ANEMIAS Flashcards

1
Q

Menino, 8 anos, encaminhado para investigação de anemia desde o nascimento, sem necessidade transfusional. Mãe relata histórico de icterícia neonatal precoce e necessidade de fototerapia no 2º dia de vida. Pais e irmãos hígidos. Hb 7,8 g/dl, VCM 92, contagem de reticulócitos 488 mil/mm³, bilirrubina indireta 3,4 mg/dl, LDH 150 UI/L, Coombs direto negativo e ferritina 850 ng/ml. Esfregaço de sangue periférico mostrado abaixo. Neste caso, qual das opções abaixo representa a melhor hipótese diagnóstica?

A) Doença da hemoglobina H

B) Deficiência de piruvato quinase

C) Deficiência de G6PD

D) Esferocitose hereditária

A

DEFICIENCIA DE PIRUVATO QUINASE

A deficiência de PIRUVATO QUINASE (PK) é a deficiência enzimática eritrocitária associada a HEMÓLISE CRÔNICA mais comum.

Tem padrão de herança autossômico recessivo.

A enzima piruvato quinase é importante para o METABOLISMO ENERGÉTICO (geração de ATP), representando a enzima TERMINAL da via glicolítica.

Sua deficiência provoca AUMENTO de metabólitos intermediários da via, incluindo acúmulo de 2,3 difosfoglicerato, o que REDUZ a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio e FAVORECE o delivery de oxigênio por unidade de hemoglobina disponível. Dessa forma, observa-se tolerância desproporcional ao grau de anemia presente.

O mecanismo de hemólise ainda é indeterminado e ocorre predominantemente via extravascular.

Portanto, muitos indivíduos apresenta LDH NORMAL associado a elevação importante dos níveis de bilirrubina indireta.

Também pode haver SOBRECARGA DE FERRO devido a eritropoese ineficaz e ação da ERITROFERRONA.

A maioria dos pacientes apresenta anemia de gravidade variável (sendo que 80% tem necessidade transfusional ao longo da vida), ICTERÍCIA NEONATAL, esplenomegalia de tamanho variável, colelitíase e osteoporose precoce.

Muitas vezes, os pacientes são submetidos a esplenectomia para tratamento da anemia, com boa resposta clínica.

Laboratorialmente, observamos anemia normocítica, aumento da contagem de reticulócitos e morfologia eritrocitária normal no esfregaço de sangue periférico.

Referências:

  1. Prchal JT. Pyruvate kinase deficiency. Uptodate. 2020.
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2
Q

Qual o tipo de anemia hemolítica hereditária provocada por deficiência enzimática MAIS comum?

A) Deficiência de G6PD

B) Deficiência de glutationa sintetase

C) Deficiência de 6-fosfogluconato desidrogenase

D) Deficiência de piruvato quinase

A

A deficiência enzimática eritrocitária MAIS comum é a deficiência de G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase), que se manifesta como hemólise EPISÓDICA em situações de estresse oxidativo.

Em segundo lugar em relação à incidência, porém muito menos frequente, temos a deficiência de PIRUVATO QUINASE, que se manifesta clinicamente como HEMÓLISE CRÔNICA predominantemente EXTRAVASCULAR.

Outros tipos de deficiência enzimática são extremamente raros.

A deficiência de glutationa sintetase, por exemplo, pode se manifestar como hemólise crônica e icterícia isolada ou como sindrome sistêmica associada a acidose metabólica e retardo cognitivo.

Já a deficiência de 6-fosfogluconato desidrogenase geralmente não apresenta significado clínico e não está associada a hemólise, porque a atividade da G6PD normal compensa sua deficiência na geração de NADPH dentro da hemácia.

Key Points:

  1. A deficiência de G6PD é a principal deficiência enzimática eritrocitária e se manifesta com hemólise episódica precipitada por exposição a agentes oxidantes.

Referências:

  1. Glader B. Disorders of the hexose monophosphate shunt and glutathione metabolism other than glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency. Uptodate. 2020.
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3
Q

Homem, 22 anos, natural do Congo, portador de anemia falciforme, sem complicações crônicas, refere episódio único de crise vasooclusiva no ano anterior, sem necessidade de atendimento médico. Comparece para primeira consulta após mudar-se para o Brasil junto com sua família, incluindo filha de 11 meses, também portadora de anemia falciforme, sem histórico de complicações. Ambos fazem suplementação semanal com ácido fólico e a criança recebe profilaxia primária com penicilina V oral desde os 6 meses de idade. Neste caso, qual a melhor recomendação em relação ao uso de Hidroxiuréia?

A) Recomendar Hidroxiureia somente para a criança

B) Recomendar Hidroxiureia somente para o adulto

C) Não recomendar Hidroxiureia para nenhum dos pacientes

D) Recomendar Hidroxiureia para ambos os pacientes

A

A) RECOMENDAR HU APENAS PARA A CRIANÇA

O estudo randomizado “Pediatric Hydroxyurea in Sickle Cell Anemia”, conhecido como BABY HUG TRIAL, identificou benefício na introdução precoce de Hidroxiureia na dose de 20 mg/kg/dia em crianças portadoras de anemia falciforme ASSINTOMÁTICAS, com idade entre 9 e 18 meses.

No grupo que recebeu a medicação, observou-se menor incidência de crises álgicas e dactilite, assim como tendência a menor incidência de síndrome torácica aguda e necessidade de internação hospitalar.

Baseado nisso, recomenda-se introdução de Hidroxiureia, na apresentação líquida, para todas as crianças diagnosticadas com anemia falciforme (SS ou S-beta zero talassemia) a partir dos 9 meses de idade, podendo-se antecipar para 6 meses de idade conforme avaliação clínica.

Para adultos, entretanto, não existem dados na literatura com a mesma qualidade que justifiquem o uso de Hidroxiureia em pacientes assintomáticos. Nesse caso, portanto, deve-se reservar a medicação para pacientes com complicações da doença.

Na portaria do SUS, porém, NÃO está previsto o uso universal de Hidroxiureia para a população pediátrica, o que limita a disponibilidade da mesma mesmo havendo evidência de benefício na literatura.

Key Points:

  1. Recomenda-se o uso de Hidroxiureia para todas as crianças portadoras de anemia falciforme a partir dos 9 a 18 meses de idade;

Referências:

  1. Wang WC, et al. Hydroxycarbamide in very young children with sickle-cell anaemia: a multicentre, randomised, controlled trial (BABY HUG). The Lancet. 2011.
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4
Q

Qual o MECANISMO de ação do Crizanlizumab?

A) Inibição do BCL11A

B) Inibição da L-selectina

C) Inibição da P-selectina

D) Regeneração da Glutationa

A

C) INIBIÇÃO DA P-SELECTINA

Crizanlizumab (nome comercial Adakveo®) é um anticorpo monoclonal recentemente aprovado para o tratamento de anemia falciforme e deve ser administrado por via endovenosa com intervalo de 2 semanas nas primeiras duas infusões e, posteriormente, mensal.

Seu mecanismo de ação é baseado na INIBIÇÃO da molécula P-selectina, reduzindo o fenômeno de adesão entre o endotélio ativado pela inflamação sistêmica e os componentes celulares do sangue (glóbulos brancos, plaquetas e hemácias), essencial para a vasooclusão juntamente com as hemácias falcizadas.

Como efeito terapêutico, o Crizanlizumab é capaz de reduzir a frequência de CRISES VASOOCLUSIVAS em pacientes refratários ou intolerantes à Hidroxiureia.

Deve ser recomendado somente como PROFILAXIA SECUNDÁRIA, uma vez que ainda não tem papel estabelecido no tratamento da crise álgica já instalada.

Key Points:

  1. O Crizanlizumab é um anticorpo monoclonal que inibe a P-selectina e reduz a adesão endotelial na doença falciforme;
  2. Está indicado para profilaxia secundária em pacientes refratários ou intolerantes à Hidroxiureia.

Referências:

  1. https://www.centerwatch.com/directories/1067-fda-approved-drugs/listing/4558-adakveo-crizanlizumab-tmca
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5
Q

Qual das terapias disponíveis para tratamento de anemia falciforme atuam diretamente sobre o processo de ADESÃO endotelial?

