SÍNDROME MIELODISPLÁSICA Flashcards

1
Q

Qual das alterações citogenéticas abaixo é DEFINIDORA de síndrome mielodisplásica no contexto adequado?

A) Trissomia do 8

B) Deleção do 5q

C) Perda do Y

D) Deleção do 20q

A

B) DELEÇÃO DO 5q (-5q)

O diagnóstico de SMD é baseado na presença de CITOPENIA em sangue periférico associada a:

  • Displasia em uma ou mais linhagens na medula óssea (NÃO necessariamente a mesma linhagem da citopenia observada), excluindo-se outras causas para displasia (como carência vitamínica, uso de drogas e doenças sistêmicas);

e/ou

  • Excesso de blastos (porém com contagem inferior a 20%);

e/ou

  • Presença de alterações citogenéticas (alterações cromossômicas) DEFINIDORAS de SMD, que podem confirmar o diagnóstico mesmo na AUSÊNCIA de displasia ou aumento de blastos.

Alterações como trissomia do cromossomo 8, deleção do 20q ou perda do cromossomo Y são frequentes e NÃO definem SMD, sobretudo porque podem ocorrer em outras doenças ou mesmo em indivíduos saudáveis.

A perda do cromossomo Y, por exemplo, é comum em homens idosos.

Cerca de 14 alterações citogenéticas específicas, entretanto, são definidoras de SMD.

Em ordem de prevalência, as mais frequentes são:

  • del(5q);
  • del(7)/del(7q);
  • Isocromossomo 17q ou t(17p).

A del(5q), por sua vez, define uma entidade particular reconhecida como “síndrome mielodisplásica com deleção do 5q isolada”, caracterizada por anemia desproporcional às demais citopenias e presença de megacariócitos hipolobulados. Geralmente apresenta bom prognóstico e baixo risco de transformação para leucemia mieloide aguda.

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2
Q

Qual a quantidade MÍNIMA de DISPLASIA exigida para o diagnóstico de síndrome mielodisplásica?

A) 20%

B) 10%

C) 50%

D) 5%

A

10%

A síndrome mielodisplásica (SMD) constitui um grupo de doenças clonais da célula tronco hematopoética caracterizado por citopenias, displasia em uma ou mais linhagens mieloides, hematopoese ineficaz, alterações genéticas recorrentes e aumento do risco de evolução para leucemia mieloide aguda.

Por definição, considera-se um valor MÍNIMO de 10% de células displásicas para caracterizar displasia de determinada linhagem.

Como regra, nenhum paciente deve ser diagnosticado com SMD pelo critério MORFOLÓGICO caso exista potencial etiologia sistêmica capaz de provocar displasia na medula óssea, incluindo drogas, uso de fatores de crescimento (eritropoetina), infecções, doenças metabólicas e doenças imunomediadas.

Key Points:

  1. Define-se como displasia a presença de pelo menos 10% de células displásicas em determinada linhagem;
  2. A presença de displasia só tem valor diagnóstico na SMD caso sejam excluídas outras etiologias sistêmicas para displasia de medula óssea.
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3
Q

Homem, 64 anos, portador de síndrome mielodisplásica com displasia de múltiplas linhagens, risco intermediário pelo IPSS-R, em uso de suplementação com Eritropoetina devido anemia sintomática. Evoluiu nos últimos meses com perda de resposta ao fator de crescimento e piora das citopenias. Hb 7,0 g/dl, VCM 105, Neu 600/mm³ e Plq 80 mil/mm³. Foi encaminhado para avaliação de transplante de medula óssea alogênico com doador aparentado haploidêntico, porém ainda não realizou mielograma para reestadiamento. Neste caso, a partir de qual porcentagem de infiltração por BLASTOS na medula óssea seria recomendável terapia CITORREDUTORA antes do transplante?

A) ≥30%

B) ≥20%

C) ≥10%

D) ≥5%

A

C) > 10%

O transplante de medula óssea alogênico é a única terapia CURATIVA disponível para tratamento de síndrome mielodisplásica e está indicado para pacientes com boa performance e sem comorbidades significativas que apresentam doença avançada, definida por:

  • IPSS: risco intermediário 2 ou alto risco;
  • IPSS-R: risco alto ou muito alto.

Tradicionalmente, pacientes com idade até 70 a 75 anos devem ser avaliados quanto a ELEGIBILIDADE para TMO alogênico.

Após essa avaliação, o próximo passo é determinar o melhor momento para o transplante e a necessidade de terapia citorredutora.

Para pacientes com indicação de TMO, existe benefício de SOBREVIDA global com a realização PRECOCE do procedimento. Entretanto, o processo de escolha do doador e a disponibilidade de leito para o transplante podem gerar atrasos nessa programação.

