HEMOTERAPIA Flashcards

1
Q

(HIAE 2018) Sobre o Procedimento Operacional Padrão nas reações transfusionais, é correto afirmar:

(A) São consideradas reações transfusionais imediatas aquelas que ocorrem até 4 horas depois de iniciada a transfusão.
(B) Quaisquer sintomas ou sinais ocorridos durante ou após a transfusão devem ser considerados como sugestivos de possível reação transfusional, devendo ser investigados para tal.
(C) O médico prescritor da transfusão, e não a enfermeira ou o técnico que instalou a transfusão, é responsável pelo reconhecimento dos sinais e sintomas decorrentes de reações transfusionais e pela imediata comunicação do problema ao médico do serviço de hemoterapia.
(D) Não é obrigatória a interrupção da transfusão no caso de reações transfusionais (febril, alérgica, hemolítica aguda, ana- filática, sobrecarga circulatória).
(E) O Serviço de Hemoterapia deve registrar apenas as reações transfusionais graves que lhe forem informadas, bem como a conduta e o tratamento instituído. Tais registros devem ser mantidos pelo período mínimo de 20 anos.

A

(B) Quaisquer sintomas ou sinais ocorridos durante ou após a transfusão devem ser considerados como sugestivos de possível reação transfusional, devendo ser investigados para tal

LETRA B - CORRETA
O definição de reação transfusional é um evento ou resposta indesejável que ocorre no paciente associada temporalmente com a administração de sangue ou hemocomponente.

LETRA A - INCORRETA:
Conforme o tempo de aparecimento do quadro clínico ou laboratorial, a reação transfusional é classificada em:
- IMEDIATA – Quando ocorre durante a transfusão ou até 24h (vinte e quatro horas) após o seu início
- TARDIA – Quando ocorre após 24h (vinte e quatro horas) do início da transfusão (dias, semanas, meses ou anos).

LETRA C - INCORRETA
Em geral, a vigilancia de sinais e sintomas de possíveis reações transfusionais é realizada por profissionais da enfermagem e o médico avalia o paciente em seguida caso alguma alteração.

LETRA D - INCORRETA
Sempre que houver uma reação transfusional ou suspeita de reação, inclusive reações febris, a transfusão deve ser interrompida imediatamente e investigação de diagnósticos diferenciais. Em alguns casos de reações, desde que descartadas causas graves, a transfusão pode ser reiniciada, desde que respeite o tempo de validade da bolsa após o início da transfusão (4h)

LETRA E - INCORRETA

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

(HIAE 2018) Sobre reações transfusionais, é INCORRETO afirmar:

(A) Na TRALI, existe um infiltrado pulmonar difuso intenso no Rx de pulmão. O quadro é autolimitado e tende a desaparecer em até 8 horas.
(B) A reação anafilática é uma reação grave que ocorre após transfusão de poucos mililitros de sangue. Ocorre pela presença de IgG ou IgE ou anti-IgA em receptores deficientes em IgA. A frequência é de uma reação a cada 20.000 a 50.000 transfusões.
(C) As reações hemolíticas agudas − RHA são causadas por reação de antígeno-anticorpo, envolvendo os anticorpos naturais IgM (anti-A, Anti-B, Anti-AB) ou imune, presentes no soro do paciente e respectivo antígeno presente na unidade transfundida. Resulta na hemólise das hemácias ou liberação de citocinas, ativação de complemento (hemólise intravascular – ABO, Kell, Duffy e Kidd), ativação da via intrínseca da coagulação e geração de bradicinina que pode desencadear hipotensão arterial e vasoconstrição dos principais órgãos levando a insuficiência renal. Ocorrem minutos a horas da transfusão.
(D) Nas reações hemolíticas agudas, os sinais clínicos são variáveis e irão depender do nível de consciência do receptor. Possíveis sintomas: dor no trajeto venoso, ansiedade e angústia respiratória, dor torácica, dor lombar, dispneia, tremores, febre 39 a 42 oC, cianose labial e de extremidades, hipotensão, podendo evoluir para quadro grave com choque, coagulação intravascular disseminada, insuficiência renal aguda. A intensidade da reação depende da quantidade de sangue infundido e dos títulos e tipos dos anticorpos envolvidos. Aproximadamente cerca de 30 mL de sangue incompatível infundido pode levar ao óbito do paciente.
(E) TRALI é uma reação imediata grave, caracterizada pela presença de anticorpos antileucocitários, presentes na bolsa de sangue transfundido, que se ligam ao antígeno do receptor e se aglutinam na vasculatura pulmonar, com liberação de enzimas lisossômicas, ativação de complemento, aumento da permeabilidade vascular pulmonar e extravasamento de líquido nos alvéolos. Frequência de 1 em cada 5.000 a 10.000 trans- fusões. Ocorre em até 4 horas após a transfusão. Depois da RHA − reações hemolíticas agudas é a causa mais comum de reação transfusional fatal – 5%

A

(A) Na TRALI, existe um infiltrado pulmonar difuso intenso no Rx de pulmão. O quadro é autolimitado e tende a desaparecer em até 8 horas.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

(HIAE 2018) Sobre reações transfusionais, é INCORRETO afirmar:

(A) Após uma primeira reação urticariforme, recomenda-se, cerca de uma hora antes de iniciar a transfusão das próximas unidades de sangue, a pré-medicação com anti-histamínico e/ou paracetamol e/ou corticosteroide. Após duas ou mais reações, iniciar com hemácias lavadas. Os filtros de remoção de leucócitos nestes casos são ineficientes, pois, não retêm proteínas plasmáticas.
(B) Na reação urticariforme deve-se considerar a possibilidade de reiniciar a transfusão de sangue, não ultrapassando o prazo máximo de 4 horas a contar do início da infusão.
(C) Em casos de reações febris, deve-se interromper a transfusão imediatamente e após resolução dos sintomas o hemocomponente pode ser reinfundido no paciente.
(D) As provas pré-transfusionais devem ser repetidas com as amostras pré e pós-transfusionais.
(E) A reação urticariforme é a reação transfusional mais comum, ocorrendo em 1 a 2% dos pacientes e sua etiologia está relacionada à hipersensibilidade às proteínas plasmática.

A

(C) Em casos de reações febris, deve-se interromper a transfusão imediatamente e após resolução dos sintomas o hemocomponente pode ser reinfundido no paciente.

Toda vez que suspeita-se que um paciente esteja passando por uma reação transfusional, a infusão deve ser interrompida e realizada investigação e conduta de acordo com os sintomas. Em alguns casos a transfusão pode ser retomada desde que descartados eventos mais graves e desde que não passe do período de validade da bolsa (4h após abertura do sistema). Geralmente isso não envolve reações febris, uma vez que pode ser difícil de diferenciar.

LETRA A - INCORRETA?
As reações transfusionais alérgicas são as mais comuns durante a prática médica. No entanto, existem estudos que demonstram que pré-medicação não trazem benefício na recorrência de eventos relacionados a reações transfusionais alérgicas ou reação febril não hemolítica. Dessa forma, não é obrigatória a sua realização Em geral indica-se lavar hemácias quando o paciente apresenta reações graves, como anafilaxia. Mas a parte da alternativa que indica lavar após 2 ou mais reações também é verdade conforme alguns protocolos.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

(HIAE 2021) Com relação à doença do enxerto contra hospedeiro relacionada à transfusão de componentes sanguíneos celulares, é correto:

(A) Pacientes que recebem doação de plaquetas HLA-combinadas apresentam menor risco dessa complicação.
(B) A forma mais eficaz de prevenção é realizar filtração pré-estocagem.
(C) Apresenta bom prognóstico, com mortalidade de menos de 10%.
(D) A forma mais eficaz de prevenção é irradiação com 2.500 a 5.000 cGy.
(E) Essa complicação é comum em pacientes com Anemia Falciforme.

A

(D) A forma mais eficaz de prevenção é irradiação com 2.500 a 5.000 cGy

O GVHD transfusional é causado por linfócitos competentes do doador organizando resposta imune contra antígenos do receptor, geralmente em um paciente imunocomprometido.

Uma outra forma dessa reação ocorrer, mesmo em um paciente imunocompetente, é quando o paciente recebe hemocomponentes de parentes de primeiro grau. Isso acontece pois pode haver alguma compatibilidade HLA e o receptor não orquestrar uma resposta imune contra os linfócitos do doador. No entanto, os linfócitos existentes no produto podem levar a resposta imune e destruição de antígenos. (LETRA A INCORRETA)

LETRA B INCORRETA: A filtração é uma forma de leucodepleção, levando a redução de leucócitos totais no produto. No entanto, não é eficaz para reduzir significativamente o numero de linfócitos que levariam ao GVHD.

LETRA C INCORRETA: Em geral, o GVHD transfusional está relacionado a acometimento de pele, fígado, TGI e MO. O acometimento de MO leva a uma destruição de precursores hematopoiéticos e aplasia de MO, com citopenias graves e geralmente é o mecanismo de óbito. Geralmente o prognostico é muito ruim com alta mortalidade, pois a aplasia é irreversível a não ser que seja realizado transplante de MO. No entanto, o diagnóstico geralmente é tardio e não da tempo de buscar doadores e realizar o TMO.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

(HIAE 2021) Em relação à refratariedade plaquetária, é correto:

(A) Quando definida por contagem pós-transfusional de 1 hora, a amostra deve ser colhida de 15 minutos a 1 hora após o término da transfusão.
(B) É definida por aumento plaquetário inadequado após a transfusão de plaquetas em pelo menos quatro transfusões consecutivas.
(C) Não há relação com incompatibilidade ABO.
(D) Febre e infecção não impactam no incremento plaquetário.
(E) Os fatores imunes são responsáveis pela grande maioria dos casos.

A

(A) Quando definida por contagem pós-transfusional de 1 hora, a amostra deve ser colhida de 15 minutos a 1 hora após o término da transfusão

A refratariedade plaquetária vai ser definida como incremento insuficiente pós transfusional de acordo com um calculo específico. Para que seja estabelecido esse diagnóstico, o incremento deve ser insuficiente em duas transfusões consecutivas (LETRA B INCORRETA) e com plaquetas ABO compatíveis (plaquetas também possuem ABO e podem contribuir para incremento insuficiente, apesar de não causar hemólise - LETRA C INCORRETA)

O calculo é conforme o calculo da imagem seguinte e em dois momentos. Em uma hora (LETRA A CORRETA) e em 24h após a transfusão.

Pode ser classificada entre dois grupos: IMUNE ou NÃO IMUNE
- Causas NÃO IMUNES: 70% (sepse, febre, esplenomegalia, sangramento, CIVD, medicamentos, GVHD, VOD) - LETRA D INCORRETA
- Causas IMUNES: 30% (anti-HLA e anti-HPA) - LETRA E INCORRETA

Como diferenciar causas imunes de não imunes?
- IMUNE: Ocorre falha de incremento desde o início, por causa da presença de anticorpos. CCI 1h < 5x109 + Anticorpo positivo
- NÃO IMUNE: Ocorre incremento inicial e consumo no decorrer das 24h com perda de incremento. CCI 24h < 5x109 + Possível causa subjacente

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

(HIAE 2021) O Sistema Rh é importante em termos de transfusão, uma vez que os antígenos desse sistema são muito imunogênicos. Sobre esse sistema, é INCORRETO:

(A) Os anticorpos Rh, na maior parte das vezes, não se ligam ao complemento.
(B) Os antígenos Rh residem nas proteínas transmembrana e são partes integrantes da membrana da hemácia.
(C) A maior parte dos anticorpos Rh são IgM.
(D) Anticorpos Anti-Rh reagem a 37 °C.
(E) Anticorpos Rh são reforçados quando testados com hemácias tratadas com enzimas.

A

(C) A maior parte dos anticorpos Rh são IgM

O sistema Rh é o maior e mais complexo sistema de grupos sanguíneos, compreendendo 54 antígenos numerados RH1 a RH61. Representa um dos sistemas de maior interesse clínico, por seu envolvimento da doença hemolítica perinatal, nas reações transfusionais hemofílicas e nas AHAI.

Os antígenos Rh estão localizados em duas proteínas não glicosiladas. As proteínas Rh são compostas por 417 aminoácidos e atravessam a membrana eritrocitária (LETRA B CORRETA)

Os anticorpos do sistema Rh, em especial o anti‐D, não são naturais. Eles são produzidos a partir de um estímulo imunológico, seja a gestação de um feto RhD positivo, ou transfusão de um componente RhD positivo. Eles são de natureza IgG, ativos a 37 oC e são melhor detectados por meio da utilização da anti‐ globulina humana ou por meio da utilização de painéis de hemácias tratadas por enzimas proteolíticas (LETRA D e E CORRETAS).

Como são IgG, atravessam a barreira placentária e estão envolvidos em casos de doença hemolítica perinatal. (LETRA C INCORRETA)

Esses anticorpos não fixam complemento e a destruição das hemácias é extracelular, podendo estar associados a casos de reação transfusional por destruição das hemácias no meio extravascular. (LETRA A CORRETA)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

(HIAE 2021) Sobre uso de crioprecipitado na prática transfusional, é correto:

(A) Crioprecipitado é constituído de fibrinogênio, fator VIII, fibronectina, fator XIII e fator de von Willebrand.
(B) Em geral, cada unidade de crioprecipitado apresenta cerca de 50 mg de fibrinogênio.
(C) Reposição de crioprecipitado deve ser usada em casos de intoxicação cumarínica.N
(D) Crioprecipitado deverá ser irradiado para evitar reações transfusionais.
(E) Transfusão de crioprecipitado é terapia de escolha para tratamento de hemofilia A por conter fator VIII.

A

(A) Crioprecipitado é constituído de fibrinogênio, fator VIII, fibronectina, fator XIII e fator de von Willebrand

LETRA A - CORRETA: O Crioprecipitado é obtido mediante congelamento de plasma fresco (1-6 gras). Com isso ocorre precipitação de alguns componentes e posteriormente é realizada retirada do sobrenadante. Ele é mantido armazenado em -18 graus descongelado antes da utilização. Ele é composto de:
- FVIII
- FvW
- FXIII
- Fibrinogenio
- Fibronectina

LETRA B INCORRETA: Quanto a quantidade de cada componente do crioprecipitado;
- FVIII: 80 UI
- Fibrinogenio: 150-250mg (E NÃO 50MG)
- FXIII: 50-75UI

LETRA C INCORRETA: Não faz sentido repor crioprecipitado na intoxicação cumarínica pois não contem os fatores vitamina K dependente (V,VII,IX,X)

LETRA D INCORRETA: O objetivo da irradiação é inativar linfócitos do doador para evitar enxerto vs hospedeiro transfusional em pacientes imunossuprimidos. No entanto, crioprecipitado é um componente que não tem linfócitos e portanto não precisa ser irradiado.

