LEUCEMIA LINFOCITICA CRÔNICA Flashcards

1
Q

Homem, 72 anos, portador de leucemia linfoide crônica, estadio Binet C, com IGHV mutada e FISH mostrando deleção do 17p. Hb 7,8 g/dl, Linfócitos 80.000/mm³ e Plq 30 mil/mm³. Exame físico sem linfonodomegalia palpável. Optado por tratamento com Obinutuzumab + Venetoclax com duração fixa de 12 meses. Neste caso, qual exame deve ser realizado para avaliação do RISCO de síndrome de lise tumoral com a terapia proposta?

A) Biópsia de medula óssea

B) Dosagem de LDH

C) Dosagem de ácido úrico

D) TC de tórax, abdome e pelve

A

TC de tórax, abdome e pelve

O uso de Venetoclax no tratamento de leucemia linfoide crônica está associado à alta incidência de SÍNDROME DE LISE TUMORAL.

Para isso, existe uma avaliação própria de risco baseada na CONTAGEM DE LINFÓCITOS e no TAMANHO das massas linfonodais.
- Alto risco: Massas > 10cm ou linfocitose > 50.000
- Moderado risco: Massas entre 5-10cm com linfocitose > 25.000.
- Baixo risco: Massas < 5cm + linfocitose < 50.000

Portanto, recomenda-se avaliação com TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA antes do tratamento, sendo esta uma das POUCAS indicações de exame de imagem em LLC.

Em seguida, são necessárias as seguintes precauções:

  • Manter hidratação adequada (oral e/ou endovenosa);
  • Dosar ácido úrico pré-tratamento (para definir sobre o uso de alopurinol ou rasburicase);
  • Monitorizar rigorosamente eletrólitos após início do Venetoclax (eventualmente em regime hospitalar);
  • Administrar Obinutuzumab ISOLADAMENTE no primeiro ciclo;
  • Introduzir Venetoclax somente no SEGUNDO CICLO;
  • Progredir semanalmente a dose de Venetoclax (ramp-up), iniciando com 20 mg e aumentando até 400 mg/dia.

O exame de imagem pode ser realizado no momento da indicação terapêutica ou antes do segundo ciclo, pensando que o risco de lise tumoral pode reduzir após efeito do Obinutuzumab.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Homem, 72 anos, portador de leucemia linfoide crônica, Binet A, em seguimento ambulatorial há 2 anos. Comparece a retorno com queixa de astenia e dispneia aos moderados esforços. Hb 6,8 g/dl, Neu 5.000/mm³, Ly 55.000/mm³ e Plq 102 mil/mm³. Neste caso, qual o exame prioritário para definição terapêutica?

A) Pesquisa de deleção e mutação do TP53 e status da IGVH

B) Contagem de reticulócitos e teste de Coombs direto

C) Tipagem ABO/RhD e pesquisa de anticorpos irregulares

D) Biópsia de medula óssea

A

B) CONTAGEM DE RETICULÓCITOS E TESTE DE COOMBS DIRETO

É muito frequente a ocorrência de citopenias IMUNOMEDIADAS na leucemia linfoide crônica.

Nos casos em que não existem outras indicações para tratamento antineoplásico, recomenda-se imunossupressão ISOLADA, geralmente baseada em corticoterapia.

Portanto, sempre que for identificada ANEMIA em paciente portador de LLC, deve-se DESCARTAR anemia hemolítica autoimune como diagnóstico diferencial de infiltração medular pela doença de base.

Nesses casos, a contagem de reticulócitos, as provas de hemólise e o teste de Coombs direto são essenciais.

Situações como plaquetopenia imune, neutropenia imune e aplasia pura de série vermelha também podem ocorrer e apresentam diagnóstico diferencial mais difícil, visto a ausência de exames específicos capazes de diferenciar entre citopenia imune e infiltração medular.

Key Points:

  1. Deve-se descartar citopenia imune antes de indicar terapia antineoplásica para pacientes portadores de leucemia linfoide crônica quando a indicação de tratamento for exclusivamente a presença de citopenias, sobretudo quando tratar-se de citopenias isoladas.

Referências:

  1. Rai R, et al. Overview of the treatment of chronic lymphocytic leukemia. Uptodate. 2021.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Homem, 72 anos, diagnosticado com LLC, Binet C devido anemia, em tratamento com Ibrutinib 420 mg por dia, mantendo resposta parcial estável há 3 anos. Evoluiu há 2 meses com astenia, perda ponderal e surgimento de linfonodomegalia inédita em região cervical, axilar e inguinal. Hb 9,2 g/dl, Neu 1.800/mm³ e Plq 99 mil/mm³. Biópsia da lesão nodal com maior crescimento no período confirmou o diagnóstico inicial, sem sinais de transformação histológica. Foi solicitado tratamento de segunda linha com Venetoclax + Obinutuzumab, o qual estará disponível somente daqui a 4 semanas. Nesse intervalo, qual a melhor estratégia?

A) Suspender Ibrutinib por progressão de doença

B) Manter Ibrutinib e acrescentar Clorambucil

C) Manter tratamento com Ibrutinib

D) Iniciar monoterapia com Clorambucil

A

C) MANTER TRATAMENTO COM IBRUTINIB

Pacientes portadores de leucemia linfoide crônica que apresentam progressão de doença durante o tratamento com inibidores de BTK (Ibrutinib ou Acalabrutinib), podem apresentar flare tumoral com a descontinuação da droga, o que pode ser ameaçador à vida.

  • Discontinuation of BTK inhibitors can lead to a disease flare due to the rapid progression of the underlying malignancy. - This phenomenon is well-documented in the literature.
  • The primary mechanism behind this flare is the rebound activation of the B-cell receptor (BCR) signaling pathway. BTK is a crucial component of the BCR pathway, which is essential for the survival and proliferation of B-cells. When BTK inhibitors are discontinued, the inhibition of this pathway is lifted, leading to a sudden resurgence in B-cell activity and disease progression.
  • A study conducted at the Mayo Clinic found that approximately 25% of patients with CLL experienced a disease flare upon temporary interruption of ibrutinib therapy. These flares were characterized by the rapid worsening of disease-related symptoms, laboratory changes, and radiographic findings. The study highlighted that resuming ibrutinib therapy led to the resolution of these flares, underscoring the importance of continuous treatment to maintain disease control.
  • Additionally, the rapid disease progression following discontinuation is more pronounced in patients with high-risk features, such as those with del(17p) or complex karyotypes. This suggests that the underlying aggressive nature of the disease contributes to the severity of the flare upon cessation of BTK inhibition.
  • In summary, the flare upon discontinuation of BTK inhibitors is primarily due to the rebound activation of the BCR signaling pathway, leading to rapid disease progression. Continuous administration of BTK inhibitors is crucial to prevent these flares and maintain disease control in patients with CLL and other B-cell malignancies

Portanto, apesar da progressão de doença, deve-se manter o inibidor de BTK até que a próxima terapia esteja disponível.

Recomenda-se inclusive considerar breve período de superposição dos tratamentos ou ponte para o novo tratamento com corticosteroide na intenção de evitar esse fenômeno.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

Qual agente disponível para o tratamento de leucemia linfoide crônica induz LINFOCITOSE?

A) Ibrutinib

B) Venetoclax

C) Obinutuzumab

D) Fludarabina

A

A) IBRUTINIB

O uso de Ibrutinib está associado à inibição da via de sinalização da tirosina quinase de Bruton por meio de ligação irreversível da molécula ao resíduo de cisteína localizado na posição 481, inativando sua função catalítica.

Quando isso ocorre, há mudança na expressão da integrina CD49d (VLA-4) e do receptor de quimiocina CXCR4, que são importantes para a adesão linfocitária nos órgãos linfoides secundários.

Por isso, a linfocitose induzida pelo tratamento é uma característica de classe dos inibidores de BTK utilizados no tratamento da LLC.

O aumento da contagem de linfócitos é ‎IMEDIATO e ocorre por efluxo dos linfócitos de outros compartimentos celulares (como a medula óssea e os linfonodos), concomitante à redução das massas tumorais.

A cinética da linfocitose é muito variável, havendo desde casos autolimitados ainda no primeiro ciclo até casos que persistem por longos períodos.

A resolução das linfonodomegalias concomitante ao aumento da contagem de linfócitos é um forte indicador de que se trata de linfocitose induzida pelo tratamento e não progressão de doença. Nesses casos, a linfocitose significa somente redistribuição dos linfócitos e não deve indiciar suspensão do medicamento.

Key Points:

  1. A inibição da tirosina quinase de Bruton provoca redistribuição dos linfócitos, o que leva simultaneamente à linfocitose em sangue periférico e à redução das linfonodomegalias.

Referências:

  1. Barrientos JC, et al. Characterizing the kinetics of lymphocytosis in patients with chronic lymphocytic leukemia treated with single-agent ibrutinib. Leukemia & Lymphoma. 2019.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Qual alteração citogenética está relacionada a MELHOR prognóstico na leucemia linfoide crônica?

A) Deleção do 17p

B) Deleção do 11q

C) Trissomia do 12

D) Deleção do 13q

A

D) DELEÇÃO DO 13q

Dentre as principais alterações citogenéticas recorrentes identificadas na leucemia linfoide crônica, são considerados marcadores de MAU prognóstico:

  • Deleção do 11q (onde está localizado o gene ATM);
  • Deleção do 17p (onde está localizado o gene TP53); e
  • Cariótipo complexo.

Por outro lado, a deleção isolada do 13q14 se correlaciona com comportamento clínico mais indolente e melhor resposta à quimioimunoterapia convencional.

Outra alteração frequente é a trissomia do cromossomo 12, que interfere pouco no prognóstico e pode ser interpretada como risco intermediário.

Key Points:

  1. São marcadores de mau prognóstico na leucemia linfoide crônica: del(11q), del(17p) e cariótipo complexo;
  2. A del(13q) isolada uma marcador de bom prognóstico.

Referências:

  1. Hallek M, et al. iwCLL guidelines for diagnosis, indications for treatment, response assessment, and supportive management of CLL. Blood. 2018.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

Homem, 69 anos, assintomático, diagnosticado com leucemia linfoide crônica durante avaliação pré-operatória para hérnia de disco lombar. Exame físico evidenciou múltiplas linfonodomegalias de até 4 cm em região cervical, axilar e inguinal bilateral e discreta esplenomegalia. Hb 11 g/dl, Linfócitos 180.000/mm³, Neu 5.000/mm³ e Plq 250.000/mm³. Exames complementares para estratificação de risco mostraram beta-2 microglobulina elevada, cariótipo complexo, deleção do 17p13 e IGHV não-mutada. Avaliação prognóstica pelo score CLL-IPI indicou muito alto risco. Neste caso, qual das alterações genéticas identificadas justificaria iniciar tratamento imediato?

A) Não há indicação de tratamento neste momento

B) Deleção do 17p13

C) IGHV não-mutada

D) Cariótipo complexo

A

A) NÃO HÁ INDICAÇÃO DE TRATAMENTO NESTE MOMENTO

O CLL-IPI (Chronic Lymphocytic Leukemia International Prognostic Index) utiliza informações relacionadas à biologia da doença para estimar o prognóstico em termos de sobrevida global em 5 anos.

Os fatores de mau prognóstico avaliados são:

  • Idade >65 anos (1 ponto);
  • Estadiamento Binet B ou C/Rai I a IV (1 ponto);
  • Dosagem de beta-2 microglobulina > 3.500 ng/dl (2 pontos);
  • Status da IGHV não-mutada (2 pontos);
  • Deleção do 17p ou mutação do TP53 (4 pontos).

Além disso, informações adicionais como cariótipo complexo e deleção do 11q (deleção do gene ATM) também são marcadores de mau prognóstico.

Entretanto, até o momento, NÃO há evidência de benefício no tratamento precoce de pacientes assintomáticos, INDEPENDENTE dos marcadores prognósticos identificados.

Portanto, no caso apresentado, recomenda-se manter observação clínica (watch and wait) até evolução para doença sintomática, com sintomas constitucionais, compressão por linfonodomegalia visceromegalia sintomática ou citopenias não imunomediadas.

Key Points:

  1. É importante não confundir a presença de marcadores de mau prognóstico com as indicações de tratamento na LLC;
  2. O status funcional do TP53 e o status mutacional da IGHV somente influenciam na decisão terapêutica dos pacientes que já possuem indicação de tratamento por doença sintomática.

