LEUCEMIAS AGUDAS Flashcards

1
Q

Mulher, 62 anos, portadora de leucemia mieloide aguda com NPM1 mutado, sem mutação do FLT3, estratificada como risco favorável conforme ELN2017. Atualmente em remissão completa após tratamento quimioterápico. Painel de NGS realizado ao diagnóstico identificou a presença de mutações nos seguintes genes (VAF ≥2%): DNMT3A (VAF=10%) e TET2 (VAF=8%).

Nesse caso, qual alteração genética deve ser utilizada para SEGUIMENTO de doença residual mensurável molecular?

A

NPM1

Na tentativa de identificar pacientes com LMA com maior risco de recaída, são utilizados métodos de biologia molecular, como o sequenciamento de nova geração (NGS), que permitem a detecção de doença residual mensurável (DRM) com ALTA SENSIBILIDADE.

Entretanto, nem todas as alterações genéticas tem CORRELAÇÃO com o desfecho clínico.

A carga mutacional é quantificada pela frequência das variantes alélicas (VAF), correspondente ao tamanho do clone na medula. Geralmente considera-se como RELEVANTE valores de VAF maior ou igual a 1%, 2% ou 5% conforme a referência.

Sabe-se que mutações dos genes DNMT3A, TET2 e ASXL1 NÃO estão relacionadas à recaída em LMA, uma vez que sua presença é frequente mesmo na população NORMAL* e estão relacionadas ao conceito de *hematopoese clonal associada à idade (também conhecida como hematopoese clonal de potencial indeterminado).

Por definição, a hematopoese clonal de potencial indeterminado (CHIP) é uma condição caracterizada pela presença de mutações genéticas recorrentes com VAF ≥2% em indivíduos saudáveis.

O NPM1 mutado, quando presente, funciona como um BOM MARCADOR para seguimento de DRM molecular em pacientes com LMA.

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2
Q

Mulher, 28 anos, sem comorbidades, encaminhada para avaliação devido astenia e dor abdominal.

Hb 4,8 g/dl, GB 180 mil/mm³, Blastos 18%, Promielócitos 5%, Mielócitos 6%, Metamielócitos 6%, Bastonetes 8%, Neutrófilos 12%, Basófilos 30%, Eosinófilos 10%, Monócitos 5% e Plq 30 mil/mm³.

Tomografia de abdome mostrada abaixo.

Mielograma: presença de 40% de blastos. Coloração especial para mieloperoxidase: positiva. Pesquisa de BCR-ABL1 por RT-PCR: positiva.

Foi submetida a quimioterapia com esquema “3+7” associado a Dasatinib. Mielograma após indução: 3% de blastos. Qual a conduta recomendada neste momento?

A) Desescalonar para Imatinib

B) Manter Dasatinib e indicar consolidação com HiDAC

C) Manter Dasatinib e indicar TMO alogênico

D) Manter Dasatinib, sem necessidade de tratamento adicional

A

C) MANTER DASATINIB E INDICAR TMO ALOGENICO

Está indicado TMO alogênico para pacientes portadores de LMC que preencham os seguintes critérios:

  • Primeira fase crônica resistente ou intolerante a múltiplos TKIs;
  • Primeira fase crônica com recuperação inadequada da hematopoese normal após controle da doença com TKI;
  • Fase acelerada com resposta inferior a ÓTIMA ao tratamento com TKI;
  • Apresentação em Crise blástica ou progressão para crise blástica durante o tratamento.

No caso da crise blástica, presente no diagnóstico ou na progressão de doença, recomenda-se controle da doença com TKI (associado ou não a quimioterapia), seguido de TMO alogênico quando houver resposta (segunda fase crônica).

Pacientes em crise blástica possuem alterações genéticas ADICIONAIS além do cromossomo Philadelphia e tem pior prognóstico a longo prazo, independente do TKI utilizado.

Deve-se, porém, fazer o possível para controlar a doença ANTES do transplante, visto que os resultados são ruins em vigência de franca crise blástica.

Key Points:

  1. Pacientes com LMC em crise blástica devem ser submetidos a TMO alogênico logo após controle da doença.
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3
Q

Mulher, 52 anos, internada para indução de remissão de leucemia promielocítica aguda, baixo risco. Atualmente em uso de ATRA, Trióxido de Arsênico, Piperacilina-Tazobactam e Posaconazol. Evoluiu com quadro de HIPERPIGMENTAÇÃO CUTÂNEA. Neste caso, qual a droga mais provável relacionada a esse efeito adverso?

A) Posaconazol

B) ATRA

C) Piperacilina-Tazobactam

D) Trióxido de Arsênico

A

ATO

O uso do Trióxido de Arsênico tem se tornado cada vez mais frequente no tratamento da leucemia promielocítica aguda não-alto risco, ou seja, com menos de 10.000 glóbulos brancos/mm³ ao diagnóstico.

Um efeito colateral TÍPICO do arsênico é a toxicidade cutânea, manifestada como eritema (mais frequente) ou HIPERPIGMENTAÇÃO.

Essa toxicidade é semelhante à descrita em casos de intoxicação crônica por arsênico, geralmente por ingestão crônica de água contaminada.

A hiperpigmentação cutânea pode apresentar diversos padrões, sendo comum o acometimento de regiões flexoras, palmas e plantas.

Key Points:

  1. A hiperpigmentação cutânea é uma toxicidade característica do Trióxido de Arsênico.

Referências:

  1. Zhu HH, et al. The simpler, the better: oral arsenic for acute promyelocytic leukemia. Blood. 2019.

Referências da imagem:

  1. Teran VA, et al. Flexural Eruption Associated With Arsenic Trioxide Therapy in a Patient With Acute Promyelocytic Leukemia. JAMA Dermatology. 2019.
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4
Q

Qual subtipo de leucemia linfoblástica B está associado à EOSINOFILIA?

A) t(9;22)/BCR-ABL1

B) t(12;21)/ETV6-RUNX1

C) Hipodiploidia

D) t(5;14)/IL3-IGH

A

D) t(5;14)/IL3-IGH

A leucemia linfoblástica B com t(5;14)(q31.1;q32.1) apresenta uma translocação entre o gene da IL3 e o gene da IGH.

A IL3 tem efeito proliferativo sobre todas as linhagens da medula óssea, sendo denominada multi-CSF.

Entretanto, os eosinófilos são especialmente sensíveis ao efeito da IL3 e o aumento desta citocina provoca frequentemente EOSINOFILIA.

Nesses casos, a apresentação clínica pode ser atípica, com eosinofilia assintomática e pequena quantidade de blastos em circulação.

O risco deve ser considerado standard e não há necessidade de consolidação do tratamento com TMO alogênico se não houverem fatores de risco adicionais.

Key Points:

  1. A LLA B com t(5;14)/IL3-IGH está associada a eosinofilia.

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.
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5
Q

Qual o imunofenótipo típico da leucemia linfoblástica de células B com t(1;19)/TCF3-PBX1?

A) B maduro

B) Pré-B

C) Pró-B

D) B comum

A

PRÉ-B

A t(1;19)(q23;p13.3) produz o gene de fusão TCF3-PBX1 e define uma entidade específica de leucemia linfoblástica de células B com alteração genética recorrente.

Ocorre em cerca de 6% dos casos de LLA B na infância, mas é rara na idade adulta.

O gene TCF3 está localizado no cromossomo 19 e também é conhecido como E2A.

A LLA com t(1;19)/TCF3-PBX1 tipicamente se apresenta com o imunofenótipo PRÉ-B, definido pela presença de cIgM (imunoglobulina intracitoplasmática) na ausência de imunoglobulina de superfície.

O marcador CD10 é frequentemente expresso.

Antigamente, a t(1;19) era associada a mau prognóstico. Entretanto, com os esquemas de quimioterapia intensiva modernos, o risco é considerado STANDARD.

Na recaída, existe risco aumentado de infiltração de sistema nervoso central.

Key Points:

  1. A LLA B com t(1;19)/TCF3-PBX1 tipicamente apresenta imunofenótipo pré-B.
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6
Q

Em relação à dose diária de Daunorrubicina na Indução de Remissão “3+7” para tratamento de leucemia mieloide aguda, qual a afirmativa CORRETA?

A) Pacientes com mutação do NPM1 tem maior benefício com baixas doses (45 mg/m²)

B) Esquemas com altas doses (90 mg/m²) estão associados à maior sobrevida

C) Recomendam-se doses intermediárias (≥60 mg/m²) para todos os grupos de risco

D) Pacientes de alto risco tem maior benefício quando tratados com altas doses (90 mg/m²)

A

C) RECOMENDAM-SE DOSES INTERMEDIÁRIAS (>60mg/m2) PARA TODOS OS GRUPOS DE RISCO

A base da terapia de alta intensidade para indução de remissão na leucemia mieloide aguda é a combinação de Citarabina em infusão contínua na dose de 200 mg/m² por dia durante 7 dias associada a Daunorrubicina em infusão rápida (15 a 60 minutos) nos primeiros 3 dias.

Já foram comparados diferentes esquemas posológicos, com as seguintes conclusões:

  • O uso de 45 mg/m² por dia é superior a doses menores, sobretudo em pacientes jovens.
  • A comparação entre 45 mg/m² versus 90 mg/m² mostrou incidência semelhante de efeitos adversos, porém maior taxa de remissão completa no grupo que utilizou altas doses. Entretanto, só houve melhora de sobrevida no grupo com risco favorável ou intermediário.
  • Estudos subsequentes confirmaram o benefício da dose de 90 mg/m², com destaque para pacientes com mutações nos genes DNMT3A, NPM1 e MLL.
  • Por fim, o estudo AML17 realizado no Reino Unido comparou doses intermediárias de 60 mg/m² versus 90 mg/m² e identificou que não havia diferença na taxa de remissão completa, porém com maior mortalidade em 60 dias no grupo que utilizou altas doses.

Portanto, a recomendação atual de dose para Daunorrubicina é de ≥60 mg/m² por dia independente da estratificação de risco.

Key Points:

  1. A dose recomendada de Daunorrubicina no esquema “3+7” é ≥60 mg/m² por dia.

Referências:

  1. William BA, et al. Antibody Therapies for Acute Myeloid Leukemia: Unconjugated, Toxin-Conjugated, Radio-Conjugated and Multivalent Formats. Journal of Review Clinical Medicine. 2019.
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7
Q

Mulher, 60 anos, portadora de artrite reumatoide, evoluiu com neutropenia grave e esplenomegalia há 8 meses. Hb 11 g/dl, Neu 200/mm³, Ly 8.000/mm³ e Plq 180 mil/mm³. Esfregaço de sangue periférico mostrado abaixo. Foi realizada biópsia de medula óssea em serviço externo. Neste caso, qual alteração medular NÃO seria esperada?

A) Presença de fibrose reticulínica

B) Hipercelularidade as custas de células normais

C) Desvio a E na série granulocítica

D) Infiltração difusa por células neoplásicas

A

D) INFILTRAÇÃO DIFUSA DE CÉLULAS NEOPLÁSICAS

O diagnóstico de leucemia de células T LGL deve ser feito prioritariamente por análise de esfregaço de sangue periférico, onde o número absoluto de linfócitos LGL deve ser maior ou igual a 2.000/mm³ por período maior que 6 meses.

Em seguida, deve-se prosseguir com a caracterização dessa população linfocitária por meio de imunofenotipagem por citometria de fluxo.

Eventualmente, será realizada avaliação da medula óssea como parte do diagnóstico diferencial de outras etiologias para neutropenia grave (citopenia típica da doença).

Na medula óssea, é frequente a presença de desvio à esquerda na série granulocítica, compatível com estado hiperregeneratico devido destruição periférica. Por esse motivo, a medula encontra-se hipercelular em torno de 50% dos casos.

A infiltração medular por células linfoides é bastante variável e geralmente apresenta baixa carga tumoral, constituindo menos de 50% dos elementos celulares. Sua distribuição é intersticial e intra-sinusoidal, o que pode passar despercebido na análise morfológica de rotina.

É comum a presença de fibrose reticulínica de grau leve a moderada.

Key Points:

  1. Na leucemia de células T LGL, a infiltração medular é discreta e apresenta padrão de distribuição intersticial e intra-sinusoidal;
  2. A medula óssea pode ser hipercelular e apresentar desvio à esquerda na série granulocítica, compatível com mecanismo de neutropenia secundária a destruição periférica.

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.
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8
Q

Homem, 55 anos, encaminhado para avaliação devido pancitopenia. Mielograma identificou parada de maturação, com presença de 40% de blastos, associada a diseritropoese em 80% das células da linhagem eritroide e dismegacariopoese em 100% das células da linhagem megacariocítica. Coloração especial para mieloperoxidase: positiva. Aguarda resultado de citogenética e biologia molecular. Neste caso, qual alteração genética NÃO DESCARTARIA a hipótese de leucemia mieloide aguda relacionada a alterações mielodisplásicas?

A) Mutação bialélica do CEBPA

B) t(6;9)/DEK-NUP214

C) Cariótipo complexo

D) Mutação do NPM1

A

C) CARIÓTIPO COMPLEXO

Define-se leucemia mieloide aguda relacionada a alterações mielodisplásicas quando houver contagem de blastos maior ou igual a 20% associada a:

  • História prévia de síndrome mielodisplásica ou síndrome mielodisplásica/neoplasia mieloproliferativa; ou
  • Alteração citogenética definidora de síndrome mielodisplásica, incluindo cariótipo complexo; ou
  • Displasia de múltiplas linhagens, definida como presença de displasia em 50% ou mais das células pertencentes a 2 ou mais linhages, sem incluir as células blásticas.

É preciso excluir LMA relacionada à terapia e LMA com alterações genéticas recorrentes.

