HEMATO INFECTO Flashcards

1
Q

Homem, 68 anos, portador de mielofibrose primária, IPSS alto risco, submetido a transplante de medula óssea alogênico, doador aparentado HLA idêntico, fonte sangue periférico, condicionamento Flu/Bu + ATG e enxertia neutrofílica no D+14. Evoluiu no D+40 com reativação de CMV identificada em monitorização de rotina com PCR viral em sangue periférico (carga viral: 1.800 cópias/ml). Neste caso, qual a melhor alternativa terapêutica disponível por via oral?

A) Foscarnet

B) Letermovir

C) Valaciclovir

D) Valganciclovir

A

VALGANCICLOVIR

O tratamento de primeira linha para reativação de CMV em pacientes pós transplante de medula óssea alogênico após a fase de enxertia é o uso de Ganciclovir por via endovenosa ou Valganciclovir por via oral.

O Ganciclovir é um análogo de 2’-desoxiguanosina que se liga de maneira competitiva à enzima UL54 DNA polimerase. Para ser ativado, o medicamento exige fosforilação pela enzima viral UL97.

O Valganciclovir é uma pró-droga que é metabolizada em Ganciclovir e, portanto, tem o mesmo mecanismo de ação.

Os principais efeitos adversos são mielossupressão (principalmente neutropenia), lesão renal aguda e diarreia. Também pode ocorrer prurido, náuseas e vômitos.

Os mecanismos mais comuns de resistência viral são mutações nas enzimas UL97 (necessária para fosforilação e ativação da droga) e UL54, que é o sítio de ação.

Por isso, quando há suspeita de falha terapêutica por resistência viral, deve-se sequenciar os genes responsáveis por essas duas enzimas.

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Q

Homem, 62 anos, portador de leucemia mieloide aguda com mutação do RUNX1, risco desfavorável, foi submetido a transplante de medula óssea alogênico haploidêntico em primeira remissão. Doadora filha, 45 anos, G2P2A0, isogrupo ABO. Condicionamento Flu/Cy + TBI (200 cGy), fonte sangue periférico, profilaxia de GvHD com Ciclofosfamida pós, Micofenolato e Ciclosporina. Enxertia neutrofílica no D+13. Evoluiu no D+25 com quadro de febre sem foco, cefaleia holocraniana, sonolência e perda de memória recente. Ressonância magnética de encéfalo (sequência FLAIR, sem contraste) mostrada abaixo. Neste caso, qual o agente etiológico mais provável?

A) Vírus JC

B) Citomegalovírus

C) Herpes vírus tipo 6

D) Herpes simples tipo 1

A

HHV6

A maioria dos casos de ENCEFALITE pós transplante de medula óssea alogênico é causa pelo herpes vírus tipo 6 (HHV-6).

Outros vírus, como herpes simples, citomegalovírus, varicela zoster, Epstein-Baar, vírus JC e adenovírus também podem provocar quadros neurológicos e devem ser investigados quando pesquisa de HHV-6 for negativa.

Alguns fatores de risco adicionais são:

  • Depleção de células T in vivo (particularmente quando se utiliza Alemtuzumab);
  • Profilaxia intensiva para doença do enxerto contra o hospedeiro; e
  • Regimes de condicionamento baseados em Fludarabina.

No caso do TMO alogênico com doador haploidêntico, a maioria desses fatores de risco está presente, o que justifica a ALTA taxa de reativação de diversos vírus no período pós transplante.

Cerca de 1/3 das encefalites virais pós-TMO alogênico são causadas por HHV-6 e se manifestam por volta de 2 a 6 semanas após a infusão de células-tronco com quadro de febre sem foco, sonolência, cefaleia e perda de memória RECENTE.

A avaliação por RESSONÂNCIA MAGNÉTICA pode ser normal, porém alterações de sinal na topografia do SISTEMA LÍMBICO são típicas (encefalite límbica).

A pesquisa de HHV-6 por PCR no sangue e líquor tem boa SENSIBILIDADE e ajuda na confirmação etiológica.

