Questões reumatologia- Laíssa DRIVE VH Flashcards
Explique o que são doenças difusas do colágeno
As doenças difusas do colágeno, também denominadas doenças reumatológicas imunomediadas (DRIM) e, mais antigamente, colagenoses, são doenças difusas do tecido conjuntivo com características sistêmicas. São adquiridas e envolvem um mecanismo de auto-imunidade, de etiologia desconhecida. Respondem bem a corticosteroides, sendo mais comuns em mulheres jovens. Atualmente englobam as seguintes patologias: artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, febre reumática, esclerodermia, polimiosites, síndrome de Sjogren, policondrite recidivante.
Compare dor mecânica e dor inflamatória
Dor inflamatória tem rigidez matinal maior que 1h, fadiga profunda, melhora com exercício físico e piora com repouso, apresenta manifestações sistêmicas (febre, emagrecimento, indisposição, fadiga) e responde a corticóides. A dor mecânica tem rigidez matinal menor que 30 minutos, a fadiga é mínima, ocorre piora com exercício e melhora com repouso, não tem manifestações sistêmicas e não melhora ao uso de corticosteróide.
OBS. A osteoartrite é uma das únicas doenças reumatológicas que possui sintomas mecânicos predominantes (mas há momentos de inflamação, em que a dor melhora com corticosteróide).
Sinais cardinais da inflamação
Edema (tumor), calor, dor, eritema (rubor) e impotência funcional.
Descreva os sinais e sintomas de um surto de febre reumática sem comprometimento articular e de SNC.
Além do comprometimento articular (com poliartrite de grandes articulações, migratória, assimétrica e de curta duração) e do comprometimento do SNC (com coréia reumática - movimentos involuntários, arrítmicos/irregulares, rápidos, abruptos e acompanhados de hipotonia muscular), o surto de febre reumática pode cursar com cardite, presença de nódulos subcutâneos e eritema marginado (critérios maiores), além de critérios menores, como febre (sintoma mais comum), artralgia, provas de atividade inflamatória elevadas e aumento do intervalo PR no ECG.
A cardite (inflamação do tecido cardíaco) é a manifestação mais grave da febre reumática e pode afetar qualquer folheto cardíaco, em especial o endocárdio (acomete com maior frequência a válvula mitral > aórtica > tricúspide > pulmonar). A cardite pode se manifestar com sopros, arritmias, atrito pericárdico, taquicardia, cardiomegalia e IC. Inicialmente, há uma insuficiência valvar e, com o passar do tempo, pode retornar à normalidade ou gerar sequelas, como estenose.
O eritema marginado é raro e se caracteriza por uma lesão eritematosa com centro claro, borda serpiginosa (ondulações), indolor, não pruriginoso, e de acometimento de tronco e região proximal das extremidades (poupa a face).
Os nódulos subcutâneos também são raros; têm relação com a cardite ativa, duração de dias e normalmente não indolores e firmes. Localizam-se mais comumente em superfícies extensoras e proeminências ósseas
Descreva os métodos de profilaxia da febre reumática
Profilaxia primária: tem como objetivo erradicar o Streptococcus beta-hemolítico do Grupo A de Lancefield da orofaringe e prevenir a febre reumática. Pode ser feita com penicilina benzatina em dose única (600.000 unidades para crianças com menos de 25 Kg e 1.200.000 para aquelas com mais de 25 Kg); penicilina oral durante 10 dias; ou eritromicina/claritromicina/azitromicina (para alérgicos à penicilina).
Profilaxia secundária: tem como objetivo evitar recorrências / recidivas da febre reumática. Pode ser feita com penicilina benzatina de 4 em 4 semanas, em países desenvolvidos; ou de 3 em 3 semanas, em áreas endêmicas, como no Brasil (600.000 ou 1.200.000 un IM); penicilina oral todos os dias; ou sulfadiazina/eritromicina todos os dias
Para os pacientes sem cardite, a profilaxia secundária deve ser feita até os 21 anos de idade ou até 5 anos após o último surto. Os pacientes com cardite, mas sem sequelas, devem fazer até os 25 anos ou até 10 anos após o último surto. E aqueles com cardite e com sequelas devem fazer até os 40 anos ou até 10 anos após o último surto. Deve-se sempre escolher o esquema mais longo.
Defina artrite reumatóide. Descreva as manifestações extra-articulares, as manifestações articulares no adulto e na criança e dê 7 critérios diagnósticos, citando também a pior forma da doença.
A artrite reumatóide é uma doença reumatológica imunomediada (DRIM), crônica, sistêmica, inflamatória e de causa desconhecida. Causa serosites e afeta a pele, sistema cardiorrespiratório, olhos, vasos e sistema nervoso. É uma doença incurável, de evolução prolongada, com potencial variável de deformidades e que, associada a multimorbidades, pode reduzir a expectativa de vida do indivíduo.