A) Crizanlizumab

B) L-glutamina

C) Terapia gênica (alvo BCL11A)

D) Voxelotor

A

A) CRIZANLIZUMAB

Até pouco tempo, a HIDROXIUREIA era o único tratamento disponível para anemia falciforme. Seus efeitos são pleiotrópicos e auxiliam no controle de múltiplos mecanismos da doença.

Atuando sobre a enzima RIBONUCLEOTÍDEO REDUTASE, a Hidroxiureia dificulta a síntese de bases nitrogenadas e impede a progressão no ciclo celular além da fase G1/S, causando um estado de anemia megaloblástica induzida por droga.

Esse fenômeno ativa genes relacionados à hematopoese de estresse, incluindo upregulation do gene da HEMOGLOBINA FETAL, cuja concentração aumenta no citoplasma do eritrócito e dificulta a polimerização da hemoglobina S.

Além disso, a Hidroxiureia provoca MACROCITOSE, o que se traduz em maior hidratação da hemácia e menor concentração de hemoglobina S em seu interior.

A Hidroxiureia também aumenta a síntese de ÓXIDO NÍTRICO pelo endotélio e promove CITORREDUÇÃO de leucócitos e plaquetas, que também contribuem para o estado inflamatório crônico e participam do processo de vasooclusão.

Em seguida, foi aprovado pelo FDA o tratamento com L-GLUTAMINA (Endari®), disponível como pó e administrado por via ORAL e utilizado para PROFILAXIA de CRISES VASOOCLUSIVAS. Trata-se de um AMINOÁCIDO necessário para a regeneração do complexo GLUTATIONA, importante no controle do estresse oxidativo eritrocitário.

Em sequência, foi aprovado pelo FDA o tratamento com o Voxelotor (Oxbryta®), disponível por via oral e com efeito de INIBIÇÃO direita da POLIMERIZAÇÃO da hemoglobina S, traduzindo-se em AUMENTO nos níveis de HEMOGLOBINA por redução da hemólise.

O Crizanlizumab (Adakveo®) é um anticorpo monoclonal e foi aprovado no mesmo período que o Voxelotor. Está disponível por via endovenosa e deve ser infundido a cada 2 a 4 semanas conforme a fase do tratamento. Atua bloqueando a P-selectina, molécula necessária para adesão entre o endotélio e as células circulantes (leucócitos, plaquetas e hemácias), importantes no processo de vasooclusão. Está indicado para PROFILAXIA de CRISES VASOOCLUSIVAS.

Por último, temos a terapia gênica com DOWNREGULATION do gene BCL11A, repressor natural do gene da hemoglobina fetal.

Key Points:

  1. O Crizanlizumab (Adakveo®) é um anticorpo monoclonal administrado por via endovenosa a cada 2 semanas por 2 doses e depois, a cada 4 semanas por tempo indeterminado;
  2. Inibe a função da P-selectina, importante para a adesão de leucócitos, plaquetas e hemácias ao endotélio, e reduz a incidência de crises vasooclusivas.

Referências:

  1. https://www.centerwatch.com/directories/1067-fda-approved-drugs/listing/4558-adakveo-crizanlizumab-tmca
  2. https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03947879
  3. https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-approves-novel-treatment-target-abnormality-sickle-cell-disease
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6
Q

Homem, 19 anos, assintomático, foi diagnosticado com anemia durante exame admissional. Hb 8,8 g/dl e VCM 64. Exame físico identificou icterícia leve e esplenomegalia discreta. Resultado de estudo de hemoglobina por cromatografia líquida de alta performance mostrado abaixo. Neste caso, qual a principal hipótese diagnóstica?

A) Hemoglobina C homozigótica

B) S-beta+ talassemia

C) Doença da hemoglobina H

D) B talassemia minor

A

C) DOENÇA DA HEMOGLOBINA H

O estudo de hemoglobina por cromatografia líquida de alta performance identificou pico PRECOCE, caracterizando provável hemoglobina H (HbH), variante da alfa talassemia em que há perda de 3/4 dos alelos do gene da cadeia alfa da hemoglobina, configurando o haplótipo –/-α.

O quadro clínico tem gravidade variável, desde indivíduos assintomáticos até dependência de transfusão crônica.

O hemograma apresenta anemia e microcitose acentuada.

É comum alteração das provas de hemólise e identificação de esplenomegalia no exame físico.

Por consequência da hematopoese ineficaz, há aumento da produção do hormônio ERITROFERRONA pela medula óssea, o que provoca MAIOR absorção intestinal de ferro, independente do estoque ou atuação da hepcidina.

Por isso, é possível haver sobrecarga de ferro mesmo em pacientes sem histórico de hemotransfusão prévia.

É frequente a necessidade de suporte transfusional em situações de estresse, como infecções graves e crise aplástica (por infecção do parvovírus B19).

Pacientes portadores de doença da hemoglobina H tem incidência aumentada de úlceras em membros inferiores por mecanismos ainda pouco definidos.

Key Points:

  1. A doença da hemoglobina H é uma variante da alfa talassemia com haplótipo –/-α;
  2. A gravidade é variável, podendo haver necessidade transfusional, sobrecarga de ferro e úlceras em membros inferiores.

Referências:

  1. https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Lng=PT&Expert=846
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7
Q

(DASA PROVA 2023) Em relação ao esfregaço de sangue periférico. Descreva o achado e cite duas doenças que podem levar a esse achado:

A

Gabarito:
Mushroom / célula em cogumelo
Anemia desiretropoietica congenita, esferocitose hereditária, CIVD, SHU, PTT, MAT, COVID

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8
Q

(HIAE 2021) O diagnóstico mais provável de criança que apresenta:
- HbA1: 0%
- HbA2: 5%
- HbS: 75%
- HbF: 20%

(A) Traço falciforme/α talassemia.
(B) Traço falciforme.
(C) Doença da hemoglobina SC.
(D) Traço falciforme/β+ talassemia.
(E) Traço falciforme/β0 talassemia.

A

(E) Traço falciforme/β0 talassemia

Questão difícil!

LETRA A INCORRETA: Poderia muito bem ser a resposta, pois o paciente apresentaria HbA2, HbF e HbS, mas em geral apresentaria HbA2 em níveis normais (2-3%) e geralmente com níveis mais baixos de HbS.

LETRA B INCORRETA: O traço falciforme ocorre quando o paciente tem heterozigose no gene da anemia falciforme. Vai ser caracterizado por HbS< 50%. Geralmente o paciente apresenta HbF dentro do normal

LETRA C INCORRETA: Hemoglobinaopatia SC teria evidencia de HbC

LETRA D INCORRETA: Apresentaria HbA presente em baixas quantidades.

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9
Q

(HIAE 2021) NÃO é característica de sequestro esplênico em doença falciforme:

(A) Queda de 2 pontos de Hb em relação ao basal.
(B) Mais comum em crianças.
(C) Pode ocorrer em adultos com S-beta-talassemia.
(D) Reticulopenia.
(E) Trombocitopenia.

A

(D) Reticulopenia.

A crise de sequestro esplênico é uma complicação potencialmente fatal de anemia falciforme caracterizada por queda aguda de hemoglobina (tipicamente 2 ou mais pontos), apesar de manter marcada RETICULOCITOSE - LETRA A CORRETA e LETRA D INCORRETA.

Ela tipicamente ocorre em indivíduos cujo baço não se tornou fibrótico por infarto esplênico de repetição. É mais comum de ocorrer em crianças pequenas com HbSS ou SB0 talassemia. No entanto, crianças e adultos com alguma atividade esplênica residual com alguma hemoglobinopatias variante (HbSC ou SB+ talassemia) também possam ser acometidos. - LETRA B e C CORRETAS.

Esses pacientes tem uma alta mortalidade (10-15%), já que o aumento do baço pode levar a uma hipovolemia relativa e choque hipovolêmico, sendo indicado transfusão imediatamente.

LETRA E CORRETA - Pelo aumento do tamanho e função do baço, pode-se esperar sequestro de plaquetas no baço e esplenomegalia.