Não existe tratamento específico para o HHV-6, sendo recomendado uso de Ganciclovir ou Foscarnet.

Key Points:

  1. A etiologia mais comum de encefalite viral pós TMO alogênico é o HHV-6;
  2. A encefalite por HHV-6 é uma encefalite límbica, se manifesta com perda de memória recente e pode ser fatal ou deixar sequelas permanentes.

Referências:

  1. Schmidt-Hieber M, et al. Viral encephalitis after allogeneic stem cell transplantation: a rare complication with distinct characteristics of different causative agents. Haematologica. 2011.
  2. Maffini E, et al. Neurologic Complications after Allogeneic Hematopoietic Stem Cell Transplantation. Biology of Blood and Marrow Transplantation. 2017.
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3
Q

Menina, 13 anos, D+25 pós transplante de medula óssea alogênico, doador aparentado HLA idêntico, para tratamento de anemia falciforme. Condicionamento: FLU/BU. Fonte: medula óssea. Profilaxia para GvHD: ATG + Ciclosporina + Metotrexato. Hb 7,2 g/dl, GB 0, Neu 0 e Plq 12mil/mm³. PCR para pesquisa de HHV-6 em sangue total resultou positivo: 10.500 cópias/ml. Pesquisa de HHV-6 em amostras de soro armazenadas pré-transplante do doador e do receptor: negativa. Demais exames sem alterações. Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) INICIAR TRATAMENTO COM CIDOFOVIR

B) MANTER OBSERVAÇÃO CLÍNICA

C) INICIAR TRATAMENTO COM GANCICLOVIR

D) SOLICITAR DLI

A

C) INICIAR TRATAMENTO COM GANCICLOVIR

Além do quadro clássico de encefalite, a infecção por HHV-6B também está associada a mielossupressão e FALHA de enxertia primária.

Por isso, recomenda-se realização de PCR para pesquisa de DNA viral em sangue periférico ou medula óssea em todos os casos com suspeita de falha de enxertia. Em paralelo, deve-se descartar outras etiologias infecciosas e não infecciosas.

Caso o resultado seja positivo, deve-se descartar o fenômeno de integração do DNA viral tanto no doador quanto no receptor (utilizando amostra armazenada pré-transplante ou avaliação de outros tecidos corporais) antes de caracterizar infecção viral ativa, já que virtualmente não há associação entre integração do vírus e doença.

O tratamento pode ser realizado com Ganciclovir ou Foscarnet. A dose recomendada para o Ganciclovir é 5 mg/kg 12/12h e a dose recomendada para o Foscarnet, 90 mg/kg 12/12h.

O tempo mínimo de tratamento é de 3 semanas. Deve haver clearance completo do HHV-6 no sangue e, nos casos de encefalite, do líquor (caso seja possível reavaliação liquórica). Pode-se considerar terapia combinada com Ganciclovir e Foscarnet em casos graves.

Sempre que possível, deve-se reduzir a imunossupressão. Em casos refratários, pode-se considerar uso de Cidofovir.

Key Points:

  1. A reativação de HHV-6B deve ser pesquisada sempre que houver suspeita de falha de enxertia primária.

Referências:

  1. Ward KN, et al. Guidelines from the 2017 European Conference on Infections in Leukaemia for management of HHV-6 infection in patients with hematologic malignancies and after hematopoietic stem cell transplantation. Haematologica. 2019.
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4
Q

Qual o principal agente etiológico associado ao quadro de ENCEFALITE viral pós transplante de medula óssea alogênico?

A) HSV

B) HHV-6B

C) HHV-6A

D) CMV

A

HHV-6B

Existem duas espécies de HHV-6 (Herpes Vírus Humano tipo 6): A e B.

A infecção por HHV-6B é quase universal nos primeiros 2 anos de vida e pode se manifestar como quadro de exantema súbito.

Após a primoinfecção, ocorre incorporação e latência do vírus em linfócitos T CD4+, monócitos, neurônios, fibroblastos e células epiteliais.

