DISCRASIAS PLASMOCITÁRIAS Flashcards

1
Q

Homem, 50 anos, sem comorbidades, encaminhado para investigação de bicitopenia. Hb 7,8 g/dl, GB 25.000/mm³ e Plq 75 mil/mm³. Esfregaço de sangue periférico mostrado abaixo. Neste caso, qual dos esquemas disponíveis seria mais adequado para tratamento de primeira linha?

A) TMO Auto

B) VMP

C) VTD-PACE

D) MPT

A

C) VTD-PACE

O diagnóstico de leucemia plasmocitária é baseado na avaliação de sangue periférico, mielograma, biópsia de medula óssea e eletroforese de proteínas.

O diagnóstico é confirmado pela presença de população monoclonal de plasmócitos em sangue periférico com número absoluto >2.000/mm³ e/ou representando 20% ou mais do total de glóbulos brancos.

Não existem estudos prospectivos e randomizados sobre o melhor tratamento, porém recomendam-se esquemas de alta intensidade baseados em Bortezomib para pacientes elegíveis, ou seja, com idade menor que 65 anos, ausência de comorbidades relevantes e bom performance status.

Esses pacientes apresentam alto risco para síndrome de lise tumoral e devem receber profilaxia adequada.

Os esquemas mais utilizados para terapia de indução são: VTD-PACE (Bortezomib, Talidomida, Dexametasona, Cisplatina, Doxorrubicina, Ciclofosfamida e Etoposídeo), VTD, VCD ou VRD.

Após terapia de indução, recomenda-se consolidação com TMO autólogo com esquema MEL200.

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2
Q

Qual o tratamento preferencial para profilaxia de eventos ósseos em portadores de mieloma múltiplo com disfunção renal grave não-dialítica?

A) Calcitonina

B) Ácido zoledrônico

C) Pamidronato

D) Denosumab

A

D) DENOSUMAB

No grupo de pacientes portadores de mieloma múltiplo com clearance de creatinina ≤60 mL/min, recomenda-se uso PREFERENCIAL de DENOSUMAB para profilaxia de eventos ósseos ao invés dos bisfosfonatos endovenosos, que são drogas nefrotóxicas.

O Denosumab é um anticorpo monoclonal inibidor do RANK-ligante (RANK-L) administrado via subcutânea na dose de 120 mg a cada 4 semanas, sem ajuste para a função renal e sem risco de nefrotoxicidade.

Caso não esteja disponível devido ao alto custo, orienta-se os seguintes ajustes para os bisfosfonatos:

  • Ácido zoledrônico: redução de dose conforme o clearance no intervalo de 30-60 ml/min. Infusão preferencial em 60 minutos. Não administrar em pacientes não-dialíticos com clearance menor que 30 ml/min.
  • Pamidronato: infusão em intervalo estendido: ≥2 horas para clearance entre 30-60 ml/min e 4-6 horas para clearance inferior a 30 ml/min.

No caso de pacientes já dialíticos e com lesão renal IRREVERSÍVEL, pode-se utilizar ácido zoledrônico sem ajuste, na dose de 4 mg com infusão em 60 minutos, preferencialmente após a sessão de hemodiálise.

Key Points:

  1. Recomenda-se preferência para uso de Denosumab em substituição aos bisfosfonatos em pacientes portadores de mieloma múltiplo e doença renal (clearance de creatinina ≤60 mL/min) não-dialítica.

Referências:

  1. Berenson JR. Multiple myeloma: The use of osteoclast inhibitors. Uptodate. 2020.
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3
Q

No estudo BELLINI, qual foi o impacto da combinação de Venetoclax com o esquema Bortezomib + Dexametasona no tratamento do mieloma múltiplo recaído ou refratário?

A) Menor sobrevida livre de progressão

B) Menor incidência de infecções bacterianas

C) Maior sobrevida global

D) Maior mortalidade

A

MAIOR MORTALIDADE

O estudo de fase 3 BELLINI avaliou a combinação VENETOCLAX (inibidor de BCL2) ou placebo + Bortezomib e Dexametasona no tratamento de pacientes portadores de mieloma múltiplo recaído ou refratário a pelo menos 1 linha de tratamento prévio.

Foram randomizados 291 pacientes com mediana de idade de 66 anos e citogenética de alto risco em 17% dos casos.

No seguimento mediano de 28 meses, foi observada MELHOR sobrevida livre de progressão nos pacientes que receberam Venetoclax, entretanto houve em paralelo AUMENTO de mortalidade (33% no grupo intervenção versus 25% no grupo controle).

Em relação aos efeitos adversos, houve maior taxa de NEUTROPENIA no grupo tratado com Venetoclax (21% versus 8%).

Na análise de subgrupos, o grupo com melhor taxa de resposta ao uso de Venetoclax foi aquele com HIPEREXPRESSÃO de BCL2, concordante com o mecanismo de ação da droga.

Key Points:

  1. A combinação Venetoclax + Bortezomib + Dexametasona é efetiva para pacientes portadores de mieloma múltiplo, porém provocou aumento de mortalidade relacionada a mielotoxicidade excessiva.
  2. O subgrupo com melhor custo-benefício para a combinação Venetoclax + Bortezomib + Dexametasona é representado pelos pacientes com hiperexpressão de BCL2.

Referências:

  1. Kuma s, ET AL. Updated results from BELLINI, a phase III study of venetoclax or placebo in combination with bortezomib and dexamethasone in relapsed/refractory multiple myeloma. Journal of Clinical Oncology. 2019.
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4
Q

Qual alteração genética, apesar de caracterizar pior prognóstico, NÃO faz parte da estratificação de risco do mieloma múltiplo pelo R-ISS?

A) Ganho do 1q

B) del(17p)

C) t(4;14)

D) t(14;16)

A

A) Ganho do 1q

Para otimizar a performance do score de risco ISS (International Staging System) criado em 2003 para estratificação de risco no mieloma múltiplo ao diagnóstico, o International Myeloma Working Group (IMWG) propôs uma revisão em 2015 (conhecido como ISS revisado ou R-ISS).

Além dos valores de albumina e B2-microglobulina presentes na edição anterior, foi acrescentado: alterações citogenéticas de alto risco e LDH elevado.

O resultado é estratificado conforme três categorias:

  • Estágio I: ISS estágio I + ausência de citogenética de alto risco + LDH normal;
  • Estágio II: não preenche critério para as demais categorias.
  • Estágio III: ISS estágio III + alterações citogenéticas de alto risco e/ou LDH elevado.

As alterações citogenéticas de alto risco incluídas no R-ISS são:

  • t(4;14);
  • t(14;16); e
  • del(17p).

Essas alterações constituem, portanto, o painel mínimo recomendado para estratificação de risco no mieloma múltiplo e devem ser pesquisadas por método de iFISH (interphase fluorescent in situ hybridization), mais sensível que o cariótipo convencional.

Key Points:

  1. As alterações citogenéticas de alto risco incluídas no R-ISS são: t(4;14), t(14;16) e del(17p).

Referências:

  1. Palumbo A et al. Revised International Staging System for Multiple Myeloma: A Report From International Myeloma Working Group. J Clin Oncol. 2015.
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5
Q

Qual alteração genética está relacionada à MAIOR sensibilidade do MIELOMA MÚLTIPLO ao tratamento com Venetoclax?

A) t(11;14)

B) Del17p13

C) t(6;14)

D) Ganho 1q

A

A) t(11;14)

O mieloma múltiplo com t(11;14) apresenta a MAIOR expressão de BLC2 e a MAIOR sensibilidade ao uso de Venetoclax em relação aos demais subtipos da doença.

Além disso, nos casos de mieloma múltiplo sem t(11;14), porém com alta relação da concentração BCL2/BCL2L1 (BCLxL), também se observa boa sensibilidade ao uso da droga.

Atualmente, o uso de Venetoclax no mieloma múltiplo não foi aprovado devido ao baixo índice terapêutico, já que os efeitos colaterais predominam sobre o efeito antineoplásico nos pacientes sem t(11;14).

Key Points:

  1. O mieloma múltiplo com t(11;14) apresenta a maior sensibilidade ao uso de Venetoclax.

Referências:

  1. Therapeutic development and current uses of BCL-2 inhibition. ASH Educational. 2020.

Hemoterapia

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6
Q

Qual alteração genética está associada à expressão de CD20 pelo MIELOMA MÚLTIPLO?

A) Del17p13

B) t(4;14)

C) t(14;20)

D) t(11;14)

A

D) t(11;14)

O mieloma múltiplo com t(11;14) apresenta características morfológicas e IMUNOFENOTÍPICAS típicas, entre as quais se destaca a alta frequência de marcadores de linhagem B, como o CD20 e o CD79a, tradicionalmente ausentes em outras formas de mieloma múltiplo.

Também é frequente a AUSÊNCIA do marcador anômalo CD56, habitualmente presente no mieloma múltiplo.

Morfologicamente, pode se apresentar com diferenciação linfoplasmocítica, sendo importante o diagnóstico diferencial com linfoma linfoplasmocítico.

Pacientes portadores de mieloma múltiplo com t(11;14) são estratificados como risco STANDARD, exceto se houver alteração genética ou clínica adicional relacionada a alto risco.

Key Points:

  1. O mieloma múltiplo com t(11;14) tradicionalmente expressa marcadores de linhagem B, como CD20 e CD79a, e não expressa CD56.
  2. Pode apresentar morfologia linfoplasmocítica.

Referências:

  1. Gang An, et al. t(11;14) multiple myeloma: a subtype associated with distinct immunological features, immunophenotypic characteristics but divergent outcome. Leuk Res. 2013.
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7
Q

Homem, 58 anos, sem comorbidades, portador de mieloma múltiplo IgG Kappa, R-ISS estadio III. Realizou terapia de indução com 4 ciclos do esquema KRD (Carfilzomib, Lenalidomida e Dexametasona) e evoluiu com resposta completa. Pesquisa de DRM por citometria de fluxo em medula óssea: negativa. Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) Encaminhar para TMO autólogo, protocolo Mel140

B) Completar total de 12 ciclos de KRD, sem TMO autólogo

C) Iniciar manutenção com Lenalidomida, sem TMO autólogo

D) Encaminhar para TMO autólogo, protocolo Mel200

A

D) ENCAMINHAR PARA TMO AUTÓLOGO, PROTOCOLO MEL200

O tratamento padrão atualmente recomendado para pacientes portadores de mieloma múltiplo estratificados como ALTO risco pelo Revised Multiple Myeloma International Staging System (R-ISS) é baseado em esquemas com três ou quatro drogas, incluindo:

  • Inibidor de proteassoma: Bortezomib ou Carfilzomib;
  • Imunomodulador: Lenalidomida ou Talidomida;
  • Corticosteroide; e
  • Anticorpo monoclonal anti-CD38: Daratumumab ou Isatuximab.

Nesse grupo de alto risco, o melhor prognóstico está associado à obtenção de doença residual mensurável (DRM) NEGATIVA após o tratamento de indução.

Mesmo assim, para pacientes elegíveis à terapia de alta intensidade, ainda se recomenda INTENSIFICAÇÃO com transplante de medula óssea autólogo com protocolo de condicionamento baseado em Melfalan.

No caso de pacientes jovens e sem comorbidades (sobretudo sem disfunção renal), a dose recomendada é 200 mg/m².

Em estudos comparando indução com KRD seguida de TMO autólogo versus 12 ciclos de KRD sem TMO autólogo, analisando-se o grupo específico de pacientes que alcançaram DRM negativa ao longo do tratamento, houve MAIOR probabilidade de manutenção de DRM NEGATIVA em análise após 1 ano naqueles pacientes submetidos ao transplante (manutenção de DRM negativa em 90% versus 72%).

Portanto, para pacientes jovens e elegíveis à terapia de alta intensidade, portadores de mieloma múltiplo de alto risco conforme estratificação pelo ISS-R, recomenda-se intensificação com TMO autólogo mesmo nos casos com boa resposta à terapia de indução.

Key Points:

  1. Pacientes portadores de mieloma múltiplo de alto risco devem ser tratados com poliquimioterapia, preferencialmente com 4 drogas;
  2. Recomenda-se intensificação com TMO autólogo de rotina para todos os pacientes elegíveis à terapia de alta intensidade.

Referências:

  1. Educational Updates in Hematology Book. 25th Congress of the European Hematology Association. 2020.
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8
Q

Um homem de 74 anos foi encaminhado para avaliação após o seu médico ter notado um pico monoclonal em exames laboratoriais de rotina. O paciente refere nenhum novo sintoma. Não existe dor óssea ou perda de peso não intencional. Exame fisico mostra nenhuma anormalidade. Estudos laboratoriais são os seguintes: EFP mostra pico M de 0,4 g/dL e IF mostra IgM kappa

Qual dos seguintes passos em diferenciação de células B provavelmente a população clonal desse paciente não foi submetida?

A) Recombinação com mudança de classe
B) Hipermutação somática
C) Expressão de anticorpo de superfície
D) Rearranjo VDJ

A

A) Recombinação com mudança de classe

Comentário:
Desenvolvimento de células B para plasmócitos ocorre na medula óssea e no centro germinativo, onde após o rearranjo VDJ e expressão de imunoglobulina de superfície se inicia o desenvolvimento de linfócitos B dependente do antígeno. Isso leva a hipermutação somática e por fim recombinação com mudança de classe. Essa recombinação resulta em uma mudança na cadeia pesada da imunoglobulina de IgM ou IgD para IgG, IgA ou IgE

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9
Q

Uma mulher de 64 anos se apresentou com dor óssea em região lombar e lesão lítica em L1 em exames de imagem. Não tem nenhum outro local de dor óssea. Exame físico mostra nenhuma anormalidade. Exames laboratoriais: Eletroforese de proteínas séricas mostra um pico monoclonal de 3,4 g/dL e IF mostra IgG kappa. Foi realizada avaliação medular para investigação diagnóstica. Qual das seguintes alterações citogenéticas no FISH identificaria esse paciente como doença de alto risco?

A) Amplificação de 1q
B) Del13
C) Hiperdiploidia
D) Cariótipo normal

A

A) Amplificação de 1q

Comentario:
O achado de amplificação de 1q no cariótipo é uma característica citogenética de alto risco e é parte do chamado “mieloma duble hit” junto da inativação do TP52. Hiperdiploidia, cariótipo normal e del13 são associados com doença de risco padrão.

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10
Q

Uma mulher de 62 anos de idade com mieloma múltiplo IgG kappa com cariótipo normal passa por um TMO autólogo com esquema de condicionamento com melfalano 200mg/m2 seguido de infusão de 4,5 x 106 CD34+/kg. Antes do procedimento, a paciente recebeu quimioterapia com VRD e obteve resposta completa. Três meses após o TMO, a avaliação da MO mostra aumento de plasmócitos sem paraproteína detectável. Terapia de manutenção com lenalidomida 10mg/dia é iniciada. Seis meses após o TMO, EFP mostra pico monoclonal 0,2 g/dL IgG lambda. FLC normal. Hemoglobina, creatinina e cálcio sem alterações. Avaliação da MO mostra nenhum clone anormal de plasmócitos. Em 9 meses após TMO, nova EFP mostra ainda 0,2g/dL de pico monoclonal IgG lambda. Qual dos seguintes é o passo mais apropriado para manejo desse paciente?

A) Daratumumab mensal
B) Continuar terapia atual
C) Aumentar lenalidomida para 25mg/dia
D) Repetir autoTMO
E) Reiniciar VRD

A

B) Continuar terapia atual

Comentário:
Esse paciente tem um mieloma IgG kappa e após o transplante é identificado um pico monoclonal IgG lambda sem evidencia de disfunção orgânica ou achados de alto risco. MGUS secundário é associado a resposta mais favorável e tratamento não deve ser mudado na sua presença.