Referências:

  1. The International CLL-IPI working group. An international prognostic index for patients with chronic lymphocytic leukaemia (CLL-IPI): a meta-analysis of individual patient data. Lancet Oncology. 2016.
  2. Hallek M, et al. iwCLL guidelines for diagnosis, indications for treatment, response assessment, and supportive management of CLL. Blood. 2018.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

Homem, 76 anos, diagnosticado com leucemia linfoide crônica, Binet A, em seguimento semestral há 2 anos. Retorna para consulta de rotina assintomático, porém com plaquetopenia inédita. Hb 13,2 g/dl, GB 70.000/mm³, Neu 8.000/mm³, Linfócitos 60.000/mm³ e Plq 20 mil/mm³. Foi realizada biópsia de medula óssea, que identificou infiltração por 30% de linfócitos pequenos, CD20 positivo, CD5 positivo e CD23 positivo. Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) Iniciar tratamento com Ibrutinib

B) Observação clínica

C) Iniciar tratamento com Venetoclax + Obinutuzumab

D) Iniciar tratamento com corticosteroide isolado

A

D) INICIAR TRATAMENTO COM CORTICOIDE ISOLADO

A leucemia linfoide crônica é caracterizada por alta prevalência de citopenias IMUNES, incluindo púrpura trombocitopênica imune, anemia hemolítica autoimune, neutropenia imune e aplasia pura de série vermelha.

A dificuldade nesses casos reside na diferenciação entre citopenia imunomediada e citopenia secundária à infiltração medular por progressão de doença.

No caso da anemia hemolítica autoimune, o diagnóstico diferencial é mais simples, uma vez que podemos identificar marcadores de hemólise e teste da antiglobulina direta positivo.

Na plaquetopenia imune, entretanto, não existem testes disponíveis que confirmem o diagnóstico e diferenciem de infiltração medular.

Portanto, pacientes com LLC que evoluem com plaquetopenia isolada (geralmente menor que 30 mil/mm³) podem ser submetidos a tratamento empírico com Prednisona antes da realização de terapia antineoplásica específica.

Um dado informativo, mas não obrigatório, é o grau de infiltração medular, considerando que a probabilidade de tratar-se de plaquetopenia imune é maior quanto menor for a infiltração neoplásica. Entretanto, é preciso cuidado nessa interpretação, visto que mesmo casos de infiltração maciça podem estar associados a fenômenos imunes.

Reserva-se tratamento antineoplásico para casos corticorrefratários ou corticodependentes.

Key Points:

  1. A leucemia linfoide crônica está associada a fenômenos autoimunes, como púrpura trombocitopênica imune e anemia hemolítica autoimune;
  2. Na plaquetopenia imune secundária à LLC, recomenda-se tratamento habitual com corticoterapia isolada, seguido de terapia antineoplásica nos casos corticorrefratários ou corticodependentes.

Referências:

  1. Rai KR, et al. Overview of the treatment of chronic lymphocytic leukemia. Uptodate. 2020.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

(HIAE 2022) Masculino, 68 anos, apresenta diagnóstico de LLC em seguimento clínico há 2 anos, sem outras comorbidades. Evoluiu com duplicação de linfócitos nos últimos 6 meses, esplenomegalia e linfonodomegalias volumosas. Na avaliação, presença de del(17p) por FISH, IGHV não mutada e mutação TP53 com cariótipo complexo. Optado por iniciar tratamento com inibidor de BTK contínuo (BTKi). Nesse caso,

(A) É esperada erradicação completa da doença, com o status de doença residual mínima indetectável (uMRD; definido como < 1 célula de LLC por 10.000 leucócitos).
(B) Os efeitos colaterais do tratamento podem impactar a qualidade de vida, sendo que aproximadamente 10% dos pacientes descontinua a medicação após o primeiro ano de tratamento.
(C) No caso do acalabrutinib, a adição do anti-CD20-obinutuzumab deve provocar melhora da sobrevida global.
(D) O tratamento contínuo com ibrutinib não mostra inferioridade quando comparado com venetoclax-obinutuzumab de duração limitada.

A

(D) O tratamento contínuo com ibrutinib não mostra inferioridade quando comparado com venetoclax-obinutuzumab de duração limitada

LETRA A INCORRETA
Os iBTKs são altamente eficazes no tratamento de LLC mas não são capazes de induzir uma DRM negativa. O mecanismo dos iBTKs primariamente atrapalham a sinalização de BRC (B cell receptor), levando a inibição de proliferação das células de LLC. Esse mecanismo é importante para sobrevivencia e proliferação dessas células. No entanto, essa classe de medicações não erradicam as células leucemicas, porque não induzem apoptose, deixando o clone leucêmico em um estado quiescente. Por isso o tratamento deve ser realizado de forma indefinida.

  1. Prolonged Lymphocytosis During Ibrutinib Therapy Is Associated With Distinct Molecular Characteristics and Does Not Indicate a Suboptimal Response to Therapy.
    Woyach JA, Smucker K, Smith LL, et al.

LETRA B INCORRETA
A taxa de descontinuação de iBTK em pacientes em tratamento para LLC varia dependendo do iBTK específico e a população estudada.
- Ibrutinib: Taxas de continação mais importantes do que outros iBTKS, uma vez que tem uma particula menos seletiva e mais efeitos öff target”. Dessa forma, possui mais efeitos colaterais, principalmente cardíacos. O estudo RESONATE-2 de pacientes unfit com LLC e mais de 65 anos que liberou Ibrutinib para primeira linha demonstrou uma taxa de descontinuação de 12% por eventos adversos. No entanto, em uma análise de vida real de 616 pacientes tratados com Ibrutinib, 41% dos pacientes descontinuaram a medicação por eventos colaterais, com uma mediana de tempo apra descontinuação de 7 meses. Outro estudo mostra que 65,2% dos pacientes idosos com LLC descontinuaram o Ibrutinib em uma mediana de follow up de 2.1 anos, com 45% descontinuando dentro dos primeiros 12 meses.
- Acalabrutinib: Causa menos efeitos colaterais cardíacos, sendo mais bem tolerado. No estudo ELEVATE-TN a taxa de descontinuação foi de 10%. Em um outro estudo randomizado fase III a taxa de descontinuação por acalabrutinib ocorreu em 14,7% dos pacientes tratados, comparado com 23% dos pacidentes com ibrutinib.

  1. Toxicities and Outcomes of 616 Ibrutinib-Treated Patients in the United States: A Real-World Analysis. Mato AR, Nabhan C, Thompson MC, et al. Haematologica. 2018;103(5):874-879. doi:10.3324/haematol.2017.182907.
  2. Ibrutinib Discontinuation and Associated Factors in a Real-World National Sample of Elderly Medicare Beneficiaries With Chronic Lymphocytic Leukemia. Huntington SF, de Nigris E, Puckett J, et al. Leukemia & Lymphoma. 2023;64(14):2286-2295. doi:10.1080/10428194.2023.2256911.
  3. Real-World Comparative Effectiveness of Acalabrutinib and Ibrutinib in Patients With Chronic Lymphocytic Leukemia. Roeker LE, DerSarkissian M, Ryan K, et al. Blood Advances. 2023;7(16):4291-4301. doi:10.1182/bloodadvances.2023009739.

LETRA C INCORRETA
No estudo ELETAVE-TN os pacientes foram tratados de forma comparativa com Acalabrutinib vs Acalabrutinib-Obinutuzumab vs Obinutuzumab-Clorambucil. O estudo demonstrou que Acalabrutinib-Obinutuzumab aumentou PFS de forma significativa em comparação a Acalabrutinib monoterapia.
De acordo com o update mais recente apresentado no ASH em 2023 (mediana de follow up de 74 meses), ambos A+O e A tiveram maior 6y PFS em comparação a O-Clb (78%, 62% e 18% respectivamente). A+O também foi estatisticamente superior a Acalabrutinib monoterapia (HR 0,58%, p=0,0229). Em termos de OS, A+O foi estatisticamente superior a O-Clb (6y OS 87% vs 80%, HR 0,62, p=0,039). Acalabrutinib monoterapia não teve benefício de OS em comparacão com O-Clb. A+O teve uma TENDENCIA a maior OS em relação a A monoterapia, mas não estatisticamente significativa (HR 0,69, p=0,122)
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34310172/

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

(HIAE 2022) Feminina, 43 anos, sem comorbidades, com diagnóstico de LLC em seguimento há 3 anos. Vai ao consultório com fadiga, perda de 10 kg dos seus 50 kg e o exame de controle mostra duplicação do número dos linfócitos nos últimos 2 meses e esplenomegalia volumosa. Hb: 10 g/dL, leucócitos: 150.000 μL, linfócitos: 100.000 μL, plaquetas: 124.000 μL. FISH: 17p e pesquisa de mutação TP53 negativos, IgHV mutado. Nesse caso,

(A) A avaliação genética inicial preconizada deve obrigatoriamente conter cariótipo, FISH para del (17p) ou pesquisa de mutação TP 53 por NGS e pesquisa mutacional do IgHV.
(B) O tratamento de 1a linha deve ser com acalabrutinib e suspensão terapêutica, se doença residual mínima negativa na reavaliação em 1 ano de seguimento.
(C) Não há benefício de tratamento inicial com esquema quimioterápico FCR.
(D) Opção terapêutica com venetoclax-obinutuzumab por 12 meses é uma opção eficaz.

A

(D) Opção terapêutica com venetoclax-obinutuzumab por 12 meses é uma opção eficaz

Trata-se de uma paciente jovem, 43 anos, sem comorbidades e sem limitações ao tratamento. Inicialmente sem indicação de tratamento em Watch and wait, evolui com necessidade de iniciar tratamento. No momento de que foi decidido iniciar o tratamento, devemos fazer a investigação do status mutacional de TP53(del17p) e IGHV (Já pode-se questionar a letra A que fala que a avaliação genética inicial deve conter esses estudos, mas a indicação dessa pesquisa deve ser quando indicado o tratamento). Nesse caso, paciente jovem sem comorbidades e com características de melhor prognostico (TP53 não mutado e IGHV nutado), com possíveis tratamentos FCR (letra C incorreta), iBTK ou veneto+obinuntuzumab com tempo definido de 12 meses (letra D correta). Outro detalhe que deixa a letra A incorreta é que ela afirma que deve obrigatoriamente ter pesquisa de TP53 por NGS e essa pesquisa pode ser por PCR.

A letra B é incorreta pois o tratamento com iBTK é contínuo até progressão ou intolerância ao medicamento

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

(HIAE 2022) Na LLC, há benefício de associação de anti-CD20 ao iBTK no seguinte cenário:

(A) Quando o objetivo for realizar tratamento de duração limitada
(B) Na citopenia autoimune ativa responsavas ao corticoide (AHAI ou PTI)
(C) Em pacientes que precisam de controle rápido de doença (por exemplo, linfadenopatia colocando em risco órgão crítico)
(D) Na associação com Ibrutinib em primeira linha

A

(C)Em pacientes que precisam de controle rápido de doença (por exemplo, linfadenopatia colocando em risco órgão crítico)

Apesar de alguns mostrarem que a adição de anti-CD20 ao iBTK pode aprofundar respostas e maior controle de doença, estudos falharam em traduzir esse benefício em ganho de PFS ou OS. Exemplos incluem o estudo ALLIANCE (Ibrutinib vs R-Ibrutinib vs BR em pacientes unfit - Sem beneficio de adicionar rituxi).

A letra A está incorreta, pois estudos que adicionaram rituxi a Ibrutinib por exemplo utilizaram ibrutinib + Veneto por 6 ciclos e posteriormente mantendo ibrutinib continuamente.

A letra B está incorreta pois nesses casos de citopenias autoimunes (não por infiltração e insuficiência medular) responsivas a corticoide não há nem indicação de tratamento da LLC.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

(HIAE 2021) Paciente masculino, 55 anos, chega ao consultório com linfocitose em hemograma, assintomático, sem adenomegalias, baço ou fígado palpável. Apresenta Hb: 10,5 g/dL, Leuco: 25.000/uL, às custas de 20.000/uL linfócitos maduros, plaquetas: 145.000/uL. Provas de hemólise negativas. IFSP apresenta: CD19, CD20, CD22 e CD79b positivos, IgM superfície fraco, CD5, CD43, CD23 e CD200 positivos, CD10 e FMC7 negativos. Com relação a esse caso:

(A) O paciente apresenta diagnóstico de LLC Binet A Rai I, devendo permanecer em observação clínica.
(B) Para confirmação diagnóstica, é necessária a realização de estudo de medula óssea e tomografias de corpo inteiro.
(C) Caso o paciente apresente IGHV não-mutado, sem outras alterações genéticas, apresentará bom prognóstico.
(D) O diagnóstico é de LLC Binet A Rai III.
(E) O diagnóstico mais provável é Leucemia de Células Pilosas, devendo permanecer em seguimento clínico.