Em contrapartida, não há relato de doença associada ao HHV-6A.

Para o diagnóstico de reativação do vírus HHV-6 pós transplante de medula óssea alogênico, recomenda-se a realização de PCR quantitativo de DNA viral com capacidade de diferenciação entre as duas espécies.

Entretanto, nem todos os testes apresentam essa capacidade discriminatória.

Essa reativação viral é muito comum no período pós TMO alogênico, ocorrendo em 50% dos pacientes em geral e quase 100% dos receptores de cordão umbilical.

A maioria dos casos de encefalite por HHV-6 está associada a reativação com carga viral superior a 10.000 cópias/ml no plasma.

São fatores de risco para doença por HHV-6:

  • Fonte cordão umbilical;
  • Doador não-aparentado ou haploidêntico;
  • Doença do enxerto contra o hospedeiro aguda;
  • Depleção de células T; e
  • Uso de corticosteroide.

Key Points:

  1. A principal causa de encefalite viral pós TMO alogênico é a reativação de HHV-6B.

Referências:

  1. Ward KN, et al. Guidelines from the 2017 European Conference on Infections in Leukaemia for management of HHV-6 infection in patients with hematologic malignancies and after hematopoietic stem cell transplantation. Haematologica. 2019.
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5
Q

Qual das características abaixo NÃO é típica da encefalite causada por HHV-6 pós transplante de medula óssea alogênico?

A) Perda de memória a curto prazo

B) Déficit neurológico focal

C) Crises convulsivas

D) Encefalopatia

A

B) DEFICIT NEUROLÓGICO FOCAL

A principal causa de encefalite pós transplante de medula óssea alogênico é a infecção pelo HHV-6B, que ocorre PRECOCEMENTE e se manifesta como encefalite límbica aguda (PALE, Post-Transplant Acute Limbic Encephalitis) em 1/3 dos casos.

O diagnóstico é baseado na presença de DNA viral no líquor, coincidindo com quadro agudo de encefalopatia e/ou alteração de memória a curto prazo e/ou crises convulsivas. Devem ser descartadas outras etiologias infecciosas e não-infecciosas. Sempre que possível, deve-se excluir INTEGRAÇÃO viral no receptor ou doador.

O líquor mostra discreta pleocitose linfocítica e leve hiperproteinorraquia.

Tomografia de crânio geralmente é normal.

Na ressonância magnética, 60% dos casos apresentam hipersinal na sequência FLAIR, com acometimento do lobo temporal medial (especialmente na região do hipocampo e amígdala). Não há realce após administração de contraste. O exame pode ser falso negativo se realizado muito precocemente.

Crises convulsivas temporais são frequentes, mas déficits neurológicos focais são raros.

O eletroencefalograma revela alterações difusas (compatíveis com encefalopatia), mais proeminentes na região temporal.

Cerca de 20 a 60% dos casos evoluem com déficit permanente de memória a curto prazo e sequelas cognitivas.

A mortalidade é elevada: 25% nos pacientes em geral e 50% nos receptores de cordão umbilical.

A maioria dos casos ocorre no contexto de reativação viral, sendo raros os casos de primoinfecção (restritos à faixa etária de crianças muito jovens).

Key Points:

1, O quadro clássico de encefalite causada por HHV-6B se manifesta por encefalopatia, alteração de memória a curto prazo e crises convulsivas.

Referências:

  1. Ward KN, et al. Guidelines from the 2017 European Conference on Infections in Leukaemia for management of HHV-6 infection in patients with hematologic malignancies and after hematopoietic stem cell transplantation. Haematologica. 2019.
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6
Q

Homem, 50 anos, internado para tratamento devido diagnóstico de leucemia mieloide aguda. Evoluiu no D16 da I Indução de Remissão com protocolo “3+7” com quadro de febre, tosse seca e dispneia. Tomografia de tórax identificou múltiplos nódulos pulmonares bilateralmente. Estava em uso de Cefepime e profilaxia primária para infecção fúngica invasiva com Voriconazol. Foi submetido a broncoscopia com biópsia transbrônquica (mostrada abaixo). Neste caso, qual a etiologia mais provável?