Análises retrospectivas NÃO demonstraram benefício na realização de quimioterapia de rotina antes do transplante, podendo inclusive prejudicar a performance do paciente.

Dessa forma, recomenda-se terapia citorredutora como PONTE para o transplante sempre que houver expectativa de ATRASO ≥3 meses para realização do procedimento ou em casos de doença AVANÇADA, com quantidade de blastos ≥10% em sangue periférico e/ou medula óssea, sobretudo nos casos não elegíveis a regimes de condicionamento mieloablativos (pacientes idosos, por exemplo).

Como não há consenso na literatura sobre a indicação de terapia citorredutora e faltam estudos de boa qualidade, fica a critério do especialista individualizar essa decisão.

Key Points:

  1. O transplante de medula óssea alogênico é a única terapia curativa para síndrome mielodisplásica e está indicado para pacientes com IPSS intermediário 2 ou alto risco e/ou IPSS-R alto ou muito alto risco;
  2. Em geral, recomenda-se terapia citorredutora antes do transplante nos casos com ≥10% de blastos, sobretudo quando o regime de condicionamento não for mieloablativo.

Referências:

  1. Estey EH, et al. Treatment of high or very high risk myelodysplastic syndromes. Uptodate. 2020.
  2. Platzbecker U. Treatment of MDS. Blood. 2019.
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4
Q

Homem, 74 anos, portador de síndrome mielodisplásica com excesso de blastos 1, risco intermediário pelo IPSS-R. Hb 9,0 g/dl, Neu 400/mm³ e Plq 80 mil/mm³. Mielograma com presença de diseritropoese, disgranulopoese e 8% de blastos. Cariótipo de medula óssea: 46, XY [20]. Foi iniciado tratamento com Decitabina via endovenosa. Hemograma após 2 ciclos de tratamento: Hb 9,2 g/dl, Neu 400/mm³ e Plq 70 mil/mm³. Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) Manter Decitabina e acrescentar Venetoclax

B) Substituir terapia atual por Azacitidina

C) Interromper o tratamento e reestadiar medula óssea

D) Continuar com o tratamento atual

A

D) CONTINUAR COM O TRATAMENTO ATUAL

A Decitabina (5-aza-2’-desoxicitidina) é um análogo de nucleosídeo de pirimidina que inibe a metilação do DNA, promove a diferenciação celular e pode ser utilizado no tratamento de síndrome mielodisplásica, leucemia mielomonocítica crônica e leucemia mieloide aguda.

A Decitabina é administrada habitualmente por via endovenosa ou subcutânea por 5 ou 10 dias, em ciclos com intervalo de 4 a 6 semanas.

Atualmente, existe preferência para o esquema endovenoso na dose de 20 mg/m²/dia durante 5 dias por ciclo, que parece ser o protocolo mais eficaz.

É importante observar que o tempo para resposta aos agentes hipometilantes na síndrome mielodisplásica é LENTO.

Portanto, recomenda-se o tempo MÍNIMO de 4 ciclos de tratamento antes de se considerar como eventual falha terapêutica.

Key Points:

  1. O uso de Decitabina parenteral deve ser feito preferencialmente por via endovenosa;
  2. O tempo mínimo para resposta à monoterapia com agentes hipometilantes na síndrome mielodisplásica é 4 meses.

Referências:

  1. Elihu H EsteTreatment of lower-risk myelodysplastic syndromes (MDS). Uptodate. 2020.
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5
Q

Homem, 77 anos, encaminhado para investigação de anemia persistente há 2 anos. Hb 9,8 g/dl, VCM 92, Neu 3.000/mm³ e Plq 200 mil/mm³. Demais exames complementares sem alterações. Dosagem de eritropoetina dentro da faixa de normalidade. Foi realizado mielograma que evidenciou medula óssea normocelular para a idade, sem displasia e sem excesso de blastos. Cariótipo de medula óssea (mostrado abaixo): 45, X [6]/46, XY [14]. Sequenciamento genético com painel de NGS para neoplasias mieloides não identificou variantes patológicas. Neste caso, qual o diagnóstico mais provável?

A) Síndrome mielodisplásica

B) Hematopoese clonal de significado indeterminado

C) Citopenia clonal de significado indeterminado

D) Citopenia idiopática de significado indeterminado

A

C) CITOPENIA CLONAL DE SIGNIFICADO INDETERMINADO

O diagnóstico de anemia, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde, estabele o valor de 13 g/dl para homens e 12 g/dl para mulheres como limite inferior da normalidade.

Utilizando esse critério, cerca de 17% dos idosos apresentam anemia, com aumento da prevalência proporcional à idade.