LETRA E INCORRETA: O ideal para esses pacientes é repor produtos apenas com FVIII, pela dose disposta. A dose de profilaxia de hemofilia A em geral é de 20-30UI por Kg, sendo 80UI muito pouco.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

Qual o tempo MÁXIMO recomendado para o procedimento de coleta na doação de sangue?

A) 30 min

B). 60 min

C) 15 min

D) 12 min

A

C) 15 MIN

Para realização do procedimento de coleta de sangue deve-se evitar punção em locais com lesões dermatológicas ou cicatriciais, inclusive possíveis lesões relacionadas a punções anteriores.

A área da pele escolhida para punção venosa para coleta deve ser cuidadosamente preparada, incluindo cuidadosa higienização com DUAS etapas de antissepsia.

A veia a ser puncionada não deverá ser palpada após a preparação da pele, caso contrário o procedimento de antissepsia deve ser repetido.

O procedimento de coleta de sangue será realizado por profissionais de saúde treinados e capacitados, trabalhando sob a supervisão de enfermeiro ou médico.

Todo o material utilizado no procedimento será descartável, estéril e apirogênico e o tempo de coleta não será superior a 15 minutos, sendo o tempo IDEAL de até 12 minutos.

Serão adotados cuidados com o doador após a doação, a fim de garantir sua integridade.

Será ofertada hidratação oral ao doador depois da doação e antes que o mesmo se retire da instituição, aconselhando-se também a oferta de lanche.

É recomendável que o doador permaneça por no mínimo 15 minutos no serviço de hemoterapia antes de ser liberado.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Qual das doenças potencialmente transmissíveis por transfusão deve ser notificada em até 24h a partir da suspeita inicial quando for identificada na triagem do doador?

A) Sífilis em gestante

B) Malária na região extra-amazônica

C) Infecção aguda pelo HIV

D) Infecção aguda por hepatite C

A

B) MALÁRIA NA REGIÃO EXTRA AMAZONICA

Dependendo do marcador identificado na triagem do doador para doenças transmissíveis por transfusão, pode haver indicação de notificação compulsória mesmo para casos suspeitos.

Fazem parte dessa categoria as seguintes condições:

  • Hepatites virais (B e C);
  • Doença de Chagas aguda;
  • Infecção pelo HIV/Aids;
  • Infecção pelo HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical;
  • Infecção pelo HIV;
  • Malária na região Amazônica e extra-Amazônica;
  • Sífilis adquirida, congênita ou em gestante.

Dentre estas, a doença de Chagas aguda e a malária na região extra-Amazônica devem ter sua notificação IMEDIATA ou em até 24 horas a partir da suspeita inicial. As demais situações devem ser notificadas em até 1 semana.

No caso específico da doença de Chagas, como o serviço de hemoterapia não possui condições ideais para realizar o diagnóstico confirmatório e classificar o estágio da doença, a notificação não exige especificação da mesma como aguda ou crônica.

Key Points:

  1. Doença de Chagas aguda e malária na região extra-Amazônica são de notificação imediata ou, no máximo, em 24 horas a partir da suspeita inicial na triagem de doadores de sangue.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Mulher, 24 anos, hígida, doadora de sangue de repetição, comparece ao hemocentro para nova doação. Resultado dos testes de triagem para doenças infecciosas mostrado abaixo. Neste momento, qual conduta NÃO está indicada?

A) Iniciar retrovigilancia de doações anteriores

B) Convocar doadora para coleta de segunda amostra

C) Retestagem da mesma amostra com metodologia diferente

D) Descarte dos hemocomponentes obtidos

A

C) RETESTAGEM DA MESMA AMOSTRA COM METODOLOGIA DIFERENTE

Quando os testes de triagem para doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue forem reagentes (resultado positivo ou inconclusivo) em qualquer doador de sangue que, em doações anteriores, foi testado como NÃO reagente (soroconversão/viragem), o serviço de hemoterapia adotará procedimentos de retrovigilância, que se iniciam por:

  • Verificação do estoque para identificar se há hemocomponentes dessa doação, procedendo com o seu descarte, se houver;
  • Retestagem da mesma amostra da doação para confirmar o resultado inicial, quando a soroconversão/viragem for detectada somente pelo teste SOROLÓGICO.

Ainda segundo as normas vigentes, a retestagem deve ser feita com kits de diferentes produtores ou utilizando metodologia diferente, para afastar problemas de falso positivo em decorrência da qualificação técnica do teste ou de características da amostra/indivíduo.

Quando os testes realizados forem de natureza diferente, por exemplo: ELISA/Quimioluminescência e NAT, essa necessidade de diferenciação já estará contemplada.

No caso da detecção de viragem pelo NAT para HIV e/ou HCV isoladamente ou associado a teste sorológico, NÃO será necessária a realização de teste adicional para confirmar o resultado inicial.

Key Points:

  1. Quando os testes de triagem forem reagentes (positivos ou inconclusivos) em um doador previamente não reagente, deve-se descartar todos os hemocomponentes obtidos pela doação e retestar a mesma amostra com kit diferente ou metodologia diferente.
  2. A detecção de viragem pelo NAT para HIV e/ou HCV não exige realização de teste confirmatório na amostra da doação.

Referências:

  1. Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância - Guia para a Hemovigilância no Brasil. ANVISA. 2015.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

Homem, 40 anos, compareceu ao hemocentro para doação voluntária de sangue. Durante a coleta, ocorreu erro técnico e foi coletado volume de 500 ml de sangue total. Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) Aliquotar em duas bolsas

B) Acrescentar volume complementar de anticoagulante

C) Produzir exclusivamente plasma e plaqueta

D) Descartar o produto

A

D) DESCARTAR O PRODUTO

Conforme a legislação, qualquer coleta de sangue total com volume >495 ml deve ser DESPREZADA devido à perda da proporção adequada entre o sangue e o volume fixo de anticoagulante disponível na bolsa (60 a 65 ml).

Por isso, o volume recomendado para coleta é de 450 ± 45 ml, não podendo exceder 495 ml.

Key Points:

  1. O volume máximo de sangue total coletado por doação é de 495 ml.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Mulher, 22 anos, doadora de medula óssea para TMO alogênico aparentado. Encaminhada ao hemocentro de referência para doação de sangue autóloga. Durante a coleta, entretanto, manifestou ataque de pânico, sendo necessário interromper o procedimento. Volume coletado: 228 ml, armazenado em bolsa padronizada contendo 60 ml de CPDA-1, sem solução aditiva. Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) Reduzir o volume de anticoagulante e armazenar a bolsa de sangue

B) Descartar a bolsa de sangue

C) Acrescentar solução aditiva e armazenar a bolsa de sangue

D) Armazenar a bolsa de sangue

A

B) DESCARTAR A BOLSA DE SANGUE

Todas as bolsas utilizadas para coleta de sangue contem anticoagulante, normalmente com volume fixo de 60-65 ml por bolsa.

Para garantir a proporção adequada entre o anticoagulante e a quantidade de sangue coletada, recomenda-se obter o VOLUME IDEAL de 450 ± 45 ml de sangue total por doação.

Para essa quantidade FIXA de anticoagulante, é permitido a coleta de volumes menores, entre 300 a 404 ml de sangue total, desde que o concentrado de hemácias produzido seja identificado como “unidade de baixo volume de concentrado de hemácias”.

Coletas especiais com volume de sangue total inferior a 300 ml só podem ser utilizadas para fins transfusionais quando obtidas em bolsas específicas para este fim ou manipuladas em sistema estéril, não sendo permitida a abertura do sistema de conexões para correção do volume de anticoagulante.

Portanto, coletas de sangue com volume inferior a 300 ml devem ser desprezadas na maioria dos vezes.

Key Points:

  1. O volume habitual de anticoagulante presente nas bolsas é de 60-65 ml;
  2. Concentrados de hemácias produzidos a partir de doações com volume entre 300 e 404 ml de sangue total devem ser identificados como “unidades de baixo volume de concentrados de hemácias”.
  3. Em geral, bolsas com volume inferior a 300 mL devem ser desprezadas.

Referências:

  1. Portaria de Consolidação nº 5. Ministério da Saúde. 2017.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Homem, 68 anos, portador de adenocarcinoma de pâncreas, será submetido a duodenopancreatectomia eletiva. Hb 11,2 g/dl e Ht 34%. Foi encaminhado pelo médico assistente para doação de sangue autóloga antes da cirurgia. Neste caso, qual o intervalo MÍNIMO recomendado entre a coleta de sangue e o procedimento cirúrgico?

A) 48h

B) A doação autóloga está contraindicada pela presença de anemia

C) 72h

D) 7 dias

A

C) 72h

A doação AUTÓLOGA pré-operatória faz parte das medidas para reduzir a exposição a sangue alogênico em indivíduos que serão submetidos a procedimentos com expectativa de sangramento importante.

Para ser realizada, depende da solicitação do médico ASSISTENTE e aprovação conjunta do médico hemoterapeuta.

A unidade de componente sanguíneo a ser utilizada é rotulada como “Doação Autóloga” e NÃO pode ser utilizada para outros fins.

As doações autólogas são submetidas aos mesmos testes imunohematológicos e testes para detecção de infecções transmissíveis pelo sangue realizados nas doações convencionais. Entretanto, não interferem na liberação do produto mesmo quando forem reagentes.

NÃO há limite de idade para realização de doação autóloga e a concentração de hemoglobina ou hematócrito do doador-paciente não deve ser inferior a 11g/dL e 33%, respectivamente.

A frequência das doações autólogas será determinada pelo médico hemoterapeuta, respeitando-se os seguintes critérios:

  • Não será colhido sangue do doador-paciente dentro das 72 horas anteriores ao procedimento cirúrgico
  • O intervalo entre cada doação autóloga não será inferior a 7 dias (exceto em situações excepcionais).

Key Points:

  1. A doação autóloga deve ser utilizada exclusivamente para esta finalidade;
  2. O intervalo mínimo recomendado entre a doação autóloga e o procedimento cirúrgico é de 72 horas.

Referências:

  1. Portaria de Consolidação nº 5. Ministério da Saúde. 2017.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Mulher, 32 anos, recebeu transfusão de 1 CH devido sangramento uterino pós-parto. Após 2 meses, recebeu telefonema do hemocentro responsável informando que foi identificada viragem sorológica do doador no teste anti-HTLV 1/2. A paciente foi convocada para realização de sorologia, cujo resultado foi NEGATIVO. Neste caso, qual o tempo MÍNIMO de seguimento recomendado para descartar infecção do receptor?

A) 6 meses após a transfusão

B) 3 meses após a transfusão

C) 12 meses após a transfusão

D) 1 mês após a transfusão

A

C) 12 MESES APÓS TRANSFUSÃO

No processo de retrovigilância, a legislação prevê que a responsabilidade de localizar e convocar o receptor no caso de viragem laboratorial do doador deve ser compartilhada tanto pelo serviço de hemoterapia que forneceu o sangue quanto pelo serviço de saúde onde a transfusão foi realizada.

O tempo mínimo de acompanhamento para descartar com segurança a transmissão da infecção por HTLV 1/2 recomendado pela legislação é de 12 meses após a transfusão de sangue.

Outras situações de viragem laboratorial exigem menor faixa de tempo de seguimento do receptor.

Key Points:

  1. A responsabilidade de localizar e convocar o receptor no caso de viragem laboratorial do doador deve ser compartilhada tanto pelo serviço fornecedor do sangue quanto pelo serviço onde a transfusão foi realizada;
  2. O tempo de seguimento do receptor após viragem sorológica anti-HTLV 1/2 é de 12 meses para que o risco de infecção seja descartado.

Referências:

  1. Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância: Guia para a Hemovigilância no Brasil . ANVISA. 2015.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

Qual das seguintes alterações laboratoriais no sangue do doador NÃO está relacionada à doação de granulócitos por aférese?

A) Hipofibrinogenemia

B) Hiperamilasemia

C) Hipercalcemia

D) Alargamento de TTPa

A

C) HIPERCALCEMIA

A transfusão de granulócitos é um procedimento controverso indicado para pacientes com neutropenia grave e transitória que desenvolvem complicações infecciosas ameaçadoras à vida.

A falta de estudos de boa qualidade prejudica a avaliação do efeito terapêutico desta terapia de suporte.

Pacientes submetidos a quimioterapia de alta intensidade (incluindo transplante de medula óssea), com expectativa de resolução relativamente rápida da neutropenia e complicações bacterianas ou fúngicas graves são elegíveis a tratamento de suporte com transfusão diária de granulócitos até resolução da neutropenia.

Caso o tratamento seja indicado, é importante ressaltar que trata-se de terapia complementar e que a melhora do paciente não está condicionada exclusivamente à sua realização.

Para doação, é necessário selecionar indivíduo saudável e isogrupo ABO em relação ao paciente.

O doador recebe estímulo com G-CSF, com ou sem Dexametasona, em dose única na véspera do procedimento e realiza a doação por método de leucocitoaférese.

Durante a sessão de aférese, utiliza-se anticoagulação ex vivo com citrato de sódio, que age por meio da quelação do cálcio necessário para a cascata de coagulação.

Por esse motivo, sintomas relacionados à HIPOCALCEMIA, como parestesias em formigamente nas extremidades e cãimbras, são comuns durante e podem ser resolvidos com suplementação oral ou parenteral de cálcio.

A aférese é baseada no princípio de separação das frações do sangue por centrigugação. Para auxiliar na diferenciação por gradiente de densidade entre hemácias e granulócitos, o doador recebe infusão de coloide (Hidroxietilamido) durante a doação de granulócitos.

Como efeitos adversos relacionados ao uso de Hidroxietilamido temos: prurido, reações alérgicas, hipertensão arterial, redução do fibrinogênio, prolongamento do TTPA e hiperamilasemia, geralmente sem relevância clínica.

