Distúrbio Ácido Base e Gasometria Arterial Flashcards
Dê os valores normais de pH, pCO2, bic real, bic standard, Buffer base (BB), Base excess (BE).
pH = 7,35 - 7,45 PCO2 = 35 - 45 mmHg bic real e bic standard = 22-26 meq/L BB = 45-51 meq/L BE = -3 a +3 meq/L.
Qual a diferença entre o bic real e o bic standard?
O bic real sofre influencias imediadas pelo aumento ou diminuição da CO2, aumentando com o aumento de CO2 e diminuindo com a queda de CO2. Porém o bic standard não sofre essa alteração pois é calculado com PCO2 = 40 mmHg. Isso promove um valor mais fidedigno de bic, pois estará alterado apenas se houver de fato um déficit ou excesso de bic (distúrbio primário ou compensatório).
O que é o buffer base? O que compõe ele?
É o total de bases no fluido EC. A principal base é o bic, mas também compõe o BB a Hb e algumas proteínas plasmáticas.
O que é o BE? Como interpretá-lo?
É a diferença entre o BB do paciente e o BB normal (48 meq/L). Se o BE for positivo (maior que + 3), houve um aumento no total de bases e o organismo está retendo bases (alcalose metabólica ou compensação de uma acidose respiratória crônica). Se for negativo e menor que -3, o organismo perdeu bases como um distúrbio primário (acidose metabólica) ou compensatório (alcalose respiratória crôncia).
Quando o BE irá se alterar como compensação de um distúrbio respiratório?
Apenas nos distúrbios respiratórios crônicos, pois a alteração no BE envolve a secreção ou reabsorção renal de bic, o que leva alguns dias para ocorrer, não dando tempo para se alterar nos disúrbios respiratórios agudos.
Defina os distúrbios acido-básicos.
Acidose respiratória: pH < 7,35 e PCO2 > 45. Alcalose respiratória: pH > 7,45 e PCO2 < 35. Acidose metabólica: pH < 7,35 e bic < 22. Alcalose metabólica: pH > 7,45 e bic > 26.
Quais as possíveis interpretações da gaso caso o pH esteja normal?
Pode não haver distúrbio AB ou há um distúrbio misto que está se contrabalanceando. Pode estar no limite do normal também quando houver um disúrbio leve (ex bic = 20).
O que o distúrbio AB desencadeia imediatamente para evitar uma alteração brusca no pH?
Há o desenvolvimento de uma resposta compensatória: aumento de bic = retenção de CO2, por exemplo.
O que são os distúrbios mistos?
Ocorre quando estão presentes 2 ou 3 distúrbios AB independentes. Nesses casos, não estamos diante de uma alteração compensatória, mas sim de um outro distúrbio.
Como diferenciar distúrbio misto de resposta compensatória?
No geral, resposta compensatória estará com pH próximo da normalidade (pois houve compensação), enquanto que distúrbio misto haverá uma variação maior do pH ou este não estará alterado. Porém, a diferenciação se dá pelo cálculo da PCO2 ou do bic esperados.
Como é o cálculo da PCO2 e bic esperados?
Como o bic standard e o BE podem ser usados?
Eles podem ser usados para diferenciar entre uma queda/aumento de bic por uma queda aumento de CO2 e uma retenção/excreção renal de bic, pois o bic standard só se altera pelas variações no bic renal. Ou seja, eles permitem eu diferenciar uma acidose ou alcalose respiratória em aguda (geralmente graves) ou crônica.
Quais os tipos de acidose respiratória e como diferenciá-las pela gaso?
- Aguda: pH muito baixo e BE normal. 2. Crônica compensada: pH normal/quase normal e BE aumentado. 3. Crônica agudizada: pH muito baixo e BE aumentado, pois a agudização ainda não deu tempo hábil para a retenção de mais bases. Posso usar isso para a alcalose respiratória também.
Qual a importância do BE nos distúrbios metabólicos?
Serve para eu estimar a gravidade, sendo que quando < -10 é uma acidose metabólica grave e > +10 é uma alcalose metabólica grave.
Qual o principal mecanismo de distúrbio AB nas células?
A isquemia celular, por aumento de ácido lático, CO2 e diminuição de O2, produzindo acidose celular. Essa acidose pode ser localizada em determinado tecido ou órgão ou se reproduzir em acidose plasmática, como no choque ou sepse.
Como o pH plasmático influencia o pH celular?
Com o tempo, o distúrbio no pH plasmático atinge o pH celular, promovendo disfunção celular, alterando metabolismo, hemodinâmica e resposta a terapias.
Quais sistemas tampões ajudam a compensar o pH quando os tampões plasmáticos não estão mais dando conta?
Isso ocorre cerca de 2-3h após o distúrbio, sendo que as células e os ossos passam a ajuda no tamponamento.
Quais as respostas compensatórias dos distúrbios AB metabólicos?
São respostas rápidas que se iniciam minutos após a instalação do distúrbio: acidose metabólica promove hiperventilação para maior eliminação de CO2 (respiração de Kussmaul). A alcalose inibe o centro respiratório e promove hipoventilação com retenção de CO2.
Quais as respostas compensatórias dos distúrbios AB respiratório?
São mais lentas, levando 3-5 dias para ocorrer. Envolve a perda de bic (bicarbonatúria) e retenção de H+ pelos rins na alcalose respiratória crônica e aumento da reabsorção de bic e eliminação de H+ pelos rins na acidose respiratória crônica.