Quanto ao quadro clínico articular, a inflamação articular pode cursar com dor e edema articular, tenossinovite / bursite, reabsorção óssea localizada, destruição das cartilagens (com estreitamento do espaço articular), erosões ósseas subcondrais, desalinhamento / deslocamento, anquilose, amplitude de movimento limitada e rigidez matinal.
Já as manifestações extra-articulares incluem fadiga, infecções, osteoporose, anemia, malignidade e doenças cardiovasculares.
Segundo o Critério Classificatório ACR/EULAR 2010, a AR é definida quando há pontuação ≥ 6 nos seguintes itens:
Envolvimento articular: 1 grande articulação - ombro, cotovelo, quadril, joelho, tornozelo (zero pontos); 2-10 grandes articulações (1); 1-3 pequenas articulações, com ou sem grandes articulações (2); 4-10 pequenas articulações, com ou sem grandes articulações (3); > 10 articulações, sendo ao menos 1 pequena articulação (5).
Sorologia: fator reumatoide negativo e anti-CCP negativo (zero); FR ou anti-CCP positivo baixos títulos / ≤ 3x (2); FR ou anti-CCP positivo altos títulos / > 3x (3).
Reagentes de fase aguda (ao menos 1 teste): VHS e PCR normais (zero);VHS ou PCR acima normal (1).
Duração dos sintomas: < 6 semanas (0); > 6 semanas (1).
Os indicadores de pior prognóstico que estão associados à doença mais grave são: presença de manifestações sistêmicas; início súbito da AR; número elevado de articulações acometidas; “nodulose”; FR positivo e ACPA positivo; erosões desde o início; e HLA DR B1 positivo.
Pior forma da doença - Síndrome de Felty = portadores de AR grave e de longa evolução que passam a ter acometimento vascular, com úlceras, vasculites, gangrenas e hepatoesplenomegalia - manifestações extra-articulares exuberantes.
Quais são as manifestações extra-articulares da artrite reumatóide?
Fadiga
infecções
osteoporose
anemia
Outras manifestações extra-articulares: nódulos subcutâneos, endocardite
Quais são as características da artrite reumatóide clássica do adulto
Sintomas prodrômicos: artralgia, dor ao aperto de mãos, dormência de extremidades, sensação de inchaço e sintomas gerais (ex: febre baixa, artralgia, adinamia, inapetência, emagrecimento leve),
Sintomas sugestivos: rigidez matinal prolongada, artrite cística (de consistência borrachóide à palpação), artrite simétrica e aditiva de pequenas e grandes articulações. Os locais mais acometidos pela artrite são punho e articulações metacarpo-falangeanas interfalangeanas proximais e joelhos e cotovelos. Poupa articulações interfalangeanas distais.
São deformidades clássicas: dedos em colo de cisne,
Como se faz o tratamento da artrite reumatóide?
O tratamento da artrite reumatoide deve ser feito preferencialmente em até 2 anos de curso da doença (“janela de oportunidade”), de modo a evitar deformidades permanentes, e tem como objetivos a redução da atividade da doença, prevenção de lesões estruturais e diminuição da incapacidade.
O tratamento não farmacológico envolve a educação do paciente, acompanhamento multiprofissional, consultas periódicas e, principalmente, a fisioterapia (com uso de calor / frio, talas corretivas ou preventivas, calçados adequados e auxílio à marcha.
O tratamento farmacológico envolve o uso de analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), corticóides, drogas modificadoras do curso da artrite reumatóide (DMARDs) e agentes biológicos.
Quanto aos DMARDs, o tratamento pode ser iniciado com metotrexato em monoterapia por 3 meses; se o paciente não melhorar nesse período, deve-se acrescentar outro DMARD (ex: cloroquina, sulfassalazina ou leflunomida); se ainda assim não houver melhora, deve-se associar um 1º agente biológico (ex: inibidores de TNF, rituximabe, inibidores do sistema JAK); se em 6 meses de uso de biológico não houver melhora, pode-se trocar o biológico ou introduzir um 2º.
Descreva as diferenças do quadro clínico da artrite reumatóide e da artrite psoriásica.
O quadro clínico da artrite reumatóide envolve inflamação articular, com dor e edema articular, sinovite, bursite, reabsorção óssea localizada, destruição da cartilagem, erosões ósseas subcondrais, desalinhamento / deslocamento, anquilose, amplitude de movimento limitada e rigidez matinal prolongada. A artrite é cística, de pequenas e grandes articulações, simétrica e aditiva. As articulações mais acometidas são punho, metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais (poupa distais), joelhos e cotovelos. O paciente também pode se queixar de dor ao aperto de mãos, dormência de extremidades, sensação de inchaço e sintomas gerais (febre baixa, astenia, adinamia, inapetência, emagrecimento leve). Também podem estar presentes uveíte, xeroftalmia, neuropatia periférica etc.