A

(D) O diagnóstico é de LLC Binet A Rai III

Trata-se de um paciente de 55 anos com linfocitose isolada, assintomático. A IFSP confirma o diagnóstico de LLC. O diagnóstico de LLC é estabelecido com:
- Positivo: CD19, CD20 (fraco), CD22, CD23, CD5, CD200, CD23 e IgM superfície fraco
- Negativo: CD10, CD103, FMC7
Apenas isso, com confirmaçao de clonalidade nesse paciente com restrição de cadeia leve de superfície, já é suficiente para o diagnóstico, sem necessidade de investigação medular ou exames de imagem.

LETRA E INCORRETA: O diagnostico de tricoleucemia pode ser suspeitado em paciente com linfocitose, sintomas consitucionais, esplenomegalia e monocitopenia no hemograma. O perfil de IFSP é CD5 e CD10 negativo, com CD103 positivo, diferente do que foi apresentado pelo paciente.

Esses pacientes podem ser estadeados por scores clínicos, baseado em exame físico e hemograma, sendo indicado exame de imagem apenas se sintomas possivelmente atribuidos a massas abdominais.

RAI
- 0: Linfocitose apenas (Baixo risco)
- I/II: Linfonodomegalia/ Hepatoespleno (Risco intermediário)
- III/IV: Anemia/Plaquetopenia (Alto risco)

BINET
- A: Linfonodomegalia < 3 áreas
- B: Linfonodomegalia > 3 áreas ou hepato/espleno
- C: Hb < 10 ou Plaq < 100.000

Portanto, esse paciente é estadiado como RAI III BINET A (LETRA D CORRETA e LETRA A INCORRETA)

Por fim, a LETRA C está incorreta pois IGHV não mutado confere MAIOR RISCO para esses pacientes. Lembrar que é contraintuitivo, pois traduz um linfócito mais prematuro, que ainda não passou por hipermutação somática no centro germinativo.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

(HIAE 2021) Com relação ao tratamento da LLC, é correto afirmar:

(A) Ibrutinibe mostrou benefício em sobrevida livre de progressão quando comparado a clorambucil, porém não foi superior ao esquema FCR.
(B) Com uso do esquema FCR, as menores remissões estão relacionadas à presença de del(17p), del(11q) e gene da cadeia pesada da imunoglobulina (IGHV) não-mutada.
(C) Não há relação entre DRM negativa após tratamento e sobrevida livre de progressão.
(D) Se IGHV mutado não há benefício com tratamento com esquema FCR.
(E) Esquema com bendamustina e rituximabe apresentam taxas de sobrevida livre de progressão semelhante ao FCR ou esquemas com ibrutinibe ou venetoclax.

A

(B) Com uso do esquema FCR, as menores remissões estão relacionadas à presença de del(17p), del(11q) e gene da cadeia pesada da imunoglobulina (IGHV) não-mutada.

LETRA A INCORRETA - O estudo que aprovou Ibrutinib em primeira linha de pacientes com LLC foi o estudo RESONATE. Incluiu pacientes com mais de 65 anos e excluiu pacientes com del17p, com ganho muito maior de PFS com Ibrutinib (59% vs 9%)

LETRA B CORRETA - Pacientes com Del17p e IGHV não mutado tem sabidamente pior desfechos quando tratados com quimio-imuno (FCR) e nesses pacientes é indicado tratamento com terapia alvo com IBTK ou Veneto+Obinuntuzumab.

LETRA C INCORRETA - Apesar de não ser indicada realização de DRM de pacientes com LLC fora do contexto de trial clinico, sabe-se que DRM negativa está relacionada a maior profundidade de resposta e portanto, pode estar relacionado a maior PFS.

LETRA D - Lembrar que IGHV mutado tem melhor prognóstico, já que mostra um linfócito que já passou pela hipermutação somática no CG, sendo mais maduro e menor perfil proliferativo. Se IGHV mutado o paciente pode ser submetido a FCR, sendo uma opção para esse pacientes (Go Go)

LETRA E INCORRETA- O estudo que comparou FCR com BR foi o CLL10, em pacientes fit sem del17p. O estudo melhor PFS no grupo FCR, com maiores taxas de DRM negativa as custas de maior toxicidade. O benefício pode ser maior em BR do que FCR em pacientes mais idosos e frágeis, que não é o caso desse paciente.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Em relação à LLC, é correto:

(A) Venetoclax pode induzir a morte celular independente da função do TP53.
(B) Estudo genético deve ser realizado no momento do diagnóstico para avaliação do risco da doença.
(C) O prognóstico dos pacientes com del 11q é similar aos dos pacientes com cariótipo normal.
(D) Aproximadamente 5% dos pacientes assintomáticos ao diagnóstico apresentam deleção do 17p e o tratamento preconizado nesses casos é o ibrutinib.
(E) A síndrome de Richter tem incidência em torno de 20% e responde bem ao uso de ibrutinib.

A

(A) Venetoclax pode induzir a morte celular independente da função do TP53

LETRA A - CORRETA:
Apesar de pacientes com TP53 apresentarem melhor resposta com esquemas envolvendo Venetoclax do que com QT+IT, o mecanismo anti-tumoral do veneto não envolve mecanismos relacionados ao TP53. O mecanismo anti-tumoral é inibição do BCL2. O BCL2 é uma molécula anti-apoptótica que se liga a outras duas moléculas (BIM e BAX). Essas duas moléculas são responsáveis por se ligar na membrana da mitocôndria, levando a vacuolização e indução de apoptose pela via das caspases. O BCL2, no entanto, se liga a essas moléculas e impede sua ação na mitocôndria, favorecendo a sobrevida celular. O Veneto se liga ao BCL2, deixando o BIM e o BAX livres para desencadear a apontoes.

LETRA B - INCORRETA:
Nem todos os pacientes com LLC tem indicação de tratamento, por se tratar de uma doença indolente. Dessa forma, a avaliação genética do paciente ao diagnóstico não traz benefício, pois não vai interferir na conduta, podendo inclusive trazer mais ansiedade, mas mesmo ainda assim sem indicação de tratamento.

LETRA C - INCORRETA:
Alterações citogenéticas são comuns em pacientes com LLC, ocorrendo em cerca de 80% dos pacientes ao diagnóstico. Dentre esses 4 são as mais comuns:
- Del13q: Mais comum (50%) e com curso benigno
- Del17p (5-8% dos pacientes QT naive): Reflete a perda do gene TP53 e é freqentemente associado a mutação do alelo restante. Associado a pior prognóstico e resistencia a QT. É mais comum em pacientes em linhas subsequentes de tratamento (refletindo uma aquisição e/ou expansão de clones de LLC)
- Del 11q (18%): Associado a prognóstico ruim e doença Bulky
- Trissomia 12 (16%): Prognóstico intermediário, 10-20% dos casos

LETRA E - INCORRETA:
A incidencia de Richter em pacientes com LLC é entre 2-10%. Além disso, o tratamento depende da variante observada na transformação, podendo fazer o tratamento para DLBC ou HL.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

(HIAE 2018) Masculino, 70 anos, apresenta diagnóstico recente de LLC. Sobre a investigação de fatores prognósticos na LLC, é INCORRETO afirmar:

(A) Os pacientes com del (17p) correm alto risco de não responderem ao tratamento inicial com quimioimunoterapia ou de recaídas logo após a remissão.
(B) A expressão anormal de ZAP-70 está fortemente associada à presença de cadeia pesada de Ig (IgVH) mutado.
(C) A IgVH não mutada é um achado associado a uma sobrevida geral mais curta e um maior risco de recaída após o tratamento.
(D) A presença de CD38 parece estar associada de forma independente a um prognóstico adverso.
(E) De 1 a 10% dos pacientes com LLC evoluirão com transformação para um linfoma não-Hodgkin altamente agressivo.

A

(B) A expressão anormal de ZAP-70 está fortemente associada à presença de cadeia pesada de Ig (IgVH) mutado.

O prognóstico de pacientes com LLC pode ser definido por características clinicas ou citogenéticas/moleculares que refletem a biologia da doença.
Escores clínicos como RAI e BINET podem ser usados, mas o ideal é confiar em aspectos moleculares.

Dentre as características citogeneticas/moleculares de alto risco são:
- Del (17p) ou TP53 mutado
- IGHV não mutado, ZAP-70 ou CD38
- Del11p

A deleção de 17p ou TP53 é um marcador de pior desfecho com QTIT, sendo indicado nesses casos tratamento com terapia alvo (veneto ou IBTK). Como impacta no tratamento, o ideal é realizar em todos os pacientes que tem indicação de tratamento. Além disso, o ideal é solicitar novamente quando indicadas novas linhas de tratamento, pois essa mutação pode ser adquirida no curso da doença, principalmente em pacientes que recaem após a primeira linha (LETRA A CORRETA)

O IGHV não mutado também é sugestivo de pior prognóstico (contra-intuitivo). Também impacta na resposta a quimioterapia. A expressão de ZAP-70 e CD38 são marcadores indiretos de IGHV não mutado (B INCORRETA E LETRA C CORRETA E LETRA D CORRETA)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

(ASCO 2020) Um homem de 73 anos se apresenta com fadiga e linfonodomegalia cervical. Notou aumento progressivo desses linfonodos nos ultimos 8 meses. Nega sudorese noturna ou alterações ponderais. HAS em uso de HCTZ. Ao exame fisico apresenta linfadenopatia cervical, axilar bilateral e inguinal direita. Os exames laboratoriais mostram:
- Hb 8
- Leuco 112.000 (90% linfocitos)
- Plaq 94.000
- Função renal e hepática normais

Análise citogenética demonstra deleção do cromossomo 13q e IGHV não mutada. Qual dos seguintes é associado a prognóstico favorável?

(A) Del 17p
(B) Del 13q
(C) Trombocitopenia
(D) IGHV não mutado

A

(B) Del 13q

LETRA A: Del17p é a

Os pacientes com LLC possuem alterações cromossômicas comuns, sendo 80% uma das 4:
- Del 13q: Mais comum (cerca de 50% dos pacientes) e curso benigno
- Del17p: 5-8% dos paciente QT naive. Associada a doença de alto risco, com piores prognostico. Está associada a mutação do TP53 e baixas respostas a quimio+imunoterapia. Portanto deve ser realizada em todos os pacientes com indicação de tratamento, uma vez que pode impactar na escolha da terapia.
- Del11q: Associada a prognostico ruim com doença Bulky e rápida progressão. Relacionado a mutação do gene ATM e BIRC.
- Trissomia 12: 10-20% dos casos com prognóstico intermediário.

Trombocitopenia poderia indicar infiltração medular, com doença estadio IV e possível pior prognóstico.

O status mutacional do IGHV também é relacionado com prognostico e resposta a quimioterapia. No entanto, o raciocínio é contra-intuitivo, uma vez que IGHV não mutado traduz pior prognóstico, provavelmente por indicar um clone de células mais imaturas. A expressão de ZAP70 e CD38 podem ser marcadores indireto de IGHV não mutado.

REFERENCIAS:

Dohner H, Stilgenbauer S, Benner A, et al. Genomic Aberrations and Survival in Chronic Lymphocytic Leukemia. New England Journal of Medicine. 2000;343(26):1910-1916.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

(ASCO 2020) Um homem de 73 anos com historia de LLC vem para avaliação do hematologista após diagnóstico no serviço de atenção primária. O paciente tem um histórico de DM2 e HAS, além de um stent coronariano há 7 meses por um IAM. Está atualmente em uso de AAS e Clopidogrel. Sua avaliação mostrou linfonodomegalias acima e abaixo do diafragma. Notou perda pondera de 15% no ultimo ano. Vem se queixando de fadiga e menor PS desde o seu IAM. Hemograma mostra:
- Hb 10,3
- Leuco 123.000 (90% linfocitos)
- Plaq 56.000
Foi solicitado citogenetica e testes moleculares com resultado de mutação de TP53 e IGHV mutada. Qual dos seguintes é uma indicação de tratamento para esse paciente?