Ao contrário do que se observa na população jovem, a prevalência de anemia em idosos é MAIOR em indivíduos do sexo MASCULINO.

A rotina diagnóstica segue a investigação de rotina.

Para os casos em que não foi possível identificar a etiologia, recomenda-se a realização de punção de medula óssea para avaliação morfológica (mielograma) e genética (cariótipo e sequenciamento) em todos os pacientes com expectativa de vida superior a 3 meses.

Nesse cenário, informações adicionais como funcionalidade e comorbidades são importantes para orientar a propedêutica.

A presença de citopenia periférica SEM critérios para síndrome mielodisplásica na medula óssea e SEM alterações genéticas caracteriza a entidade “citopenia idiopática de significado indeterminado (ICUS)”.

Quando, além da citopenia periférica, também identificamos alguma alteração CLONAL na medula óssea, porém sem critérios para síndrome mielodisplásica, temos a “citopenia clonal de significado indeterminado (CCUS)”.

Caso seja identificada alguma alteração clonal, porém na AUSÊNCIA de citopenias ou critérios para síndrome mielodisplásica, temos a “hematopoese clonal de significado indeterminado (CHIP)”.

Key Points:

  1. A citopenia clonal de significado indeterminado (CCUS) é caracterizada pela presença de citopenia periférica e alteração genética na medula óssea, sem critérios para SMD ou outra doença hematológica.

Referências:

  1. Stauder R, et al. Anemia at older age: etiologies, clinical implications,
    and management. Blood. 2018.
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6
Q

(HIAE 2022) Feminina, 68 anos, assintomática. Realiza hemograma com Hb 10, Leuco 2650 (900 Neutro) e Plaq 100.000. Realizou BxMO que mostrou hipercelularidade, displasia de 3 linhagens. Apresentou cariótipo com perda de cromossomo 21. Nesse caso

(A) Deve-se questionar na história clínica outras neoplasias, já que na SMD secundária, o uso de score prognóstico preconizado é o IPSS-R
(B) Citogenética e gravidade de citopenias devem ser critérios avaliados no score prognóstico de SMD
(C) Trata-se de SMD de alto risco e não há padronização da realização de NGS
(D) O IPSS e R-IPSS são sistemas de estratificação de risco usados para orientar o curso clínico potencial e não impactam no tratamento

A

(B) Citogenética e gravidade de citopenias devem ser critérios avaliados no score prognóstico de SMD

Trata-se de uma paciente idosa com pancitopenia e MO com displasia multilinhagem e alteração cromossômica. Apresenta diagnóstico compatível com SMD.

(A) INCORRETA: A paciente não apresenta nenhuma informação na alternativa que nos leve a pensar em uma SMD relacionada a terapia e não uma SMD primária. E sim, IPSS-R pode ser usado para estratificar pacientes com SMD relacionada a terapia
**(B) CORRETO: Quando avaliamos o prognóstico de pacientes com SMD devemos levar em consideração critérios do paciente (idade, PFS), critérios clínicos (gravidades da citopenia, presença de blastos) e achados citogenéticos e moleculares. Dentre os modelos prognósticos estabelecidos, podemos usar o IPSS-R ou o IPSS-M. O IPSS-R utiliza critérios clínicos e patológicos mas não inclui achados moleculares. Por exemplo: Contagem de blastos, grau de citopenia e gravidade de alteração citogenética.
C) INCORRETA: Levando em consideração o IPSS-R (questão não traz nenhuma informação referente a achados moleculares para M-IPSS) o paciente apresenta score de 2 compatível com baixo risco
D) INCORRETA: O uso de scores prognósticos serve para escolher o tratamento mais adequado para o paciente.

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7
Q

Quais os achados citogenéticos são associados a prognóstico ruim e muito ruim para pacientes com SMD conforme o IPSS-R?

A

Ruim:
* -7
* inv(3)/t(3q)
* -7/del(7q) + 1 anormalidade adicional

Muito ruim:
- Cariótipo complexo

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8
Q

Quais os achados citogenéticos são associados a prognóstico intermediário para pacientes com SMD conforme o IPSS-R?

A
  • del(7q)
  • +8
  • +19
  • i(17q)
  • Outras anormalidades que não estejam em outros grupos
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9
Q

Quais alterações citogenéticas são caracterizadas como prognóstico bom ou muito bom para pacientes com SMD conforme o IPSS-R?

