PRONOME “CUJO” Flashcards
O que é pronome Cujo?
Cujo
Elencaremos aqui as características do pronome relativo “cujo”, lembrando que essa é uma visão morfológica de classes de palavras.
1. Introduz oração subordinada adjetiva;
2. Exerce função sintática de adjunto adnominal (aspecto geral);
3. Dá ideia de posse (visão semântica, de sentido);
4. Não admite posposição de artigo.
5. Estabelece concordância com o consequente.
6. Tem de existir nome (substantivo ou palavra com valor de substantivo) antes e
depois do cujo.
Os itens 4, 5 e 6 da lista acima podem ser chamados de filtro.
Analisaremos agora alguns exemplos:
a. Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor.
“Feliz é a nação” é o antecedente e “Deus é o Senhor” é o consequente.
Passando o filtro no “cujo”, temos que ele não admite artigo (por ex., “cujo o Deus” estaria errado), estabelece concordância com o consequente (“Deus” e “cujo” são masculinos) e precisa existir nome antes e depois (“nação” e “Deus”).
Entretanto, não se cravar uma resposta a uma eventual questão de prova se o “cujo” tiver passado pelos filtros, pois existem outros erros.
“Cujo” sempre retoma o antecedente, que estabelece relação de posse com o consequente. Dessa forma, esse exemplo equivale a “o Deus da nação” e o consequente é um adjunto adnominal.
Para ter relação de posse, está intrínseco o emprego da preposição “de”. Não se diz, por ex., “O celular o professor”, e sim “O celular do professor”, em que “do” = “de” + “o”.
Lembre-se de que se antes do “cujo” não houver vírgula, trata-se de uma oração adjetiva restritiva, e se houver, é uma adjetiva explicativa.
b. Existem normas constitucionais cujo núcleo essencial não pode ser modificado.
“Normas constitucionais” é o antecedente e “núcleo essencial” é o consequente.
Passando os filtros no “cujo”, observamos que não há artigo (que não é admitido), ele concorda com o consequente (“cujo” e “núcleo”) e há nome antes e depois.
Assim, “cujo” nesse exemplo retoma o antecedente (“normas constitucionais”) e esse, por sua vez, estabelece uma relação de posse com o consequente (“núcleo essencial”), equivalendo a “o núcleo essencial das normas constitucionais”.
c. A preocupação do autor é com os jornalistas, cuja liberdade de expressão se encontra ameaçada.
Analisando a frase e novamente passando os filtros, verificamos que se tivesse escrito “cuja a liberdade”, a frase estaria errada; o “cuja” concorda com o consequente “liberdade”,
que é feminino e singular (se fosse “liberdades”, seria “cujas”); e tem nome antes (“jornalistas”) e depois (“liberdade”).
Portanto, “cuja” retoma o termo antecedente “jornalistas” e esses possuem “liberdade de expressão”, de forma que equivale a “a liberdade de expressão dos jornalistas”, sendo “dos jornalistas” um adjunto adnominal.
d. A violência dos nossos instintos, de cuja ninguém escapa, ignora os ideais da civilização, quando não os perverte de modo radical.
Consideremos a oração 1 como sendo “A violência dos nossos instintos ignora os ideais da civilização” e a oração 2, “de cuja ninguém escapa”.
É importante saber que antes de “cujo” pode haver preposição, de forma que “de cuja” está correto, mas analisemos o contexto do exemplo.
Não há como “cujo” possuir o pronome indefinido “ninguém”; não há nome depois; e não faz sentido dizer “ninguém da violência dos nossos instintos” ou “ninguém dos nossos instintos”.
“De cuja”, então, está errada nessa frase e deveria ser substituída por “de que” (“ninguém escapa da violência dos nossos instintos”).
e. O presidente da Câmara, de cujas ações a base do governo desconfia, está cauteloso.
A oração 1 é “O presidente da Câmara está cauteloso”; “O presidente da Câmara” é o antecedente e “ações”, o consequente, de forma que “cujas” passa pelo filtro.
Além disso, “cujas” retoma “presidente da Câmara”, que vai possuir “as ações”, que são do presidente da Câmara.
Montando a oração, obtemos “a base do governo desconfia das ações do presidente da Câmara”. A preposição da regência (“de”) precisa estar expressa, diferente da preposição da posse; quem desconfia, desconfia de algo.
f. A música ruidosa, cujo principal efeito é impossibilitar uma conversa, é um tormento do qual está cada vez mais difícil esquivar-se.
A oração 1 é “A música ruidosa é um tormento”.
“Cujo” concorda com “principal efeito”, masculino, e há nome antes e depois. Assim, o termo retoma “música ruidosa” e esse, por sua vez, estabelece uma relação com “principal efeito”, resultando na oração “o principal efeito da música ruidosa é impossibilitar uma conversa”.
“Música ruidosa” possui o consequente e sempre vem com a preposição “de”. Como visto, “cujo” sempre tem que concordar com o consequente, o termo seguinte, não com o antecedente.
O “qual” em “um tormento do qual” retoma “tormento”, ou seja, “do tormento”. Quem se esquiva, se esquiva de algo; assim, “do tormento” é objeto indireto e “do qual” também poderia ser “de que”, estando correto.
g. A lei cujos artigos o professor se referiu foi revogada.
“A lei foi revogada” é a Oração 1.
