HEMOSTASIA E TROMBOSE Flashcards

1
Q

Qual a alteração mais frequente do coagulograma na anticoagulação plena com Fondaparinux?

A) Alargamento de TP e TTPa

B) Alargamento de TP isolado

C) Alargamento de TTPa isolado

D) Alargamento de TT isolado

A

ALARGAMENTO DE TTPA ISOLADO

O Fondaparinux é um pentassacarídeo que atua como INIBIDOR indireto do fator X ativado.

Quando utilizado em dose profilática (2,5 mg por dia, independente do peso) NÃO provoca alteração do coagulograma.

No caso de doses TERAPÊUTICAS, que variam conforme o peso (<50 kg: 5 mg; 50-100 kg: 7,5 mg; e >100 kg: 10 mg), pode-se observar ALARGAMENTO ISOLADO do TTPa.

O uso de fondaparinux não interfere nos testes TP (tempo de protrombina) ou TT (tempo de trombina).

Key Points:

  1. O uso de Fondaparinux em dose terapêutica pode alargar o TTPa, mas não tem efeito sobre o TP ou TT;
  2. O alargamento do TTPa induzido por Fondaparinux não se correlaciona com seu efeito terapêutico e não deve ser utilizado com objetivo de monitorização.

Referências:

  1. Bauer KA. Fondaparinux: Dosing and adverse effects. Uptodate. 2020.
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2
Q

Qual o principal efeito adverso relacionado ao uso de Caplacizumab no tratamento da púrpura trombocitopênica trombótica?

A) Sangramento mucocutâneo

B) Trombose venosa profunda

C) Hipocalcemia leve

D) Anemia hemolítica

A

SANGRAMENTO MUCOCUTANEO

A púrpura trombocitopênica trombótica adquirida é uma doença imunomediada causada por autoanticorpos anti-ADAMTS13.

Manifesta-se como microangiopatia trombótica com consumo das plaquetas secundário à formação de agregados plaquetários por ação de MULTÍMEROS não clivados do fator de von Willebrand.

O tratamento padrão é realizado com plasmaférese, corticosteroide e RITUXIMAB em primeira linha.

O CAPLACIZUMAB é um fragmento de imunoglobulina, contendo somente a porção variável, com especificidade contra o domínio A1 do fator de von Willebrand, região da molécula responsável pela ligação ao receptor plaquetário GP IB/IX/V. A inibição dessa ligação previne a agregação plaquetária.

No estudo fase 3 HERCULES trial, a adição de Caplacizumab ao tratamento padrão de PTT (com ou sem uso de Rituximab) permitiu a normalização mais RÁPIDA da contagem de plaquetas, menor taxa de recorrência do doença e menor incidência do desfecho COMBINADO de morte + recorrência de PTT + eventos tromboembólicos.

O principal efeito adverso provocado pela medicação foi o aumento da incidência de SANGRAMENTO CUTANEOMUCOSO (65% versus 38% no grupo placebo), porém sem impacto na sobrevida global.

Key Points:

  1. O uso de Caplacizumab associado ao tratamento padrão para PTT leva a normalização mais rápida da contagem de plaquetas, reduz a taxa de recorrência da doença e melhora o desfecho combinado de morte + recorrência + eventos tromboembólicos;
  2. O principal efeito adverso relacionado ao uso de Caplacizumab é o aumento da incidência de sangramento cutaneomucoso, geralmente leve.

Referências:

  1. Scully M, et al. Caplacizumab Treatment for Acquired Thrombotic Thrombocytopenic Purpura. NEJM. 2019.
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3
Q

Mulher, 72 anos, pós operatório de colectomia direita devido adenocarcinoma de colon ascendente. Apresentou quadro de trombocitopenia induzida por heparina após profilaxia com heparina não-fracionada, já suspensa. Foi iniciado tratamento com Fondaparinux em dose plena há 7 dias, evoluindo com normalização da contagem de plaquetas. Não foi identificado evento trombótico. Neste caso, qual a conduta recomendada na alta?

A) Manter anticoagulação plena por total de 12 semanas

B) Suspender anticoagulação na alta

C) Manter anticoagulação plena por total de 4 semanas

D) Transicionar para anticoagulação profilática e manter por total de 4 semanas

A

MANTER ANTICOAGULAÇÃO PLENA POR 4 SEMANAS

O tratamento da trombocitopenia induzida por heparina (HIT) deve ser feito com suspensão imediata da heparina e introdução de anticoagulação PLENA com outro agente, INDEPENDENTE da presença de evento trombótico.

A única exceção para o uso de anticoagulante alternativo em dose plena é a presença de insuficiência renal e hepática combinadas, situação em que fica a critério do especialista o ajuste de dose, visto a falta de dados na literatura para uso seguro dos anticoagulantes disponíveis.

Com exceção da heparina não-fracionada e das heparinas de baixo peso molecular, todos os demais anticoagulantes podem ser utilizados para tratamento de HIT.

No caso específico da varfarina, o uso está contraindicado somente na fase AGUDA da doença, podendo ser introduzida após NORMALIZAÇÃO da contagem de plaquetas e ponte com outro anticoagulante.

O tempo MÍNIMO recomendado para tratamento é de 4 semanas na ausência de eventos trombóticos e 3 meses no caso de trombose arterial e/ou venosa.

Key Points:

  1. A anticoagulação plena para tratamento de trombocitopenia induzida por heparina deve ser mantida mesmo após alta hospitalar com objetivo de cumprir o tempo mínimo recomendado de tratamento.

Referências:

  1. Coutre S, et al. Management of heparin-induced thrombocytopenia. Uptodate. 2020.
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4
Q

Qual agonista de trombopoetina é administrado por via SUBCUTÂNEA?

A) Eltrombopag

B) Lusutrombopag

C) Avatrombopag

D) Romiplostim

A

D) ROMIPLOSTIN

O Romiplostim é um agonista do receptor de trombopoetina com estrutura molecular do tipo “peptibody”, ou seja, trata-se de um composto constituído pela porção distal de um anticorpo do tipo IgG1 kappa ligado a uma sequência proteica.

Tem especificidade contra a porção EXTRACELULAR do receptor de trombopoetina (c-MPL), enquanto o Eltrombopag, por exemplo, atua na porção TRANSMEMBRANA do mesmo receptor.

Pode ser usado no tratamento da trombocitopenia imune (principal indicação), anemia aplástica grave, síndrome mielodisplásica, trombocitopenia associada a hepatite C (toxicidade relacionada à terapia com interferon gama), trombocitopenia no contexto pré-operatório (independente da etiologia) e no tratamento de citopenias pós transplante de medula óssea alogênico devido enxerto mal-funcionante.

Pode ser utilizado a partir de 1 ano de idade e deve ser administrado por via subcutânea na dose de 1 a 10 mcg/kg com frequência semanal.

Os demais agonistas de trombopoetina são moléculas disponíveis para uso oral.

Key Points:

  1. Romiplostim é o único agonista de trombopoetina disponível para uso parenteral e tem vantagem de ser administrado semanalmente, o que pode ser vantajoso em pacientes com baixa adesão aos agonistas orais.

Referências:

  1. Kuter DJ, et al. Clinical applications of thrombopoietic growth factors. Uptodate. 2020.
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5
Q

Menina, 7 anos, portadora de surdez neurossensorial congênita, encaminhada para avaliação após sangramento anormal durante procedimento cirúrgico. Mãe e avô materno com histórico de plaquetopenia, porém sem sangramento anormal. Hb 12,8 g/dl, Neu 4.500/mm³, Plq 78 mil/mm³ e VPM 15 fl. Esfregaço de sangue periférico mostrado abaixo. Coagulograma normal. Neste caso, qual o provável gene mutado?

A) GP IIb/IIIa

B) GP Ib/IX/V

C) Fator de von Willebrand

D) MYH9

A

D) MYH9

No caso apresentado, o quadro de sangramento anormal observado na infância associado a histórico familiar de trombocitopenia sugere tratar-se de plaquetopatia HEREDITÁRIA.

No esfregaço de sangue periférico, podemos identificar MACROPLAQUETAS (compatível com o aumento do VPM) e presença de INCLUSÕES azuladas no citoplasma dos neutrófilos, conhecidas como corpúsculos de Döhle.

O corpúsculos de Döhle não são patognomônicos e também podem estar presente em quadros reacionais (como infecções bacterianas e outros estados inflamatórios sistêmicos), mas caracteristicamente estão associados à mutação do gene MYH9.

A trombocitopenia relacionada à mutação do MYH9 tem padrão de herança autossômica dominante (podendo ser esporádicas em até 30% dos casos) e se manifesta por macroplaquetopenia, disfunção plaquetária (com sangramento desproporcional à contagem de plaquetas) e presença de corpúsculos de Döhle na série granulocítica.

Nesses casos, a cadeia pesada da miosina não-muscular número 9 (MYH9) precipita no citoplasma dos granulócitos e provoca essa alteração morfológica, que pode ser confirmada por método de imunofluorescência.

Também são frequentes alterações sistêmicas como glomerulonefrite, catarata precoce e surdez neurossensorial.

Antigamente, conforme as manifestações extra-hematológicas, esses quadros eram classificados como diversas síndromes pelos epônimos: May Hegglin, Flechtner, Epstein e Sebastian.

A maioria dos pacientes apresenta histórico de sangramento leve e não necessita de intervenção.

Recomenda-se exclusão de rotina da síndrome de Bernard-Soulier devido à semelhança do quadro clínico, com pesquisa de expressão das proteínas CD42a e CD42b na superfície plaquetária por imunofenotipagem de sangue periférico por citometria de fluxo.

Key Points:

  1. A trombocitopenia relacionada à mutação do gene MYH9 se manifesta com macroplaquetopenia e presença de corpúsculos de Döhle no citoplasma da série granulocítica;
  2. O padrão de herança é autossômico dominante e pode estar associado a manifestações sistêmicas como surdez neurossensorial, glomerulonefrite e catarata precoce.

Referências:

  1. orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?lng=PT&Expert=182050
  2. https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/180/myh9-related-thrombocytopenia#:~:text=Summary,-Listen&text=MYH9%2Drelated%20thrombocytopenia%20(MYH9RD),body%20or%20in%20the%20skin.
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6
Q

Mulher, 32 anos, internada devido trombose venosa cerebral. Nega comorbidades, uso de contraceptivo hormonal ou histórico familiar de trombose. Neste caso, qual dos exames abaixo NÃO faz parte da investigação etiológica de rotina?

A) Pesquisa de síndrome do anticorpo antifosfolipideo

B) Pesquisa da mutação V617F da JAK2

C) Pesquisa de hemoglobinúria paroxística noturna

D) Dosagem de homocisteína

A

D) DOSAGEM DE HOMOCISTEÍNA

Todos os pacientes com trombose venosa em sítios não-usuais, como o sistema nervoso central e a circulação esplâncnica (veias intra-abdominais), devem ser investigados quanto à etiologia do evento.

Eventualmente, existe um fator local evidente, como pancreatite aguda, procedimento cirúrgico ou compressão tumoral.

Para os demais casos, não existe consenso na literatura a respeito da rotina de exames diagnósticos a serem solicitados, mas existe uma tendência a se pesquisar as seguintes condições:

  • Síndrome do anticorpo antifosfolipídeo: por meio da pesquisa de anticoagulante lúpico, anti-cardiolipina IgM e IgG e anti-beta2 glicoproteína I IgM e IgG, lembrando que SAAF é a principal doença a ser investigada devido à sua maior prevalência em relação às demais;
  • Pesquisa da mutação V617F da JAK2: sabe-se que as neoplasias mieloproliferativas podem resultar em trombose mesmo em fases precoces da doença, quando ainda não há sinais evidentes de mieloproliferação e o hemograma é normal. Portanto, recomenda-se a pesquisa de mutação da JAK2 independente de alterações do hemograma;
  • Hemoglobinúria paroxística noturna: pode ser pesquisada por meio de imunofenotipagem de sangue periférico ou, conforme disponibilidade de recursos, pode ser triada pela pesquisa de provas de hemólise, considerando que a ocorrência de trombose venosa está diretamente relacionada ao grau de hemólise intravascular. Portanto, o diagnóstico se torna improvável na ausência de hemólise ativa e a detecção de pequenos clones não deve ser valorizada nesse cenário.

A dosagem de homocisteína NÃO é recomendada, uma vez que não há associação de hiperhomocisteinemia com eventos trombóticos. Além disso, o tratamento com suplementação vitamínica (vitamina B12, B6 e/ou ácido fólico) não possui benefício nesse cenário.

A pesquisa de trombofilias hereditárias (fator V de Leiden, mutação G20210A da protrombina, deficiência de proteína C, deficiência de proteína S e deficiência de antitrombina) deve ser avaliada de maneira individualizada, levando-se em conta principalmente a idade do paciente e o histórico familiar de trombose.

Key Points:

  1. Recomenda-se que a investigação de trombose venosa no sistema nervoso central e na circulação esplâncnica inclua pesquisa de SAAF, mutação V617F da JAK2 e pesquisa de HPN;
  2. A pesquisa de trombofilias hereditárias deve ser individualizada, com maior custo-benefício em pacientes jovens e com histórico familiar positivo para trombose;
  3. A dosagem de homocisteína não é recomendada na investigação de nenhum evento trombótico.

Referências:

  1. Riva N, et al. Cerebral and Splanchnic Vein Thrombosis: Advances, Challenges, and Unanswered Questions. J Clin Med. 2020.
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7
Q

Homem, 55 anos, submetido a transplante de fígado devido cirrose hepática por álcool complicada com hepatocarcinoma. Evoluiu com sangramento anormal durante o intraoperatório. Foi realizado exame de tromboelastografia point-of-care (controle normal acima e curva do paciente mostrada abaixo). Neste caso, qual a conduta recomendada?