A

Bom:
- Kt normal
- Del(5q)
- Del(12p)
- Del(20q)
- Del (5q) + Uma anormalidade adicional (que não seja -7/Del(7q)

Muito bom:
- -Y
- Del (11q)

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10
Q

(HIAE 2022) Sobre mutações somáticas relevantes nas síndromes mielodisplásicas, é INCORRETO afirmar:

(A) SF3B1 está associada a sideroblastos em anel, eritropoiese ineficaz e curso clínico indolente.
(B) Mutações TP53 estão associadas com citogenética complexa e sobrevida global ruim.
(C) RUNX1 e TP53 tendem a se correlacionar com trombocitose.
(D) Mutações TET2 têm uma melhor resposta a agentes hipometilantes.

A

(C) RUNX1 e TP53 tendem a se correlacionar com trombocitose

LETRA A - CORRETA: Pacientes com mutação SF3B1 compreende 1/3 dos casos de SMD e está associado a > 5% de siberoblastos em anel e em relação a prognóstico é alteração molecular sugestiva de melhor prognóstico.
LETRA B - CORRETA: Mutação TP53 está sempre associada a prognóstico mais reservado
LETRA C - INCORRETA: A mutação de RUNX1 é um achado molecular de prognóstico mais reservado e é mais comum em SMD relacionada a terapia. No entanto também está relacionada a distúrbios familiares associados a SMD e LMA e nesses casos frequentemente se apresenta com TROMBOCITOPENIA.
LETRA D - CORRETA: A mutação do TET2 é uma alteração neutra em relação ao prognóstico por si só, mas estudos na Blood sugerem que essa mutação está mais associada a melhor resposta com HMA.

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11
Q

(HIAE 2022) Feminina, 81 anos, foi ao pronto-socorro há 6 dias com dor abdominal e febre que ocorreu um dia após a administração de sua primeira dose de uma vacina de mRNA Covid-19. Na admissão: hemoglobina: 10,4 g/dL, leucócitos: 7,6 × 109/L, plaquetas: 147 × 109/L e com volume corpuscular médio de 104,1 fL. A paciente foi tratada empiricamente com tazocin EV e cuidados de suporte. No segundo dia de internação, evoluiu com Hb: 8,2 g/dL, leucócitos: 3,7 × 109/L, plaquetas: 74 × 109/L e anemia macrocítica persistente. Reticulócitos: 40.000/mm3, DHL: 800 U/L, haptoglobina: normal, perfil hepático normal. Nesse caso,

(A) Provável reação à vacina de mRNA Covid.
(B) Síndrome mielodisplásica é um possível diagnóstico.
(C) O diagnóstico provável é de pancitopenia induzida por piperacilina/tazobactam.
(D) Trata-se de um quadro de anemia hemolítica imune mediada

A

(B) Síndrome mielodisplásica é um possível diagnóstico

Trata-se de paciente idosa, com pancitopenia e VCM discretamente elevado, com Ret normal. Durante internação evolui com certa piora nos índices hematimétricos em vigência de quadro infeccioso.

LETRA A - INCORRETA: Sem nenhuma evidencia de que seja a causa. A vacina até pode estar relacionada a eventos imunes, mas não é o caso
LETRA B - CORRETA: Idosa com citopenias e VCM levemente aumentado é com certeza uma HD para se levar em conta
LETRA C - INCORRETA: Pouco provavel a etiologia ser de causa medicamentosa por Tazo. O tazo pode sim estar relacionado a citopenias, como plaquetopenia, mas a evolução é muito rápida após o início da medicação
LETRA D - INCORRETA: O fato de não ter reticulocitose e principalmente haptoglobina normal, sugere não se tratar de evento imune

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12
Q

(HIAE 2021) Masculino, 50 anos, vai à consulta com os seguintes exames: Hemograma: Hb: 13g/dL; leucócitos: 5.000/uL; 1.000/uL neutrófilos, 50.000/uL plaquetas. BxMo com displasia em série megacariocítica e granulocítica, sem aumento de blastos e com cariótipo complexo. Exame foi repetido e confirmado. Sem outras comorbidades. Nesse caso:

(A) A conduta expectante e repetição de estudo de medula óssea em 6 meses é preconizada.
(B) Por apresentar somente 1 citopenia, apresenta baixo risco de transformação leucêmica a curto prazo.
(C) Se possuir doador compatível, a terapia indicada é transplante de medula óssea alogênico.
(D) O uso do azacitidina é o tratamento de escolha.
(E) A terapia com fator de crescimento trombogênico visa a adiar progressão da doença.