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11
Q

Um homem de 72 anos com MM recaído teve progressão de doença com um pico monoclonal crescente de IgG kappa 1,8g/dL e kappa livre 350 com relação K/L 175. Ele tem sido tratado com outras 4 linhas de terapia anteriores e terapia com belantamab mafodotin é recomendado. Qual das seguintes toxicidade não hematológicas o paciente mais provavelmente vai desenvolver com essa terapia?

A) Cardiomiopatia
B) Ceratopatia
C) Miopatia
D) Neuropatia
E) Trombose

A

B) Ceratopatia

Comentário:
Belantamab é um anti-BCMA (B cell Maturation Antigen) conjugado com o inibidor de microtubulos mafodotin ligado. É associado com toxicidade ocular significante em aproximadamente 70% dos casos, embora geralmente seja reversível com redução de dose ou interrupção de doses. O risco trombótico é mais significante em terapia com drogas imunomodulatórias, cardiotoxicidade é mais comumcom uso de Carfilzomib e neuropatia mais comum com Bortezomib. Miopatia é comum com corticosteroides. Avaliação oftalmológica antes de iniciar belantamab mafodotin é recomendada.

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12
Q

Um homem de 79 anos com MM IgA kappa é avaliado por piora progressiva de dor em vértebras torácicas nas ultimas semanas. Os exames laboratoriais são os seguintes:

EFP mostra um pico monoclonal de IgA de 2,8g/dL.
Foi iniciado tratamento com Daratumumab e dexametasona. O paciente tolerou bem o tratamento e os sintomas apresentaram melhora gradual. Hoje, depois de 8 semanas de tratamento, novos exames laboratoriais mostram melhora da anemia, melhora da função renal e ausência de citopenias. Nova EFP mostra IgA kappa de 0,8g/dL e um novo pico monoclonal IgG kappa. Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado na terapia deste paciente?

A) Adicionar Ixazomib
B) Adicionar lenalidomida
C) Continuar terapia atual
D) Mudar para Elotuzumab
E) Mudar para Pomalidomida

A

C) Continuar terapia atual

Comentário:
Renhoceimento de picos monoclonais associados a terapia baseada em anticorpos.
Esse paciente teve uma boa resposta clínica com uso de Daratumumab, que reduziu a sua paraproteinemia IgA kappa. Daratumumab é um anticorpo monoclonal IgG kappa humano que tem alvo o CD38. Por ser um anticorpo IgG ele pode ser detectado na eletroforese e pode confundir a interpretação da monitorização de doença e avaliação de resposta. Nesse paciente, a adição de uma paraproteinemia IgG depois do início de Daratumumab no contexto de boa resposta não é consistente com progressão de doença e, portanto, não é necessária mudança do tratamento.

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13
Q

Uma mulher de 62 anos com MM IgA lambda é avaliada após progressão de doença após tratamento inicial com VRd e transplante autólogo e manutenção. Na próxima linha de tratamento, a paciente foi tratada com Dara-Kd. Tratamento com venetoclax foi planejado. Qual das alterações citogenéticas melhor prediz que o paciente vai ter uma maior probabilidade de resposta com esse agente?

A) Amplificação de 1a
B) Del13
C) Del17p
D) Hiperdiploidia
E) t(11;14)

A

E) t(11;14)

Comentário:
Reconhecimento de achados genéticos associados com resposta a venetoclax.
Venetoclax é associado com uma pior resposta quando avaliado em todos os pacientes com MM (ORR de aproximadamente 20%). No entanto, resposta em pacientes com t(11;14) são bem maiores, cerca de 86%, mesmo no contexto de monoterapia. Nenhuma das outras alterações citogenéticas é associada com atividade diferencial com resposta de venetoclax em pacientes com MM

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14
Q

Um homem de 75 anos é hospitalizado por causa de um MM IgG lambda recaído. Foi iniciado tratamento com Dara-Rd. Estudos laboratoriais mostram um pico M de 3,4 g/dL e anemia com Hb 8,4 g/dL. Oito semanas após, a concentração de Hb caiu para 6,9 g/dL. Na avaliação antes da transfusão, o banco de sangue comunicou a presença de anticorpo pan-reativo que impede transfusão compatível. Um anticorpo direcionado contra quais moléculas é mais provável de causar incompatibilidade imuno-hematológica?

A) BCMA
B) CD38
C) Duffy
D) Kell 

E) Kidd

A

B) CD38

Comentário:
CD 38 é fracamente expressado na superfície dos eritrócitos e, portanto, tratamento com anti-CD38 pode interferir com a detecção clinicamente significante de aloanticorpos na prova cruzada. Um Coombs indireto geralmente é positivo. Nenhum dos outros antígenos eritrocitários é associado com a terapia de mieloma múltiplo. Realizar uma fenotipagem/genotipagem eritrocitária estendida antes de começar o CD38 pode reduzir a interferência e pode ajudar a encontrar bolsas compatíveis com esse paciente.

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15
Q

Um homem de 65 anos com história de HAS é encaminhado para avaliação após evidencia de alteração em EFP durante avaliação anual de rotina. Ele não refere queixa de dor óssea, perda de peso ou fadiga. Sem alterações no exame físico. Os exames laboratoriais mostram:

EFP mostra um pico-MO de 2,6 g/dL IgM lambda, com relação kappa/lambda 29 (acometida sobre não acometida - k 1,1 e lambda 32,8) Avaliação de SP mostra formação de Rouleaux e MO mostra 33% de plasmócitos clonais com restrição de lambda, com FISH demonstrando nenhuma alteração citogenética. RNM de corpo inteiro não mostra nenhuma lesão lítica. O paciente é diagnosticado com SMM e mantido em observação. Qual dos seguintes é o risco de progressão para MM em 2 anos?

A) 2%
B) 20%
C) 50%
D) 80%

A

C) 50%

Comentário:
No espectro de doença que vai de MGUS para MM existe um estágio intermediário pré-maligno assintomático, conhecido como mieloma múltiplo smouldering. Comparado com MGUS, o SMM carrega um risco significativamente maior de progressão para MM. Em 2014, o IMWG atualizou o critério diagnóstico para MM ao incluir alguns parâmetros laboratoriais ou de imagem para identificar pacientes que se beneficiariam de início de terapia apesar de permanecer assintomáticos. Esses critérios (eventos definidores de mieloma) compreendem paciente sem necessariamente apresentar lesões de órgão alvo (CRAB) e podem ser identificados pelo acrônimo SLiM (Sessenta porcento de plasmocitos clonais em MO, Light Chain - FLC > 100 e MRI com > 1 lesão). Esses eventos, apesar de não demonstrarem sintomas, traduzem um risco elevado de progressão para mieloma (aproximadamente 80%) e dessa forma esses pacientes se beneficiam de tratamento. Além disso, sem contar esses pacientes de “ultra alto risco”, existe outro modelo para predizer evolução de SMM para MM, que é a regra do 20-20-20 (Plasmocitose MO > 20% / pico M > 20g/dL / FLC > 20). Esse paciente possui os 3 fatores, levando a um risco de aproximadamente 50% de progressão em 2 anos. A letra A (2%) indica o risco de progressão de MGUS para MM e a letra B (20%) indica o risco de progressão para MM dos pacientes com SMM sem nenhum desses fatores de risco

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16
Q

Um homem de 73 anos é hospitalizado por causa de piora progressiva de extremidade de membros inferiores e dispneia aos esforços. ECOG 1. Exames laboratoriais mostram:

Não foi detectado pico monoclonal na EFP. Imunofixação é consistente com cadeia leve lambda. Kappa livre sérica é de 34mg/L, lambda livre é 1227 mg/L e a relação K/L é 0,03. Resultado de uma coleta de urina de 24h mostra mais de 8g de albumina. Avaliação por biópsia renal mostra deposição amilóide nos glomérulos, sem evidencia de nefropatia por cadeia leve ou deposição de cadeia leve. Espectometria de massa confirma amiloidose de cadeia leve. Troponina é 49ng/L e NT pró-BNP é 6500 ng/L. RNM cardíaca mostra evidencia de cardiomiopatia restritiva. Avaliação de MO mostra 8% de plasmócitos. Qual das seguintes é a terapia mais apropriada para este paciente.

A) Vd
B) KRd
C) Dara-VCd
D) Melfalano em altas doses e TMO autólogo
E) Rd

A

C) Dara-VCd

Comentários:
Embora poucas terapias sejam aprovadas para amiloidose AL, combinações baseadas em bortezomibe, particularmente ciclofosfamida, bortezomib e dexametasona (Vcd/CyBorDex) são considerados tratamento padrão de acordo com o resultado de um estudo clínico fase II. Em um estudo fase III recente randomizado (ANDROMEDA trial), pacientes recém diagnosticados com amiloidose AL (excluindo pacientes com NT-próBNP > 8500 ng/L, PAS < 90mmHg ou NYHA IIIb ou IV no rastreio) foram randomizados para 6 ciclos de VCd (sozinho ou com Dara subcutâneo) seguindo de Daratumumab monoterapia a cada 4 semanas até 24 ciclos. A adição de Daratumumab ao VCd foi associado a maiores taxas de resposta hematológica completa e atraso em lesão de órgão alvo. Opções B e E são incorretas pois drogas imunomoduladoras não são bem toleradas em pacientes com amiloidose AL. Opção B também é incorreta por causa do perfil de efeito colateral evidente do Carfilzomib, com repercussões cardíacas.

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17
Q

Um homem de 60 anos vem para avaliação por causa de um achado de galopatia monoclonal com pico de 1g/dL. Ele relata não apresentar neuropatia periférica ou dor óssea. No exame físico, não existem queixas de dor óssea, fraqueza ou parestesias em extremidades. Imunofixação é consistente com IgG kappa. FLC é 1,2. Sem outras alterações laboratoriais. Qual dos exames seguintes seria o mais apropriado para esse paciente nesse momento?

A) EFP urina 24h
B) Biópsia de MO
C) Concentração de imunoglobulinas séricas
D) Estudo com inventário ósseo
E) Nenhum exame adicional

A

E) Nenhum exame adicional

Comentário:
Objetivo da questão - Selecionar o estudo diagnóstico mais apropriado para um paciente com MGUS de baixo risco.
MGUS é um disturbio proliferativo de plasmócitos assintomático e pré-maligno com um risco de progressão para MM ou outras discrasias plasmocitárias. No entanto, a maioria dos pacientes com MGUS (75-90) não progridem para distúrbio sintomático. Pacientes com os 3 fatores de risco (não-IgG, FLC alterada, pico monoclonal > 1,5 g/dL) tem um risco de 58% de progressão em 20 anos (alto risco). Caso nenhum desses fatores estejam presentes, o risco de progressão é de 5%. Em um estudo com 1271 pacientes, a probabilidade de encontrar plasmócitos de 10% na MO em pacientes com MGUS IgG e pico monoclonal de 1,5g/dL foi < 5%. A possibilidade de encontrar lesões ósseas com pico monoclonal de 1,5g/dL foi 2,5%. Biópsia de MO e inventário ósseo podem ser evitados em pacientes com MGUS de baixo risco.

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18
Q

Uma mulher de 81 anos é encaminhada para avaliação por suspeita de MM. Ela tem antecedente de HAS, epilepsia pelo qual usava levetiracetam, neuropatia diabética e doença arterial coronariana. Possui FEVE de 45% no ecocardiograma. Ela usa um andador em casa, mas comparece a consulta com uma cadeira de rodas por conta de dor lombar severa. Estudos laboratoriais incluem:

Avaliação de MO mostra hipercelularidade com envolvimento de 22% de plasmócitos clonais com restrição kappa. Citometria de fluxo mostra plasmocitose de 4,4%. FISH mostra t(11;14). RNM mostra múltiplas lesões líticas na pelve e coluna. A paciente é diagnosticada com MM ISS I. Qual das seguintes é a terapia mais apropriada para esta paciente?

A) KRd
B) VCd
C) Dara-Rd
D) Rd

A

C) Dara-Rd

Comentário:
Objetivo da questão: Selecionar o tratamento mais apropriado para paciente recém diagnosticados com MM inelegíveis a TMO
Essa paciente é inelegível a TMO baseado na sua PS e suas comorbidades. O estudo MAIA randomizou > 700 pacientes inelegíveis a TMO para receber Rd vs Dara-Rd. Aproximadamente metade dos pacientes tinha mais de 75 anos. Tratamento foi continuado em ambos os braços até que houvesse evidencia de progressão. Pacientes no braço Dara tiveram mais taxa de resposta e melhora em sobrevida. Tratamento com VCd é incorreto por que essa paciente já possui neuropatia de base. Tratamento com KRd é incorreto por causa do efeito colateral cardiovascular evidente do Carfilzomib, especialmente em pessoas com mais de 75 anos.

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19
Q

(DASA 2022) Um homem de 67 anos, com mieloma múltiplo de cadeia lambda livre, apresenta progressão de doença após tratamento com bortezomibe, lenalidomida e dexametasona (VRD) e TMO autólogo há 2 anos. Sua dosagem de cadeia lambda livre vinha aumentando progressivamente, com o último resultado de 29 mg/dL (normal 0,57-2,63mg/dL) e EFP normal. Hb atual caiu para 9 g/dL e surgiram novas lesões ósseas a TC, associadas a dor óssea. Começou tratamento tratamento com Isatuximab, Carfilzomib e dexametasona. A dosagem de cadeias leves livres normalizou após 1 ciclo, além de normalização da Hb e melhora das dores ósseas. Entretanto, a eletroforese de proteínas séricas identificou um pico monoclonal novo de 0,1g/dL, repetido após 30 dias com aumento para 0,3g/dL. Qual o próximo passo mais adequado para o manejo do paciente nesse momento

A) Modificar tratamento para um esquema baseado em pomalidomida por progressão de doença
B) Solicitar um PET-TC e repetir avaliação medular para verificar se há um novo clone

C) Realizar EFP com Hydrashift e imunofixação sérica
D) Encaminhar paciente para um tratamento de resgate baseado em CART ou biespecíficos, visto que o mesmo é considerado triplo refratário nesse momento

A

C) Realizar EFP com Hydrashift e imunofixação sérica

Comentário:
Daratumumab, Isatuximab e Elotuzumab são imunoglobulinas (IgG kappa) monologais que podem ser detectadas na EFP e imunofixação. Dessa forma, eles podem ofuscar a avaliação de resposta desses pacientes com MM IgG kappa. No caso de pacientes com outro subtipo de imunoglobulina, pode surgir um pico monoclonal discreto novo IgG kappa. O laboratório pode ser capaz de modificar o tipo de ensaio para melhor estimar o pico M nesse cenário. Existem testes específicos como o Hydrashift, que podem ser específicos para Daratumumab ou isatuximab e assim consegue-se identificar se o pico é decorrente de doença ou secundário ao uso da medicação.