A) Mucormicose

B) Acremonium

C) Fusariose

D) Aspergilose

A

A) MUCORMICOSE

A imagem da biópsia transbrônquica mostra infiltração maciça por hifas pleomórficas, irregulares, ESPESSAS, não-septadas e com ramificação em ângulo RETO, que são características compatíveis com o diagnóstico de MUCORMICOSE.

O diagnóstico definitivo, entretanto, deve ser confirmado por CULTURA sempre que possível.

O tratamento da mucormicose é realizado com desbridamento local agressivo (quando possível) e terapia antifúngica sistêmica com Anfotericina B complexo lipídico ou lipossomal (primeira opção), Posaconazol ou Isavuconazol.

Um dos principais fatores de risco associado à ocorrência de mucormicose em pacientes com neutropenia profunda e prolongada é o uso de Voriconazol profilático.

Por isso, recomenda-se preferencialmente profilaxia primária com Posaconazol em pacientes portadores de LMA ou SMD submetidos à terapia de alta intensidade.

Key Points:

  1. Na mucormicose, as hifas são pleomórficas, espessas, não-septadas e apresentam ramificação em ângulo reto.
  2. O tratamento da mucormicose deve ser realizado preferencialmente com Anfotericina B lipossomal e depois desescalonado para Posaconazol ou Isavuconazol por via oral após recuperação da neutropenia;
  3. Recomenda-se profilaxia primária com Posaconazol nos pacientes com LMA ou SMD submetidos à terapia de alta intensidade.

Referências:

  1. Cox GM, et al. Mucormycosis (zygomycosis). UpToDate. 2020.
  2. Prevention and Treatmento of Cancer-Related Infections. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. 2020.
  3. Cornely OA, et al. Global guideline for the diagnosis and management of mucormycosis: an initiative of the European Confederation of Medical Mycology in cooperation with the Mycoses Study Group Education and Research Consortium. The Lancet Infectious Diseases. 2019.
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7
Q

(DASA 2022) Homem, 42 anos de idade, encontra-se no D+15 de um TMO alogênico aparentado HLA idêntico para uma LMA, com Hb 5,5 Leuco 200 PLaq 10.000. Apresentou quadro de febre. Ao exame físico o paciente apresenta-se taquicárdico (FC 105bpm) e hipotenso (PA 80x50 mmHg). Estava em uso de levofloxacino, letemovir, micafungina e aciclovir profiláticos. Culturas prévias do paciente negativas, galactomanana negativa e TC de tórax e seios da face abaixo. Realizado LBA com biópsia que mostrou presença de hifas. Diante do exposto, assinale a alternativa correta:

A) Caso ocorra presença de hifas não sepatadas com ângulo reto a hipótese mais provável é aspergilose invasiva e deve-se iniciar tratamento com voriconazol e cefepime
B) Caso ocorra presença de hifas não septadas com ângulo reto, a hipótese mais provável seria murmomicose e deve-se iniciar tratamento com anfotericina B
C) Visto que o paciente está hipotenso e taquicardíco, a principal hipótese é de uma infecção bacteriana e deve ser considerado início imediato de meropenem e vancomicina, bem como início de posaconazol pela presença de hifas
D) A hipótese mais provável é fusariose sistêmica e deve-se iniciar tratamento com isavuconazol e cefepime

A

B) Caso ocorra presença de hifas não septadas com ângulo reto, a hipótese mais provável seria murmomicose e deve-se iniciar tratamento com anfotericina B