A) Prescrição de anti-fibrinolítico

B) Transfusão de crioprecipitado

C) Transfusão de plaquetas

D) Transfusão de plasma fresco congelado

A

C) TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS

O exame de tromboelastografia é um método rápido capaz de informar o status de múltiplos componentes da hemostasia de maneira combinada.

Tem sido utilizado em situações complexas como o transplante hepático, onde o balanço entre sangramento intraoperatório e o risco de trombose da anastomose venosa do enxerto é muito delicado e sensível ao uso indiscriminado de hemocomponentes.

No exame mostrado, observa-se que o tempo de coagulação é normal (Clotting Time [CT], definido como a linha reta entre o início do teste e a formação inicial do coágulo), porém a amplitude (Maximum Clot Firmness [MCF] ou Maximum Amplitude [MA], definida como a amplitude máxima do gráfico) encontra-se reduzida .

Sabemos que o CT corresponde à função dos fatores de coagulação e a MA, à contagem de plaquetas.

Portanto, o resultado é compatível com disfunção plaquetária (por plaquetopenia ou uso de anti-agregantes plaquetários) e deve ser tratado com suporte transfusional de plaquetas.

Key Points:

  1. A tromboelastografia permite a avaliação simultânea de vários parâmetros da coagulação;
  2. A deficiência de fatores de coagulação provoca aumento do tempo de coagulação (CT);
  3. A disfunção plaquetária provoca redução da amplitude do gráfico (MA).

Referências:

  1. Zamper RFC, et al.The role of thromboelastometry in the assessment and treatment of coagulopathy in liver transplant patients. 2017.
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8
Q

Menino, 4 anos, com histórico de eczema crônico e infecções de repetição, encaminhado para investigação de plaquetopenia. Hb 13,8 g/dl, Neu 4.500/mm³, Plq 35 mil/mm³ e VPM 5 fL. Esfregaço de sangue periférico mostrado abaixo. Neste caso, qual a principal hipótese diagnóstica?

A) Síndrome de Wiskott-Aldrich

B) Síndrome de May-Hegglin

C) Síndrome de Bernard-Soulier

D) Trombastenia de Glanzmann

A

A) SÍNDROME DE WISKOTT-ALDRICH

A síndrome de Wiskott-Aldrich (WAS) é uma imunodeficiência congênita ligada ao X caracterizada por eczema, autoimunidade e maior suscetibilidade a neoplasias. ´

É causada por mutações no gene WAS, que é expresso em células hematopoéticas e regula o citoesqueleto celular, estrutura importante para a biogênese plaquetária.

Uma característica típica da doença é a MICROTROMBOCITOPENIA, com contagem variável entre 3-70 mil/mm³ e volume plaquetário médio inferior a metade do valor normal (geralmente <7 fL).

Cerca de 80% dos pacientes com WAS apresenta histórico de sangramento anormal, que é responsável por até 25% dos óbitos.

Manifestações imunomediadas como anemia hemolítica autoimune, vasculites sistêmicas, artrites inflamatórias, neutropenia imune e doença inflamatória intestinal também são frequentes.

Neoplasias podem ocorrer desde a infância e são causa importante de mortalidade, com destaque para os linfomas de células B associados à infecção crônica pelo vírus Epstein-Barr.

Key Points:

  1. A síndrome de Wiskott-Aldrich é uma imunodeficiência congênita ligada ao X caracterizada por eczema, autoimunidade e maior suscetibilidade a neoplasias;
  2. Microtrombocitopenia (<7 fL) é uma característica da síndrome de Wiskott-Aldrich.

Referências:

  1. Sereni L, et al. Platelets in Wiskott-Aldrich syndrome: Victims or executioners? J Leukoc Biol. 2018.
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9
Q

Mulher, 22 anos, portadora de deficiência grave de fator X (atividade <1%), evoluiu com hemoperitônio espontâneo durante o período de ovulação, com repercussão hemodinâmica. Na INDISPONIBILIDADE de concentrado de fator X plasmático, qual a melhor opção terapêutica?

A) Crioprecipitado

B) Plasma fresco congelado

C) Concentrado de complexo protrombínico

D) Concentrado de fator X recombinante

A

C) CONCENTRADO DE COMPLEXO PROTROMBÍNICO

A deficiência de fator X está associada a sangramento anormal nos casos que apresentam atividade menor que 10% (<0,1 UI/ml) e o risco hemorrágico se correlaciona bem com o nível sérico, sendo mais intenso em pacientes com deficiência grave (atividade <1% ou <0,01 UI/ml).

Podem ocorrer sangramentos articulares e musculares profundos.

Para reposição do fator, existem várias possibilidades conforme a disponibilidade:

A primeira opção é o concentrado de fator X plasmático (nome comercial Coagadex, não disponível no Brasil), que deve ser administrado na dose de 25 UI/Kg por dia até resolução do sangramento.

Até o momento, não existe concentrado de fator X recombinante.

Como segunda opção, temos o concentrado de complexo protrombínico (CCP) de 3 fatores (II, IX e X) ou 4 fatores (II, VII, IX e X), na dose de 20-30 UI/Kg por dia até resolução do sangramento. Essa estratégia exige monitorização dos níveis dos demais fatores de coagulação, com objetivo de evitar elevação da atividade acima de 150% pelo risco de eventos trombóticos.

Como terceira opção, utiliza-se plasma fresco congelado (PFC) na dose de 15-20 ml/kg.

O objetivo da reposição é elevar a atividade do fator X para níveis acima de 15 a 20%, com administração diária até resolução do sangramento.

A meia vida do fator X no Coagadex é de 27h e no CCP ou PFC, 40-60h.

Key Points:

  1. A deficiência de fator X está associada a sangramento anormal nos pacientes com atividade inferior a 10%;
  2. O tratamento de escolha é o concentrado de fator X plasmático (não disponível no Brasil), seguido de CCP e plasma fresco congelado;
  3. O uso de CCP exige monitorização da atividade dos demais fatores de coagulação pelo risco de trombose.

Referências:

  1. Mannucci PI, et al. Rare inherited coagulation disorders. Uptodate. 2020.
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10
Q

(DASA 2022) Paciente com 38 anos iniciou tontura e mal estar, com cefaleia e astenia importante. Passou em consulta no PS, apresentando os seguintes exames: Hb 7,5, leuco 5500 (N 3800) Plaq 36.000, U 55, Cr 1,45, Na 138, K 4,2, BT 2,8, BI 2,3, Ret 208 mil, DHL 530, haptoglobina 5. Foi realizado o esfregaço do sangue, abaixo:

Em relação a questão atual, marque a alternativa incorreta:
A) A síndrome de Shulman-Upshaw deve ser considerada nesse contexto caso a dosagem de Adamst13 venha baixa e o inibidor de Adamst-13 positivo
B) Caso o Coombs dessa paciente venha positivo, o tratamento deve ser realizado com prednisona 1mg/kg e ácido folínico
C) Visto a principal hipótese de uma microangiopatia trombótica com pouca disfunção renal, caso Coombs negativo, a plasmaférese de urgência deve ser considerada devido a hipótese de PTT
D) Dentre os diagnósticos diferenciais da etiologia em questão incluem: SHU, CIVD, SAAF catastrófica, Sd Evans e doenças relacionadas no metabolismo de cobalamina

A

A) A síndrome de Shulman-Upshaw deve ser considerada nesse contexto caso a dosagem de Adamst13 venha baixa e o inibidor de Adamst-13 positivo

Comentário:
PTT é definida pela deficiencia grave de ADAMTS13 (tipicamente atividade < 10%). ADAMTS13 é uma protease que cliva grandes multimeros de FvW na vasculatura e sua deficiência promove formação de microtrombos plaquetários. O diagnóstico de PTT depende muito do julgamento clínico, já que dosagem de ADAMTS13 muitas vezes é indisponível por vários dias e muitas vezes o seu teste não é confiável. A deficiência de ADAMTS13 pode ser hereditária (síndrome de Upshaw-Shulman) ou imune, como resultado da inibição de atividade de ADAMTS13 por um autoanticorpo. Dessa forma, a alternativa A está incorreta e é a resposta da questão por afirmar que na síndrome de Upshaw-Shalman existiria um inibidor de ADAMTS13 positivo.

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11
Q

(DASA PROVA 2023) Mulher, 45 anos, previamente hígida, assintomática, procura hematologista devido alterações em exame de rotina. Hb 12,1g/dL, VCM 90fL, Leucócitos 8000/µL, Neutrófilos 5000/µL, Linfócitos 1800/µL, Plaquetas 35000/µL.Levando em consideração o diagnóstico mais provável para o caso:
1- Quais exames você solicitaria?
2- Qual a conduta mais adequada nesse momento?

A

Gabarito:
1. Esfregaço sangue periferico, sorologias, USG Abdome, provas imunes
2. Expectante.

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12
Q

(HIAE 2022) Masculino, 37 anos, portador de Bernard Soulier, realiza no pré-op de cirurgia ortopédica transfusão de plaquetas. Após 2 horas da transfusão evolui com quadro de urticária. Nessa situação

(A) As proteínas plasmáticas são mais frequentemente implicadas nesta reação transfusional e, portanto, são mais comumente associadas as transfusões de plasma e plaquetas.
(B) É frequente a reação transfusional alérgica urticariforme imediata, não imune e mediada pelo produto do doador.
(C) A demanda é que o paciente deva ser testado para deficiência absoluta de IgA e, se presença de anti-IgA, recomenda-se o uso de hemocomponentes deficientes em IgA.
(D) Indica que a lavagem de hemoderivados é a estratégia a ser usada nas próximas transfusões.

A

(A) As proteínas plasmáticas são mais frequentemente implicadas nesta reação transfusional e, portanto, são mais comumente associadas as transfusões de plasma e plaquetas

Questão que aborda reações tranfusionais. Dentre essas, a reação alérgica urticariforme é uma das mais comuns. Apesar da fisiopatologia não ser completamente compreendida, acredita-se que o principal mecanismo seja por hipersensibilidade tipo 1. Dessa forma, a presença de um alérgeno e ligação a IgE leva a desgranulação de mastócitos e liberação de histamina. Portanto, o mecanismo é desencadeado pela presença de um componente proteico, e portanto o componente do sangue implicado é o plasma. Lembrar que as unidades de plaquetas apresentam as células em suspensão em pequena quantidade de plasma, também sendo implicada nessa reação.

(B) INCORRETA: A alternativa descreve que a reação é mediado por mecanismos não imunes.
(C) INCORRETA: A deficiencia de IgA é a inmunodeficiencia mais comum e mesmo assim não é comum. Nos pacientes com deficiência de IgA, os pacientes podem ser mais sensibilizados mais facilmente ao IgA de doadores e portanto serem mais suscetíveis a reações alérgicas mais graves. No entanto, só existe benefício em dosar IgA nos pacientes que apresentaram reação transfusional alérgica grave. Nesses pacientes, deve-se indicar transfusão de hemocomponentes plasmáticos de doadores pobres em IgA. O raciocínio é que muitos pacientes com deficiência de IgA podem nunca apresentar reações alérgicas graves, o que levaria ao uso de hemocomponentes especiais (pobre em IgA) em uma população de pacientes que talvez nunca apresentasse risco de vida.
(D) INCORRETA: Apesar da lavagem dos hemocomponentes reduzir o componente plasmático e reduzir o risco de reações mais graves, a indicação é apenas se episódios graves prévios.

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13
Q

(HIAE 2022) Feminina, 54 anos, diagnóstico recente de linfoma não-Hodgkin em tratamento com RDAEPOCH. Apresenta anemia sintomática e realiza transfusão ambulatorial. Quase ao término da transfusão evoluiu com quadro febril isolado. Essa reação adversa:

(A) É prevenida com irradiação do produto transfundido, se reação febril não hemolítica for confirmada.
(B) É febril não hemolítica, e o uso pré transfusional de antitérmico evita a recorrência deste quadro.
(C) Pode estar relacionada a leucócitos do doador e o uso de produto leucodepletado pré-armazenamento reduz seu o risco.
(D) Demanda, como preconizado, suspender a transfusão e realizar confirmação ABO e teste direto de antiglobulina (DAT) se paciente evoluir com febre persistente.

A

(C) Pode estar relacionada a leucócitos do doador e o uso de produto leucodepletado pré-armazenamento reduz seu o risco

A questão trata de uma paciente com hipótese de reação febril não-hemolítica. Reação comum que está relacionada com liberação de citadinas pelos leucócitos do doador. Dessa forma, a transfusão de componentes leucodepletados reduz o risco dessa reação. Principalmente se a desleucotização for realizada antes do armazenamento como dito na alternativa C, uma vez que desleucotizar pré-infusão não retira as citadinas da bolsa, que também podem ser implicadas na fisiopatologia.

(B) INCORRETA: Alguns estudos demonstram que a realização de pré-medicação com antitérmicos não traz benefício na incidencia da reação.
(A) INCORRETA: A irradiação inativa linfócitos e previne GVHD transfusional e, apesar de inativar leucócitos pela lesão nuclear da radiação, não é em numero suficiente para prevenir todas as complicações de leucócitos.
(D) INCORRETA: A alternativa está quase toda certa. O que está errado é que ela indica que os testes imuno-hematológicos só devem ser feito se persistência da febre. O correto é que os pacientes que apresentem febre durante a infusão tenham a transfusão interrompida, com coleta de exames imuno-hematológicos independente da persistência da febre.