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20
Q

(DASA 2022) Sobre mieloma múltiplo assinale a alternativa correta:

A) Nos estudos Maya (DRd vs Rd) e Alcione (Dara-VMp vs VMp) para pacientes inelegíveis ao TMO, atingir a doença residual mínima negativa trouxe ganhos significativos de sobrevida livre de progressão em comparação com aqueles que mantinham positiva independente do esquema quimioterápico realizado
B) Em pacientes elegíveis ao transplante de medula óssea o esquema Dara-VTD trouxe ganho significativo de PFS e OS em relação ao esquema VTD conforme estudo Cassiopeia
C) O esquema VTD trouxe ganho significativo de PFS e taxas de resposta em relação ao esquema VCD conforme estudo IFM2013-04
D) Nos pacientes inelegíveis ao transplante em primeira linha os esquemas com 3 drogas como DRd, VRd e IRd trouxeram ganho significativo de PFS em relação ao esquema Rd em primeira linha, com taxas de resposta superiores e ganho em qualidade de vida

A

D) Nos pacientes inelegíveis ao transplante em primeira linha os esquemas com 3 drogas como DRd, VRd e IRd trouxeram ganho significativo de PFS em relação ao esquema Rd em primeira linha, com taxas de resposta superiores e ganho em qualidade de vida

Comentário:
Sabe-se que em pacientes com Mieloma Múltiplo, uma doença incurável e com altas taxas de recaída no curso da doença, atingir uma resposta mais profunda está relacionada com maior PFS e OS. Por isso, objetiva-se sempre que possível consolidação e manutenção após tratamento inicial. Dessa forma, o status de DRM é estabelecido como fator prognóstico, com DRM negativa associada a maior PFS e OS (refletindo profundidade de resposta). No entanto, o uso de DRM como guia de terapia fora de trials clínicos não é validado. A letra B é incorreta pois, apesar do CASSIOPEIA mostrar beneficio de PFS com Dara-VTD, os dados do estudos foram imaturos com follow up insuficiente, sem mostrar benefício em OS (apesar de mostrar menos mortes no grupo Dara-VTD). O estudo IFM 2013-04 mostrou maiores taxas de CR e VGPR em VTD em comparação com VCD, além de menores taxas de toxicidade hematológica. A alta taxa de resposta com VTD confirma o sinergismo de atividade de um imunomodulador com Bortezomib e dexa. No entanto, o desenho do estudo avaliou até as taxas de resposta pré-TMO, e o esquema de condicionamento e manutenção pós TMO foi muito heterogêneo, a depender do centro transplantador. Dessa forma, dados de PFS e OS não foram coletados, sendo o principal viés do estudo. Portanto, é incorreto dizer que mostrou maior PFS. A letra D está incorreta pois o esquema IRd não é aprovado para tratamento de primeira linha, sendo reservado para casos R/R. O estudo que avaliou o IRd foi o TOURMALINE-MM2 (IRd vs Placebo-RD) em 705 pacientes inelegíveis a TMO em primeira linha. O IRd não atingiu aumento de PFS estatisticamente significativa em todos os subgrupos (incluindo citogenética de alto risco). Além disso, apesar de não ter sido diretamente comparado com VRd ou Dara-Rd, uma comparação de estudos (apesar das limitações dessa comparação) mostra que o benefício de PFS com IRd parece ser menor que Dara-Rd (MAIA) ou VRd (SWOG0777).

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21
Q
  1. (DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que demonstrou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas, segue perguntas, quanto ao caso:

Descreva os achados do esfregaço de sangue periférico (Imagem):

A

Gabarito: Empilhamento de hemácias, rouleaux

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22
Q

(DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que desmonstou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas. Quais os exames laboratoriais você solicitaria para esse caso?

A

Gabarito: Hemograma, ureia, creatinina, sódio, potássio, cálcio, albumina, DHL, b2mcg, eletroforese de proteínas sérias e urinárias, imunofixação de proteínas, cadeia leve livre, mielograma, biópsia de medula óssea, imunofenotipagem, FISH.

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23
Q

(DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que desmonstou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas. Descreva dois achados encontrados na citogenética desse paciente que o classificariam como alto risco:

A

Gabarito: t(4;14) / t(14;16) / t(14;20) / Del 17p / Gain 1q

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24
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(DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que desmonstou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas. Quais exames de imagem você solicitaria para este caso?

A

Gabarito: PET, RNM ou TC

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25
Q

(DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que desmonstou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas. Descreva duas opções de tratamento para essa paciente considerando ela com bom status performance

A

Gabarito: D-VRD, D-VTD, VRD / TMO autólogo / +/- consolidação / Manutenção Lenalidomida

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26
Q

(DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que desmonstou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas. Descreva duas opções de tratamento para ela paciente considerando ela com status performance ruim

A

Gabarito: DRd, VRD

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27
Q

(DASA PROVA 2023) Mulher, 67 anos, durante aula de pilates paciente notou dor torácica, devido a persistência da dor por 3 semanas procurou PS, solicitado Raio X de tórax (laudo sem alterações). Procurou ortopedista que solicitou RNM que desmonstou lesões osteolítica em corpo esternal, T1 e T2. Encaminhada para o Hematologista para investigação, que observou anemia, e proteína M em eletroforese de proteínas. Além do tratamento da doença, quais as terapias de suporte e medidas auxiliares que são necessárias nesse caso?

A

Gabarito: Zometa/Denusumab, Aciclovir, Bactrim(?), AAS (iMID), ortopedista (PI)

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28
Q

Masculino, 68 anos, em seguimento de pico monoclonal IgG/kappa de característica indeterminada. Após 3 anos com perda de seguimento, retorna em consulta referindo dor lombar isolada após exercício físico. Hb14 com leuco e plaquetas normais. Cr 1 e cálcio normal. Pico monoclonal 2,4g/dL, K/L 2. MO com 10% de plasmócitos clonais. PET/CT com lesão lítica isolada em T8, com risco de fratura. O diagnóstico e tratamento indicado são:

(A) Plasmocitoma. Radioterapia seguida de terapia de manutenção a fim de evitar recaídas.
(B)MM. QT seguida de consolidação com transplante de MO autólogo.
(C) Plasmocitoma. RT isoladamente
(D) MM. RT seguida de consolidação de transplante de MO autólogo.

A

Trata-se de um paciente em acompanhamento por MGUS. No entanto esse paciente retorna com queixa de dor lombar e apresenta evidencia de lesão de orgão alvo = Lesão óssea em T8 com risco de fratura. Não apresenta nenhum outro comemorativo do CRAB. Além disso, apresenta MO com 10% de plasmócitos clonais.

Dessa forma: Plasmocitose clonal 10% + Lesão óssea sugestiva define-se o diagnóstico de MM.

A definição de plasmocitoma solitário ou de acometimento medular mínimo recai na contagem de plasmócitos clonais de MO. Plasmocitoma solitário não tem plasmocitose clonal e o plasmocitose com acometimento medular mínimo tem plasmocitose < 10%. Como o paciente já possui 10% o diagnóstico torna-se MM.

Quanto ao tratamento do paciente, por se tratar de MM indica-se quimioterapia sistemica e consolidação com TMO, seguindo de manutenção. O tratamento poderia incluir radioterapia para controle de lesão se risco de acometimento nervoso (compressão, colabamento…)

29
Q

Quais os achados que caracterizam o MM como alto risco pelo critério mSMART?

A
  • Del 17p
  • t(4;14)
  • t(14;16)
  • t(14;20)
  • Ganho 1q
  • DHL > 2x LSN
  • Achados de leucemia de células plasmocitárias (>5% plasmócitos clonais circulantes)
30
Q

Qual o imunofenótipo esperado de um plasmócito clonal em um paciente em investigação de MM

A
  • Positivos: CD79a, CD138, CD38, CD56
  • Negativo: Ausencia de CD19 e CD45 (diferente do plasmócito normal)
  • Ausencia de Ig de superfície
  • Restrição K/L (demonstra clonalidade - Um clone produz apenas um tipo de cadeia leve que se sobressai sobre o outro)
30
Q

Qual o fluxograma de exames que devo pedir para investigar paciente com suspeita de MM?

A
  • Hemograma
  • Função renal (U + Cr)
  • Calcio + Albumina
  • EFP + IF sérica
  • FLC
  • Imunoglobulinas

Se investigação inicial positiva:
- EFU+IF
- MO: Mielo + BxMO + Kt + FISH
- DHL/B2 microglobulina

31
Q

Quais são os fatores de risco de progressão de MGUS para MM sintomático?

A
  • Pico monoclonal > 1,5 g/dL
  • Subtipo não IgG
  • Relação K/L alterada

0: Baixo risco
1-2: Risco intermediário
3: Alto risco

32
Q

Quando podemos adiar investigação medular de pacientes suspeita de MGUS.

A

Caso o paciente seja classificado como baixo risco de progressão para MM conforme os critérios da clínica Mayo:
- Pico monoclonal > 1,5 g/dL
- Subtipo não IgG
- Relação K/L alterada

0: Baixo risco
1-2: Risco intermediário
3: Alto risco

Apesar de que para podermos estabelecer o diagnóstico de MGUS por definição seja necessário plasmocitose clonal < 10%, nos pacientes de baixo risco de progressão esse procedimento pode ser adiado. Isso é estabelecido pelo fato de que estudos mostram que a probabilidade de encontrar plasmocitose medular clonal significativa nesses pacientes é inferior a 5%.

33
Q

Quais os fatores de risco de progressão de MM Smouldering para MM sintomático?

A

REGRA 20-20-20
- Pico-M > 2g/dL (20g/L)
- K/L > 20
- Plasmocitose MO > 20

0: Baixo risco
1: Risco intermediário
2-3: Alto risco
* Risco intermediário-alto tem risco de progressão de 5-25% ao ano

34
Q

(HIE 2022) Masculino, 55 anos, refere que há 4 meses apresentava dor em região lombar e nos arcos costais, realizou exame de imagem que demonstrou sinais de lesões líticas. Nega comorbidades prévias. ECOG 0. Em exames realizados apresenta Hb: 12,7 g/dL, Cr: 1,3 mg/dL, Cai: 1,44 mg/dL, B2M: 3,77 mg/L, albumina: 3,5 g/dL, IgG: 482 mg/dL, IgA: 44 mg/dL, IgM: 4 mg/dL. EFP: Pico: 2,37 g/dL em beta, IFX cadeia leve livre Kappa, Kappa: 10.000 mg/dL. Mielograma: 51,2% de plasmócitos discrásicos. BMO: Infiltração medular maciça por plasmócitos maduros. FISH: t(11;14) 80% dos núcleos analIsados. PET-CT: múltiplas lesões osteolíticas acometendo difusamente o esqueleto axial e apendicular. Com relação a esse caso de mieloma múltiplo sintomático, o paciente apresenta

(A) Risco padrão e o melhor tratamento de 1a linha seria baseado em Daratumumab associado a VTD, baseado em estudo fase 3 que demonstrou benefício de sobrevida livre de progressão nessa situação.
(B) Alto risco e o melhor tratamento de 1a linha seria baseado em Daratumumab associado a VRD, baseado em estudo fase 3 que demonstrou benefício de sobrevida livre de progressão nessa situação.
(C) Alto risco e o melhor tratamento de 1a linha seria baseado em Carfilzomibe, Lenalidomida e dexametasona, baseado em estudo fase 3 que demonstrou benefício de sobrevida global nessa situação.
(D) Risco padrão e o melhor tratamento de 1a linha seria baseado em Daratumumab associado a RD, baseado em estudo fase 3 que demonstrou benefício de sobrevida livre de progressão nessa situação.

A

(A) Risco padrão e o melhor tratamento de 1a linha seria baseado em Daratumumab associado a VTD, baseado em estudo fase 3 que demonstrou benefício de sobrevida livre de progressão nessa situação.

Trata-se de um paciente de 55 anos com diagnóstico de MM de cadeias leves livres kappa. Ao realizarmos a estratificação desse paciente, devemos levar em consideração alterações citogenéticas de alto risco pela classificação mSMART. Ao usarmos esse modelo, a t(11;14) evidenciada no FISH caracteriza risco padrão para esse paciente (LETRAS B e C incorreta). Além disso, a letra B é incorreta pois o esquema quádruplo Dara-VRD ainda não teve os resultados do estudo fase III divulgados. O estudo que temos é o GRIFFIN fase 2 que possibilita o uso de Dara-VRD em pacientes de maior risco, com benefício de PFS (B INCORRETA). A letra C também é incorreta pois o Carfilzomib não é liberado em primeira linha para tratamento de MM. Além disso, além de não haver estudos comparando VRD com KRD em primeira linha, a extrapolação de dados sugere efeito semelhante e maior toxicidade com KRD (LETRA C INCORRETA). O benefício de KRD se torna claro na segunda linha, com melhores taxas de negatividade de DRM.
A letra D acerta no risco padrão, mas sugere Dara-RD. No caso da questão trata-se claramente de um paciente elegível a TMO e nesses casos sugere-se esquema com 3/4 drogas com uso de Bortezomib. De acordo com o guideline da ESMO por exemplo, os principais em primeira linha são VRD e Dara-VTD (CASSIOPEIA e LETRA A CORRETA). O Dara-RD, sem o Velcade, é um esquema que pode ser utilizado em primeira linha de pacientes inelegíveis a TMO, baseados no estudo MAIA que comparou Dara-RD com RD.

35
Q

(HIAE 2022) Masculino, 82 anos, com antecedente de DM2 e hipotiroidismo bem controlados, apresenta história de alteração de equilíbrio há cerca de 2 anos, sem dor neuropática ou alteração de força. Refere alteração de sensibilidade em mãos (dificuldade para dar laço) e emagrecimento de 7 kg nos últimos 10 meses, sem dieta. Ao exame físico apresenta força preservada, reflexos hipoativos, aquileus abolidos. Hipoestesia distal discreta com melhora na altura joelhos. Em exames, Hb: 16 g/dL, leucócitos: 5.370 μL, neutrófilos: 4.258 μL, plaquetas: 445.000 μL, Cr: 0,87 mg/dL, EFP: pico monoglonal gama: 0,14 g/dL, imunofixação IgG Lâmbda, Kappa 16 mg/dL; Lâmbda: 10 mg/dL; relação 1,54; B2MG: 2,35 mg/L; IgG: 621 mg/dL (limite > 700), IgM e IgA normais; proteinúria: 0,15 g/24h, Bence Jones positivo; imunofixação urinária: discreto componente sugestivo de monoclonalidade Lâmbda; dosagem de B12 e ácido fólico normais, eletroneuromiografia (ENMG) com padrão desmielinizante. A respeito desse caso:

(A) Paciente apresenta 2 critérios obrigatórios (polineuropatia, desordem monoclonal), 1 critério maior (trombocitose) e 1 critério menor (endocrinopatia) para diagnóstico de síndrome de POEMS.
(B) Paciente deverá ser avaliado com relação à presença de lesões ósseas escleróticas, presente em 95% dos pacientes com síndrome de POEMS.
(C) Padrão desmielinizante na ENMG torna pouco provável o diagnóstico de síndrome de POEMS nesse caso, visto que o mais comum é o padrão axonal.
(D) Pico monoclonal Lambda torna pouco provável o diagnóstico de síndrome de POEMS nesse caso, visto que o mais comum é Kappa.

A

(B) Paciente deverá ser avaliado com relação à presença de lesões ósseas escleróticas, presente em 95% dos pacientes com síndrome de POEMS

Trata-se de um paciente de 82 anos com polineuropatia, com perda de sensibilidade em mão e hipestesia distal em MMII e perda de movimentos finos das mãos. A principio pensa-se talvez em polineuropatia diabética pelo antecedente descrito, mas a questão traz um bom controle glicêmico. Na investigação adicional, realizada pesquisa de EFP e cadeias leves, com evidencia de proteína monoclonal. De frente nessa situação, devemos ponderar a possibilidade de síndrome POEMS. Para o diagnóstico, é necessária a presença de dois critérios obrigatórios: Distúrbio monoclonal de proteínas + Polineuropatia.
Para fechar o diagnóstico devemos ter pelo menos um critério maior e um critério menor (vide tabela).
Dentre esses critérios maiores, encontra-se a presença de lesões osteoescleróticas no RX, TC ou PET. Essas lesões estáo presentes em virtualmente todos os pacientes com POEMS, com estudos demonstrando até 97% de incidencia, com os estudos com menores incidências sendo baseados em exames menos sensíveis (radiografia apenas) - LETRA B CORRETA.