Key Points:

  1. A transfusão de granulócitos tem eficácia controversa e exige doador ABO compatível e altamente motivado, considerando exposição aos potenciais efeitos adversos relacionados ao uso de G-CSF, ao procedimento de aférese e ao uso de Hidroxietilamido;
  2. O Hidroxietilamido é um coloide sintético utilizado como agente sedimentante para auxiliar na separação entre hemácias e granulócitos por centrifugação;
  3. A hipocalcemia é frequente nos procedimentos de aférese e decorre do uso do anticoagulante ex vivo citrato de sódio.

Referência.

  1. Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância: Guia para a Hemovigilância no Brasil. Anvisa. 2015.
  2. Gil Cunha De Santis. Transfusão de granulócitos. Revista Medicina, Ribeirão Preto. 1999.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

Qual situação NÃO é considerada contraindicação absoluta à doação de sangue autóloga?

A) Tratamento antimicrobiano

B) Acidente vascular cerebral isquêmico nos últimos 6 meses

C) Insuficiência cardíaca compensada

D) Estenose aórtica grave

A

C) INSUFICIENCIA CARDIACA COMPENSADA

O serviço de hemoterapia deve definir os critérios para aceitação e rejeição de doadores autólogos, sendo contraindicações ABSOLUTAS as seguintes condições:

  • Insuficiência cardíaca DESCOMPENSADA;
  • Estenose aórtica GRAVE;
  • Angina pectoris INSTÁVEL;
  • Infarto do miocárdio nos últimos 6 meses;
  • Acidente vascular cerebral isquêmico nos últimos 6 meses;
  • ALTO grau de obstrução da artéria coronária esquerda;
  • Cardiopatia cianótica; e
  • Presença de infecção ATIVA ou tratamento antimicrobiano.

Outras contraindicações serão avaliadas caso a caso, de acordo com o protocolo do serviço de hemoterapia, podendo inclusive ser mais rigorosas que a legislação.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
17
Q

Qual o tempo previsto para INAPTIDÃO do doador de sangue após receber vacina dupla antitetânica do tipo adulto (dT)?

A) 3 meses

B) 48h

C) 24h

D) 4 semanas

A

B) 48h

As vacinas de bactérias ou vírus inativados, toxoides ou vacinas recombinantes levam à inaptidão temporário por período de 48h.

São exemplo de vacinas nesta categoria:

Pólio (Salk), Dupla do tipo adulto - dT(Difteria e Tétano), DTPa (Difteria,Tétano e Coqueluche acelular), Tetra (Difteria,Tétano, Coqueluche e Hemophillus influenzae do tipo b), Meningite, Coqueluche, Pneumococo, Hemophillus influenzae do tipo b, hepatite A, Hepatite B recombinante, HPV e Influenza.

No caso de vacinas que utilizam vírus ou bactérias vivos e atenuados, o tempo de inaptidão é de 4 semanas.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
18
Q

Mulher, 18 anos, comparece ao hemocentro para doação voluntária de sangue. Na entrevista, informa uso recreativo de maconha com frequência semanal. Neste caso, qual o intervalo MÍNIMO recomendado entre o uso desta substância e a doação de sangue?

A) 24 horas

B) 12 meses

C) 12 horas

D) 7 dias

A

12 HORAS

O uso de maconha impede a doação de sangue por período de 12 horas.

Além disso, deve-se pesquisar evidências sobre o uso de outros tipos de drogas.

O uso de anabolizantes injetáveis sem prescrição médica, crack ou cocaína por via nasal é causa de exclusão temporária da doação por um período de 12 meses, contados a partir da data da última utilização.

Na avaliação para doação de sangue, serão inspecionados ambos os braços dos candidatos para detectar evidências de uso repetido de drogas parenterais ilícitas, sendo que a presença desses sinais determina a inaptidão definitiva do doador.

Key Points:

  1. O uso de maconha impede a doação de sangue por período de 12 horas.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
19
Q

Na doação de sangue por aférese, qual o volume sanguíneo extracorpóreo MÁXIMO permitido durante o procedimento?

A) 5% da volemia

B) 15% da volemia

C) 30 ml/kg

D) 20 ml/kg

A

15% DA VOLEMIA

O procedimento de doação de sangue por aférese apresenta riscos maiores quando comparado à doação tradicional de sangue total.

Por esse motivo, o médico hemoterapeuta sempre será o responsável pelo procedimento de aférese, devendo estar preparado para eventuais emergências no caso de reações adversas.

Para evitar hipotensão arterial e complicações relacionadas à hipoperfusão orgânica, o volume sanguíneo extracorpóreo NÃO deve superar 15% da volemia do doador.

Em geral, considera-se que a volemia habitual de um indivíduo adulto (excluindo-se gestantes) seja 70 ml/kg.

Portanto, para adultos, o volume sanguíneo máximo permitido no circuito extracorpóreo da máquina de aférese é de aproximadamente 10 ml/kg.

Habitualmente, os circuitos extracorpóreos tem volume de 200 a 300 ml. Portanto, indivíduos acima de 30 kg podem tolerar o procedimento sem risco hemodinâmico adicional.

Key Points:

  1. O volume sanguíneo extracorpóreo não deve superar 15% da volemia do doador na doação de hemocomponentes por aférese.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
20
Q

Em qual contexto clínico NÃO há contraindicação à transfusão de concentrado de hemácias obtido de doador portador de traço falciforme?

A) Neurocirurgia

B) Doença falciforme

C) Recém-nascido

D) Acidose metabólica grave

A

NEUROCIRURGIA

É obrigatória a pesquisa de hemoglobina S em todos os doadores de sangue, pelo menos, na primeira doação.

Esses componentes NÃO serão desleucocitados e nem utilizados em pacientes nas seguintes situações clínicas:

  • Portadores de hemoglobinopatias;
  • Presença de acidose grave;
  • Recém-nascidos;
  • Transfusão intrauterina;
  • Procedimentos cirúrgicos com circulação extracorpórea; e
  • Hipotermia.

No caso de procedimentos cirúrgicos, o uso de concentrado de hemácias obtidos de doador com traço S só é contra-indicado caso seja utilizada circulação extracorpórea.

Key Points:

  1. É contra-indicado o uso de concentrados de hemácia com traço S nas situações: hemoglobinopatias, acidose grave, recém-nascidos, transfusão intrauterina, procedimentos cirúrgicos com circulação extracorpórea e hipotermia.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
21
Q

Menina, 4 anos, doadora de medula óssea para sua irmã mais nova. Recebeu reforço de vacina contra febre amarela há 2 dias. Neste caso, qual o intervalo mínimo recomendado para a doação após a vacinação?

A) 4 semanas

B) 8 semanas

C) 2 semanas

D) 12 semanas

A

4 SEMANAS

Doadores de células-tronco hematopoéticas devem ser vacinados conforme as recomendações habituais para a idade.

A conduta de vacinação ADICIONAL do doador na intenção de melhorar a imunidade do RECEPTOR contra determinado agente específico só tem efeito nas vacinas que geram imunidade dependente de células T. Mesmo assim, seu efeito é TRANSITÓRIO.

Portanto, NÃO se recomenda vacinação ADICIONAL do doador com esta intenção, com EXCEÇÃO da vacinação contra HEPATITE B no caso de receptores com infecção pelo vírus em ATIVIDADE.

As vacinas baseadas em vírus VIVO atenuado são CONTRAINDICADAS no período de 4 semanas anteriores à doação de células-tronco, pelo risco de transmissão de doença relacionada à vacina, mesmo que a duração habitual da viremia seja inferior a esse período.

Key Points:

  1. Não se recomenda vacinação adicional do doador antes da doação de células-tronco hematopoéticas;
  2. Caso o doador tenha recebido vacinação com vírus vivo atenuado, recomenda-se intervalo mínimo de 4 semanas antes de prosseguir com a doação de células-tronco.

Referências:

  1. Cordonnier C, et al. Vaccination of haemopoietic stem cell transplant recipients: guidelines of the 2017 European Conference on Infections in Leukaemia (ECIL 7). Lancet. 2019.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
22
Q

Mulher, 32 anos, G3P2A1, internada devido anemia secundária à hipermenorreia. Hb 4,2 g/dl. Nega hemotransfusão prévia. Foi solicitada transfusão de 1 CH convencional. Testes pré-transfusionais mostrados abaixo. Neste caso, qual a recomendação em relação à realização de FENOTIPAGEM eritrocitária da receptora?

A) Deve-se realizar fenotipagem completa

B) Não está indicada realização de fenotipagem

C) Deve-se realizar fenotipagem somente para antígenos do sistema Rh e Kell

D) Deve-se realizar fenotipagem somente para antígenos do sistema Rh

A

DEVE-SE REALIZAR A TIPAGEM COMPLETA

Sempre que se tratar de receptores aloimunizados contra antígenos eritrocitários ou receptores que estão ou poderão entrar em regime de transfusão crônica, recomenda-se a fenotipagem do sangue do RECEPTOR para os seguintes antígenos eritrocitários:

  • Sistema Rh: D, E, e, C, c;
  • Sistema Kell: K;
  • Sistema Duffy: Fy(a), Fy(b);
  • Sistema Kidd: Jk(a), Jk(b); e
  • Sistema MNS: S, s.

Essa medida tem como objetivo prevenir a aloimunização e também auxiliar na identificação de possíveis anticorpos antieritrocitários irregulares que surgirem ao longo do seguimento clínico.

Key Points:

  1. Recomenda-se realizar fenotipagem eritrocitária estendida de rotina em todos os receptores aloimunizados ou que estão ou são potenciais candidatos a regime de transfusão crônica.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
23
Q

Homem, 45 anos, doador de sangue de repetição, comparece para nova doação. Resultados dos testes de triagem da doação atual e das doações anteriores mostrados abaixo. Neste caso, quais doações devem ser incluídas no processo de retrovigilância?

A) Set/2019 e abril/2019

B) Set/2019

C) Nenhuma

D) Set/2019, abril/19 e outubro/18

A

C) NENHUMA

Nos casos de viragem laboratorial/soroconversão com confirmação dos resultados iniciais reagentes para anti-HIV, anti-HCV, HBsAg ou anti-HTLV 1/2 em doador que possua doação anterior com triagem negativa, a investigação retrospectiva deve buscar todos os hemocomponentes doados até o período de SEIS meses anteriores à ÚLTIMA testagem NÃO reagente se o método utilizado for SOROLOGIA.

Se o teste utilizado for NAT isolado para HIV e HCV, deve-se rastrear somente o período de 3 meses anteriores à última testagem não reagente.

É importante observar que a data a partir da qual deve-se retroagir por seis meses ou três meses é a data da última doação cujos testes foram negativos, e não a data da doação atual (com testagem positiva).

Todos os hemocomponentes resultantes de todas as doações desse período deverão ser rastreados, com a identificação do serviço que o transfundiu e do respectivo receptor.

Para o caso de confirmação dos testes iniciais reagentes para anti-HBc, entretanto, a investigação retrospectiva deve ser dos hemocomponentes doados na última doação não reagente, caso esta tenha ocorrido há menos de 12 meses.

Key Points:

  1. O período de rastreabilidade é calculado a partir da última doação negativa e corresponde a 6 meses no caso de testes sorológicos positivos e 3 meses nos casos de NAT para HIV e/ou HCV positivo isolado (ou seja, com sorologia negativa concomitante).
  2. No caso de positividade para a sorologia anti-HBc, rastreia-se a última doação negativa que tenha ocorrido em período de até 1 ano da doação atual.

Referências:

  1. Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância - Guia para a Hemovigilância no Brasil. ANVISA. 2015.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
24
Q

Qual o volume MÍNIMO exigido para o concentrado de PLAQUETAS coletado por AFÉRESE?

A) 200 ml

B) 300 ml

C) 100 ml

D) 400 ml

A

A) 200ml

O concentrado de plaquetas obtido por AFÉRESE deve ter volume maior ou igual a 200mL, contagem de plaquetas maior ou igual a 3,0.10*11/unidade (plaquetaférese simples) ou maior ou igual a 6,0.10*11/unidade (plaquetaférese dupla).

A contagem de leucócitos no produto deve ser MENOR que 5,0.10*6/unidade, o pH MAIOR que 6,4 no ÚLTIMO dia de armazenamento e a cultura microbiológica deve ser NEGATIVA.

Deve ser garantido um volume MÍNIMO de plasma ou solução aditiva de 40 mL a cada 5,5.10*10 plaquetas.

Key Points:

  1. O concentrado de plaquetas obtido por aférese deve ter volume maior ou igual a 200mL.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
25
Q

Após a doação, qual o tempo MÁXIMO permitido para resfriamento do sangue total destinado à produção de concentrado de plaquetas?

A) 6h

B) 24h

C) 8h

D) 12h

A

C) 8h

As bolsas de sangue total resultantes do processo de doação deverão ser adequadamente acondicionadas.

Para a produção EXCLUSIVA de concentrado de hemácias e plasma fresco congelado, as bolsas de sangue total serão acondicionadas o mais brevemente possível após a coleta à temperatura de 4 ± 2⁰C.

Se a produção de concentrado de PLAQUETAS também for programada, as bolsas de sangue serão acondicionadas a temperatura entre 20 e 24ºC, nunca devendo ser inferior a 20⁰C, preferencialmente dentro das primeiras 8h e não excedendo o MÁXIMO de 24h, até que as plaquetas sejam separadas.

O sangue total coletado em locais diferentes daqueles em que será processado deverá ser transportado à temperatura de 22 ± 2°C, nunca inferior a 20°C se houver intenção de produzir concentrado de plaquetas.

Se o sangue total não for destinado à produção de plaquetas, ele poderá ser transportado à temperatura de 1°C a 10°C

Key Points:

  1. Se a produção de concentrado de plaquetas for programada, as bolsas de sangue devem ser resfriadas preferencialmente dentro das primeiras 8h após a coleta, nunca excedendo o máximo de 24h, até que as plaquetas sejam fracionadas.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
26
Q

Qual fator de coagulação NÃO está disponível em dose significativa no crioprecipitado?

A) Fator IX

B) Fator VIII

C) Fibrinogênio

D) Fator XIII

A

B) FATOR VIII

O crioprecipitado é constituído por fatores de coagulação insolúveis que persistem após o descongelamento do plasma fresco que foi congelado à temperatura de 1 a 6ºC.

Seus principais constituintes são:

  • Fibrinogênio;
  • Fator VIII;
  • Fator XIII;
  • Fator de von Willebrand; e
  • Fibronectina.

A fibronectina não tem utilidade clínica.