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10
Q

(HIAE 2021) NÃO é causa de anemia macrocítica:

(A) Doença da hemoglobina E.
(B) Anemia hemolítica com reticulocitose.
(C) Anemia por deficiência de vitamina B12.
(D) Uso de hidroxiureia.
(E) Uso de terapias antirretrovirais.

A

(A) Doença da hemoglobina E

A hemoglobina (Hb) E é a 3ª hemoglobina mais prevalente no mundo todo (depois da Hb A e Hb S). Ocorre primariamente no sudeste asiático (> 15% de incidência da doença homozigótica), embora raramente nas populações de origem chinesa. Pacientes heterozigotos (Hb AE) são assintomáticos. Os pacientes heterozigotos para a Hb E e betatalassemia têm doença hemolítica mais grave do que a talassemia beta de hemoglobina S ou doença homozigótica da Hb E, e costumam ter esplenomegalia.

Em pacientes heterozigotos (Hb AE), há MICROCITOSE sem anemia, e pode-se observar células-alvo no esfregaço de sangue periférico. Em pacientes homozigotos, há uma anemia MICROCÍTICA leve com células-alvo proeminentes.

O diagnóstico de doença de hemoglobina E é feito pela eletroforese de hemoglobina.

Quanto a letra E, alguns antirretrovirais podem levar a quadro de anemia com macrocitose e outras alterações megalobalstoides (lamivudina/zidovudina)

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11
Q

(HIAE 2021) Na anemia falcifome, a preconização de conduta frente à crise de síndrome torácica aguda é:

(A) Hiper-hidratação agressiva com hipervolemia.
(B) Transfusão de concentrado de hemácias a fim de reduzir o nível de HbS abaixo de 20%.
(C) Uso de antibioticoterapia, já que aproximadamente 1/3 dos quadros apresentam pneumonia bacteriana associada.
(D) Anticoagulação plena até quadro de tromboembolismo venoso ser descartado.
(E) Uso de hidroxiureia no quadro agudo com objetivo de reduzir o tempo da crise e de internação.

A

(C) Uso de antibioticoterapia, já que aproximadamente 1/3 dos quadros apresentam pneumonia bacteriana associada

STA resulta de vários possíveis eventos causando vaso oclusão dentro da vasculatura pulmonar de pacientes com STA e é importante reconhecimento e abordagem precoce desses pacientes por se tratar de uma importante causa de morte em pacientes falciformes.
Por se tratar de importante causa de morte, o tratamento precoce pode diminuir mortalidade, menor tempo de internação, menor custo e menor chance de recorrência. Uma vez iniciado o tratamento de STA, deve ser agressivo.

O manejo desses pacientes inclui controle de dor, hidratação endovenosa, antibioticoterapia, suplementação oxigênio e transfusão sanguínea.
Manejo polêmico é necessário em pacientes desidratados, já que hipovolemia pode gerar falcização adicional. No entanto, as recomendações não mais indicam maior volume de hidratação, já que hiper-hidratação pode levar a edema pulmonar e possivelmente maiores complicações pulmonares - LETRA A - INCORRETA

Antibioticoterapia deve ser iniciada para TODOS os pacientes com STA, já que quadros infecciosos são possíveis desencadeante (principalmente na população pediátrica) e em muitos desses pacientes é simplesmente difícil de distinguir STA de pneumonia. Deve ser iniciado cobertura de germes típicos e atípicos, comumente com cef + azitro/clarito - LETRA C CORRETA

Transfusões devem ser feitas com objetivo de melhorar oxigenação nos pacientes com STA e demonstrara, aumento em spO2 e PaO2. Indica-se transfusão quando a Hb está 10-20% abaixo do basal ou se piora de sintomas. O objetivo da transfusão é aumentar atingir alguns objetivos:
- Aumentar Ht para 30%
- Aumentar Hb para 11
Exsanguineo-transfusão são usadas em casos graves de STA. Indicações são piora da hipoxemia, doença multilobar na imagem ou falha de transfusão simples. O objetivo é diminuir HbS para menos de 30% - LETRA B INCORRETA

Tromboembolismo pulmonar é um possível diagnóstico diferencial, mas não deve ser indicada anticoagulação plena empírica para todos os pacientes. Só deve ser feita se constatado TEP - LETRA D INCORRETA

O uso de HU deve ser utilizado com o propósito de PREVENÇÃO de STA, por reduzir eventos vaso-oclusivos. NO entanto, não tem papel no tratamento desses pacientes LETRA E INCORRETA

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12
Q

(HIAE 2021) Em relação à carboximaltose férrica, é correto:
(A) A dose de 1.000 mg da medicação costuma elevar 0,5 g/dL de Hb.
(B) Na anemia pós-parto é tão eficaz quanto o sulfato ferroso a longo prazo.
(C) A resposta ao tratamento é mais veloz que outros ferros endovenosos, porém geralmente não é sustentada.
(D) Seu tratamento é indicado após falha em outra classe endovenosa.
(E) É preconizado realizar em dias alternados por 2 a 4 aplicações e, se necessário, repetir após um mês.

A

(B) Na anemia pós-parto é tão eficaz quanto o sulfato ferroso a longo prazo

A carboximatolse ferric é uma formulação de ferro endovenoso (Ferrinject; Injectafer). Pode ser dada em dose única uma dose de até 1000mg de ferro elementar. As doses podem ser dadas em uma infusão de 15 minutos.

Na maioria dos estudos, a eficácia de FERINJECT em uma dose de ferro ≤1.000 mg administrada durante 15 minutos (doses subsequentes administradas em intervalos de uma semana) foi comparada com um regime posológico de 6 a 12 semanas de sulfato ferroso VO, equivalente a 65 mg de fe 3x/d ou a 100 mg de fe 2x ao dia.
A administração EV de FERINJECT foi eficaz na melhora dos níveis de hemoglobina e associada com maior rapidez de aumento estatisticamente significativo desses níveis em relação aos valores basais do que com sulfato ferroso. Na quarta semana de terapia, 34,2% dos pacientes tratados com FERINJECT versus 18,2% do grupo tratado com sulfato ferroso oral obtiveram aumento da hemoglobina ≥2 g/dL (p<0,051,2,6) - LETRA A INCORRETA

O nível máximo da capacidade de reticulócitos em ambos os grupos de tratamento foi observado na segunda semana de tratamento. A partir da segunda semana de terapia alcançaram-se taxas de ferritina significativamente superiores com FERINJECT comparado ao grupo tratado com sulfato ferroso.

Em anemia pós-parto / pós-cirurgia, Breymann C et al. comparam a segurança e a eficácia da carboximaltose férrica com sulfato ferroso para tratar anemia por deficiência de ferro. Os pacientes foram randomizados (proporção 2:1) para receber carboximaltose férrica ou sulfato ferroso. Analisaram-se as mudanças na hemoglobina e nos estoques de ferro na semana 12. A carboximaltose férrica foi tão eficaz quanto o sulfato ferroso na correção da hemoglobina, porém com um período muito menor de tratamento (2 semanas vs. 12 semanas). - LETRA B CORRETA

LETRA C - INCORRETA:
FERINJECT foi associado a uma resposta de ferritina sérica em proporções significativamente superiores (p<0,0002) às constatadas com sulfato ferroso, proporcionando aumentos rápidos e pronunciados dos níveis de ferritina sérica, com média ou mediana de 300-600 mcg/L na primeira ou segunda semana de tratamento. Embora esses níveis tenham apresentado algum declínio subsequente, permaneceram até o final do estudo cerca de 40-400 mcg/L acima dos níveis basais, tendo os pacientes recebido suas últimas doses de ferro durante a semana 2 ou 3.

LETRA D - INCORRETA: Seu uso pode ser feito na primeira linha

LETRA E - INCORRETA: A orientação correta é de que pacientes com necessidade de mais de uma aplicação de 750mg, tenham uma nova aplicação em outro dia, idealmente após uma semana.

