MED MOB DISTURBIOS DA SUPRARENAL Flashcards
COMO É DIVIDIDA A GLANDULA SUPRA RENAL?
COMENTE SOBRE O EIXO HPOTALAMO-HIPOFISE- ADRENAL
Córtex da suprarrenal:
Hipotálamo (CRH) ➪hipófise (ACTH) ➪ córtex adrenal
O córtex é responsável pela produção de glicocorticoide (cortisol), androgênios e mineralocorticoides (aldosterona). A liberação de mineralocorticoide (aldosterona) não é controlada pelo ACTH, mas sim pelo sistema renina angiotensina aldosterona. Os glicocorticoides são os únicos que possuem feedback negativo hipotalâmico-hipofisário (excesso de glicocorticoide/ cortisol inibe hipotálamo / hipófise e, também, inibe a liberação de ACTH; o contrário também é verdadeiro).
Medula da suprarrenal:
É responsável pela redução hormonal catecolaminas como a noradrenalina, a adrenalina e a dopamina.
DEFINIÇÃO SDR CUSHING
A síndrome de Cushing é o conjunto de sintomas resultante da exposição prolongada e inapropriada à excessiva quantidade de glicocorticoides (GC) circulantes. Pode ser causada pela exposição exógena a glicocorticoides (causa mais frequente) ou pela produção endógena aumentada.
Etiologia da Sdr cushing
Exposição exógena (mais comum);
Doença de Cushing (adenoma hipofisário);
Secreção ectópica de ACTH e produção autônoma pela suprarrenal (tumor ou hiperplasia)
Quadro clínico da Sdr de Cushing
As principais manifestações clínicas são obesidade central, fraqueza muscular, osteoporose, HAS, glaucoma, catarata, euforia, irritabilidade, labilidade emocional, insônia e depressão, impotência, eventos tromboembólicos, estrias violáceas e hiperglicemia.
Diagnóstico da Sdr de cushing
O primeiro passo é identificar o hipercortisolismo (positivar ao menos 2 dos 3 testes de screening – supressão com dexametasona 1mg às 23h, cortisol livre urinário – CLU e cortisol plasmático ou salivar à meia-noite);
Após essa confirmação, dosar ACTH plasmático para investigar da topografia da condição:
ACTH suprimido ou baixo (ACTH-independente): TC de abdômen superior para investigar adenoma, hiperplasia ou carcinoma suprarrenal.
ACTH elevado (ACTH-dependente – 80% dos casos): RM de sela túrcica e Liddle 2 (dexametasona 2mg de 6 em 6 horas, por 48 h) para investigação de Doença de Cushing ou ACTH ectópico.
Tratamento da Sdr de Cushing
Depende da causa.
· Na doença de Cushing, o tratamento é a ressecção transesfenoidal do microadenoma
· Nos casos de adenoma e carcinoma, é indicada a adrenalectomia.
HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
definição
O hiperaldosteronismo primário (HP) é a síndrome caracterizada pela produção autônoma excessiva de aldosterona, com supressão da atividade de renina plasmática. É considerada a causa mais comum de hipertensão secundária juntamente com a estenose de artéria renal.
Etiologia HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
Adenoma produtor de aldosterona (Síndrome de Conn) – 30% a 40% dos casos.
o Hiperplasia bilateral idiopática – 60% a 80% dos casos.
Quadro clínico HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
O quadro, em geral, é inespecífico e, em sua maioria, assintomático. A apresentação clássica é composta por hipertensão arterial, hipocalemia e alcalose metabólica. A HAS normalmente é moderada à grave, principalmente, em se tratando de adenoma produtor de aldosterona.
Quando existem sintomas, estes estão relacionados à hipertensão (cefaleia e/ou palpitações) e à hipocalemia (câimbras, poliúria, tetania e fraqueza muscular). Nos casos graves de hipocalemia, pode haver arritmias (fibrilação atrial), quadriparesia e rabdomiólise. Os sinais de Trosseau e Chvostek podem estar presentes devido à alcalose metabólica.
Rastreamento HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
Hipertensão sustentada > 180X110 mmHg;
Hipertensão associada à hipocalemia, espontânea ou induzida por baixas doses de diuréticos;
Hipertensão resistente (> 140/90 mmHg) com três ou mais anti-hipertensivos em dose máxima (incluindo um diurético) ou PA controlada (< 140/90 mmHg) com quatro ou mais medicamentos anti-hipertensivos;
Hipertensão em pacientes com incidentaloma adrenal;
Hipertensão e apneia do sono;
Hipertensão e fibrilação atrial;
Hipertensão e história familiar de hipertensão de início precoce ou acidente vascular encefálico em idade jovem (< 40 anos);
Todos os parentes de primeiro grau hipertensos de pacientes com hiperaldosteronismo primário.
Os exames a serem solicitados no rastreamento são o potássio sérico, a aldosterona plasmática e a atividade de renina plasmática (ARP).
O diagnóstico de HIPERALDO PRIMÁRIO é provável quando:
Hipocalemia: o potássio reduzido fala a favor de HP. Entretanto, a maioria dos pacientes apresentam-se com o potássio normal.
Atividade de renina plasmática: < 1 ng/ml/h;
Aldosterona plasmática: ≥ 12 ng/dL (preferencialmente > 15 ng/dL);
Relação aldosterona/atividade de renina plasmática (ARP): valores > 30 e principalmente > 50 são sugestivos de HP.
Em que situação não há necessidade de testes confirmatórios no hiperaldo primário?