(A) TP53 mutation
(B) Rai Stage IV
(C) Weight loss
(D) Unmutated IgHV status

A

(B) Rai Stage IV

  • LETRA C CORRETA TAMBÉM!

O LLC é uma doença com comportamento indolente, muitas das vezes sem benefício de tratamento, sendo observada apenas. Portanto, existem indicações precisas de tratamento:
- Citopenias por falencia/ocupação medular (Desde que descartadas causas autoimunes ou outras etiologias. Causas autoimunes devem ser tratadas e só são indicações se refratários)
- Linfadenomegalia sintomatica
- Esplenomegalia sintomática
- Envolvimento sintomatico extranodal
- Sintomas B
- Lymphocyte doubling time 6 meses

Dessa forma, por se tratar de um paciente com anemia e sintomas de fadiga, seria caracterizado como RAI IV, podendo ser indicado tratamento específico. No entanto, a perda ponderal importante poderia também ser considerado indicação de tratamento.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
17
Q

(ASCO 2019) Paciente de 45 anos acompanha regularmente pelo diagnostico de LLC. Foi diagnosticado há 3 anos, ate então sem indicação de tratamento. Hoje ele comparece em consulta com queixa de mal estar nos ultimos meses com piora progressiva. Vem notando fadiga e sudorese noturna com piora nos ultimos dias. O hemograma mostra:
- Hb 8,4 (era 10,2)
- Leuco 143.000 (90%linfo)
- Plaq 78.000 (era 123.000)
Realizado cariótipo que mostra del13q e perfil mutacional de IgHV mutado. ECOTT com FEVE 55%. Sorologias negativas.
Qual o próximo passo no tratamento?

(A) Manter watch and wait e repetir hemograma com 3 meses
(B) Começar Benda-R
(C) Começar clorambucil oral monoterapia
(D) Começar ibrutinib

A

(B) Começar Benda-R

  • NO ENTANTO A LETRA D TAMBÉM ESTÁ CORRETA

Trata-se de um paciente com diagnóstico prévio de LLC, até então sem indicação de tratamento, mas que começa a apresentar queixas relacionadas a evolução da doença. Isso pode ser exemplificado pela presença da piora de citopenias e queixas clinicas de mal estar, além de sudorese noturna evidente. Portanto, esse paciente NO MOMENTO APRESENTA INDICAÇÃO DE TRATAMENTO.

Sempre que pensamos em tratar alguém com LLC devemos avaliar critérios como PS e comorbidades, além de critérios relacionados ao comportamento da doença. O paciente em questão é jovem e sem comorbidades, sendo apto a terapias mais intensivas.
Sempre deve ser realizado estudo citogenética e molecular desses pacientes, pois algumas características podem estar associadas a alto risco e baixa resposta a quimioterapia. Dentre esses aspectos citogeneticos e moleculares, devemos avaliar del17, mutação TP53 e status mutacional do IgHV. O paciente da questão apresenta del13q (associado a melhor prognóstico) e IgHV mutado (também associado a melhor prognóstico), sem qualquer outro achado de alto risco. Dessa forma, não temos nenhum motivo para achar que esse paciente não irá responder a quimio-imunoterapia em primeira linha.

Dentre as opções disponíveis, temos:
- FCR
- Veneto+Obinuntuzumab
- Benda-R

Alguns protocolos ainda colocam como possibilidade de ITK em primeira linha, independente de não possuir del17/TP53 ou IGHV não mutado.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
18
Q

(DASA TMO 2021) Homem 55 anos, previamente hígido, internado na oncologia de outro serviço com quadro de adenopatias generalizadas associadas a sintomas B. Exames:
- Hb 9,2 VCM 90,8 Leuco 17110 N3950 L12780 plaq 222000
- PET-CT: Observam-se áreas de hipercaptação do radiofármaco em múltiplas linfonodomegalias cervicais, axilares, mediastinais, hilares pulmonares, retroperitoneais, mesentéricas, ilíacas e inguinais bilaterais (maior SUV = 2,7) e em pequeno derrame pleural bilateral (maior SUV = 1,2)
- Biópsia de linfonodo cervical: infiltração difusa por células linfoides atípicas. Não foi realizada imunohistoquímica
- Biópsia de MO: MO hipercelular (cerca de 80%) Infiltrado linfóide nodular intertrabecular e intersticial (cerca de 70 % dos elementos nucleados), compatível com infiltração por processo linfoproliferativo.

Paciente foi tratado com 6X R-CHOP com PR. Paciente foi encaminhado para o nosso serviço para tratamento de segunda linha, persistindo as adenomegalias e linfocitose. Foi realizado IFP de SP:
- POSITIVOS: cadeia leve kappa, CD20, CD5, CD19, CD23
- NEGATIVOS: cadeia leve lambda, FMC-7, CD10, CD38, CD3, CD79b.
- FISH: Foi observado apenas um sinal correspondente à região 17p13.1, sugerindo deleção do gene TP53 em 160 das 200 intérfases analisadas. Qual a melhor conduta?

(A) Ibrutinibe 6 meses e manutenção com obinutuzumabe.
(B) Venetoclax e obinutuzumabe por 2 anos.
(C) 4x FCR e TMO não-mieloablativo após atingir CR
(D) Ibrutinibe ou venetoclax + rituximabe e considerar TMO após atingir remissão pelo menos parcial.

A

(B) Venetoclax e obinutuzumabe por 2 anos

Trata-se de um paciente de 55 anos, que foi erroneamente diagnósticado na apresentação inicial. O paciente apresenta linfonodomegalias e linfocitose em SP, com apresentação sugestiva de LLC por exemplo, mas tratada inicialmente com 6x R-CHOP.

No entanto, com exames adicionais em outro serviço, quando foi confirmado o diagnóstico de LLC caracterizado por CD5+, CD23+, CD10-. Já que existe a indicação de tratamento, foi realizada pesquisa citogenética com FISH e obervação de alteracão TP53 e del(17p).

Dessa forma, como foi estabelecido o diagnóstico de LLC e indicado tratamento, a escolha da terapia depende de alguns parametros, sendo um deles a del(17p). Essa alteração citogenética é sugestiva de pior prognóstico, menor sobrevida e menor respsota ao tratamento com quimio-imunoterapia. Nos pacientes com LLC e del(17p), o tratamento ideal deve ser com anti-CD20 + Venetoclax (terapia finita) ou com ITK (terapia contínua) - LETRA C INCORRETA. Como o tratamento inicial foi incorreto, não existiria indicação de TMO nesse momento (LETRA C e D INCORRETAS).

Dentre as opções de anti-CD20 + Veneto oi IBTK, temos alguns estudos

(I) CLL14: Obinuntuzumab-Veneto vs Obinuntuzumab-Clorambucil em pacientes unfit. O tratamento foi com duração de um ano de Obinuntuzumab-Veneto e mostrou benefício em PFS, incluindo benefício em todos os subgrupos (IGHV não mutado ou TP53)

(II) MURANO: BR vs Veneto-Rituximab em pacientes fit com LLC R/R. Os pacienteds faziam VR por 6 meses e manutenção de veneto até 2 anos. Trouxe beneficio em todos os grupos de paciente, incluindo mutação TP53. Esse foi o estudo que liberou VR para pacienes em segunda linha. Esse foi o estudo que a questão abordou - LETRA B CORRETA

(III) iLLUMINATE: Ibrutinib+Obinuntuzumab vs Obinuntuzumab-Clorambucil em pacientes não fit e incluindo pacientes com TP53. Trouxe maior benefício ao esquema Ibrutinib-Obinuntuzumab, no entanto, não é capaz de confirmar o benefício de adicionar Obinuntuzumab ao Ibrutinib pela ausencia de grupo monoterapia. Além disso, o uso de Ibrutinib é realizado de forma contínua até intolerância ou progressão de doença. Portanto, LETRA A INCORRETA

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
19
Q

(UNIFESP TMO 2022) Homem, 68 anos, assintomático, realizou hemograma com o seguinte resultado:
- Hb 12,9g/dL
- Leucócitos 15000 (Neutrófilos 4100, Linfócitos 9000, Monocitos 1000)
- Plaquetas 140000.

Sobre o diagnostico mais provavel, é correto afirmar.

(A) É necessária a realização de imunofenotipagem de medula óssea para o diagnóstico.
(B) Não é necessário solicitar FISH nesse momento
(C) O IgHV mutado é fator de mau prognóstico
(D) Deverá ser solicitado PET-CT ao final do tratamento para avaliação de resposta.

A

(B) Não é necessário solicitar FISH nesse momento

Trata-se de um paciente idoso e assintomático com linfocitose no hemograma > 5.000. A principal hipótese deve ser de LLC e o diagnóstico deve ser feito através de IF de SP (LETRA A INCORRETA)

Uma vez realizado o diagnóstico, por se tratar de um paciente assintomático, não seria indicado tratamento nesse momento e o paciente seria manejado com estratégia de watch and wait.
Dessa forma, como agora não existe necessidade de tratamento, não devemos realizar pesquisas genéticas de alterações de del(17p), mutação do TP53 ou status mutacional do IgHV. Isso porque essa pesquisa nesse momento não mudaria nossa conduta e poderia aumentar a ansiedade de médico e paciente. Essas avaliações devem ser realizadas apenas se houver necessidade de tratamento (LETRA B CORRETA)

Se optado pelo tratamento, o status mutacional do IgHV pode interferir na escolha do esquema, sendo que pacientes apresentam piores desfechos quando o IgHV for não mutado, traduzindo se tratar de um linfócito mais imaturo e que não passou pelo processo de hipermutação somática no CG (LETRA C INCORRETA)

O estadiamento do pacientes antes do tratamento e sua resposta deve ser realizado através de EXAME FÍSICO (LETRA D INCORRETA)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
20
Q

(HSL TMO 2022) Com relação aos fatores prognósticos na LLC:

(A) Mutação TP53 está associada a resistência a regimes com bendamustina ou fludarabina, independente do status do cromossomo 17p.
(B) Del(17p) é mais frequentemente observada em pacientes ao diagnóstico, sem tratamento prévio.
(C) Mutações NOTCH1 ou SF3B1 foram identificadas em cerca de 15% dos pacientes com LLC, com incidência maior em pacientes com boa resposta a fludarabina.
(D) Anormalidades BIRC3 estão relacionadas a doença de baixo risco.
(E) Del(11q) está associada a prognóstico favorável e maior sobrevida global (cerca de 133 meses).

A

(A) Mutação TP53 está associada a resistência a regimes com bendamustina ou fludarabina, independente do status do cromossomo 17p

LETRA A CORRETA:
O TP53 é um gene supressor tumoral localizado no braço curto do cromossomo 17 e pode ser inativado por deleção OU mutação pontual. Testar para del(17p) E mutação TP53 é um passo importante na avaliação pré-tratamento de pacientes com LLC, seja em primeira linha ou em falha de terapias anteriores. Além disso, essas alterações impactam na escolha de terapia, pois ambas del(17p) e mutação do TP53 são relacionadas a piores desfechos com quimioterapia e melhores desfechos com terapia alvo
A del(17p) pode ser detectada por FISH de SP e a mutação do TP53 por NGS.

LETRA B INCORRETA
A del(17p) é encontrada em 8-10% dos pacientes virgens de tratamento e em proporção muito mais alta em pacientes recaídos ou refratários após tratamento inicial

LETRA C INCORRETA
Mutações do NOTCH1 e SF3B1 são classicamente relacionadas a SMD e outras entidades mieloides, mas existem relatos de significancia prognóstica em pacientes com LLC. Um estudo de 2013 avaliou o impacto dessas mutações nesses pacientes e mostrou que ambas estavam relacionadas a menor OS e PFS. Mutações do NOTCH1 estavam na maioria das vezes correlacionadas com IGHV não mutado e alta expressão de CD38 e ZAP70, e o SF3B1 também teve alta correlação com expressão de CD38 (que costuma ser um marcador de IGHV não mutado).