Apesar de conter fator VIII e fator de von Willebrand, não deve ser utilizado para sua reposição, sendo preferido o uso dos concentrados específicos desses fatores.

Em geral, cada unidade de crioprecipitado é capaz de elevar o nível sérico de fibrinogênio em 7 a 10 mg/dl em um indivíduo de 70 kg.

A dose transfusional habitual é de 1 unidade de crioprecipitado para cada 10 kg de peso.

Key Points:

  1. O crioprecipitado é constituído por fibrinogênio, fator VIII, fator XIII e fator de von Willebrand.

Referências:

  1. Tobian A, et al. Clinical use of Cryoprecipitate. Uptodate. 2020.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
27
Q

Qual o volume MÍNIMO exigido para o concentrado de PLAQUETAS coletado por AFÉRESE?

A) 500 ml

B) 300 ml

C) 100 ml

D) 200 ml

A

D) 200ml

O concentrado de plaquetas coletado por aférese deve ter volume maior ou igual a 200 mL, contagem de plaquetas maior ou igual a 3,0.10*11/unidade (plaquetaférese simples) ou maior ou igual a 6,0.10*11/unidade (plaquetaférese dupla);

A contagem de leucócitos deve ser menor que 5,0.10*6/unidade, o pH maior que 6,4 (no último dia de armazenamento) e a cultura microbiológica deve ser negativa.

Deve ser garantido um volume mínimo de plasma ou solução aditiva de 40 mL por 5,5.10*10 plaquetas.

Key Points:

  1. O concentrado de plaquetas coletado por aférese deve ter volume maior ou igual a 200mL.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
28
Q

Homem, 52 anos, portador de leucemia mieloide aguda, evoluiu com aspergilose pulmonar grave com indicação de lobectomia segmentar à direita. Foi solicitada reserva de 2 CH leucorreduzidos e irradiados para o procedimento cirúrgico. Entretanto, nenhuma das bolsas disponíveis havia sido previamente irradiada. Considerando que estas bolsas já estavam armazenadas há 18 dias, qual será o prazo MÁXIMO de validade após a irradiação?

A) 48h

B) 24h

C) 42 dias

D) 28 dias

A

A) 48H

A irradiação dos hemocomponentes celulares é feita com exposição do produto a 25 Gy por meio de dispositivo próprio disponível na maioria dos bancos de sangue.

Quando realizada até 14 dias após a coleta, o concentrado de hemácias passa a ter validade de até 28 dias após a irradiação, não podendo ultrapassar o prazo de validade inicial de 42 dias.

Caso a irradiação seja feita em concentrado de hemácias com mais de 14 dias de armazenamento desde a coleta, a validade do mesmo passa a ser somente 48h.

Key Points:

  1. A irradiação de hemocomponentes celulares reduz a meia-vida do concentrado de hemácias;
  2. O prazo de validade será de 28 dias após a irradiação para produtos com até 14 dias de coleta e 48h, caso armazenados por mais de 14 dias, nunca excedendo o prazo de validade original.

Referência:

  1. Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância: Guia para a Hemovigilância no Brasil. Anvisa. 2015.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
29
Q

Menina, 3 anos, portadora de anemia aplástica grave, comparece para transfusão de aférese de plaquetas. Evoluiu durante o procedimento com febre de 40ºC (temperatura prévia 36,8ºC), calafrios, dispneia e hipotensão arterial. A transfusão foi interrompida, a reação notificada como provável contaminação bacteriana e a paciente internada para antibioticoterapia endovenosa. Neste caso, qual o microorganismo mais provável?

A) Enterobacter sp.

B) Serratia marcescens

C) Staphylococcus aureus

D) Staphylococcus epidermidis

A

D) Staphylococcus epidermidis

Os produtos plaquetários são os hemocomponentes com MAIOR taxa de contaminação bacteriana e a principal fonte de contaminação é a flora cutânea do próprio doador.

Além disso, as seguintes condições de armazenamento do produto favorecem a proliferação de agentes contaminantes:
-Armazenamento em temperatura ambiente (20-24ºC);

  • Utilização de bolsas permeáveis a gases (permitindo trocas gasosas com o ambiente); e
  • O processo de agitação contínua.

Outra informação importante é o fato de que muitas das espécies de bactérias contaminantes são capazes de formar biofilme (como o Staphylococcus epidermidis) e podem aderir à superfície da bolsa, havendo menos bactérias disponíveis em suspensão para serem detectadas pela cultura de rastreio realizada obrigatoriamente em TODAS as unidades de plaqueta.

Complicações associadas à contaminação bacteriana são a principal causa de morbidade e mortalidade relacionadas às transfusões de plaquetas.

Os sintomas ocorrem nas primeiras 24h, podendo ser concomitantes à transfusão conforme o tamanho do inóculo presente.

A maioria dos casos apresenta febre alta, acima de 39ºC, e elevação de pelo menos 2ºC em relação à temperatura pré-transfusional.

Os principais agentes são gram positivos residentes da pele, principalmente o Staphylococcus epidermidis.

Em alguns casos, também pode ocorrer contaminação por gram negativos como espécies de Serratia, Enterobacter e Salmonella, associados a quadros infecciosos mais graves, porém menos frequentes.

Key Points:

  1. A principal causa de mortalidade associada à transfusão de plaquetas é a contaminação bacteriana;
  2. Os principais agentes são gram positivos residentes na pele do doador, principalmente o S. epidermidis.

Referências:

  1. Levy JH, et al. Bacterial contamination of platelets for transfusion: strategies for prevention. Crit Care. 2018.
30
Q

Qual a validade MÁXIMA do concentrado de hemácias LAVADO?

A) 12h

B) 24h

C) 48h

D) 4h

A

B) 24H

A lavagem dos concentrados de hemácia tem como objetivo remover PROTEÍNAS plasmáticas na profilaxia secundária de reações alérgicas graves ou profilaxia primária em pacientes sabidamente portadores de deficiência congênita de IgA.

O processo é realizado em sistema ABERTO, o que aumenta o risco de contaminação bacteriana do produto.

Além disso, o procedimento provoca perda de 15-20% das hemácias disponíveis.

Dessa forma, enquanto um concentrado de hemácias convencional promove incremento de 1 ponto de hemoglobina a cada 3 ml/kg de sangue transfundido, é necessário um volume de 4 ml/kg do concentrado de hemácias lavado para obter o mesmo resultado.

Após abertura do sistema para lavagem, a validade do produto é reduzida para 24h, incluindo o tempo destinado à própria transfusão, que não deve ultrapassar 4 horas.

Key Points:

  1. A lavagem do concentrado de hemácias é realizada em sistema aberto e reduz a validade do produto para tempo máximo de 24h;
  2. O concentrado de hemácias lavado promove incremento de 1 ponto de hemoglobina a cada 4 ml/kg de volume transfundido.

Referências:

  1. Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância: Guia para a Hemovigilância no Brasil. Anvisa. 2015.
31
Q

Mulher, 28 anos, assintomática, compareceu para doação voluntária de sangue total. Entretanto, equipe do setor de fracionamento entra em contato informando alteração na coloração do plasma obtido. Bolsa da doação mostrada em (a), comparada com bolsa de coloração habitual mostrada em (b). Neste caso, qual das situações abaixo seria mais provável?

A) Uso de contraceptivo oral combinado

B) Contaminação por hemácias hemolisadas

C) Síndrome de Gilbert

D) Infecção de corrente sanguínea por pseudomonas sp.

A

A) USO DE CONTRACEPTIVO ORAL COMBINADO

O plasma normal tem coloração amarelada, podendo variar de amarelo claro a amarelo escuro.

Algumas situações, eventualmente, podem provocar alteração de sua cor.

As condições abaixo estão associadas à coloração ESVERDEADA:

  • Gestação;
  • Uso de contraceptivo oral contendo estrogênio;
  • Artrite reumatoide e doenças inflamatórias;
  • Uso de sulfonamidas;
  • Sepse por bactérias criofílicas, como Pseudomonas.

Em mulheres gestantes ou em uso de contraceptivo oral combinado, a elevação de CERULOPLASMINA sérica parece ser responsável por esse fenômeno.

Da mesma forma, pacientes com condições inflamatórias também tem níveis elevados de ceruloplasmina, que é uma proteína de fase aguda.

No caso de uso de sulfonamidas, a formação de sulfohemoglobina é a responsável para alteração de coloração plasmática.

Independente da causa, todos os hemocomponentes com alteração de cor devem ser DESCARTADOS para preservar a segurança do receptor, mesmo que a etiologia provável seja uma condição benigna e não ofereça riscos reais.

Key Points:

  1. O uso de contraceptivos orais combinados pode levar a elevação da ceruloplasmina e provocar coloração esverdeada do plasma;
  2. A inspeção visual faz parte do controle de qualidade dos hemocomponentes.

Referências:

  1. Mani A, et al. Greenish discoloration of plasma: Is it really a matter of concern? Asian J Transfus Sci. 2019.

Referências da imagem:

  1. Mani A, et al. Greenish discoloration of plasma: Is it really a matter of concern? Asian J Transfus Sci. 2019.
32
Q

Foi obtida doação de sangue raro com fenótipo Rh null. Para garantir sua disponibilidade futura, foi optado por congelamento com uso de glicerol. Neste caso, qual procedimento deve ser realizado OBRIGATORIAMENTE antes de ser utilizado para transfusão?

A) Rejuvenecimento

B) Adição de amido hidroxilado

C) Lavagem

D) Filtragem

A

C) LAVAGEM

Os concentrados de hemácias congeladas são conservados em temperaturas iguais ou inferiores a -65°C na presença de um agente crioprotetor.

São agentes crioprotetores:

  • Glicerol; e
  • Amido hidroxilado.

Quando utilizado, o glicerol deve ser REMOVIDO por meio de LAVAGEM, logo após o descongelamento das hemácias.

As hemácias conservadas sem solução aditiva serão congeladas dentro do período de até 6 dias depois da coleta do sangue, exceto quando forem rejuvenescidas.

As unidades raras de concentrado de hemácias poderão ser congeladas sem rejuvenescimento até a data do vencimento.

As hemácias processadas com solução aditiva serão congeladas antes da data de vencimento do concentrado de hemácias.

A bolsa de concentrado de hemácias deverá ser aberta sob fluxo laminar e armazenada no congelador até o período máximo de 4 horas após a abertura do circuito para a inclusão do glicerol.

O método de deglicerolização deverá atender aos seguintes requisitos:

  • Remoção adequada do glicerol;
  • Nível de hemoglobina livre na solução sobrenadante inferior a 0,2 g por unidade;
  • Recuperação de, pelo menos, 80% dos glóbulos vermelhos originalmente presentes na unidade.

A validade dos concentrados de hemácias congeladas é de 10 anos, contados a partir da data da doação do sangue.

Após o descongelamento, as hemácias devem ser usadas em até 24 horas se a deglicerolização for realizada em sistema aberto ou 14 dias se em sistema fechado, devendo sempre ser conservadas a 4 ± 2°C.

As hemácias rejuvenescidas são as hemácias tratadas por um método que restabeleça os níveis normais de 2,3 DPG e ATP.

Depois de rejuvenescidos, os concentrados de hemácias serão lavados e transfundidos dentro de 24 horas.

Os rótulos indicarão a utilização de soluções de rejuvenescimento.

33
Q

Qual a ÚNICA indicação clínica possível para o plasma isento do crioprecipitado?

A) Doença de von Willebrand tipo 2b

B) Púrpura trombocitopênica trombótica

C) Reversão de anticoagulação por varfarina

D) Transfusão maciça

A

B) PTT

O plasma isento do crioprecipitado (PIC) é o plasma do qual foi retirado, em sistema fechado, o crioprecipitado.

O PIC tem, a partir da data da doação, a validade de 12 meses a partir da coleta, devendo ser armazenado à temperatura de -20°C ou inferior.

A púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) é a única indicação clínica possível para o PIC. Mesmo assim, não há dados na literatura que confirmem benefício em relação ao uso habitual de plasma fresco congelado.

Por esse motivo, tem pouca utilidade clínica e geralmente é destinado à indústria para produção de hemoderivados.

34
Q

Qual hemocomponente plasmático NÃO pode ser utilizado para transfusão terapêutica?

A) Plasma fresco congelado

B) Plasma comum

C) Plasma de 24 horas

D) Plasma isento do crioprecipitado

A

B) PLASMA COMUM

Os componentes plasmáticos produzidos são definidos como:

  • Plasma fresco congelado (PFC);
  • Plasma fresco congelado dentro de 24 horas (PFC24);
  • Plasma isento do crioprecipitado (PIC);
  • Plasma comum, não fresco, normal ou simples (PC);
  • Crioprecipitado (CRIO).

O PC é o plasma cujo congelamento NÃO se deu dentro das especificações técnicas para produção de PFC, PFC24 ou PIC ou, ainda, por resultado da transformação de PFC, PFC24 ou PIC cujo período de validade já EXPIROU.

O PC será armazenado em temperatura igual ou inferior a -20°C e tem a validade de 5 anos a partir da data de coleta.

O PC NÃO pode ser utilizado para transfusão, devendo ser exclusivamente destinado à produção de hemoderivados.

Os PFC, PFC24 e PIC a serem utilizados exclusivamente com finalidade terapêutica poderão ser mantidos em temperatura igual ou inferior a -18°C por até 12 meses.

O plasma excedente do uso terapêutico, destinado para fracionamento industrial, deve ser armazenado em temperatura igual ou inferior a -20°C.

35
Q

Qual produto NÃO é classificado como hemoderivado?

A) Imunoglobulina humana

B) Fator VIII plasmático

C) Crioprecipitado

D) Albumina

A

C) CRIOPRECIPITADO

Os HEMODERIVADOS são produtos obtidos a partir do PLASMA por meio de processos físico-químicos INDUSTRIAIS.

Como principais exemplos temos: albumina, imunoglobulina humana e fatores de coagulação plasmáticos.

Os produtos obtidos diretamente a partir do fracionamento do SANGUE TOTAL ou por meio de AFÉRESE são considerados HEMOCOMPONENTES.

Como exemplo de hemocomponentes, temos: concentrados de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado.

36
Q

Qual o prazo de validade MÁXIMO para o concentrado de granulócitos?

A) 48h

B) 4h

C) 5 dias

D) 24h

A

D) 24H

Os Concentrados de Granulócitos (CG) são suspensões de granulócitos em plasma, obtidas por aférese de doador único após estímulo com G-CSF.