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13
Q

(HIAE 2018) Sobre aplasia pura da série vermelha, é INCORRETO afirmar:

(A) Aplasia pura de série vermelha após transplante de medula óssea com incompatibilidade ABO apresenta muitas vezes, resolução espontânea.
(B) É uma síndrome definida por anemia normocitica e normocromica com reticulopenia grave e redução ou ausência de precursores eritroides na medula óssea.
(C) Anemia de Diamond Blackfan é uma forma congênita de aplasia pura da série vermelha.
(D) Investigação de aplasia pura da série vermelha adquirida visa identificar pacientes com síndrome mielodisplasia com hipoplasia eritroide, aplasia secundária a drogas, infecção por parvovírus, timoma ou doenças linfoproliferativas.
(E) Uma das drogas que comumente causa a aplasia pura da série vermelha é a eritropoietina humana recombinante e é causada por anticorpos contra a eritropoietina endógena.

A

(A) Aplasia pura de série vermelha após transplante de medula óssea com incompatibilidade ABO apresenta muitas vezes, resolução espontânea.

APSV é uma síndrome definida por anemia norma/normo com reticulocitopenia grave e MO com redução de precursores eritroides (LETRA B CORRETA). Anormalidades da APSV são limitadas apenas a linhagem eritroide. Anormalidades em outras linhagens geralmente refletem algum outro distúrbio concomitante.

A classificação pode ser diferenciada em causas congênitas ou adquiridas. Dentre as causas congênitas, uma das etiologias pode ser a síndrome de Blackfan-Diamond, que é frequentemente associada a anormalidades físicas morfológicas resultantes de mutações em genes de proteínas ribossomais (LETRA C CORRETA)

APSV adquirida primária é um disturbio com mecanismo imunes que interrompe a proliferação eritroide, com anticorpos direcionado contra precursores.A APSV adquirida secundária pode ser associada a outras doenças autoimunes/doenças do colágeno, distúrbios linfoproliferativos, infecções (parvovirus B19), outras neoplasias hematológicas, medicações (LETRA D CORRETA)

APSV após TMO ABO-incompatível é mais comumente observada na incompatibilidade menor. Relatos indicam incidencia de 7,5% dos casos de TMO ABO-incompatível. Na maioria desses casos, ocorre resolução espontânea após um período de dependência transfusional (que pode durar meses). No entanto alguns casos podem se tornar crônicos e irreversíveis (LETRA A CORRETA)

Embora casos de APSV autoimune primária causada por anticorpos anti-EPO endógena tenham sido descritos, é uma entidade muito rara. Desde os anos 90, começaram a surgir relatos de APSV associada a anticorpos anti-EPO recombinante, principalmente associado a reposição SC de EPO. Dessa forma, surgem anticorpos contra a EPO endógena e portanto leva a diminuição da produção de eritrocitos. No entanto, não é uma etiologia comum! (LETRA E - INCORRETA)

https://ashpublications.org/blood/article/128/21/2504/35728/Pure-red-cell-aplasia

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14
Q

(HIAE 2018) NÃO representa uma característica da Betatalassemia:

(A) Na beta talassemia grave, 80% das crianças não tratadas morrerão nos primeiros 5 anos de vida, devido diretamente às consequências a longo prazo da anemia grave.
(B) Os bebês com betatalassemia grave estão bem ao nascimento, porque a produção de beta globina não é essencial durante a vida fetal ou o período perinatal imediato.
(C) Diminuição da hemoglobina, com aumento variável das hemoglobinas A2 e F.
(D) Reticulocitose importante.
(E) A quelação de ferro rigorosa é indicada a fim de prevenir a sobrecarga de ferro secundária à hipertransfusão

A

(D) Reticulocitose importante.

A B-talassemia é um tipo de hemoglobinopatias caracterizada pelo prejuízo da produção de globinas B e portanto, impossibilidade de formar o tetrâmero da HbA (a2B2). O tipo de apresentação da B-talassemia depende do grau de prejuízo genético na produção de cadeias B, com algumas alterações levando a um prejuízo total da produção de cadeia B em um alelo (alelo B0) ou prejuízo parcial (alelo B+). A depender da combinação entre esses alelos em homozigose ou heterozigose, alelos normais ou de outras hemoglobinopatias a repercussão clínica pode varia. Em geral podemos classificar como:
- Talassemia Major (anemia de Cooley): Homozigose B0/B0 ou B0/B+, geralmente se manifestando como forma mais grave e dependencia transfusional
- Talassemia Intermedia: B+/B+
- Talassemia Minor: B/B+ (traço talassêmico)

Em geral a não produção de cadeias B leva a prejuízo da produção de Hb, anemia tipo/micro, com reticulocitos normais ou levemente aumentados (LETRA D INCORRETA), células alvo na circulação e acúmulo de cadeias alfa livres. Essas cadeias alfas em excesso se agregam, levando a formação de corpúsculos de inclusão que podem levar a uma destruição de células precursoras eritroides (eritropoese ineficaz) e se depositar nos eritrócitos levando a uma retirada precoce desses eritrócitos da circulação pelo baço. Em resposta a anemia e eritropoese ineficaz, ocorre aumento da produção de EPO, levando a hiperplasia eritroide e que pode, por fim, causar anormalidades esqueléticas, esplenomegalia, massas extramedulares e osteoporose. Além disso, a eritropoese ineficaz leva a uma redução de atividade da hepcidina e aumento de absorção intestinal de ferro, que pode levar por fim a deposição deste nos tecidos (além de ferro de possíveis transfusões). Dessa forma, drogas quelastes de ferro fazem parte do arsenal terapêutico (LETRA E CORRETA).

A EFH de pacientes com B-talassemia major se apresenta sem HbA, com níveis variados de HbF (a2gama2) e HbA2 (a2delta2) - LETRA C CORRETA).

Pacientes com formas mais graves (B-talassemia Major) apresentam caracteristicamente anemia importante (Hb < 7), se apresentando no primeiro ano de vida, geralmente por volta do 6 mes, quando a HbF começa a cair (LETRA B CORRETA). A partir dai esses pacientes apresentam com dependência transfusional e desenvolvimento de diversas complicações (anormalidades ósseas, com protuberâncias principalmente de osso frontal e risco de fraturas, colelitiase, hepatoesplenomegalia, prejuízo do desenvolvimento, entre outros). Maioria dos pacientes homozigotos não sobrevive até 5 anos de idade sem suporte transfusional adequado (LETRA A CORRETA).

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Q

(HIAE 2018) NÃO é critério de inclusão para uso de Hidroxiureia na anemia falciforme:

(A) Ter apresentado complicações da doença, nos últimos 12 meses, como: episódios recorrentes de crises vaso-oclusivas, STA.
(B) Possibilidade de comparecer às revisões periódicas.
(C) Eletroforese de hemoglobina compatível com o diagnóstico de AF: Hb SS, SC, SD ou SBetaTal.
(D) Idade de, no mínimo, 9 anos.
(E) Beta HCG sérico negativo para mulheres em idade reprodutiva.

A

(D) Idade de, no mínimo, 9 anos

Baseado no conhecimento de que pacientes com níveis maiores de HbF possuem doença menos grave, muitos investigadores testaram uma variedade de estratégias para indução farmacológica para produção de HbF. Dentre essas alternativas, HU se provou uma droga eficaz e prática, reduzindo incidencia de CVO e melhorando qualidade de vida, com um benefício provavel em OS nos pacientes que tem indicação do seu uso.
As indicações de início de HU incluem:
- CVO frequentes LETRA A CORRETA
- Anemia sintomática importante
- Impacto em qualidade de vida

Quanto a idade de início, podemos começar até desde os 6 meses de idade, em bebes muito sintomáticos, com anemia importante, dactilite frequente e crises de dor. Isso é baseado em dados indiretos de crianças maiores e benefício de manter HbF em níveis mais elevados - LETRA D INCORRETA

A toxicidade de HU se limita geralmente a citopenias por efeito anti-metabólico da medicação. Portanto, os pacientes necessitam comparecem em revisões periódicas para avaliação de hemograma. - LETRA B CORRETA

Além disso, a HU tem um potencial teratogenico grande e deve ser evitado durante a gestação. Por isso, sempre que vai ser prescrito e nas renovações de receita é necessário ter um B-HCG negativo. - LETRA E CORRETA

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16
Q

(HIAE 2023) Paciente sexo feminino, 16 anos, com diagnóstico de anemia falciforme. Está em esquema transfusional crônico associado a quelação de ferro devido a alteração em doppler transcraniano desde 7 anos de idade. No momento, apresenta RNM de crânio normal, ferritina 1000 e comparece em consulta questionando sobre o beneficio de manter o programa de transfusão:

(A) Estudo STOP trial demonstrou que transfusões regulares com objetivo de manter HbS < 30% reduziu risco de AVC em 30% em crianças com velocidade de fluxo de doppler transcraniano alterado
(B) Pacientes com HbSC apresentam risco superior de AVC do que aqueles com HbSS e, nesses casos, devem permanecer em programa transfusional indefinidamente
(C) O programa pode ser interrompido sem riscos adicionais visto que paciente está há mais de 5 anos no programa
(D) A troca de programa transfusional por HU pode ser considerado levando em consideração dados do TWiTCH trial que mostra não inferioridade em relação a velocidade de fluxo no doppler transcraniano

A

(D) A troca de programa transfusional por HU pode ser considerado levando em consideração dados do TWiTCH trial que mostra não inferioridade em relação a velocidade de fluxo no doppler transcraniano

Das principais indicações de transfusão da anemia falciforme, 50-70% delas tem como finalidade as prevenções primária (crianças de alto risco) e secundária de AVE, e de recorrência de infarto silencioso agudo.