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14
Q

(HIAE 2022) Sobre a reação transfusional alérgica:

(A) Deve ser questionada doença atópica do doador e, se positiva, o doador deve ser descartado, pois contribui para reação transfusional alérgica do receptor.
(B) É uma reação não imune.
(C) Receptores atópicos com IgE elevada apresentam risco maior desta reação.
(D) É esperado maior sensibilização com o aumento do número de transfusões em receptores atópicos.

A

(C) Receptores atópicos com IgE elevada apresentam risco maior desta reação

Apesar da fisiopatologia não ser completamente compreendida, acredita-se que o principal mecanismo seja por hipersensibilidade tipo 1. Dessa forma, a presença de um alérgeno e ligação ao IgE do receptor leva a desgranulação de mastócitos e liberação de histamina. Tendo em vista essa fisiopatologia, é bem estabelecido que pacientes com altos níveis de IgE apresentam maior risco.

(A) INCORRETA: A reação depende da hipersensibilidade do receptor a proteínas do hemocomponente do doador. Portanto, doadores atópicos não devem ser impedidos de dor.
(B) INCORRETA: O mecanismo mais aceito é hipersensibilidade tipo 1, um mecanismo imune

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15
Q

(HIAE 2022) A transfusão de produtos sanguíneos desleucotizados previne:

(A) Anafilaxia relacionada a transfusão.
(B) Reação transfusional febril não hemolítica.
(C) Reação alérgica.
(D) Reação hemolítica aguda.

A

(B) Reação transfusional febril não hemolítica

RFNH - Reação comum que está relacionada com liberação de citadinas pelos leucócitos do doador. Dessa forma, a transfusão de componentes leucodepletados reduz o risco dessa reação.

(A) + (C) INCORRETA - Ocorre por mecanismo de hipersensibilidade a proteínas em componentes plasmáticos. Portanto, não depende de leucócitos para ocorrer e pode ser prevenida com a redução de plasma através da lavagem
(D) INCORRETA: Ocorre por destruição imune de hemácias por sensibilização de antígenos eritrocitários, sem relação com leucócitos.

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Q

(HIAE 2021) Com relação à deficiência de fatores da coagulação, é INCORRETO:

(A) Na deficiência de fator XI, nível do fator XI sérico, é bom preditor de sangramento e, em casos de fator XI < 10%, deve
ser reposto exclusivamente com concentrado de fator XI.
(B) Deficiência de fibrinogênio pode ser completa ou parcial, hereditária com herança autossômica recessiva ou dominante, ou
adquirida.
(C) Na deficiência de fibrinogênio há alargamento do TP e TTPa.
(D) Deficiência de fator V pode ocorrer em associação à deficiência de fator VIII, como resultado de mutação em 2 genes: LMAN1 e MCFD2.
(E) O tratamento de deficiência de fator V é feito com reposição de plasma. Concentrado de plaquetas, em alguns casos, também pode ser utilizado como fonte de fator V.

A

(A) Na deficiência de fator XI, nível do fator XI sérico, é bom preditor de sangramento e, em casos e fator XI < 10%, deve
ser reposto exclusivamente com concentrado de fator XI

LETRA A - INCORRETO:
A deficiência de FXI é uma coagulopatia autossômica recessiva, com alta pre- valência entre judeus, principalmente os de origem Ashkenazi. O gene que controla a produção plasmática de FXI (F11) encontra-se na parte distal do braço longo do cromossomo 4. A maioria dos pacientes com deficiência de FXI possui a atividade coagulante do fator XI concordante com a dosagem antigênica, sendo rara a deficiência resultante de uma molécula disfuncional. A concentração plasmática do FXI necessária para hemostasia é de 15 UI/ dl–20 UI/dl (15%–20%) e sua meia-vida é de 40–70 horas.
O sangramento espontâneo, com exceção da menometrorragia, é raro em pacientes com deficiência grave de FXI. Geralmente, o sangramento é pós-traumático, ocorrendo, particularmente, onde o tecido acometido possui ativadores da fibrinólise, como ocorre na cavidade oral, nariz, amígdalas e trato urinário.
Os pacientes com deficiência grave (definido como FXI < 15 UI/dl, geral- mente homozigotos ou heterozigotos compostos) têm maior probabilidade de desenvolver hemorragia, embora nem sempre ela ocorra.
O diagnóstico deve basear-se na história pessoal de sangramentos, na história familiar e nos exames laboratoriais (exames de triagem, testes funcionais e antigênicos e biologia molecular). Embora a deficiência de FXI seja encon- trada em todos os grupos raciais, é importante que se estabeleça a origem do paciente, pois isso ajuda na sugestão do defeito molecular. Os testes de triagem mostram apenas um TTPa prolongado. Os testes de triagem mostram apenas um TTPa prolongado. O diagnóstico é confirmado com a demonstração da dosagem baixa da ati- vidade coagulante do FXI, baseado no TTPa, em duas ou mais ocasiões.
O tratamento é indicado após os episódios hemorrágicos e para prevenção dos sangramentos relacionados a cirurgias, e deve ser adaptado à circunstância individual. A primeira decisão é se o tratamento é necessário ou não. Os pacientes com deficiência grave (FXI < 15 UI/dl) possuem alto risco de sangramento quando submetidos a procedimentos cirúrgicos em áreas de grande atividade fibrinolítica, e medidas apropriadas devem ser tomadas para reduzir esse risco. Por outro lado, em cirurgias realizadas em áreas sem ati- vidade fibrinolítica, o risco de sangramento é menor. Um grande número de pacientes com deficiência parcial de FXI podem beneficiar-se apenas do uso de antifibrinolíticos.

LETRA B - CORRETO:
Os distúrbios hereditários do fibrinogênio compreendem dois tipos de de- feitos do fibrinogênio plasmático: (i) tipo I (defeito quantitativo), que se sub- divide em afibrinogenemia e hipofibrinogenemia, que se caracterizam por ausência e redução do antígeno plasmático de fibrinogênio (< 150 mg/dL ou 1,5 g/dL), respectivamente, e (ii) o tipo II (defeito qualitativo), que se subdivide em disfibrinogenemia e hipodisfibrinogenemia, que se caracterizam por nível normal e reduzido de antígeno plasmático de fibrinogênio, respectivamente, mas ambos com atividade funcional baixa. A maioria das disfibrinogenemias possui herança autossômica dominante en- quanto as hipofibrinogenemias apresentam herança autossômica recessiva. Ambas as deficiências são raras e têm prevalência aproximada de 1:1.000.000.

LETRA C - CORRETA:
Nas afibrinogenemias ocorre um prolongamento acentuado do TP, TTPa e TT, assim como do tempo de reptilase. Os níveis de fibrinogênio, tanto funcional (Clauss) como antigênico, são indetectáveis.
Nas hipofibrinogenemias existe prolongamento dos testes de TP, TTPa e TT que são proporcionais à deficiência de FI. O TT é o teste de maior sensibilida- de dos três, sendo usualmente prolongado quando a atividade do fibrinogênio for menor que 1,0 g/L.

LETRA E - CORRETO:
Como não existe concentrado de fator V de origem plasmática nem recombi- nante disponível no mercado, o tratamento deve ser feito com PFC preferen- cialmente vírus inativado. É importante ressaltar que o fator V não se encontra presente no crioprecipitado nem no CCP. Mediante sangramento, o nível do fator V no plasma deve ser elevado para 15 UI/dl (15%), por meio da infusão de PFC na dose de 15 mL/Kg–20 mL/Kg, seguido de reposição de 5 mL/kg a cada 12 horas, ajustando-se a dose com base na dosagem do fator V funcional, TP e TTPa. Nos casos de sangramen- tos graves não controlados com a reposição de PFC, pode-se fazer transfusão de plaquetas, que contém aproximadamente 20% do fator V circulante. De fato, após a ativação plaquetária e a liberação dos alfa-grânulos, o fator V pode ligar-se imediatamente aos receptores de superfície plaquetária, otimizando a atividade do complexo protrombinase do qual faz parte, para a geração de trombina.

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17
Q

(HIAE 2021) NÃO é causa adquirida de alteração da função plaquetária:

(A) Amiloidose.
(B) Anti-inflamatório não esteroidal
(C) Doenças mieloproliferativas. (D) Uso de transamin.
(E) Uremia.

A

(D) Uso de transamin

Um distúrbio qualitativo de função plaquetária deve ser considerado em pacientes com sangramento mucocutâneo na ausência de trombocitopenia ou DvW.
A causa mais comum é o uso de medicações antiplaquetárias, como AINES (LETRA B) e outros incluem:
- Uremia - LETRA E
- Cirrose
- Mieloma e outros disturbios associados - LETRA A
- PV, TE (DvW adquirid) - LETRA C

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18
Q

(HIAE 2021) Masculino, 65 anos, em uso de apixaban, apresenta ClCr > 50 mL/min e realizará prostatectomia. O apixaban deve ser descontinuado, com segurança, em até:

(A) 12 horas do pré-operatório.
(B) 96 horas do pré-operatório.
(C) 24 horas do pré-operatório.
(D) 36 horas do pré-operatório.
(E) 72 horas do pré-operatório.

A

(E) 72 horas do pré-operatório

O manejo pré-operatório de pacientes em uso de DOACs deve ser pautado de acordo com o protocolo de Trombose Canadá. De acordo com ele, a prostatectomia é caracterizada como procedimento de alto risco de sangramento. Nesse tipo de procedimento em pacientes em uso de apixabana, a dose deve ser interrompida 3 dias antes (72h), equivalente a 4-5 meias vidas.

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19
Q

(HIAE 2021) Masculino, 15 anos, no pré-operatório de amidalectomia apresentou achado de TP alargado com TTPA normal. O teste diagnós- tico possivelmente alterado é:

(A) Fator XIII.
(B) Fator VII.
(C) Fator XI.
(D) Fator VIII.
(E) Fator X.

A

(B) Fator VII

Para entender essa questão devemos raciocinar sobre a cascata de coagulação e as alterações de TP e TTPA.
- O TP avalia os fatores da via EXTRÍNSECA da cascada de coagulação (fator VII e fator tecidual)
- O TTPa avalia os fatores de coagulação da via INTRÍNSECA da cascata de coagulação (VIII,IX,XI e XII).
- Quando ocorre alteração em tanto no TP e no TTPA, indica-se um distúrbio na via COMUM (Va,Xa,II, Fibrinogenio)

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20
Q

(HIAE 2021) Sobre PTI, é correto:

(A) Os agonistas do receptor de trombopoetina são seguros e apresentam taxa de resposta em torno de 90%, quando empregados em segunda linha de tratamento.
(B) O uso de corticoide na dose de 1 mg/kg, por 4-6 semanas, apresenta melhor taxa de resposta e menor recaída da doença quando comparado ao tratamento com dexametasona 40 mg, endovenosa, por 4 dias.
(C) A imunoglobulina endovenosa é preconizada somente em casos de sangramento.
(D) É proscrito o uso de transfusão de plaquetas em pacientes com sangramento ativo.
(E) A esplenectomia como segunda linha de tratamento possui taxa de resposta em torno de 60%.

A

(E) A esplenectomia como segunda linha de tratamento possui taxa de resposta em torno de 60%.
DEVERIA TER SIDO ANULADA OU SER MUDADA PARA LETRA A NA MINHA OPINIÃO

LETRA A INCORRETA???:
Os agonistas dos receptores de trombopoetina agem por estimulação da produção de megacariócitos e, por fim, plaquetas na MO. Pode ser uma boa opção no tratamento de segunda linha para pacientes que tem contraindicação a esplenectomia ou não queiram cirurgia ou os efeitos imunossupressores de rituximab, mas ao mesmo tempo não se importem com o uso prolongado de medicação. Aproximadamente 80% dos pacientes com PTI apresentam aumento plaquetário com essas medicações e estudos mostram respostas em alguns pacientes com PTI depois da descontinuação por volta de 30-50% (mas com poucos períodos de observação). Esses agentes não induzem remissão e geralmente é necessário tratamento prolongado. Caso seja descontinuado subitamente, ocorre queda das contagens planetárias para abaixo do basal (plaquetopenia rebote)

LETRA B - INCORRETA
Corticoides conseguem subir plaquetas em aproximadamente 2/3 dos pacientes com PTI. Maioria dos pacientes responde dentro de 2-5 dias, mas pode demorar até duas semanas. Estudos mostram que predomínio 1mg/kg e dexametasona em pulsos apresentam eficácia semelhante. A diferença é que em geral dexa tem respostas mais rápidas, mas com respostas semelhantes dentro de 6 meses. Além disso, a dexametasona geralmente é feita VO e não EV.

LETRA C - INCORRETA
IGHV é apropriada para pacientes que necessitam de um aumento mais rápido na contagem plaquetária. Ela pode aumentar as plaquetas dentro de 12-24h e esse ganho é obtido em virtualmente todos os pacientes, sendo que a falha na imunoglobulina deve levar ao alerta de possível diagnóstico diferencial. Em geral o efeito persiste de 2-6 semanas.
Dessa forma, escolhe-se seu uso em quem necessita de aumento rápido de plaquetas (sangramento ameaçador a vida) ou antes de um procedimento invasivo por exemplo. Também pode ser feita como ponte em pacientes que não toleram corticoide até que tenha efeito uma terapia adjuvante de segunda linha.

LETRA D - INCORRETA
Pacientes que possuem sangramento ativo e possivelmente ameaçador a vida necessitam de tratamento rápido e agressivo. Dessa forma é realizada IGHV para permitir rápido incremento plaquetário, início de corticoterapia e transfusão de plaquetas. Nesse caso, se realizado em conjunto com IGHV, tem a tendencia de incremento plaquetário satisfatório.