Casos que apresentam displasia de múltiplas linhagens, mas estão associados a mutação do NPM1 ou mutação bialélica do CEBPA geralmente apresentam cariótipo normal, não possuem história prévia de síndrome mielodisplásica e apresentam bom prognóstico apesar da displasia.

Por esse motivo, a presença de displasia de múltiplas linhas isoladamente é INSUFICIENTE para o diagnóstico de LMA relacionada a alterações mielodisplásicas se houver mutação do NPM1 ou mutação bialélica do CEBPA.

Além disso, casos de LMA com t(6;9)/DEK-NUP214 e t(3;3) ou inv(3)/GATA2-MECOM são consideradas entidades específicas de LMA com alterações genéticas recorrentes e, apesar de frequentemente se manifestarem com displasia, também não pertencem a essa categoria.

Key Points:

  1. O diagnóstico da entidade LMA relacionada a alterações mielodisplásicas baseado no critério morfológico (presença de displasia em ≥50% das células de 2 ou mais linhagens, excluindo os blastos) só pode ser definido na ausência de mutação do NPM1, mutação bialélica do CEBPA, t(6;9) e inv(3) ou t(3;3).

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.
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9
Q

Homem, 23 anos, portador de leucemia linfoblástica de células B, risco standard, em tratamento conforme o protocolo CALGB 10403 para adolescentes e adultos jovens. No ciclo atual, deve receber Metotrexato em altas doses e PEG-Asparaginase. Neste caso, qual a melhor ORDEM para administração dessas drogas?

A) Deve-se evitar administrar Metotrexato e PEG-Asparaginase no mesmo ciclo

B) Preferencialmente, o Metotrexato deve preceder a PEG-Asparaginase

C) Preferencialmente, a PEG-Asparaginase deve preceder o Metotrexato

D) Não existe ordem preferencial para administração dessas drogas

A

B) PREFERENCIALMENTE O MTX DEVE PRECEDER A PEG

O Metotrexato é um antagonista de folato que foi introduzido pela primeira vez em 1948 especificamente para o tratamento da leucemia linfoblástica de células B e ainda faz parte da maioria dos esquemas baseados em quimioterapia convencional.

Uma vantagem dos protocolos com altas doses de Metotrexato (≥500 mg/m², sendo geralmente ≥1000 mg/m²) é a capacidade de penetração no sistema nervoso central, contribuindo para a profilaxia de acometimento leptomeníngeo.

Para entrar nas células, o Metotrexato depende da ação do transportador natural de folato, que realiza TRANSPORTE ATIVO e pode ser saturado.

Mesmo assim, DOSES ELEVADAS de Metotrexato podem penetrar na célula por meio de DIFUSÃO PASSIVA, ainda que o transporte ativo seja predominante.

Após entrar na célula, o Metotrexato sofre um processo de POLIGLUTAMIZAÇÃO (assim como os folatos normais), garantindo sua permanência no citoplasma.

Esse processo exige pelo menos 6 horas de nível sérico elevado para ocorrer adequadamente, motivo pelo qual a infusão de Metotrexato em altas doses deve ter duração entre 4 e 24 horas, variando conforme o protocolo específico.

O uso sequencial de Metotrexato seguido de Asparaginase (nativa ou peguilada) possui efeito SINÉRGICO por mecanismos desconhecidos.

Já o inverso NÃO é recomendado, havendo evidências in vitro de que a administração da Asparaginase atenua o efeito terapêutico do Metotrexato.

Acredita-se que isso ocorra devido à REDUÇÃO da SÍNTESE PROTEICA promovida pela Asparaginase, o que prejudica o transporte ativo do Metotrexato para o interior da célula e reduz o processo de poliglutamização.

Raros protocolos, entretanto, como o Dana-Farber ALL Protocol, administram PEG-asparaginase antes do Metotrexato, sem evidência de prejuízo terapêutico.

Key Points:

  1. O Metotrexato depende de transporte ativo para entrar na célula e deve ser submetido a poliglutamização para permanecer no citoplasma;
  2. O uso de PEG-Asparaginase interfere na síntese proteica e pode prejudicar o efeito do Metotrexato, motivo pelo qual a maioria dos esquemas recomenda sua administração após o Metotrexato.

Referências:

  1. Buaboonnam J, et al. Sequential Administration of Methotrexate and Asparaginase in Relapsed or Refractory Pediatric Acute Myeloid Leukemia. Pediatr Blood Cancer. 2013.
  2. LaCasce AS, et al. Therapeutic use and toxicity of high-dose methotrexate. Uptodate. 2020.
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10
Q

Qual subtipo de leucemia mieloide aguda tem MAIOR benefício com adição de Gemtuzumab ozogamicina no tratamento de primeira linha?

A) Core-binding factor leukemia

B) LMA relacionada à terapia

C) LMA com rearranjado do KMT2A (11q23)

D) LMA com mutação do RUNX1

A

A) CORE-BINDING FACTOR LEUKEMIA

O Gemtuzumab ozogamicina é um anticorpo monoclonal com especificidade anti-CD33 conjugado com a toxicina caliqueamicina e aprovado para uso clínico na leucemia mieloide aguda e na leucemia promielocítica aguda.

Na leucemia mieloide aguda, apresenta maior benefício quando utilizado no subgrupo de pacientes de risco FAVORÁVEL conhecido por “core-binding factor leukemia”, que possuem a t(8;21)/RUNX1-RUNX1T1 ou t(16;16)/CBFB-MYH11.

O termo “core-binding factor leukemia” está relacionado ao complexo heterodimérico de fatores de transcrição constituído pelo RUNX1 e pelo CBFB nativos, que regula a maturação das células mieloides.

Por participarem do mesmo processo, ambas as translocações envolvendo o RUNX1 ou o CBFB apresentam comportamento clínico e prognóstico semelhantes.

Não se deve confundir a TRANSLOCAÇÃO envolvendo o RUNX1 com a mutação do RUNX1, que é um marcador de risco ADVERSO.

Key Points:

  1. Pacientes portadores de “core-binding factor leukemia” beneficiam-se da associação de Gemtuzumab ozogamicina (anti-CD33) ao esquema quimioterápico tradicional (“3+7”) na terapia de primeira linha.

Referências:

  1. Sinha C, et al. Core binding factor AML: New prognostic categories and therapeutic opportunities. Semin Hematol. 2015.
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11
Q

Menino, 13 anos, diagnosticado com leucemia linfoblástica de células B. Hb 8,4 g/dl, GB 5.000/mm³, Neu 400/mm³ e Plq 32 mil/mm³. Mielograma identificou a presença de 98% de blastos. Foi realizado FISH para pesquisa da t(12;21)/ETV6-RUNX1 (mostrado abaixo). Neste caso, qual a melhor classificação e estratificação de risco da doença?

A) LLA B com hiperdiploidia, risco standard

B) LLA com mutação germinativa do RUNX1, alto risco

C) LLA B com t(12;21)/ETV6-RUNX1, risco standard

D) LLA B com iAMP21, alto risco

A

D) LLAB COM iAMP21, ALTO RISCO

A leucemia linfoblástica de células B com iAMP21 (intrachromosomal Amplification of Chromosome 21) é uma leucemia linfoide caracterizada pela amplificação de uma porção do cromossomo 21 e geralmente é detectada inadvertidamente por meio do FISH realizado na intenção de pesquisar a t(12;21)/ETV6-RUNX1, que é muito mais frequente.

Nesse caso, a sonda para RUNX1 revela incidentalmente a presença de 5 ou mais cópias do gene na mesma CÉLULA ou 3 ou mais cópias do gene no mesmo CROMOSSOMO.

É importante observar que, apesar do RUNX1 estar envolvido na região crítica amplificada, ele NÃO contribui para a patogênese da doença.

Essa leucemia representa cerca de 2% dos casos de LLA B, é mais comum em criancas mais velhas e se manifesta com baixa contagem de glóbulos brancos ao diagnóstico.

Indivíduos com um tipo raro de translocação cromossômica constitucional (Robertsoniana), identificada como rob(15;21)(q10;q10), tem risco AUMENTADO de desenvolver esse tipo de leucemia.

Não há nenhuma especificidade morfológica ou imunofenotípica.

O prognóstico se assemelha a outras formas de LLA B de ALTO risco e o maior problema ocorre quando essa alteração molecular NÃO é identificada e o paciente é tratado inadequadamente como risco standard.

Key Points:

  1. A leucemia linfoblástica de células B com iAMP21 é uma variante rara típica de crianças mais velhas;
  2. A melhor forma de identificá-la na avaliação de rotina é através da pesquisa da t(12;21)/ETV6-RUNX1 por FISH, que é capaz de demonstrar amplificação do RUNX1 no cromossomo 21.

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.
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12
Q

Homem, 72 anos, diagnosticado com leucemia mieloide aguda relacionada a alterações mielodisplásicas. Citogenética: cariótipo complexo. Foi submetido a citorredução com Hidroxiureia, seguida de tratamento com Venetoclax + Azacitidina. Ao final do primeiro ciclo, foi disponibilizado o resultado do painel de NGS para neoplasias mieloides: mutação R132 do gene IDH1 (VAF 32%). Neste momento, qual a conduta recomendada?

A) Modificar terapia para Enasidenib

B) Modificar terapia para Ivosidenib

C) Manter terapia com Venetoclax + Azacitidina

D) Modificar terapia para ARA-C em baixas doses

A

C) MANTER VENETO + AZACITIDINA

A mutação do IDH1 R132 pode ser identificada em até 7% dos pacientes com leucemia mieloide aguda.

O IDH1 codifica a enzima citoplasmática isocitrato desidrogenase, que faz parte do ciclo de Krebs e cuja mutação provoca bloqueio de maturação por acúmulo do ONCOMETABÓLITO alfa-cetoglutarato.

Em geral, a mutação do IDH1 está associada a alterações citogenéticas de risco intermediário, mas cerca de 20% dos casos apresentar cariótipo complexo.

Nesses casos, ainda que exista a possibilidade de tratamento com o inibidor específico de IDH1 (Ivosidenib), os resultados no subgrupo de pacientes com cariótipo complexo ainda são pouco conhecidos, foram menos representados nos estudos clínicos.

Em relação ao Venetoclax, sabemos que pacientes de altíssimo risco, incluindo deleção do TP53 ou cariótipo complexo, apresentam boas respostas.

Além disso, um dos subgrupos com melhor taxa de resposta com uso de Venetoclax em combinação com agente hipometilante é o subgrupo de pacientes com mutação do IDH1 ou IDH2.

No caso apresentado, portanto, o tratamento em curso com Venetoclax + Azacitidina pode ser mantido e, inclusive, tem maior suporte na literatura devido à identificação de cariótipo complexo.

O uso de inibidor de IDH1 (Ivosidenib) também é possível, mas não obrigatório, ficando a decisão a critério clínico.

Key Points:

  1. Em geral, pacientes com mutação do IDH1 apresentam alterações citogenéticas relacionadas a risco intermediário;
  2. O Ivosidenib é um inibidor de IDH1 e está disponível para uso clínico;
  3. O uso de Venetoclax em combinação com agente hipometilante também é uma ótima opção para pacientes com mutação do IDH1.

Referências:

  1. Kattih, B., Shirvani, A., Klement, P. et al. IDH1/2 mutations in acute myeloid leukemia patients and risk of coronary artery disease and cardiac dysfunction—a retrospective propensity score analysis. Leukemia 35, 1301–1316 (2021). https://doi.org/10.1038/s41375-020-01043-x
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13
Q

Mulher, 48 anos, sem comorbidades, diagnosticada com leucemia mieloide aguda. Estratificação de risco por biologia molecular identificou mutação do NPM1 e mutação do FLT3-ITD (razão alélica 0,4). Cariótipo de medula óssea: 46, XX [20]. Neste caso, qual o tratamento recomendado para indução de remissão?

A) Daunorrubincina + Citarabina (“3+7”)

B) Venetoclax + Azacitidina

C) Daunorrubincina + Citarabina (“3+7”) + Gilteritinib

D) Daunorrubincina + Citarabina (“3+7”) + Midostaurin

A

D) D3A7 + MIDOSTAURIN

Conforme a estratificação de risco recomendada pela European Leukemia Net 2017, a presença de mutação do NPM1 sem FLT3-ITD ou com FLT3-ITD com baixa carga alélica (ou razão alélica) define o paciente como risco FAVORÁVEL, o que dispensa a consolidação com transplante de medula óssea alogênico em primeira remissão.

O Midostaurin (Rydapt®) e o Gilteritinib (Xospata®) são inibidores de FLT3 utilizados no tratamento de leucemia mieloide aguda com mutação do FLT3 (tanto FLT3-ITD quanto FLT3-TKD) em primeira e segunda linha, respectivamente.

No caso de pacientes portadores de LMA com FLT3-ITD (independente da carga alélica) elegíveis a terapia de alta intensidade, recomenda-se indução de remissão com o tradicional esquema “3+7” (Daunorrubicina + Citarabina) com adição de Midostaurin a partir do oitavo dia. Essa combinação demonstrou melhor sobrevida livre de eventos e aumento da sobrevida global em relação ao tratamento padrão.

O Midostarin é disponível na apresentação de cápsula de 25 mg e deve ser administrado por via oral na dose de 50 mg duas vezes ao dia entre o 8º e 21º dia de cada ciclo.

Key Points:

  1. O uso de Midostaurin está indicado no tratamento de primeira linha dos pacientes com LMA elegíveis a terapia de alta intensidade que apresentem mutação do FLT3-ITD (independente da carga alélica) ou FLT3-TKD;
  2. O Gilteritinib está aprovado para o tratamento de segunda linha.

Referências:

  1. Stone, RM, et al. Midostaurin plus Chemotherapy for Acute Myeloid Leukemia with a FLT3 Mutation. N Engl J Med. 2017.
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14
Q

Qual a alternativa CORRETA em relação à disfunção do TP53 na leucemia mieloide aguda?