Atenção: hipocalemia espontânea em paciente jovem (< 45 anos), ARP indetectável, aldosterona plasmática > 20 ng/ml e relação A/ARP > 40 confirmam o diagnóstico de HP, sem a necessidade de testes confirmatórios.
Quais são os testes confirmatórios par hiperaldo primário?
Para a confirmação do HP, é importante realizar a correção da HAS e da hipocalemia. Anti-hipertensivos como os diuréticos, betabloqueadores e agonistas de aldosterona devem ser suspensos, enquanto os demais podem ser mantidos.
· Teste da sobrecarga oral de sódio;
· Teste da infusão de solução salina;
· Teste de supressão com fludrocortisona;
· Teste do captopril.
Quais são os exames de localização no hiperaldo primário?
Tomografia de adrenais: é o exame de escolha. Deve ser realizado somente após o diagnóstico laboratorial de HP.
Hiperaldosteronismo idiopático: adrenais normais ou aumentadas bilateralmente;
Adenoma: pequenos nódulos hipodensos, geralmente com menos de 2 cm.
Carcinomas: costumam ter tamanho > 4 cm, margens irregulares, áreas de necrose ou hemorragia, densidade > 10 UH e washout (clareamento) lento de contraste.
Cateterismo de veias adrenais: é o método de escolha na diferenciação entre adenoma secretor e hiperaldosteronismo idiopático, pois permite estabelecer se a produção de aldosterona em excesso é uni ou bilateral.
Tratamento do hiperaldo primário
Tratamento cirúrgico: tanto nos casos de adenomas produtores de aldosterona quanto nos casos de hiperplasia adrenal primária, o tratamento de escolha é a adrenalectomia unilateral.
Tratamento farmacológico:
É indiciado nos casos de contraindicação cirúrgica ou nos pacientes com hiperaldosteronismo idiopático. O tratamento de escolha é feito com a espironolactona. Caso não haja controle adequado dos níveis de PA, outras medicações anti-hipertensivas podem ser usadas, como amilorida, BCC, IECA e/ou BRA.
O tratamento do hiperaldosteronismo responsivo a glicocorticoides é feito com dexametasona.
Nos casos de carcinoma adrenal, o tratamento é cirúrgico e farmacológico com o uso de espironolactona. As drogas indicadas para pacientes com persistência do tumor são o mitotano, etoposídeo e/ou cisplatina.
INSUFICIÊNCIA ADRENAL definição
A insuficiência adrenal (IA) é a síndrome decorrente da perda parcial ou completa da capacidade de secreção dos hormônios produzidos no córtex da glândula adrenal. A IA primária ocorre por redução da produção hormonal do córtex da glândula. Já a IA secundária acontece por doença no eixo hipotálamo-hipófise, causando redução do ACTH sobre as adrenais. Entretanto, a causa mais frequente de IA é aquela decorrente do uso crônico de glicocorticoides, levando à supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA).
Etiologia da insuficiencia adrenal
IA primária (Doença de Addison):
Ocorre a destruição da glândula por processo autoimune (causa mais comum), infecções (paracoccidioidomicose, tuberculose, Histoplasmose e HIV), tumor, amiloidose, hemorragia ou necrose inflamatória.
IA secundária:
Há a interrupção do eixo por suspensão abrupta do uso de corticoides exógenos (causa mais comum), lesão de hipófise ou lesão de hipotálamo.
QUADRO CLÍNICO DA INSUF ADRENAL
Quadro clínico:
Tem relação direta com o comportamento hormonal:
· ⇩ Cortisol: hipotensão, dor abdominal, redução de glicose e eosinofilia.
· ⇩ Androgênios: redução da pilificação feminina.
· ⇩ Aldosterona: redução de sódio, aumento do potássio e acidose.
· ⇧ ACTH: hiperpigmentação (devido aumento da POMC) ocorre somente na insuficiência adrenal primária.
Diagnóstico DA INSUF ADRENAL
Confirmar o hipocortisolismo:
O primeiro passo é confirmar o hipocortisolismo, através da dosagem de cortisol plasmático matinal, dosado entre 8-9 horas.
· Cortisol basal < 3 µg/dL + manifestações clínicas sugestivas confirmam o diagnóstico;
· Cortisol basal > 18 µg/dL exclui o diagnóstico de IA;
· Cortisol basal entre 5-18 µg/dL indica um teste de estímulo para confirmação da IA.
Avaliar o ACTH:
ACTH > 2 vezes o limite superior da normalidade (LSN): IA primária;
ACTH normal ou baixo: IA secundária ou terciária. Nos casos de IA secundária, deve-se avaliar outros hormônios hipofisários e realizar RM de sela túrcica.
Testes de estímulo:
· Teste de estímulo com ACTH: coleta-se o cortisol basal e, após, administra-se ACTH sintético. O cortisol é dosado após 30 e 60 minutos. O normal é ter um pico de cortisol > 18 µg/dL após o estímulo.
· Teste de tolerância à insulina: administra-se insulina regular (0,05 UI/kg) e dosa-se o cortisol 30 e 60 minutos após. O normal seria o aumento do cortisol, em razão da hipoglicemia. É considerado o teste padrão ouro para IA.
· Teste do glucagon: geralmente é indicado quando houver contraindicação ao teste de tolerância à insulina. Coleta-se o cortisol basal e em seguida aplica-se 1mg de glucagon, com dosagens posteriores de cortisol aos 90, 120, 150, 180 e 240 minutos. O normal seria o aumento do cortisol devido à presença do glucagon em níveis elevados.