LETRA D e E INCORRETAS
BIRC3 é localizado no cromossomo 11 próximo ao ATM e ambos relacionados a del11q. Del11q estão relacionados a mutacão do locus do BIRC3 em 80% dos casos. Mutações do BIRC3 são relacionados a pior prognóstico.
Del11q podem ser encontrados em aproximadamente 25% dis pacientes virgens de tratamento e com doença avançada com indicação de tratamento. As deleções frequentemente estão relacionadas ao gene ATM. Em geral esses pacientes apresentam linfadenopatia bulky e rápida progressão, com menor OS.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
21
Q

(HSL TMO 2022) Mulher, 65 anos, encaminhada ao hematologista por seu geriatra por apresentar linfocitose em hemogramas realizados nos últimos 6 meses, com linfócitos variando de 3.500 a 4.500 μL, sem outras alterações em hemograma. Ao exame físico não apresenta adenomegalias palpáveis ou visceromegalias. Realizada imunofenotipagem: CD5+, CD23+, CD43−, CD10−, CD19+, CD20dim, sIg dim+. Sobre esse caso, paciente apresenta diagnóstico de:

(A) Linfocitose monoclonal de células B, devendo ser avaliado FISH, sendo frequente o achado de del(11q) e del(17p).
(B) Linfocitose monoclonal de células B, geralmente associado a mutação IGHV e del(13q), com baixo risco de progressão para LLC.
(C) Leucemia linfocítica crônica, no momento sem indicação de tratamento.
(D) Leucemia linfocítica crônica, devendo ser realizado FISH para decisão sobre tratamento.
(E) Linfocitose monoclonal de células B, com risco de progressão para LLC de 10 a 20% ao ano.

A

(B) Linfocitose monoclonal de células B, geralmente associado a mutação IGHV e del(13q), com baixo risco de progressão para LLC

Trata-se de uma paciente idosa com quadro de linfocitose encaminhada para investigação. A presença de linfocitose persistente por mais de 3 meses sugere um quadro linfoproliferativo. No entanto, nunca apresentou linfocitose com níveis superiores a 5.000 (corte arbitrário indicado como suspeita de LLC). Dessa forma, o diagnóstico de LLC não pode ser estabelecido nesse contexto - LETRAS C e D INCORRETAS.

Ao realizar a investigação com citometria de fluxo de sangue periférico, observamos a presença de linfócitos CD5+, CD23+,CD10-, CD19-+,CD20 fraco e sIg fraco. A presença de CD5+ e CD10- sugere uma das 3 possibilidades:
- LLC / Linfocitose B clonal (< 5000)
- Manto
- Leucemia prolinfocítica

O CD23+ torna mais provável o diagnóstico de LLC do que linfoma do manto que é CD23-. So que não podemos estabelecer esse diagnóstico pela contagem de linfócitos.

A categoria de linfocitose monoclonal B LLC-like é a forma mais comun e geralmente com > 2000 linfócitos. Essa entidade tem um comportamento semelhante a LLC estadio precoce, de modo que o corte de 5000 linfócitos é arbitrário. Geralmente, quando realizada pesquisa citogenética e molecular, esses pacientes se apresentam com Del(13) e IGHV mutado, ambos achados de melhor prognóstico em pacientes com LLC (LETRA B CORRETA)

A taxa de progressão para LLC é de 1-2% ao ano e a OS em geral é semelhante a população geral (LETRA E INCORRETA)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
22
Q

(UNIFESP TMO 2024) Homem, 80 anos, encaminhado ao hematologista pelo geriatra devido a leucocitose em hemograma. Em consulta com hematologista, paciente sem queixas ativas, linfonodos palpáveis em cadeias cervicais anterior, axilar e inguinal, fibroelásticos, indolores, não aderidos, < 0,5cm.
- Hemograma: Hb 8,3, Leuco 74000 (Neutro 3000, Linfo 70000) Plaq 112000

Solicitado imunofenotipagem de sangue periférico:
- POSITIVOS: CD5, CD19, CD20, CD45, CD23, CD200, cadeia leve lambda.
- NEGATIVOS: CD3, CD4, CD8, CD56, CD38, FMC-7, CD79b, CD10, cadeia leve kappa.

Solicitado FISH com presença de del17p. Qual é a melhora conduta nesse momento?

(A) Bendamustina e Rituximabe.
(B) Observação.
(C) Fludarabina, Ciclofosfamida e Rituximabe
(D) Ibrutinibe.

A

(B) Observação

Trata-se de um paciente de 80 anos com linfocitose e linfonodomegalias. A imunofenotipagem mostra linfócitos B (CD19 e CD20 positivos) com CD5+ CD10- e CD23+. Os diagnósticos diferenciais de doenças linfoproliferativas com CD5+ e CD10- são: LLC, manto e LPL. A diferença é que dentre essas LLC é o que possui CD23 e CD200 positivos.

Trata-se portanto de um paciente idoso com LLC e adenomegalias. Quando realizamos a estratificação clínica, temos um paciente com RAI IV e BINET C. Quanto a alterações citogenéticas e moleculares de risco, o pacicnete apresenta CD38 negativo (que pode indicar um IGHV mutado) e FISH com del17p, que caracteriza doença de maior risco e baixa resposta com quimioterapia.

Tendo em vista que apesar de apresentar linfonodomegalias e anemia o paciente apresenta-se assintomático, questiona-se o benefício de tratar esse paciente. O primeiro passo na verdade seria rastrear eventos imunes que justificariam a anemia com provas de hemólise e TAD. Dessa forma inicialmente esse paciente seria observado sem indicação de tratamento. No entanto, caso a anemia do paciente fosse atribuída a infiltração medular, sendo descartados eventos imunes o paciente deveria ser tratado. No caso, pela presença da del17p o paciente possui baixas taxas de resposta com QT, sendo o indicado escolher um tratamento entre Obinuntuzumab + Veneto (CLL14) ou ITK (ibrutinib).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
23
Q

Qual a estimativa de sobrevida em 5 anos nos pacientes com LLC em 2021?

A

Embora a incidencia de LLC tenha se mantido estável no decorrer das duas ultimas decadas, a mortalidade vem caindo.

A estimativa de OS em 5 anos em 1975 era de 65%
Essa estimativa de OS em 5 anos em 2021 é de aproximadamente 87%.

Referência: AJH 2021 Chronic lymphocytic leukemia: 2022 update on diagnosis and therapeutic procedures

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
24
Q

Qual a alteração cromossômica mais comum em pacientes com LLC?

A

A LLC frequentemente é iniciada por perda ou adição de material cromossômico. Aproximadamente 80% dos pacientes com LLC tem pelo menos uma das 4 alterações:
- Del13q
- Del11q
- Del11p
- Trissomia 12

Dentre esses, a Del13q a alteração mais comum ocorrendo em 55% dos pacientes. Se ocorrer isoladamente, traduz um curso mais benigno de doença

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
25
Q

Quantos % dos pacientes com LLC virgens de tratamento apresentam a del17p?

A

5-8% dos pacientes virgens de tratamento

O braço longo do cromossomo 17 possui o locus do gene supressor tumoral TP53. Os pacientes com essa alteração cromossômica apresentam um curso mais agressivo e uma menor taxa de resposta a quimioterapia.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
26
Q

Qual a definição de linfocitose B monoclonal?

A

Persistência de linfocitose clonal com < 5000 linfócitos em sangue periférico, DESDE QUE:
- Ausência de linfonodomegalia
- Ausência de organomegalia
- Ausência de citopenias por infiltração em MO

Caso ocorra infiltração de MO por linfócitos, o diagnóstico de LLC é estabelecido independente da contagem em SP

Caso ocorra adenomegalia com contagem < 5000, suspeita-se de linfoma linfocítico de pequenas células (mesma entidade com apresentação linfomatosa e menos leucemica)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
27
Q

Qual a taxa de progressão de linfocitose B monoclonal para LLC?

A

1-2% ao ano

28
Q

Qual o raciocínio fisiológico para resposta de pacientes com LLC ao tratamento com iBTKs e iPI3Ks?

A

A sinalização de BCR (receptor de células B) tem um papel importante na sobrevida das células de LLC. Ativação contínua e repetitiva de BCR suporta a sobrevida de células de LLC. Essa sinalização ocorre através de algumas tirosina kinases:
- Bruton Kinase (BTK)
- Tirosina kinase esplenica (syk)
- ZAP70
- Phosphatidilinositol 3-kinase (PI3K)

Usar essas tirosina kinases como alvo, em particular BTK e PI3K delta por inibidores específicos vem revolucionando a terapia de malignidades linfoidesd B.

29
Q

ELEVATE-RR

A
  • População: LLC alto risco R/R (pelo menos uma linha de terapia prévia que não tinham sido expostos a iBTK)
  • Esquemas: Ibrutinib vs Acalabrutinib até intolerância ou progressão
  • Endpoint primário: Não inferioridade Acala em relação ao Ibruti
  • Endpoints secundários: Toxicidades
    Desfecho e interpretação: O estudo atingiu o endpoint primário, com PFS semelhante entre os dois grupos (38 meses mediana), com acala sendo não inferior. Além disso, mostrou que Acala teve um melhor perfil de toxicidade com menos FA e menos taxa de sangramento no grupo acalabrutinib. A incidencia de eventos adversos comuns em iBTKs foi de:
  • FA/flutter em qualquer grau 2x maior com Ibrutinib
  • Hipertensão em qualquer grau 2,8x maior com Ibrutinib
  • Sangramentos de qualquer grau 1,6x maior com Ibrutinib
30
Q

RESONATE 2

A
  • População: Pacientes com LLC com > 65 anos excluindo pacientes com del17p
  • Esquemas: Ibrutinib vs Clorambucil
  • Desfechos e interpretação: O estudo mostrou maior mediana de PFS no grupo ibrutinib (NR vs 15m) e estabeleceu ibrutinib monoterapia como opção de primeira linha em pacientes com LLC, incluindo pacientes com algumas caracteristicas de alto risco genético
    Viés: O braço controle de clorambucil monoterapia não é atualmente considerado potente, sendo necessário comprara ibrutinib com outras terapias
31
Q

ECOG 1912

A
  • População: Pacientes com LLC virgens de tratamento com < 70 anos e considerados fit. Excluidos pacientes com del17p
  • Esquemas: Ibrutinib + Rituximab seguido de ibrutinib contínuo vs FCR
  • Desfechos e conclusões: O estumo mostrou que pacientes com IR apresentaram maior PFS em 5 anos (78 vs 68%). A análise de subgrupo em relação ao perfil mutacional de IGHV mostrou que: IGHV mutado (sem diferença em PFS estatisticamente significativa) e IGHV não mutado (benefício de PFS evidente no grupo IR em relação ao FCR).
32
Q

ALLIANCE AO41202 NEJM 2018

A
  • População: Pacientes com LLC e > 65 anos em primeira linha de tratamento. Incluiu pacientes com TP53 mutado
  • Esquemas: Ibrutinib vs Ibrutinib + Rituximab vs BR
    Desfechos e conclusões: 24m PFS 87% vs 88% vs 74%. A adição de rituximab ao Ibrutinib não demonstrou aumento de PFS

Atualização 2024
- A última atualização continua a demonstrar um superior PFS de regimes com Ibrutinib em relação ao benda-R (mediana de PFS NR vs 44 meses no BR).
- Pacientes com alterações de TP53 recebendo Ibrutinib não tiveram desfechos piores se comparados aos pacientes com TP53 wt.