A) Surge exclusivamente em fases avançadas da doenças

B) O mecanismo mais comum é deleção do TP53

C) O gene TP53 é haploinsuficiente

D) Está associada a cariótipo normal

A

C) O GENE TP53 É HAPLOINSUFICIENTE

O TP53 é um gene supressor de tumor essencial para a resposta de APOPTOSE após dano do DNA induzido por quimioterapia citotóxica.

A perda de função do TP53 pode ser identificada em cerca de 5 a 10% das leucemias mieloides agudas e síndromes mielodisplásicas de novo, ou seja, não relacionadas à quimioterapia ou radioterapia prévia.

Já no grupo de pacientes com LMA ou SMD relacionada à terapia, essa frequência sobe para 30 a 40%, o que explica em parte a baixa eficácia da quimioterapia convencional no tratamento desses casos.

Nessas neoplasias, o principal mecanismo de disfunção do TP53 é a ocorrência de MUTAÇÃO do tipo MISSENSE (perda de sentido) no domínio de ligação da molécula P53 ao DNA.
Essas mutações tem efeito DOMINANTE NEGATIVO, ou seja, além de prejudicar a função da proteína, impedem o funcionamento do gene normal localizado no outro cromossomo. Portanto, a haploinsuficiência já é suficiente para determinar mau prognóstico.

Clinicamente, as neoplasias mieloides com disfunção do TP53 apresentam comportamento clínico mais agressivo, com citopenias mais graves, maior contagem de blastos na medula óssea e maior prevalência de cariótipo complexo, incluindo maior frequência de cariótipo monossomal.

Previamente, acreditava-se que a exposição à quimioterapia induzia o surgimento de mutação do TP53. Estudos mais recentes, entretanto, identificaram que a disfunção do TP53 é um evento muito PRECOCE nas neoplasias mieloides e pode ser identificado em pequenos clones ao diagnóstico, desde que se utilizem métodos sensíveis o suficiente. Nesse cenário, compreende-se que o tratamento só teria papel em selecionar esse clone.

Key Points:

  1. O TP53 é um gene haploinsuficiente, ou seja, está relacionado a mau prognóstico mesmo quando sua disfunção ocorre em heterozigose.

Referências:

  1. Educational Updates in Hematology Book. 25th Congress of the European Hematology Association. 2020.
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Q

Mulher, 58 anos, previamente hígida, diagnosticada com leucemia mieloide aguda. Hb 7,1 g/dl, GB 45.000/mm³, Neu 100/mm³ e Plq 12 mil/mm³. Mielograma identificou a presença de 40% de blastos. Coloração especial para mieloperoxidase: positiva. Cariótipo: 46, XX, del(5q) [20/20] (mostrado abaixo). Painel de sequenciamento genético por NGS: ausência de alterações genéticas adicionais. Neste caso, qual a classificação e estratificação de risco mais adequada?

A) LMA relacionada a alterações mielodisplásicas, risco favorável

B) LMA relacionada a alterações mielodisplásicas, risco desfavorável

C) LMA sem outra especificação, risco intermediário

D) LMA associada a del(5q) isolada, risco favorável

A

B) LMA RELACIONADA A SMD, RISCO DESFAVORÁVEL

Conforme a 4ª edição da classificação da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2016) para neoplasias hematológicas, o diagnóstico de leucemia mieloide aguda relacionada a alterações mielodisplásicas requer a presença de três critérios:

  1. Presença de 20% ou mais de blastos na medula óssea;
  2. Qualquer uma das seguintes situações:
    - Histórico de síndrome mielodisplásica ou neoplasia mieloproliferativa/síndrome mielodisplásica;
    - Anormalidade citogenética relacionada à síndrome mielodisplásica, como del(5q), del(7), isocromossomo 17q, del(13q), del(11q) e del(12p).
    - Displasia de multilinhagem.
  3. Ausência das seguintes situações:
    - História prévia de quimioterapia ou radioterapia;
    - Alteração genética recorrente classificada como entidade própria.

Conforme a estratificação de risco da European Leukemia Net (ELN, 2017), a presença de del(5q) ou monossomia do cromossomo 5 caracteriza risco adverso e indica consolidação do tratamento com transplante de medula óssea alogênico em primeira remissão para todos os pacientes elegíveis a terapia de alta intensidade.

É importante observar que, diferente da síndrome mielodisplásica com del(5q) isolada, cujo prognóstico é bastante favorável, a leucemia mieloide aguda relacionada a alterações mielodisplásicas com del(5q) tem prognóstico reservado.

Key Points:

  1. A leucemia mieloide aguda relacionada a alterações mielodisplásicas com del(5q) tem prognóstico ruim;
  2. Pacientes com risco desfavorável são candidatos a transplante de medula óssea alogênico em primeira remissão, mesmo com doadores alternativos.

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.
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16
Q

Mulher, 21 anos, admitida devido febre e dispneia há 2 dias. Hb 6,4 g/dl, GB 180.000/mm³ e Plq 40 mil/mm³. Mielograma identificou a presença de 80% de blastos (morfologia mostrada abaixo). Coloração especial para mieloperoxidase: positiva. Imunofenotipagem de medula óssea por citometria de fluxo: CD45dim, cMPO positiva, CD13 positivo, CD33 positivo, CD11b positivo, CD34 negativo, HLA-DR negativo e CD117 negativo. Neste caso, qual a alteração genética mais provável?

A) Mutação do NPM1 e/ou FLT3-ITD

B) Mutação bialélica do CEBPa

C) RUNX1-RUN1T1

D) PML-RARa

A

A) MUTAÇÃO DO NPM1 E/OU FLT3

Alguns casos de leucemia mieloide aguda podem apresentar blastos com invaginações nucleares proeminentes conhecidos como “cup-like cells” (ou “fish mouth cells”).

As áreas nucleares invaginadas são ocupadas pelo citoplasma e adquirem coloração mais clara que o restante do núcleo. Na microscopia eletrônica, observa-se agrupamento de mitocôndrias nessas regiões.

Por definição, a área da invaginação deve ocupar pelo menos 25% do núcleo para caracterizar uma célula cup-like verdadeira.

Quando 10% ou mais dos blastos apresentam essa morfologia, denomina-se “cup-like cell leukemia”, que é uma nomenclatura exclusivamente descritiva.

Na imunofenotipagem, esses blastos frequentemente são CD34 negativos e HLA-DR negativos, motivo pelo qual a “cup-like cell leukemia” pode ser confundida com a leucemia promielocítica aguda.

Clinicamente, a “cup-like cell leukemia” apresenta leucocitose importante e infiltração proeminente da medula óssea, com morfologia compatível com LMA com maturação mínima ou LMA monocítica.

Na maioria dos casos, a citogenética é normal.

Em cerca de 60% dos pacientes é possível identificar mutação do NPM1 e/ou FLT3-IT.

Key Points:

  1. A “cup-like cell leukemia” está associada à mutação do NPM1 e/ou FLT3-IT;
  2. É comum o imunofenótipo CD34 negativo e HLA-DR negativo.

Referências:

  1. Jost E, et al. AJH Educational Material. Cup-like blasts in acute myeloid leukemia. Am. J. Hematol. 2015.
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17
Q

Mulher, 68 anos, portadora de síndrome mielodisplásica com displasia de múltiplas linhagens, IPSS-R risco intermediário, sem necessidade de tratamento prévio. Evoluiu com piora das citopenias e necessidade transfusional há 2 semanas. Hb 5,6 g/dl, Neu 900/mm³ e Plq 60 mil/mm³. Foi realizado novo mielograma (mostrado abaixo). Imunofenotipagem de medula óssea por citometria de fluxo identificou a seguinte população anômala: CD45 negativo, cMPO negativa, CD13 negativo, CD33 negativo, CD117 positivo, CD34 negativo, HLA-DR negativo, CD11c negativo, CD14 negativo, CD64 negativo, CD19 negativo e cCD3 negativo. Neste caso, quais marcadores devem ser pesquisados em sequência?

A) CD4, CD56, CD123

B) CD235a, CD235b, Hemoglobina A

C) CD38, CD138, CD56, Kappa e Lambda

D) Esterase não específica

A

B) CD235a, CD235b, Hemoglobina A

A leucemia eritroide pura é definida por infiltração da medula óssea por mais de 80% de células eritroides, sendo 30% ou mais representados por PROERITROBLASTOS.

É uma entidade rara, geralmente evoluída de síndrome mielodisplásica ou relacionada à terapia (neste caso, deve ser classificada como neoplasia mieloide relacionada à terapia).

Clinicamente, anemia é a citopenia mais proeminente.

A presença de sideroblastos em anel e dismegacariopoese são comuns, mas disgranulopoese é pouco frequente.

Habitualmente, os eritroblastos expressam glicoforina A e B (CD235a e CD235b), assim como hemoglobina A, CD71 e CD36.

É importante notar que as glicoforinas e a hemoglobina A podem ser negativas no caso de eritroblastos muito imaturos, situação em que a marcação para E-caderina é bastante útil.

Os blastos são positivos para CD117 e NEGATIVOS para CD34 e HLA-DR.

A presença de cariótipo complexo, com perda do cromossomo 5 e/ou 7, é frequente e a sobreviva mediana é de 3 meses.

Key Points:

  1. Define-se leucemia eritroide pura quando há mais de 80% de células eritroides na medula óssea com 30% ou mais do total de células constituído por proeritroblastos;
  2. O imunofenótipo clássico expressa glicoforina A e B (CD235a e CD235b), hemoglobina A e CD117. Estão ausentes o CD34 e o HLA-DR.
  3. Cariótipo complexo é comum.

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.
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Q

Menina, 2 anos, portadora de síndrome de Down. Encaminhada para avaliação devido pancitopenia. Tem histórico de mielopoese anormal transitória no período neonatal, resolvida espontaneamente. Esfregaço de sangue periférico mostrado abaixo. Coloração especial para mieloperoxidase: negativa. Sobre a principal hipótese diagnóstica, qual a alternativa INCORRETA?

A) Os marcadores mieloides CD117, CD13 e CD33 devem ser negativos

B) É comum aspirado de medula óssea seco

C) Está associada à mutação do fator de transcrição GATA1

D) Marcadores como CD36, CD41, CD42, CD61 e/ou CD71 devem ser positivos

A

A) OS MARCADORES MIELOIDES CD117, CD13 E CD33 DEVEM SER NEGATIVOS

A leucemia megacarioblástica aguda é definida pela presença de 20% ou mais de blastos, sendo que 50% ou mais pertencem à linhagem megacariocítica.

Esse fenótipo corresponde à maioria dos casos classificados dentro do espectro das “neoplasias mieloides associadas à síndrome de Down” .

Outra característica incomum é o fato de que, em crianças com síndrome de Down, NÃO há diferença biológica entre a fase de síndrome mielodisplásica e a fase de leucemia mieloide aguda propriamente dita, sendo ambas classificadas como a mesma entidade.

Cerca de 1-2% das crianças com síndrome de Down desenvolve LMA nos primeiros 5 anos de vida.

No caso de crianças que possuem histórico de mielopoese anormal transitória no período neonatal, essa taxa sobre para 20-30%, a sendo a maioria dos casos no período entre 1 e 3 anos de idade.

Os blastos da leucemia megacarioblástica aguda tem tamanho intermediário a grande, são intensamente BASOFÍLICOS, apresentam protusões citoplasmáticas (conhecidas como “blebs”) e possuem grânulos basofílicos que não são corados pela mieloperoxidase (semelhantes aos grânulos plaquetários).

A medula óssea apresenta uma densa rede reacional de fibras reticulínicas, tornando a aspiração difícil e o mielograma frequentemente impróprio para análise.

Os blastos da leucemia megacariocítica aguda associada à síndrome de Down tem o mesmo imunofenótipo observado nos quadro de mielopoese anormal transitória:

  • MPO: negativa ou fracamente positiva (com células positivas exclusivamente na citometria de fluxo, mas negativas na coloração citoquímica);
  • Marcadores mieloides positivos: CD117, CD13 e/ou CD33;
  • Presença de marcadores megacariocíticos: CD36, CD41, CD42, CD61, CD71 e/ou CD110 (receptor de trombopoetina);
  • Presença dos marcadores anômalos: CD11b, CD7 e/ou CD4;
  • Marcadores de imaturidade: CD34 pode ser positivo ou negativo, diferente da mielopoese anormal transitória onde é SEMPRE positivo;
  • Marcadores negativos: CD15, CD14 e glicoforina A.

Além da trissomia do 21, a alteração genética mais comum identificada é a mutação do fator de transcrição GATA1, considerada patognomônica da mielopoese anormal transitória e da LMA associada à síndrome de Down.

O prognóstico é bom e devem ser utilizados protocolos de tratamento específicos para síndrome de Down, uma vez que existe hipersensibilidade à quimioterapia e necessidade de correção de dose para algumas medicações.

Key Points:

  1. A leucemia megacarioblástica aguda é o fenótipo mais comum dentre as “neoplasias mieloides associadas à síndrome de Down”;
  2. Os blastos da leucemia megacarioblástica aguda são basofílicos, possuem protusões citoplasmáticas e não são corados pela mieloperoxidase;
  3. O imunofenótipo típico consiste na presença de MPO negativa, marcadores mieloides positivos (CD117, CD13 e/ou CD33) e marcadores megacariocíticos positicos (CD41, CD42 e/ou CD61);
  4. A mutação do fator de transcrição GATA1 é típica das “neoplasias mieloides associadas à síndrome de Down”.
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19
Q

Homem, 45 anos, previamente hígido, encaminhado para avaliação de anemia macrocítica persistente por 3 meses. Hb 9,2 g/dl, VCM 104, Neu 4.500/mm³ e Plq 160 mil/mm³. Esfregaço de sangue periférico sem alterações. Investigação laboratorial de rotina dentro da normalidade. Foi realizado mielograma que mostrou medula óssea normocelular para a idade, sem sinais de displasia, com presença de 3% de blastos. Cariótipo de medula óssea: 46, XY, t(8;21)(q22;q22) [20/20]. Neste caso, qual o tratamento recomendado?