O termo “cujos” não está acompanhado de artigo; está concordando com o consequente, “artigos”, ambos no masculino e plural; e tem nome antes e depois, passando assim nos filtros.
Além disso, “cujos” retoma “lei”, que é quem vai possuir os artigos; ou seja, “os artigos da lei”, sendo “da lei” o adjunto adnominal.
Quem se refere, se refere a algo; por isso, o correto gramaticalmente falando seria “a cujos”, mesmo que soe “feio” ou estranho.
Lembre-se de que “cujo” não admite artigo (sendo impossível dizer “cujos os artigos”, por ex.), mas pode existir preposição antes dele, como é o caso do “a”, que é de uso obrigatório.
Assim, “o professor se referiu aos artigos da lei” e essa lei foi revogada
(FCC/SEFAZ/2019) Está correto o emprego dos elementos sublinhados na seguinte frase:
a. A violência dos nossos instintos, de cuja ninguém escapa, ignora os ideais da civilização, quando não lhes perverte de modo radical.
b. Às pessoas de quem compete zelar pelos bons princípios não devem se render à
violência, aonde estes se sacrificam.
c. Aquele espelho grande e anônimo, em cujo se reproduz nossa imagem, dá bem a
medida da pessoa em que cada um aspira a ser.
d. São fortes os impulsos para a violência, mas devemos resisti-los, pois representam
graves riscos dos quais podemos incorrer.
e. O poder hegemônico a que muitos aspiram não se tornará uma obsessão para quem
o considera dentro de parâmetros críticos.
Letra: E
* Não há como possuir “ninguém”, portanto, a letra “a” não faz sentido;
* “Zelar pelos bons princípios”, da alternativa “b”, é um sujeito oracional, e o VTI “compete” tem como complemento “a quem”, não “de quem”. Além disso, “aonde” dá a ideia de lugar, ficando incorreto nesse contexto;
* Para usar “cujo” precisa haver nome antes e depois, mas na letra “c” existe um verbo depois (“se reproduz”); não há como “cujo” possuir um verbo. O correto, além disso, seria “pessoa que cada um aspira a ser”, e não “em que”;
* Quem resiste, resiste a algo, sendo o correto na alternativa “d” “resistir-lhes”, e não “resisti-los”. Quem incorre, incorre “em” algo; portanto, o correto seria “riscos nos quais podemos incorrer”, e não “dos quais”;
* Na letra “e”, o “que” retoma “o poder hegemônico”. O verbo “aspirar”, no sentido de desejar, pede a preposição “a”, pois quem aspira, aspira a algo. E o verbo “considerar” é VTD, pois quem considera, considera algo ou alguém, estando correto o uso do OD “o”.
(FCC/SABESP/2018) O elemento sublinhado está empregado corretamente em:
a. Ao atribuir determinadas características aos escritores de que admiramos, na verdade buscamos nos identificar a eles.
b. O escritor, no fim das contas, acaba moldando-se aos ideais cujos leitores arbitrariamente lhe inculcam.
c. O mais das vezes fantasiosas, as histórias de que contam dos poetas costumam desviar de suas obras a atenção necessária.
d. Termina-se por constituir um anedotário sobre os escritores, com o qual se ilustram
suas principais características.
e. O público leitor, ávido por histórias da qual distrair-se, não perdoa sequer a reputação
dos artistas.
Letra: D
- Na alternativa “a”, o pronome relativo “que” retoma “escritores”; “nós” é o sujeito do VTD “admiramos”. Quem admira, admira algo ou alguém, não havendo preposição. Assim, não é “de que admiramos”, e sim “que admiramos”, sem “de”; A alternativa “b” passa pelo filtro, pois não há artigo; “cujos” concorda com “leitores”, sendo ambos masculinos e plural; e há nome antes (“ideais”) e depois (“leitores”). “Cujos” retoma “ideais”, que possui “os leitores”, ficando “os leitores dos ideais”, o que fica incoerente. A incoerência, a falta de sentido, é um erro gramatical. O correto seria “moldando-se aos leitores cujos ideais”, ficando “os ideais dos leitores”;
- O pronome relativo “que” da letra “c” retoma “as histórias”. Quem conta, conta algo, logo, é VTD e o correto seria “as histórias que contam”;
- “Ávido” significa desejoso. Quem se distrai, se distrai com algo; logo, o correto seria “histórias com que distrair-se” ou “com as quais”;
- Na letra “d”, o “que” retoma “anedotário”, as principais características são ilustradas com o anedotário.
C ou E: (CESPE/MPECE/Analista/2020) A substituição da expressão “metade delas” (L. 15) por
cuja metade manteria a correção gramatical e a coesão do texto
ERRADO!
- A frase dada passa pelo filtro, pois não tem artigo em “cuja”, ele concorda com o consequente “metade” (feminino singular) e há nome antes e depois;
- O “cuja” só pode retomar “alimentos a cada ano”, termo esse que possui metade; ou seja, “a metade dos alimentos”;
- “A metade dos alimentos são crianças” está incoerente, não faz sentido. Também não tem sentido dizer “a metade de cada ano são crianças”, caso se considerasse o “cuja” retomando o menor termo antecedente da mesma forma que o “que”. Isso se deve à falta de coesão textual;
- O “cujo” retoma termo imediatamente anterior, a não ser em caso de termos intercalados por travessões ou vírgulas