33
Q

ILLUMINATE Trial

A
  • População: Pacientes LLC primeira linha idosos não-fit. Incluiu pacientes com TP53
  • Esquemas: Ibrutinib-Obinuntuzumab vs Clorambucil-Obinuntuzumab
  • Desfechos e conclusões: Estudo mostrou benefício significativo de PFS no grupo Ibrutinib
  • Viés: Não ficou claro o benefício de adicionar Obinuntuzumab ao Ibrutinib pois não tinha grupo de Ibrutinib monoterapia
34
Q

ELEVATE-TN

A
  • População: Pacientes com > 65 anos unfit. Incluiu pacientes com del17p. Excluiu pacientes com doença cardiovascular
  • Esquemas: Acalabrutinib-Obinuntuzumab vs Acalabrutinib vs Clorambucil-Obinuntuzumab
  • Desfechos e conclusões: 2y PFS 93% vs 87% vs 47%. Levou a aprovação de Acalabrutinib para tratamento de pacientes de LLC em primeira linha

6y FOLLOW UP ASH 2023
Com uma mediana de Follow up de 74,5 meses, a mediana de PFS não foi atingida nos grupos Acalabrutinib e no grupos Acalabrutinib-Obinuntuzumab, e foi de 27 meses para Obinuntuzumab-Clorambucil. A estimativa de PFS em 72 meses foi de 78% (G-Acala) vs 62% (Acala) vs 17% (G-CLB).
A mediana de OS não foi atingida em nenhum dos braços, mas dados de OS mostram benefício entre G-Acala vs G-CLB (HR 0,62, p= 0,0349). Estimativa de 72m OS foram 84% (G-Acala) vs 76% (Acala) vs 75% (G-CLB).
Nos pacientes com del(17p) e/ou mutação TP53 (73 pacientes), a mediana de PFS foi 73 meses para G-Acala vs NR para Acala monoterapia vs 17 meses para G-CLB. Uma estimativa de PFS em 72 meses foi de 56% vs 56% vs 18%. Esses dados demostram que as diferenças de resposta se tornam inexistentes com a adição de Obinuntuzumab em pacientes com mutacão de TP53 ou Del(17p).

35
Q

SEQUOIA

A
  • População: Pacientes LLC > 65 anos primeira linha. Incluiu pacientes com TP53 mutado
  • Esquemas: Zanubrutinib vs BR
  • Desfechos e conclusões: 2y PFS 85 vs 69%. Estudo que levou a aprovação de zanubrutinib em primeira linha. A questão é que o estudo incluiu pacientes com TP53 ou del17p com um braço comparador que classicamente tem piores desfechos nesses pacientes
36
Q

ALPINE

A
  • População: Pacientes com LLC R/R sem uso prévio de iBTK. Incluiu TP53 e Del17p
  • Esquemas: Zanubrutinib vs Ibrutinib
  • Desfechos e conclusões: ORR maior para zanubrutinib (86% vs 75%), maior 2y PFS (79% vs 67%) e menor taxa de FA no grupo de Zanubrutinib. O viés desse estudo talvez seja a escolha de ORR como endpoint primário, uma vez que esse é um surrogate fraco para definir desfechos como PFS e OS.
37
Q

CLL-8

A
  • População: Pacientes com < 65 anos e fit
  • Esquemas: FC vs FCR
  • Desfechos e conclusões: FCR teve maior ORR (92% vs 85%), maior CR (44% vs 22% p < 0,001) e maior 2y PFS (76% vs 62% p < 0,01). FCR teve maior taxa de eventos adversos grau 3 e 4. Não houve benefício em pacientes com del17p

BLOOD 2023 19y FOLLOW UP:
- Benefício evidente a longo prazo do FCR, principalmente se IGHV-M
- Mediana PFS IGHV-M: 14y
- Mediana PFS IGHV-UN: 4y
- Progressão de doença depois de 10 anos foi incomum
- A grande preocupação foi o desenvolvimento de neoplasias secundárias, que ocorreu em 32% dos pacientes a longo prazo

38
Q

CLL-10

A
  • Esquemas: BR vs FCR
  • Desfechos: Mediana PFS (41 meses BR vs 55 meses FCR), mostrando piores taxas de BR em relação ao FCR. Além disso, a taxa de negativação de DRM dos pacientes com FCR também foi melhor. Maiores taxas de efeitos colaterais em apacientes com FCR, com taxa bem maior de complicações infecciosas nos pacientes com > 65 anos.
  • Conclusão: O estudo mostrou que FCR permanece a terapia padrão em pacientes fit com LLC, tendo em vista melhores taxas de resposta e DRM mais profundas. Pacientes mais velhos tendem a se beneficiar mais de BR.
39
Q

CLL-11

A
  • População: Primeira linha pacientes unfit
  • Esquemas: Clorambucil vs Clorambucil-Obinuntuzumab vs Clorambucil-Rituximab
  • Desfechos: Mediana PFS (26 meses O-CLB vs 16 meses R-CLB vs 11 meses CLB-mono). Além disso, o grupo O-CLB teve melhores taxas de OS. Maiores taxas de reações infusionais no grupo Obiuntuzumab em relação ao Rituximab, mas sem diferença no risco de infecção.
  • Conclusão: O estudo demonstrou melhores taxas de resposta (PFS e OS) no grupo Obinuntuzumab em relação ao Rituximab nesses pacientes
40
Q

MURANO Trial

A
  • População: Pacientes fit LLC R/R incluindo pacientes com Del17p
  • Esquemas: Veneto-Rituximab por 6 ciclos e depois Veneto até 2 anos VS BR por 6 ciclos
  • Desfechos: Maior PFS (Mediana PFS 53 meses vs 17 meses) e Maior 5y OS (82% vs 62%) incluindo no grupo de pacientes de alto risco. Maiores taxas de neutropenia grau 3 e 4 no grupo VR
  • Conclusão: Estabeleceu VR como esquema de segunda linha em pacientes com LLC

EHA 2023 7y FOLLOW UP
- Mediana PFS Ven-R: 4,5y (mesmo depois de parar o veneto após 2 anos)
- Mediana PFS BR: 1,4y
- Lembrar que eram pacientes previamente tratados
- Também houve benefício de OS e maiores taxas de DRM negativa com Ven-R (não houve cross-over)
- Pacientes que recaíram e precisaram de retratamento com Ven-R tiveram boas respostas com mediana PFS 23 meses

41
Q

CLL-14

A
  • População: Pacientes unfit LLC primeira linha. Incluiu pacientes com IGHV não mutado e Del17p
  • Esquemas: Obinuntuzumab-Veneto vs Obinuntuzumab-Clorambucil
  • Desfechos: Maior PFS (Mediana NR no grupo VO vs 36 meses no grupo o-CLB. Benefício em todos os grupos incluindo IGHV e TP53. Altas taxas de DRM no grupo VO. Taxas semelhantes de neutropenia

EHA 2023
- Follow up
- Mediana PFS O-V: 76 meses
- Mediana PFS O-V TP53: 51 meses
- Mediana PFS O-CLB: 36 meses
- Mediana PFS O-CLB TP53: 20 meses
- 6y PFS O-V: 53%
- 6y PFS O-CLB 21%

42
Q

GAIA-CLL13

A

População: > 900 adultos fit sem del17p ou TP53 mutado

Esquemas: O-Ven vs O-Ven-Ibrut vs R-Ven vs FCR/BR

Desfechos: Ibrutinib adicionado a O-Ven resultou em pequeno aumento de PFS, mas aumentou taxas de infecção graus 3/4. R-Ven não mudou PFS em relação a QT. Reforça benefício de O-Ven em primeira linha. Esse benefício de ganho de PFS foi mais evidente no grupo de pacientes com IGHV não mutado.

43
Q

(DASA TMO 2021) Homem, 68 anos, com linfocitose há 1 ano. O hemograma mostra contagem de linfócitos de 28 x 109/L e anemia (Hb: 8). A IFSP é positiva para os antígenos CD19, CD5, CD23 e mostra fraca expressão de sIg, além de negatividade para FMC7. O exame físico revela um linfonodo palpável em cadeia cervical, de 4 cm. Com relação ao caso acima, é correto afirmar:

(A) O paciente deve ser considerado como portador de Leucemia Linfoide Crônica (LLC) Binet C, tendo em vista a anemia e o padrão de imunofenotipagem.
(B) Deve ser solicitado o TAD para a avaliação da anemia. Se negativo, o paciente será classificado como LLC Binet A e o tratamento quimioterápico deverá ser iniciado.
(C) O paciente apresenta LLC Binet B devido à presença de linfadenopatia e deve receber tratamento inicial com ibrutinibe.
(D) Deve ser solicitado o TAD para avaliação da anemia. Se positivo, o paciente será classificado como LLC Binet A e, neste caso, deve-se tratar a hemólise e não introduzir tratamento quimioterápico.

A

(D) Deve ser solicitado o TAD para avaliação da anemia. Se positivo, o paciente será classificado como LLC Binet A e, neste caso, deve-se tratar a hemólise e não introduzir tratamento quimioterápico

Trata-se de um paciente idoso, com quadro de linfocitose e anemia. Na avaliação dessa linfocitose percebemos se tratar de um linfócito B CD5+ e CD23+. Esse perfil é compatível com o diagnóstico de LLC.

A LLC é uma doença linfoproliferativa de curso indolente. Ela pode ser estratificada através de achados clínicos e laboratoriais com escores clínicos (RAI e BINET). Não é necessário usar TC para avaliação de conglomerados nodais, a não ser que se suspeite de massa abdominal com sintomas compressivos.

RAI
RAI 0: Linfocitose apenas
RAI I: Linfonodoemegalias
RAI II: Organomegalias
RAI III: Plaquetopenia por infiltração MO
RAI IV: Anemia por infiltração de MO

Mais recentemente a classificação foi alterada, dividindo em 3 categorias:
- RAI I (baixo risco): Linfocitose apenas
- RAI II (risco intermediário): Linfonodomegalia/Organomegalia (antigos I e II)
- RAI III (alto risco): Anemia/Plaquetopenia (antigos III e IV)

BINET
BINET A: < 3 áreas linfonodais
BINET B: > 3 áreas linfonodais
BINET C: Anemia ou plaquetopenia por infiltração MO

No caso do paciente em questão é imperativo diferenciar se a anemia se trata de um quadro infiltrativo ou secundário a evento imune (AHAI) que ocorre frequentemente nesses pacientes. Essa diferença pode ser feita através de provas de hemólise, que caso estejam positivas, trata-se de um quadro de AHAI e não deve pontuar nos critérios de RAI/BINET.

LETRA A INCORRETA: Como exposto acima, não é possível pelas informações da questão garantir que a anemia seja por infiltração linfocitária de MO, e portanto não é possível afirma que se trata de BINET C.

LETRA B INCORRETA: Caso a pesquisa de TAD se prove negativa, a anemia provavelmente é decorrente de infiltração medular e seria caracterizada como BINET C, podendo ser uma indicação de tratamento

LETRA C INCORRETA e D CORRETA: Não é possível afirmar que se trata de um BINET B, uma vez que necessitamos definir se a anemia ocorre por infiltração MO. Se o paciente não apresentar infiltração e a anemia for decorrente de hemólise ou outras causas, o paciente seria classificado como BINET A, já que possui < 3 áreas linfonodais (apenas linfonodo cervical)

44
Q

Estadiamento LLC - RAI

A
  • O estadiamento de RAI foi publicado em 1975.
  • O estudo avaliou 125 pacientes diagnosticados com LLC entre 1941 e 1971
  • Os autores escolheram os parâmetros de forma ARBITRÁRIA para estadiar os pacientes, baseado em experiencia clinica (parâmetros que eles acreditavam estar relacionados com pior evolução clínica). Dessa forma eles testaram a aplicabilidade desses parâmetros em duas coortes retrospectivas.
  • RAI 0: Linfocitose
  • RAI 1: Linfocitose + adenomegalias
  • RAI 2: Linfocitose + Hepatoesplenomegalia
  • RAI 3: Anemia (Hb < 11)
  • RAI 4: Plaquetopenia (< 100.000)
  • Esse escore é antigo, criado bem antes das terapias atuais que temos disponíveis e não deve ser usado para prognosticar os pacientes na era moderna.
  • No entanto, o artigo original em 1975 mostrou que pacientes com RAI 0 possuiam mediana de OS de 10 anos, confirmando o curso indolente dessa doença.
45
Q

Estadiamento LLC - BINET

A
  • Score de estadiamento em LLC criado por um grupo francês
  • O estudo inicial foi publicado em 1977 e possuia 4 estágios (1-4), sendo similar ao RAI que era de 0-4.
    > BINET 1: Linfocitose + Adenopatia
    > BINET 2-3: Hepato-esplenomegalia
    > BINET 4: Anemia/Trombocitopenia
  • Posteriormente em 1981, BINET mudou os parâmetros após eles perceberam que muitas das vezes os pacientes com linfonodomegalias e organomegalias possuiam prognóstico semelhante e souberam que citopenias em si possuim prognóstico ruim em relação a não ter citopenias por infiltração medular. Outras coisas é que eles perceberam uma correlação entre desfecho com numero de cadeias nodais acometidas. Dessa forma, ele criou de forma arbitrária o corte de > 3 áreas nodais como marcador de pior desfecho (esplenomegalia sendo contada como área nodal).
  • BINET A: Linfocitose com menos de 3 áreas nodais
  • BINET B: Linfocitose com 3 ou mais áreas nodais envolvidas
  • BINET C: Citopenias (Hb < 10 e Plaq < 100.000)
46
Q

CLL - IPI

A
  • Score prognóstico desenvolvido incorporando variáveis de pior desfecho nos pacientes com LLC.
  • Assim como RAI e BINET que fizeram tentativas de prognosticar os pacientes com LLC, apesar de ter sido publicado na LANCET em 2016, foi desenvolvido antes de terapias modernas como anti-BCL2 e iBTKs.
  • O score foi publicado em uma revisão sistemática e meta análise, que incluiu mais de 3500 pacientes de 8 trials clínicos.
  • Foram identificados 5 marcadores prognósticos independentes:
    > Mutação TP53 (ou del17p)
    > Status IGHV
    > B2 microglobulina > 3,5
    > Idade > 65 anos
    > Binet B/C ou RAI 1-4
  • Outros marcadores de doença mais agressiva como deleção 11q não foram associados a menor sobrevida. Vale a pena lembrar que estudos mostram que o impacto prognóstico da del11q pode ter relação com a idade.