Quanto a prevenção primária, o estudo STOP I (1998) possibilitou a identificação de crianças com maior risco de evento cerebral agudo baseado nas velocidades de DTC. O estudo foi terminado precocemente pelo benefício em redução da ocorrência de AVE (de 10% ao ano para menos de 1% ao ano) nos pacientes de alto risco (baseado no doppler) que recebiam transfusão crônica com objetivo de manter HbS < 30%. A alternativa está errada apenas pela porcentagem apresentada (LETRA A INCORRETA)

Depois de descobrir quais são os pacientes com maior risco de AVC pelo DTC e que foi demonstrado o benefício em transfusões crônicas, questionou-se qual o melhor momento e se havia indicação de mudar o esquema.

O STOP II Trial (2005) identificou crianças que normalizaram velocidades do DTC com esquema transfusional e que tinham RNM de crânio normal e randomizou para manter transfusão ou observação apenas. Depois de 2 anos de acompanhamento, percebeu-se que 35% das crianças não transfundidas votaram a apresentar alteração no DTC e maior risco de AVE. Esse estudo também teve seu termino antecipado e definiu que as transfusões não devem ser interrompidas nesses pacientes.

No entanto, em 2015 surgiu o estudo TWiTCH que foi um estudo de não inferioridade comparando manutenção de transfusões crônicas em pacientes com DTC alterado vs HU para prevenção primária. Os pacientes com vasculopatia cerebral foram excluídos. Em geral, a partir da avaliação do DTC anormal, todos os pacientes eram transfundidos cronicamente por pelo menos 12 meses (média de 4 anos) e depois passaram por um período de overlap entre HU e transfusão, até manter só transfusão. O estudo mostra que o tratamento inicial sempre deve consistir de transfusões e o tempo ideal entre essa transição ainda não é conhecida, mas mostrou não inferioridade entre manutenção com HU e Tx crônica através de monitorização de DTC e risco de AVC primário (LETRA D CORRETA)

17
Q

(UNIFESP TMO 2022) Paciente em investigação de anemia, apresenta:
- Hb 9,2g/dL, VCM 70fL Leucócitos 6700 (neutrófilos 4900, linfócitos 1420), plaquetas 160000
- Reticulócitos 25700
- Ferritina 830, IST 42%
- Haptoglobina 150mg/dL
- Eletroforese de hemoglobina: HbA 28%, HbS 53% , HbA2 10% e HbF 9%.

Qual é a alternativas correta?

(A) Mãe: β talassemia menor e pai: traço falciforme
(B) Mãe: ⍺ talassemia menor e pai: normal.
(C) Mãe: anemia falciforme e pai: ⍺ talassemia menor
(D) Mãe: traço falciforme e pai: normal.

A

(A) Mãe: β talassemia menor e pai: traço falciforme

Trata-se de um paciente com diagnóstico de anemia microcítica com Hb 9,2. Investigação complementar demonstra anemia hipoproliferativa e sem evidencia de ferropenia. A chave do diagnóstico é a alteração da eletroforese de hemoglobina.

A presença de HbS indica a hipótese de uma entidade das síndromes falciformes, mas a presença concomitante de HbA indica não se tratar de Anemia Falciforme, já que nesses casos o pacientes pode até apresentar HbA2 mas não apresenta HbA. Portanto, a presença de HbA e HbS indicam que se trate de alguma síndrome falciforme com heterozigose. Como não é descrita HbC ou HbD, a heterozigose deve ser com talassemias. A presença de HbA indica que existe algum grau de produção de globinas a e globinas b normais. Isso nos leva a pensar em B+ talassemia associada, já que no B0 talassemia, não existiria globina B e, portanto, não existiria HbA.

A principal hipótese, portanto é de S/B+ talassemia e essa entidade se manifesta na eletroforese como:
- HbS > 50-60%
- HbF < 20%
- HbA2 > 3,5%
- HbA 10-30%
- Hb 9-12 com VCM < 75

A interpretação da questão é que dentre os diferenciais das síndromes falciformes, a unica entidade que possui HbA normal é a S/B+ talassemia

No entanto, a questão tenta assimilar o diagnóstico com a herança dos pais. Dessa forma, ele recebeu a herança falciforme de um dos pais e a herança da talassemia do outro, portanto: LETRA A CORRETA

18
Q

(UNIFESP TMO 2022) Mulher, 29 anos, procura hematologista devido a astenia.
- Hb 6,1g/dL, VCM 103 Leucócitos 6190 (neutrófilos 3590, Linfócitos 420) Plaquetas 110000
- DHL 700U/L
- BD 0,9 / BI 4,0
- Reticulócitos 104700
- Haptoglobina 6mg/dL
- IST 30%

Qual é a melhor conduta no momento?

(A) Fenotipagem eritrocitária.
(B) Vitamina B12.
(C) Teste da antiglobulina direto
(D) Ferro e ferritina.

A

(C) Teste da antiglobulina direto

Trata-se de um paciente com anemia macrocítica e hiperproliferativa. Em investigação adicional, pode-se observar provas de hemólise positivas com BI aumentada, Haptoglobina consumida e DHL elevado. O próximo passo seria diferenciar as etiologias entre causas autoimunes e não imunes e essa diferença é feita através do TAD (LETRA C CORRETA)

O diagnóstico de anemia carencial se torna menos provável já pelo perfil de reticulócitos que sugere uma anemia hiperproliferativa (LETRAS B e D INCORRETAS). No entanto, B12 poderia ser compatível tirando os reticulócitos, com VCM elevado e DHL elevado, mas não é o caso.

19
Q

(UNIFESP TMO 2022) Sobre esferocitose hereditária, assinale a alternativa correta:

(A) Aproximadamente 1/3 dos casos é determinado por herança autossômica dominante, isso inclui variantes em SPTB, ANK1, SLC4A1 e EPB42. No entanto, a transmissão autossômica recessiva também ocorre, particularmente com as variantes SPTA1 e EPB42.
(B) Corresponde a um grupo de anemias hemolíticas, caracterizadas pela forma elíptica do eritrócito.
(C) Os exames laboratoriais que caracterizam a esferocitose são: reticulocitose, presença de esferócitos em esfregaço de sangue periférico, fragilidade osmótica aumentada, teste de Coombs direto positivo e elevada concentração de hemoglobina corpuscular média.
(D) É um grupo heterogêneo de distúrbios causados por variantes em certos genes que codificam proteínas da membrana e do citoesqueleto dos glóbulos vermelhos, mais comumente a espectrina e banda 3.

A

(D) É um grupo heterogêneo de distúrbios causados por variantes em certos genes que codificam proteínas da membrana e do citoesqueleto dos glóbulos vermelhos, mais comumente a espectrina e banda 3

Embora seja relativamente raro, a esferocitose herediátia é a causa mais comum de anemia hemolítica devido a defeitos de membrana.