LETRA A INCORRETA - O paciente apresenta os dois critérios obrigatórios (proteína monoclonal + polineuropatia) mas ainda é cedo para fechar o diagnóstico por não ter presença de critérios maiores ou menores. Trombocitose não é um critério diagnóstico e a endocrinopatia nos critérios exclui a presença de DM ou hipotireoidismo)
LETRA D INCORRETA - A proteína monoclonal geralmente é pequena e é detectável em IFX apenas em quase 40% dos pacientes. Menos de 10% dos pacientes tem um pico monoclonal < 2 g/dL. O tipo de cadeia leve é quase sempre LAMBDA

36
Q

(HIAE 2021) Paciente masculino, 55 anos com dor lombar. RM de coluna mostra lesão expansiva com componente de partes moles em L2. Investigação adicional evidencia Hb: 14,8 g/dL, Cr normal, Ca normal, beta 2 microglobulina 3,4, Alb: 3,8. Pico monoclonal em gama (0,39 g/dL), imunofixação IgG lambda. PET-CT mostra apenas lesão em L2. Biópsia: Neoplasia de células plasmocitárias com restrição à cadeia leve de imunoglobulina do tipo lambda. Estudo de medula óssea com 5% de plasmócitos clonais na biópsia. Esse paciente apresenta diagnóstico de:

(A) Mieloma Múltiplo assintomático de alto risco e o tratamento deverá ser realizado com esquema de indução com 3 drogas, seguido de transplante autólogo de medula óssea.
(B) Mieloma Múltiplo Durie Salmon IIIA e o tratamento ideal será com indução com 3 drogas, seguido de transplante autólogo de medula óssea.
(C) Plasmocitoma isolado com envolvimento medular mínimo e o tratamento ideal será com indução com 3 drogas, seguido de manutenção com lenalidomida.
(D) Plasmocitoma isolado com envolvimento medular mínimo e o tratamento deverá ser realizado com radioterapia local 40-50 Gy.
(E) Mieloma Múltiplo assintomático de alto risco e deverá realizar acompanhamento, sendo o tratamento indicado se houver presença de lesões de órgão alvo.

A

(D) Plasmocitoma isolado com envolvimento medular mínimo e o tratamento deverá ser realizado com radioterapia local 40-50 Gy

Trata-se de paciente com dor lombar e imagem de RNM mostrando lesão óssea com acometimento de partes moles em vertebra lombar. Na investigação de galoparias monologais percebe-se pico monoclonal, mas SEM EEVTNSO DEFINIDORES DE MIELOMA (SLiM/CRAB). Realizada bióspia de lesão óssea com evidencia de infiltração por plasmócitos clonais e investigação medular com plasmocitose clonal com menos de 10%.

Dessa forma, o diagnóstico estabelecido é PLASMOCITOMA SOLITÁRIO. Isso pode ser afirmado pois, apesar de ter o plasmocitoma, NÃO TEM NENHUM EVENTO DEFINIDOR DE MIELOMA PARA ESTABELECER O DIAGNÓSTICO.
(LETRAS A,B E E INCORRETAS).

Em alguns pacientes com plasmocitoma solitário pode haver um acometimento medular com plasmocitose clonal < 10%. Esses pacientes possuem plasmocitoma com envolvimento medular mínimo e possuem maior risco de progressão para MM em relação ao restante dos pacientes, com uma taxa de progressão de 60% em 3 anos.

O tratamento do plasmocitoma solitário é baseado em controle de doença com radioterapia local na dose de 40-50Gy. Não existe evidencia que justifique tratamento adjuvante com quimioterapia sistêmica ou uso de bifosfonados.

37
Q

(HIAE 2021) Sobre o uso de inibidores de proteassoma em Mieloma Múltiplo, é correto:

(A) Devido ao risco aumentado de tromboembolismo associado ao carfilzomibe, deve-se realizar anticoagulação em pacientes que recebam esse tratamento.
(B) Uso de bortezomibe intravenoso está relacionado a menor risco de neuropatia periférica do que via subcutânea.
(C) Podem causar cardiomiopatia por acúmulo de proteínas intracelulares e alterações na vasodilatação por mecanismo endotelial.
(D) Uso de bortezomibe intravenoso está relacionado a maior taxa de resposta quando comparado à via subcutânea.
(E) Carfilzomibe não deve ser utilizado em pacientes com uso prévio de bortezomibe.

A

(C) Podem causar cardiomiopatia por acúmulo de proteínas intracelulares e alterações na vasodilatação por mecanismo endotelial

LETRA A INCORRETA: Os pacientes em uso de carfilzomib realmente tem risco aumentado de eventos tromboembólicos, mas indica-se apenas profilaxia, sem necessidade de anticoagulação.
LETRA B INCORRETA: O Bortezomib pode ser administrado EV ou SC. Atualmente recomenda-se infusão SC por estar relacionado a menor toxicidade e maior facilidade de administração.
LETRA C CORRETA
LETRA D INCORRETA: Ambas as formas de administração tem taxas semelhantes.
LETRA E INCORRETA: Não existe contraindicação ao uso de um IP diferente em pacientes R/R, podendo inclusive ser uma opção em pacientes que recaíram.

38
Q

(HIAE 2021) Masculino, 70 anos, boa performance status, admitido no PS com dor lombar e achado de lesões líticas em coluna torácica, lombar e arcos costais. Na investigação: Hb: 15 g/dL, Cr: 0,9 uL/L, Cai normal, DHL normal, EFP com picoM na região de gama de 1 g/dL, IFX IgG kappa, cadeias leves livres Kappa: 100 mg/L, lambda: 6 mg/L, K/L 16. BxMO com 30% de plasmócitos anômalos. A melhor conduta inicial:

(A) Irradiação das lesões líticas, uso de bifosfonado, seguimento com exames de monoclonalidade periódicos e se lesão de órgão alvo, seguir com esquema quimioterápico.
(B) Irradiação das lesões líticas e observação.
(C) Tratamento sistêmico com esquema de 3 drogas.
(D) Irradiação das lesões líticas, seguido de esquema de manutenção.
(E) Estabilização ortopédica da coluna torácica e lombar seguida de observação clínica.

A

(C) Tratamento sistêmico com esquema de 3 drogas

Trata-se de um paciente com diagnóstico recente de lesão lítica lombar em investigação de discrasias plasmocitárias. Durante a investigação, apresenta plasmocitose clonal > 10% (critério obrigatório), além de presença de acometimento ósseo com diversas lesões líticas. Não existe nenhum outro critério do SLiMCRAB, mas já é o suficiente para o diagnóstico de MM.
Dessa forma, o tratamento a ser proposto inclui 3 drogas, sendo idealmente uma delas inibidor de proteassoma e outra droga imunomodulador.

39
Q

(HIAE 2018) Sobre critérios desfavoráveis no mieloma múltiplo − MM, é INCORRETO afirmar:

(A) A obtenção de resposta completa tem impacto positivo na OS
(B) Os pacientes com MM que têm t(14;16) são considerados como de alto risco.
(C) Os pacientes com MM que têm t(14;20) são considerados como de baixo risco.
(D) Os pacientes com MM que têm del(17p13) são considerados como de alto risco.
(E) 15% dos pacientes com mieloma múltiplo são de alto risco.

A

(C) Os pacientes com MM que têm t(14;20) são considerados como de baixo risco.

O MM é uma doença heterogênea, com alguns pacientes apresentando rápida progressão e outros com um curso indolente. O prognóstico depende de 4 fatores:
- Estadiamento clínico (R-ISS ou Durie Salmon)
- Fatores do paciente (idade, PS, disfunção renal)
- Biologia da doença e fatores genéticos
- Avaliação de resposta a terapia (LETRA A CORRETA)

Para a avaliação de anormalidades citogenéticas, o ideal é a realização de FISH para detectar pacientes com características de alto risco.
Dentre as características de alto risco, destaca-se a classificação mSMART:
A) RISCO ALTO:
- Del17p - LETRA D CORRETA
- t(4;14)
- t(14;16) - LETRA B CORRETA
- t(14;20) - LETRA C INCORRETA
- Ganho 1q
B) RISCO STANDARD:
- Trissomias
- t(11;14)
- t(6;14)

40
Q

(HIAE 2018) Mulher de 35 anos foi doar sangue e apresentou desmaio logo após venóclise. A doação foi cancelada e a paciente foi encaminhada ao clinico geral. Após exames gerais constatado pico monoclonal IgG lambda de 0,3 mg/dL. Foi então encaminhada ao hematologista para tratamento de mieloma múltiplo. Os exames realizados mostraram: cadeia leve lambda de 0,71 mg/dL; cadeia leve kappa de 0,60 mg/dL e relação kappa: lambda normal. A hemoglobina é de 15 g/dL, creatinina 0,6 mg/dL e cálcio de 9,0 mg/dL. Raio X de esqueleto também mostrou-se normal. Paciente sem nenhuma queixa. A melhor conduta para este paciente é:

(A) Repetir EFP séricas caso o paciente apresente sintomas relacionados ao mieloma múltiplo. (B) Bortezomib.
(C) Lenalidomida
(D) Manter conduta expectante, repetir eletroforese de proteínas a cada mês.
(E) TMO autólogo com o objetivo de eliminar clone de plasmócitos monoclonais antes de desenvolvimento do mieloma múl- tiplo propriamente dito.

A

(A) Repetir EFP séricas caso o paciente apresente sintomas relacionados ao mieloma múltiplo

Trata-se de uma paciente jovem, 35 anos, assintomática, que apresentou sincope durante doação de sangue, podendo ser caracterizado como um evento comum.
Durante a avaliação, foi solicitado (sabe-se la porque) EFP que demonstrou pico IgG lambda monoclonal de 0,3mg/dL. No restante da investigação apresenta:
- Hb normal
- Cr normal
- Calcio normal
- Sem lesões ósseas
- K/L normal

Portanto, a paciente não apresenta qualquer indicio de lesão de órgão alvo que nos leve a pensar em MM. A principal hipótese aqui é que seja um erro laboratorial ou na pior das hipóteses um MGUS. No entanto, para definir como MGUS, pelos critérios, eu necessito de <10% de plasmocitos na MO. Isso porque se eu tiver MO com > 10% de plasmócitos eu caracterizo como MM Smouldering.
Porém, se a paciente for caracterizada com MGUS de baixo risco de progressão para MM, não há necessidade de estudo medular. Ele vai ser caracterizado pelos seguintes critérios:
- Pico > 1,5 mg/dL
- Subtipo não IgG
- K/L alterada
Caso nenhum destes esteja presente o paciente é classificado como baixo risco. Estudos mostram que nesses pacientes o risco de encontrar plasmocitose > 10% é < 5%.

Portanto, não é necessária avaliação medular e muito menos tratamento. No máximo repetir EFP se sugestivo de outras alterações de discrasias plasmocitárias.

41
Q

(HIAE 2018) Paciente de 46 anos, previamente hígido, foi investigado por queixa de parestesia e fraqueza em MMII há 6 meses, chegando a necessitar do uso de cadeira de rodas. Apresenta-se com hiperpigmentação cutânea, atrofia testicular, além da diminuição da força muscular e sensibilidade de membros inferiores, hepatomegalia e discreta esplenomegalia. Hb 18,5 g/dL, Plaquetas 620.000/mm3. Imunofixação mostrou IgA lambda de 1,6 g/dL. Exame do esqueleto mostrou lesão esclerótica na bacia.
O melhor exame para elucidar o diagnóstico deste paciente é:

(A) Pesquisa de mutação para hemocromatose familiar hereditária.
(B) Vermelho congo de tecido celular subcutâneo.
(C) Pesquisa de mutação do gene JAK-2.
(D) Fator de crescimento vascular endotelial.
(E) Citometria de fluxo.

A

(D) Fator de crescimento vascular endotelial

A síndrome POEMS é caracterizada pela presença de plasmocitose Monoclonal + Polineuropatia + 1 dos seguintes:
- Mieloma osteoesclerótico
- Doença de Castleman (hiperplasia linfonodal angiofolicular)
- Níveis aumentados de fator de crescimento vascular endotelial (VEGF)
- Organomegalia
- Endocrinopatia
- Edema
- Alterações de pele - Skin
- Papiledema

A causa da sindrome é desconhecida, mas sabe-se que a superprodução de citadinas proinflamatorias como IL6 e VEGF tem sido implicada na sintomatologia.

Percebe-se, portanto, que dentre os sintomas apresentado pelo paciente podemos perceber: Plasmocitose IgA lambda monoclonal, polineuropatia, lesão esclerótica, alteração cutânea e organomegalias. Dessa forma, a anuncia alternativa que contempla a hipótese de POEMS é a letra D.

42
Q

(ASCO 2020) Homem de 77 anos recém diagnosticado com MM vem para consulta tirar duvidas sobre o esquema de QT proposto, antes de iniciar o tratamento. Devido a suas comorbidades ele foi considerado inelegível a TMO. Durante a discussão quanto ao tratamento você discute sobre o esquema Dara-Rd. No estudo MAIA, Dara-Rd mostrou maior PFD e maior taxa de DRM negativa para tratamento de primeira linha em pacientes com MM inelegíveis a TMO, em comparação com Rd apenas. No entanto, o braço com terapia tripla mostrou maiores taxas de toxicidade relacionada ao tratamento. Voce explica que os efeitos mais comuns relacionados a esse tratamento são:

(A) Tosse, febre e trombocitopenia
(B) Reação infusional, diarreia e anemia
(C) Reação infusional, pneumonia e neutropenia
(D) Reação infusional, tosse e plaquetopenia

A

(C) Reação infusional, pneumonia e neutropenia

No estudo fase III MAIA, pacientes com MM foram tratados com Dara-Rd em comparação com Rd. O estudo mostrou beneficio de PFS e maior taxa de negativação de DRM com esquema triplo. No entanto, esse benefício veio as custas de maiores taxas de efeitos colaterais, sendo necessário manter vigilancia importante. Dentre os mais comuns incluem:
- Pneumonia
- Neutropenia
- Reações infusionais

Referencias
Gay F, Cerrato C, Scalabrini DR, et al. Carfilzomib-lenalidomide-dexamethasone (KRd) induction-autologous transplant (ASCT)-Krd consolidation vs Krd 12 cycles vs carfilzomib-cyclophosphamide-dexamethasone (KCd) induction-ASCT-Ked consolidation: analysis of the randomized Forte Trial in newly diagnosed multiple myeloma (NDMM). Blood. 2018;132(suppl 1):121.

Facon T, Kumar SK, Plesner T, et al. Phase 3 randomized study of daratumumab plus lenalidomide and dexamethasone (D- Rd) versus lenalidomide and dexamethasone (Rd) in patients with newly diagnosed multiple myeloma (NDMM) ineligible for transplant (MAIA). Blood. 2018;132(suppl 1):LBA-2.

43
Q

(ASCO 2020) Um homem de 57 anos se apresenta com exames de rotina demonstrando pico monoclonal em EFP. O paciente é assintomático. Exames laboratoriais mostram:
- Hb 12,9
- Cr 0,8
- Calcio 9,6
- Alb 4,1
- Pico monoclonal IgA kappa 1,2g/dl
- Relação K/L 6
PET-CT não demonstra lesões líticas. Biópsia de MO mostra 20% de plasmocitos clonais com painel de mieloma por FISH negativo. Qual é o próximo passo mais adequado para esse paciente?