Comentário:
Trata-se de um paciente pós TMO alogênico, neutropenico e neutropenia febril, evoluindo com choque séptico. Na avaliação de foco percebe-se um nódulo pulmonar sugestivo de infecção pulmonar fúngica e a avaliação de seios da face mostra uma sinusopatia evidente em seio maxilar E. A glacatomanana negativa sugere que não se trate de um quadro de aspergidos, por se tratar de um marcador específico para esse fungo. Apesar de ser usado como artifício da questão, não há informações sobre como foi essa coleta e se foi de forma seriada. Idealmente seria realizada também uma avaliação de otorrino com possível biopsia e cultura desse local, mas a questão traz a presença de rifas obtidas por broncoscopia. Esse achado traz mais ainda força para a hipótese de doença fúngica (C INCORRETA, além de indicar vancomicina sem necessidade). Por se tratar de hifas, o pensamento é de diferencial entre aspergilose e mucormicose e essa diferenciação pode ser feita de acordo com a morfologia, sendo o aspergilus com uma hifa não sapatada com angulo de 45 graus (< 90) e a mucormicose com hifas não septadas com angulo de 90 graus. (B CORRETA). O tratamento doe mucormicose deve ser realizado inicialmente com formulações de anfotericina B, já que não apresenta boa resposta ao tratamento com maioria dos antifúngicos azóis. A maioria dos azóis, incluindo fluconazol e voriconazol, não tem atividade significante na mucormicose. No entanto, o posaconazol (800mg/dia administrado em doses divididas) parece ter uma atividade clinicamente útil contra várias espécies de Mucormyces e pode ser utilizado após um tratamento inicialmente bem-sucedido com anfotericina B. O tratamento cirúrgico com debridamento dos tecidos acometidos também é importante; na rinossinusite, por exemplo, o debridamento cirúrgico deve ser realizado urgentemente para limitar a disseminação agressiva da infecção em estruturas contíguas.

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8
Q

(DASA 2022) Homem, 47 anos, portador de LMA, inv16, realizou protocolo de indução da remissão com protocolo 3+7, com resposta completa e DRM negativa após a indução. Iniciada consolidação com AraC em altas doses, hoje no D11 da primeira consolidação, procura pronto atendimento devido a febre, realizado hemograma Hb 8,2g/dl, leuco 500 e plaq 39.000. Paciente encontra-se clinicamente estável e com histórico de NF prévia por E.Coli multi S. São opções terapêuticas para esse momento exceto:

A) Cefepime
B) Ceftriaxone
C) Piperacilina/Tazobactam
D) Meropenem

A

B) Ceftriaxone

Comentários:
Trata-se de um paciente com diagnóstico de neutropenia febril (paciente hematológico, em quimioterapia no D11 e com perspectiva de queda ainda nos próximos dias, com neutro < 500 e febre). Frente ao diagnóstico de NF, devemos iniciar tratamento com droga com cobertura ampla contra gram negativos e com cobertura contra pseudomonas. O IDSA e ASCO recomendam uma abordagem inicial com monoterapia com B-lactamico anti-pseudomonas como: Cefepime / Tazocin / Carbapenemicos / Ceftazidima (evitar ceftazidima em zooterapia pelo aumento de resistência por germes gram negativos e abordagem fraca contra germes gram positivos). Todos esses antibióticos estão descritos menos o Ceftriaxona. No caso em questão, é afirmado que esse paciente tem um histórico de E. Coli multi-S, mas mesmo assim não devemos iniciar terapia com baixa cobertura inicialmente, até porque esse paciente aparentemente já tem uso prévio de ATB, com risco de desenvolver resistência. O ideal é iniciar com cobertura mínima de cefepime e posterior descalonamento a depender de resposta e culturas desse paciente.

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9
Q

(HIAE 2021) Sobre o CMV, um dos principais agentes infecciosos, pós-TMO, é correto:

(A) Uso de letermovir oral de forma profilática em transplante alogênico de medula óssea levou à redução de infecção por CMV clinicamente significante.
(B) Há correlação direta entre colite por CMV e PCR para CMV positivo em sangue, sendo que PCR CMV sérico negativo exclui o CMV como causa de diarreia pós-transplante.
(C) Doença por CMV antes da enxertia é comum e é considerada uma das principais causas de mortalidade nesse período.
(D) Para pacientes com sorologia para CMV positiva, o ideal é que o doador tenha sorologia para CMV negativa, visto menor risco de reativação.
(E) Monitorização de PCR para CMV pós-transplante deve ser realizada em pacientes que não podem utilizar aciclovir como profilaxia, visto que essa droga é eficaz em controlar doença por CMV.