A artrite psoriásica se caracteriza por lesões de pele associadas a comprometimento articular, após exclusão de outras causas de artrite / artralgia. Pode haver comprometimento periférico, com monoartrite ou oligoartrite (principalmente em articulações dos membros inferiores), poliartrite simétrica (pode afetar as articulações interfalangeanas distais), dactilite, distrofia ungueal, entesite e artrite mutilante (forma erosiva grave, com osteólise e encurtamento dos dedos); envolvimento axial, com dor sacroilíaca e lombalgia inflamatória; e manifestações extra-articulares nos olhos (ex: ceratite, uveíte e conjuntivite), síndrome metabólica e depressão.
Quais as semelhanças da artrite reativa, artrite psoriásica e espondilite anquilosante que as designam no mesmo grupo dessa patologia?
A artrite reativa, artrite psoriásica e espondilite anquilosante pertencem ao grupo de doenças denominado “espondiloartrites”, que compreende um grupo de doenças inflamatórias soronegativas da coluna vertebral, que também podem acometer as articulações periféricas (extra-axiais). Apesar de cada uma ter suas peculiaridades, elas apresentam diversas características em comum, tais como: têm causa desconhecida; afetam principalmente adultos jovens (em especial, do sexo masculino) e causam lombalgia inflamatória (dor lombar com início insidioso, antes dos 40 anos, que melhora com exercício físico, não melhora com repouso e causa despertar noturno); também causam comprometimento periférico, que costuma ser oligoarticular e nos membros inferiores; e manifestações extra-articulares, que podem ocorrer nos olhos, pele, mucosas e intestino. Além disso, todas essas doenças estão relacionadas com o gene HLA B27, que está presente em 90-95% dos casos de espondilite anquilosante, 70-90% dos casos de artrite reativa e 30-50% dos casos de artrite psoriásica.
Correlacione as alterações de imagem com o quadro clínico das espondiloartrites.
Raio X de sacroilíaco mostra borramento de margens, erosões ósseas, pseudo-alargamento, esclerose e anquilose (degeneração e fusão do sacro com as asas do ilíaco), o que se manifesta com dor inflamatória nas sacroilíacas, devido à sacroileíte (inflamação das articulações sacro-ilíacas).
Raio X intervertebral / lombar mostra a presença de sindesmófitos, osteoporose e fusão bilateral dos discos (“coluna em bambu”), o que se manifesta como lombalgia inflamatória.
Raio X de calcâneo permite a observação do esporão ou entesófito (calcificação óssea que surge na êntese), que se manifesta com entesite (aumento do volume do tendão e dor).
Espondilite anquilosante
Caracteriza-se pela fusão de vários ossos (ex: vértebras e saco com ilíaco) devido a um processo inflamatório das enteses (local de inserção de tendões e ligamentos aos ossos). A doença é mais frequente em homens e o início dos sintomas geralmente ocorre no final da adolescência ou no adulto jovem. Os sintomas incluem lombalgia inflamatória, dor nas articulações sacro-ilíacas, diminuição da mobilidade da coluna, diminuição da expansibilidade torácica e mudanças nas curvaturas da coluna. Também pode haver dor nas articulações fibrocartilaginosas e artrite periférica (digoarticular, em membros inferiores, quadril e ombro). Esse processo é crônico, insidioso e ascendente. No raio X, podem estar presentes sinais como “coluna em bambu”, presença de sindesmófitos (por ossificação dos ligamentos longitudinais da coluna), fusão das articulações interapofisárias, borramento de margens, erosões ósseas, pseudo alargamento, esclerose e anquilose das articulações sacroilíacas, osteoporose e presença de entesófito/esporão. Como manifestações extra-articulares, pode provocar uveíte anterior (mais comum), fotofobia, hipópio (acúmulo de pus na câmara anterior do globo ocular), insuficiência aórtica e fibrose pulmonar apical. O tratamento é constituído por fisioterapia, AINEs, glicocorticóide, sulfassalazina, metotrexato, imunobiológicos, cirurgia.
Artrite reativa ou síndrome de Reiter:
É uma artrite periférica e/ou doença axial que ocorre após um processo bacteriano à distância (o agente infeccioso não é cultivado no material articular). A tríade clássica dessa doença é artrite + uretrite não gonocócica + conjuntivite, que tem início 2-3 semanas após uma infecção. A artrite reativa acomete principalmente adultos jovens. A forma de apresentação mais comum é a digoartrite de membros inferiores. Outros sintomas são a lombalgia inflamatória mal definida, entesite, dactilite, conjuntivite e acometimento da pele e mucosas (ex: ulceração, balanite, anormalidades ungueais).