LETRA E - CORRETA???:
Eplenectomia pode ser uma boa opção de tratamento para pacientes que desejam um tratamento com potencial curativo e que está dispostao a se submeter ao risco cirúrgico, infecção e TVP. A esplenectomia retira o maior sítio de fagocitose de plaquetas cobertas por anticorpos, além do local onde residem muitos linfócitos produtores de anticorpos antiplaquetários. Portanto, é um tratamento que age na fisiopatologia da doença e tem o maior potencial de alterar o curso da doença.
Uma revisão sistemática com mais de 2000 pacientes e até 50 anos de observação publicados em 2004 mostrou que a contagem plaquetária NORMALIZOU em 66% dos pacientes, e mais 22% deles apresentou contagens plaquetários > 50.000, completando uma taxa de resposta de 88%.Esses pacientes tiveram resposta duradoura, de até 12 anos.
Portanto, a taxa de RESPOSTA é 90% aproximadamente e a alternativa está incorreta.

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21
Q

(HIAE 2018) Mulher, 35 anos, histórico de trombose de membro inferior direito há 2 anos, na ocasião estava em uso de anticoncepcional oral havia 4 meses. Procura auxílio médico por estar gestante de 4 semanas e com dúvida perante a necessidade de profilaxia an- titrombose na gestação. Esta paciente

(A) Deve ser investigada com exames laboratoriais para trombofilia e após os resultados definir conduta médica
(B) Deve iniciar profilaxia e manter até o final da gravidez.
deve realizar profilaxia somente no puerpério.
(C) Deve iniciar profilaxia e manter até término do puerpério.
(E) Não necessita profilaxia, somente vigilância clínica

A

(C) Deve iniciar profilaxia e manter até término do puerpério.

22
Q

(HIAE 2021) Mulher, 36 anos, gestante de 26 sem, vem em consulta devido à plaquetopenia. Hemograma: Hb 11,6 g/dL; VCM 88, leuco normal, plaquetas de 115.000/uL. Sobre trombocitopenia, neste caso, é INCORRETO afirmar:

(A) A investigação de trombocitopenia no primeiro ou segundo trimestre de gestação deve ser similar à avaliação de pacientes não gestantes.
(B) Trombocitopenia é a segunda alteração hematologia mais comum na gravidez, com incidência variando de 6,6 a 11,6%.
(C) Número de plaquetas abaixo de 100.000/uL é observado em 10% das gestantes.
(D) Trombocitopenia da gravidez geralmente é auto limitada e frequentemente não necessita de tratamento.
(E) Devido ao fato da trombocitopenia da gravidez ser autoimune mediada, o uso de corticoides ou imunoglobulina endovenosa deve elevar o número de plaquetas.

A

(E) Devido ao fato da trombocitopenia da gravidez ser autoimune mediada, o uso de corticoides ou imunoglobulina endovenosa deve elevar o número de plaquetas.

PLAQUETOPENIA GESTACIONAL
É comum encontrar plaquetopenias em pacientes gestantes, principalmente nos 2/3 finais da gestação (LETRA B CORRETA)
A trombocitopenia gestacional é a etiologia mais comum de plaquetopenia na gestação, sendo responsável por 75-80% dos casos e podendo ocorrer em até 10% de todas as gestações (LETRA C CORRETA). Essa condição é secundária a hemodiluição fisiológica, aumento de ativação plaquetária e sequestro transitório pela circulação placentária.
Em geral, plaquetas acima de 100.000 não necessitam investigação (sendo que alguns Guidelines abaixam esse valor para 70.000), sendo indicado apenas monitorização (LETRA D CORRETA)

Esse é um diagnóstico de exclusão, sem exames específicos disponíveis. Deve-se suspeitar de outras etiologias, como PTI, se plaquetas < 100.000, pois menos de 5% dos casos de TG tem plaquetas abaixo desse limite.

Corticoterpia deve ser considerada se plaquetas abaixo de 50.000, já que o diagnóstico de PTI não pode ser excluido. Na plaquetopenia gestacional não ocorre qualquer resposta com corticoterapia ou IGIV) (LETRA E INCORRETA)

Na plaquetopenia gestacional não existe risco de complicações materno-fetais graves, inclusive sem estar relacionada com plaquetopenia neonatal (que pode ocorrer na PTI pela passagem de anticorpos maternos para o bebe, levando a uma palqeutopenia transitória).
A recuperação para plaquetas normais costuma ocorrer 1-2 meses após o parto.

23
Q

(HIAE 2018) Sobre microangiopatias trombóticas, é INCORRETO afirmar:

(A) Podem ser causa de microangiopatia secundaria: câncer, infecção por HIV, gravidez, transplante de órgão solido, ou transplante de medula óssea.
(B) São um grupo de doenças caracterizadas por oclusão de microvasos resultando em isquemia tecidual e lesão de órgão.
(C) A púrpura trombocitopenia trombótica é causada por severa redução na função do ADAMTS 13, < 50% de atividade.
(D) A púrpura trombocitopenica trombótica é uma doença sistêmica com microtrombos em diversos órgãos, incluindo coração, sistema nervoso central e rins.
(E) Achados laboratorias são consistentes com hemólise intravascular e microangiopatia.

A

(C) A púrpura trombocitopenia trombótica é causada por severa redução na função do ADAMTS 13, < 50% de atividade.

LETRA A CORRETA:
- Uma vez que foi feito o diagnostico de MAT, é importante excluir distúrbios sistêmicos como causas desses achados. Muitos distúrbios sistêmicos podem causar MAT, como por exemplo: Complicações gestação, complicações de urgência hipertensiva, infecções sistêmicas, neoplasias, doenças reumatológicas, TMO, transplante de órgãos sólidos, medicamentosos…

LETRA B CORRETA:
- Microangiopatias trombóticas são um grupo de doenças caracterizados por anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia e microtrombos levando a lesão isquemia de órgãos alvo que requerem tratamento imediato.

LETRA C - INCORRETA:
A PTT é definida pela deficiencia grave de ADAMST13 (tipicamente menos de 10% de atividade). ADAMST13 é a protease que cliva multimeios de Von Willebrand. Sem a sua atividade, ocorrem formação de microtrombos plaquetários na circulação. No entanto, o diagnóstico de PTT geralmente é feito com base em aspectos clínicos, uma vez que a dosagem da atividade de ADAMST13 costuma demorar e nem sempre é confiável, além de que o tratamento deve ser iniciado prontamente.

24
Q

(HIAE 2018) Sobre trombocitopenia induzida por heparina, é INCORRETO afirmar:

(A) O diagnóstico de HIT é clinico.
(B) É uma complicação iatrogênica do uso de HNF ou enoxaparina causada por anticorpos contra o fator 4 das plaquetas e heparina após 5 a 14 dias da exposição a droga.
(C) Ocorre mais frequentemente com o uso da HNF que com a enoxaparina
(D) A plaquetopenia é leve a moderada (20-50.000/uL) ou relativa (queda de plaquetas de 30-50%).
(E) O score clínico “4T” é comumente usado para estratificação de risco na suspeita da HIT

A

(A) O diagnóstico de HIT é clinico

HIT é uma complicação do uso de heparina em qualquer contexto caracterizada por um evento imune. Ocorre formação e ligação de anticorpos direcionados a imunocomplexos formados entre a molécula de heparina e uma proteína plaquetária (PF4) - LETRA B CORRETA.

Apesar de raro, a incidencia desse eventos é influenciado por contexto clinico (paciente clinico x cirúrgico x obstétrico x cirurgia cardiaca), formulação de heparina (HNF x LMWH) e, em algum grau, a sua dose (profilática x terapêutica). A formulação de heparina que mais é associada a formação de HIT é a HNF, mais que as heparinas de baixo peso molecular. A teoria é que o maior peso esteja associado a formação de imunocomplexos maiores e mais imunogenicos que LMWH. Outras variáveis também podem influenciar no risco (bovina > porcina; EV > SC) - LETRA C CORRETA

HIT vai ser suspeitada frente a uma redução relativa de contagem plaquetária de 30-50% (mesmo quando a menor contagem for maior que 150.000), ocorrendo entre 5-14 dias do início da exposição de heparina. Esse intervalo pode ser menor em caso de re-exposição em pacientes que já apresentaram HIT previamente. No entanto, apesar de diminuir as contagens planetárias por esse mecanismo imune, raramente a plaquetopenia resultante se apresenta com redução grave. Geralmente as plaquetas apresentam um nadir de 50-70.000 e tipicamente não associadas com complicações hemorrágicas. Raramente plaquetas encontram-se abaixo de 20.000. - LETRA D CORRETA

Frente a suspeita de HIT, devemos usar escores clínicos para estratificar a probabilidade do evento e guiar investigação adicional. O score mais aceito é o 4Ts score (Tempo em relação ao inicio da heparina, grau de Trombocitopenia, ocorrência de Tromboses e exclusão de ouTras causas). Esse score divide em risco baixo, moderado ou alto de acordo com a pontuação. Se definido como baixo risco, tem um elevado valor preditivo negativo (99%), sendo esse diagnóstico praticamente excluido. Nos pacientes com score moderado ou alto de probabilidade pelo 4Ts score, indica-se suspender imediatamente a heparina, trocar para outra medicação anticoagulante e prosseguir com a investigação laboratorial. O diagnóstico de HIT portanto, necessita de avaliação e pesquisa de anticorpos anti-PF4/heparina, seja por ensaios funcionais ou imunoensaios. - LETRA A INCORRETA e LETRA E CORRETA

25
Q

(HIAE 2018) Feminina, 25 anos, apresenta diagnóstico de TEP. Na investigação: TTPA alargado, presença de anti-coagulante lúpico positivo e deficiência de proteína S. Iniciado tratamento com anticoagulação plena.
Neste caso, é INCORRETO afirmar:

(A) Na gestação e no uso de contracepção, pode haver uma falsa deficiência de Proteína S.
(B) A pesquisa de anticoagulante lúpico que pode sofrer influência do anticoagulante terapêutico.
(C) As dosagens da proteína C, S, AT podem mostrar-se mais baixa na fase aguda da trombose, nem sempre representando uma deficiência real.
(D) Paciente possui síndrome antifosfolípide associada à deficiência de proteína S.
(E) Paciente deve ser tratada com anticoagulação plena.

A

(D) Paciente possui síndrome antifosfolípide associada à deficiência de proteína S

Primeiramente não podemos afirmar qualquer uma dessas frases.
O diagnóstico de SAAF requer a dosagem de anticorpos positiva em pelo menos duas ocasiões separadas por 12 semanas. Além disso, a deficiencia de proteína S nesse contexto pode se ocorrer apenas pela fase aguda da trombose (COMO AFIRMADO LETRA C). Dessa forma, o ideal é a dosagem em outro momento, e se estiver anticoagulando com marevan o ideal é suspende-lo antes da dosagem (Proteína S também é vit K dependente).

26
Q

(HIAE 2023) Paciente sexo feminino, 14 anos, diagnosticado com Doença de Von Willebrand em investigação iniciada após apresentar menorragia. Optou-se por iniciar tratamento com DDVAP e, em exames realizados após inicio de medicação apresentava plaquetas 35.000. O tipo mais provavel de DvW da paciente é:

(A) 2M
(B) 2B
(C) 2A
(D) 2N

A

(B) 2B

Trata-se de uma paciente jovem com diagnóstico de doença de Von Willebrand. A DVW é o disturbio de coagulação hereditário mais comum, com indicencia de 1/100 - 1/1000 e costuma ter um carater de herança autossômico dominante (exceto tipos 2N e 3) e história familiar positiva.

Costuma se manifestar com sangramentos mucocutaneos ou alterações de rotina em coagulograma. Uma forma comum de suspeita é através de “desafios hemostaticos”, seja na forma de sangramento menstrual em meninas na menarca, ou após realização de procedimentos cirúrgicos (como o caso da questão).

A doença costuma acontecer por disturbios quantitativos (tipos 1 e 3) ou qualitativos (tipos 2A, 2B, 2M e 2N) em relação ao fator de Von Willebrand, um multímetro importante para hemostasia primária e em algum grau, também para hemostasia secundária. Os subtipos podem ser classificados como:

A) TIPO 1: Deficiencia quantitativa PARCIAL do fator de Von Willebrand, com níveis < 30 sem sangramento ou < 50 se sangramento, além de redução em testes de atividade do FvW como o cofator de ristocetina. Em geral, existe uma relação 1:1 entre atividade FvW e antígeno FvW. É o subtipo mais comum e o tratamento pode ser realizado com DDAVP que estimula liberação de FvW dos corpúsculos de Weibel-Palade em células endoteliais.

B) TIPO 3: Deficiencia quantitativa ABSOLUTA do FvW. Dessa forma, os pacientes apresentam níveis indetectáveis de antígeno e atividade FvW pelo cofator de ristocetina, além de níveis reduzidos de FVIII. Apresentam maior risco de sangramento e podem se manifestar de forma semelhante a hemofilia A pela redução de FVIII

C) TIPO 2A: Defeito qualitativo do FvW caracterizado por REDUÇÃO DOS MULTIMEROS DE ALTO E INTERMEDIÁRIO PESO MOLECULAR, seja por defeito em multimerizacão ou maior sensibilidade ao ADAMST13 (protease responsável por clivar o FvW). Os multimeros de maior peso molecular possuem maior potencial hemostatico e sua redução pode se manifestar com menor atividade de FvW dependente de plaquetas e fenótipo de sangramento

D) TIPO 2B: Defeito qualitativo do FvW caracterizado por mutação de GANHO DE FUNÇÃO e MAIOR AFINIDADE DO FvW ao Gb1b plaquetário e MAIOR LIGAÇÃO COM PLAQUETAS. Por esse raciocínio, é CONTRAINDICADA ADMINISTRAÇÃO DE DDAVP pelo risco de PIORA DE PLAQUETOPENIA. Portanto, foi o que ocorreu com a paciente da questão (LETRA B CORRETA)

E) TIPO 2M: Defeito qualitativo de FvW com menor atividade de FvW dependente de plaquetas por PERDA DE FUNÇÃO e menor ligação do FvW a receptores plaquetarios e receptores de colágeno, COM MULTIMEROS PRESERVADOS (diferente do subtipo 2A).