O CG deve conter, no mínimo, 1,0 x 10*10 granulócitos em todas as unidades coletadas, a menos que seja preparado para recém-nascidos, quando se admitem dosagens menores.

A validade do CG é de 24 horas, devendo ser administrado o mais rapidamente possível depois que sua coleta for concluída, obrigatoriamente em ambiente hospitalar.

A temperatura de conservação é de 22 ± 2 °C.

A indicação terapêutica do CG restringe-se a pacientes gravemente neutropênicos com infecção comprovada, refratários à terapêutica antimicrobiana adequada.

37
Q

Mulher, 50 anos, portadora de HIV não-tratado, internada para tratamento de meningite criptocócica. Evoluiu com queda de hemoglobina durante a internação e realizou endoscopia digestiva alta, que identificou úlcera esofágica (mostrada abaixo). Biópsia da lesão confirmou infecção ativa por CMV. Hb 6,2 g/dl, Neu 5.800/mm³, Linfócitos 900/mm³ e Plq 114 mil/mm³. Foi solicitado transfusão de 1 concentrado de hemácias. Neste caso, qual procedimento especial deve ser indicado?

A) Nenhum

B) Leucorredução

C) Lavagem

D) Irradiação

A

A) NENHUM

Para evitar infecção por CMV, recomenda-se que todos os pacientes portadores de HIV SORONEGATIVOS para CMV ou com status sorológico desconhecido recebam hemocomponentes celulares (hemácias e plaquetas) DESLEUCOCITADOS ou provenientes de doadores também soronegativos para CMV.

Caso o paciente portador de HIV já seja sabidamente soropositivo para CMV, por meio de sorologia ou infecção documentada, NÃO há necessidade de filtrar o hemocomponente, exceto se houver indicação adicional.

Key Points:

  1. No caso de pacientes portadores de HIV soronegativos para CMV, recomenda-se utilizar hemocomponentes celulares desleucocitados ou provenientes de doadores soronegativos para CMV.
  2. Pacientes portadores de HIV soropositivos para CMV podem receber hemocomponentes convencionais, exceto se houver outras indicação para filtragem.
38
Q

Homem, 32 anos, realizou primeira doação voluntária de sangue. Exames de rotina para avaliação do doador identificaram presença de traço de hemoglobina S. Neste caso, qual procedimento especial NÃO pode ser realizado no concentrado de hemácias obtido?

A) Deve-se descartar o concentrado de hemácias

B) Leucorredução

C) Lavagem

D) Irradiação

A

B) LEUCORREDUÇÃO

É obrigatória a pesquisa de hemoglobina S nos doadores de sangue, pelo menos na PRIMEIRA doação.

Os componentes eritrocitários de doadores com pesquisa de hemoglobina S POSITIVA conterão esta informação no seu rótulo, SEM necessidade de descarte dos mesmos.

Esses hemocomponentes NÃO serão desleucocitados, porque a presença de hemoglobina S dificulta o procedimento de filtragem por obstruir o filtro.

O doador que apresentar pesquisa de hemoglobina S positiva será orientado e encaminhado a serviço assistencial para avaliação clínica, se for o caso.

Key Points:

  1. O concentrado de hemácias obtido por doação de sangue de doador com traço de hemoglobina S pode ser utilizado, porém não deve ser submetido a procedimento de leucorredução.
39
Q

Qual fator de coagulação presente no crioprecipitado apresenta MAIOR meia-vida?

A) Fator de von Willebrand

B) Fator XIII

C) Fator VIII

D) Fibrinogênio

A

B) FATOR XIII

O crioprecipitado é constituído por fibrinogênio, fator VIII, fator XIII, fator de von Willebrand e fibronectina.

A meia-vida média de cada um desses fatores é:

  • Fator XIII: 150-300 horas;
  • Fibrinogênio: 100-150 horas;
  • Fator VIII: 12 horas; e
  • Fator de von Willebrand: 24 horas.

A fibronectina não tem relevância clínica.

Portanto, indivíduos com suspeita de deficiência de fator XIII, mas que receberam transfusão de crioprecipitado recente, devem aguardar intervalo mínimo de duas semanas e, preferencialmente, 2 meses antes de realizarem dosagem da atividade deste fator.

Key Points:

  1. O fator XIII está presente no crioprecipitado e possui meia-vida longa (150-300 horas).

Referências:

  1. Tobian A, et al. Clinical use of Cryoprecipitate. Uptodate. 2020.
40
Q

Bebê, 2 meses de vida, admitido após trauma com sangramento em extremidade inferior. Hb 6,2 g/dl. Foi solicitada transfusão de 1 unidade de concentrado de hemácias do tipo A aliquotado para dose de 20 ml/kg. Tipagem sanguínea do bebê: A positivo. Tipagem sanguínea da mãe: O positivo. Neste caso, qual a orientação em relação aos testes pré-transfusionais?

A) Realizar pesquisa de anti-A no plasma do receptor, sem fase de antiglobulina

B) Não é necessário pesquisar anti-A no plasma do receptor

C) Realizar pesquisa de anti-A no plasma da mãe

D) Realizar pesquisa de anti-A no plasma do receptor, incluindo fase de antiglobulina

A

D) REALIZAR PESQUISA DE ANTI-A NO PLASMA DO RECEPTOR, INCLUINDO FASE DE ANTIGLOBULINA

Na amostra pré-transfusional inicial para transfusão em neonatos e crianças de até 4 meses de vida será realizada a tipagem ABO direta e NÃO será realizada a tipagem reversa.

Se as hemácias selecionadas para transfusão não forem do grupo O, será investigada, no soro ou plasma do neonato e das crianças até 4 meses de vida, a presença de anti-A ou anti-B, com métodos que incluam uma fase de antiglobulina.

Esse teste não precisa ser realizado se houver disponibilidade de uma amostra do sangue da mãe para tipagem ABO e se a tipagem ABO da mãe for a mesma do recém-nascido.

Se ocorrer detecção da presença de anti-A ou anti-B, será transfundido concentrado de hemácias “O” até que o anticorpo deixe de ser demonstrável no soro do neonato ou das crianças com até 4 meses de vida.

Key Points:

  1. Em neonatos e crianças até 4 meses de vida, deve-se pesquisar a presença de anti-A e/ou anti-B no plasma do receptor, com método que inclua fase de antiglobulina, sempre que a hemácia transfundida não for do tipo O e houver discordância com o tipo sanguíneo materno.
41
Q

Sobre os aloanticorpos contra o sistema RH, qual a afirmativa CORRETA?

A) Tem capacidade de fixar complemento

B) Enfraquecem com uso de enzima proteolítica

C) Apresentam efeito de dose

D) Não atravessam a barreira hematoplacentária

A

C) APRESENTAM EFEITO DE DOSE

O sistema RH é o sistema MAIS imunogênico em seguida do sistema ABO e frequentemente ocorre associação de múltiplos aloanticorpos contra antígenos desse sistema.

Os anticorpos são do tipo IgG, portanto capazes de atravessar a barreira hematoplacentária e provocar doença hemolítica do feto e do recém-nascido.

Diferente de outros sistemas, como o ABO, Kidd e Diego, NÃO possuem capacidade de fixar complemento e não provocam reação hemolítica aguda.

Os anticorpos contra o sistema RH reforçam com uso de enzima proteolítica e apresentam efeito de dose, ou seja, a intensidade da reação é proporcional à expressão do antígeno na superfície eritrocitária, de forma que as células homozigotas apresentam reação mais forte.

Hemácias heterozigotas NÃO devem ser utilizadas para excluir anticorpos com efeito de dose, uma vez que a reação pode ser falsamente negativa, sobretudo se o anticorpo estiver em baixos títulos.

Key Points:

  1. Aloanticorpos contra antígenos do sistema RH são do tipo IgG, reforçam com uso de enzima, frequentemente aparecem em combinação e apresentam efeito de dose;
  2. Hemácias heterozigotas não devem ser utilizadas para excluir anticorpos com efeito de dose, uma vez que a reação pode ser falsamente negativa.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
42
Q

Qual anticorpo monoclonal utilizado como terapia antineoplásica pode INTERFERIR nos testes pré-transfusionais?

A) Polatuzumab vedotina (anti-CD79b)

B) Obinutuzumab (anti-CD20)

C) Blinatumomab (anti-CD3/CD19)

D) Daratumumab (anti-CD38)

A

D) DARATUMUMAB

O uso de Daratumumab para tratamento de mieloma múltiplo em primeira linha tem sido cada vez mais frequente, baseado nos resultados dos estudos Griffin (Dara-VRd) e Cassiopeia (Dara-VTd) para pacientes elegíveis a TMO autólogo e do estudo Alcione (Dara-VMP) para pacientes não elegíveis TMO autólogo.

Além disso, também faz parte do tratamento de amiloidose primária, conforme o resultado do estudo Andromeda (Dara-VCD).

O Daratumumab é um anticorpo monoclonal específico contra a molécula CD38, que é uma enzima extracelular relacionada ao metabolismo de ADP cíclico e NAD+, presente em linfócitos (B, T e NK), plasmócitos e células jovens. Além disso, também é expressa fracamente nos ERITRÓCITOS.

Devido à presença de CD38 em linfócitos e blastos, pode ser utilizado off-label para o tratamento de resgate de pacientes com leucemia linfoblástica aguda ou leucemia mieloide aguda.

Apesar da expressão de CD38 ser fraca nas hemácias, já é suficiente para provocar interferência do Daratumumab nos testes pré-transfusionais por período de até 6 meses após a última dose.

Nesses casos, observa-se resultado falso positivo na triagem de anticorpos, teste da antiglobulina direta e teste de compatibilidade (quando levado à fase de antiglobulina humana).

Por isso, recomenda-se a realização de fenotipagem eritrocitária estendida, triagem de anticorpos e teste da antiglobulina direta antes do tratamento em todos os pacientes que serão expostos a Daratumumab.

Key Points:

  1. O uso de Daratumumab interfere nos teste pré-transfusionais, gerando resultado falso positivo no teste da antiglobulina direta, triagem de anticorpos e teste de compatibilidade;
  2. Recomenda-se fenotipagem eritrocitária estendida, triagem de anticorpos e teste da antiglobulina direta de rotina para todos os pacientes candidatos a tratamento com Daratumumab, uma vez que resultados posteriores não serão confiáveis.

Referências:

  1. Therapeutic monoclonal antibodies and blood transfusion. NHS Guideline. 2017.
43
Q

Mulher, 26 anos, gestante de 36 semanas, internada devido descolamento de placenta. Foi solicitada transfusão de 1 CH. Tipagem ABO/RHD A positivo e triagem de anticorpos negativa. Entretanto, o teste do compatibilidade com concentrado de hemácias A positivo realizado à temperatura ambiente e com leitura imediata resultou INCOMPATÍVEL. Neste caso, qual a explicação MENOS provável?

A) Presença de anticorpos frios

B) Presença de anti-A1

C) Presença de aloanticorpo com efeito de dose

D) Fenômeno de Rouleax

A

C) PRESENÇA DE ALOANTICORPOS COM EFEITO DE DOSE

A rotina pré-transfusional básica consiste na realização de tipagem ABO/RHD, triagem de anticorpos e teste de compatibilidade antes da transfusão de concentrado de hemácias.

Em pacientes que não possuem histórico de aloimunização prévia, o teste de compatibilidade pode ser realizado em temperatura ambiente e com leitura imediata, sem necessidade de prosseguir para fase de antiglobulina humana.

A triagem de anticorpos, por sua vez, geralmente é realizada em meio potencializador (LISS, por exemplo) ou com fase de antiglobulina humana, o que aumenta a chance de identificar a presença de aloanticorpos de relevância clínica.

A triagem de anticorpos (pesquisa de anticorpos irregulares) geralmente é realizada em temperatura de 37°C, considerando que os anticorpos frios e sem amplitude térmica geralmente não apresentam relevância transfusional. Dessa forma, a tipagem “a quente” previne que esses anticorpos interfiram nos testes.

As seguintes situações podem apresentar triagem de anticorpos NEGATIVA e teste de compatibilidade INCOMPATÍVEL, principalmente quando realizado em temperatura ambiente:

  • Incompatibilidade ABO (a causa mais grave, potencialmente fatal e decorrente de erro de tipagem ou identificação de amostras do doador e/ou receptor);
  • Fenômeno de poliaglutinação do sangue do doador;
  • Fenômeno de rouleaux (observado no contexto de paraproteinemias);
  • Presença de anticorpo natural anti-A1 (observado em alguns indivíduos com fenótipo A2 ou A2B e sem relevância transfusional);
  • Presença de aloanticorpos frios (como anti-M);
  • Presença de autoanticorpos frios (como anti-I).

No caso de aloanticorpo contra antígeno com efeito de dose, o padrão habitual é triagem de anticorpos POSITIVA e teste de compatibilidade FALSAMENTE COMPATÍVEL, considerando que os antígenos com efeito de dose mais relevantes são expressos em homozigose nas hemácias do painel de triagem.

Key Points:

  1. A causa mais grave da combinação triagem de anticorpos NEGATIVA e teste de compatibilidade INCOMPATÍVEL é a incompatibilidade ABO, geralmente por erro de tipagem ou identificação das amostras;
  2. A presença de anticorpos frios pode provocar teste de compatibilidade INCOMPATÍVEL mesmo com triagem de anticorpos NEGATIVA, quando o primeiro teste for realizado em temperatura ambiente e o segundo, a 37ºC;
  3. A presença de aloanticorpos com efeito de dose (como os anticorpos direcionados contra antígenos do sistema RH ou Kidd) é perigosa, porque pode passar despercebida no teste de compatibilidade quando a hemácia a ser transfundida for heterozigota para o antígeno em questão, levando a transfusão inapropriadamente incompatível com risco de reação hemolítica tardia. Por esse motivo, é essencial a identificação de todos os anticorpos irregulares observados na triagem.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
44
Q

Em qual contexto a tipagem com soro anti-CDE tem maior utilidade na rotina transfusional?

A) Doadores de sangue RHD negativos

B) Receptores de sangue RHD negativos

C) Todos os doadores de sangue

D) Doadores e receptores de sangue RHD negativos

A

A) DOADORES DE SANGUE RHD NEGATIVOS

O soro anti-CDE é utilizado na avaliação complementar de DOADORES de sangue tipados inicialmente como RHD NEGATIVOS, considerando que a maior parte da população RHD negativa possui o haplótipo rr, ou seja, tem ausência dos antígenos C e E.

