tratamento de escolha
O tratamento endoscópico pode ser tentado a depender do tamanho das fístulas

–> Excesso de fundo e antro gástricos após gastrectomia vertical:
Ocorre pelo remodelamento da bolsa gástrica proximal, quando o cirurgião deixa erroneamente parte do antro, do fundo ou ainda de ambos (o que é pior).
Com o tempo o paciente reganha peso e perde os benefícios restritivo e entero-hormonais anorexígenos da cirurgia
Tratamento: reconstrução do tubo gástrico ou transformar o sleeve em by-pass. Não há diferenças de resultados em ambos os procedimentos.

–> Remanescente gástrico grande pós-bariátrica:
Pode ocorrer tanto em Sleeve quanto no by-pass em Y de Roux
Consequências: menor produção de GLP-1 e peptídeo Y, retardo do esvaziamento gástrico
Tratamento: no caso de Sleeve, a melhor alternativa é a conversão da cirurgia em by-pass. Se a causa for um pouch muito grande no by-pass, procede-se ao repouch

–> Alça comum muito longa:
Difícil diagnóstico, ponderado quando as investigações para outras causas anatômicas para reganho de peso foram inconclusivas ou negativas.
A investigação complementar deve incluir TC contrastada ou enteroscopia
O tratamento é baseado na reabordagem cirúrgica, com recontagem da alça e enteroanastomose distal.