A

(A) Uso de letermovir oral de forma profilática em transplante alogênico de medula óssea levou à redução de infecção por CMV clinicamente significante.

LETRA A CORRETA: Os pacientes submetidos a TMO tem alto risco de reativação de CMV, podendo levar a viremia ou desenvolvimento de doença. Isso depende muito de algumas características como status sorológico do doador/receptor, grau de mismatch, uso de medicações linfodepletoras (Alemtuzumab, CyPT, ATG…) ou uso de fonte cordão, corticoide em altas doses para tratamento de GVHD. Para prevenção da reativação do CMV existem duas estratégias, podendo ser feito monitoramento de PCR CMV semanal e início de tratamento preemptivo a partir de detecção de viremia (que geralmente precede em pelo menos uma semana o aparecimento de CMV doença). Uma outra estratégia é o uso de antivirais profiláticos desde a enxertia, sendo uma estratégia menos realizada a depender do centro. A profilaxia pode ser feita com diversos antivirais, como Ganciclovir, Valganciclovir, Letemovir, Valaciclovir…
O Letemovir é aprovado nesse cenário e é específico para CMV, além de menos mielotóxico que o ganciclovir, e de acordo com estudo fase III que comparou com placebo, mostrou menores taxas de viremia e CMV doença em relação ao placebo.

LETRA E INCORRETA: Apesar de o aciclovir até poder ser usado na estratégia de PROFILAXIA, e usado em ALTAS DOSES, a atividade anti-CMV é limitada, com estudos mostrando maior redução de doença com ganciclovir. A dose habitual de aciclovir para profilaxia de HSV e VZV não protege contra reativação de CMV. Ao contrário disso, o ganciclovir ou valganciclovir tem atividade contra CMV e também possuem atividade contra herpesvirus, sendo que os pacientes em uso de ganciclovir/valganciclovir não precisam usar aciclovir profilático.

LETRA C INCORRETA: Com os recentes avanços na detecção de CMV e estratégias de prevenção com terapia pre-emptiva, apesar de ainda ser comum a virada, a incidencia de CMV DOENÇA diminuiu consideravelmente. No entanto, pacientes CMV+ ainda apresentam piores desfechos do que CMV-, com maior NRM e menor OS.

LETRA D INCORRETA: O status sorológico préTMO do doador e do receptor é um dos principais fatores de risco para reativação de CMV, viremia e desenvolvimento de sintomas. O cenário de menor risco é D-/R-. No caso de R+, o ideal é receber enxerto de doador também positivo (D+), pois o sistema imune do doador positivo possui imunidade adaptativa específica contra o CMV, que pode reduzir o risco de reativação durante o período de aplasia. O Doador negativo (D-) não possui essa imunidade específica.

LETRA B INCORRETA: O PCR CMV torna-se positivo apenas em 50% dos pacientes com diarreia e colite por CMV. Dessa forma, caso seja negativo não descarta o diagnóstico, devendo ser usado em conjunto com a colonoscopia e biópsia para estabelecer o diagnóstico.

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10
Q

(DASA 2022) Homem, 66 anos, atualmente no D+48 de TCTH alogênico de intensidade reduzida, doador haploidêntico (filho) por LLA em 1ª RC, com DRM negativa, enxertia neutrofílica no D+19. Paciente apresenta PCR quantitativo para CMV com 5670UI/mL. No momento assintomático, são opções terapêuticas, exceto:

(A) Ganciclovir.
(B) Valganciclovir.
(C) Valaciclovir.
(D) Foscavir.