Dessa maneira, a positividade da reação com soro anti-CDE sugere a presença dos antígenos C e/ou E, o que aumenta a chance de tratar-se de indivíduo RHD positivo com fenótipo D fraco que foi tipado inadvertidamente como RH negativo.

Além disso, mesmo que a bolsa seja verdadeiramente RHD negativa (r’r ou r’‘r, por exemplo) ainda temos o risco de ALOIMUNIZAÇÃO do receptor RHD negativo (provavelmente rr) pelos antígenos C e/ou E.

Dessa maneira, as bolsas rotuladas “RHD negativas, CDE positivas” devem ser utilizadas preferencialmente em indivíduos RHD positivos ou RHD negativos que sejam homens ou mulheres fora da idade fértil.

O uso de soro anti-CDE na rotina de receptores não acrescenta nenhuma informação adicional, uma vez que todos os receptores tipados como RHD negativos devem receber bolsas RHD negativas.

Key Points:

  1. O uso de soro anti-CDE tem utilidade na rotina de avaliação dos doadores RHD negativos;
  2. Bolsas RHD negativas e CDE positivas devem ser utilizadas preferencialmente em indivíduos RHD positivos ou em indivíduos RHD negativos que sejam do sexo masculino ou em mulheres fora da idade fértil para evitar aloimunização e posterior doença hemolítica do feto e do recém-nascido.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
45
Q

Homem, 74 anos, portador de doença coronariana, em uso de AAS e Clopidogrel devido IAM há 3 meses, foi admitido no setor de emergência devido déficit motor súbito à esquerda. Tomografia de crânio sem contraste evidenciou hemorragia intraparenquimatosa em hemisfério cerebral direito. Hb 10,8 g/dl, Neu 8.500/mm³ e Plq 225 mil/mm³. Tipagem ABO/RHD: O positivo. Foi solicitada transfusão de urgência de 1 aférese de plaquetas. Entretanto, a agência transfusional informou que só há disponibilidade de plaquetas do tipo A positivo. Neste caso, qual a afirmativa CORRETA?

A) Deve-se realizar pré-medicação com antihistamínico antes da transfusão de plaquetas ABO incompatíveis

B) Deve-se evitar transfusão de plaquetas ABO incompatíveis

C) Não há correlação entre a compatibilidade ABO de plaquetas transfundidas e o desfecho clínico

D) Não há indicação de transfusão de plaquetas quando a contagem é normal

A

B) DEVE-SE EVITAR A TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS ABO COMPATÍVEIS

Preferencialmente, a transfusão de plaquetas deve respeitar o isogrupo ABO. Entretanto, isso nem sempre é possível devido à curta duração do período de armazenamento (até 5 dias) e os baixos estoques nos bancos de sangue.

O estudo PATCH trial avaliou o impacto da transfusão de plaquetas como estratégia para REVERTER o efeito de antiagregantes plaquetários em pacientes admitidos com quadro de acidente vascular encefálico HEMORRÁGICO.

Curiosamente, a análise final foi DESFAVORÁVEL à transfusão, que esteve relacionada a MAIOR mortalidade.

Recentemente, foi realizada uma nova análise do PATCH trial, estratificando o desfecho clínico conforme o tipo de transfusão recebida: ABO compatível versus ABO incompatível.

Nessa análise, pacientes que receberam transfusão de plaquetas ABO compatíveis apresentaram MAIOR incremento da contagem plaquetária e evoluiram com MENOR mortalidade.

Portanto, ainda não está claro o papel da transfusão de plaquetas em pacientes que sofrem AVC hemorrágico enquanto estão em uso de antiagregante plaquetário. Porém, caso seja optado por transfundir, deve-se preferir plaquetas ABO compatíveis.

Key Points:

  1. Pacientes que sofrem AVC hemorrágico durante uso de antiagregantes plaquetários podem se beneficiar de transfusão de plaquetas ABO compatíveis.

Referências:

  1. Baharoglu MI, Cordonnier C, Al-Shahi Salman R, de Gans K, Koopman MM, Brand A, Majoie CB, Beenen LF, Marquering HA, Vermeulen M, Nederkoorn PJ, de Haan RJ, Roos YB; PATCH Investigators. Platelet transfusion versus standard care after acute stroke due to spontaneous cerebral haemorrhage associated with antiplatelet therapy (PATCH): a randomised, open-label, phase 3 trial. Lancet. 2016 Jun 25;387(10038):2605-2613. doi: 10.1016/S0140-6736(16)30392-0. Epub 2016 May 10. PMID: 27178479.
  2. Magid-Bernstein J, Beaman CB, Carvalho-Poyraz F, Boehme A, Hod EA, Francis RO, Elkind MSV, Agarwal S, Park S, Claassen J, Connolly ES, Roh D. Impacts of ABO-incompatible platelet transfusions on platelet recovery and outcomes after intracerebral hemorrhage. Blood. 2021 May 13;137(19):2699-2703. doi: 10.1182/blood.2020008381. PMID: 33649761.
46
Q

Menina, 8 anos, portadora de beta talassemia maior, em regime de transfusão crônica, com histórico de aloimunização por anti-Kell e anti-Jk(b). Comparece para transfusão de rotina. Painel para identificação de anticorpos irregulares com amostra de hoje mostrado abaixo. Neste caso, além da tipagem ABO/RHD, qual o fenótipo MÍNIMO a ser respeitado?

A) K negativo e Fy(a) negativo

B) K negativo e N negativo

C) K negativo, Jk(b) negativo e Fy(a) negativo

D) K negativo e Jk(b) negativo

A

C) K negativo, Jk(b) negativo e Fy(a) negativo

No painel para identificação de anticorpos irregulares, confirmamos um padrão de especificidade anti-Kell, compatível com as informações relatadas.

Entretanto, não foi possível identificar o anticorpo anti-Jk(b).

Essa situação é bastante frequente no sistema Kidd e indica redução dos títulos do anticorpo devido à ausência de nova exposição. Ainda assim, possui importância transfusional e deve ser respeitado, exemplificando a importância do registro do histórico de aloimunização de todos os pacientes em regime de transfusão crônica.

Além disso, podemos identificar um anticorpo INÉDITO no painel, cuja reatividade desaparece nas hemácias tratadas com enzima, o que deve levar à suspeita de possível Fy(a), Fy(b), M e/ou N.

Analisando o painel, confirmamos a especificidade anti-Fy(a).

Vale observar que, na associação de anticorpos, o efeito da enzima pode não ser claramente evidente, porque combina os fenômenos de inativação e resistência enzimática de diferentes antígenos numa mesma reação.

Portanto, respeitando-se todos os aloanticorpos identificados (atualmente e nos registros históricos), deve-se fornecer bolsa fenotipada K negativo, Jk(b) negativo e Fy(a) negativo.

Key Points:

  1. Os antígenos Fy(a), Fy(b), M e N são sensíveis à ação enzimática;
  2. Sempre que possível, deve-se respeitar todos os aloanticorpos identificados, inclusive aqueles previamente relatados e que podem não ser evidentes nos testes mais recentes.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
47
Q

Recém-nascido, prematuro de 30 semanas, atualmente com 3 dias de vida, evoluiu com hemorragia digestiva baixa devido enterocolite necrotizante grave. Hb 5,5 g/dl. Foi solicitada hemotransfusão de concentrado de hemácias aliquotado em dose equivalente a 20 ml/kg. Peso atual 2.200g. Neste caso, qual teste pré-transfusional pode ser DISPENSADO?

A) Tipagem ABO direta

B) Pesquisa de anticorpos irregulares

C) Tipagem RhD

D) Tipagem ABO reversa

A

D) TIPAGEM ABO REVERSA

Na amostra pré-transfusional para transfusão em neonatos e crianças de até 4 meses de vida será realizada a tipagem ABO DIRETA e, ao contrário dos indivíduos acima dessa faixa etária, NÃO será realizada a tipagem REVERSA.

Isso porque os anticorpos contra antígenos do sistema ABO só serão desenvolvidos a partir dos 4 MESES de idade.

Vale lembrar que a tipagem ABO direta pesquisa a presença dos ANTÍGENOS do sistema ABO na superfície eritrocitária e que a tipagem ABO reversa pesquisa a presença de ANTICORPOS contra antígenos do sistema ABO no plasma do indivíduo.

Como os neonatos ainda não possuem anticorpos naturais contra o sistema ABO, a tipagem REVERSA não tem propósito neste contexto.

Além disso, caso fosse realizada, a tipagem reversa poderia identificar anticorpos MATERNOS contra antígenos do sistema ABO presentes na circulação do bebê após cruzarem a barreira hematoplacentária, o que dificultaria a interpretação dos resultados.

Key Points:

  1. Os testes pré-transfusionais realizados desde o período neonatal até 4 meses de idade não incluem a tipagem ABO REVERSA.
48
Q

Mulher, 23 anos, diagnosticada com leucemia mieloide aguda, internada para I ciclo de indução de remissão. Tipagem ABO/RhD: A negativo. Refere transfusão de 2 CH na semana anterior, sem intercorrências. Hemograma de hoje: Hb 6,3 g/dl. Foi solicitada nova transfusão de hemácias, porém a triagem de anticorpos resultou positiva. Painel para pesquisa de anticorpos irregulares mostrado abaixo. Neste caso, qual o aloanticorpo mais provável?

A) Anti-f

B) Anti-D

C) Anti-D + Anti-C

D) Anti-G

A

ANTI-G

O antígeno G é encontrado em hemácias que expressam os antígenos D e/ou C e corresponde a um resíduo de serina comum a AMBAS as moléculas.

Aloanticorpos anti-G aparecem como uma falsa combinação de anti-D e anti-C. Ou seja, em testes de aloadsorção, o anti-G será adsorvido tanto por hemácias D positivas e C negativas (R2R2, por exemplo) quanto por hemácias D negativas e C positivas (r’r, por exemplo).

O desenvolvimento do aloanticorpo anti-G explica casos de indivíduos RhD negativos que receberam sangue adequadamente RhD negativo, mas mesmo assim desenvolveram aloanticorpo com especificidade “anti-D”.

Outro exemplo são mulheres RhD negativas que desenvolveram “anti-D” após parto de recém-nascido também RhD negativo.
Nesses casos, é a aloimunização contra o antígeno C (geralmente encontrado em hemácias r’r) que levou à formação do aloanticorpo anti-G.

Gestantes que apresentam triagem de anticorpos positiva devido exclusivamente à presença de anti-G devem receber profilaxia de rotina com imunoglobulina anti-RhD, quando for indicado.

Eventualmente, podem existir hemácias D negativas e C negativas que também expressam o antígeno G e, portanto, serão sensíveis ao aloanticorpo anti-G.

Nesses casos, é necessário realizar a fenotipagem para o antígeno G a fim de confirmar a suspeita. Hemácias D negativas e C negativas que expressam o antígeno G são identificadas pela nomenclatura r(g).

Key Points:

  1. O aloanticorpo anti-G tem especificidade contra um antígeno presente tanto na molécula D quanto na molécula C e pode ser confundido com as especificidades anti-D e anti-C combinadas.

Referências:

  1. AABB Technical Manual. 18th Edition. 2014.
49
Q

Qual a recomendação em relação à necessidade de compatibilidade ABO na transfusão de CRIOPRECIPITADO?

A) Deve ser ABO compatível somente em crianças até 10 anos e/ou 35 kg

B) Deve ser ABO compatível somente em neonatos

C) Sempre deve ser ABO compatível

D) Nunca exige compatibilidade ABO

A

A) Deve ser ABO compatível somente em crianças até 10 anos e/ou 35 kg

As transfusões de plasma devem ser ABO compatíveis com as hemácias do receptor e NÃO necessitam de prova de compatibilidade.

As transfusões de crioprecipitado também NÃO necessitam de prova de compatibilidade e, em crianças de até 10 anos ou 35 kg, serão isogrupo ou ABO COMPATÍVEIS.

O plasma contido nos concentrados de plaquetas será preferencialmente ABO compatível com as hemácias do receptor.

Caso não seja possível, recomenda-se avaliar o volume de plasma do componente sanguíneo e a presença de anti-A e/ou anti-B de relevância clínica (hemolisina) na decisão de transfundir um concentrado de plaquetas não isogrupo.

Essa decisão é mais relevante no caso de crianças e pacientes no contexto pós transplante de medula óssea alogênico com incompatibilidade do sistema ABO.

Key Points:

  1. A transfusão de crioprecipitado deve ser ABO compatível com as hemácias do receptor somente para crianças de até 10 anos e/ou 35 kg.
50
Q

Mulher, 68 anos, portadora de síndrome mielodisplásica com del(5q) isolada, comparece para hemotransfusão de rotina. Realizava suporte transfusional em outro serviço. Tipagem ABO/RHD: O positivo. Triagem de anticorpos: positiva. Painel para identificação de anticorpos irregulares mostrado abaixo. Neste caso, qual fenótipo NÃO pode pertencer à paciente?

A) R1R1

B) R2R2

C) R1R2

D) R2r

A

D) R2r

No sistema RH, existem antígenos COMPOSTOS formados por epítopos gerados pela associação dos antígenos C/c e E/e na mesma proteína.

Os antígenos compostos mais comuns são:

  • ce (antígeno f);
  • Ce (antígeno rhi);
  • cE (antígeno Rh27);
  • CE (antígeno Rh22).

O antígeno f é codificado pelo alelo RHCE*ce e pode ser identificado adequadamente por métodos de adsorção-eluição.

Portanto, pacientes com anticorpo anti-f obrigatoriamente devem ser indivíduos que não possuem os antígenos “c” e “e” em cis (ou seja, no mesmo alelo, como ocorre no haplótipo “r”).

Frequentemente, o padrão do anti-f pode simular um anti-c no painel de identificação de anticorpos irregulares.

Key Points:

  1. Antígenos compostos são formados pela associação de epítopos na mesma proteína codificada por diversos alelos do gene RHCE;
  2. O antígeno f é codificado pelo alelo RHCE*ce, com os antígenos “c” e “e” herdados em cis;
  3. O anti-f tem pouca importância transfusional e geralmente não provoca reação hemolítica significativa.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
51
Q

Qual sistema de grupo sanguíneo possui o MAIOR número de antígenos?