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14
Q

Complicações do by-pass em Y de Roux

A
  • Fístula ou deiscência de anastomose
    –> Abertura da linha de grampo ou sutura com extravasamento do conteúdo luminal para outro lugar (cavidade abdominal ou meio externo). Normalmente ocorre após o 5º dia de PO
    –> Locais mais comuns de fístula:
    67,8% ocorrem na GASTROJEJUNOSTOMIA (anastomose gastrojejunal)
    10,2% acontecem na própria bolsa gástrica
    –> Quadro clínico:
    A TAQUICARDIA é o sinal mais precoce
    Na maioria das vezes o exame físico não é confiável
    Podem ocorrer alterações do dreno (aumento do conteúdo drenado, mudança na coloração)
    Os concursos cobram bastante a associação entre DISTENSÃO ABDOMINAL E DERRAME PLEURAL UNILATERAL (o paciente pode evoluir com taquicardia e dispneia, sendo a última provocada pelo derrame pleural)
    –> Exames complementares
    Tomografia de abdome e pelve com contraste EV e VO é o exame de escolha (recomenda-se fazer as duas vias de contraste ao mesmo tempo), se paciente estiver estável
    Azul de metileno VO
    EED
    –> Manejo das fístulas
    1. Paciente estável:
    Realizar TC contrastada EV e VO
    Jejum + NPT, antibioticoterapia, hidratação EV, drenagem (manter dreno ou realizar drenagem percutânea, caso o dreno for insuficiente ou não existir), pode-se optar por usar o vácuo endoscópico
    2. Paciente instável, com sinais de peritonite ou evoluindo com piora clínica:
    Realizar jejum, NPT, antibioticoterapia, hidratação e encaminhar paciente para cirurgia (laparoscopia de preferência, se paciente responder às medidas iniciais e permanecer estável), para drenagem e lavagem de cavidade.
  • Sangramento gastrointestinal após by-pass:
    –> O local mais comum de sangramento pós-bariátrica por by-pass é o estômago excluso (40% dos casos), seguido do pouch e anastomose gastrojejunal
    –> Pode ser intraluminal ou intraperitoneal
    Intraluminal –> HEMATÊMESE (normalmente não acontece em hemorragias intraperitoneais), melena, podendo evoluir para depleção volêmica grave
    Intraperitonal –> normalmente cursa apenas com melena e aumento da drenagem serohemática no dreno, podendo evoluir para depleção volêmica grave
    –> Normalmente esses sangramentos são autolimitados
    –> Conduta:
    1. Sangramento intraperitoneal com repercussão hemodinâmica:
    CIRURGIA (preferência à videolaparoscopia), retirando coágulos, com lavagem de cavidade e hemostasia
    2. Sangramento intraluminal com repercussão hemodinâmica ou hematêmese massiva:
    Medidas de estabilização inicial com expansão volêmica e vasoconstritores esplâncnicos!
    EDA de urgência –> coagulação térmica, infeção de vasoconstrictores e clipagem
  • Obstrução do TGI após bariátrica por by-pass:
    –> Sua principal causa é a formação de hérnia interna, uma complicação pós-operatória tardia (após anos muitas vezes), associada à falha no fechamento das brechas (A,B ou C)
    –> Hérnia interna pode ser definida como protusão de uma alça intestinal através de um defeito dentro da cavidade abdominal
    –> Sinais e sintomas intermitentes de obstrução:
    Dor abdominal pós-prandial geralmente no quadrante superior esquerdo
    Náuseas e vômitos passageiros
    Por que ocorrem sinais de obstrução intermitente? Pelo fato de o intestino delgado, após ficar preso na brecha, reduzir-se no local da hérnia, fazendo características atípicas sutis de obstrução intestinal!
    –> Exames complementares;
    TC de abdome: torção da raiz do mesentério (twist de mesentério - sinal do redemoinho), ingurgitamento dos vasos mesentéricos, distensão de alças, alças de delgado só de um lado do abdome (normalmente localizados em fossa ilíaca esquerda e mais próximas da parede abdominal), distensão do estômago excluso, anastomose entero-entero à direita, linfadenite mesentérica (aumento dos linfonodos e ingurgitação do mesentério). Em casos graves, pode haver isquemia dos vasos mesentéricos (a torção do mesentério inverte a posição da artéria mesentérica superior, que pode rodar e gerar isquemia intestinal com potencial risco de perfuração) e pneumoperitônio na vigência de perfurações.
    –> Abordagem:
    No paciente estável, a TC é o exame de escolha para avaliar possibilidade hérnia interna. Caso a TC não consiga identificar o ponto de obstrução, o próximo passo é avaliar a presença de brechas por LAPAROSCOPIA.
    TC de abdome não achou nada –> FAZ LAPAROSCOPIA (ou laparotomia se sinais de peritonite e paciente instável)
  • Reconstrução incorreta do Y de Roux
    –> Trata-se de uma anastomose INADVERTIDA da alça biliopancreática proximal do jejuno para a bolsa gástrica, com desvio da anastomose jejuno-jejunal
    –> Sinais e sintomas incluem retardo do esvaziamento gástrico e eventual dor abdominal.
    –> É de difícil diagnóstico pós-operatório
    –> Quando identificada, deve ser prontamente corrigida cirurgicamente (reconstrução do trânsito intestinal)
  • Outras complicações:
    –> Tomar cuidado: as complicações abaixo podem ocorrer na gastrectomia vertical, porém são mais comuns no by-pass!
    –> Defiicência de vitaminas e ferro: por ter um padrão disabsortivo maior, as deficiências e anemias carenciais estão intimamente associadas ao pós-operatório dos by-pass gástricos.
    A reposição de vitamina A e D, de vitamina B12, carbonato de cálcio, sulfato ferroso e ácido fólico são recomendadas para todos os pacientes pós-by-pass
    –> Litíase renal: decorre de alterações na absorção de cálcio no intestino delgado, por conta do desvio do trânsito!
    –> Colelitíase: o rápido emagrecimento, observado principalmente no primeiro ano do pós-operatório do by-pass, aumenta o risco para colelitíase e coledocolitíase em pacientes predispostos. Em caso de coledocolitíase pós-bypass, recomenda-se realizar CPRE transgástrica por videolaparoscopia.