É um grupo heterogeneo de doenças causados por variações um dentro de cinco genes que codificam as proteínas de membrana envolvidas em associações verticais que ligam o citoesqueleto da membrana a camada lipídica. A perda dessas relações verticais leva a alterações na membrana e leva a uma formação esferocitica dos eritrócitos, com menor razão superfície/volume e menor deformabilidade que é essencial para a expectativa de vida normal do eritrócito.

Essas alterações morfológicas são causadas por deficiencia quantitativa de certas proteínas:
- Alfa ou Beta espectrina
- Anquirina
- Proteina 4.2
- Banda 3

Essas proteínas são codificadas pelos genes (respectivamente):
- SPTA1 / SPTB
- ANK1
- EPB42
- SLC4A1

_LETRA A INCORRETA_:
A alternativa está quase toda correta, no entanto, as alterações genéticas que são autossômicas dominantes são:
- ANK1
- SLC4A1
- SPTB
As mutações que são de herança autossomica recessiva são:
- SPTA1
- EPB42
- Alguns casos de ANK1

A alternativa coloca que a mutação do EPB42 é de herança autossomica dominante, mas não é

_LETRA B e C INCORRETAS_:
Não é forma eliptica, e sim esferocitose. Deve ser suspeitada em pacientes com anemia hemolítica não-imune (TAD negativo) e presença de esferócitos em SP. Uma história familiar positiva de esferocitose hereditária ou teste negativo para outras anemias hemoliticas não imunes aumentam a suspeição de esferocitose hereditária.

20
Q

(UNIFESP TMO 2022) Sobre Aplasia Pura de Série Vermelha (APSV), assinale a alternativa correta:

(A) Na forma adquirida é uma condição relativamente comum que se caracteriza por anemia intensa, causada pela ausência ou deficiência dos precursores eritróides na medula óssea.
(B) A redução abrupta dos níveis de hemoglobina associada à reticulopenia em pacientes portadores de anemias hemolíticas afasta o diagnóstico de APSV adquirida aguda.
(C) A APSV adquirida pode ocorrer devido a anticorpos neutralizantes que se desenvolvem após a exposição à eritropoetina em pacientes portadores de DRC.
(D) O TMO não é considerado uma opção terapêutica para pacientes portadores de APSV constitucional que não respondem bem aos corticosteróides.

A

(C) A APSV adquirida pode ocorrer devido a anticorpos neutralizantes que se desenvolvem após a exposição à eritropoetina em pacientes portadores de DRC

A APSV é uma síndrome incomum definida por anemia normo/normo com acentuada rdefinida por anemia normo/normo com acentuada reticulocitopenia e redução ou ausência de precursores eritroides na MO.

Pode ser classificada como congênita ou adquiria

1) CONGENITA
- Principalmente representado pela anemia de Blackfan-Diamond que é frequentemente associada a alterações morfológicas e resultade mutações em genes que envolvem proteínas ribossomais
- A síndrome de Pearson é um distúrbio mitocondrial congenito associado a falencia medular e insuficiencia pancreática exócrina. Também pode se apresentar com hipoplasia eritroide e as vezes é classificada como APSV congenita, mas é melhor classificada como anemia sideroblastica congenita

2) ADQUIRIDA
- A APSV adquirida ainda pode ser dividida em dois grupos: Primária e Secundária
- Primária: Disturbio autoimune no qual mecanismos imunes interferem na diferenciação eritroide. Pode ser mediado por anticorpos ou com outros processos imunes. Quando envolve anticorpos, o alvo geralmente encontra-se no nível de precursor eritroide.
- Secundária: Pode ser associada a outras entidades como: Doenças autoimunes/colágeno (LES); Doenças linfoproliferativas (principalmente LLC); infecções (principalmente parvovirus B19); gravidez; outras neoplasias hematológicas ou sólidas (timoma) ou associado a drogas.

DENTRE AS FORMAS SECUNDÁRIAS:

1) APSV SECUNDÁRIA A PARVOVIRUS B19
- Comum em pacientes com doenças relacionadas a hemólise crônica (falciforme) que se apresentam com crise asplásica
- Pode levar a APSV crônica em pacientes imunocomprometidos
- O vírus atinge diretamente precursores eritroides pelo antígeno de superfície eritrocitária P (globosideo)

2) APSA SECUNDÁRIA A ANTICORPOS ANTI-EPO
- Embora casos de APSV primária com anticorpos anti-EPO já terem sido descritos, é uma entidade muito rara
- Desde a década de 1990, observa-se o desenvolvimento de APSV associada a anticorpos contra EPO em pacientes com DRC tratados com EPO, principalmente em via SC. Mais de 90% dos casos envolvia uma unica formulação de EPO e outros aspectos técnicos, que uma vez resolvidos tornaram sua incidencia rara (LETRA C CORRETA)

LETRA B INCORRETA
Não existe uma apresentação clinica específica de APSV, sendo os sintomas mais comuns relacionados ao quadro de anemia. Por se tratar de uma anemia hipoproliferativa, a queda gradual na concentração de anemia pode permitir algum grau de adaptação e os sintomas podem ser desproporcionais ao grau de anemia. Além disso, por se tratar de uma anemia hipoproliferativa costuma cursar com reticulocitopenia importante (geralmente < 10.000). Isso é mais suspeito ainda quando o paciente já possui uma condição associada a hemólise crônica e se apresenta com quadro de anemia mais evidente e reticulocitopenia (ao contrario do que a afirmativa aponta)

LETRA D INCORRETA
O tratamente de causas primárias de APSV como ABD costuma ser realizado com corticoterapia. Em pacientes com baixa resposta, o TMO é uma opção terapeutica.

21
Q

(AC 2023) Na doença falciforme, a prevenção secundária de evento vascular isquêmico deve ser feita por meio de programa de transfusão ou de troca de hemácias. O objetivo desse tipo de tratamento é alcançar:

(A) HbS pré-transfusional de 50 a 60% e Hb: 9a10g/dL.
(B) HbS pós-transfusional de 40 a 50% e Hb: 9 a 10g/dL.
(C) HbS pré-transfusional de 30 a 50% e Hb: 8 a 9 g/dL.
(D) HbS pré-transfusional de < 30% e Hb: 9 a 10g/dL.
(E) HbS pós-transfusional de < 30% e Hb: 9 a 10g/dL.

A

(D) HbS pré-transfusional de < 30% e Hb: 9 a 10g/dL

Complicações neurológicas ocorrem em até 25% dos pacientes com AF. A recorrência desse evento é frequente e acontece em cerca de 50% desses pacientes, geralmente nos primeiros 3 anos após o AVC. Entretanto, transfusões crônicas reduzem em até 90% a recorrência desses eventos trombóticos. Durante a fase aguda do AVC, o paciente deve ser internado e indicada exsanguineo transfusão para manter o paciente isovolêmico, com Hb por volta de 10 e HbS < 30%. Após a fase aguda, deve-se iniciar esquema de transfusão crônica para manutenção de HbS < 30%.

22
Q

(DASA TMO 2021) Homem, 24 anos, é encaminhado para investigação de anemia, icterícia e esplenomegalia. O hemograma revelou Hb e 5,6; VCM 66. A eletroforese de hemoglobinas revelou HbA1: 97% e HbA2: 3%. Esfregaço do sangue periférico (figura). Qual alteração é mais provável?

(A) Mutação na a- ou b- espectrina
(B) Mutação de proteína 4.2
(C) Deficiência de G6PD
(D) Deficiência de piruvatoquinase

A

(A) Mutação na a- ou b- espectrina

Embora seja raro, a esferocitose hereditária é a causa mais comum de anemia hemolítica por defeito de membrana eritrocitária. Resulta de alterações heterogeneas em um de 5 genes que codificam as proteínas da membrana dos eritrócitos envolvidas em associações verticais que ligam o citoesqueleto da membrana a barreira lipídica. A perda dessas associações verticais leva a perdada forma biconcava dos eritrócitos, tornando-os esféricos, com menor relação superfície/volume e menor deformabilidade que é essencial para a meia vida do eritrócito.