A

(C) Se possuir doador compatível, a terapia indicada é transplante de medula óssea alogênico

Trata-se de um paciente com bicitopenia que apresenta investigação medular com displasia e alterações citogenéticas. Deve-se suspeitar de SMD. Para decidir o tratamento desses pacientes devemos estratifica-lo quanto ao risco de progressão para LMA. O score utilizado para isso é o IPSS-R (Ou idealmente o IPSS-M que introduz achados moleculares). Esse paciente, pela plaqueta de 50.000 e com cariótipo complexo é caracterizado como alto risco (4,5 pontos) - LETRA B INCORRETA.
Nos pacientes com SMD e candidatos a terapia intensiva (o paciente da questão tem 50 anos, assume-se que seja candidato), deve-se fazer o tratamento intensivo, com HMA ou aloTMO. Não existe consenso entre essas terapia, mas a presença de achados citogenéticos adversos (como cariótipo complexo, monossomia7, del7p) sugere-se TMO - LETRA C CORRETA e LETRA D INCORRETA.

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13
Q

(HIAE 2018) Na SMD, são achados favoráveis:

(A) −7/del(7q).
(B) del(11q).
(C) monossomia do 7.
(D) inv(3)/t(3q)/del(3q).
(E) Cariótipo complexo.

A

(B) del(11q)

O prognóstico de pacientes com SMD é baseado em:
- Critérios clínicos (idade, PS, gravidade de citopenias)
- Comportamento da doença (numero de blastos)
- Aspectos citogenéticos e moleculares

Levando em consideração esses aspectos, foram propostos modelos prognósticos, sendo os mais utilizados o IPSS-R e o IPSS-M. O IPSS-M é o melhor, já que inclui aspectos moleculares e portanto traz um conhecimento melhor em relação a doença. Ambos utilizam também aspectos citogenéticos com mostrado na questão.
Quanto a citogenética, os achados podem ser caracterizados de acordo com o risco:

A) PROGNÓSTICO MUITO BOM:
- -Y
- del11p (LETRA B INCORRETA)

B) PROGNÓSTICO BOM:
- Cariótipo normal;
- del5q
- del12p
- del20q

C) PROGNÓSTICO INTERMEDIÁRIO
- del 7q
- +8
- +19
- i17q
- Outras anormalidades não explicitadas aqui

D) PROGNÓSTICO RUIM
- -7 (LETRA C CORRETA)
- inv(3) / t(3q) - LETRA D CORRETA
- -7/del(7q) - LETRA A CORRETA

E) PROGNÓSTICO MUITO RUIM:
- Cariótipo complexo (LETRA E CORRETA)

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14
Q

(HIAE 2018) Paciente de 60 anos com história de neoplasia de mama tratada com cirurgia e radioterapia há 6 anos vem com quadro de as- tenia. O hemograma mostrou, além de anemia, plaquetopenia e leucopenia, presença de 10% de blastos imunofenotipicamente compatíveis com LMA.
A alteração citogenética ou molecular a mais provável neste caso é:

(A) Mutação JAK2 V617F.
(B) 11q23.
(C) Monossomia do cromossomo 7.
(D) Trissomia do cromossomo 5.
(E) Mutação DNMT3A.

A

(C) Monossomia do cromossomo 7.

Trata-se de um paciente idoso com antecedente de exposição a radiação ionizante e evolução em 6 anos para pancitopenia e 10% blastos mieloides em MO.
A radiação ionizante, assim como drogas alquilantes, possuem capacidade de gerar dano ao DNA através de quebras de dupla fita e favorecendo mutações. Isso foi primeiramente notado na incidencia proporcional de LMA a dose de radiação exposta em pacientes que sobreviveram a ataques nucleares ou radiologistas que trabalharam com exposição a raios X antes da década de 1950.
O risco de desenvolvimento de neoplasias mieloides por meio de radiação ionizante é maior em pacientes mais velhos e proporcional a dose cumulativa (> 20Gy)
Nesse caso, o paciente evolui com SMD/LMA (pela porcentagem de blastos de acordo com a classificação do ELN atualizada em 2022).
Anormalidades do cromossomo 7 são particularmente características de LMA relacionada a terapia (seja agente alquilante ou radiação ionizante).

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15
Q

(ASCO 2020) Um homem de 72 anos com antecedente de DM e HAS se apresenta com:
- Hb 11,3 (VCM 94)
- Leuco 1900
- Plaq 123.000
- Perfil de ferro normal
O hemograma foi repetido 3 meses após com os seguintes resultados:
- Hb 11,4
- Leuco 1740
- Plaq 122.000
O paciente foi encaminhado ao um hematologista que realizou o estudo medular, com demonstração de:
- Displasia mieloide
- Blastos 3%
- Sideroblastos em anel 6%
Dessa forma, foi confirmado o diagnóstico de SMD com sideroblastos em anel. Análise mutacional foi realizada. Baseado na apresentação do paciente, qual mutação genética é a mais provavel?