A) Lutheran

B) Kell

C) Rh

D) MNS

A

C) RH

Por definição, os SISTEMAS de grupos sanguíneos são constituídos por antígenos com a mesma base genética, ou seja, todos os antígenos devem ser codificados pelo mesmo gene ou por genes semelhantes, provavelmente originados por processo de duplicação gênica.

Os sistemas mais complexos em relação à VARIEDADE de antígenos são:

  • Sistemas Rh (ISBT 004): 56 antígenos (numerados de 1 a 60, sendo excluídos antígenos obsoletos);
  • Sistema MNS (ISBT 002): 50 antígenos;
  • Sistema Kell (ISBT 006): 36 antígenos;
  • Sistema Lutheran (ISBT 005): 27 antígenos;
  • Sistema Diego (ISBT 010): 23 antígenos; e
  • Sistema Cromer (ISBT 21): 20 antígenos.

Esse número é frequentemente atualizado e cresce à medida que novos aloanticorpos são relatados e, consequentemente, novos antígenos identificados.

O sistema Rh é constituído por 2 genes e o sistema MNS, por 3 genes.

Key Points:

  1. Em ordem decrescente, os sistemas com maior variedade de antígenos são: Rh > MNS > Kell;
  2. Atualmente, o sistema Rh possui 56 antígenos codificados por 2 genes.

Referências:

  1. Geoff Daniels and Imelda Bromilow. Essential Guide to Blood Groups. Third Edition. 2014. John Wiley & Sons, Ltd.
  2. https://www.isbtweb.org/fileadmin/user_upload/Table_of_blood_group_antigens_within_systems_v10.0_30-JUN-2021.pdf
52
Q

Menino, 4 anos, iniciou tratamento para neuroblastoma e necessitou de hemotransfusão após terceiro ciclo de quimioterapia. Seus pais foram voluntários para a doação de sangue. Tipagem ABO/RHD mostrada abaixo. Neste caso, qual fenômeno justifica o tipo sanguíneo do paciente?

A) Presença de anticorpo frio

B) Subgrupo de A

C) Subgrupo de B

D) Fenótipo cis-AB

A

D) FENOTIPO CIS-AB

O fenótipo cis-AB é uma causa incomum de discrepância na tipagem ABO reversa causada pela herança dos alelos A e B no MESMO cromossomo 9, quando o normal seria herdá-los em cromossomos diferentes.

Dessa maneira, ainda que o indivíduo receba o alelo responsável pelo fenótipo O de algum dos progenitores, continuará sendo tipado como AB.

Além desse fato curioso, seus antígenos A e B tem expressão mais fraca que a população geral e correspondem, na realidade, a subtipos fracos de A (semelhante ao A2) e B (semelhante ao B3).

Esse subtipo de B, por sua vez, pode produzir anticorpos anti-B, que reagem contra as demais hemácias B convencionais, mas não contra suas próprias hemácias.

No caso apresentado, portanto, o indivíduo tipado como AB é filho de pai O e mãe AB, o que poderia ser justificado pelo fenômeno cis-AB. Além disso, a reação de seu soro contra hemácias B reforça essa hipótese.

Key Points:

  1. No fenótipo cis-AB ocorre herança dos alelos responsáveis pelo tipo sanguíneo A e B no mesmo cromossomo;
  2. No fenômeno cis-AB, observa-se discrepância na prova reversa devido à presença de anti-B, consequência do subtipo fraco de B presente neste haplótipo (subtipo B3).

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
53
Q

Menina, 6 anos, portadora de anemia falciforme, internada devido AVC isquêmico. Possui bloqueio transfusional por histórico de aloimunização com anticorpo anti-RH17. Neste caso, qual fenótipo deve ser pesquisado em registro de doadores raros?

A) Somente fenótipo RH null

B) Fenótipo D– ou Dc-

C) Fenótipo D– ou RH null

D) Somente fenótipo D–

A

C) Fenótipo D– ou RH null

Alguns indivíduos podem herdar variantes do gene RHCE inativado ou parcialmente inativado, que não expressam os antígenos E/e e podem ou não ter alguma expressão de C/c.

Esses fenótipos são chamados de deletados ou parcialmente deletados e são encontrados principalmente em caucasianos com histórico de consanguinidade na família.

Muitas vezes, o antígeno D é expresso em maior quantidade, seja por não haver interferência do gene RHCE ou pela presença de sequências do próprios gene RHD dentro do locus do gene RHCE deletado.

Os fenótipos deletados mais comuns são: Dc-, DCw- e D–.

Entre eles, o fenótipo D– (lê-se “D dash dash”) é o que possui maior nível de expressão do antígeno D.

Indivíduos com esses fenótipos tem deficiência de antígenos de alta frequência do sistema RH, o que torna muito restrita a disponibilidade transfusional.

Quando são expostos a sangue de indivíduos normais, produzem o aloanticorpo anti-RH17 (anti-Hr0), que aglutina as hemácias de todos os indivíduos, com exceção daqueles que são D– homozigotos ou RH null (extremamente raro, conhecido como “golden blood”).

Key Points:

  1. Variantes delecionais do RHCE podem não expressar antígenos de alta frequência do sistema RH;
  2. O aloanticorpo anti-RH17 limita a compatibilização com sangue D– homozigoto e sangue RH null.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.
54
Q

Mulher, 72 anos, admitida para investigação de anemia. Hb 5,6 g/dl. Refere hemotransfusão há 2 anos durante cirurgia ginecológica. Na internação atual, foram solicitados 2 CH. Tipagem ABO/RHD prévia (conforme registro da agência transfusional): A positivo. Tipagem ABO/RHD atual mostrada abaixo. Neste caso, qual fenômeno justificaria a DISCREPÂNCIA observada?

A) Infecção bacteriana crônica

B) Presença de paraproteinemia

C) Presença de anticorpo frio

D) Neoplasia de trato digestivo

A

D) NEOPLASIA DE TRATO DIGESTIVO

A presença de reações fracas ou ausentes na tipagem ABO direta pode ser causada pelo EXCESSO de antígenos ABO solúveis no plasma de indivíduos portadores de tumores sólidos como adenocarcinoma de estômago ou pâncreas, capazes de produzir antígenos carboidratos semelhantes.

Nesse cenário, o excesso de antígenos solúveis pode ADSORVER os anticorpos anti-A e/ou anti-B utilizados na tipagem direta e REDUZIR a intensidade da reação contra hemácias do paciente, podendo inclusive provocar resultados FALSO NEGATIVOS.

Essa interferência pode ser eliminada lavando-se as hemácias do paciente com solução salina antes de realizar a tipagem ABO direta.

Key Points:

  1. Tumores sólidos secretores de antígenos carboidratos semelahntes aos antígenos do sistema ABO podem interferir na tipagem ABO direta;
  2. Discrepâncias na tipagem ABO direta com resultado fraco ou negativo levantam a suspeita de neoplasia oculta do trato gastrointestinal.

Referências:

  1. Harmening DM. Modern Blood Banking & Transfusion Practices. 2019.

Série Vermelha

55
Q

(DASA 2022) Paciente do sexo masculino, 52 anos, D+10 de TMO autólogo, com
suspeita de refratariedade plaquetária, superfície corpórea de 2m2, recebe um concentrado de plaquetas por aférese com
4x1011/plaquetas.
- Plaquetas pré-transfusão: 10.000
- 1h após: 40.000.
- 24h após: 15.00
Podemos suspeitar neste caso que o paciente:

(A) Não apresenta refratariedade plaquetária.
(B) Apresenta refratariedade imune, mas não apresenta refratariedade não-imune.
C) Apresenta refratariedade imune e não-imune.
(D) Não apresenta refratariedade imune, mas apresenta refratariedade não-imune.

A

O diagnóstico de refratariedade plaquetária vai ser definido através do calculo de incremento plaquetário e definição de incremento insuficiente. Pode ocorrer por mecanismos imunes ou por consumo das plaquetas transfundidas. Nesse raciocínio, devemos realizar o calculo do incremento 1h e 24h após a transfusão.
Caso haja aumento das plaquetas em 1h e perda do incremento em 24h, ocorreu consumo durante esse período.
Caso não haja aumento desde o primeiro momento, provavelmente algum mecanismo imune esteja destruindo as plaquetas recebidas imediatamente após a transfusão.
Dentre as causas mais comuns, os mecanismos não imunes compreendem 70% das etiologias, sendo os 30% restantes de causa imune por anticorpos anti-HLA e anti-HPA.

O calculo do incremento deve ser feito com a seguinte formula:
CCI = SC x IP x 1011 / N plaquetas
- Em geral um concentrado de plaquetas possui 5,5 x 1010 e a unidade de plaquetas por aférese possui 3x1010 plaquetas

A) IMUNE
- CCI1h < 5x109 + Anticorpo positivo

B) NÃO IMUNE
- CCI24h < 5x109

No caso do paciente em questão:
- CCI 1h = 15 (eficaz)
- CCI 24h = 2,5 (ineficaz)

Trata-se portanto de um paciente com REFRATARIEDADE NÃO IMUNE (LETRA D CORRETA)

56
Q

Qual a fórmula do calculo do incremento plaquetário corrigido?

A

O calculo do incremento deve ser feito com a seguinte formula:
CCI = SC x IP x 1011 / N plaquetas
- Em geral um concentrado de plaquetas possui 5,5 x 1010 e a unidade de plaquetas por aférese possui 3x1010 plaquetas

A) IMUNE
- CCI1h < 5x109 + Anticorpo positivo

B) NÃO IMUNE
- CCI24h < 5x109

57
Q

(DASA 2022) Paciente de 78 anos, com diagnóstico de SMD e Hb 7,5 g/dl, recebe 2CH e durante a transfusão da segunda unidade apresenta dispneia, taquicardia, hipertensão arterial e crepitação em bases de pulmão. Qual alternativa abaixo contém os exames complementares mais apropriados para diagnosticar a causa da reação
transfusional adversa?

(A) BNP, RX de tórax e ecocardiograma.
(B) Rx de tórax, hemocultura do paciente e da unidade transfundida e haptoglobina.
(C) Haptoglobina, DHL e bilirrubinas.
(D) Pesquisa de anticorpos anti-HLA e HNA, BNP e hemoculturas do paciente e da unidade transfundida.

A

(A) BNP, RX de tórax e ecocardiograma

Trata-se de uma questão que aborda reações transfusionais. O paciente em questão é idoso apresenta queixas respiratórias, taquicardia e hipertensão após a segunda bolsa. Dentre as reações transfusionais com repercussão pulmonar, a mais prevalente é a sobrecarga volemica (TACO). Ocorre em pacientes que já possuem alguma dificuldade em distribuição volemica com desencadeamento de edema pulmonar pelo volume adicional recebido. Isso fica mais claro quando percebemos que a reação ocorre apenas após a segunda bolsa. Exames que ajudam no diagnóstico diferencial nesse contexto incluem:
- Radiografia de tórax
- USG pulmonar
- ECOTT
- BNP
(LETRA A CORRETA)

O diferencial com outras causas de reação com repercussão pulmonar pode incluir TRALI (que se apresentaria com hipotensão pela resposta inflamatória) ou até anafilaxia (que teria outros sintomas associados).

As outras alternativas incluem exames importantes no contexto de reação febril e necessidade de descartar hemólise ou contaminação bacteriana.

58
Q

(DASA 2022) No caso de uma reação transfusional febril, várias medidas devem ser tomadas, exceto:

(A) Buscar erros na identificação das bolsas e do paciente.
(B) Repetir os exames pré-transfusionais, usando amostras pré e pós-transfusionais.
(C) Inspeção visual do plasma ou soro das amostras pós transfusionais do receptor para detecção de hemólise.
(D) Reinfundir o mesmo hemocomponente no paciente, se a reação foi muito leve e revertida.

A

(D) Reinfundir o mesmo hemocomponente no paciente, se a reação foi muito leve e revertida

A conduta adequada frente a um paciente com reação transfusional febril inclui interromper imediatamente a transfusão, manter o acesso e avaliar sinais vitais e outros possíveis sintomas, com introdução de terapia de suporte. Obviamente, deve-se confirmar que o hemocomponente certo foi administrado na pessoa correta (LETRA A CORRETA).

Na avaliação da causa e diagnóstico diferencial, a bolsa e o equipo devem ser enviados ao laboratório do banco de sangue em conjunto com uma amostra pós transfusional do paciente para repetir testes imuno-hematológicos e cultura do material. Os testes imuno-hematológicos são importantes para detectar a presença de aloimunização e presença de anticorpos que justifiquem um quadro de hemólise (LETRA B CORRETA). Outras formas de suspeitar de hémolise incluem a clinica do paciente, podendo se apresentar com dores ósseas, hemoglobinuria ou alteração de coloração do plasma. No entanto, isso não substitui os testes imuno-hematológicos (LETRA C CORRETA).

Uma vez confirmada a reação transfusional e estando o paciente estável, a depender do tipo de reação, a bolsa pode voltar a ser instalada no paciente, desde que respeitado o tempo de 4h desde a abertura do sistema. Isso ocorre mais frequentemente em pacientes com reações alérgicas ou TACO por exemplo. No entanto, em reações febris, a bolsa e o equipo irão para análise e não deve voltar a ser infundido o mesmo concentrado (LETRA D INCORRETA)

59
Q

(DASA 2022) Selecione a opção INCORRETA em relação à doação de granulócitos por aférese:

(A) Deve ter hemograma prévio à doação com leucometria > 5000/mm3.
(B) Candidato deve ter acesso venoso de bom calibre bilateral.
(C) A granulocitaférese pode ser realizada em até 72h antes da transfusão no receptor, desde que a unidade seja armazenada em
temperatura de 2 a 6ºC.
(D) A administração de G-CSF (300 mcg /sc) e 8mg dexametasona via oral aproximadamente 12h antes da aférese possibilita uma coleta de dose maior de granulócitos, comparada à administração de dexametasona isoladamente.

A

(C) A granulocitaférese pode ser realizada em até 72h antes da transfusão no receptor, desde que a unidade seja armazenada em
temperatura de 2 a 6ºC

A coleta de granulócitos deve ser realizada de acordo com o protocolo especialmente elaborado pelo serviço, sendo permitida utilização de G-CSF e/ou corticosteroides nos doadores. O procedimento poderá ser realizado apenas se contagem de leucócitos em SP do doador for maior que 5.000 (LETRA A CORRETA)

Após a indicação é necessário 3-5 dias em media para preparar os doadores, geralmente familiares ou amigos dos pacientes, que não devem ser consanguíneos no caso de pacientes candidatos TMO. Doadores precisam sabidamente ser portadores de acesso venoso calibroso e sorologias negativas (LETRA B CORRETA).