2/3 dos casos são causados de forma autossômica dominante representado por alteracões heterozigóticas em genes da anquirina (ANK1), banda 3 (SLC4A1) e alfa/beta espectrina (STPA e SPTB). Dessa forma, essas são as alterações mais comuns. Cerca de 10-15% dos casos são causados por defeitos bialélicos na banda 4,2 (recessivo), sendo minoria dos casos. Além disso, essa alteração da proteina 4.2 é mais comum em pacientes asiáticos. (LETRA A CORRETA e LETRA B INCORRETA)

A apresentação clínica pode ser variável, desde pacientes assintomáticos com com grau de hemólise compensada até pacientes que desenvolvem anemia sintomática por hemólise desde a infância ou complicações como crise aplasica/crise megaloblástica. Frequentemente esses pacientes apresentam esplenomegalia a depender do grau de hemólise.

Além dos achados comuns que indicam hemólise, o principal achado que leva a suspeita do diagnóstico é o ESP com presença de esferócitos. Em geral esses pacientes apresentam VCM normal e CHCM aumentado (causado por desidratação celular). Frequentemente também apresentam aumento de ferritina mesmo na ausência de suporte transfusional. Isso ocorre por causa da hemólise crônica e aumento de ação de eritroferrona. O diagnóstico pode ser estabelecido frente ao teste de fragilidade osmótica.

LETRA C INCORRETA: A deficiencia de G6PD também é uma causa de hemólise não-imune, nesse caso relacionado a uma deficiencia enzimática. Ao contrário do paciente em questão, os casos de hemólise desses pacientes são episódicos, desencadeados por eventos pontuais (medicações, infecções), fazendo que pela deficiencia enzimática o paciente tenha acúmulo de radicais livres. Além disso, o ESP desses pacientes classicamente se apresenta com corpusculos de Heinz e bite cells (apesar de não serem específicas)

LETRA D INCORRETA: A deficiencia de piruvato quinase é a forma mais comum de hemólise crônica não imune e não esferocítica causada por um defeito de metabolismo glicolítico dos eritrócitos. A enzima piruvato quinase é produzida através de atividade de dois genes: PKLR (liver) e PKM (muscle). A fisiopatologia da deficiencia de piruvato quinase é causada por mutações do gene PKLR localizado no cromossomo 1q21. Geralmente se apresenta como padrão de herança autossomico recessivo e costuma ser clinicamente heterogêneo, indo desde manifestação neonata com icterícia e deficiencia de crescimento a hemólise compensada ou hemólise sintomática. É uma entidade frequentemente subdiagnosticada. A avaliação laboratorial mostra achados compatíveis com hemólise e o ESP mostra frequentemente eritrócitos normais, podendo ter a presença de equinócitos. CMV geralmente é normal. O diagnóstico é reforçado pela dosagem enzimática eritrocitária de PK e avaliação genética do gene PKLR.

23
Q

(DASA TMO 2021) A respeito das anemias hemolíticas, assinale a opção INCORRETA.

(A) Pacientes que apresentam AHAI por IgM devem ser investigados quanto à presença de infecção recente para Mycoplasma pneumoniae.
(B) Anemias hemolíticas por anticorpos quentes causam hemólise intravascular, com maciça ativação do sistema complemento.
(C) Alguns pacientes portadores de LLC tratados com fludarabina podem desenvolver anemia hemolítica auto-imune.
(D) Hemoglobinúria Paroxística ao Frio é causada pelos chamados anticorpos de Donath-Landsteiner. Sua investigação deve contemplar a pesquisa de sífilis.

A

(B) Anemias hemolíticas por anticorpos quentes causam hemólise intravascular, com maciça ativação do sistema complemento

As anemia hemolíticas autoimunes (AHAI) são entidades desencadadas por autoanticorpos contra antígenos eritrocitários. Na maioria das vezes esses anticorpos são IgG que se ligam a antígenos eritrocitários em temperatura fisiológica.

AHAI A QUENTE
O tipo mais comum de AHAI é com IgGs desencadeada em temperatura ambiente, mas podem ocorrer formas não IgG. Os anticorpos IgG são policlonais direcionados a antígenos eritrocitários como glicoforina A, banda3 e sistema Rh. Esses anticorpos são chamados de pan-aglutininas já que se ligam em todos os eritrócitos do doador, positivando em todos os antígenos do painel em laboratório. O IgG leva a destruição eritrocitária predominantemente extravascular no baço, mas pode ter um componente de destruição por ativação do complemento - LETRA B INCORRETA

AHAI A FRIO
Os anticorpos da AHAI a frio costumam ser IgM que se ligam aos eritrócitos em temperaturas inferiores a 37 graus C. Os pentameros do IgM permitem aglutinação direta dos eritrócitos, ativando de forma maciça o complemento, com deposição de C3 na superfície das células e hemólise predominantemente intravascular.
Dentro da AHAI ao frio temos algumas sindromes específicas:
- Doença de Crioaglutinina: AHAI a frio IgM como fenomeno transitório geralmente associado a infecções como pelo Mycoplasma pnuemoniae ou EBV. Além disso, também pode ser relacionada a uma doença linfoproliferativa
- Hemoglobinúria paroxística ao frio: AHAI a frio causada por anticorpos IgG (chamados de Donath-Landsteiner), contra antígenos P. Na PCH o IgG se liga aos eritrócitos na circulação periférica por causa das menores temperaturas, mas a destruição mediada por complemento ocorre mesmo em temperaturas mais quentes. É uma entidade rara que pose ser primária ou secundária (pode estar relacionado a sífilis congênita ou terciária em adultos) - LETRA D CORRERA

AHAI INDUZIDA POR DROGAS
Diversas medicações podem levar ao surgimento de AHAI, sendo fludarabina uma delas - LETRA C CORRETA

24
Q

(DASA TMO 2021) Considerado o único tratamento capaz de curar a anemia falciforme, o TMO alogênico foi incluído na lista de procedimentos do Sistema Único de Saúde. Não é critério de inclusão para TMO alogênico:

(A) Presença de mais de dois anticorpos em pacientes sob hipertransfusão ou um anticorpo de alta frequência.
(B) Osteonecrose em uma articulação.
(C) Mais de um episódio de priapismo.
(D) Mais de duas crises vaso-oclusivas (inclusive síndrome torácica aguda) graves no último ano.

A

(B) Osteonecrose em uma articulação

No único estudo que transplantou pacientes de forma “profilática”, jovens sem complicações tiveram uma OS de 100% com uma DFS de 96%. Estes dados sugerem que se pudéssemos predizer um curso mais grave antes das complicações ocorrerem poderíamos curar pacientes e evitar as complicações crônicas e debilitantes.

No momento, porém, fora de estudos clínicos, os critérios mais aceitos para se indicar um TCTH em pacientes com doenças falciformes são os recentemente publicados pela Escola Européia de Hematologia (ESH):
- CVO recorrentes e/ou priapismo (pelo menos dois episódios no ano precedente ou no ano anterior ao início de um programa de transfusão crônica) apesar de teste com hidroxiuréia - LETRA C e D CORRETAS
- Presença de vasculopatia cerebral demonstrada por ressonância nuclear
- Fluxos arteriais cerebrais anormalmente altos aos US doppler
- AVE sem anormalidades cognitivas graves
- Osteonecrose em múltiplas articulações - LETRA B INCORRETA
- Aloimunização com dois ou mais anticorpos - LETRA A CORRETA
- Presença de cardiomiopatia da doença falciforme detectada por ECOTT
- STA recorrente (pelo menos dois episódios no ano precedente)

Este grupo tem indicado o TCTH para pacientes que já fizeram uso de hidroxiuréia por pelo menos quatro meses e que mesmo com o uso da droga cursem com um ou mais dos fatores relacionados.

25
Q

Quais são as indicações de TMO para tratamento de anemia falciforme?

A

No momento, fora de estudos clínicos, os critérios mais aceitos para se indicar um TCTH em pacientes com doenças falciformes são os recentemente publicados pela Escola Européia de Hematologia (ESH):
- CVO recorrentes e/ou priapismo (pelo menos dois episódios no ano precedente ou no ano anterior ao início de um programa de transfusão crônica) apesar de teste com hidroxiuréia
- Presença de vasculopatia cerebral demonstrada por ressonância nuclear
- Fluxos arteriais cerebrais anormalmente altos aos US doppler
- AVE sem anormalidades cognitivas graves
- Osteonecrose em múltiplas articulações
- Aloimunização com dois ou mais anticorpos
- Presença de cardiomiopatia da doença falciforme detectada por ECOTT
- STA recorrente (pelo menos dois episódios no ano precedente)

Este grupo tem indicado o TCTH para pacientes que já fizeram uso de hidroxiuréia por pelo menos quatro meses e que mesmo com o uso da droga cursem com um ou mais dos fatores relacionados.