(A) ASXL1
(B) SF3B1
(C) TET2
(D) CSFR1

A

(B) SF3B

SMD com sideroblastos em anel deve ser diagnosticada com contagem de sideroblastos em anel > 15% na biópsia de MO, a não ser que o paciente tenha mutação do SF3B1. Nesse cenário, a contagem necessária é maior que 5% de sideroblastos em anel.
A mutação genética mais associada com SMD com sideroblastos em anel é SF3B1 e esse subgrupo de pacientes tem melhor sobrevida em comparação a outras mutações.

  • TET2: Também associado a prognostico mais favorável
  • ASXL1: 10-20% dos casos. Associado a pior prognostico, com maior progressão para LMA

REFERENCIAS:

Sperling AS, Gibson CJ, Ebert BL. The genetics of myelodysplastic syndrome: from clonal haematopoiesis to secondary leukaemia. Nat Rev Cancer. 2017;17(1):5-19.

Malcovati L, Karimi M, Papaemmanuil E, et al. SF3B1 mutation identifies a distinct subset of myelodysplastic syndrome with ring sideroblasts. Blood. 2015;126(2):233-241. doi:10.1182/blood-2015-03-633537.

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16
Q

(ASCO 2019) Homem de 46 anos com HAS se apresenta para avaliação de citopenia progressiva nos ultimo 6 meses. Há 6 meses tinha esse hemograma:
- Hb 12,3
- Leuco 3400
- Plaq 134.000
Nesse momento realizada investigação de carenciais, quadros infecciosos e outros diferenciais para citopenias, todos negativos.
Exames laboratoriais atuais mostram:
- Hb 9,5
- Leuco 1500 (64% Neu e 5% Bastos)
- Plaq 78.000
Avaliação de MO mostra alterações displasia em todas as linhagens. Contagem de blastos de 12%. No cariótipo, observado -7. Está em programação de início de hipometilante. Qual o próximo passo mais adequado para esse tratamento?

(A) Vigilancia por 3 meses com novo hemograma
(B) Tipagem HLA e encaminhamento para TMO alogênico
(C) Começar LoDAC e encaminhar para TMO autologo
(D) Adicionar um agente imunomodulador como lenalidomida

A

(B) Tipagem HLA e encaminhamento para TMO alogênico

Paciente jovem diagnosticado com SMD de alto risco, baseado achados citogeneticos e morfológicos. Idealmente utiliza-se o IPSS-M, que inclui aspectos moleculares. Como a questão apenas trouxe informações de cariótipo, podemos usar o IPSS-R, com elevada pontuação pela -7 e blastos MO > 10%. Dessa forma, caracterizando esse paciente como doença de alto risco. Esses pacientes se beneficiam de TMO alogênico precocemente, e portanto ele deveria ser encaminhado para avaliação de TMO alogênico.

Existe uma controversia se é indicado TMO direto ou terapia como ponte pré-TMO. Não existem estudos randomizados comparando essas abordagens, mas o importante é não atrasar muito o TMO e realizar o mais precoce possível. Em 2 contextos talvez seja ideal a ponte com terapia hipometilante:
- Atraso na escolha do doador e preparo de TMO
- Blastos circulantes ou BM >10%, especialmente se não for candidato a condicionalmento MAC

17
Q

(ASCO 2019) Mulher de 67 anos se apresenta com fadiga nos ultimos 8 meses. Tem antecedente de ansiedade e HAS. Apresenta palidez ao exame físico e hemograma com:
- Hb 6,4
- Leuco 1200 (3% blastos)
- Plaq 45.000
- DHL 460
Foi encaminhada para hematologista onde realizou estudo medular mostrando alterações displasicas em duas linhagens. A contagem de blastos na MO foi de 11%. Cariótipo confirmou a presença de del71. Análise molecular mostra mutações em TET2 e ASXL1. Levando em conta o diagnóstico, qual terapia entre as opções está relacionada a maior sobrevida?

(A) EPO
(B) LoDAC
(C) Azacitidina
(D) Romiplostin

A

(C) Azacitidina

Trata-se de uma paciente de 67 anos com diagnóstico de SMD. Na estratificação de risco dessa paciente, podemos usar o M-IPSS, de modo que ela seria caracterizada como alto risco pela presença de blastos > 10%, del7q e ASXL1, todas essas características associadas a pior prognóstico. Portanto, o tratamento desses pacientes depende da sua tolerância a TMO alogênico, sendo essa opção o ideal para pacientes elegíveis. A paciente da questão foi considerada como inelegível pois não fornecida a alternativa de encaminhamento para TMO.
Em pacientes inelegíveis o tratamento deve ser realizado com base em maior controle de sintomas, idealmente com uso de HMA (como azacitidina) e terapia de suporte.