Artrite psoriásica
Caracteriza-se pela presença de lesões de pele + comprometimento osteoarticular, após exclusão de outras causas de artrite / artralgia. O início da doença geralmente ocorre na faixa etária dos 30 aos 55 anos. Quanto ao quadro clínico, pode haver envolvimento periférico, com monoartrite ou digoartrite (principalmente em articulações dos membros inferiores), poliartrite simétrica (pode afetar as articulações interfalangeanas distais), dactilite, distrofia ungueal, entesite e artrite mutilante (forma erosiva grave, com osteólise e encurtamento dos dedos); envolvimento axial, com dor sacroilíaca e lombalgia inflamatória; e manifestações extra-articulares nos olhos (ex: ceratite, uveíte e conjuntivite), síndrome metabólica e depressão. O raio X simples pode mostrar aumento de partes moles, presença de entesófitos / esporões, osteólise, erosões ósseas, anquilose de pequenas articulações, sindesmófitos e lesões “pencil in cup” (osteólise na parede distal da falange + osteo proliferação na parte proximal da falange). O tratamento envolve AINEs, metotrexato, ciclosporina e GC local.
Enteroartropatias
São a associação de uma doença inflamatória intestinal (ex: retocolite ulcerativa ou doença de Crohn) + manifestações axiais ou periféricas das espondiloartrites. Até 20% dos pacientes com doença inflamatória intestinal podem desenvolver tais manifestações. A doença periférica pode ser oligoarticular não erosiva (é migratória, acomete grandes articulações e tem relação com a atividade intestinal); ou poliarticular (mais agressiva, deformante e não tem relação com a atividade intestinal). O quadro axial é semelhante ao da espondilite anquilosante e não tem relação com o quadro intestinal. Os exames radiológicos podem mostrar sacroileíte simétrica e sindesmófitos simétricos.
Descreva diferenças entre o quadro clínico de artrite reativa e psoriásica.
A artrite reativa cursa com a presença de uma tríade clássica: conjuntivite asséptica, uretrite não gonocócica e artrite. Ela acontece 2-3 semanas após uma provável infecção do trato gastrointestinal ou genito-urinária. Pode apresentar oligoartrite assimétrica de mmii, entesopatia e dactilite.
Já a artrite psoriásica é investigada quando há lesões de pele típicas de psoríase e comprometimento osteoarticular. Entretanto, para ser diagnosticada, precisa-se excluir qualquer
outro tipo de causa de artralgia e artrite. Pode apresentar distrofia ungueal, dactilite, envolvimento de IF distais, telescopagem, entre outros.
Quais os tipos de manifestações articulares da artrite psoriásica?
Periférica: mono ou oligoartrite; poliartrite simétrica; envolvimento IF distais; artrite mutilante (grandes reabsorções ósseas); dactilite; entesite.
Axial: dor sacroilíaca e lombalgia inflamatória.
Osteoartrite definição
Doença articular degenerativa crônica, caracterizada pela ruptura e potencial perda da cartilagem articular, juntamente a outras alterações articulares, como hipertrofia óssea (formação de osteófitos). Resulta de eventos mecânicos e biológicos que desestabilizam a relação de degradação e síntese da cartilagem articular pelos condrócitos, matriz extracelular e osso subcondral. Doença reumática mais comum.
Quadro clínico com a maioria dos sinais e sintomas da osteoartrite.
Sintomas: dor articular tipicamente mecânica; dor protocinética; rigidez matinal menor que 30 minutos,
Sinais: restrição do movimento articular, alteração marcha e postura, dor à palpação, crepitação articulações, desalinhamento muscular, espasmo muscular, instabilidade articular.
Indique uma conduta terapêutica para a osteoartrite
Não farmacológico: educação paciente, controle comorbidades, ↓ peso, prevenção quedas, fisioterapia.
Farmacológico: AINEs tópicos e orais; analgésicos simples (paracetamol e dipirona), opioides fracos (tramadol e codeína), antidepressivos (duloxetina) e corticosteroides. Analgésicos e AINEs menor dose e no menor tempo possível.
Intervencionista: aplicação intra-articular de corticosteroides (melhora dor) e ácido hialurônico (melhora lubrificação).
Cirurgia: casos refratários tto clínico ou grave limitação funcional.
Quais as piores complicações da osteoartrite e por quê?
A pior complicação da osteoartrite é a artropatia neuropática (articulação de charcot). É a forma severa da OA, caracterizada por destruição progressiva articular associada a perda sensorial. Há diminuição da dor, perda dos reflexos musculares e incapacidade funcional.