(A) Observação
(B) Começar lenalidomida
(C) Começar Daratumumab
(D) Começar VRd

A

(A) Observação

A questão aborda sobre um paciente de 57 anos com alteração em exame de rotina. Apresenta pico monoclonal IgA kappa de 1,2g/dl e nenhum indício de lesão de órgão alvo. Poderia muito bem se tratar de um MGUS, mas para fazer essa diferenciação é necessária avaliação medular. Caso esse paciente apresentasse pico < 1,5g/dl IgG e com K/L normal, não seria necessário estudo medular, pois nesses pacientes com MGUS, a chance de achar plasmocitose medular é menor que 5%.
No entanto, como esses critérios não foram preenchidos, precisamos da contagem medular de plasmócitos para diferenciar SMM de MGUS. Como esse paciente possui > 10% de plasmócitos clonais, sem indícios de lesão orgânica ou outros MDE (SLiMCRAB), podemos estabelecer o diagnóstico de MIELOMA MULTIPLO SMOULDERING.
Poderíamos ainda definir o risco de evolução para MM sintomático pela regra do 20-20-20:
- Pico M > 2g/dl
- K/L > 20
- > 20% plasmócitos clonais
- Caso 2/3 desses estejam presentes o paciente é considerado de alto risco.
Mesmo assim, como o paciente encontra-se assintomático, com uma entidade caracterizada como precursora de MM, no momento ainda não existe indicação de tratamento para esses pacientes, sendo indicada apenas a monitorização.

Existem estudos promissores tentando avaliar o benefício de tratamento precoce em pacientes com SMM, incluindo um estudo randomizado de Rd vs observação em pacientes com alto risco de progressão, com um beneficio em PFS e OS. Outros estudos avaliaram o benefício de daratumumab nesses pacientes. No entanto, ainda não são o suficiente para mudar a prática clinica, principalmente levando em consideração os potenciais efeitos colaterais do tratamento (mesmo que de menor intensidade) a um paciente sem doença clinicamente ativa.

44
Q

(ASCO 2020) Uma mulher de 84 anos vem para avaliação de MM. A sua principal queixa é dor no ombro direito. Sua PS é caracterizada por um ECOG 2. Exame físico sem alterações. Exames laboratoriais mostram:
- Hb 8,9
- Cr 1,2
- Pico M 4,2 g/dl IgG lambda
PET-CT mostra diversas lesões líticas, incluindo do ombro direito. Biópsia MO mostra plasmocitose clonal de 40% com t(11;14) no FISH. Qual dos seguintes tratamentos é o mais apropriado para essa paciente?

Laboratory testing reveals hemoglobin 8.9 g/dL, creatinine 1.2 mg/dL, and an IgG lambda M-protein 4.2 g/dL. Bone survey and PET-CT shows several lytic bone lesions including the right shoulder. Bone marrow biopsy shows 40% lambda-restricted plasma cells with diploid karyotype and t(11;14) on FISH studies.
Which of the following treatment regimens is the most appropriate next step?

(A) Rd
(B) Dara-Vd
(C) MPT
(D) Pd

A

(A) Rd

A questão aborda uma paciente com diagnóstico de MM, com citogenética de ato risco pelo critério de M-SMART, mas sem indicação de TMO pela idade e PS. Portanto, devemos escolher o melhor tratamento levando em consideração essas informações. Dentre alguns dos disponíveis podemos escolher:
A) VRd - S0777 trial
B) Dara-VMP - ALCYONE Trial
C) Dara-Rd - MAIA Trial

Para pacientes mais frágeis, podemos fazer tratamentos ainda menos intensivos, com objetivo de controle de sintomas e limitar efeitos colaterais. Dentre esses, uma opção é a terapia dupla com Rd, que mostrou maior PFS em comparação a MPT nesses pacientes no estudo FIRST Trial - LETRA A CORRETA

O protocolo de Dara-Vd foi aprovado para MM R/R com base no estudo CASTOR, mas não para terapia de primeira linha.

Dentre as alternativas disponíveis, a mais aceita seria a letra A, mas poderíamos usar outras opções.

45
Q

(ASCO 2020) Mulher de 57 anos com história de 12 meses de fraqueza progressiva em membros inferiores e neuropatia periférica. Exame físico mostra pigmentação cutânea alterada e algumas telangectasias. Estudos laboratoriais mostram pico M IgG lambda 0,4g/dl e VEGF aumentado. Biópsia de MO mostra plasmocitose clonal 5%. PET-CT mostra lesões osteoescleróticas no esqueleto axial e apendicular. Qual é o próximo passo mais adequado?

(A) QT direcionada contra plasmócitos e TMO autologo
(B) Plasmaférese
(C) Corticoterapia com desmame prolongado
(D) Imunoglobulinas EV

A

(A) QT direcionada contra plasmócitos e TMO autologo

A questão aborda uma paciente de 57 anos com diagnóstico de Síndrome POEMS. Essa síndrome é uma discrasia plasmocitária rara caracterizada por:
- Polineuropatia
- Organomegalias / Osteosclerotic lesions
- Endocrinopatias
- Monoclonal protein (quase sempre lambda)
- Skin lesions

O diagnóstico é estabelecido a partir de critérios obrigatórios (Polineuropatia + Pico monoclonal) adicionado a pelo menos um de outros critérios maiores e menores:
A) MAIORES
- Lesões Ósseas escleróticas
- Doença de Castleman
- VEGF aumentado
B) MENORES
- Organomegalias (hepatomegalia, esplenomegalia ou linfonodomegalia)
- Sobrecarga polémica (edema periféricos ascite ou derrame pleural)
- Endocrinopatias (exceto DM u hipotireoidismo)
- Lesões de pele
- Papiledema
- Trombocitose e trombocitemia

O tratamento indicado depende do grau da doença
A) DOENÇA LIMITADA: Caso paciente apresente apenas 1-3 lesões ósseas, sem sintomas sistêmicos e sem evidencia de envolvimento medular, o tratamento pode ser com IFRT com boas respostas

B) DOENÇA DISSEMINADA: Caso lesões difusas, envolvimento medular ou outros sintomas, o tratamento indicado é quimioterapia semelhante ao tratamento de MM (direcionado contra plasmócitos) seguido de TMO autologo em pacientes elegíveis. Esse esquema pode levar a melhora significativa dos sintomas.

REFERENCIAS:

Dispenzieri A. How | treat POEMS syndrome. Blood. 2012;119(24):5650-5658.

46
Q

(ASCO 2020) Uma mulher de 47 anos se apresenta com dor no quadril E nos ultimos 3 meses. Exame físico sem alterações. Exames laboratoriais mostram:
- Hb 13,1
- Cr 0,8
- Calcio 9,6
- Alb 4,1
- Pico M 0,7g/dl IgG kappa
- Relação K/L 5
PET-CT mostra massa de 2,5x1,3cm surgindo da asa do ilíaco E, sem outras lesões cantantes. Biópsia de MO não demonstra plasmocitose clonal. Biopsia da massa mostra plasmocitos clonais CD138+. Qual seria o próximo passo mais adequado?

(A) Lenalidomida
(B) VRd
(C) IFRT 10-20Gy
(D) IFRT 40-50Gy

A

(D) IFRT 40-50Gy

A paciente apresenta um quadro de pico M em EFP, mas sem evidencia de lesoes de órgão alvo, sem envolvimento MO e com massa evidente no PET, confirmada por biópsia como sendo plasmocitoma. Como a paciente não preenche nenhum outro critério para o diagnóstico de MM, o diagnóstico estabelecido é de plasmocitoma solitário.

O tratamento padrão para plasmocitoma solitário é radioterapia com 40-50 Gy, seguido de observação, podendo atingir erradicação da lesão em alguns casos - (LETRA D CORRETA)

Menores doses de radiação (10-20Gy) são geralmente usados no contexto de pacientes paliativos com MM, mas não com intenção curativa para plasmocitomas secundários - (LETRA C INCORRETA)

Não há indicação de QT em pacientes com plasmocitoma solitário (LETRA A e B INCORRETAS). Também não há indicação de bifosfonados.

REFERENCIA

Pham A, Mahindra A. Solitary Plasmacytoma: a Review of Diagnosis and Management. Current Hematologic Malignancy Reports. 2019;14(2):63-69.

47
Q

(ASCO 2019) Homem de 64 anos encaminhado para avaliar EFP alterado. Apresenta gamopatia monoclonal IgG kappa com pico M 3,4g/dl e K/L 23. Sem outras queixas, com exames mostrando função renal normal, cálcio normal e hemograma com Hb 11. TC protocolo mieloma não detectou nenhuma lesão litica. Realizado estudo medular com plasmocitose clonal 75%. O diagnóstico do paciente é:

(A) MGUS IgG kappa
(B) SMM IgG kappa
(C) MM IgG kappa
(D) Amiloidose kappa

A

(C) MM IgG kappa

Temos um paciente de 64 anos com galoparia monoclonal IgG kappa de 3,4g/dl, com relação K/L alterada de 23. A principio apresenta apenas leve anemia que poderia ser atribuída a manifestação do mieloma desde que descartadas outras causas. No entanto, tendo em vista esses achados, torna-se necessária a investigação medular para confirmar o diagnóstico de MM. Nessa investigação, observamos plasmocitose clonal de 75%.
Quanto aos critérios diagnósticos de MM, temos a necessidade da comprovação de MDE, sendo esses lesão de órgão alvo (CRAB) ou outros achados de alto risco, altamente associados a progressão para MM (SLiM)
Sixty (Plasmocitose > 60%)
Light chain ratio > 100
MRI com mais de uma lesão focal > 5mm
Calcio aumentado
Renal
Anemia por infiltração
Bone lesions

A paciente em questão apresenta essa anemia discreta, além de outro evento definidor de MM, caracterizado por plasmocitose clonal de 75%. Portanto, o paciente é definido como MM IgG KAPPA

O diagnóstico de MM Smouldeing vai ser definido no paciente com plasmocitose clonal MO > 10% mas que não preenche nenhum critério de eventos definidores de mieloma.

48
Q

(ASCO 2019) Mulher de 64 anos avaliada por alteração em EFP de rotina. Assintomática. Antecedente de HAS, dislipidemia e dor lombar. Exames laboratoriais:
- Hb 12,1
- Leuco 3500
- Plaq 260.000
- Cr 1,0
- Calcio 9,1
EFP mostra pico M IgA kappa 2,2g/dl. Cadeias leves kappa 181 e lambda 21. Urina de 24h mostra pico M de 50mg. Tc protocolo MM não demonstra lesões líticas, apenas alterações degenerativas. Realizada RNM limner com duas lesões em L4 > 0,6mm. Avaliação de MO mostra plasmocitose 10% clonal. Qual é o provavel diagnóstico?

(A) MGUS
(B) Amiloidose AL
(C) MM Smouldering
(D) MM

A

(D) MM

Mulher de 64 anos, assintomática, com alteração de EFP mostrando galoparia monoclonal IgA lambda. Não apresenta aparente lesão de órgão alvo e tem plasmocitose clonal 10% em MO. A principio, pela plasmocitose essa paciente seria caracterizada como MM Smouldering, mas quando realizada a RNM observa-se a presença de lesões focais > 0,5mm e esse achado é associado a risco mais evidente de progressão e portanto é relatado como evento definidor de mieloma.
SLiM-CRAB
Sixty (Plasmocitose > 60%)
Light chain ratio > 100
MRI com mais de uma lesão focal > 5mm
Calcio aumentado
Renal
Anemia por infiltração
Bone lesions

Portanto, o diagnóstico da paciente é MM

49
Q

(HIAE 2023) Sobre imunoterapias no tratamento do MM, é correto afirmar:

(A) BiTEs podem ter diferentes alvos na célula do MM e, diferente do CAR-T, não dependem do linfócito T do paciente
(B) Teclistamab, um BiTE com alvo BCMA está relacionado a elevado risco infeccioso
(C) Anticorpos monoclonais anti-CD38são opções de tratamento de indução em 1 linha para pacientes elegíveis ao TMO, mas não há benefício para pacientes primeira linha não elegíveis
(D) Belantamab mafodotin é um BiTE com alvo BCMA, com importante toxicidade ocular

A

(B) Teclistamab, um BiTE com alvo BCMA está relacionado a elevado risco infeccioso

LETRA A INCORRETA: Os anticorpos biespecíficos são modalidades de tratamento que costumam utilizar a maquinaria do sistema imune contra antígenos tumorais específicos. Geralmente utilizam receptores de linfócitos T para ativar a imunidade e direcionar a citotoxicidade ao tumor. Tanto que a sigla costumeiramente utilizada dos biespecificos é BiTE (Bisespecific T Cell Engager).

_LETRA B CORRETA_: O tratamento padrão de MM inclui administração de agentes imunomoduladores, inibidores de proteassoma e anticorpos anti-CD38. No entanto, não temos muitas terapias para pacientes que falharam com essas médicações e os desfechos geralmente são ruins. o BCMA (B Cell Maturation Antigen) representa um alvo promissor para o tratamento de MM refratário ou recaído as primeiras terapias (triplo expostos), sendo atualmente aprovadas 3 terapias contra o BCMA:
- Belantamab Mafodotin: Anticorpo conjugado anti-BCMA (ORR 31%)
- CAR-T: Idecabtagene vicleucel (ORR 67%) e ciltacabtagene autoleucel (83%)
- BiTE: Teclistamab ou Elrantamab. Outros BiTEs estão sendo estudados, como Talquetamab e Cevostamab.
O Teclistamab se liga no CD3 dos linfocitos T e no BCMA expresso nas células do mieloma, mediando a destruição dessas células por imunidade T. O estudo fase 2 que avaliou o Teclistamab demonstrou alta incidencia de neutropenia e infecção grau 3-4, aumentando o risco infeccioso desses pacientes.

LETRA C INCORRETA: Anticorpos anti-CD38 são medicações utilizadas no contexto de primeira linha em pacientes elegíveis e não elegíveis ao TMO. O estudo ALCYONE por exemplo avaliou o uso de Dara-VMP em pacientes inelegíveis.

LETRA D INCORRETA: Como descrito na alternativa anterior, o Belantamab é um anticorpo conjugado direcionado ao BCMA e não um BiTE. Mas o restante da alternativa é correta, com toxicidade ocular comum.

50
Q

(DASA 2022) Homem de 72 anos, previamente HAS e DLP. Apresenta história de cansaço aos esforços, fadiga e perda ponderal
de 3kg no último ano. Nos últimos meses não tem mais precisado usar medicação anti-HAS pois PA tem ficado normal, e tem se
queixado de dor lombar. ECOTT recente mostrou FEVE de 62%, septo de 14mm, hipertrofia ventricular
excêntrica e discreto derrame pericárdico. Assinale a alternativa ERRADA dentre as opções abaixo:

(A) A dor lombar pode ter a mesma etiologia do quadro cardíaco.
(B) O próximo exame a ser solicitado é a cintilografia miocárdica com pirofosfato.
(C) Deve-se solicitar screening para gamopatia monoclonal.
D) A ressonância magnética cardíaca pode auxiliar na investigação, mas não é indispensável para a elucidação diagnóstica.

A

(B) O próximo exame a ser solicitado é a cintilografia miocárdica com pirofosfato

A questão aborda um paciente idoso, 72 anos e policomorbido evoluindo com sintomas constitucionais e sintomas cardíacos. Apresenta-se com sintomas de IC e evoluindo com hipotensão, sem necessidade de anti-HAS e ECOTT com ICFER e hipertrofia ventricular com derrame pericárdico e espessamento de septo. A hipótese atual que deve estar inclusa é de que se trata de um paciente com amiloidose cardíaca.