26
Q

STOP I (1998)

A

População: Crianças com anemia falciforme e maior risco de evento cerebral com base em velocidades de DTC
Hipótese: Avaliação de benefício em redução de eventos cerebrovasculares precoces em crianças com anemia falciforme e alteração em velocidades de DTC através do início de esquema transfusional crônico com objetivo de manter HbS < 30%
Conclusão: O estudo foi terminado precocemente pelo benefício da redução da ocorrência de AVE (de 10% ao ano para menos de 1% ao anos) nos pacientes que receberam transfusão crônica

27
Q

STOP II (2005)

A

Contextualização: Depois do estudo STOP I estabelecer um benefício evidente de início de transfusão crônica em pacientes falciformes com risco de eventos cerebrovasculares pelo DTC, questionou-se qual o melhor momento e se havia indicação de mudar o esquema
População: Crianças com anemia falciforme que apresentaram alteracão de DTC e RNM de crânio normal e iniciaram esquema transfusional crônico
Grupos: Essas crianças foram randomizadas para manter esquema transfusional crônico vs observação
Desfechos: Depois de 2 anos de acompanhamento, percebeu-se que 35% das crianças não transfundidas voltaram a apresentar alteração do DTC e maior risco de AVE. Esse estudo também teve seu término antecpado e definiu que as transfusões não devem ser interrompidas nesses pacientes

28
Q

TWiTCH (2015)

A

População: Crianças com anemia falciforme e DTC alterado que tinham indicação de iniciar esquema de transfusão crônica
Metodologia: Já que os pacientes tinham risco elevado de eventos vasculares cerebrais pelo DTC, eles iniciaram esquema transfusional crônico por pelo menos 12 meses (médias de 4 anos) e depois passavam por um período de overlap entre HU e transfusão, até manter só HU.
Desfechos: O estudo mostra que o tratamento inicial deve sempre consistir em transfusões e o tempo ideal entre essa transição ainda não é conhecido. Mas o estudo mostrou não inferioridade entre manutenção com HU e esquema transfusional crônico através da monitorização de DTC e risco de evento primário.

29
Q

BABY HUG trial

A

“Pediatric Hydroxyurea in Sickle Cell Anemia”
População: Bebes com anemia falciforme e idade entre 9-18 meses de idade ASSINTOMÁTICAS
Grupos: Grupo controle que os pacientes eram observado até que houvesse indicação de início de HU ou grupo intervenção que introduziu precocemente HU na dose de 20mg/kg/dia
Desfechos: No grupo dque recebeu medicação, observou-se menor incidência de crises álgicas e dactilite, assim como tendência a menor incifência de STA ou necessidade de internação hospitalar.
Conclusão: Baseado nisso, recomenda-se introduzir HU na apresentação líquida para todas as crianças com anemia falciforme diagnosticadas a partir de 9 meses de idade. No entanto, na portaria do SUS, não está previsto o uso universal de HU para a população pediátrica, o que limita a disponibilidade da mesma mesmo havendo benefício em literatura.

30
Q

Qual a alteração genética típica e o padrão de herança relacionado à PIROPOIQUILOCITOSE hereditária?

(A) Mutação da espectrina, autossômico dominante
(B) Mutação da espectrina, autossômico recessivo
(C) Mutação da beta globina, autossômico recessivo
(D) Mutação da alfa globina, autossômico recessivo

A

(B) Mutação da espectrina, autossômico recessivo

A piropoiquilocitose hereditária é uma variante grave da ELIPTOCITOSE hereditária, que é uma condição provocada por mutação do gene da ESPECTRINA ou da proteína 4.1.

O nome poiquilocitose é derivado da semelhança morfológica entre as hemácias desta condição e pacientes que sofreram queimaduras extensas capazes de danificar as células circulantes ou quando uma amostra de sangue é superaquecida.

Na piropoiquilocitose hereditária, existe defeito tanto no componente horizontal quanto no componente vertical do citoesqueleto dependente de espectrina, levando a instabilidade na membrana eritrocitária e anemia hemolítica.

Nas outras variantes da eliptocitose, o padrão de herança é autossômico dominante.

Na piropoiquilocitose, a herança é autossômica recessiva, porque exige a herança de dois alelos mutados para justificar seu fenótipo grave.

Key Points:

  1. A piropoiquilocitose é uma variante grave da eliptocitose hereditária com padrão de herança autossômico recessivo.

Referências:

  1. Ramos MC, et al. Hereditary Pyropoikilocytosis: A Rare but Potentially Severe Form of Congenital Hemolytic Anemia. Journal of Pediatric Hematology/Oncology. 2007.
31
Q

Qual efeito colateral é classicamente associado com tratamento de ferropenia com Ferrinject?

A

HIPOFOSFATEMIA

O ferrinject é uma formulação ferro EV composta pela carboximaltose ferrica, sendo esta uma molécula cujo núcleo de carboidrato permite liberação estável de ferro livre para ligação com a transferrina na circulação. Isso garante baixa taxa de liberação de ferro livre labil, de modo que diminui a taxa de efeitos colaterais a infusão e permite administração de altas doses de ferro elementar em dose única.

No entanto, um efeito colateral comum é a hipofasfatemia que aparece após a administração do medicamento, principalmente nas primeiras duas semanas, mas podendo ocorrer em até 6 meses. A incidência desse efeito colateral pode chegar em até 75% dos pacientes tratados com ferrinject, sendo que o maior estudo que avaliou hipofosfatemia como desfecho primário foi o PHOSPHARE-IBD, que relatou uma incidência de 51% em 31 dias.

O mecanismo fisiopatológico aceito é principalmente a ativação de um hormônio fosfaturico (iFGF23), levando a uma hipofosfatemia hiperfosfaturica. Isso leva a uma deficiência de 1,25(OH) vitD, hipocalcemia e hiperparatireoidismo secundário. Podendo estar dessa forma, associado a dor óssea, osteomalacia, fraturas ou deformidades ósseas.

Além disso, a hipofosfatemia pode se manifestar com fadiga, dor muscular, fraqueza muscular proximal ou astenia (podendo as vezes se confundir com sintomas da deficiência de ferro)

O seu tratamento deve incluir suplementação de vitamina D para evitar hiperparatireoidismo secundário, principalmente se hipofosfatemia moderada a grave. Além disso, se constatado, deve-se evitar manter o ferrinject em futuras reposições de ferro.

32
Q

Síndrome de Plummer Vinson

A

A síndrome de Plummer-Vinson (também conhecida como síndrome de Paterson-Kelly) é caracterizada por uma tríade clássica de:
- Disfagia
- Anemia por deficiência de ferro
- Presença de membranas esofágicas.

Esta condição é extremamente rara e ocorre mais frequentemente em mulheres brancas de meia-idade, geralmente entre a quarta e a sétima década de vida, embora também tenha sido descrita em crianças e adolescentes.

A disfagia associada à síndrome de Plummer-Vinson é tipicamente indolor e pode ser intermitente ou progressiva ao longo dos anos, geralmente limitada a alimentos sólidos e, ocasionalmente, associada à perda de peso.

Os sintomas decorrentes da anemia, como fraqueza, palidez, fadiga e taquicardia, podem predominar no quadro clínico. Outras características adicionais incluem glossite, queilite angular e coiloniquia.

A síndrome está associada a um risco aumentado de cânceres do trato alimentar superior, especialmente carcinoma de células escamosas da faringe e do esôfago.

A etiopatogênese da síndrome de Plummer-Vinson não é completamente compreendida, mas a deficiência de ferro é considerada o fator etiológico mais importante.

O tratamento é eficaz com a suplementação de ferro e dilatação mecânica das membranas esofágicas, especialmente em casos de obstrução significativa do lúmen esofágico e disfagia persistente.