Como dito, o CLL-IPI não deve ser utilizado para prognosticar esses pacientes e predizer OS. No entanto, o grande benefício desse estudo é que pacientes no grupo de baixo risco, 80% não chegou a precisar de tratamento após follow up de 10 anos nas coortes avaliadas. Isso é válido e um argumento a mais para mostrar que essa é uma doença que muita das vezes não precisa ser tratada.

47
Q

CLL12

A
  • Estudo publicado em 2022
  • Hipótese: “Em pacientes com LLC e curso indolente e com características alto risco, há benefício de tratamento precoce?”
  • Desenho: Pacientes com LLC BINET A, sem indicação de tratamento e características de alto risco de progressão (como TP53/17p, IGHV, Del11q) foram randomizados para receber ibrutinib ou placebo 1:1.
  • Resultados: Ibrutinib teve melhor endopoint primário de EFS em 3 anos (85% vs 60%). Não houve diferença em OS.
  • Interpretação: O estudo mostrou que não houve benefício de sobrevida em tratar esses pacientes precocemente. Além disso, nos pacientes do grupo placebo, em 3 anos, 40% NÃO PRECISARAM DE TRATAMENTO! Ou seja, tratar sem indicação só por que o paciente tem características de mais alto risco NÃO ALTERA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA, além de expor o paciente a efeitos coleterais desnecessários.
48
Q

CLL-11

A
  • População: Primeira linha pacientes unfit
  • Esquemas: Clorambucil vs Clorambucil-Obinuntuzumab vs Clorambucil-Rituximab
  • Desfechos: Mediana PFS (26 meses O-CLB vs 16 meses R-CLB vs 11 meses CLB-mono). Além disso, o grupo O-CLB teve melhores taxas de OS. Maiores taxas de reações infusionais no grupo Obiuntuzumab em relação ao Rituximab, mas sem diferença no risco de infecção.
  • Conclusão: O estudo demonstrou melhores taxas de resposta (PFS e OS) no grupo Obinuntuzumab em relação ao Rituximab nesses pacientes
49
Q

CLL-10

A
  • Esquemas: BR vs FCR
  • Desfechos: Mediana PFS (41 meses BR vs 55 meses FCR), mostrando piores taxas de BR em relação ao FCR. Além disso, a taxa de negativação de DRM dos pacientes com FCR também foi melhor. Maiores taxas de efeitos colaterais em pacientes com FCR, com taxa bem maior de complicações infecciosas nos pacientes com > 65 anos.
  • Conclusão: O estudo foi desenhado para avaliar “não-inferioridade” de BR em relação ao FCR. Dessa forma, o estudo falhou em atingir esse objetivo, mostrando que FCR é superior ao Benda-R nesses pacientes, desde que o paciente seja < 65 anos e tolere a toxicidade desse esquema. Benda-R talvez seja melhor em pacientes idosos que não tenham disponibilidade de outras estratégias de tratamento.
50
Q

ECOG 1912

A
  • População: Pacientes com LLC virgens de tratamento com < 70 anos e considerados fit. Excluidos pacientes com del17p (já que tinha um braço com quimio e sabemos que os pacientes respondem mal a essa estratégia de tratamento).
  • Esquemas: Ibrutinib + Rituximab seguido de ibrutinib contínuo vs FCR
  • Desfechos: O estudo mostrou que pacientes com IR apresentaram maior PFS em 5 anos em relação a FCR. A análise de subgrupo inicial em relação ao perfil mutacional de IGHV mostrou que IGHV mutado não havia apresentado diferença de PFS estatisticamente significativa em relação a FCR. O benefício havia sido mais evidente em pacientes com IGHV não mutado. No follow up de 6 anos publicado em 2022 na Blood, o benefício de PFS se estendeu para ambos os grupos, com HR 0,27. Além disso, apesar de ser um desfecho secundário, o estudo mostrou um possível benefício de OS no grupo IR (HR, 0.47; P = .018).
51
Q

Qual a fisiopatologia da LLC?

A
  • As células B se originam na medula de células progenitoras CD34+
  • Com a maturação das células B na medula e surgimento de BCR (B Cell Receptor) as células B saem da medula óssea como células B naive
  • Essas células B naive da circulação entram no linfonodo e outros órgãos linfoides secundários para seguir com o processo de maturação após encontrar um antígeno e passar por hipermutação somática.
  • O clone da LLC pode surgir da célula B naive mais imatura ou do linfócito B que passou pelo processo de hipermutação somática no centro germinativo.
  • Essas células podem então circular livremente no SP e tomar residência nos linfonodos. Dependendo do comportamento predominante entre linfocitose ou linfadenomegalias podemos classificar em algum ponto do mesmo espectro (LLC e SLL)
52
Q

Qual a taxa de descontinuação de iBTK em pacientes usando essas medicações para tratamento de LLC?

A

A taxa de descontinuação de iBTKs em pacientes com LLC depende de alguns fatores como o qual a medicação e qual o grau de seletividade, idade e comorbidades dos pacientes.

A) Ibrutinib
- Taxas de continação mais importantes do que outros iBTKS, uma vez que tem uma particula menos seletiva e mais efeitos “off target”
- O estudo RESONATE-2 de pacientes unfit com LLC e mais de 65 anos que liberou Ibrutinib para primeira linha demonstrou uma taxa de descontinuação de 12% por eventos adversos.
- Em uma analise de mundo real de 616 pacientes tratados com Ibrutinib a taxa de descontinuação foi de 41% com mediana de tempo para descontinuação de 7 meses.
- Outros estudos mostram taxas de descontinuação que variam de 20-60%

B) Acalabrutinib:
- Causa menos efeitos colaterais cardíacos, sendo mais bem tolerado. - No estudo ELEVATE-TN a taxa de descontinuação foi de 10%
- Em um outro estudo randomizado fase III a taxa de descontinuação por acalabrutinib ocorreu em 14,7% dos pacientes tratados, comparado com 23% dos pacientes com ibrutinib.
- No estudo que liberou acala para R/R (ELEVATE-RR) o acaba teve um perfil de tolerabilidade bem melhor em relação ao Ibrutinib.A incidencia de eventos adversos comuns em iBTKs foi de: FA/flutter em qualquer grau 2x maior com Ibrutinib; Hipertensão em qualquer grau 2,8x maior com Ibrutinib; Sangramentos de qualquer grau 1,6x maior com Ibrutinib

C) Zanubrutinib
- No estudo SEQUOIA que liberou zanubrutinib em primeira linha a taxa de descontinuação por eventos adversos foi de aproximadamente 11%

REFERENCIAS:
1. Toxicities and Outcomes of 616 Ibrutinib-Treated Patients in the United States: A Real-World Analysis.
Mato AR, Nabhan C, Thompson MC, et al. Haematologica. 2018; 103(5):874-879.doi:10.3324/haematol.2017.182907.

  1. Real-World Comparative Effectiveness of Acalabrutinib and Ibrutinib in Patients With Chronic Lymphocytic Leukemia. Roeker LE, DerSarkissian M, Ryan K, et al.
    Blood Advances. 2023;7(16):4291-4301. doi:10.1182/bloodadvances.2023009739.
  2. Zanubrutinib Monotherapy for Patients With Treatment Naïve Chronic Lymphocytic Leukemia and 17p Deletion. Tam CS, Robak T, Ghia P, et al. Haematologica. 2021;106(9):2354-2363. doi:10.3324/haematol.2020.259432.
53
Q

Nos pacientes com LLC e com história doe trombose e que usam iBTK, qual a melhor opção de anticoagulante?

A

O manejo de anticoagulação em pacientes tratados com iBTK requer consideração cuidadosa devido ao risco aumentado de sangramento associado a esses agentes, principalmente Ibrutinib.

(A) Evitar antagonistas de vitamina K:
- São contraindicados devido ao risco mais elevado de sangramento quando em conjunto com Ibrutinib
- O uso de marevan foi considerado um critério de exclusão do estudo ELEVATE-TN

(B) Preferir DOACs:
- No entanto, eles ainda trazem um risco significante de sangramento
- Um estudo demonstrou incidência de 18% de eventos hemorrágicos maiores com Rivaroxabana e 6% maior com Apixabana quando em conjunto com Ibrutinib

(C) Monitorização e individualização:
- A necessidade e duração da anticoagulação devem ser avaliadas e individualizadas baseados no risco tromboembólico e risco de sangramento.

(D) Evitar dupla antiagregação plaquetária
- Aumento de risco

(E) Manejo de sangramento:
- Em casos de sangramentos maiores o Ibrutinib deve ser descontinuado e medidas de suporte como transfusão plaquetária podem ser necessárias.

54
Q

BRUIN Trial

A

Phase I/II trial of non covalent BTK inhibitor pirtobrutinib
C481 mutation occurs with BTK inhibitors and pirtobrutinib overcomes the resistance mechanism.
ORR ~70% with median PFS 19 months.
Caveat is that about 25% of patients who were intolerant (rash, hypertension, atrial fibrillation, etc.), but didn’t necessarily progress on prior BTK.
This is a potential option to use as a bridge to allo transplant.

55
Q

Qual a mutação que confere resistencia ao tratamento de pacientes com LLC em uso de iBTK

A

C 481

A resistencia a iBTK

Bruton’s tyrosine kinase (BTK) inhibitor resistance at C481 refers to the development of resistance to BTK inhibitors, particularly covalent inhibitors like ibrutinib, due to a mutation at the cysteine 481 (C481) residue of the BTK enzyme. This mutation, commonly a C481S substitution, prevents the covalent binding of these inhibitors, thereby reducing their efficacy.
The C481S mutation is a significant mechanism of acquired resistance in patients treated with covalent BTK inhibitors. This mutation alters the binding site, preventing the formation of a covalent bond between the inhibitor and BTK, which is essential for the inhibitor’s activity

56
Q

RESONATE trial

A

Estudo que liberou Ibrutinib monoterapia para tratamento de LLC R/R

População: Pacientes com 65 anos ou mais, com LLC R/R, incluindo pacientes com mutação de TP53

Esquemas: Ibrutinib vs Ofatumumab

Desfechos: Ibrutinib mostrou benefício de PFS em relação a Ofatumumab e uma tendencia de benefício em OS quando censurados os pacientes que fizeram crossover entre os braços. O benefício de PFS se manteve dentre o grupo de pacientes de maior risco como TP53 mutado ou IGHV não mutado.

Eventos colaterais: Taxa de fibrilação atrial de 12% e hipertensão em 21% dos pacientes com Ibrutinib.

Viés: Estudo que comparou Ibrutinib a um braço comparador muito fraco (anti-CD20 muito pouco utilizado e sem muita evidencia e de forma isolada). Possivelmente o estudo subvalorizou a incidencia de eventos colaterais como FA (estudos em vida real demonstram incidencia de até 40%)

57
Q

BRUIN TRIAL

A

Estudo fase I/II que avaliou a eficácia e segurança de pirtobrutinib (iBTK não covalente altamente seletivo) em pacientes com LLC R/R. A partir deste estudo o guideline da NCCN incorporou pirtobrutinib como opção de tratamento para pacientes com LLC R/R que receberam pelo menos 2 linhas prévias de tratamento , incluindo um iBTK e um inibidor de BCL2. Além disso, em pacientes mais jovens e fit para TMO alogênico, pode servir como uma ponte.