A) Monoterapia com agente hipometilante

B) Indução de remissão com daunorrubicina e citarabina “3+7”

C) Citarabina subcutânea em baixas doses

D) Observação clínica

A

B) INDUÇÃO DE REMISSÃO COM DAUNORRUBICINA E CITARABINA “3+7”

Existem três alterações genéticas recorrentes do tipo translocação (e suas variantes) que definem o diagnóstico de leucemia mieloide aguda INDEPENDENTE do número de blastos no sangue periférico e na medula óssea, mesmo que a contagem seja menor que 20%.

Abaixo estão listadas as translocações mais comuns desse grupo e seus respectivos genes de fusão:

  • t(15;17)(q22;q21)/PML-RARa;
  • t(8;21)(q22;q22)/RUNX1-RUNX1T1;
  • inv(16)(p13.1q22)/CBFB-MYH11.

Caso qualquer uma dessas alterações citogenéticas seja identificada, o paciente recebe automaticamente o diagnóstico de LMA e deve ser tratado conforme protocolo de rotina.

A vantagem de se iniciar o tratamento precoce, na fase com menor infiltração medular por blastos leucêmicos, é a melhor tolerância à quimioterapia (maior reserva medular) e menor tempo de aplasia.

Key Points:

  1. O diagnóstico de leucemia mieloide aguda pode ser definido pela presença das seguintes alterações genéticas recorrentes, independente do número de blastos: t(15;17)/PML-RARa; t(8;21)/RUNX1-RUNX1T1; e inv(16)/CBFB-MYH11.
  2. As leucemias mieloides agudas com t(8;21)/RUNX1-RUNX1T1 ou inv(16)/CBFB-MYH11 são reconhecidas como “Core Binding Factor Leukemias” e se beneficiam de consolidação com altas doses de Citarabina.

Referências:

  1. Christen F, et al. Genomic Landscape and Clonal Evolution of Acute Myeloid Leukemia With t(8;21): An International Study on 331 Patients. Blood. 2019.
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20
Q

(DASA PROVA 2023) Um paciente masculino, 42 anos, comparece ao Pronto Socorro com queixa de astenia e sangramento cutaneomucoso. Hemograma realizado na admissão com Hb 8,0g/dL, VCM 96, leucócitos 32.000/uL, neutrófilos 1.200/uL, linfócitos 3.900/uL, 80% de blastos e plaquetas 15.000/uL. Realizado citometria de fluxo e imunofenotipagem de medula óssea com presença de 85% de células de médio tamanho, com baixa complexidade interna, CD45+ com o seguinte perfil: CD19+, CD 22+, TdT+, HLA-DR+, CD38+, CD20+, CD3-, CD10-, Ig citop-, MPO-, CD13+. Qual diagnostico e classificação?

A

Leucemia Linfoide Aguda pró B

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(DASA PROVA 2023) Um paciente masculino, 42 anos, comparece ao Pronto Socorro com queixa de astenia e sangramento cutaneomucoso. Hemograma realizado na admissão com Hb 8,0g/dL, VCM 96, leucócitos 32.000/uL, neutrófilos 1.200/uL, linfócitos 3.900/uL, 80% de blastos e plaquetas 15.000/uL. Realizado citometria de fluxo e imunofenotipagem de medula óssea com presença de 85% de células de médio tamanho, com baixa complexidade interna, CD45+ com o seguinte perfil: CD19+, CD 22+, TdT+, HLA-DR+, CD38+, CD20+, CD3-, CD10-, Ig citop-, MPO-, CD13+. Qual tratamento em primeira linha e consolidação mais adequado para o caso em questão?

A

Primeira linha: induçao com GRAALL e consolidaçao com TMO Alogenico,

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(DASA PROVA 2023) Um paciente masculino, 42 anos, comparece ao Pronto Socorro com queixa de astenia e sangramento cutaneomucoso. Hemograma realizado na admissão com Hb 8,0g/dL, VCM 96, leucócitos 32.000/uL, neutrófilos 1.200/uL, linfócitos 3.900/uL, 80% de blastos e plaquetas 15.000/uL. Realizado citometria de fluxo e imunofenotipagem de medula óssea com presença de 85% de células de médio tamanho, com baixa complexidade interna, CD45+ com o seguinte perfil: CD19+, CD 22+, TdT+, HLA-DR+, CD38+, CD20+, CD3-, CD10-, Ig citop-, MPO-, CD13+. Caso paciente apresente refratariedade ao tratamento inicial , indique sua terapia de segunda linha e justifique?

A

Blina ou inotuzumabe como ponte pra TMO Alo / Cart

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23
Q

(DASA PROVA 2023) Homem, 37 anos, apresenta quadro de mialgia generalizada, palidez e manchas vermelhas na pele. Procurou o hospital, sendo solicitado os seguintes exames laboratoriais: Hb 10,2; Leucócitos 36860, Neutrófilos 4720, Linfócitos 1474, Monócitos 369;Blastos 29857 (81%);Plaquetas 9600;Creatinina 0,9;Ureia 30;Na 138;K 4,1;INR 1,58;TTPa 0,95;Fibrinogênio 113.N investigação desse paciente é realizado estudo medular com os seguintes achados:

Descreva os achados da lâmina:

A

Gabarito: Blastos (célula) de tamanho intermediário-grande, relação N?C intermediária, nucleo com cromatina frouxa, com 1-2 nucléolos evidentes, citoplasma basofílico, hipergranular, bastonete de Auer, Faggot Cell.

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(DASA PROVA 2023) Homem, 37 anos, apresenta quadro de mialgia generalizada, palidez e manchas vermelhas na pele. Procurou o hospital, sendo solicitado os seguintes exames laboratoriais: Hb 10,2; Leucócitos 36860, Neutrófilos 4720, Linfócitos 1474, Monócitos 369;Blastos 29857 (81%);Plaquetas 9600;Creatinina 0,9;Ureia 30;Na 138;K 4,1;INR 1,58;TTPa 0,95;Fibrinogênio 113.N investigação desse paciente é realizado estudo medular com os seguintes achados:

Quais os achados de citogenética e biologia molecular mais prováveis de se encontrar neste caso?

A

Gabarito: t(15;17) e PML::RARa

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(DASA PROVA 2023) Homem, 37 anos, apresenta quadro de mialgia generalizada, palidez e manchas vermelhas na pele. Procurou o hospital, sendo solicitado os seguintes exames laboratoriais: Hb 10,2; Leucócitos 36860, Neutrófilos 4720, Linfócitos 1474, Monócitos 369;Blastos 29857 (81%);Plaquetas 9600;Creatinina 0,9;Ureia 30;Na 138;K 4,1;INR 1,58;TTPa 0,95;Fibrinogênio 113.N investigação desse paciente é realizado estudo medular com os seguintes achados:

Baseado nesse caso clínico, qual o diagnóstico mais provável? Como você classificaria esse paciente?

A

Gabarito: LPA de alto risco

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(DASA PROVA 2023) Homem, 37 anos, apresenta quadro de mialgia generalizada, palidez e manchas vermelhas na pele. Procurou o hospital, sendo solicitado os seguintes exames laboratoriais: Hb 10,2; Leucócitos 36860, Neutrófilos 4720, Linfócitos 1474, Monócitos 369;Blastos 29857 (81%);Plaquetas 9600;Creatinina 0,9;Ureia 30;Na 138;K 4,1;INR 1,58;TTPa 0,95;Fibrinogênio 113.N investigação desse paciente é realizado estudo medular com os seguintes achados:

Qual o tratamento mais apropriado para esse paciente?

A

Gabarito: Pethema / ATO+ATRA opção

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  1. (DASA PROVA 2023) Homem, 37 anos, apresenta quadro de mialgia generalizada, palidez e manchas vermelhas na pele. Procurou o hospital, sendo solicitado os seguintes exames laboratoriais: Hb 10,2; Leucócitos 36860, Neutrófilos 4720, Linfócitos 1474, Monócitos 369;Blastos 29857 (81%);Plaquetas 9600;Creatinina 0,9;Ureia 30;Na 138;K 4,1;INR 1,58;TTPa 0,95;Fibrinogênio 113.N investigação desse paciente é realizado estudo medular com os seguintes achados:

Caso o paciente apresente recaída após o tratamento inicial, descreva o tratamento de segunda linha e possível consolidação.

A

Gabarito: Esquemas baseado em ato e consolidacao com tmo autologo se pml rara negativa e/ou alogenico se positivo

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Q

(DASA PROVA 2023) Homem, 20 anos, hígido, apresenta astenia e petéquias há 1 mês. Hemograma de entrada com Hb 7; Leuco 57 mil, com 70% de blastos, Plaq 15 mil. Mielograma hipercelular às custas de 80% de blastos mielóides, presença de eosinófilos em número aumentado com dupla granulação. Imunofenotipagem com população de blastos mielóides com CD13+, CD33+, CD34+, HLA-DR+. CD2+. Citogenética inv(16)(p13.1q22) [20]. Biologia molecular CBFB-MYH11 positivo , tp53 com VAF de 20% e Runx 1 . Irmã doadorafull match.Qual o diagnóstico desse paciente e classificação?

A

Gabarito: LMA com alteraçao citogenetica recorrente

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(DASA PROVA 2023) Homem, 20 anos, hígido, apresenta astenia e petéquias há 1 mês. Hemograma de entrada com Hb 7; Leuco 57 mil, com 70% de blastos, Plaq 15 mil. Mielograma hipercelular às custas de 80% de blastos mielóides, presença de eosinófilos em número aumentado com dupla granulação. Imunofenotipagem com população de blastos mielóides com CD13+, CD33+, CD34+, HLA-DR+. CD2+. Citogenética inv(16)(p13.1q22) [20]. Biologia molecular CBFB-MYH11 positivo , tp53 com VAF de 20% e Runx 1. Irmã doadorafull match.Qual o risco dessa paciente?

A

Gabarito: Alto risco

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(DASA PROVA 2023) Homem, 20 anos, hígido, apresenta astenia e petéquias há 1 mês. Hemograma de entrada com Hb 7; Leuco 57 mil, com 70% de blastos, Plaq 15 mil. Mielograma hipercelular às custas de 80% de blastos mielóides, presença de eosinófilos em número aumentado com dupla granulação. Imunofenotipagem com população de blastos mielóides com CD13+, CD33+, CD34+, HLA-DR+. CD2+. Citogenética inv(16)(p13.1q22) [20]. Biologia molecular CBFB-MYH11 positivo , tp53 com VAF de 20% e Runx 1. Irmã doadorafull match.Qual a conduta terapêutica? (Dose e numero de ciclos)

A

Gabarito: Induçao com D3-7 ( Dauno 60 e AraC 100-200) e consolidaçao com Tmo alogenico

31
Q
  1. (DASA PROVA 2023) Homem, 20 anos, hígido, apresenta astenia e petéquias há 1 mês. Hemograma de entrada com Hb 7; Leuco 57 mil, com 70% de blastos, Plaq 15 mil. Mielograma hipercelular às custas de 80% de blastos mielóides, presença de eosinófilos em número aumentado com dupla granulação. Imunofenotipagem com população de blastos mielóides com CD13+, CD33+, CD34+, HLA-DR+. CD2+. Citogenética inv(16)(p13.1q22) [20]. Biologia molecular CBFB-MYH11 positivo , tp53 com VAF de 20% e Runx 1. Irmã doadorafull match.Paciente foi refratário a terapia inicial, qual a sua conduta?
A

Gabarito: Resgate com Topotecano + AraC ou esquemas com veneto e vidaza e consolidaçao com TMO Alogenico Full Match.

32
Q

(DASA 2022) Mulher, 69 anos, procura hematologista devido a pancitopenia, realizado avaliação medular com os seguintes achados:
Melograma com Blastos 13% sem alterações morfológicas, cariótipo normal, FISH normal, painel de mutações mieloides:
- TP53 (VAF 30%)
- ASLX1 (VAF 20%).
De acordo com ELN o diagnóstico desse paciente é:

(A) SMD/LMA com TP53 mutado
(B) SMD com aumento de Blastos 2
(C) SMD com aumento de Blastos 1
(D) SMD/LMA com genes relacionados a mielodisplaia
(E) LMA sem outras especificações

A

(A) SMD/LMA com TP53 mutado

De acordo com a nova classificação da ELN publicada em 2022 a classificação das LMA são feitas através de um fluxograma. Nesse fluxograma, os pacientes são classificados de acordo com achados moleculares e citogeneticos, além de classificados de acordo com o número de blastos, de modo que entre 10-20% são SMD/LMA e LMA se maios que 20% de blastos. Como essa paciente não possui as alterações genéticas recorrentes definidoras de LMA e tem TP53 mutado com 13%, é classificada como SMD/LMA com TP53 mutado.

33
Q

De acordo com a nova classificação de LMA pela ELN 2022, quais são as alterações genéticas recorrentes definidoras de LMA?

A
  • LMA com t(9;22) - BCR::ABL1
  • LMA com mutação CEBPA
  • LMA com t(9;11) - MLL3::KMT2A
  • LMA com mutação NPM1
  • LMA com t(6;9) - DEK::NUP214
  • LMA com t(8;21) - RUNX1::RUNX1T1
  • LPA com t(15;17) - PML::RARA
  • LMA com inv(3) ou t(3;3) - GATA2/MECOM(EVI1)
  • LMA com inv(16) ou t(16;16) CBFB::MYH11
34
Q

De acordo com a classificação de LMA da ELN publicada em 2022, quais são as mutações que caracterizam LMA com mutações genéticas relacionadas a SMD?