O G-CSF 5-6 microgramas/kg (300-600 microgramas) SC, associado ou não a dexametasona 8mg VO, administrado 8-12h antes do procedimento, possibilita coleta de até 5-8 x 1010 granulócitos, numero ideal para resultados satisfatórios (LETRA D CORRETA)

Após a coleta de granulócitos, a bolsa deve ser armazenada em repouso, sem agitação, em temperatura de até 22 graus C +/- 2. Recomenda-se que a transfusão seja feita o quanto antes, em até 24h (LETRA C INCORRETA).

60
Q

(UNIFESP TMO 2022) Assinale V ou F

( ) Entre as reações transfusionais agudas, as mais comuns são: alérgica, febril não hemolítica e púrpura pós transfusional.
( )TRALI ocorre mais frequentemente associada a anticorpos presentes no produto transfundido, portanto fator ligado ao doador, sendo baixo o risco de recorrência em um mesmo paciente.
( ) A resposta ao diurético é uma forma de diferenciar TRALI e TACO, sendo que apenas a segunda apresenta resposta satisfatória. TRALI, apesar de grave, apresenta melhora espontânea gradual após cerca de 48-96h.
( ) Após qualquer reação transfusional aguda, a bolsa deve ser interrompida e descartada no banco de sangue.
( ) Reações transfusionais hemolíticas agudas são sempre mediadas por anticorpos
( ) A hemocromatose secundária a transfusão sanguínea pode cursar com depósito de ferro hepático, porém não cardíaco, sendo esse característico da hemocromatose primária.

Qual é a alternativa correta?
(A) FFFVVV
(B) VFVFVF
(C) FVVFVF
(D) FVVFFF

A

(D) FVVFFF

61
Q

(AC 2023) Paciente de 54 anos, TS A-, procura atendimento médico por sangramento intestinal volumoso. Refere ser portadora da síndrome de Bernard-Soulier. Ela apresenta Hb: 6,8g/dL e Plaquetas: 11.000.
Nesse caso, com relação à indicação de transfusão de plaquetas, a opção ideal seria utilizar um concentrado de plaquetas:

(A) Randômicas B+ Rh+.
(B) Randômicas A+ Rh-.
(C) Aférese A+ Rh-.
(D) Aférese apenas com compatibilidade ABO.
(E) De doadora nulípara.

A

(C) Aférese A+ Rh-

Trata-se de um paciente com necessidade de transfusão de plaquetas e a questão pergunta sobre qual a melhor estratégia e produto para doação.
As plaquetas possuem na sua superfície antígenos ABO, HLA e HPA. Idealmente a transfusão de plaquetas deve ser realizada com doador ABO compatível e não pelo risco de hemólise, pela baixa carga eritrocitária no produto, mas sim pela possibilidade de baixo incremento plaquetário. Tanto que para avaliarmos a possibilidade de refratariedade plaquetária, é necessário que tenha um CCI insuficiente em duas transfusões de plaquetas ABO compatíveis. O ideal também é que sejam plaquetas de doador unico por aférese.

A duvida fica em relação ao antígeno Rh, já que as plaquetas não possuem esse antígeno. Idealmente deve ser feito a transfusão de concentrado Rh compatível, principalmente em receptores Rh-, pelo risco de uma pequena contaminação eritrocitária e aloimunização contra antígenos Rh. Essa preocupação não se sustenta como argumento para ABO compatível pois os anticorpos anti-A e anti-B são naturais, já existindo sem necessidade de exposição prévia.

62
Q

(AC 2023) Assinale a alternativa que apresenta uma situação em que há a indicação de uso de concentrado de hemácias lavadas:

(A) Pacientes em QT
(B) Pacientes em programação de TMO ou em pós-TMO
(C) Prevenção de aloimunização
(D) Receptor que seja parente em primeiro grau
(E) Deficiência de IgA

A

(E) Deficiência de IgA

Apesar de ser a única resposta possível eu não concordo com esse gabarito.

A transfusão com componentes lavados tem o objetivo a redução de conteúdo plasmático, principalmente com o objetivo de prevenir reações alérgicas graves (anafilaxia) através da diminuição da carga proteica (que geralmente são os antígenos que desencadeiam a reação de hipersensibilidade tipoI).
No entanto, a principal indicação é de transfundir componentes lavados para prevenção de eventos em pacientes que já tiveram reações mais graves. Alguns autores orientam lavar os concentrados em pacientes que já apresentaram duas ou mais vezes eventos alérgicos, mesmo que mais brandos. Devemos indicar corretamente esses componentes pois demandam manipulação do produto, com possível perda de componente eritrocitário e plaquetário.

Em pacientes que já apresentaram uma reação alérgica grave, está indicada a pesquisa de deficiencia de IgA no paciente. Pacientes que são pobres em IgA quando recebem sangue com níveis mais altos dessas imunoglobulina acabam se sensibilizando e podendo este ser o antígeno causador da reação. Nesses casos, indica-se transfusão de produtos de doadores também pobres em IgA.

No entanto, a deficiencia de IgA a imunodeficiencia mais comum, e nem sempre os pacientes com deficiencia vão apresentar repercussão transfusional. Dessa forma, não existe indicação de lavar os produtos de todos os pacientes com deficiencia de IgA, mas apenas nos que já apresentaram reações alérgicas

63
Q
A
64
Q

(DASA TMO 2021) Homem, 60 anos, portador de SMD. Internado para tratamento de pneumonia da comunidade, evolui com aparecimento de quatro lesões urticariformes, pequenas, em MID após a instalação de concentrado de plaquetas por aférese. Com relação à conduta a ser tomada a seguir, assinale a alternativa correta:

(A) Suspender a transfusão, medicar o paciente com anti-histamínicos até remissão do quadro, a seguir reinstalar a bolsa.
(B) Suspender a transfusão, medicar o paciente com corticosteróides e devolver a unidade de plaquetas ao banco de sangue para reavaliação.
(C) Manter a transfusão, aumentar a velocidade de gotejamento da bolsa e medicar com anti-histamínicos.
(D) Manter a transfusão, pois se trata de reação alérgica deflagrada pela antibioticoterapia.

A

(A) Suspender a transfusão, medicar o paciente com anti-histamínicos até remissão do quadro, a seguir reinstalar a bolsa

65
Q

(DASA TMO 2021) Sobre reações transfusionais, é INCORRETO afirmar:

(A) Após uma primeira reação urticariforme, recomenda-se, cerca de uma hora antes de iniciar a transfusão das próximas unidades de sangue, a pré-medicação com anti-histamínico e/ou corticosteroide. Após duas ou mais reações, iniciar com hemácias lavadas. Os filtros de remoção de leucócitos nestes casos são ineficientes, pois, não retêm proteínas plasmáticas.
(B) Na reação urticariforme deve-se considerar a possibilidade de reiniciar a transfusão de sangue, não ultrapassando o prazo máximo de 4 horas a contar do início da infusão.
(C) Em casos de reações febris, deve-se interromper a transfusão imediatamente e após resolução dos sintomas e medicação com antitérmicos o hemocomponente pode ser reinfundido no paciente.
(D) As provas pré-transfusionais devem ser repetidas com as amostras pré e pós-transfusionais.

A

(C) Em casos de reações febris, deve-se interromper a transfusão imediatamente e após resolução dos sintomas e medicação com antitérmicos o hemocomponente pode ser reinfundido no paciente

66
Q

Quais são as indicações de aférese terapeutica categoria I?

A

PTT e Hiperviscosidade (MW/MM)

Categoria I: Indicação aceitável em primeira linha com estudos desenvolvidos que garantem o seu benefício
- PTT
- Hiperviscosida

Categoria II: Indicação aceitável para tratamento de suporte
- Incompatibilidade ABO no TMO

Categoria III: Indicação duvidosa
- Púrpura pós transfusional
- Lesão renal aguda no MM
- Hemofilia adquirida (inibidor)
- AHAI
- Doença das crioaglutininas

Categoria IV: Sem indicação

67
Q

Qual o tempo de validade de um hemocomponente após irradiação?

A

A irradiação de concentrado de hemácias produz alterações nas células levando a uma redução de sua viabilidade. Inúmeros estudos demonstraram redução na taxa de recuperação de hemácias irradiadas em relação a não irradiadas após 24h da infusão. Além disso, as hemácias irradiadas passam por alterações metabólicas, sendo a mais importante a liberação de K.

Tendo isso em vista o FDA estabelece o período de estocagem máxima de 28 dias para CH após a irradiação, independente do dia de estocagem que o procedimento de irradiação foi feito.

A irradiação parece não afetar plaquetas. Os concentrados de plaquetas irradiados estocados em condições padrão entre 20-24 graus apresentam as mesmas propriedades dos concentrados não irradiados e seu tempo de armazenamento deve ser o mesmo/

68
Q

Cite 3 causas de inaptidão definitiva e temporária para doação de sangue

A

DEFINITIVA
(A) COMPORTAMENTO RISCO
- Alcoolismo crônico com sequelas
- Uso de drogas ilícitas injetáveis

(B) CIRURGIAS E PROCEDIMENTOS
- Cirurgia cardíaca, gastrectomia total, pneumectomia, lobectomia, esplenectomia não traumática

(C) COMORBIDADES
- Convulsão em tratamento
- DM insulino dependente ou com lesões em orgão alvo
- AVE
- Câncer (excero basocelular e cervical in situ)
- Doenças autoimunes
- Doenças cardiovasculares, pulmonares, gástricas e neurológicas graves
- DRC

(D) DOENÇAS INFECCIOSAS
- Chagas, Hanseniase, HIV, leishmaniose
- Creutzfeuldt-Jakob
- Hepatite viral
- Plasmodium malariae

(E) DOENÇAS HEMATOLÓGICAS
- Doenças hemorrágicas congenitas ou adquiridas

TEMPORÁRIAS
(A) COMPORTAMENTO RISCO
- Alcoolismo agudo - Depois de 12h
- Anabolizante sem prescrição médica < 12 meses
- Anabolizante com prescrição médica < 6 meses
- Piercing oral/genital em uso ou retirado < 12 meses
- Uso de crack/cocaína nasal < 12 meses
- Uso de maconha < 12h
- DST < 12 meses
- Acidente com material biológico < 12 meses

(B) CIRURGIAS E PROCEDIMENTOS
- Cirurgia de pequeno porte < 3 meses
- Cirurgia médio porte < 6 meses
- Cirurgia grande porte < 12 meses
- Procedimento endoscópico < 6 meses
- Limpeza dentária < 3 dias

(C) COMORBIDADES
- Alergia em atividade
- Dengue < 4 semanas
- Dengue hemorrágica < 6 meses
- Zika e chikungunya < 30 dias

(D) DOENÇAS INFECCIOSAS
- Resfriado comum < 7 dias
- Diarreia < 7 dias
- Gripe ou diarreia com febre < 15 dias
- Herpes oral ou genital em atividade
- Outros plasmodium que não malariae (< 12 meses)

(E) GESTAÇÃO
- Parto ou aborto < 12 meses
- Lactação < 12 meses parto

(F) MEDICAÇÕES
- AAS < 3 dias para doação plaquetas
- BBloqueador < 48 horas
- Antibióticos < 15 dias
- Finasterida < 30 dias
- Isotretinoína < 30 dias

69
Q

QUAL A FREQUENCIA MÁXIMA PERMITIDA DE DOAÇÃO DE SANGUE TOTAL?

A

Homens 4x ao ano com intervalo de pelo menos 2 meses entre elas
Mulheres 3x ao ano com intervalo de pelo menos 3 meses entre elas

70
Q

Homem, 22 anos, comparece ao hemocentro para doação de sangue. Refere ter realizado EDA há 2 meses, na qual foi diagnosticada DRGE. Neste caso, qual a orientação em relação à doação de sangue?

(A) Considerar doador inapto temporário por 6 meses
(B) Considerar doador inapto definitivo
(C) Considerar doador inapto temporário por 3 meses
(D) Procedimentos endoscópicos não interferem na doação de sangue

A

(A) Considerar doador inapto temporário por 6 meses

Na entrevista para avaliação do potencial doador de sangue, devem ser observadas as seguintes recomendações quanto ao histórico de cirurgias e procedimentos invasivos:

  • O candidato submetido a cirurgia deve ser considerado inapto por tempo variável de acordo com o porte do procedimento e a evolução clínica;
  • O candidato submetido a procedimento odontológico deve ser considerado inapto por tempo variável de acordo com o procedimento e a evolução clínica.
  • Qualquer procedimento endoscópico leva a uma INAPTIDÃO TEMPORÁRIA à doação de sangue por 6 meses

Key Points

1. Deve-se aguardar intervalo de 6 meses após qualquer procedimento endoscópico e a doação de sangue.

Referências:

  1. Portaria de Consolidação nº05. Ministério da Saúde. 2017.
71
Q

Dentre os antígenos de maior interesse do sistema MNS, qual apresenta MENOR probabilidade de aloimunização?

(A) s
(B) N
(C) M
(D) S

A

(B) N

O antígeno N está presente na molécula de glicoforina A e constitui par antitético do antígeno M.

Entretanto, existe um outro antígeno de ALTA frequência reconhecido como N’ que está localizado na molécula de glicoforina B e pode ser identificado na grande maioria dos indivíduos, mesmo naqueles que não expressam o antígeno N.

Como a estrutura do antígeno N’ é muito SEMELHANTE ao antígeno N, a probabilidade de aloimunização com formação de anti-N de relevância clínica (ou seja, anticorpo QUENTE do tipo IgG) em indivíduos com fenótipo N negativo é extremamente BAIXA.

Nos casos em que se identifica aloanticorpo anti-N clinicamente significativo, deve-se suspeitar de VARIANTE do gene da glicoforina B, com risco adicional de formação de outros aloanticorpos contra antígenos de alta frequência do sistema MNS.

Key Points:

  1. O antígeno N habitualmente não provoca aloimunização com formação de anticorpos clinicamente significativos, porque existe um antígeno de alta frequência conhecido como N’ cuja estrutura terciária é extremamente semelhante.

Referências:

  1. Shaz BH, et al. MNS and Duffy Blood Group Systems. Transfusion Medicine and Hemostasis: Clinical and Laboratory Aspects. 2009.