População: Pacientes com 65 anos ou mais, com LLC R/R, incluindo pacientes com mutação de TP53 e uso prévio de iBTKs
- Obs: 25% dos pacientes da coorte que usaram iBTK anteriormente tiveram a medicação suspensa por intolerância (rash, HAS, FA) e não por progressão em uso prévio de iBTK.

Desfechos:
- ORR: Dentre pacientes previamente tratados com iBTK 73,3%
- PFS: Mediana PFS 19,6 meses para pacientes com uso prévio de iBKT. Se uso prévio de iBTK + inibidor BLC2 a mediana era de 17 meses
- O benefício foi consistente em pacientes de subgrupos de alto risco como del17p ou mutações de TP53 com mediana de 17-19 meses de PFS
- Efeitos colaterais: Os efeitos colaterais mais comuns foram infecções (71%), sangramento (42%) e neutropenia (32%). Notavelmente eventos adversos comumente relacionados a iBTKs como FA ou hipertensão foram infrequentes, com taxa de FA de 3,8%. Apenas 2,8% dos pacientes descontinuaram tratamento por eventos adversos relacionados ao tratamento.

Eventos colaterais: Taxa de fibrilação atrial de 12% e hipertensão em 21% dos pacientes com Ibrutinib.

58
Q

BRUIN TRIAL

A

Estudo fase I/II que avaliou a eficácia e segurança de pirtobrutinib (iBTK não covalente altamente seletivo) em pacientes com LLC R/R. A partir deste estudo o guideline da NCCN incorporou pirtobrutinib como opção de tratamento para pacientes com LLC R/R que receberam pelo menos 2 linhas prévias de tratamento , incluindo um iBTK e um inibidor de BCL2. Além disso, em pacientes mais jovens e fit para TMO alogênico, pode servir como uma ponte.

População: Pacientes com 65 anos ou mais, com LLC R/R, incluindo pacientes com mutação de TP53 e uso prévio de iBTKs
- Obs: 25% dos pacientes da coorte que usaram iBTK anteriormente tiveram a medicação suspensa por intolerância (rash, HAS, FA) e não por progressão em uso prévio de iBTK.

Desfechos:
- ORR: Dentre pacientes previamente tratados com iBTK 73,3%
- PFS: Mediana PFS 19,6 meses para pacientes com uso prévio de iBKT. Se uso prévio de iBTK + inibidor BLC2 a mediana era de 17 meses
- O benefício foi consistente em pacientes de subgrupos de alto risco como del17p ou mutações de TP53 com mediana de 17-19 meses de PFS
- Efeitos colaterais: Os efeitos colaterais mais comuns foram infecções (71%), sangramento (42%) e neutropenia (32%). Notavelmente eventos adversos comumente relacionados a iBTKs como FA ou hipertensão foram infrequentes, com taxa de FA de 3,8%. Apenas 2,8% dos pacientes descontinuaram tratamento por eventos adversos relacionados ao tratamento.

Eventos colaterais: Taxa de fibrilação atrial de 12% e hipertensão em 21% dos pacientes com Ibrutinib.

59
Q

Quais os principais efeitos colaterais de Idelalisib?

A

Idelalisib é um inibidor de PI3K que possui um mecanismo de ação semelhante aos iBTKs, através de inibição da via de sobrevivência da célula relacionada a hiperativação do receptor de células B (BCR)

Foi liberado para uso em LLC através de um trial que comparou Idelalisib + Rituximab vs Rituximab e placebo (braço comparador ruim).

No entanto, é uma droga muito toxica, com alta incidência de pneumonite, hiperglicemia e pancreatite. Dessa forma, acaba não sendo muito utilizado neste contexto.

60
Q

Qual a mediana de OS para pacientes com Richter?

A

6 meses

Richter tem uma apresentação mais agressiva do que transformação de linfoma folicular ou MALT em difuso de grandes células B

61
Q

Em pacientes com LLC e indicação de tratamento com TP53 mutado, existe alguma melhor terapia?

A

Sabidamente esses pacientes apresentam piores desfechos com quimio-imunoterapia e possuem indicação de tratamento de primeira linha com iBTK contínuo ou Veneto+Obinotuzumab terapia finita por 1 ano.

Não existem estudos atualmente comparando essas duas estratégias (finita x contínua). Os dados que temos ao extrapolar dos estudos separados é:
- CLL 14 (Veneto+Obino): Nos pacientes com TP53 - Mediana PFS 51,9 meses
- ELEVATE-TN (Acala-O / Acala): Nos pacientes com TP53 - Mediana de PFS 73 meses (Acala-O) e NR para Acala monoterapia.

Olhando esses dados podemos tender a achar que terapia contínua é mais eficaz, mas estamo extrapolando dois estudos e obviamente um paciente que recebe terapia contínua tende a ir melhor do que um paciente que tratou por 1 ano apenas e ficou livre de medicamentos por um bom tempo. No final são ambas opções a depender do médico e paciente.

O estudo CLL 17 pode ajudar a definir essa dúvida (iBTK contínuo vs Veneto-Obino em primeira linha)

62
Q

CAPTIVATE Trial

A

Estudo multicêntrico fase II com pacientes com LLC < 70 anos e incluindo pacientes com del17p e TP53 mutado. Avaliou a associação de iBTK + Venetoclax

O estudo envolveu duas coortes:
- Terapia Finita: 3 ciclos Ibrutinib > 12 ciclos Ibrutinib + Venetoclax
- DRM: Pacientes recebiam o mesmo esquema de tratamento do braço de terapia finite. No entanto, após o final do tratamento os pacientes com uMRD eram randomizados para receber Ibrutinib contínuo ou placebo. Os que não possuiam uMRD eram randomizados para Ibrutinib contínuo ou Ibrutinib+Venetoclax.

Resultados:
- Coorte terapia finita: 2y PFS 95% e 2yOS 98%. Além de tacas de uMRD de 77% em SP e 60% em MO. As taxas de 2yPFS foram levemente menores em pacientes com TP53 em comparação a pacientes sem TP53 (84% vs 96%).
- A coorte DRM mostrou que dentre os pacientes com DRM negativa após os 15 ciclos iniciais que foram randomizados para placebo houve uma DFS em um ano de 95%, demonstrando o benefício de terapia finita nesses pacientes.

Dessa forma, o estudo concluiu que Terapia finita de Ibruti + Veneto é uma opção altamente efetiva para pacientes com LLC em primeira linha, inclusive nos pacientes de maior risco como del17p ou mutação de TP53

63
Q

GLOW Trial

A

Estudo fase 3

População: Pacientescom LLC > 65 anos/unfit (CIRS > 6 ou ClCr < 70) em primeira linha
Esquemas: Clorambucil-Obinu vs Ibrutinib+Venetoclax (3 ciclos de Ibruti e depois 12 ciclos de I+V) terapia finita
Desfechos:
- PFS: Ibrutinib + Veneto mostrou PFS significativamente maior (42m PFS 74,6% vs 24,8%).
- DRM: Maior taxa de uMRD no grupo Ibruti + Veneto;
- Segurança: Maiores taxas de eventos adversos grau 3 no grupo Ibruti+Veneto (76% dos pacientes).
- OS: Sem diferença em OS entre os dois braços no follow up de 4 anos

Esse estudo comprovou o benefício de I+V em primeira linha de pacientes com LLC, com terapia finita, em um estudo mais robusto fase III (CAPTIVATE Fase II)

64
Q

Qual o melhor método para avaliação do perfil mutacional de IGHV? Qual o cutoff e sua interpretação?

A

Para avaliar o status mutacional de IGHV em pacientes com LLC e indicação de tratamento várias metodologias podem ser usadas, com o NGS sendo a abordagem preferida por conta de sua maior sensibilidade e acurácia.

Outras metodologias:
- Sequenciamento de Sanger: Tradicionalmente o perfil mutacional de IGHV era avaliado por PCR e amplificação de rearranjos VDJ clonais. Esse método ainda persiste como gold-standard, mas é menos eficiente e mais custoso que o NGS

Em ambas as técnicas, o racional é amplificar os genes de rearranjo V-D-J e comparar o sequenciamento com as sequencias germinativas do gene IGHV. O estado de IGHV não mutado é conferido quando a frequência de mutação é inferior ou igual a 2% (ou maior ou igual 98% de
identidade da sequência germinativa)
e está associado a um prognóstico relativamente adverso.

Além disso, existem dados que mostram que a porcentagem de variação entre o linfócito clonal e o padrão germinativo pode ter implicância em desfecho. Ou seja, quanto mais MUTADO (quanto maior a porcentagem de diferença entre os dois), melhores desfechos de PFS e OS em pacientes tratados com FCR.

LIMITAÇÃO: O sequenciamento do gene IGHV pode não ser obtido em amostras contendo menos de 20% de células B clonais.

  1. Chronic Lymphocytic Leukemia/­Small Lymphocytic Lymphoma, Version 2.2024, NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. Wierda WG, Brown J, Abramson JS, et al. Journal of the National Comprehensive Cancer Network : JNCCN. 2024;22(3):175-204. doi:10.6004/jnccn.2024.0018.
  2. Chronic Lymphocytic Leukemia IGHV Somatic Hypermutation Detection by Targeted Capture Next-Generation Sequencing. Grants JM, May C, Bridgers J, et al. Clinical Chemistry. 2024;70(1):273-284. doi:10.1093/clinchem/hvad147.
  3. Jain P, Nogueras Gonzalez GM, Kanagal-Shamanna R, et al. The absolute percent deviation of IGHV mutation rather than a 98% cut-off predicts
    survival of chronic lymphocytic leukaemia patients treated with fludarabine, cyclophosphamide and rituximab. Br J Haematol 2018;180:33–40.
65
Q

Qual o significado prognóstico de IGHV não mutado em pacientes com LLC tratados com iBTK?

A

O status mutacional de IGHV não tem influencia significativa nos desfechos de pacientes com LLC tratados com iBTK.

  • Estudos como o RESONATE-2, ELEVATE-TN e SEQUOIA demonstraram que o benefício dos iBTKs trouxe melhores desfechos em pacientes tanto em IGHV mutado quanto não mutado.

Ao contrário de pacientes tratados com Veneto-Obinutuzumab, nos quais o status mutacional ainda tem um significado prognóstico. No follow-up extendido do CLL14 os resultados de PFS foram melhores nos pacientes com IGHV mutado do que pacientes com IGHV não mutado (mediana de PFS NR para IGHV mutado e de 57 meses para IGHV não mutado). Já no GAIA-CLL13, quando foi adicionado Ibrutinib ao Veneto-Obinutuzumab houve benefício significativo em PFS de pacientes com IGHV não mutado em comparação com IGHV mutado (mostrando que o iBTK pode mitigar esse signficado prognóstico).

  1. Chronic Lymphocytic Leukemia/­Small Lymphocytic Lymphoma, Version 2.2024, NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. Wierda WG, Brown J, Abramson JS, et al. Journal of the National Comprehensive Cancer Network : JNCCN. 2024;22(3):175-204. doi:10.6004/jnccn.2024.0018.
66
Q

Qual o impacto prognóstico de cariótipo complexo no tratamento de pacientes com LLC?

A

A evidencia de cariótipo complexo em pacientes com LLC é associado obviamente a piores desfechos.

Uma análise retrospectiva mostrou que pacientes com cariótipo complexo com > 5 alterações cromossômicas foi um fator prognóstico adverso independente de estadiamento clínico, status mutacional de IgHV e TP53/del17p. Os pacientes com cariótipo complexo com 3-4 alterações cromossômicas só tiveram desfechos piores clinicamente relevantes se associados a alterações concomitantes de TP53. Deve-se salientar no entanto, que frequentemente pacientes com cariótipo complexo possuem mutação de TP53 e alterações no 17p.

Esse desfecho pior costuma impactar inclusive em pacientes tratados com iBTK ou terapia finita com Veneto-Obinutuzumab
- No GAIA-CLL13 a presença de cariótipo complexo com 3 alterações só teve piores desfechos estatisticamente significativa no braço de QT-IT (FCR/BR), enquanto que os pacientes com >5 alterações cromossômicas foi um fator prognóstico independente em pacientes nos braços com venetoclax.