A
  • ASXL1
  • BCOR
  • EZH2
  • RUNX1
  • SF3B1
  • SRSF2
  • STAG2
  • U2AF1
  • ZRSR2
35
Q

(HIAE 2021) Com relação à LMA com mutação FLT3, é correto afirmar:

(A) Quando associada à mutação NPM1e DNMT3A, há melhor prognóstico.
(B) Geralmente está relacionada à leucopenia e baixa contagem de blastos.
(C) A presença de mutação RUNX1 geralmente ocorre associada à mutação NPM1.
(D) O uso de midostaurin como tratamento fica reservado para pacientes com alto índice alélico (> 0,7) e na ausência de NPM1.
(E) Midostaurin pode ser usado tanto em pacientes com mutação FLT3-ITD quanto FLT3-TKD.

A

(E) Midostaurin pode ser usado tanto em pacientes com mutação FLT3-ITD quanto FLT3-TKD.

FLT3 é um receptor de tirosina kinase que estimula proliferação celular quando ativado. A mutação FLT3-ITD (Internal Tandem Duplications) e ativação constitutiva do receptor de tirosina kinase são comuns na LMA, particularmente em pacientes com cariótipo normal, e são associadas a maior leucocitose ao diagnostico (LETRA B INCORRETA) e pior OS em adultos jovens recebendo QT intensiva. Essa mutação se apresenta com uma frequência entre 10-30% dos pacientes com cariótipo normal.
A presença de outras anormalidades como NPM1 pode alterar o prognóstico desse paciente ao impactar no significado prognostico do FLT3.
Existem dois principais tipos de mutação do FLT3. A mais comum é a FLT3-ITD que resulta em ativação do FLT3 independente de ligante e sinalização para proliferação. Adicionalmente 5-10 % dos pacientes apresentam mutação no loop de ativação do domínio de tirosina kinase (TKD - tirosina kinase domain), também resultando em ativação do FLT3 e vantagem de sobrevivência dessas células.
O impacto prognóstico do FLT3 é influenciado pelo contexto mutacional, incluído a ausencia de alelo FLT3 wild-type (homozigose de mutação FLT3), o status mutacional do NPM1 e a ração alelica entre o alelo mutante e o wild-type (AR).
FLT3 em homozigose ou com alta AR tem piores prognósticos.
Pacientes com FLT3 + NPM1 e com baixa AR (<0,5) tem piores prognósticos. A alternativa A está INCORRETA, no entanto, pois a presença da mutação do DNM3TA confere um pior prognóstico.
O uso de midostaurin (inibidor de FLT3 como um componente da terapia de indução de remissão traz benefício para esses pacientes, independente do tipo de mutação (ITD ou TKD) - LETRA E CORRETA. O estudo que mostrou esse benefício foi o CALGB 10603/RATIFY, com maior OS e EFS. Um outro inibidor de FL3T está disponível (Quizartinib), aprovado no estudo QuANTUM-First, no entanto, apenas para mutação do FLT3-ITD.

36
Q

(HIAE 2021) Paciente masculino, 20 anos, sem comorbidades, recebe diagnóstico de LMA com inv(3) (q21.3q26.2). Recebeu terapia de indução com D3+A7 e atingiu CR. A melhor conduta para esse caso:

(A) Transplante alogênico (doador aparentado, não aparentado ou haploidêntico), com condicionamento mieloablativo.
(B) Realizar 4 ciclos de consolidação com citarabina 1,5 g/m2 D1, D3 e D5.
(C) Se o paciente tiver irmão 100% compatível poderá seguir com transplante alogênico. Na ausência de doador 100% compatível, idealmente, deverá seguir com consolidação com citarabina.
(D) Se for encontrado doador não aparentado 100% compatível, a fonte preferível de células progenitoras será periférica, devido a melhores resultados de sobrevida com essa fonte.
(E) Se for encontrado doador não aparentado 100% compatível, o esquema ideal de condicionamento seria regime de intensidade reduzida, visto que trabalhos recentes não mostram benefício de esquemas mieloablativos com relação à atividade antileucêmica.

A

(A) Transplante alogênico (doador aparentado, não aparentado ou haploidêntico), com condicionamento mieloablativo

Trata-se de um paciente jovem e FIT com diagnóstico recente de LMA. O tratamento é realizado com indução da remissão com D3A7 que é o esquema padrão e o tratamento pós indução depende da classificação de risco desse paciente. Na avaliação citogenética, percebe-se inv(3) que é uma característica citogenética relacionada a pior prognóstico e portanto, caracterizado como risco desfavorável. Nesses pacientes, portanto, o tratamento de consolidação deve envolver TMO alogênico. As taxas de OS em 5 anos com quimioterapia consolitativa nesses pacientes é entre 15-30% - LETRA B INCORRETA.

Dos paciente com proposta de tratamento com TMO alogênico, o mais indicado seria um esquema de condicionamento MIELOABLATIVO se possível, caso tolerado pelo paciente - LETRA E INCORRETA. Estudos randomizamos mostram que comparado com MAC, RIC/NMA está associado a leve melhora em TRM, mas maiores taxas de recaída e OS semelhante.

Maioria dos estudos com LMA usaram doadores HLA idêntico (MRD), incluindo esse critério como método para randomização, sendo que os pacientes sem MRD eram randomizados para o grupo não TMO. No entanto, apenas 25-30% dos pacientes possuem doador aparentado HLA idêntico e atualmente com métodos mais sensíveis de tipagem HLA permitiu uso de doadores alternativos. Para pacientes sem doador MRD, pode-se considerar MUR ou Haplo, com respostas semelhantes esperadas. - LETRA C INCORRETA.

37
Q

(HIAE 2021) Em relação à leucemia linfoblástica de células T (LLA-T), é CORRETO:

(A) Pela alta taxa de refratariedade dessa doença, o uso em primeira linha de tratamento com Cart-cell deve ser uma opção.
(B) Pacientes com doença DRM positiva no final da indução devem seguir imediatamente para o transplante de medula óssea alogênico.
(C) É curável para grande parte das crianças, adolescentes e adultos jovens com regimes de quimioterapia de primeira linha como o BFM, associado à nelarabina.
(D) Aproximadamente 10% dos pacientes adultos terão doença residual mínima (DRM) positiva após a indução e consolidação com protocolo de quimioterapia padrão.
(E) O uso de daratumumabe na LLA-T demonstrou respostas prolongadas e está padronizado como terapia de resgate.

A

(C) É curável para grande parte das crianças, adolescentes e adultos jovens com regimes de quimioterapia de primeira linha como o BFM, associado à nelarabina

A LLA-T representa aproximadamente 12-15% dos casos de LLA recen diagnosticados em pacientes pediátricos. Embora historicamente os desfechos sejam inferiores ao de pacientes com LLA-B, com os recentes avanços no tratamento, houve em EFS e OS. A cura, no entanto, só é atingida as custas de elevada toxicidade com terapia mais intensiva.

LETRA A - INCORRETA:
Apesar de possuir altas taxas de remissão com a terapia inicial, muito pacientes acabam recaindo, indicando que muitos deles ainda tenham alguma doença residual.
Pacientes com LLA-T são tipicamente tratados de acordo com o risco e com esquema de poliquimioterapia. O preditor de desfechos mais significante é a DRM, e muitas vezes ela é usada como guia para manejar o tratamento.
Dessa forma, apesar do elevado risco de recaída, o tratamento indicado ainda é quimioterapia de primeira linha e consolidação com TMO em pacientes de maior risco, sempre avaliando a necessidade de aprofundar ainda mais a resposta antes do TMO através da DRM.
O CAR-T é uma forma de imunoterapia autólogo que pode ser direcionada contra antígenos B e pode ser usado em pacientes com LLA B. Dois exemplos são Tisagenlecleucel e Brexucabtagene (CD19).

LETRA B - INCORRETA:
A presença de DRM após a indução é um importante fator de prognostico negativo, sendo possivelmente necessário transplante para controle de doença.
No entanto, na população de AYA, os pacientes tem alta taxa de remissão com esquemas de indução pediátricos, com alta PFS e OS. Nesse cenário, a indicação para transplante nessa população vem diminuindo. Persistência de DRM positiva (10-3 ou 10-4) pós CONSOLIDAÇÃO permanece como uma das indicações para TMO. Ou seja, DRM positivo pós indução por si só não é uma indicação. Outra indicação poderia ser em pacientes de doença de muito alto risco.

*LETRA C - CORRETA:
Crianças, adolescentes e adultos jovens (AYA) compreendem maioria dos pacientes com LLA-T. Historicamente, desfecho de população AYA com LLA-T sempre foi ruim, inferior a LLA-B. No entanto, com terapia intensiva moderna, baseada em esquemas pediátricos de alta intensidade, o prognóstico desses pacientes melhorou bastante, com a maioria das crianças curadas, sem necessidade de transplante.
Os melhores desfechos publicados para AYA com LLA-T foram no estudo do COG AALL0434, no braço MTX capizzi e Nelarabina.

LETRA E - INCORRETO:
Daratumumab e Isatuximab, anti-CD38, são amplamente usados em MM. Modelos pré-clínicos e relatos de casos demonstram alguma eficácia em LLA-T. Baseado nisso, um estudo fase II está sendo realizado em pacientes com LLA-T R/R. Portanto, não é um tratamento padrão.

38
Q

(HIAE 2021) Em relação ao uso de blinatumomab no tratamento da LLA, é correto:

(A) Há benefício nos pacientes em primeira remissão com doença residual mínima persistente, e quando atinge resposta completa evita-se a realização de transplante de medula óssea alogênico.
(B) Tem indicação como monoterapia em adultos recaídos/refratários Ph−, CD19+.
(C) A síndrome de citocinas está relacionada à elevação da IL 6/10 e independe da quantidade de doença.
(D) A profilaxia com defibrotide é mandatória nos pacientes, principalmente após transplante de medula óssea, pelo alto risco de doença veno-oclusiva.
(E) Mesmo na doença recaída CD19− pode ser usado com grande eficácia.

A

(B) Tem indicação como monoterapia em adultos recaídos/refratários Ph−, CD19+

Blina é um BiTE direcionado contra CD19 no blasto da LLA e com o CD3 nas células T citotóxicas. É uma medicação aprovada para LLAB R/R.

LETRA A - INCORRETA:
O Blina é uma medicação utilizada como resgate de pacientes com LLA R/R, para obtenção de CR, com tentativa de negativas DRM e prosseguir para consolidação com TMO. Dessa forma, o Blina é utilizado como uma PONTE para TMO. Por isso, mesmo atingindo CR com Blina, ainda sim indica-se TMO.

LETRA C - INCORRETA:
A Síndrome de liberação de citadinas é uma condição potencialmente fatal caracterizada por resposta sistema com liberação de citadinas (tempestade de citocinas) que ocorre em resposta a imunoterapia. As citadinas envolvidas incluem:
- IL1
- IL6
- IL8
- IL10
- IL15
- TNF-a
- Proteina proinflamatória de macrofagos
Sabe-se que uma alta carga tumoral e imunossupressão profunda de hematopoiese aumenta o risco de CRS. Não existe uma definição universal de alta carga tumoral em pacientes com LLA, mas alguns trial descreveram como uma porcentagem de blastos > 50%,

LETRA D - INCORRETA::
O BiTE relacionado com VOD é classicamente o Inotuzumab por conta da Ozogamicina, anticorpo ligado a caliqueamicina. Ainda assim, não é indicado defibrotide profilático.

LETRA E - INCORRETA:
Não faz sentido usar Blina em pacientes com CD19-, pois o mecanismo envolve esse marcador para os linfócitos T citotóxicos encontrarem os blastos CD19+.

39
Q

(HIAE 2021) Em relação à LMA, é correto:

(A) Com o tratamento intensivo, 60 a 80% dos adultos jovens alcançam remissão completa (CR) e são curados.
(B) Marcadores moleculares definem prognóstico e direcionam o tratamento de consolidação e manutenção da doença, mas não devem alterar a terapia de indução.
(C) Pacientes com leucemia promielocítica são classificados com fatores de risco adversos ao diagnóstico quando apresentam leucócitos menor que 10.000 microL e uma contagem de plaquetas menor ou igual a 40.000 microL.
(D) Pacientes com leucemia promielocítica aguda de alto risco apresentam resultados semelhantes quando tratados com ATRA + ATO em comparação com ATRA + quimioterapia à base de antraciclina, porém com toxicidade reduzida.
(E) Em casos raros, a LMA em adultos está associada a anormalidades genéticas hereditárias.

A

(E) Em casos raros, a LMA em adultos está associada a anormalidades genéticas hereditárias

LETRA A - INCORRETA:
É difícil estabelecer uma afirmação como essa, tendo em vista que o prognóstico de pacientes com LMA é bastante heterogêneo, baseado em características do paciente e características da doença. Inclusive, essa estratificação de risco muda o tratamento desses pacientes.

LETRA B - INCORRETO:
A alternativa está quase correta, uma vez que achados moleculares ajudam a estabelecer o risco de progressão e prognóstico, sendo que pacientes de maior risco apresentam necessidade de tratamento que inclui consolidação com TMO. Em geral, a terapia de indução é baseada em alguma Antraciclina e Citarabina há bastante tempo. No entanto, a terapia de indução pode ter uma adição em caso de pacientes com FLT3 mutado. Nesses pacientes, podemos usar uma droga alvo, como Midostaurin, com melhora em desfechos. Outra opção é o Quizartinib, também inibidor de FLT3, mas que pode ser usado apenas em FLT3-ITD. Já o midostaurin pode ser usado em ambas as mutações. O estudo que demonstrou benefício dessa droga foi o RATIFY Trial, com maior 4y OS (51 vs 44%) e EFS (28 vs 21%). O estudo que aprovou o quizartinib foi o QuANTUM Trial.

