Sepse Flashcards
Importância da sepse
1) Alta prevalência (principalmente em ambiente hospitalar), morbidade e mortalidade
2) Causa líder de óbito em UTI não coronariana
3) Condição mais cara tratada em hospitais
4) Representa de 30 a 50% de todas as mortes em hospitais
5) Sobreviventes têm alto risco de recorrência, readmissão hospitalar e prejuízo de longo prazo em condições funcionais e cognitivas (alterações neurológicas de resolução demorada)
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS)
1) Resposta clínica não especifica
2) Pode ser causada por trauma, queimaduras, pancreatite, etc.
3) Quando causada por infecção = sepse
Alterações na SIRS
Para a pessoa ter SIRS, deve apresentar pelo menos 2 dessas alterações:
1) Temperatura > 38ºC (hipertermia) ou < 36ºC (hipotermia)
2) FC > 90 bpm (taquicardia)
3) FR > 20 irpm ou PaCO2 < 32 mmHg (taquipneia)
4) Leucócitos > 12.000/mm³ ou < 4.000/mm³ ou > 10% de bastões
Definição de sepse
Disfunção orgânica aguda com risco de morte em decorrência de uma resposta desregulada do organismo a uma infecção.
Principais disfunções orgânicas na sepse
1) Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg)
2) Oligúria (≤ 0,5 mL/kg/h) ou elevação da creatinina (> 2 mg/dL)
3) Relação PaO2 / FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%
4) Contagem de plaquetas <100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias
5) Acidose metabólica inexplicável: déficit de bases ≤5,0 mEq/L e lactato acima do valor de referência
6) Rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium
7) Aumento significativo de bilirrubina (> 2x o valor de referência)
Choque séptico
Subgrupo da sepse com disfunção cardiovascular e celular associado com risco aumentado de óbito
Critérios clínicos - choque séptico
1) Uso de vasopressor para PAM ≥ 65 mmHg
2) Lactato > 18 mg/dL, persistente após ressuscitação volêmica adequada
Fatores relacionados ao indivíduo (hospedeiro) no estágio 1 (agressão infecciosa)
1) Barreira epitelial integra (1ª linha de defesa): pode ser quebrada por trauma local ou alterações da defesa da mucosa resultante de toxinas ou alterações hemodinâmicas
2) Imunidade adaptativa ou inata: pode estar prejudicada, favorecendo a disseminação da infecção
3) Diabetes, desnutrição e câncer: alteram a resposta imunológica inicial
4) Sexo e idade: principalmente extremos de idade (imaturidade do sistema imunológico e imunoscenecência)
5) Fatores que previnem infecção local: podem ser rompidos como na colocação de tubo endotraqueal, sonda, catéter
Fatores de virulência no estágio 1 (agressão infecciosa)
1) Lipopolissacáride (LPS): componente de endotoxina das bactérias gram negativas
2) Exotoxinas: presentes em bactérias gram-positivas, os superantígenos não interagem com complexo de histocompatibilidade ou com receptor toll, podendo produzir ativações maciças de Linfócitos T, liberando citocinas
Estágio 2 (resposta sistêmica preliminar)
1) Mediadores inflamatórios e hemostáticos que modulam a resposta do indivíduo frente à sepse grave
2) A concentração local das primeiras citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias são maiores do que a concentração sistêmica
3) Citocinas pró-inflamatórias (TNF alfa, IL1, IL6, INF gama) serão responsáveis pelos sinais e sintomas da infecção sistêmica, o que indica uma inabilidade no controle local da infecção
Estágio 3 (resposta sistêmica amplificada)
1) Ocorre quando o indivíduo não consegue conter o processo pró-inflamatório, havendo o aparecimento de sintomas resultantes da atividade sistêmica de citocinas
2) A liberação maciça de citocinas e mediadores pró-inflamatórios são responsáveis pela SIRS (resposta inflamatória sistêmica, que precede a sepse): febre, hipo ou hipertermia, taquicardia, taquipneia, leucocitose, leucopenia e desvio a esquerda
3) Disfunção das células endoteliais que perdem sua habilidade de regular o fluxo sanguíneo → aumento da permeabilidade microvascular, vasodilatação profunda, transudação de fluidos, disfunção orgânica e choque
Estágio 4 (reação inflamatória compensatória)
1) Após a ativação da cascata pró-inflamatória, o organismo inicia uma resposta contra-reguladora local ou sistêmica
2) Imunomoduladores fazem a down-regulation das citocinas pró-inflamatórias
3) Citocinas contra-reguladoras: IL4, IL10, TNF beta, indução e regulação da expressão do HLA-DR e receptores solúveis de citocinas
Estágio 5 (falha na imunomodulação)
1) Dissonância imunológica: inflamação persistente e falha em restabelecer a homeostase
2) Resposta Th2 induzida pelos monócitos → produção de TNF alta e expressão de HLA-DR, logo não há morte intracelular de bactérias e fungos e a apresentação de antígenos
3) Infecção primária persistente, disfunção de múltiplos órgãos e infecção recorrente
Síndrome da Disfunção Orgânica Múltipla (SDMO)
1) Incapacidade de manter a homeostase (primária ou secundária).
2) Pode ocorrer em vários sistemas, podendo haver coexistência dessas disfunções
Disfunção cardiovascular na SDMO
Estado hipo ou hiperdinâmico,
taquicardia,
vasodilatação periférica,
hipotensão arterial,
hipovolemia arterial,
disfunção miocárdica
Disfunção respiratória na SDMO
taquipnéia,
hipoxemia,
shunt intrapulmonar
Disfunção renal na SDMO
oligúria,
queda da TFG,
aumento de escórias,
necrose tubular aguda
Disfunção neurológica na SDMO
alteração do nível de consciência,
encefalopatia séptica,
polineuropatia da doença crítica
Disfunção digestiva na SDMO
diminuição da motilidade,
úlceras de estresse,
íleo hipodinâmico,
hemorragia digestiva,
translocação bacteriana (passagem de bactérias do TGI para a corrente circulatória, sem ter uma solução de continuidade da parede),
colestase transinfecciosa (com icterícia),
insuficiência hepática
Disfunção hematológica na SDMO
leucocitose ou leucopenia,
anemia
trombocitopenia
distúrbio de coagulação
Disfunção endócrina na SDMO
Insuficiência suprarrenal
Hiperglicemia
hipertrigliceridemia
aumento do catabolismo proteico
hipoalbuminemia
acidose metabólica (tenta compensar fazendo alcalose respiratória)
Escore SOFA (Sepsis Related Organ Failure Assesment)
Dá uma pontuação para o paciente baseando-se em
PaO2,
coagulação,
bilirrubinas,
cardiovascular,
sistema nervoso central (escala de coma de Glasgow)
função renal (creatinina ou débito urinário)
PaO2 no SOFA
1: <400
2: <300
3: <200
4: <100 (com suporte ventilatório)
Coagulação no SOFA
1: <150.000
2: <100.000
3: <50.000
4: <20.000