18
Q

(UNIFESP TMO 2022) Homem, 65 anos de idade, com diagnóstico recente de SMD e com necessidade de transfusão de um CH a cada 15 dias nos últimos 6 meses. Assinale a alternativa que indica a melhor opção terapêutica para este paciente:

(A) Se EPO sérica >500, cariótipo com deleção do 20q e R-IPSS 1,5, o uso de azacitidina em baixas doses é contra-indicado, pois trata-se de uma doença de baixo risco.
(B) Se EPO sérica >500, painel somático com mutação do SF3B1 e IPSS de 1,5, o uso do luspartecept é uma opção terapêutica.
(C) Se EPO sérica >500, cariótipo com deleção do 5q e deleção do 7q e R-IPSS de 4,5, o uso de lenalidomida é uma boa opção terapêutica.
(D) Se EPO sérica < 200, cariótipo com nulissomia do Y e R-IPSS de 1,5, uso de lenalidomida em primeira linha seria recomendado.

A

(B) Se EPO sérica >500, painel somático com mutação do SF3B1 e IPSS de 1,5, o uso do luspartecept é uma opção terapêutica

Uma vez diagnosticado um paciente com SMD, o tratamento é influenciado por características como: PS, comorbidades ou características da doença. Por isso, devemos sempres estratificar os pacientes quanto ao risco da doença utilizando ferramentas como o IPSS-M ou IPSS-R que levam em consideração alterações do hemograma, contagem de blastos e alterações citogenéticas/moleculares.

O IPSS-R que incui alterações citogenéticas mas não moleculares classifica os pacientes de acordo com a pontuação:
- < 1,5: Muito baixo risco (OS 8,8y)
- 1,5 - 3: Baixo risco (OS 5,3y)
- 3 - 4,5: Risco intermediário (OS 3y)
- 4,5 - 6: Alto risco (OS 1,6y)
- > 6: Risco muito alto (OS 0,8y)

Por se tratar de um paciente que já fazia tratamento apenas com suporte transfusional, já suspeitamos que se trata de um paciente de baixo risco, uma vez que pacientes de alto risco devem ser encaminhados para TMO em primeira linha desde que sejam candidatos. Caso não sejam candidatos, o tratamento deve ser baseado em alívio de sintomas e qualidade de vida com HMA e suporte.

Para pacientes de baixo risco (baixa probabilidade de progressão para LMA e os pacientes morrem mais de complicações da insuficiencia medular) o objetivo também é controle sintomático e melhorar qualidade de vida ao reduzir necessidade transfusional. Caso sejam assintomáticos, devem apenas ser monitorizados já que não existe evidencia de que o tratamento precoce melhore OS. Caso sejam sintomáticos, indica-se tratamento com agentes de baixa intensidade. Como o paciente em questão a principio só possui anemia, a avaliação de EPO ajuda a escolher a terapia.
- EPO < 500: Reposição de EPO por pelo menos 3 meses
- EPO > 500: Não se beneficia de EPO

Se não houver benefício de EPO ou multiplas citopenias, outros agentes podem ser utilizados como HMA. No entanto, alguns subgrupos de pacientes se beneficiam de terapias específicas, como:
- Del(5q): Lenalidomida
- SF3B1: Luspatercept
- IDH1: Ivosidenib (off label)
- IDH2: Enasidenib (off label)
- MO hipocelular, HPN+, idade < 60anos: Podem se beneficiar de ISS

Portanto, se o paciente possuir um IPSS-R 1,5 é caracterizado como baixo risco e se sintomático como o caso da questão, com anemia e necessidade transfusional, EPO > 500 e SF3B1 o paciente se beneficiaria de Luspatercept LETRA B CORRETA

LETRA A INCORRETA:
Caso se trate de um paciente de baixo risco e sintomático pelo IPSS-R, com EPO elevada ou outras citopenias, o paciente se beneficiaria de HMA com objetivo de reduzir suporte transfusional e melhorar qualidade de vida, já que não possui as alteracões citogenéticas e moleculares que podem ser tratados com tratamentos específicos.

LETRA C INCORRETA:
Pela classificação da WHO, para ser caracterizado como alteração SMD com del(5q) isolada, o paciente deve ter baixa contagem de blastos e pode até ter outras alterações citogenéticas, desde que não inclua alterações no cromossomo 7. Alterações do 7 já caracterizam o paciente como risco intermediário e associado a outras alterações do hemograma provavelmente caracteriza como alto risco, o que indicaria TMO em primeira linha. A uso e Lenalidomida é restrito aos pacientes com del(5q) isolada e em pacientes de baixo risco.