F) TIPO 2N: Defeito qualitativo do FvW caracterizado por menor ligação com o FVIII, com perda da proteção do FVIII pelo FvW e maior depuração do FVIII pela proteína C no plasma. Tipo 2 “Normandy” = 8 letras = FVIII

27
Q

O que define a DvW tipo 1 e quais os achados laboratoriais?

A

Deficiencia QUANTITATIVA PARCIAL do fator de Von Willebrand. É o subtipo mais comum e costuma ser causado por 2 principais mecanismos:
- Prejuízo no transporte intracelular dos corpúsculos de Weibel Palade nas células endoteliais e dos grânulos plaquetários, com prejuízo da sua liberação
- Aumento do clearence no plasma (tipo 1C)

Vai se manifestar com sangramento mucocutaneo e o perfil laboratorial com:
- Redução antígeno de FvW (< 30 com sangramento e < 50 sem sangramento)
- Redução de atividade de FvW (cofator de ristocetina)
- Ratio ActFvW:AgFvW próximo a 1

Após esses achados, podemos fazer o desafia com DDAVP, que libera o FvW dos seus estoques nas células endoteliais e nas plaquetas. Fazemos uma avaliação basal e com 1 e 4h após administração do DDAVP, com aumento evidente após. Pelo maior clearence, o tipo 1C vai começar a apresentar queda já nas primeiras 4 horas.

O tratamento pode ser feito profilaticamente ou durante sangramento com DDAVP.

Obs.: Lembrar que algumas situações podem interferir nos níveis de FvW. Pacientes com tipo sanguíneo O tem 25-30% menos FvW do que tipo A. Situações de estresse (infecção, gestação, cirurgia) podem aumentar os níveis de FvW por se tratar de um reagente de fase aguda.

28
Q

O que define o subtipo 3 da DvW? Quais seus achados laboratoriais?

A

Deficiencia QUANTITATIVA ABSOLUTA do FvW de carater AUTOSSOMICO RECESSIVO. Dessa forma, os pacientes apresentam níveis indetectáveis de antígeno e atividade FvW pelo cofator de ristocetina, além de níveis reduzidos de FVIII. Apresentam maior risco de sangramento e podem se manifestar de forma semelhante a hemofilia A pela redução de FVIII.

Tipo 3: FVIII > FvW
Tipo 2N: FVIII < FvW

29
Q

O que caracteriza a DvW subtipo 2A? Quais os achados laboratoriais?

A

Defeito qualitativo do FvW caracterizado por REDUÇÃO DOS MULTIMEROS DE ALTO E INTERMEDIÁRIO PESO MOLECULAR, seja por defeito em multimerizacão ou maior sensibilidade ao ADAMST13 (protease responsável por clivar o FvW). Os multimeros de maior peso molecular possuem maior potencial hemostatico e sua redução pode se manifestar com menor atividade de FvW dependente de plaquetas e fenótipo de sangramento.

Laboratorialmente se manifesta com níveis reduzidos de antígeno de FvW e alteração funcional do cofator de ristocetina. No entanto, ao contrário do tipo 1, costuma apresentar razão ActFvW:AgFvW < 0,7. Após isso, realiza-se o teste de agregação plaquetária e avaliação de multimeros pelo teste com agarose. Caso estejam anormais, podemos ter tipos 2A ou 2B. Essa diferença deve ser feita através do RIPA ou teste genético.

O RIPA é um teste de agregação plaquetária com baixas doses de ristocetina e, caso haja aumento da afinidade do FvW ocorre desencadeamento da agregação que não ocorreria normalmente. Isso sugere o tipo 2B

30
Q

O que caracteriza a DvW subtipo 2B? Quais os achados laboratoriais?

A

Defeito qualitativo do FvW caracterizado por mutação de GANHO DE FUNÇÃO e MAIOR AFINIDADE DO FvW ao Gb1b plaquetário e MAIOR LIGAÇÃO COM PLAQUETAS E PLAQUETOPENIA. Por esse raciocínio, é CONTRAINDICADA ADMINISTRAÇÃO DE DDAVP pelo risco de PIORA DE PLAQUETOPENIA.

Laboratorialmente se manifesta com níveis reduzidos de antígeno de FvW e alteração funcional do cofator de ristocetina. No entanto, ao contrário do tipo 1, costuma apresentar razão ActFvW:AgFvW < 0,7. Após isso, realiza-se o teste de agregação plaquetária e avaliação de multimeros pelo teste com agarose. Caso estejam anormais, podemos ter tipos 2A ou 2B. Essa diferença deve ser feita através do RIPA ou teste genético.

O RIPA é um teste de agregação plaquetária com baixas doses de ristocetina e, caso haja aumento da afinidade do FvW ocorre desencadeamento da agregação que não ocorreria normalmente. Isso sugere o tipo 2B

31
Q

O que caracteriza a DvW subtipo 2M? Como se manifesta laboratorialmente?

A

Defeito qualitativo de FvW com menor atividade de FvW dependente de plaquetas por PERDA DE FUNÇÃO e menor ligação do FvW a receptores plaquetários e receptores de colágeno, COM MULTIMEROS PRESERVADOS (diferente do subtipo 2A).

Laboratorialmente se apresenta com redução de antígeno FvW e atividade FvW pelo teste do cofator de ristocetina, além de razão entre ActFvW:AgFvW < 0,7. No entanto, quando realizado teste de agregação plaquetária com colágeno ou avaliação de multimeros pela agarose, estes encontram-se preservados.

32
Q

O que caracteriza a DvW subtipo 2N? Como se manifesta laboratorialmente?

A

Defeito qualitativo do FvW caracterizado por MENOR LIGAÇÃO COM FATOR VIII, com perda da proteção do FVIII pelo FvW e maior depuração do FVIII pela proteína C no plasma. Tipo 2 “Normandy” = 8 letras = FVIII

33
Q

(DASA 2022) Mulher, 45 anos, previamente hígida, assintomática, procura hematologista devido alterações em exame de rotina.
- Hb 12,1g/dL, VCM 90fL
- Leucócitos 8000 (neutrófilos 5000, Linfócitos 1800)
- Plaquetas 35000
Levando em consideração o
diagnóstico mais provável para o caso, qual a conduta mais adequada nesse momento?

(A) Prednisona 1mg/kg/d.
(B) Dexametadona 40mg/d por 4 dias em associação com IVIG.
(C) Observação.
(D) Imunofenotipagem de sangue periférico.

A

(C) Observação

Trata-se de uma mulher de 45 anos com plaquetopenia moderada e sem sinais de sangramento, pela ausência de outros achados que sugiram diagnósticos alternativos, a principal hipótese é PTI.

O tratamento de PTI é indicado apenas no caso de manifestações hemorrágicas ou plaquetopenia grave (< 20.000), que não é o caso dessa paciente.

PREDNISONA x DEXAMETASONA

Quando indicado tratamento para pacientes com PTI, os corticoides são o principal componente de tratamento de pacientes com primeira linha, principalmente se não houver sangramento grave. O mecanismo ainda não é completamente compreensível, mas acredita-se que envolva apoptose de linfócitos produtores de anticorpos e downregulation de atividade macrofagica responsável for fagocitose plaquetária.
A escolha entre os corticoides, não é consenso entre os autores, com eficácia semelhante entre eles.

A) DEXAMETASONA
- Dose 40mg VO ou EV por 4 dias sem necessidade de desmame
- Respostas mais rápidas
- Menor risco de confusão de dose
- Risco teórico de maiores taxas de recaída

B) PREDNISONA
- 1mg/kg por 1-2 semanas com desmame gradual dentro de 6 semanas
- Resposta mais lenta, podendo ocorrer em até 2 semanas
- Possibilidade de adaptar tratamento com a resposta do paciente e risco teórico de menos recaída

34
Q

(DASA 2022) Paciente de 36 anos encontra-se internada com quadro de AVE isquêmico em território de artéria cerebral média. Não tem
antecedentes patológicos conhecidos. Sobre o caso, assinale a alternativa correta.

(A) Por tratar-se de evento arterial em paciente jovem sem comorbidades conhecidas, a hipótese mais provável é que a paciente tenha trombofilia e deve-se solicitar pesquisa de Fator V Leiden e mutação da protrombina. As dosagens de proteínas C e S e
antitrombina não devem ser solicitadas na fase aguda.
(B) Antes de pesquisar trombofilia, deve-se afastar fatores de risco cardiovasculares tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e questionar sobre tabagismo. Se todos estes exames forem normais, o segundo passo na investigação é a pesquisa
de trombofilia.
(C) Deve-se afastar fatores de risco cardiovasculares, uso de medicações e substâncias associadas a eventos trombóticos arteriais, além de realizar extensa pesquisa de neoplasia oculta que possa justificar o evento arterial. Se a investigação de todos estes
fatores resultar normal, está justificada a pesquisa de trombofilia.
(D) Na avaliação inicial deve-se levar em consideração, dentre outros fatores: história familiar de eventos tromboembólicos, histórico
gestacional, uso de medicamentos, perfil metabólico, hemograma, avaliação cardíaca (ecocardiograma e eletrocardiograma),
afastar doenças sistêmicas e neoplasias de acordo com a faixa etária. Se tudo resultar normal, a pesquisa de trombofilia se
justifica, e deve-se solicitar anti-lúpico, anti-cardiolipina e anti-beta2 glicoproteína.

A

(D) Na avaliação inicial deve-se levar em consideração, dentre outros fatores: história familiar de eventos tromboembólicos, histórico
gestacional, uso de medicamentos, perfil metabólico, hemograma, avaliação cardíaca (ecocardiograma e eletrocardiograma),
afastar doenças sistêmicas e neoplasias de acordo com a faixa etária. Se tudo resultar normal, a pesquisa de trombofilia se
justifica, e deve-se solicitar anti-lúpico, anti-cardiolipina e anti-beta2 glicoproteína

35
Q

(DASA 2022) Paciente de 24 anos procurou PS por petéquias em membros inferiores. Tinha apresentado cerca de 1 semana antes quadro de febre baixa, coriza, odinofagia e mialgia. Hemograma de entrada mostrou plaquetas de 13 mil, com restante do exame
normal.
Sobre o caso acima, assinale a alternativa correta:

(A) Deve-se solicitar internação em leito de terapia intensiva pelo risco de sangramento, solicitar transfusão de plaquetas e avaliação
medular de urgência.
(B) Deve-se solicitar sorologias para Citomegalovírus, Epstein-Barr, hepatites virais, HIV, e ultrassom de abdome superior para avaliação do baço. Deve-se solicitar transfusão de plaquetas.
(C) Deve-se olhar o esfregaço de sangue periférico, afastar plaquetopenia secundária a processo viral ativo, dentre outras doenças como lúpus. Se afastadas causas sistêmicas que expliquem a plaquetopenia, não é necessária avaliação medular nem transfusão
de plaquetas, e o tratamento de primeira linha é com corticoide.
(D) Deve-se solicitar avaliação medular pela hipótese de leucemia aguda. Se mielograma afastar este diagnóstico, deve-se iniciar
corticoide e caso a paciente não responda bem, solicitar rituximabe como tratamento de segunda linha.

A

(C) Deve-se olhar o esfregaço de sangue periférico, afastar plaquetopenia secundária a processo viral ativo, dentre outras doenças como lúpus. Se afastadas causas sistêmicas que expliquem a plaquetopenia, não é necessária avaliação medular nem transfusão
de plaquetas, e o tratamento de primeira linha é com corticoide.

36
Q

(UNIFESP TMO 2022) Homem, 17 anos de idade, portador de Hemofilia A grave, admitido no PS por dor em região abdominal após queda e hematoma em flanco esquerdo. Ele tem história de inibidor de alta resposta e não está realizando corretamente a profilaxia. A última quantificação do inibidor contra o Fator VIII era de 10.2UB. Qual é a melhor conduta para o paciente neste momento?

(A) Complexo protrombínico parcialmente ativado
(B) Desmopressina.
(C) Emicizumabe.
(D) Fator VIII recombinante.

A

(A) Complexo protrombínico parcialmente ativado

Trata-se de um paciente com hemofilia A grave (nivel plasmático de FVIII < 1%) que possui inibidor em altos títulos (> 5 UB) e que não realiza profilaxia corretamente.

Todos os pacientes com hemofilia A grave (< 1%) e alguns pacientes com hemofilia moderada (1-5%) com fenótipo hemorrágico devem realizar profilaxia primária com concentrado de fator (Primária = Antes ou logo após o primeiro episódio de hemartrose).

No caso em questão, o paciente apresenta um sangramento após trauma e pela presença de inibidor em altos titulos sabemos que a reposição de fator VIII recombinante não será eficaz (LETRA D INCORRETA). Além disso, a desmopressina pode ser util em paciente com DvW por liberar o FvW dos corpusculos de Weibel-Palade nas células endoteliais, mas não aumenta os niveis séricos de FVIII e portanto não tem utilidade (**LETRA B INCORRETA).