LETRA C - INCORRETA:
A classificação de risco de pacientes com LPA baseia-se na contagem de leucócitos ao diagnóstico.
- Baixo/Intermediário: Leuco < 10.000
- Alto: Leuco > 10.000
A contagem plaquetária não influencia na classificação.

LETRA D - INCORRETA:
O uso de ATO e ATRA em pacientes com LPA de alto risco (Leuco > 10.000) sem comorbidades é controverso, com pouca evidencia suportando o uso nessa população. Em pacientes de alto risco, o esquema ideal é indução com ATRA+ quimioterapia, seguido de terapia pós remissão com ATO. Essa abordagem não foi diretamente comparada com ATRA+ATO em pacientes de alto risco.
O esquema de ATRA+ATO provou-se não inferior (e possivelmente superior) ao esquema de ATRA+QT em pacientes com doença de risco intermediário/baixo, além de que ATRA+ATO é associado a menor toxicidade.

LETRA E - CORRETA:
Maioria dos pacientes com LMA não possuem uma predisposição familiar clara para o desenvolvimento de SMD ou LMA. No entanto, casos raros de leucemia familiar podem ocorrer no contexto de alguma síndrome genética na qual LMA é um dos componentes. O diagnóstico geralmente envolve a detecção de uma anormalidade genética causal em tecido germinativo (ou seja, em células não hematológicas e células que a presença da mutação diferencia de um disturbio somático, com possibilidade de transmissão ao possível herdeiro). Algumas mutações podem estar associadas com essa característica de linhagem germinativa, como o RUNX1, que geralmente se associa a plaquetopenia,

40
Q

(HIAE 2018) Homem de 32 anos com leucocitose, anemia, plaquetopenia. O hemograma mostra leucócitos de 56.000/mm3 com 45% de blastos circulantes. Citometria de fluxo mostra positividade para: CD4, CD11b, CD11c, CD13, CD33, CD45 na HLA-DR e ne- gatividade para CD34 e CD117. A melhor combinação de quimioterápicos para o tratamento inicial deste paciente é:

(A) Agente hipometilante.
(B) Inibidor da topoisomerase e alcaloide da vinca.
(C) Inibidor da topoisomerase e alquilante.
(D) Agente antimetabólito e antibiótico antitumoral.
(E) Antibiótico antitumoral e alcaloide da vinca.

A

(D) Agente antimetabólito e antibiótico antitumoral

41
Q

(HIAE 2018) Paciente de 25 anos, previamente hígida, tem diagnóstico de LLA B Ph+. Foi tratada com Hyper-CVAD (ciclofosfamida, vincristina, doxorrubicina, dexametasona, metotrexato e citarabina) associado a imatnib. Teve como complicações neutropenia febril sem foco determinado e diabetes induzido pelo uso de corticoesteróide. Atingiu remissão molecular após término do tratamento. Dispõe de um irmão HLA-compatível.
A melhor conduta a partir de então é:

(A) Manutenção com dasatinib.
(B) Manutenção com metotrexate, 6-mercaptopurina, prednisona e imatnib.
(C) TMO autólogo.
(D) TMO alogênico mieloablativo.
(E) Manutenção com imatinib e TMO alogênico mieloablativo somente em caso de recidiva.

A

(D) TMO alogênico mieloablativo.

Trata-se de um paciente jovem com diagnóstico recente de LLA Ph+. Esse subgrupo de pacientes com LLA é historicamente associado a pior prognóstico (alto risco), com incidencia maior proporcional com a idade (> 50% dos pacientes com mais de 60 anos). No entanto, a introdução dos ITK ao esquema de tratamento mudou o desfecho desse tipo de leucemia, pelo menos a curto prazo. A presença do BCR::ABL1 permite tratamento com drogas alvo (ITK) e esquemas de indução que contenham essa medicação são recomendados baseados em maiores taxas de resposta e OS com pouco acréscimo de toxicidade (taxas de CR > 90%). Não existem estudos randomizamos comparando essas abordagens, mas comparando com controles históricos a taxa de CR é maior (antes de ITK 60-70%). No entanto, apesar de ser um componente chave dos esquemas de indução, não é suficiente isoladamente para atingir respostas profundas, sendo necessário associar a algum esqueleto de QT para indução.

O tratamento com ITK deve ser iniciado após o diagnóstico e mantido durante a indução e manejo pós indução, inclusive sendo indicada manutenção de longo prazo.

No entanto, apesar de boas respostas e taxas de remissão com ITK em primeira linha, eventualmente esses pacientes vão apresentar recaída. Dessa forma, o indicado é realização de tratamento consolidativo/manutenção para manter respostas profundas e remissões duradouras.
No caso de pacientes candidatos a TMO com RC molecular (>MR 4.5; BCR::ABL1 < 0,0032 IS) e candidatos a TMO, o mais indicado (apesar de não haver estudos randomizados), é proceder para TMO na primeira CR1. Considera-se que o risco de recaída (cerca de 25% se não realizado TMO) supera o risco de toxicidade e TRM nesses pacientes. Esse seria o caso da paciente em questão, portanto LETRA D CORRETA.

Durante o período de TMO até enxertia geralmente o paciente é mantido sem ITK.

O TMO autologo tem um papel limitado no tratamento consolidativo de LLA Ph+, podendo ser considerado em pacientes com DRM negativa que não são considerados para TMO alo (LETRA C INCORRETA)

A terapia de manutenção consiste em tratamento prolongado com ITK, com ou sem quimioterapia e é indicado para pacientes que permanecem em remissão após TERMINAR A CONSOLIDAÇÃO. LETRAS A, B e E INCORRETAS

42
Q

(HIAE 2018) Paciente de 34 anos, com diagnóstico de LMA. Atingiu remissão completa após indução com esquema 7+3. Por apresentar marcador anômalo, foi possível determinar remissão imunofenotípica. O cariótipo e a análise molecular ao diagnóstico mostrou t(16;16)(p13.1;q22);CBFB-MYH11. Tem 3 irmãos HLA-idênticos e ausência de comorbidades.
A melhor conduta para a paciente é:

(A) Agente hipometilante.
(B) Consolidar com novo ciclo de 7+3 e 1 ciclo de HiDAC (alta dose de citarabina) e TMO alogenico somente na recidiva.
(C) Consolidar com 3 ciclos de HiDAC (alta dose de citarabina).
(D) TMO alogênico após 1 ciclo de HiDAC (alta dose de citarabina).
(E) TMO alogênico em seguida sem consolidação.

A

(C) Consolidar com 3 ciclos de HiDAC (alta dose de citarabina).

Trata-se de uma questão abordando a melhor conduta referente a um paciente com LMA pós remissão.

Cerca de 60-80% dos pacientes adultos tratados com esquema de indução de LMA com 3+7 apresentam CR. No entanto, sem terapia adicional, virtualmente todos os pacientes vão recair com mediana entre 4-8 meses. Ao contrário, pacientes que recebem terapia pos remissão podem superar 40% de OS em 4 anos.

A terapia pós remissão tem como objetivo destruir células de LMA que sobreviveram a terapia de indução mas que são indetectáveis por estudos convencionais, numa tentativa de aprofundar ainda mais a resposta. Existem 3 opções de consolidação nesses pacientes: TMO autólogo, TMO alogênico e QT consolitativa. A escolha entre esses 3 tratamentos vai depender de:
- Aspectos da doença: Características citogenéticas e moleculares que definem o comportamento da doença e o risco de recaídas
- Aspectos do paciente: Idade e PS que poderiam contraindicar TMO nessa população.

Dentre as características citogenéticas e moleculares que traduzem maior risco do comportamento da doença, existem alguns critérios estabelecidos, sendo o mais utilizado o do ELN. Dentre os critérios da ELN, a t(16;16)/CBFB-MYH é caracterizado como de RISCO FAVORÁVEL (conforme a imagem).

Os critérios de gravidade do ELN são importantes para definir o tratamento pós indução. Para pacientes com risco favorável, consolidação com HiDAC parece favorecer o maior benefício com menor toxicidade. A taxa de recaída pós consolidação com HiDAC é de apenas 35% ou menos e as taxas de TRM do TMO nessa população é de 20%. A HiDAC usa doses entre 1,5-3g/m2, por pelo menos 3 ciclos.

43
Q

Quais são as entidades citogenéticas e moleculares de risco favorável de LMA de acordo com o ELN?

A
  • t(8;21) / RUNX1-RUNX1T1
  • inv(16) ou t(16;16) / CBFB-MYH11
  • NPM1 mutado sem FLT3
  • CEBPA bialelica
44
Q

(HIAE 2018) Paciente de 37 anos com pancitopenia e história de infecções de repetição. Havia apresentado, por anos, infecção pelo HPV genital e infecção pulmonar por micobaterium avium. Nesta ocasião seu hemograma mostrou monocitopenia severa. Realizou investigação e mielograma que mostrou-se hipocelular 10%, com 5% de blastos associado á displasia das 3 linhagens hematopoéticas. O cariótipo mostrou monossomia do cromossomo 7. Seu pai faleceu de Leucemia mielóide aguda aos 34 anos. O resultado mais provável para esta paciente é mutação do

(A) FLT3.
(B) GATA2.
(C) RUNX1/AML1
(D) N-RAS.
(E) SF3B1.

A

(B) GATA2

Trata-se de um paciente jovem, com história de pancitopenia, com histórico prévio de infecções (HPV e MAC), com monocitopenia grave. Durante a investigação estabelecido o diagnóstico de SMD hipoplasia precoce (pancitopenia + Displasia de 3 linhagens + 5% blastos + Alteração citogenética compatível). Além da SMD precoce, esse paciente possui antecedente familiar compatível com neoplasia mieloide precoce. A hipótese deve ser de uma mutação de linhagem germinativa e predisposição familiar.

Os disturbios familiares de LMA/SMD pode se apresentar com leucemia aguda/SMD isoladamente ou com outras manifestações sistêmicas. O diagnóstico é baseado na detecção de da anormalidade genéticacausal em linhagem germinativa (células não hematológicas). Isso diferencia um distúrbio hereditário de uma alteração adquirida no tecido hematopoético apenas.

Os pacientes que se apresentam com SMD/LMA com idade < 40 anos apresentam-se com uma alta frequência de alterações terminativas, principalmente se histórico familiar positivo. Esses pacientes devem ser submetidos a testes genéticos para pesquisa de mutações germinativas. Outros achados que agregam suspeita para esses casos incluem:
- Leucemias Agudas, AA, SMD em duas gerações familiares consecutivas
- Citopenias inexplicadas em duas gerações consecutivas
- Infecções recorrentes ou imunodeficiência
- Alterações no exame físico: Manchas cafe com leite, leucoplaquia oral, anormalidades em polegar, surdez…

Dentre as síndromes germinativas mais comuns encontra-se a SMD/LMA familiar com mutação de GATA2. Os pacientes tem uma apresentação heterogênea e está entre as formas mais comuns de SMD/LMA familiar em crianças e adultos jovens. Alguns pacientes não apresentam nenhuma outra manifestação não hematopoiéticas antes de desenvolver SMD/LMA, mas alguns podem apresentar genótipos específicos:
A)Síndrome Emberger: Linfedema primário, surdez neurossensorial, verrugas cutâneas, relação CD4/CD8 baixa
B)Síndrome MonoMAC: Deficiencia de células B/NK, alterações de monócitos e células dendríticas. Esses pacientes desenvolvem infecções recorrentes (principalmente por micobacterioses atípicas), proteinase alveolar pulmonar. LETRA B CORRETA

Outras manifestações da mutação do GATA2 incluem:
- Monocitopenia
- Alterações mais comuns no cariótipo sao trissomia do 8 ou monossomia do 7

OUTRAS ALTERNATIVAS: A unica alteração genética das alternativas que está associada a SMD/LMA familiar é a mutação RUNX1 e está associada a plaquetopenia familiar. As outras alternativas não são compatíveis com disturbios familiares.

45
Q

(HIAE 2018) Paciente apresenta, durante indução de LPA, quadro de dispneia, sibilos pulmonares e hipoxemia. Ao exame físico apresentava edema em membros inferiores e discreto rash cutâneo.
A causa mais provável do quadro clínico deste paciente é:

(A) Sepse.
(B) Tromboembolismo pulmonar.
(C) Alergia ao ATRA.
(D) Síndrome da diferenciação.
(E) Insuficiência cardíaca congestiva.

A

(D) Síndrome da diferenciação

A síndrome de diferenciação ocorre em 25% dos pacientes com LPA, dentro de 2-21 dias após o inicio do tratamento com ATRA e é visto mais frequentemente em pacientes com leucocitose mais importante ao diagnóstico.
É caracterizado por:
- Febre
- Edema periférico
- Infiltrados pulmonares
- Hipoxemia
- Desconforto respiratório
- Hipotensão
- Disfunção renal e hepática
- Derrame pleural

Acredita-se que a base fisiopatológico seja pela grande liberação de citadinas inflamatórias pelas células mieloides que começaram a se diferenciar.

Reconhecimento precoce e manejo com dexa 10mg EV 12/12h por 3 ou mais dias

46
Q

(ASCO 2020) Uma mulher de 72 anos se apresenta ao PS com febre, confusão e desidratação. Ela tem o seguinte hemograma:
- Hb 6,8
- Leuco 38.000
- Plaq 33.000

Um ESP mostra o seguinte achado (olhar imagem)
Existem também alguns esquizocitos raros.
Aguarda resultado de estudo medular, citogenética e FISH.
Durante o exame físico, voce percebe hematomas nos braços, pernas e tronco. O local de punção do acesso periférico também mostra sinais de sangramento. Qual dos seguintes é o diagnóstico mais provavel?