Amiloidose é o termo genérico utilizado para se referir a proteínas de tecido amilóide de baixo peso molecular nos tecidos. Essa deposição pode ter diversas causa e se manifestar de diversas formas a depender do tecido acometido.
Existem pelo menos 18 tipos de amiloidose sistêmica, sendo as principais formas: Amiloidose AL (cadeias leves) e ATTR (Trasnretinina).
- Amiloidose AL: Causado por um plasmócito clonal levando a deposição de fragmentos de cadeia leve de imunoglobulina
- ATTR: Corresponde a deposição de transretinina, que pode ser autossômico familiar ou adquirido (wyld tipe), anteriormente chamado de amiloidose sistêmica senil.

Sintomas comuns que devem levar a suspeição de amiloidose incluem:
- ICFER
- ECOTT com aumento de espessura miocárdica
- “Resolução de HAS”
- Síndrome nefrótica
- Neuropatia periférica
- Perda de peso
- Hepatomegalia
- Macroglossia
- Edema glandular submandibulares

A amiloidose ATTR geralmente se apresenta com comprometimento cardíaco em homens mais velhos e tem uma elevada relação com síndrome do túnel do carpo e estenose espinhal, podendo se manifestar com dor lombar e polineuropatia. A questão não traz informações o suficiente para estabelecer o diagnóstico, mas provavelmente é esse tipo que se trata e a dor deve ter a mesma etiologia do quadro cardíaco (LETRA A CORRETA).

Em geral, a melhor forma de estabelecer o diagnóstico é através de biópsia tecidual e confirmação de deposição através de vermelho do Congo ou espectrofotometria de massa. No entanto, a abordagem deve ser iniciada de forma mais abrangente no início, e no caso de suspeita clínica de acometimento cardíaco, deve ser realizada o ECOTT como exame inicial. Os achados do ECOTT podem ser inespecíficos e podem se confundir com outras causas de IC, mas alguns achados são muito característicos. Posteriormente, podemos fazer a RNM cardíaca, que é altamente sensível, inclusive podendo detectar deposição antes do aparecimento dos sintomas. No entanto, não é imprescindível ao diagnóstico (LETRA D CORRETA).
Uma parte essencial na avaliação diagnóstica é a avaliação de clonalidade com EFP com IF sérica e urinária e pesquisa de cadeiasleves, podendo ser util em diferencial AL de ATTR (LETRA C CORRETA).

Caso a pesquisa de plasmocitose clonal seja infrutífera, pode-se sugerir amiloidose ATTR. Outra forma de diferenciar é através da cintilografia com tecnécio, inclusive sendo útil em diagnosticar amiloidose ATTR se altamente sugestiva e clonalidade plasmocitária negativa, mesmo sem necessidade de biópsia. Ou seja, a cintilografia pode ser um exame útil, mas com certeza não seria o próximo passo ideal no workup diagnóstico (LETRA B INCORRETA)

51
Q

(DASA 2022) Homem de 44 anos vem encaminhado da neurologia por quadro de polineuropatia progressiva sem fatores de risco, e achado de componente monoclonal IgG kappa de 1.8 g/dL. Hemograma, função renal e cálcio normais. Dentre as afirmativas abaixo,
assinale a CORRETA:

(A) Síndrome POEMS é um diagnóstico diferencial que não deve ser descartado mesmo se avaliação medular resultar normal.
(B) Deve-se pensar em mieloma múltiplo sintomático como principal hipótese e solicitar avaliação medular e TC de baixa dose de
corpo inteiro.
(C) Amiloidose de cadeia leve deve ser o diagnóstico mais provável, e o achado de polineuropatia de padrão desmielinizante em
eletroneuromiografia deve corroborar esta hipótese.
(D) Provavelmente trata-se de gamopatia monoclonal de significado indeterminado, pois componente monoclonal IgG kappa é muito frequente em homens nessa faixa etária.

A

(A) Síndrome POEMS é um diagnóstico diferencial que não deve ser descartado mesmo se avaliação medular resultar normal

A questão aborda um homem de 44 anos com queixa principal de polineuropatia e pequeno pico monoclonal. Dentre os disturbios plasmocitários clonais que se manifestam com polineuropatia, destaca-se a síndrome POEMS, que é caracterizada por:
Polineuropatia periférica
Organomegalia/Osteolytic lesions
Endocrinopatia
Monoclonal protein
Skin changes

Sua fisiopatologia está relacionada com níveis elevados de citocinas proinflamatórias, notadamente IL-6 e VEGF (vascular endotelial growth factor), provavelmente decretadas em resposta a plasmocitos monoclonais.
O diagnóstico é dado através dos critérios:
_OBRIGATÓRIOS:
- Polineuropatia
- Pico monoclonal (na grande maioria das vezes com componente lambda)
MAIORES: Pelo menos um
- Lesões ósseas escleróticas
- Doença de Castleman (hiperplasia linfonodal angiofolicular)
- VEGF elevado 3-4x acima do LSN
MENORES: Pelo menos um
- Organomegalia (hepatOesplenomegalia ou linfonodomegalia)
- Edema periférico, ascite ou derrame pleural
- Endocrinopatia (exceto DM ou hipotireoidismo)
- Alterações de pele
- Papiledema
- Trombocitose ou Policitemia

Dessa forma, com certeza POEMS é uma hipótese para esse paciente se apresentando com proteína monoclonal e polineuropatia e o diagnóstico pode ser estabelecido sem sequer realizada avaliação medular (LETRA A CORRETA)

Geralmente, a polineuropatia se apresenta com piora progressiva, geralmente é o principal achado clínico e começa com uma neuropatia distal sensorial simétrica, incluindo parestesias que frequentemente progridem para acometimento motor. O padrão da ENMG é de uma polineuropatia inflamatória desmielinizante.

No entanto, outra doença plasmocitaria clonal que pode se manifestar com neuropatia é a amiloidose AL, definida pela deposição de cadeias leves nos tecidos levando a disfunção orgânica. Ocasionalmente pode se manifestar com neuropatias caracterizados por sintomas sensitivos/motores e autonômicos. Na grande maioria das vezes, no entanto, a ENMG encontra-se normal por se tratar de um acometimento de fibras finas (LETRA C INCORRETA). Em raros casos a ENMG pode se apresentar com padrão desmielinizante inflamatório, mas o acometimento tende a ser assimétrico, diferente do POEMS.

_LETRA B INCORRETA_: Não é possível estabelecer o diagnóstico de MM sintomático por não haver qualquer sintoma referente a lesão de órgão alvo ou sequer avaliação medular

_LETRA D INCORRETA_: Poderia ser o diagnóstico de MGUS se não houvesse outro achado característico de uma entidade caracterizada por plasmocitose clonal

52
Q

(DASA TMO 2021) Homem, 65 anos, procura ambulatório de Clínica Médica referindo há 3 meses perda ponderal associada a dores na coluna lombar. Ao exame físico apresentava-se descorado, emagrecido, com perda de força muscular em membro inferior direito. Exames laboratoriais:
- Anemia normo/normo
- Cr: 2,5 mg/dl
- Ureia: 75 mg/dl.
Foi solicitado um PET-CT que revelou inúmeras lesões osteolíticas, associadas à fratura vertebral. A EFP séricas mostrou pico na fração gama. Imunofixação revelou presença de IgG kappa. Com base nas informações assinale a opção INCORRETA:

(A) O TMO autólogo está indicado para esse paciente, pois mostrou ganho de PFS e OS em relação a quimioterapia com esquemas tríplices baseado em lenalidomida na primeira linha.
(B) O uso de imunomoduladores está relacionado à ocorrência de eventos tromboembólicos devendo ser realizado a profilaxia com AAS ou anticoagulantes a depender dos fatores de risco que o paciente apresenta.
(C) Pacientes idosos geralmente apresentam mielossupressão mais prolongada relacionada ao tratamento, logo eventuais ajustes de dose dos quimioterápicos e das medicações de suporte podem ser necessários.
(D) É importante a avaliação odontológica prévia de todos pacientes que forem iniciar bifosfonados, pelo risco de necrose de mandíbula. E mesmo presença de insuficiência renal o uso de bisfofonados é indicado.

A

(A) O TMO autólogo está indicado para esse paciente, pois mostrou ganho de PFS e OS em relação a quimioterapia com esquemas tríplices baseado em lenalidomida na primeira linha

Trata-se de um paciente com anemia e disfunção renal associado a dor lombar e lesões líticas no PET. No restante da investigação, observado pico monoclonal IgG kappa. A principal suspeita é de MM, apesar de não ser possível fechar o diagnóstico já que não foi realizada avaliação medular.

_LETRA A INCORRETA_: O tratamento de primeira linha de pacientes com MM vai depender de idade e comorbidades que o limitem para indicação de consolidação com TMO. Para paciente elegíveis, o tratamento consiste em terapia de indução com esquema triplo o quadruplo envolvendo um imunomodulador e um inibidor de proteassoma, seguido de autoTMO e manutenção pós, podendo em alguns casos ser realizada uma consolidação com o mesmo esquema da indução após o TMO também. No entanto, o TMO autólogo não tem benefício comprovado de OS, apenas de PFS. O estudo DETERMINATION randomizou pacientes após indução com VRD para consolidação e manutenção vs TMO autologo. Os pacientes com TMO tiveram maior PFS e sem ganho em OS.

_LETRA B CORRETA_: Pacientes com MM tem risco mais elevado de TEV, com alguns estudos mostrando incidências entre 10-26%. Desde a introdução de novos agentes como inibidores de proteassoma, anticorpos monoclonais e imunomouladores, tromboses se tornaram uma grande causa de morbimortalidade, dentre estes imunomoduladores como a lenalidomida é sabidamente relacionada com aumento de TEV. Dessa forma, é necessário otimizar os cuidados de profilaxia de TEV nesses pacientes com esquemas atuais de tratamento. O IMWG e ASCO publicaram um guideline de prevenção de trombose em pacientes com MM em uso de imunomoduladores. Esses guidelines recomendam que os pacientes sejam avaliados quanto a fatores de risco e indicado o uso de AAS ou LMWH a depender da situação.

_LETRA C CORRETA_: MM é uma doença predominante em pacientes idosos. Dentre eles, aproximadamente 1/3 apresenta condições de fragilidade. Na maioria das vezes esses pacientes mais frágeis são excluídos de estudos clínicos e acabam recebendo esquemas adaptados com exclusão de drogas (esquema duplo ao invés de triplo) e com ajuste de doses, com objetivo de reduzir toxicidade e tentar melhorar a qualidade de vida. Além disso, muitos pacientes idosos não frágeis podem receber esquemas triplos ou até quadruplo com ajustes de doses pela idade ou pelas comorbidades.

_LETRA D CORRETA_: Os bisfosfonados são pirofosfatos inorgânicos há muito tempo utilizados no tratamento de doenças como MM, metastases ósseas, osteopenia ou osteoporose e estão relacionados a alterações no mecanismos de formação e reabsorção óssea. O seu mecanismo de ação focado na inibição de osteoclastos e redução de reabsorção óssea. Uma vez que os bisfosfonados passaram a ser amplamente utilizados para tratamento das condições acima, foi descrita uma complicação que foi nomeada BRONJ (Bisphosphonates Related OsteoNecrosis of the Jaw). Essa complicação é caracterizada por uma lesão em região maxilofacial que não não se resolve/repara em 8 semanas e afetam pacientes que estão em uso de bisfosfonados. O mecanismo dessa complicação não é completamente compreendido, mas acredita-se que esteja relacionada com o próprio mecanismo de inibição de reabsorção associada a um efeito anti-angiogenico, com redução de turn-over ósseo em um osso que esta bem próximo de uma área em contato com a cavidade oral e risco elevado de infecção. Os seguintes fatores de risco para BRONJ são descritos:
- Idade > 65 anos
- Tipo do bisfosfonado
- Via de administração de bisfosfonado
- Duração do uso do bisfosfonado
- Uso concomitante de outras drogas (corticoide ou QT)
- Procedimentos dentários invasivos.
Além disso, a alteranativa afirma que mesmo na presença de insuficiência renal os bisfosfonados são indicados e isso é também verdade. Tanto o ácido zolendronico quanto pamidronato podem ser usados nesse contexto. Com ClCr entre 30-60 ambos podem ser utilizados com ajuste de dose e com aumento do tempo de infusão, e se < 30 o pamidronato também pode ser usado. Idealmente o melhor nesse cenário é o Denosumab (inibidor de RANK-L) que não possui excreção renal. Além disso, vale ressaltar que se um paciente já for renal crônico dialético, qualquer um dos bisfosfonados podem ser usados, desde que realizados distantes da diálise.

53
Q

(DASA TMO 2021) Em qual dos contextos abaixo o paciente não é considerado como portador de doença de alto risco?

(A) t (11,14) e com 25% de plasmócitos no sangue periférico.
(B) Paciente com ganho de 1q e com t (14;20).
(C) t (6,14), com dhl alto e com b2 microglobulina>5,5.
(D) del 17p , albumina 3,4 e com b2 microglobulina de 3,5.

A

QUESTÃO POLÊMICA
GABARITO LETRA D

MM é uma doença heterogenea, com alguns pacientes evoluindo com doença rapidamente progressiva e outros com uma apresentação mais indolente. O prognóstico de pacientes com MM depende de 4 fatores chave:
- Estadiamento (características da doença)
- Características do paciente
- Biologia da doença (morfologia plasmablástica, agressividade, envolvimento extramedular)
- Avaliação de resposta ao tratamento

Quanto falamos em estratificação de risco em MM, podemos utilizar mais de uma estratégia, de acordo com caracteristicas clínicas, laboratoriais e citogenéticas.

O modelo preferido para estadiamento no MM é o R-ISS, substituindo o modelo anterior Durie-Salmon. O R-ISS utiliza como parametros: B2 microglobulina, albumina, DHL e citogenética (FISH) e separa os pacientes em 3 grupos de risco. O ISS antes da revisão, não incluia DHL nem o FISH.
- R-ISS I: B2M < 3,5, DHL normal, Albumina > 3,5 e sem del(17p), t(4;14) ou t(14;16)
- R-ISS II: Não caracteriza estágio I ou III
- R-ISS III: B2M > 5,5 + DHL elevado E/OU Del(17p), t(4;14) ou t(14;16)

A estratificação desses pacientes em grupos os separa com diferentes PFS e OS em 5 anos, independente da idade e do tratamento realizado.

No entanto, o R-ISS utiliza apenas esses 3 marcadores citogenéticos como alto risco e alguns outros também são reconhecidos (mSMART Mayo Clinic)
- Risco Standard: Trissomias, t(11;14) e t(6;14)
- Risco Alto: Del17p, t(4;14), t(14;16), t(14;20), ganho1q, DHL > 2x LSN, achados que sugiram leucemia de células plasmocitárias

Além disso, a publicação do mSMART criou também a definição de MM double ou triple hit (se 2 ou 3 dessas alterações citogenéticas de alto risco)

Portanto, nenhuma alternativa seria correta

LETRA A: t(11;14) é um achado sugestivo de risco standard, mas se associado com 25% de leucemia de células plasmocitárias em SP indica o diagnóstico de leucemia de células plasmocitárias e portanto, configurando como alto risco

LETRA B: Ganho 1q e t(14;20) indicam caracteristicas citogenéticas de alto risco tanto pela Mayo Clinic quanto pelo R-ISS

LETRA C: t(6;14) caracteriza risco standard pelo mSMART, mas se B2M > 5,5 associado a DHL elevado configura alto risco pelo R-ISS

LETRA D: Apesar de ser o gabarito da questão, tanto o R-ISS quanto o mSMART caracterizam alto risco apenas pela presença de del17p

54
Q

Quais as alterações citogenéticas de alto risco pelo FISH para pacientes com MM pelos critérios da clinica Mayo?