No caso de pacientes com inibidor e que necessitam de tratamento sob demanda é necessário utilizar algum agente de Bypass. Dentre as opções existem o complexo protrombínico ativado, como o FEIBA (Factor Eight Inhibitor Bypassing Agent) ou o fator VII ativado (FVIIa) que é capaz de ativar diretamente o fator X e a via comum (LETRA A CORRETA)

O Emicizumab é um anticorpo monoclonal quimérico biespecífico para o FIX/FIXa e FX e funciona ao ligar esses fatores e formar um complexo tenase intrínseco artificial (funciona de forma similar ao fator VIII natural). É aplicado SC e é aprovado para PROFILAXIA de sangramento em pacientes com hemofilia A grave (LETRA C INCORRETA)

37
Q

(UNIFESP TMO 2022) Mulher, 29 anos, com diagnóstico de PTI, podemos afirmar que:

(A) Esplenectomia poderá ser realizada a partir da segunda linha, após 2 meses do diagnóstico.
(B) Obinutuzumab poderá ser utilizado tratamento na 1a recaída.
(C) Em primeira linha podemos tratar com dexametasona 40mg por 4 dias.
(D) Se plaqueta maior que 30000 podemos iniciar prednisona 1mg/kg como tratamento de 1a linha.

A

(C) Em primeira linha podemos tratar com dexametasona 40mg por 4 dias

_LETRA A INCORRETA_:
O tratamento de primeira linha para PTI, quando indicado, é através de imunossupressão com corticoterapia 1-2mg/kg com retirada após resposta. O tratamento de segunda linha pode incluir outras alternativas:
- Esplenectomia
- Agonistas trombopoetina
- Anti-CD20

A esplenectomia é um procedimento cirurgico com potencial curativo, ao retirar o principal local de retirada das plaquetas da circulação. Pode ser uma boa opção para pacientes jovens e que desejam um único procedimento potencialmente curativo e que aceite se submeter ao risco do processo cirurgico, risco aumentado de infecção (por germes encapsulados) e riscos de eventos tromboembólicos.

No entanto, uma vez que decidido tratamento com esplenectomia, é prudente esperar pelo menos 12 meses do diagnóstico uma vez que remissões espontaneas são possíveis. Além de que no caso de pacientes que falharam em primeira linha, pode ser prudente duvidar do diagnóstico e esse período de 12 meses daria tempo para esse raciocinio.

_LETRA B INCORRETA_:
O rituximab é um anti-CD20 e também é liberado para pacientes com PTI refratários a primeira linha. Requer infusão dentro de 4 semanas e está relacionado a recaidas e necessidade de reinfusões. O racional é a destruição de linfócitos com CD20, reduzindo a produção de anticorpos anti-plaquetários. No entanto, os plasmócitos de meia vida longa não possuem CD20, o que pode explicar as taxas de recaída.
Não existe nenhuma liberação formal para uso de outros anti-CD20 como o Obinintuzumab nesse contexto.

_LETRA C CORRETA_:
Quando indicado, o tratamento de primeira linha deve incluir corticoterapia, podendo ser realizada com prednisona ou dexametasona. O que muda são as doses, tempo de administração/desmame e tempo para respsota, mas sem diferença em resposta a longo prazo. Uma das possibilidades é o uso de dexametasona 40mg/dia por 4 dias, sem necessidade de desmame. Essa estratégias é interessante quando se deseja um aumento mais rápido em contagens plaquetárias, além da vantagem de não necessitar de desmame. Tem a desvantagem de não ser possivel titular a dose de corticoide e um risco teórico maior de recaídas e necessidade de novos tratamentos.

_LETRA D INCORRETA_
Nem todos os pacientes com PTI necessitam de tratamento imunossupressor em primeira linha. Isso porque esses pacientes costumam apresentar baixas taxas de sangramento espontaneo, sendo mais comum com contagens plaquetárias < 20.000-30.000. Sendo assim, só está indicado o tratamento se sangramento mucocutâneo (manifestação da doença) ou plaquetas abaixo desse valor. Portanto, pacientes com plaquetas acima de 30.000 e sem sangramento não se beneficiam de corticoterapia.

38
Q

Em pacientes com hemofilia A e inibidor, em qual contexto é contraindicado o uso de FEIBA pra tratamento de sangramento como agente de Bypass?

A

PACIENTES QUE POSSUEM INIBIDOR E QUE FAZEM PROFILAXIA DE SANGRAMENTO COM EMICIZUMAB

Nesses casos, o tratamento de intercorrências hemorrágicas com FEIBA em pacientes que fazem profilaxia com Emicizumab está relacionado ao maior risco de MAT

39
Q

(AC 2023) Paciente de 13 meses de idade apresentou dor em tornozelo E, com restrição da movimentação articular e com edema local. Os pais relatavam equimoses frequentes relacionadas a quedas ou a pequenos traumas e negavam antecedentes familiares de distúrbios de coagulação ou uso de medicação pela criança. Negavam, também, consanguineidade ou procedimento invasivo no paciente. A investigação laboratorial revelou tempo de protrombina (TP) de 11”, RNI 1,0, (controle do dia 11”) e tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) 56”, com relação de tempo prolongada Rt = 1,62 (valor normal até 1,20). O TTPH mostrou correção do TTPA. Demais exames realizados apontam os seguintes resultados: dosagem de FVIII: 1% (valor de normalidade = 50 a 150%), dosagem de FIX: 66% (valor de normalidade = 50 a 150%) e atividade do cofator de ristocetina (vWF:RCo) de 55% (valor de normalidade 50 a 150%).
Nessa situação, com base no diagnóstico e no protocolo de tratamento do MS, o tratamento mais adequado é:

(A) Terapia sob demanda com fator VIII EV para esse episódio.
(B) Profilaxia primária com fator VIII EV já após esse episódio.
(C) Terapia sob demanda com emicizumabe SC já após esse episódio.
(D) Profilaxia secundária com fator VIII EV após lesão articular mais definitiva.
(D) Terapia sob demanda om fator VIII V e com terapia genica o quanto antes

A

(B) Profilaxia primária com fator VIII intravenoso já após esse episódio

A questão aborda um bebê de 13 meses de idade se apresentando com maifestações hemorrágicas cutaneas e articulares. A queixa principal é compatível com hemartrose em um paciente que já apresenta queixa de equimoses frequentes e alteração de coagulograma. O coagulograma demonstra alteração de TTPA com TP normal, sugerindo alteração da via intrínseca da cascata de coagulação. Quando aprofundada a investigação, o teste da mistura apresenta correção quando da aplicação de plasma normal, corroborando a hipótese de deficiencia de fator de coagulação. Dentro dessas informações, a dosagem de fatores de coagulação mostra FVIII em níveis muito baixos e FIX/FvW normais. A dosagem de fator VIII < ou = a 1 indica o diagnóstico de hemofilia A grave (Leve se FVIII entre 5-40% e moderada se FVIII entre 1-5%) .

A presença de hemofilia A grave já indica a realização de profilaxia primária com administração de fator VIII ou outros produtos com objetivo de elevar os níveis de fator para “retirar o paciente do quadro grave”e elevar os titulos para > 1%. A administração de hemofilia A geralmente é 3x por semana. Nesses casos, o tratamento sob demanda não é o mais indicado, já que pelos baixos títulos o risco de episódios de sangramentos mais frequentes é maior, com maior risco de complicações crônicas (LETRA A e D INCORRETAS)

A Profilaxia primária é definida como o início da reposição de fator antes ou logo após o primeiro episódio de hemartrose e antes de 3 anos de idade, o que se encaixa no caso do paciente em questão (LETRA B CORRETA).

A profilaxia secundária é aquea que se inicia após 2 ou mais episódios de hemartrose, com objetivo de reduzir a incidencia de hemartropatia hemofílica (antes de evidencia de alteração osteocondral), que não corresponde ao caso (LETRA D INCORRETA). O objetivo é interromper o fenótipo hemorrágico em pacientes que não tinham indicação de profilaxia primária (leve ou moderado) mas que apresentam muito sangramento e risco de complicações articulares.

A profilaxia terciária é aquela realizada após o estabelecimento de artropatia hemofílica.

O Emicizumab é um anticorpo biespecifico, que é capaz de se ligar ao FIXa ao FX, servindo como ponte entre esses fatores e desencadeando a cascata de coagulação (pelo complexo tenase) e a por fim ativando a via comum. É um tratamento mais novo, indicado para PROFILAXIA para pacientes com hemofilia A com indicação de reposição frequente com ou evidencia de inibidor. No entanto, não é indicado como terapia sob demanda (LETRA C INCORRETA). No SUS, a indicação é restrita a pacientes com ibinidor e falha da imunotolerância.

40
Q

(AC 2023) Mulher de 32 anos, caucasiana, na 11a semana de sua segunda gestação, comparece para consulta por antecedente de sangramento leve em sistema nervoso central de seu primeiro filho. A sua primeira gravidez transcorreu bem, com neonato a termo e APGAR adequado. As avaliações laboratoriais da paciente foram todas adequadas ao período gestacional à época. O hemograma do neonato demonstrou:
- Hb: 15,5 (VN: 13,5 a 19,6g/dL),
- Leucócitos: 9.200 (VN: 9.000 a 30.000)
- Plaquetas: 30.000 (VN: 300.000 a 600.000).

Acerca desse caso hipotético, considerando o diagnóstico de púrpura aloimune neonatal, deve-se esperar encontrar antígeno contra:

(A) HPA-1.
(B) HPA-2.
(C) HPA-3.
(D) HPA-5.
(E) HPA-6.

A

(A) HPA-1

A purpura trombocitopênica aloimune neonatal (TNA) é uma patologia grave, em que a mãe produz anticorpos contra antígenos plaquetários do feto herdados do pai. Na gravidez, a mãe forma anticorpos antiplaquetários da classe de imunoglobulina G (IgG) contra o antígeno, que passa a placenta e destroi as plaquetas fetais que apresentam antígeno paterno.
Condição rara, com incidencia de 1 em 10.000.
Afeta a primeira gestação, podendo causar hemorragia intracraniana (HIC), com tendência a ocorrer de modo mais grave em gestações futuras.

A TNA é definida como contagem de plaquetas inferior a 150.000 devido a incompatibilidade materno-fetal plaquetária. O HPA-1a é o antígeno plaquetário mais comumente envolvido, sendo o pai normalmente HPA-1a positivo e a mãe HPA-1a negativa. O RN pode apresentar trombocitopenia leve a grave levando a HIC e podendo ser fatal. HIC fetal ou plaquetas abaixo de 100.000 dentro de 7 dias pos-nascimento, na ausência de outras causas, são critérios sugestivos desta condição.

O diagnostico é feito por genotipagem plaquetária, que confirma a incompatibilidade HPA materno-fetal, além da detecção de anticorpos anti-HPA no soro da mãe. O tratamento materno consiste em IgIV. Está indicada a transfusão de plaquetas HPA compatíveis nas primeiras 24 horas de vida quando o RN possui contagem menor de 30.000 ou sinais de sangramento. Outra alternativa é a doação de plaquetas materna.

41
Q

(AC 2023) Um paciente de 72 anos tem indicação de anticoagulação profilática por FA. Como antecedente, apresenta DM2 há 30 anos e ClCr calculado em 33 mL/min. O paciente não gostaria de usar antagonista de vitamina K por não lhe ser cômodo. Nesse caso, para a substituição dessa substância, a alternativa mais apropriada é utilizar:

(A) Dabigatrana
(B) Apixabana
(C) Rivaroxabana
(D) Edoxaban
(E) HNF

A

(B) Apixabana

Os DOACs vem sendo cada vez mais utilizados na prática clínica, substituindo o uso de outros anticoagulantes como o marevan. Essas drogas são amplamente utilizadas no contexto de AF e profilaxia de eventos trombóticos, com estudos demonstrando profilaxia semelhante de eventos embólicos e tambem segurança em relação a taxa de sangramentos. No entanto, tendo em vista que pacientes com disfunção renal mais avançada foram pouco representados nos trials de DOACs, os dados em relação a sua eficácia e segurança nessa população são escassos.

De acordo com os guidelines, ClCr < 30ml/min deve sugerir a suspensão de Dabigatrana, Rivaroxabana e Edoxabana e ClCr < 25 ou Cr > 2,5 deve sugerir a suspensão de Apixabana.

Tipo de metabolização:
- Rivaroxaban: 2/3 da droga são metabolizadas no fígado pelo CYP450 e o 1/3 restante não é metabolizado e é eliminado diretamente pelos rins
- Apixaban: Apixabana é o DOAC com menor excreção renal (cerca de 25%).
- Edoxaban: 50% de excreção renal
- Dabigatran: O que mais tem excreção renal (80%)

A) CLCR ENTRE 30-50

  • RIVAROXABANA
    No estudo ROCKET-AF, cerca de 20% dos pacientes com FA tinham DRC com ClCr entre 30-50ml/min e eram elegíveis a randomização para Rivaroxaban 15mg/dia, um regime de dose reduzida que foi selecionado através de estudos farmacodinâmicos e farmacocinéticos. O estudo mostrou que os pacientes apresentaram maior tava de eventos embólicos do que os pacientes com ClCr > 50, mas na analise de intention-to-treat o risco de evento embólico foi menor com rivaroxaban 15mg do que marevan, com risco de sangramento relevante semelhante entre os dois grupos.
  • APIXABANA
    Em pacientes em uso de apixabana, a elegibilidade para redução de dose nos pacientes com ClCr entre 30-50 depende do preenchimento de 2/3 critérios: Idade > 80, peso < 60, Cr > 1,5.
    No estudo ARISTOTLE pacientes que tinham dois desses 3 critérios receberam apixaban 2,5mg 2x ao dia. Os pacientes com Cr > 2,5 ou ClCr < 25 foram excluidos do estudo. Os pacientes com ClCr 30-50 tiveram taxa maior de sangramento do que os pacientes sem disfunção renal, mas mesmo assim, apresentaram menos sangramento do que os pacientes com marevan.
  • EDOXABANA
    Um estudo subsequente do ENGAGE-AF-TIMI 48 revelou que aproximadamente 20% dos pacientes que receberam edoxabana ou marevan tinham um ClCr entre 30-50. Esses pacientes que receberam edoxabana tiveram sua dose diária reduzida para 30mg, com benefício de eventos trombóticos e segurança em relação ao marevan.
  • DABIGATRANA
    No estudo RE-LY a eficácia e segurança de dois regimes de dose de dabigatrana (150mg ou 110mg 2x ao dia) foram comparados com marevan em relação a segurança e prevenção de eventos tromboembólicos. O risco de sangramento relevante foi semelhante entre 110mg, 150mg e marevam. O estudo sugere que os pacientes com ClCr entre 30-50 devem recebem a dose de 150mg 2x ao dia, exceto os pacientes com alto risco de sangramento, que devem receber a dose de 110mg 2x ao dia.