(A) SHU
(B) PTI
(C) LPA
(D) LMA megacariocítica
(E) LMA secundária a SMD

A

(C) LPA

Essa apresentação é clássica de LPA. Em contraste a outros tipos de leucemia, o tratamento de LPA deve ser iniciado imediatamente a partir da suspeita, sem ser necessário aguardar outros exames como estudo medular, citogenética e painel molecular. Isso acontece pois é uma emergencia oncológica, pelo alto risco de CIVD e complicações ameaçadoras a vida. Sangramento é uma das principais causas de morte precoce nesses pacientes.

Uma vez que seja suspeitado o diagnóstico com base em achados clínicos, laboratoriais e ESP, deve ser iniciado tratamento com ATRA, com benefício na resolução da coagulopatia e inicio precoce de terapia de indução

REFERENCIA

Pagnano KB, Rego EM, Rohr §S, et al. Guidelines on the diagnosis and treatment for acute promyelocytic leukemia: Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular Guidelines Project: Associação Médica Brasileira - 2013. Rev Bras Hematol Hemoter. 2014;36(1):71-92.

47
Q

(ASCO 2020) Um homem de 49 anos, afro-descendente, é transferido ao seu serviço para avaliação do possível diagnóstico de LMA. Ele é obeso, com 200kg, com dores crônicas de lesões degenerativas em joelhos e coluna. Seu PS é ECOG 3-4, com necessidade de opioides para controle de dor. Apresenta-se com hemograma:
- Hb 9
- Leuco 16.000 (30% blastos)
- Plaq 30.000
Bioquímica normal e coagulograma levemente alterado.
Estudo medular mostra: 75% celularidade, com 60% de blastos mielomonocíticos CD33+, com cariótipo normal e achados displásicos em eritroblastos.
Não tem mutação em FLT3-ITD, NPM1 ou IDH1/IDH2.
ECOTT mostra FEVE 60%.
Qual é a terapia mais apropriada para o tratamento de indução desse paciente:

(A) HiDAC pela possibilidade de LMA pós SMD
(B) D3A7
(C) D3A7 + Gemtuzumab/Ozogamicin
(D) Decitabina + Venetoclax
(E) Decitabina monoterapia

A

(D) Decitabina + Venetoclax

As importantes comorbidades apresentadas por esse paciente, mesmo que jovem, o tornam não candidato a terapia de indução com quimioterapia pelo esquema habitual D3A7.

Estudos recentes mostram que agentes hipometilantes (decitabina ou azacitidina) mais venetoclax podem ter uma taxa de resposta de cerca de 60% na população mais velha. Esse resultado é comparável aos atingidos pelo D3A7 com toxicidade muito menor. Portanto, para esse paciente, acredita-se que a boa resposta com menor toxicidade de veneto+HMA seja o tratamento ideal.

REFERENCIA

DiNardo CD, Pratz K, Pullarkat V, et al. Venetoclax combined with decitabine or azacitidine in treatment-naive, elderly patients with acute myeloid leukemia. Blood. Jan 3 2019;133(1):7-17.

48
Q

(ASCO 2019) Uma mulher de 59 anos, sem comorbidades, é admitida no PS com fadiga e o seguinte hemograma:
- Hb 7,2
- Leuco 8800
- Plaq 45.000
A análise do ESP mostra alguns promielocitos anômalos hipogranulares com bastonetes de Auer. A paciente tem algumas equimoses nos braços e pernas e coagulograma demonstra TP e TTPA alargados, com fibrinogênio de 90, compatível com CIVD. Análise de MO mostra 90% de promielocitos e o imunofenotipo positivo para CD13 e CD33. Estudo citogenética e molecular positivos para t(15;17) e PML-RARa. Foi feito o diagnóstico de LPA de baixo risco e iniciado tratamento com ATRA+ATO para terapia de indução. A paciente permanece hospitalizada e apresenta normalização de coagulograma e monitorização de hemograma diariamente, com ocasional necessidade de suporte transfusional.
No oitavo dia, a paciente desenvolve febre de 39C, dispneia com ganho de peso de 6kg. O leuco é de 33200. Tem FC de 108 e SatO2 89%. Radiografia de tórax mostra opacidade em vidro fosco difusamente e derrame pleural. São obtidas amostras de culturas de sangue e escarro. Qual o próximo passo mais adequado?

(A) Antibiotico empírico
(B) Descontinuar ATRA e ATO
(C) Dexa 10mg EV 12/12h e continuar ATRA e ATO
(D) Dexa 10mg EV 12/12h e descontinuar ATRA e ATO
(E) Descontinuar ATRA e ATO e retornar quando os sintomas se resolverem

A

(C) Dexa 10mg EV 12/12h e continuar ATRA e ATO

O paciente apresenta síndrome de diferenciação, que ocorre em 25% de pacientes tratados com ATRA/ATO durante terapia de indução para LPA.
Ela acontece por causa da liberação de citadinas vasodilatadoras que causam edema intersticial em órgãos como pulmão.
Maioria ocorre dentre de uma semana dose iniciar o tratamento e se manifesta com dispneia, febre e edema, geralmente acompanhado de raioX alterado.
O tratamento requer uso de corticoterapia. ATRA ou ATO não devem ser descontinuados a não ser que haja injuria renal ou insuficiência respiratória. Infecção e pneumonia deve, ser excluídos por culturas e consideração de broncoscopia.

REFERENCIA

Sanz, M.A., et al., Management of acute promyelocytic leukemia: recommendations from an expert panel on behalf of the European Leukemia Net. Blood, 2009. 113(9): p. 1875-91.

Lo-Coco, F., et al., Retinoic acid and arsenic trioxide for acute promyelocytic leukemia. N Engl J Med, 2013. 369(2): p. 111- 21.

49
Q

(ASCO 2019) Homem de 55 anos com alteração de hemograma. Ele não tem outras comorbidades e queixa-se apenas de fadiga. Ao exame fisico não tem alterações. O hemograma tem:
- Hb 7
- Leuco 50.000 (82% blastos)
- Plaq 55.000
Avaliação medular inclui achados compatíveis com LLA. Citogenética com evidencia de t(9;22). Qual seria o tratamento mais adequado a esse paciente?

(A) Multi-QT seguido de manutenção com ITK como imatinib
(B) Tratamento com ITK como Ponatinib apenas
(C) Multi-QT + ITK como dasatinib seguido de consideração para TMO alogênico
(D) Multi-QT seguido de tisagenlecleucel

A

(C) Multi-QT + ITK como dasatinib seguido de consideração para TMO alogênico

Trata-se de um paciente com LLA Ph+, 55 anos e sem comorbidades. Essa doença, pela presença o BCR::ABL1 é caracterizada como alto risco e traduz um prognóstico mais reservado. Ao mesmo tempo que apresenta esse comportamento mais agressivo, permite o tratamento com drogas alvo com ITK, sendo possível atingir boas taxas de resposta com QT intensiva + ITK após um período de citorredução com corticoterapia, além de terapia guiada para SNC. Independente da indução proposta, esses pacientes, se elegíveis, tem indicação para realizar terapia consolidativo com transplante alogênico, sendo essa a unica terapia potencialmente curativa e com possibilidade de reduzir riscos de recaída, principalmente guiado pela DRM.

CAR-T é um tratamento indicado para LLA no contexto de R/T. O tisagenlecleucel foi o primeiro aprovado para LLA, através do estudo fase 2 ELIANA em população pediátrica.

REFERENCIA

NCCN Guidelines.

Ravandi F. How | treat Philadelphia chromosome-positive acute lymphoblastic leukemia. Blood. 2019;133(2):130-136.

50
Q

(ASCO 2019) Homem de 57 anos com fadiga, epistaxe e febre baixa há 4 semanas. Hemograma mostra pancitopenia e estudo medular confirma o diagnóstico de LMA. Realizado painel de mutações mieloides com resultado de NPM1 mutado. Qual das seguintes afirmações de LMA com NPM1 mutado é correta?

(A) Geralmente é associado com mutações de MLL
(B) Associado curso mais indolente e maior OS
(C) Tipicamente os pacientes se apresentam com leucopenia e cariótipo anormal
(D) NPM1 é uma anormalidade adquirida infrequente em LMA

A

(B) Associado curso mais indolente e maior OS

Anormalidades no gene NPM1 são encontradas em aproximadamente 25-50% dos pacientes com LMA, sendo comum em pacientes com cariótipo normal (LETRAS C e D INCORRETAS)

Essa mutação é associada com melhores desfechos em pacientes com LMA, embora ainda não se saiba o mecanismo da maior quimiossensibilidade (LETRA B CORRETA). No entanto, mutações adicionais podem atrapalhar esse benefício de OS, como por exemplo se NPM1 com FLT3 ou outras alterações cromossômicas.

51
Q

(ASCO 2019) Homem previamente hígido de 32 anos se apresenta ao PS com fadiga e palidez. Ao exame físico apresentava linfadenopatia difusa envolvendo região cervical, axilar e inguinal. O baço era palpável 4cm abaixo do RCE. O seu hemograma mostra:
- Hb 5,7
- Leuco 48.000
- Plaq 5.000
IFSP mostra células CD10, CD19, CD22 e TdT. Cariótipo mostra hiperdiploidia.
Foi iniciado tratamento com esquema pediátrico baseado no CALGB 10403, tendo tolerado bem o protocolo.
Após a consolidação proposta, foi realizada uma nova avaliação da MO com citometria de fluxo e DRM negativa.
Qual é o próximo passo mais adequado?

(A) Consolidação com Blinatumumab
(B) Continuar o curso de consolidação/intensificação proposto e follow up com terapia de manutenção
(C) Encaminhar para consideração de TMO alogênico
(D) Encaminhar para um trial clinico usando CAR-T

A

(B) Continuar o curso de consolidação/intensificação proposto e follow up com terapia de manutenção

Paciente jovem, sem citogenética de alto risco (hiperdiploidia), tratado com regime pediátrico e atingindo DRM negativa após a consolidação.

Atualmente, a DRM se tornou o principal indicador de prognóstico em pacientes com LLA B, sendo importante critério entre escolha da indicação de TMO em adultos com LLA tratados com esquemas pediátricos (exceção para Ph+ que tem indicação de TMO em todos os casos).
Pacientes adultos jovens, bons responderes a esquemas pediátricos com DRM negativa ao fim da consolidação pode ser tratados sem TMO em CR1. Ao contrário, mesmo que pacientes classificados como risco standard que se apresentem com DRM positiva ao final da consolidação, o TMO deve ser considerado.

Portanto, o paciente em questão tolerou bem o tratamento, sem outros critérios de alto risco citogenética e molecular, sem interrupções do protocolo e se apresentando com DRM negativa deve manter o tratamento atual, sem indicação de mudar terapia.

REFERENCIA

Curran, E. and W. Stock, How | treat acute lymphoblastic leukemia in older adolescents and young adults. Blood, 2015. 125(24): p. 3702-10

52
Q

Quais as características citogeneticas e moleculares de alto risco em pacientes com LLA B?

A
  • t(9;22) / BCR::ABL1
  • t(4;11)
  • Low hipodiploidia
  • Cariotipo complexo
  • Ph-like LLA
  • DRM positiva principal indicador
53
Q

(ASCO 2019) Mulher de 52 anos se apresenta com fraqueza progressiva. Tem história de carcinoma ductal in situem mama E, tendo sido tratada com mastectomia, RT e tamoxifeno por 4 anos. Hemograma mostra:
- Hb 8,2
- Leuco 28.000
- Plaq 17.000
Foi realizada uma biopsia de medula que mostrou 30% de blastos com CD34, CD117, CD33 positivo de 30%. O cariótipo apresentava t(8;21) e estudos moleculares positivos para FLT3-ITD com AR 0,3. Sem outras disfunções orgânicas. Qual o proximo passo mais adequado no tratamento?

(A) HU para manter leuco < 10.000 e encaminhar para TMO alogênico
(B) Indução com HiDAC
(C) Indução com D3A7 + Gilteritinib
(D) Indução com D3A7 + Gemtuzumab/Ozogamicina

A

(D) Indução com D3A7 + Gemtuzumab/Ozogamicina

Paciente com diagnóstico de LMA e indicação para inicio de terapia. Antes de definir a terapia de indução devemos avaliar a PS e comorbidades, além do risco citogenética/molecular da LMA.
É uma paciente candidata a terapia intensiva e TMO. E quanto ao risco da doença, ela possui uma alteração genética de risco FAVORAVEL - t(8;21), geralmente associada ao RUNX1::RUNX1T1 - além da presença de outra alteração molecular FLT3-ITD. O FLT3 é uma alteração molecular geralmente associada a doença de maior risco, mas depende do seu contexto mutacional. Se associada ao NPM1 é caraterizada como favorável e no caso da paciente, ela possui um FLT3 wild type (heterozigoto), com carga alelica (AR - carga FLT3 mutado dividido pelo wild type) de 0,3. Pacientes com carga alelica < 0,5 apresentam prognóstico mais favorável. Portanto, essa paciente tem um prognóstico mais favorável, podendo ser discutido tratamento sem TMO.

Mesmo tendo uma carga alelica baixa, essa paciente no entanto, se beneficiaria de associar um inibidor de FLT3 em primeira linha em conjunto com D3A7, como midostaurin ou quizartinib. Midostaurin foi aprovado nesse uso através do estudo fase III RATIFY, que incluiu pacientes com FLT3 ITD e TKD, e mesmo com cargas alelicas baixas (<0,5). Os pacientes apresentaram um beneficio de tratamento com esse inibidor. No entanto, o que torna a alternativa C INCORRETA é que o GIlteritinib é uma droga de segunda geração usada no contexto de R/R, não sendo o caso da questão.