A
  • Risco Standard: Trissomias, t(6;14); t(11;14)
  • Risco Alto: t(4;14), t(14;16); t(14;20), del17p, ganho 1q

Como ajudar a lembrar? Lembrar que del17p é caracteristicamente uma alteração de alto risco. Além desse, o ganho de 1q deve ser lembrado. Quanto as translocações, lembrar que sempre vai envolver o cromossomo 14 que localiza o gene da cadeia pesada da Imunoglobulina. Dos outros cromossomos, vão ser de alto risco as translocações que envolvem numeros multiplos de 4 (4,16,20)

55
Q

(UNIFESP TMO 2022) Sobre mieloma múltiplo (MM) e os escores citogenéticos da Mayo, assinale a alternativa INCORRETA:

(A) Anemia e hipercalcemia são indicações para início do tratamento, e os pacientes com citogenética(14;16) são considerados como de alto risco.
(B) Dores ósseas, fadiga e anemia são sintomas frequentes e 15% dos pacientes com mieloma múltiplo são considerados como alto risco.
(C) Beta 2 microglobulina ≥ 5,5 mg/dL, leucemia de células plasmocitária; desidrogenase láctica elevada e citogenética com trissomias são marcadores de mau prognóstico.
(D) O risco de infecção é maior que em indivíduos saudáveis, contribuindo com cerca de 25% das mortes nos primeiros 6 meses após o diagnóstico; pacientes com del(17p) são considerados como de alto risco

A

(C) Beta 2 microglobulina ≥ 5,5 mg/dL, leucemia de células plasmocitária; desidrogenase láctica elevada e citogenética com trissomias são marcadores de mau prognóstico

_LETRA A CORRETA_:
Os pacientes para ser candidatos ao tratamento devem possuir o diagnóstico de MM sintomático, que seria definidor por plasmocitose clonal MO > 10% ou plasmocitoma confirmado com biópsia + um dos seguintes:
- Sessenta porcento de plasmocitos clonais MO
- Light chain ratio > 100
- MRI com lesão litica > 5mm
- Calcemia
- Renal disease
- Aanemia
- Bone lytic lesions

Dentre esses pacientes, algumas alterações citogenéticas são caracterizadas como de alto risco, como por exemplo:
- t(4;14)
- t(14;16)
- t(14;20)
- Ganho de 1q
- Del(17p)

Outras alterações citogenéticas podem ser classificadas como risco standard
- t(11;14)
- t(6;14)

Para identificar essas translocações de alto risco basta lembrar que tirando o 1q, todas possuem o cromossomo 14 que inclui o gene da cadeia pesada da Ig e os outros cromossomos são todos multiplos de 4.

LETRA B CORRETA

LETRA C INCORRETA
Pelos critérios de risco de pacientes com MM temos a classificação do ISS-R e do mSMART da clinica Mayo. Dentre os critérios são utilizados parametros de carga tumoral, biologia da doença e aspectos genéticos.

mSMART
Seriam classificados como alto risco se:
- t(4;14)
- t(14;16)
- t(14;20)
- Ganho de 1q
- Del(17p)
- DHL maior que 2x LSN
- Achados sugestivos de leucemia de células plasmocitarias
- B2 microglobulina > 5,5

Seriam classificados como risco standard
- t(11;14)
- t(6;14)
- Trissomias (hperdiploidia)

A alternativa está incorreta, portanto, já que todos os critérios são de alto risco EXCETO HIPERDIPLOIDIA que é considerado risco standard

LETRA D CORRETA

56
Q

(AC 2023) Mulher em acompanhamento por osteopenia e por angiodisplasia intestinal é diagnosticada com gamopatia IgG kappa durante exames de rotina. O exame físico está normal. Em seus exames laboratoriais, obteve os seguintes resultados:
- Hb: 11,7; VCM 77; Leucócitos: 6.300; Plaquetas: 198.000;
- IgG 2,1 g/dL; kappa: 2,01 mg/dL; lambda: 1,23 mg/dL;
- Cr: 1,1 mg/dL;
- DHL = 193;
- Presença de 4% de plasmóctos atípicos em MO.

Acerca desse caso, assinale a alternativa que apresenta o provável diagnóstico da paciente:

(A) Gamopatia monoclonal de significado indeterminado
(B) Mieloma smoldering
(C) Mieloma múltiplo
(D) POEMS
(E) Waldenstrom

A

(A) Gamopatia monoclonal de significado indeterminado

Trata-se de uma paciente assintomática, com evidencia prévia apenas de osteopenia e descoberta de pico monoclonal IgG kappa em exames de rotina. O pico é quantificado como 2,1g/dl e não é acompanhado de alteração de relação K/L. Da investigação adicional não apresenta disfunção renal ou hipercalcemia e apresenta anemia discreta com VCM baixo que poderia mais provavelmente se tratar de outra causa. Realizada investigação de MO com 4% de plasmócitos clonais.

Quando levamos em consideração os critérios de MM, percebemos que nenhum critério é atingido:
- Plasmócitose clonal MO > 10% ou Plasmocitoma confirmado por biópsia - Ausente
- Sessenta porcento plasmócitos MO - Ausente
- Light chain ratio > 100 - Ausente
- MRI com lesões > 0,5 - Informação indisponível
- Calcio elevado - Informação indisponível
- Renal - Ausente
- Anemia - Ausente
- Bone lytic lesion - Ausente

É muito dificil associar o achado prévio de osteopenia com doença sintomática nesse contexto, e mesmo assim pela ausencia do critério obrigatório não é possível estabelecer o diagnóstico de MM sintomático ou MM Smouldering (**LETRAS B e C INCORRETAS).

Podemos concluir que se trata de um quadro de MGUS, e ainda estratificando essa paciente quanto ao risco de evolução para MM, temos os seguintes critérios:
- Pico monoclonal > 1,5
- Relação K/L alterada
- Pico não IgG

Temos apenas um desses critérios, sendo a paciente classificada como risco moderado. Caso nenhum desses estivesse presente, poderia ser possível não realizar estudo medular pelo baixíssimo risco de progressão para MM.

LETRA D INCORRETA:
A síndrome POEMS é uma doença plasmocitária clonal mas que se apresenta de uma forma bem específica, sendo marcada principalmente pela manifestação de polineuropatia com presença de pico monoclonal e níveis elevados de VEGF.
- Polineuropatia
- Organomegalia/Osteolytic lesions
- Endocrinopatia (exceto tireoide e DM)
- Monoclonal protein
- Skin lesions

Para o diagnóstico são necessários critérios obrigatórios, maiores e menores dentre os citados acima, sendo predominante a manifestação neurológica (obrigatório). Portanto, não é possível o estabelecimento desse diagnóstico. Além disso, nos pacientes com POEMS, é mais comum associação com lambda.

LETRA E INCORRETA
A macroglobulinemia de Walderstrom (também conhecido como linfoma linfoplasmocítico) é uma doença linfoproliferativa caracterizada por um componente plasmocitário monoclonal que se manifesta através de produção exacerbada de IgM.
Para o diagnóstico é necessário observar infiltração de linfócitos patológicos > 10%, geralmente com diferenciação linfoplasmocítica, CD5-, CD10-, CD23-, CD19+, CD20+, CD138+

57
Q

(TMO HSL 2022) Mulher, 69 anos, apresenta diagnóstico de MM IgG/Kappa com t(11;14). Realizou tratamento inicial com VRD, TMO autólogo de MO e manutenção com lenalidomida 10 mg/dia por 2 anos. Porém 14 meses após interrupção da manutenção, foi evidenciada presença novas lesões líticas em PET-CT. Sobre esse caso:

(A) Não há benefício de novo transplante nesse caso.
(B) Nessa situação, esquema com Daratumumab, carfilzomibe e dexametasona apresenta resultados superiores que Daratumumab, pomalidomida e dexametasona em estudo randomizado.
(C) Tempo de uso da lenalidomida e intervalo desde a última dose são fatores que influenciam na sobrevida do paciente.
(D) Paciente deve ser considerado refratário a lenalidomida, optando-se por esquemas de tratamento sem essa droga.
(E) Deve-se iniciar tratamento desse paciente se apresentar aumento de pelo menos 25% ou 0,5 g/dL em número absoluto na proteína monoclonal.

A

(C) Tempo de uso da lenalidomida e intervalo desde a última dose são fatores que influenciam na sobrevida do paciente

Maioria dos pacientes com MM vai apresentar uma resposta inicial ao tratamento, mas como mesmo o TMO não é uma estratégia curativa, em algum momento pode haver uma recaída. A escolha da terapia de segunda linha deve considerar o tratamento anterior e a sua resposta.

A doença é definida como refratária pela progressão dentro de 60 dias de dose padrão de lena de manutenção (25mg/dia). Se progrediu em um paciente que já fez uso de lena mas que não nos ultimos 60 dias ou se apenas na dose de manutenção (10mg/dia) ainda é considerado sensíve a lenalidomida.

Fatores que definem a escolha da terapia:
- Tempo da recaída
- Resposta a terapia anterior
- Agressividade da recaida
- Performance status do paciente

Determinar a sensibilidade a lenalidomida é muito importante ao escolher terapia de segunda linha, já que muitos esquemas aprovados nesse cenário contém lenalidomida.

No contexto da questão, podemos então afirmar que trata-se de uma RECAÍDA SENSÍVEL A LENALIDOMIDA, por acontecer em paciente que vinha usando dose de manutenção e apenas 14 meses após o término da manutenção.

Caso seja sensível a lena, sugere-se esquema de 3 drogas contendo essa medicação. Podemos também consiuderar esquemas de 4 drogas em pacientes com doença agressiva.
- Dara-Rd: POLLUX trial
- KRd: ASPIRE trial
- IRd Opção de tratamento oral em pacientes sensíveis a lenalidomida em pacientes com doença não agressiva (TOURMALINE M1)
- Elo-Rd: ELOQUENT-2 trial

Como o paciente em questão é considerado lena-sensível, idealmente devemos propor um desses esquemas acima e não Dara-Kd e Dara-Pd. De qualquer forma, não existe estudo prospectivo comparando os dois esquemas e se compararmos os estudos individualmente, sabendo do viés dessa abordagem, o POLLUX (Dara-Pd0 mostrou maiores taxas de ORR e CR/VGPR do que O CASTOR (Dara-Kd) - LETRA B INCORRETA

Caso o paciente não tenha sido submetido a TMO na primeira linha e for elegível ao procedimento, este deverá ser realizado. Além disso, pacientes que fizeram um TMO autólogo com duração de remissão de pelo menos 36 meses (o paciente teve remissão de 38 meses) também são elegíveis (LETRA A INCORRETA).

58
Q

(HSL TMO 2022) Sobre novas terapias em Mieloma Múltiplo, é correto afirmar:

(A) Teclistamab é anticorpo biespecífico com alvo BCMA e CD3 com cerca de 90% de síndrome de liberação de citocinas, sendo maioria graus 1 ou 2.
(B) Talquetamab é anticorpo biespecífico com alvo BCMA e CD3 com cerca de 70% de resposta global em estudo fase 2.
(C) Selinexor é inibidor da exportina 1 que, em associação com bortezomibe e dexametasona, não levou a aumento de sobre- vida livre de progressão comparado a VD
(D) Belantamab mafodotin é anticorpo droga conjugado com taxa de resposta global de 60% em monoterapia em pacientes com 3 ou mais linhas de terapia.
(E) Belantamab mafodotin apresentou mais de 70% de eventos oculares em estudo fase 2.

.

A

(E) Belantamab mafodotin apresentou mais de 70% de eventos oculares em estudo fase 2

LETRA A INCORRETA:
O BCMA é um antígeno de maturação de células B e é altamente expresso em células de MM, tornando-se um alvo atrativo para tratamento.
O teclistamab é um anticorpo biespecífico que se liga ao CD3 nos linfócitos T e ao BCMA nos plasmócitos do MM. Assim como outros BiTEs tem um risco de síndrome de liberação de citocinas (CRS), mas no estudo fase I que avaliou a incidencia foi de 64% e não 90%.

LETRA B INCORRETA
Talquetamab é um anticorpo bi-específico que se liga ao GPRC5D e C3 para induzir morte célular induzida por linfócitos T. Não é direcionado contra o BCMA.

LETRA C INCORRETA
Exportina1 é um exportador nuclear essenciual para várias proteínas supressoras tumorais e várias classes de mRNA incluindo aqueles de proteínas oncogênicas. Ele está superexpressado em vários tipos de cancer, incluindo MM. Selinexor é um inibidor seletivo da exportina1, levando a acumulo de proteínas supressoras tumorais e proteínas regulatórias de crescimento celular no nucleo e expressão reduzida de oncoproteínas, resultando em apoptose. O Selinexor+Vd foi comparado com Vd no estudo fase III BOSTON Trial, demonstrando melhores taxas de resposta.

LETRA D CORRETA e E INCORRETA
O Belantamab-Mofadotin é um anticorpo ligado a droga que tem como alvo o BCMA. O Mofadotin é um inibidor de mictotúbulos que leva a parada do ciclo e morte celular. O estudo fase II que avaliou foi o DREAMM-2. O estudo avaliou o Belantamab em duas doses (2,5mg/kg vs 3,4mg/kg). O estudo mostrou taxas de resposta de 31% dos pacientes com 2,5mg e 34% dos pacientes com 3,4mg, totalizando uma taxa de resposta de 65%. No entanto, o pacientes com doses maiores apresentaram maiores taxas de toxicidade ocular (27% vs 21%), totalizando uma taxa de ceratoparia de 48% (e não 70%)

59
Q

(HSL TMO 2022) No MM recem diagnosticado, dos achados abaixo é considerado como prognóstico favorável:

(A) Deleção do 13 por cariótipo.
(B) Cariótipo hiperdiploide.
(C) t(4;14) por FISH.
(D) DHL acima do valor normal.
(E) t(11;14) por FISH.

A

(E) t(11;14) por FISH

O estadiamento de pacientes com MM pode ser feito através de scores como o R-ISS (que substitui o antigo Durie-Salmon) ou o critério mSMART proposto pela clínica Mayo. Dentre os critérios, existem achados laboratoriais como albumina, B2 microglobulina, DHL e achados citogenéticos e moleculares.

R-ISS
(A) Estágio I - Todos os seguintes:
- Albumina > 3,5
- B2 microglobulina < 3,5
- Sem citogenéticas de alto risco
- DHL normal

(B) Estagio II - Não se encaixa em I ou III

(C) Estágio III - Ambos:
- B2 microglobulina > 5,5
- Citogenética de alto risco OU DHL elevado

mSMART
(A) Risco Standard
- Trissomias (hiperdiploidia)
- t(11;14)
- t(6;14)

(B) Alto risco
- Del17p
- t(4;14)
- t(14;16)
- t(14;20)
- Ganho 1q
- DHL > 2x LSN
- Achados sugestivos de leucemia de células plasmocitárias

A letra B poderia estar certa, já que hiperdiploidia é marcador de risco standard. Mas o método preferencial é FISH e não cariótipo comum, sendo essa uma possível justificativa.