CLCR ENTRE 15-30

  • RIVAROXABAN
    As concentrações plasmáticas da droga se tornam mais elevadas em pacientes com disfunção renal mais importante, com maiores efeitos farmacodinâmicos, maior inibição do fator Xa e alteração de coagulograma mais evidente. Dessa forma, deve-se evitar xarelto nesse contexto.
  • APIXABAN
    O ESTUDO ARISTOTLE mostrou que pacientes que pacientes com ClCr entre 25-30 o risco de sangramento relevante foi menor que o marevan. O estudo no entanto, excluiu pacientes com Cr > 2,5 e ClCr < 25ml/min. Existe um estudo publicado que foi uma análise retrospectiva de 340 pacientes com FA não valvar que receberal apixaban 5 ou 2,5mg e eram categorizados de acordo com a função renal (ClCr < 25 vs ClCr > 25). A análise demonstrou que não houve diferença significativa em sangramentos relevantes nos dois grupos. Isso mostra que existem dados de pouca relevância (EVIDENCIA INSUFICIENTE) mas que demonstram possível segurança do uso em pacientes com ClCr < 25.
  • EDOXABAN
    Existem dois estudos pequenos nessa população de pacientes com ClCr entre 15-30. Um estudo italiano retrospectivo com 46 pacientes que tinham ClCr entre 15-30 receberam edoxaban 30mg com acompanhamento de 9 meses. Não houve evidencia de AVC ou sangramento relevante. Outro estudo pequeno, japones, com pacientes com FA e ClC entre 15-30 que foram tratados com edoxaban 15mg 1x ao dia demonstrou eficácia e segurança semelhantes além de níveis plasmáticos comparáveis com os pacientes com ClCr > 50 que recebiam edoxaban 30-60mg 1x ao dia. Da mesma forma que a apixabana, são dados promissores mas INSUFICIENTES para indicação da droga nessa população.
  • DABIGATRANA
    Dabigatrana 150mg é CONTRAINDICADA em pacientes com FA e ClCr < 30ml/min, tendo em vista que nesses pacientes a exposição a droga é 6x maior. Estudos adicionais levaram a aprovação do FDA de dabigatrana 75mg 2x ao dia em pacientes com ClCr entre 15-30 nos EUA.
42
Q

(AC 2023) Um paciente de 38 anos, sem comorbidades, está em uso de rivaroxabana por TVP proximal há 2 meses. Ele possui indicação de extração dentária por infecção local.
Nesse caso, com relação à anticoagulação, assinale a alternativa correta:

(A) Recomenda-se não usar por 48-72h antes do procedimento
(B) Recomenda-se não usar por 24-48h antes do procedimento
(C) Recomenda-se não usar por 12-24h antes do procedimento
(D) Recomenda-se não usar por 6-12h antes do procedimento
(E) Recomenda-se manter o uso e usar anti-fibrinolíticos no pós operatório

A

(C) Recomenda-se não usar por 12-24h antes do procedimento

De acordo com o guideline canadense de abordagem pré-operatória de pacientes com DOAC o tempo de suspensão antes do procedimento depende do DOAC usado e do risco de sangramento inerente ao procedimento.

RIVAROXABAN

A) RISCO MÍNIMO
- Procedimento dentário simples
- Catarata
- Procedimento cutâneo simples
- É seguro não interromper a anticoagulação mas são poucos os dados que corroboram essa afirmação. Uma alternativa seria suspender a dose no dia do procedimento ou atrasar a dose para 4-6 horas após o procedimento

B) BAIXO/MODERADO RISCO
- Fazer ultima dose de xarelto 2 dias antes de cirurgia ou procedimento (pular uma dose) que corresponde a aproximadamente 2-3 meias vidas entre parar o xarelto e a cirurgia

C) ALTO RISCO
- Cirurgia SNC e neuroeixo ou com anestesia epidural
- Ultima dose de xarelto 3 dias antes da cirurgia (pular duas doses) que corresponde a 4-5 meias viadas entre parar o xarelto e s cirurgia.

A tabela de risco dos procedimentos coloca como maioria dos procedimentos dentários como de risco mínimo para sangramento (extração dentária 1-2 dentes, procedimentos endodonticos como canal ou limpeza subgengival. O mesmo considera como risco baixo a moderado os procedimentos complexos como multiplas extrações dentárias. Pelo protocolo, seria considerado procedimento de risco mínimo e, portanto, tanto a letra C como D estariam corretas.

43
Q

(AC 2023) Paciente de 56 anos, portador de cirrose hepática alcoólica. Vem para consulta visando ao preparo hemostático para colecistectomia por VLP. Apresenta sinais ultrassonográficos compatíveis com hipertensão portal e varizes de esôfago de médio calibre. Não apresenta outras patologias. Seus exames laboratoriais são os seguintes:
- Hb: 11,7; Leuco: 3.400; Plaq: 105.000; TP 15” RNI 1,4 (VN até 1,2); TTPA 41” rt: 1,36 (VN até 1,2).

Diante desse caso, a conduta assertiva é:
(A) Transfundir PFC 2U imediatamente antes da cirurgia.
(B) Transfundir PFC apenas se houver sangramento.
(C) Infundir concentrado de complexo protrombínico não ativado no pré-operatório imediato.
(D) Usar fator VII ativado em caso de sangramento ativo.
(E) Transfundir crioprecipitado para evitar sobrecarga de
volume.

A

(B) Transfundir PFC apenas se houver sangramento

Cirrose causa alteração em processos protrombóticos e anticoagulantes, mesmo em pequenos procedientos.
Pacientes cirróticos possuem maiores taxas de hemorragia e hematomas em procedimentos minimamente invasivos. Testes laboratoriais tradicionais são difíceis de interpretar no contexto de pacientes com disfunção hepática, de modo que taxas de INR e plaquetas podem não se correlacionar com risco de sangramento pós procedimento.
O papel de vitaminaK, PFC, fator VIIa e crioprecipitado para tratar coagulopatia cirrótica no pre-op é incerto.
Vitamina K 10mg por dia por 3 dias antes do procedimento é recomendada as vezes, apesar de que o uso de vitamina K em pacientes cirróticos não tem muita evidência e estudos retrospectivos sugerem que não reduz sangramento (faz sentido, levando em consideração que apesar da vitamina o fígado ainda seria incapaz de produzir os fatores).
PFC pode normalizar transitoriamente alterações laboratoriais, mas pode não ser benéfico nesses pacientes pelo excesso de volume, podendo aumentar a pressão venosa em um paciente que provavelmente já possui uma hipertensão portal.
Existem poucos dados da eficácia de crioprecipitado e fator VII em pacientes cirróticos.

Tendo em vista que existe pouca evidencia para correção pré-cirurgica de pacientes com coagulopatia por cirtose com hemocomponentes, as recomendações são do seu uso apenas como ESTRATÉGIA DE RESGATE.

Especialistas podem recomendar o uso de crioprecipitado para pacientes com fibrinogenio < 100.

44
Q

(AC 2023) A HIT é uma situação rara, porém grave e potencialmente fatal. Está associada à queda de contagem plaquetária em 50% da inicial, em geral de 5 a 10 dias após a introdução do anticoagulante. Seu reconhecimento é chave para instituição de medidas terapêuticas. Sua patofisiologia está relacionada à ligação da heparina a:

(A) P-selectina
(B) Fator plaquetário 4
(C) Microparticulas plaquetárias
(D) Tromboxano A2
(E) NETs

A

(B) Fator plaquetário 4

A HIT é a complicação não hemorrágica mais relevante do uso de heparina. É uma complicação imune causada por anticorpos direcionados ao imunocomplexo formado pela heparina e o fator plaquetário 4 (PF4).

Uma vez formados esses anticorspos, um subgrupo de pacientes irá desenvolver um estado de hipercoagulabilidade causado por por anticorpos ativadores que promovem a geração de trombina.

O PF4 é uma proteína plaquetária carregada positivamente armazenda em granulos a plaquetários e liberada em altas quantidades no momento de ativação plaquetária. Essas proteínas quando liberadas se ligam ao glicosaminoglicanos nas células endoteliais próximas (que são carregados de cargas negativas) e estimulam um microambiente pró-trombótico.

45
Q

(DASA TMO 2021) Mulher de 25 anos, com epistaxes frequentes, hipermenorreia e equimoses
desde a infância. Conta que seus dois irmãos apresentam história clínica semelhante. Comparece à consulta sem outras queixas. Exame físico normal. Exames complementares: revelam Atividade de Protrombina: 90%; TTPAr 0,9; Tempo de Trombina: 11 segundos; Hb: 11,0; VCM 85; leucócitos 5000, Plaq: 250.000. Dosagem de fator de Von Willebrand antígeno: 10 U/dl; Cofator de ristocetina: 8 U/dl; RIPA: normal; Avaliação de multímeros do fator de Von Willebrand: presença de todos os multímeros.
Qual é a hipótese diagnóstica provável?

(A) Doença de Von Willebrand tipo 1.
(B) Doença de Von Willebrand tipo 2A.
(C) Doença de Von Willebrand tipo 2B.
(D) Doença de Von Willebrand tipo 2N.

A

(A) Doença de Von Willebrand tipo 1

DVW TIPO 1:
- Deficiência quantitativa parcial
- Antígeno vW < 30% ou < 50% se presença de fenótipo hemorrágico
- Forma mais comum
- Pode apresentar alteração em teste funcional, com redução no cofator de ristocetina. No entanto, essa redução é proporcional a redução do antígeno, já que não se trata de um subtipo com disfunção qualitativa. Dessa forma, a relação Ag:VW/Co:Ristocetina > 0,7 (próximo de 1)

DVW TIPO 2
- Distúrbio quantitativo que pode ser subdividido em outros 4 tipos
- Em geral, suspeita-se quando a quantidade de antígeno encontra-se normal e o cofator de ristocetina diminuido (Ag:vW/Co:Ristocetina < 0,7)
- 2A: Alteração quantitativa caracterizada pela ausência de multimeros de alto peso molecular, que são os mais hemostáticos. Geralmente causado por uma maior suscetibilidade a ADAMST13
- 2B: Causado por um aumento da afinidade do fator de Von Willebrand as plaquetas (GPIba), levando a uma plaquetopenia e clearence do FvW da circulação. Além disso, costuma apresentar RIPA positivo e piora de plaquetopenia com uso de DDAVP (contraindicação relativa). É o subtipo comum de DvW adquirida por altas contagens plaquetárias
- 2M: Alteração qualitativa com menor atividade do fator de Von Willebrand, mas com presença normal de multimeros de alto peso molecular (mutação de perda de função)
- 2N: Caracterizado por perda da ligação do fator de von Willebrand ao fator VIII, com redução de níveis plasmaticos

DVW TIPO 3
- Deficiencia quantitativa absoluta do fator de von Willebrand, sendo impossível dosar o antígeno e o cofator de ristocetina.
- Apresenta redução de fator VIII pela perda da proteína que protege da sua degradação na circulação.
- Costuma apresentar fator VIII < 10%
- Apresenta fenótipo de sangramento mais intenso, podendo se assemelhar a hemofilia A.

46
Q

(DASA TMO 2021) Sobre microangiopatias trombóticas, é INCORRETO afirmar:

(A) Podem ser causa de microangiopatia secundaria: câncer, infecção por HIV, gravidez, transplante de órgão sólido, ou TMO
(B) São um grupo de doenças caracterizadas por oclusão de microvasos resultando em isquemia tecidual e lesão de órgão.
(C) A PTT é uma doença sistêmica com microtrombos em diversos órgãos, incluindo coração, SNC e rins.
(D) A PTT é causada por severa redução na função do ADAMTS 13, < 50% de atividade.

A

(D) A PTT é causada por severa redução na função do ADAMTS 13, < 50% de atividade

As anemias hemolíticas microangiopáticas com trombocitopenia (MAT) são um grupo de doenças caracterizados por anemia hemolítica não imune (coombs negativo), com destruição celular intravascular com presença de esquizócitos, predisposição a formação de microtrombose na circulação periférica acometendo arteríolas e venulas, além de trombocitopenia. Pode se manifestar com diversos tipos de disfunções orgânicas por isquemia tecidual pelo acometimento de microvasculatura e dos diversos tipos podem apresentar características clinicas e laboratoriais distintas (LETRA B CORRETA).