A

(C) Valaciclovir

O risco de reativação de CMV é elevado no contexto de pós TMO-alogenico e é muito influenciado por fatores de risco que incluem:
- Sorologia doador/receptor pré-TMO
- Grau de mismatch
- Fonte cordão
- Drogas linfodepletoras: ATG, Alemtuzumab
- CyPT
- GVHD agudo e corticoide em altas doses.

Tendo em vista o elevado risco de reativação, existem duas possíveis abordagens preventivas:

TRATAMENTO PROFILÁTICO
Consiste em começar um antiviral a partir do momento da enxertia neutrofilica e manutenção até o D+100. Opções incluem: Ganciclovir, Valganciclovir, Letemovir, Foscarnet, Aciclovir ou Valaciclovir.

TRATAMENTO PREEMPTIVO
Essa abordagem é a mais utilizada e visa evitar toxicidade renal ou medular limitando o uso de antivirais. Consiste em monitorização 1-2x por semana de PCR de CMV e início de tratamento em caso de ascensão. Isso só é permitido por relatos que o paciente só desenvolve sintomas 1-2 semanas após a elevação dos níveis de PCR sérico do paciente pós TMO. Portanto, a partir de determinado nível indica-se o tratamento e as drogas de escolha incluem: Ganciclovir, Valganciclovir, Foscarnet, Letemovir (off label) ou Maribavir. Não é indicado Valaciclovir no contexto de terapia pre-emptiva (LETRA C INCORRETA).
A terapia preemptiva deve ser mantida por pelo menos 2 semanas com monitorização 1-2x por semana de PCR CMV

  • Indetectavel após 2 semanas: Voltar apenas a monitorizar o PCR (frequentemente são necessários novos cursos de tratamento)
  • Detectável mais em queda: Diminuir a dose do antiviral e continuar com uma manutenção até PCR CMV indetectável
  • Detectável mas estável ou ascensão: Manter dose plena e considerar testar resistencia ao ganciclovir e trocar para foscarnet
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11
Q

(UNIFESP TMO 2022) Qual das seguintes afirmações está INCORRETA em relação às candidemias sistêmicas?

(A) A Candida albicans geralmente é suscetível ao fluconazol e as equinocandinas.
(B) A Candida parapsilosis está associada à infecção de cateter e pode ser tratada com uma equinocandina.
(C) A Candida krusei é sempre resistente ao fluconazol, podendo ser tratada com equinocandina
(D) A Candida lusitaniae pode ser resistente ao fluconazol podendo ser tratada com anfotericina B lipossomal.

A

(D) A Candida lusitaniae pode ser resistente ao fluconazol podendo ser tratada com anfotericina B lipossomal

LETRA A CORRETA
Candida albicans é a especie mais comum da candidíase humana, mas recentemente a incidencia de especies de candida não albicans vem crescendo como Candida glabrata e Candida krusei. Dentre essas espécies, a candida albicans é sabidamente sensivel ao fluconazol e pode ser utilizada no seu tratamento.

_LETRA B CORRETA_:
C. parapsilosis é altamente suscetícel a maioria dos agenties antifúngicos, inclusive fluconazol e equinocandinas. Esse tipo de candidemia está altamente relacionado a manipulação de cateter venoso central.

_LETRA C CORRETA_:
A C. krusei é uma especie de candida sabidamente resistente a fluconazol e o tratamento deve ser realizado com equinocandinas. Algumas cepas inclusive são menos suscetiveis a anfotericina B, sendo necessárias doses um pouco maiores. Se optado para descalonar terapia para VO, voriconazol pode ser utilizados.
A C. krusei é intrinsicamente resistente ao fluco por causa de uma isoenzima alterada do CYP450 e essa resistencia não pode ser superada com doses maiores. O voriconazol se liga mais efetivamente a isoenzima do CYP450 do que o fluconazol, resultando em maior suscetibilidade.

_LETRA D INCORRETA_:
A C. lusitaniae é unica dentre as outras espécies, sendo caracteristicamente resistente a anfoB e sensível a azólicos e equinocandinas
A lusitaniae é burra e faz o contrário das outras

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