O que é a regeneração renal de bicarbonato?
A secreção de 1 H+ na troca por 1 Na no TCC promove a regeneração de 1 bic no plasma.
Como o H+ é excretado pelos rins?
Além da bomba H+ ATPase, a grande excreção do H+ se dá por sua ligação com a amônia produzida pelas células tubulares.
Quando a acidose metabólica surge?
Quando há um excesso de H+ não derivado do CO2 ou quando há perda urinária ou GI de bic.
Quais as causas de acidose metabólica?
Quais os tipos de acidose metabólica em relação ao mecanismo patogênico?
AG alto e hiperclorêmicas (AG normal).
O que é o ânion-gap (AG)?
Existe um equilíbrio elétrico no plasma, em que a quantidade de cátions = quantidade de ânions. O principal cátion plasmático é o Na e os principais ânions são o bic e o Cl-. Porém, apenas o bic e o Cl- não são capazes de neutralizar o Na, existindo uma quantidade de ânions não medidos no plasma que contribuem para o equilíbrio. Esses ânions não medidos corresponde ao ânion GAP. Ou seja, AG = Na - bic - Cl- e o valor normal é entre 8-12.
Qual o principal ânion não medido? Qual a importância desse ânion para o AG?
A albumina. Uma queda nos níveis de albumina pode promover falsa análise no AG: a cada 1g/dl de albumina que cai, 2,5 meq/L de AG cai também. Isso é especialmente importante pois pode levar a uma interpretação errônea do quadro do paciente, sendo necessária essa correção.
Como funciona o aumento do AG na acidose metabólica?
Em uma acidose metabólica gerada pela produção de um novo ácido (exemplo: lactato, cetoácidos, …), há a liberação de um H+ + ânion (lactato-). O H+ consome o bic, prodzindo a acidose metabólica e o lactato substitui o bic consumido para garantir o equilíbrio eletrolítico do plasma. Isso promove um aumento no ânion GAP pois o bic reduziu às custas de aumento dos ânions não medidos. São acidoses normoclorêmicas em que o AG está diretamente relacionado com a gravidade do problema.
Qual a gênese das acidoses metabólicas hiperclorêmicas?
Há perda de bic para o meio externo (urina ou GI) ou retenção direta de H+, sem a adição de um ânion não medido. Portanto, para haver o equilíbrio eletrolítico, deve aumentar um ânion, que é o Cl-.
Explique a acidose metabólica hiperclorêmica relacionada à infusão de SF 0,9%.
Como é uma solução sem bic, haverá diluição do bic (acidose) e aumento do cloreto presente na SF 0,9%. Ou seja, é um soro acidificante. É uma acidose leve, transitória e sem repercussões clínicas.
Qual a importância do AG urinário?
Serve para diferenciar as causas na acidose metabólica hiperclorêmica.
Como o equilíbrio eletroquímico na urina é mantido?
O principal ânion é o Cl- (e não o bic) e o valor normal do AGu é negativo, pois na urina há um maior valor de cátions não medidos (o principal é o amônio). AGu = (Na(u) + K(u)) - Cl-(u). O valor normal é entre -8 e -12.
Como é a excreção do cloreto pela urina e como isso impacta no AGu?
A excreção se dá pela ligação do Cl- com o NH4+, fazendo com que quanto mais NH4+ (ou seja, mais H+) esteja presente na urina, mais Cl- é eliminado e MAIS NEGATIVO é o AGu. Porém, se houver dificuldade em excretar o H+, menos cloreto vai se ligar ao NH4+ e menos cloreto será eliminado, produzindo um AGu POSITIVO.
Como usar o AGu nos ddx de acidose metabólica hiperclorêmica?
Nas acidoses metabólicas que ocorrem por incapacidade na secreção de H+ (ATR I, II e IV), o AGu estará POSITIVO. Porém se a causa for perda intestinal de bic, o rim aumenta a excreção de H+, que formará mais amônio, que se ligará mais com Cl- e mais cloreto será eliminado na urina, tornando o AGu MAIS NEGATIVO.
Quais os tipos de acidose lática?
Tipo A: causada por hipóxia celular, como isquemia, hipoxemia, bloqueio no uso de O2 pela célula (sepse e cianeto), deslocamento do O2 da Hb (CO). Tipo B: causada por outro fator que não hipóxia celular, como rabdomiólise, mal epiléptico, neoplasia maligna, …
Qual é uma importante causa de acidose lática tipo A? Quando suspeitar?
A isquemia mesentérica, sendo suspeitada em paciente com dor abdominal difusa de forte intensidade, súbita, sem irritação peritoneal, com leucocitose e acidose metabólica.
Comente sobre a cetoacidose alcoólica.
Ocorre em alta ingestão de álcool sem ingerir alimentos. O álcool inibe a gliconeogênese, promovendo hipoglicemia e insulinopenia, que favorece a produção de corpos cetônicos. Tto com glicose hipertônica.
Como a IR grave promove acidose metabólica AG alto?
A retenção de H+ se dá junto com a retenção de sulfato, aumentando o AG. Além disso, a hipercalemia da IR promove troca de H por K nas células, diminuindo o pH plasmático (0,4 meq/L de K a mais promove alteração de 0,1 pH).