Esses disturbios podem ser classificados como primários ou secundários. Os primário (SHU e PTT) ocorrem espontaneamente sem causa sobrejacente. Formas secundárias ocorrem no contexto de: gestação, doenças autoimunes, neoplasias, medicações ou transplante de MO. O seu tratamento deve ser direcionado a essas causas (LETRA A CORRETA)

A purpura trombocitopenica trombótica (PTT) é definida por uma deficiencia grave da ADAMST13 (tipicamente < 10% - LETRA D INCORRETA). ADASMT13 é uma protease que quebra o fator de Von Willebrand em multímeros menores na circulação, e sua deficiencia leva ao acúmulo de multimeros de alto peso molecular de von Willebrand, os quais tem o maior potencial hemostático, promovendo a formação de microtrombos na circulação. Esses microtrombos levam a isquemia tecidual podendo acometer diversos órgãos (SNC, coração, pancreas, tireoide, adrenais, mucosa intestinal…). Os pulmões geralmente são poupados (LETRA C CORRETA). Em geral, os rins podem ser acometidos, mas não é característico a evolução para LRA grave em pacientes com PPT.

47
Q

(DASA TMO 2021) Mulher, 25 anos, com diagnóstico de TEP. Na investigação: TTPA alargado, presença de anti-coagulante lúpico positivo e deficiência de proteína S da coagulação. Iniciado tratamento com anticoagulação plena. Neste caso, é INCORRETO afirmar:

(A) Na gestação e no uso de contracepção, pode haver uma falsa deficiência de Proteína S.
(B) A pesquisa de anticoagulante lúpico pode sofrer influência do anticoagulante terapêutico.
(C) Paciente possui SAF associada à deficiência de proteína S.
(D) As dosagens da proteína C, S, AT podem mostrar-se mais baixas na fase aguda da trombose, nem sempre
representando uma deficiência real.

A

(C) Paciente possui SAF associada à deficiência de proteína S

Trata-se de uma paciente jovem do sexo feminino com quadro de TEP e investigação de trombofilias na fase aguda da trombose. Uma das causas mais frequentes nesse faixa etária e mais importante de se descartar é o diagnóstico de SAF.

Parte importanto no diagnóstico de SAF é a pesquisa de anticorpos antifosfolípides que podem ser divididos em 3 testes:
- Pesquisa de anticardiolipinas IgM e IgG (imunoensaio ELISA)
- Pesquisa de anti-B2 glicoproteínas IgM e IgG (imunoensaio ELISA)
- Pesquisa de anticoagulante lúpico (teste de coagulação funcional)

Os dois primeiros testes são através de imunoensaio e não costumam ser alterados em fase aguda de trombose ou durante uso de anticoagulantes. Já o anticoagulante lúpico procura demonstrar através de exame funcional a presença de um inibidor que é sensível a fosfolipídeos.

A pesquisa do anticoagulante lúpico é realizada em 3 etapas:
- Primeiramente, procura-se demonstrar alteração no tempo de coagulação dependente de tromboplastica, sendo o mais usado o TTPA que costuma ser alargado nesses pacientes. Outra possibilidade é o uso do veneno da víbora como reagente
- A segunda etapa é através de mistura na proporção de 1:1 com plasma normal. Espera-se que não ocorra correção do TTPA com a mistura, de modo que o problema não é deficiencia de fator de coagulação, mas sim a presença de um inibidor
- A terceira e ultima etapa é a introdução de fosfolipídio com objetivo de diminuir ou corrigir o tempo de coagulação prolongado. Esse achado demonstra dependencia de fosfolipídeos.

Dessa forma, por se tratar de um teste funcional, fase aguda de trombose, gestação ou uso de anticoagulantes podem interferir nesse processo, alterando o resultado do exame - LETRA B CORRETA.

A dosagem de outras proteinas como proteína C, S ou AT podem ser também falseadas durante a fase aguda de trombose ou durante a coagulação. Por exemplo, na fase aguda pode haver consumo desses fatores e na anticoagulação pode haver interferencia, lembrando por exemplo que proteínas C e S são dependentes de vitamina K (inibido no uso de marevan) - LETRAS A E D CORRETAS

No caso da paciente em questão, não podemos afirmar que esses testes realizados são fidedignos como explicado acima, mas também para o diagnóstico de SAF necessita-se da presença de trombose prévia, morbidade gestacional e confirmação da positividade dos anticorpos dentro de 12 semanas - LETRA C INCORRETA

48
Q

Qual DOAC apresenta MENOR taxa de eliminação por via renal?

(A) Rivaroxaban
(B) Betrixaban
(C) Apixaban
(D) Dabigatran

A

(B) Betrixaban

Cada DOAC apresenta uma taxa de eliminação por renal diferente, o que pode auxiliar na escolha do melhor anticoagulante para cada população clínica específica.

Em ordem DECRESCENTE, temos a seguinte relação baseada na excreção renal de cada droga:

  • Dabigatran (80%);
  • Rivaroxaban (66%);
  • Apixaban (25%); e
  • Betrixaban (15-18% de eliminação por via renal).

Por ser o DOAC com menor taxa de eliminação renal, o Betrixaban foi o ÚNICO que demonstrou segurança na PROFILAXIA de eventos tromboembólicos em pacientes CLÍNICOS hospitalizados.

Além disso, o Betrixaban apresenta a MAIOR meia-vida (19-27h) e estabilidade do nível sérico dentre os DOACs, o que também favorece seu uso nesse contexto.

Ainda não está disponível para uso no Brasil.

Key Points:

1. O Betrixaban é o único DOAC que pode ser utilizado para profilaxia de eventos tromboembólicos em pacientes clínicos, o que é favorecido pela sua meia vida longa e baixa dependência de eliminação por via renal.

Referências:

  1. Huisman MV, et al. Pharmacological properties of betrixaban. Eur Heart J Suppl. 2018.
49
Q

Mulher, 20 anos, realizou hemograma de rotina em unidade básica de saúde. Nega histórico de sangramento anormal. Hb 14,5 g/dl, Neu 5.200/mm³, Linfócitos 2.300/mm³ e Plq 74 mil/mm³. Encaminhado para avaliação com especialista. ESP obtido da amostra enviada ao laboratório mostrado abaixo. Neste caso, qual a conduta recomendada?

(A) Observação clínica
(B) Solicitar eletroforese de proteínas séricas
(C) Solicitar teste rápido para malária
(D) Solicitar pesquisa de crioglobulinas

A

(A) Observação clínica

A imagem mostra o fenômeno de satelitismo plaquetário, que é incomum e ocorre EXCLUSIVAMENTE in vitro em amostras de sangue anticoagulado com EDTA (ácido diaminotetracético).

Outros anticoagulantes como o citrato e a heparina NÃO provocam esse fenômeno, que também está ausente no esfregaço obtido diretamente do paciente (ponta de dedo).

Pode haver adesão plaquetária a outras células (como linfócitos ou basófilos), mas na maioria dos casos observamos adesão das plaquetas somente ao redor de neutrófilos.

Um dos mecanismos propostos é a existência de ANTICORPOS contra o complexo GPIIb/IIIa presente nas plaquetas e/ou contra o receptor FcgamaRIII localizado nos neutrófilos. O EDTA provocaria alterações nessas proteínas de membrana e favoreceria ligações entre elas.

Alternativamente, podem haver anticorpos contra epítopos comuns a neutrófilos e plaquetas ou exposição de epítopos crípticos na membrana na induzida por EDTA.

O fenômeno geralmente é observado em indivíduos normais, mas pode estar presente em casos de vasculites sistêmicas, lupus, linfoma de células do manto, linfoma da zona marginal e hepatopatia crônica.

O satelitismo plaquetário tem relevância clínica porque pode provocar PSEUDOPLAQUETOPENIA e desencadear investigação adicional desnecessária.

Portanto, a investigação de plaquetopenia deve iniciar sempre com avaliação do esfregaço sangue periférico coletado em EDTA na intenção de identificar formação de agregados plaquetários e/ou satelitismo plaquetário.

A comparação com o esfregaço obtido diretamente do paciente confirma a suspeita e a coleta de sangue utilizando outro anticoagulante (citrato ou heparina) mostra normalização das contagens (após correção para o volume de anticoagulante utilizado).

Key Points:

  1. O satelitismo plaquetário, assim como a agregação plaquetária, é um fenômeno in vitro provocado pelo EDTA e pode provocar pseudoplaquetopenia;
  2. A análise do esfregaço de sangue periférico é o passo inicial da investigação de qualquer plaquetopenia.

Referências:

  1. Kopcinovic LM, et al. Platelet satellitism in a trauma patient. Biochem Med (Zagreb). 2012.
  2. Chakrabarti I. Platelet Satellitism: A Rare, Interesting, In Vitro Phenomenon. Indian J Hematol Blood Transfus. 2014.
50
Q

Qual o teste laboratorial convencional MAIS útil para confirmar AUSÊNCIA de efeito clinicamente significativo do Dabigatran?

(A) TP
(B) TT
(C) Fibrinogênio
(D) TTPa

A

(B) TT

O Dabigatran é um inibidor direto de trombina disponível por via oral.

Assim como outros anticoagulantes orais diretos, dispensa monitorização do nível terapêutico.

Entretanto, essa informação pode ser útil em determinadas situações, por exemplo quando há intenção de realizar procedimento cirúrgico de urgência.

Nesses casos, o exame convencional mais adequado é o tempo de trombina (TT).

Isso porque o TT é extremamente SENSÍVEL para identificar qualquer concentração plasmática significativa da medicação.

Portanto, caso o TT esteja normal, garante-se a ausência de efeito residual relevante do Dabigatran.

Key Points:

  1. O tempo de trombina pode ser utilizado para descartar atividade significativa do Dabigatran.

Referências:

  1. Ramos-Esquivel A, et al. Monitoring anticoagulant therapy with new oral agents. World J Methodol. 2015.
51
Q

Sete dias após uma artoplastia total do joelho, um paciente de 65 aos vem para avaliação por presença de bolas e escurecimento do abdome. Vem fazendo uso de AAS, LMWH e sinvastatina. Os sinais vitais são normais.
Ao exame físico as lesões são múltiplas bolhas coalescentes e áreas de necrose ao redor do umbigo.
Exames laboratoriais mostram plaquetas de 32.000.
Qual a provável causa para os sintomas do paciente?

A) Anticorpos anti-desmogleina
B) Deficiencia de ADAMTS-13
C) Anticorpos anti heparina-PF4
D) Formação de anticorpos anti-plaquetas
E) Deficiencia de vitK
F) Produção reduzida de GpIb

A

C) Anticorpos anti heparina-PF4

*A) Anticospos anti-desmogleina
A formação de anticorpos anti desmogleina-3 e anti desmogleina-1 é p mecanismo do pênfigo vulgar. A quebra da desmogleina 3 e 1 (que mediam a aderência de queratinócitos) resulta em formação de bolhas intraepidérmicas e dolorosas que se tornam confluentes e rompem. Essa é improvável de ser a etiologia da doença do paciente, porque as lesões do pênfigo vulgar costumam iniciar na mucosa oral e costumam afetar áreas do corpos sujeitas a pressão (intertriginosas). Necrose não costuma ocorrer e não há alteração plaquetária.

B) Deficiencia de ADAMTS-13
A deficiencia de ADAMTS-13 é o mecanismo atrás da PTT. A redução da atividade da ADAMTS-13 resulta em uma maior atividade do fator de von-willebrand e leva a formação de trombos com consumo de plaquetas e presença de anemia microangiopática. Esse paciente não possui outros achados sugestivos de PTT e o diagnóstico é improvável.

C) Anticorpos anti heparina-PF4
O paciente apresenta plaquetopenia e o tempo de sintomas indica relação ao uso de LWMH (5-10 dias da iniciação de heparina). Isso é consistente com o diagnóstico de HIT que ocorre pela formação de anticorpos IgG anti complexo heparina-fator plaquetário 4. (PF4). Esse anticorpo leva a ativação plaquetária e formação de coágulos, com consumo plaquetário e trombose. Essa trombose pode se manifestar como TVP, TEP, gangrena de membros e isquemia/necrose nos locais da administração de heparina.
O risco é maior em pacientes que fazem uso de HNF do que LMWH, uma vez que pacientes com HNF costumam formar complexos com o PF4 com maior peso molecular e portanto mais antagônicos. Mas o risco existe independente do tipo de heparina e a conduta é parar imediatamente o uso e anticoagulação com outros agentes.

D) Formação de anticorpos anti-plaquetas
Esse é o mecanismo imune da PTI. Anticorpos IgG contra antígenos planetários se ligam e opsonizam as plaquetas, que são retiradas da circulação por macrofagos esplênicos. Embora PTI possa explicar a plaquetopenia do paciente, costuma não apresentar outros sintomas que não sejam relacionados a sangramento. Não explicaria a necrose e as bolhas abdominais.

E) Deficiencia de vitamina K
Deficiencia de vitamina K geralmemnte ocorre secundário a doença hepática ou uso de antagonistas de vitamina K. Essa deficiência leva a disfunção em fatores de coagulação vitaminaK dependentes (II,VII,IX,X). A deficiência de vitamina K é associada a diástase hemorrágica e sangramento, mas não interfere na contagem plaquetária. O marevan também pode causar necrose cutânea (necrose induzida por warfarin), mas não justificaria a plaquetopenia.

F) Produção reduzida de G6PD
A menor produção de receptores de fator de Von Willebrand (Gp Ib/IX/V) na superfície plaquetária é o mecanismo por trás da síndrome de Bernard Soulier). Esse distúrbio hereditário de adesão plaquetária está associado a disfunção plaquetária, plaquetopenia e plaquetas gigantes. Resulta em sangramentos. Os pacientes costumam ser assintomáticos a não ser por sangramento cutâneo mucoso. Não explicaria a necrose abdominal.