LETRA D INCORRETA:
No caso de pacientes com SMD de baixo risco e EPO < 500, o tratamento com reposição de EPO poderia ser tentado com pelo menos 3 semanas, para tentar reduzir a necessidade transfusional. A lenalidomida é reservada para pacientes com del(5q) isolada.

19
Q

(AC 2023) Em um paciente de 68 anos, em investigação de anemia microcítica e de plaquetose, relevou-se a presença de 45% de sideroblastos em anel.
Nesse caso, é esperado encontrar a mutação:

(A) JAK 2 V617F.
(B) RUNX1.
(C) SF3B1.
(D) IDH 1⁄2.
(E) TET2.

A

(C) SF3B1

A SMD é um tipo de neoplasia clonal que surge de mutações em células progenitoras. Isso resulta em crescimento e diferenciação anormal de células imaturas em SP e MO, e consequentemente prejuízo em hematopoiese normal. As mutações são detectadas em mais de 90% dos casos, conferindo vantagem adaptativa ao clone. Dessas mutações, algumas alterações citogenéticas e moleculares são associados a eventos clinicos e morfológicos distintos.

A mutação SF3B1 está presente em 1/3 dos casos, associados a > 5% de sideroblastos em anel

O JAK V617F está relacionado a outras neoplasias mieloproliferativas, notadamente PV, TE ou MPF (LETRA A INCORRETA)

O RUNX1 ocorre em 7-15% dos pacientes com SMD e é mais comum em SMD relacionada a terapia e semelhante a LMA com mutação RUNX1, tem pior prognóstico (LETRA B INCORRETA)

TET 2 pode ocorrer em SMD, tendo um prognóstico mais favorável, mas sem relação com sideroblastos em anel (LETRA E INCORRETA)

IDH1/2 podem ocorrer em SMD, não estando relacionado a achados clinicos e morfologicos típicos. A particularidade é que são mutações que podem ser tratadas com terapia alvo (IDH1: Ivosidenib / IDH2: Enasidenib). Essas drogas podem ser usadas off label nos pacientes com SMD, pois os estudos que liberaram são para pacientes com LMA (LETRA D INCORRETA)

20
Q

(HSL TMO 2022) Homem de 80 anos, encaminhado por seu geriatra por anemia em exames laboratoriais. Em exames apresenta: Hb: 8,0 g/dL, VCM: 109 fL, Leucócitos: 3.820 μL, Neutrófilos: 1.100 μL e Plaquetas 490.000 μL. Realizado estudo de MO com presença de alterações displásicas nas 3 linhagens, 4% de blastos e cariótipo com presença Del(5q−) e painel molecular com presença de mutação SF3B1. Pela última atualização da WHO, a paciente apresenta diagnóstico de neoplasia mielodisplásica com:

(A) Baixa contagem de blastos com mutação SF3B1.
(B) Baixa contagem de blastos com deleção isolada de 5q e mutação SF3B1.
(C) Baixa contagem de blastos com deleção isolada de 5q.
(D) Aumento de blastos-1.
(E) Baixa contagem de blastos.

A

(B) Baixa contagem de blastos com deleção isolada de 5q e mutação SF3B1

A classificação de pacientes com SMD vai depender da presença de alterações citogenéticas, moleculares e morfológicas. Dentre as anormalidades genéticas definidoras temos

A) SMD sem excesso de blastos e del(5q)
- Del(5q) isolada ou em conjunto com outra alteração que não a del(7p)/-7
- Mutação SF3Bq ou TP53 um hit podem ser permitidos
- Blastos < 5%MO ou < 2%SP

B) SMD sem excesso de blastos e mutação SF3B1
- Mutação SF3B1
- Não pode trer del(5q) - pois seria classificada como del(5q) - del(7p)/-7 ou cariótipo complexo
- Blastos < 5% MO ou < 2%SP
- Morfologia com > 15% sideroblastos em anel pode substituir a mutacão SF3B1

C) SMD com inativação bialélica do TP53
- > 2 mutações TP53 ou 1 mutação com perda cromossomica (deleção do outro alelo)
- Tipicamente se apresenta com cariótipo complexo na citogenética
- < 20% blastos ou seria classificado como LMA

NA AUSENCIA DE ANORMALIDADE GENÉTICA DEFINIDORA

D) SMD sem excesso de blastos
- < 5% MO ou < 2% SP

E) SMD hipoplásica
- Celularidade MO < 25%
- Associado a ataque imune mediado por linfóticos T aos progenitores hematopoiéticos
- Pode responder a ISS com ATG (semelhante a anemia aplásica)

F) SMD com excesso de blastos
- SMD-IB1: 5-9% blastos MO / 2-4% SP
- SMD-IB2: 10-19% blastos MO / 5-19% blastos SP

G) SMD com excesso de blastos e fibrose