60
Q

(DASA TMO 2021) Considerando o diagnóstico etiológico de amiloidose cardíaca, escolha a resposta correta:

(A) Se componente monoclonal é identificado durante investigação de quadro de amiloidose, conclui-se o diagnóstico de amiloidose de cadeia leve (AL).
(B) A associação de captação grau 3 em área cardíaca em cintilografia óssea com pirofosfato, e ausência de
componente monoclonal após realização de todos métodos de screening, permite diagnóstico de amiloidose por transtirretina (TTR) sem realização de biópsia. Neste caso, o próximo passo é o teste genético para mutação da TTR.
(C) Se um paciente idoso do sexo masculino tem histórico de síndrome do túnel do carpo, ECOTT sugestivo de cardiopatia amiloide, cintilografia óssea com pirofosfato com captação grau 3 em área cardíaca, e imunofixação sérica e urinária negativas, o diagnóstico de amiloidose cardíaca por transtirretina está confirmado.
(D) A realização de biópsia é mandatória em todos os casos para confirmação do subtipo de amiloidose.

A

(B) A associação de captação grau 3 em área cardíaca em cintilografia óssea com pirofosfato, e ausência de componente monoclonal após realização de todos métodos de screening, permite diagnóstico de amiloidose por transtirretina (TTR) sem realização de biópsia. Neste caso, o próximo passo é o teste genético para mutação da TTR.

A amiloidose sistemica representa um espectro de disturbios caracterizados por deposição extracelular de proteínas compostas por fibrilas B amiloides em diferentes órgãos. Essa deposição pode levar a disfunção orgânica e complicações clinicas importantes.

Apesar de que diversas proteínas podem ser potencialmente amiloidogenicas, a forma mais comum de amiloidose sistêmica é a amiloidose por cadeia leve de imonoglobulinas, também conhecida como AMILOIDOSE AL. A amiloidose AL é associada com um distúrbio clonal, mais frequentemente plasmocitário, mas pode estar relacionado a algumas doenças linfoproliferativas, como MW ou LLC. Inclusive, esse clone plasmocitário pode ser responsável pelo diagnóstico concomitante de MM sintomático em 10% dos casos e MM Smouldering em 40% dos casos (ou seja, aproximadamente 50% dos pacientes com amiloidose AL possuem plasmocitose clonal > 10% em MO).

As manifestações clínicas são das mais variadas a depender do órgão acometido pela deposição amiloide, mas sintomas clássicos correspondem a:
- Disfunção renal: Cerca de 70% dos pacientes com amiloidose apresentam preoteinúria nefrótica, sendo incomum evoluirem com LRA com necessidade de TRS.
- Envolvimento cardíaco: Visto em aproximadamente 60% dos pacientes, se apresentando com sintomas de ICFEP, com elevação de troponina e NT-pro BNP. No ECOTT, o achado clássico é espessamento de parede ventricular e septo interventricular.
- SNC: Neuropatia periférica em 20% dos casos
- Partes moles: Macroglossia presente em 30% dos pacientes, podendo ter também fraqueza muscular proximal e artropatia

O diagnóstico de amiloidose AL requer confirmação histológica da presença de deposição amiloide no tecido e prova de que essa deposição veio de um distúrbio clonal de produção de imunoglobulinas Além disso, identificar um pico monoclonal em sangue periférico e urina e pesquisa de cadeias leves livres fornecem substrato para o diagnóstico e para acompanhamento desses pacientes. Uma biópsia de MO também deve ser realizada para marioria dos pacientes para avaliar uma possível discrasia plasmocitária concomitante.

Os locais tipicamente utilizados para demonstrar a deposição amiloide são:
- Orgão envolvido (sintomas)
- MO
- Gordura SC abdominal
Uma combinação de biópsia de gordura e MO é preferida pela maior facilidade de obtenção, sem contar que geralmente a MO deve ser estudada nesses pacientes.

Frequentemente outros tipos de amiloidose sistemica se apresentam clinicamente de forma semelhante a amiloidose AL. Dentre essas, a amiloidose AATRwt (wild type transthyretin amyloidosis) é o subtipo mais comum. Ao contrário de amiloidose AL, o diagnóstico de amiloidose AATRwt apenas requer comprovação histológica nos pacientes que não possuem componente monoclonal. Na ausência de componente monoclonal, um diagnóstico de ATTRwt sem biópsia tecidual é possível baseado na captação cardíaca de cintilografia com pirofosfato - LETRA B CORRETA e LETRA D INCORRETA. A alternativa afirma que o próximo passo seria o teste genético para identificar e diferenciar o tipo entre amiloidose ATTRwt ou ATTRh (hereditária).

LETRA A INCORRETA: A presença de um componente monoclonal em pacientes com amiloidose sistêmica não é específico para amiloidose AL. Um exemplo é que pacientes com amiloidose ATTR podem ter componente monoclonal e nesses casos a confirmação e diferenciação entre AL vs ATTR deve vir de biópsia. Além de não ser específico, considerar que para o diagnóstico e amiloidose AL é obrigatória a confirmação histológica, não sendo possível o diagnóstico apenas com o pico monoclonal

LETRA C INCORRETA: A letra C encontra-se quase de completamente correta. Em um paciente idoso que se apresenta com clínica compatível com amiloidose, ECOTT sugestivo e investigação de proteína monoclonal negativa + cintilografia com pirofosfato mostrando captação graus 3-4 sugere-se fortemente o diagnóstico de ATTR. No entanto, para descartar o componente monoclonal é necessário:
- Pesquisa de cadeias leves livres séricas e urinárias
- Imunofixação sérica e urinária
A alternativa fala apenas de imunofixação, sem pesquisa de cadeias leves livres. Além disso, o diagnóstico pode ser dado sem a biópsia, mas a sua confirmação definitiva e diferenciação entre ATTRh e ATTRwt depende do teste genético.

61
Q

(DASA TMO 2021) Mulher de 42 anos está sob investigação de proteinúria de 2,5g/24h, hematúria e creatinina de 2,1g/dL, em piora nos últimos meses. Não tem comorbidades prévias ou atuais identificadas, e excluídas as principais causas pelo nefrologista. Realizada biópsia renal com imunofluorescência para IgG, IgM, IgA, C1q, C3, kappa e lambda, que demonstrou glomerulonefrite com depósitos de C3. Encaminhada ao hematologista por componente monoclonal sérico de 0,8 g/dL, subtipo IgG kappa, e ausência de componente monoclonal urinário. A avaliação de medula óssea evidenciou 5% de plasmócitos monoclonais kappa, e a relação kappa/lambda livre foi normal. Sobre o caso, assinale a afirmativa incorreta:

(A) A ausência de depósito IgG kappa na biópsia renal não afasta a hipótese de gamopatia monoclonal de significado renal.
(B) O hematologista deve considerar o tratamento direcionado ao clone de plasmócitos, pois pode-se estar diante de gamopatia monoclonal de significado renal.
(C) O hematologista deve acompanhar a paciente, pois trata-se de gamopatia monoclonal de significado indeterminado de baixo risco.
(D) A microangiopatia trombótica pode ser encontrada na biópsia renal nos casos de gamopatia monoclonal de significado renal.

A

(C) O hematologista deve acompanhar a paciente, pois trata-se de gamopatia monoclonal de significado indeterminado de baixo risco

A gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS) é uma condição benigna com potencial de evolução de malignidade.
Apesar de seu comportamento benigno, o MGUS é uma entidade que pode evoluir com algumas disfunções orgânicas, como por exemplo a gamopatia monoclonal de significado renal ou gamopatia monoclonal de significado neurológico.

A gamopatia de significado renal (MGRS) é definida como um distúrbio clonal hematológico que produz uma paraproteina clonal associada a lesão renal por deposição de imunoglobulina clonal. Por definição o paciente não pode preencher critérios para MM ou Walderstrom, podendo estar associados a MGUS, MM Smouldering (deposição de imunoglobulinas na Bx renal e não infiltração plasmocitárias) ou linfocitose B monoclonal.

O diagnóstico deve ser suspeitado nos seguintes pacientes:
- Paciente com gamopatia monoclonal pré-maligna (MGUS, MM, LBM) que se apresentam com disfunção renal inexplicada e/ou proteinúria
- Todos os pacientes com disfunção renal inexplicada e/ou proteinúria que possuem uma gamopatia monoclonal (EFP + IFX + K/L sérico e urina), desde que não preencha critérios para MM sintomático

Para estabelecimento do diagnóstico, é imperativa a realização da biópsia renal (a não ser que haja alguma contraindicação). O diagnóstico pode ser fechado se houver evidencia de depósito de imunoglobulinas monoclonais na biópsia renal. Esses depósitos devem ser restritos a uma única classe de cadeia leve ou cadeia pesada beasado na imunofluorescencia. É essencial confirmar a causalidade do disturbio renal pela biópsia uma vez que a presença de gamopatia monoclonal sérica ou urinária por si só não é suficiente para causar sintomas.
Em alguns pacientes com biópsia consistente com glomerulonefrite por C3, depósitos de imunoglobulina podem não ser detectados usando a imunofluorescencia padrão. Nesses pacientes, a imunofluorescencia de parafina após a digestão por protease deve ser realizada para desmascarar imunoglobulinas monoclonais.

A questão aborda o caso de um paciente com disfunção renal e proteinúria subnefrótica sendo descartadas outras causas mais comuns e evidenciada presença de pico monoclonal pequeno IgG kappa, sem componente urinário. No entanto, o diagnóstico de MM não pode ser estabelecido por não apresentar plasmocitose de MO. Além disso, não existe nenhum fator definidor de MM. Conforme descrito acima, por se tratar de um paciente com até então uma hipótese de MGUS e disfunção renal, é importante a realização de biópsia renal para garantir que o mecanismo não seja deposição de imunoglobulinas monoclonais. A biópsia realizada no entanto não demonostra deposição, sendo compatível com glomerulopatia por C3.

LETRA A CORRETA:
A ausência de evidencia de deposição de IgG não pode afastar o diagnóstico de gamopatia monoclonal de significado renal, uma vez que essa deposição pode ser por outras classes de cadeias pesadas ou de cadeias leves.

LETRA B CORRETA:
Apesar de não haver evidencia de deposição de imunoglobulinas clonais na biópsia de MO, ainda não está descartada a possibilidade de que esse achado esteja mascarado pela presença de C3. Antes de dar incorretamente o diagnóstico de glomerulopatia por C3 é importante realizar a imunofluorescencia de parafina após a digestão por protease. Tendo em vista que MGRS ainda é uma hipótese viável nesse paciente, a abordagem deve ter como objetivo preservar a função renal e evitar progressão do clone pré-maligno. Até o momento não existe terapia disponível que impeça a deposição de imunoglobulinas ou que retire o que já foi depositado. Além disso, até pouco tempo existia certo receio de indicar tratamento direcionado ao clone ao considerar que estariamos prescrevendo quimioterápicos para um paciente com um distúrbio clonal pré-maligno, uma vez que esses pacientes não preenchem critério para MM ou doença linfoproliferativa. Porém, alguns estudos demonstram que os desfechos renais de pacientes com MGRS estão relacionados a resposta a quimioterapia. Dessa forma, alguns autores advogam o tratamento com quimioterapia direcionado ao clone. Sem a realização de terapia ativa contra o clone produtor de imunoglobulina nefrotóxica, o curso natural de MGRS é caracterizado por disfunção renal progressiva seguida de DRC em estadio avançado. A escolha do tratamento de MRGS não IgM deve ser manejado de acordo com o algorítmo de MM, a não ser que se confirme outro distúrbio linfoproliferativo. MGRS associado a IgM deve ser tratado conforme proposto para MW.

LETRA C INCORRETA:
Conforme descrito acima, a biópsia apresentada não é capaz de afastar completamente a hipótese de gamopatia monoclonal de significado renal, uma vez que a presença de deposição de C3 pode mascarar a imunoglobulina e o ideal seria a realização de imunofluorescencia da parafina após digestão por protease. Na ausência de disfunção renal ou se afastada causa monoclonal de disfunção renal o paciente seria sim classificado como tendo gamopatia monoclonal de significado indeterminado de baixo risco baseado na presença dos 3 critérios:
- Pico IgG
- Pico < 1,5 g/dl
- Sem alteração de relação K/L
Levando isso em consideração, se esse fosse o caso a biópsia de MO poderia ser deferida pois < 5% desses pacientes apresentam plasmocitose clonal.

LETRA D CORRETA:
Dentre as lesões renais observadas em biópsia que podem estar associadas a MGRS, elas podem ser subdivididas em associadas a depósitos de imunoglobulinas monoclonais ou não associada a depósitos de imunoglobulinas monoclonais. Dentro desse segundo grupo existem dois achados:
- Glomerulopatia C3 com gamopatia monoclonal
- MAT
A MAT é uma entidade provisória associada a GMRS até maior elucidação e maiores evidencias.

62
Q

Qual a classe terapeutica pertence a medicação ELOTUZUMAB?

A

Anticorpo monoclonal anti-SLAMF7

63
Q

Qual a classe terapeutica pertence a medicação BELANTAMAB-MAFODOTIN?

A

Anticorpo monoclonal anti-BCMA (agente de maturação de células B) conjugado a um agente disruptivo de microtubulos.

64
Q

Qual o alvo terapeutico dos novos CAR-T para mieloma Ide-cel e Cilta-cel?

A

Anti-BCMA (agente de maturação de células B)

65
Q

Qual o alvo terapeutico das medicações TECLISTAMAB e ELRANATAMAB?

A

São anticorpos bi-específicos que se ligam ao BCMA (agente de maturação de células B) e no outro braço se ligam ao CD3 em células T

66
Q

Qual o alvo terapeutico da medicação TALQUETAMAB?

A

É um bi-específico que se liga a proteina GPRC5D nas células do mieloma e no outro braço se ligam ao CD3 nas células T

67
Q

Em que situação poderemos escolher carfilzomib como terapia de primeira linha em pacientes com MM recém diagnosticado? E qual o seu principal efeito colateral?

A

O Carfilzomib pode ser usado no lugar no bortezomib em primeira linha nos pacientes com antecedente prévio de neuropatia, o qual poderia ser piorado pelo efeito colateral do bortezomib. No entanto, devemos ficar atento a toxicidade cardíaca do carfilzomib.

Lembrando que existe um estudo de pacientes em primeira linha não elegíveis com risco standard que compaou KRd vs VRd não mostrou benefício a favor do KRd (ENDURANCE trial). Além disso, mostrou maior toxicidade no grupo KRd.

68
Q

Em um pacientes com NDMM e inelegível a transplante, frágil. Qual a diferença entre o esquema de administração dos regimes DRd e VRd e qual a sua implicação?

A

Nos pacientes inelegíveis a TMO e frágeis, os esquemas de tratamento com 3 drogas são preferidos por limitar a toxicidade e poder alcançar certo controle de doença para melhorar qualidade de vida. Dentre eles como exemplo VRd (SWOG0777) e DRd (MAIA).

Em geral nos pacientes elegíveis, fazemos 3-4 ciclos de indução com posterior coleta de CPH e prosseguimos para TMO ou mantemos o mesmo regime de indução até 8-12 ciclos com posterior manutenção e deixamos o transplante para 1 recaída.

Nos pacientes inelegíveis, o esquema é um pouco diferente. Nos pacientes que fazem uso de VRd indica-se 8-12 ciclos de 3 drogas e posterior manutenção até intolerância ou progressão com lenalidomida. Nos pacientes tratados com DRd indica-se terapia tripla contínua até progressão ou toxicidade, o que torna o regime mais caro e com maior probabilidade de efeitos colaterais.