–> Síndrome do Dumping
Ocorre por passagem rápida de alimentos (principalmente hiperosmóticos - açúcar e gordura) do estômago para o intestino delgado.
Pode ocorrer de forma precoce (30-60 minutos após ingestão do alimento), envolvendo sintomas gastrointestinais (náuseas, diarreia, dor abdominal) e vasomotores (flushing, sudorese, tremores) frutos da distensão gástrica e do reflexo vagal.
Pode surgir tardiamente, relacionada por um pico compensatório de insulina que gera hipoglicemia, caracterizada por predominância dos sintomas vasomotores.
Tratamento: dieta fracionada, diminuição do consumo de carboidratos ou gorduras. Em casos graves ou não responsivos às medidas iniciais, indica-se uso de acarbose ou octreotide.

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15
Q

Complicações da gastrectomia vertical à Sleeve

A
  • Fístula após gastrectomia vertical
    –> A maioria ocorre no ângulo de Hiss, muito associadas com a estenose da incisura angular. O aumento da pressão intraluminal do tubo gástrico propicia o surgimento de uma fístula
    –> Podem ocorrer mais raramente no antro. O antro é a região mais espessa do tubo gástrico e por isso necessita de cargas de grampos diferentes. A utilização de cargas errôneas no intraoperatório incorre no risco de fístula.
    –> O tratamento dessas fístulas seguem os mesmos princípios daquelas que complicam o pós-operatório do by-pass gástrico.
    –> Sintomatologia semelhante a outras fístulas
    –> Para algumas fístulas de curso mais crônico ou prolongado, podemos tentar:
    Colocar uma prótese endoscópica, recobrindo a fístula e diminuindo seu débito!
    Lançar mão do vácuo endoscópico (seu uso tem vários benefícios!)
    Em caso de fístulas distais localizadas em antro, indica-se conversão à by-pass ou mini by-pass
  • Estenose da incisura angular ou estômago em ampulheta:
    –> Clássica complicação muito associada às gastrectomias verticais à Sleeve
    –> Ocorrem por conta da má confecção do tubo gástrico
    –> Sinais e sintomas podem ocorrer por conta da intensa estase gástrica, empachamento, refluxo intenso, podendo determinar rapidamente esofagite erosiva
    –> Quadros muito sintomáticos, com DRGE estabelecida (ex., esofagite de classificação C ou D de Los Angeles), merecem tratamento com conversão da técnica à by-pass ou mini by-pass.
    –> Quadros menos dramáticos, com poucos sintomas de refluxo, podemos tentar dilatação endoscópica, POEM ou próteses.
  • Sangramentos da linha de grampo
    –> Podem ser intraluminais ou intraperitoneais
    –> O tratamento de cada tipo segue o mesmo raciocínio dos sangramentos do pós-operatório do by-pass:
    Intraperitoneais –> conduta cirúrgica, preferencialmente videolaparoscópica, com colocação de clipes e lavagem da cavidade.
    Intraluminais –> pode ser por via endoscópica, com uso de clipes ou vasoconstritores.
    Alguns cirurgiões defendem a sobressutura da linha de grampo.
  • Trombose de veia porta
    –> Mais correlacionadas e mais prevalentes nas gastrectomias verticais. Não são esperadas ocorrerem no by-pass gástrico!
    –> Sua gênese pode estar associada com alterações do fluxo sanguíneo pela veia portal por influência da gastrectomia. Desidratações ou baixa ingesta hídrica tendem a piorar esse quadro, aumentando o risco de trombose.
    –> Outra causa de trombose de veia porta é a lesão térmica acidental da veia esplênica, uma de suas tributárias.
    –> Seu tratamento inicial é baseado em anticoagulação plena (heparinização), fibrinólise na falha da terapia anticoagulante ou presença de isquemia hepática.
    O TIPS é reservado para os casos em que houve piora da hipertensão portal apesar da terapia anticoagulante.
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Q

Outras complicações inerentes à cirurgia bariátrica

A
  • TEP: por serem cirurgias de porte considerável, incorrem no risco aumentado de TEP em até 90 dias do pós-operatório
  • Rabdomiólise e injúria renal aguda: pacientes com maior IMC apresentam maior risco de rabdomiólise. Outro fator de risco importante é o tempo cirúrgico elevado!