Além disso, seu perfil imunofenotipico mostra CD33 positivo, sendo uma indicação do uso de anti-CD33 Gemtuzumab Ozogamicina em pacientes com LMA de risco favorável ou intermediário.

Ao meu ver, talvez o mais indicado fosse associar midostaurin ou quizartinib ao invés do anti-CD33 por maiores benefícios, mas não há alternativa compatível.

54
Q

(ASCO 2019) Homem de 54 anos, previamente hígido, com historia de fadiga, sangramento gengival e infecções recorrentes de vias aéreas nos ultimos 2 meses. Apresenta esplenomegalia palpável a 4cm de RCE. Percebeu menor tolerância aos esforços e dispneia. Nega tabagismo. Histórico familiar de cancer de mama da mãe e tia aos 30 anos. Hemograma com leuco de 36.000 com 70% de blastos circulantes. Função renal e hepática normais. Realizado estudo medular com confirmação do diagnóstico de Leucemia Mielomonocítica Aguda e estudo citogenética/molecular mostra inv(16) sem mutação FLT3 ou c-KIT. Ele possui um hemograma de 6 meses atras sem alterações.
Decidido iniciar terapia de indução com D3A7, com realização de mais um ciclo de reindução e posteriormente realizados 2 ciclos de consolidação com HiDAC. Depois desses dois ciclos apresentou recuperação hematológica e ele retorna para decidir o resto do tratamento. Qual é o proximo passo mais adequado?

(A) Continuar com mais dois ciclos de HiDAC e depois TMO alogênico
(B) Continuar com mais dois ciclos de HiDAC seguido de terapia de manutenção com Ara-C diário SC
(C) Continuar com mais dois ciclos de HiDAC seguido de observação
(D) Encaminhamento para considerar TMO alogênico

A

(C) Continuar com mais dois ciclos de HiDAC seguido de observação

Trata-se de um paciente jovem com diagnóstico recente de LMA. Antes de decidirmos o tratamento, devemos avaliar o PS do paciente e características citogeneticas e moleculares da doença.
O paciente é relativamente jovem, sem comorbidades e poderia ser um candidato para terapia intensiva e TMO caso indicado.
Quanto a características da doença, apresenta leucemia mielomonocítica, que é compatível com a apresentação de infiltração tecidual (esplenomegalia e talvez gengival), além de inv(16) no cariótipo, que frequente associa-se a mutação do CBFB-MYH11. Essa alteração é caracterizada como doença de risco favorável e geralmente associada a esse fenótipo mielomonocitico.

Tendo em vista que esse paciente é caracterizado como risco favorável, indica-se terapia de indução com D3A7 e consolidação com HiDAC pelo menos 3-5 ciclos, sem indicação de TMO em CR1.

55
Q

(ASCO 2019) Homem de 58 anos com queixa de fadiga e sudorese noturna no ultimo mes. Apresenta leuco de 56.000 com 45% de blastos circulantes, Hb 11 e plaquetas 55.000. É submetido a estudo medular e estabelecido diagnóstico de LMA. Citogenética normal e perfil molecular com mutação FLT3-ITD. Qual a melhor terapia de indução a ser indicada para esse paciente?

(A) D3A7 + Gemtuzumab/Ozogamicina
(B) D3A7 + Midostaurin
(C) Daunorrubicina lipossomal e citarabina
(D) HiDAC + Daunorrubicina

A

(B) D3A7 + Midostaurin

Trata-se de um paciente de 58 anos com diagnóstico recente de LMA.
Antes de escolher o melhor tratamento devemos avaliar quanto a PS e comorbidades e sobre características do comportamento da doença
O paciente é < 60 anos, sem comorbidades e portanto, sem limitações a terapia intensiva e possivelmente TMO se indicado.
Quando a características da doença, a presença de mutação FLT3-ITD é associada a prognóstico mais reservado, mas permite o tratamento guiado por inibidores de FLT3.
Os mais indicados na primeira linha são Midostaurin (ITD ou TKD) ou Quizartinib (ITD) em associação com D3A7, sendo o Gilteritinib reservado para casos R/R. O estudo do Midostaurin foi o RATIFY trial, que mostrou beneficio em EFS e OS sem toxicidade adicional nesses pacientes.

LETRA A INCORRETA: Gemtuzumab?ozogamicina é um anticorpo monoclonal anti-CD33 que pode ser usado em pacientes com blastos CD33 positivos, mas com benefícios mais questionaveis do que o Midostaurin para os pacientes FLT3.

LETRA C INCORRETA: Dauno lipossomal seria indicada em pacientes com maior risco de cardiotoxicidade, sem diferença de efetividade em relação ao produto padrão

LETRA D INCORRETA: HiDAC deve ser reservada para doses de consolidação, sem beneficio e com aumento de toxicidade em indução

REFERENCIA

Schlenk, R., et al., Midostaurin in Combination with Intensive Induction and As Single Agent Maintenance Therapy after Consolidation Therapy with Allogeneic Hematopoietic Stem Cell Transplantation or High-Dose Cytarabine. Blood, 2015.126(23): p. 322.

Stone RM, Mandrekar SJ, Sanford BL, et al. Midostaurin plus Chemotherapy for Acute Myeloid Leukemia with a FLT3 Mutation. The New England journal of medicine. 2017;377(5):454-464.

Kindler T, Lipbka DB, Fischer T. FLT3 as a therapeutic target in AML: still challenging after all these years. Blood. Dec 9 2010;116(24):5089-5102.

56
Q

(ASCO 2019) Homem de 67 anos com fadiga progressiva e palidez, além de hematomas nas ultimas 3 semanas. Realizada investigação laboratorial e estudo medular com diagnostico de LMA. Estudo genético e molecular mostrou apenas CEBPA-bilalelico. Qual o impacto prognostico e no tratamento que esse achado implica?

(A) A presenca de CEBPA-bilalelico é associada a risco citogenético intermediário
(B) Pacientes com CEBPA bilalelico tem OS maior significativamente em 8 anos comparado com pacientes CEBPA heterozigoto e wild-type
(C) Mutação NPM1 adiciona beneficio adicional a CEPBA de alelo único
(D) Pacientes com CEBPA bialelico tem alta probabilidade de ter mutação de NPM1 associado

A

(B) Pacientes com CEBPA bilalelico tem OS maior significativamente em 8 anos comparado com pacientes CEBPA heterozigoto e wild-type

Antes de iniciar o tratamento de qualquer paciente com LMA devemos avaliar o paciente e sua PS, alem de características que avaliam o comportamento da doença.
Esse paciente possui uma LMA com mutação de CEBPA-bialelico, sendo caracterizado como risco FAVORAVEL.

O CEPBA é um gene que codifica um fator de transcrição resposnsavel pela diferenciação celular em células mieloides. É uma das mutações presentes em casos de leucemias familiares, e está presente em 13-20% de pacientes com LMA e cariótipo normal.
Pacientes com mutações de CEBPA tendem a ter um prognóstico mais favorável, mas é apenas um fator independente de risco favorável em situações de duplas mutações (bialelico) e na região do b-Zip.

Um estudo comparou o desfecho de prognóstico em pacientes com CEBPA bialelico e com unica mutação. O estudo mostrou que pacientes com unica mutação eram mais associados a outras alterações moleculares de alto risco, como NPM1+FLT3 e, apesar de ainda traduzir uma melhor resposta, tinha desfechos piores que pacientes com mutações bialelicas

57
Q

(HIAE 2023) Paciente do sexo feminino, 30 anos, com antecedente de cancer de mama. Comparece ao PS com equimoses e gengivorragia. Exames:
- Hb 7
- Leuco 45.000 (80% blastos com morfologia hipergranular com bastões de Auer)
- Plaq 15.000
- TP 45%
- TTPA 1,9
- Fibrinogenio 95
Sobre este caso:

(A) Leucoaferese pode ser indicada nesse momento se sintomas de leucostase
(B) ATRA e quimioterapia citorredutora podem ser iniciados na suspeita de LPA, mesmo antes dos resultados moleculares
(C) Transfundir plaquetas para alvo de 30-50.000. Crioprecipitado será necessário apenas se fibrinogênio cair abaixo de 50mg/dl
(D) Se confirmado diagnóstico de LPA, deverá ser realizada investigação de SNC na terapia de indução, por se tratar de uma leucemia de alto risco

A

(B) ATRA e quimioterapia citorredutora podem ser iniciados na suspeita de LPA, mesmo antes dos resultados moleculares

A LPA é considerada uma emergencia hematológica, tendo em vista suas complicações potencialmente fatais como a CIVD. A grande maioria dos pacientes com LPA morrem nos primeiros 30 dias e dentre eles, 1/3 morre antes da primeira dose de ATRA. Dessa forma com o objetivo de prevenir mortes precoces, uma vez que suspeitado o diagnostico de LPA, o paciente deve ser hospitalizado e o tratamento com ATRA deve ser iniciado antes mesmo da confirmação diagnóstica por métodos citogeneticos e moleculares. A suspeita clinica baseada na apresentação e ESP já é suficiente para inicio de tratamento (LETRA B CORRETA).
Se o paciente se apresenta com leuco < 10.000 na suspeita, ATRA pode ser iniciado sozinho, mas caso seja um paciente de alto risco com leucocitose > 10.000, deve-se indicar inicio de ATRA + Quimioterapia conforme orientações do ELN.

A coagulopatia de pacientes com LPA é u processo complexo, envolvendo consumo e fibrinolise primária e secundária. Nesses pacientes, sangramento intracraniano e pulmonar são as principais causas de morte antes ou imediatamente após o início do tratamento. Complicações tromboticas são menos frequentes. O tratamento de suporte desses pacientes deve incluir monitorização de plaquetas, fibrinogênio e INR, com reposição de hemocomponentes para atingir alvos específicos:
- Plaquetas > 30-50.000
- INR < 1,5
- Fibrinogenio 100-150
(LETRA C INCORRETA)

A leucoaférese deve ser evitada como tratamento de leucostase nesses pacientes, tendo em vista o elevado risco de sangramento no contexto de CIVD em pacientes com LPA (LETRA A INCORRETA)

Não existe qualquert recomendação formal para investigação de doença no CNS em pacientes com diagnóstico de LPA. Considera-se realizar de acordo com algumas referencias em pacientes com leuco > 10.000 ou com sangramento no SNC (que aumenta consideravelmente o risco de acometimento e recaída em SNC). No entanto, devemos considerar que essa avaliação de LCR não deve ser feita durante a indução e, principalmente, durante a coagulopatia, pelo elevado risco de sangramento pelo procedimento. Cerca de 10% dos pacientes LPA recaídos vão apresentar acometimento de SNC. Isso é menos comum em pacientes que foram tratados com ATO, tendo em vista que esta droga é capaz de atingir concentrações adequadas em LCR (LETRA D INCORRETA)

58
Q

(HIAE 2023) A respeito da LMA com mutação FLT3, está correto afirmar :
(A) Pacientes jovens com FLT3 TKD foram excluídos do estudo RATIFY que avaliou a associação do midostaurin ao esquema 3+7 em pacientes jovens
(B) Manutenção pós transplante com Gilteritinib, por 2 anos, aumento sobrevida global dos pacientes comparado ao placebo em estudo fase 3
(C) Sorafenib e midostaurin são inibidores FLT3 de primeira geração com atividade multiquinase
(D) Mutação TKD é mais frequente que ITD e com melhor prognóstico.

A

(C) Sorafenib e midostaurin são inibidores FLT3 de primeira geração com atividade multiquinase

_LETRA A INCORRETA_: O tratamento de pacientes com LMA e mutação de FLT3 evidente deve ser realizado com o padrão 3+7 associado a um inibidor de FLT3, idealmente o midostaurin ou quizartinib. O estudo que avaliou o midostaurin nesse contexto foi o RATIFY trial, e incluiu pacientes jovens (< 60 anos) com FLT3-ITD e FLT3-TKD, já que o midostaurin é um inibidor multiquinase.

_LETRA B INCORRETA_: O Gilteritinib é um inibidor de FLT3 de segunda geração, indicado para tratamento de segunda linha para pacientes FLT3+. Um estudo fase III publicado no EHA em 2023 chamado MORPHO trial tentou mostrar beneficio em terapia de manutenção com Gilteritinib pós TMO em pacientes LMA FLT3 mutados e mostrou como resultados não haver diferença entre o grupo de manutenção e o grupo placebo em relação a OS. Houve um aparente beneficio de Relapse Free Survival nos pacientes com manutenção, mais evidente nos pacientes com DRM positiva do que nos pacientes DRM negativos.

_LETRA C CORRETA_: Dentre os inibidores de FLT3 que temos disponível podemos listar:
- Sorafenib (1 geração e multiquinase ITD+TKD)
- Midostaurin (1 geração multiquinase ITD+TKD) - RATIFY Trial
- Gilteritinib (2 geração multiquinase ITD+TKD)
- Quizartinib (2 geração ITD apenas) - QuANTUM Trial

_LETRA D INCORRETA_: Existem dois tipos de mutação do FLT3 (ITD e TKD). A mais comum é a ITD e traduzia prognóstico reservado, mas a partir da introdução de drogas alvo inibidoras de FLT3 passou a ser risco intermediário.

59
Q

(DASA 2021) Sobre a LPA, considere as seguintes afirmativas:

I Pacientes com translocação t(11,17) são geralmente resistentes ao ATRA
II O ATRA e o ATO possuem papel na manutenção da remissão
III O imunofenótipo é composto pela expressão de CD 13, CD 33, CD 34 e HLA-DR.
IV A LPA é geralmente resistente a antracíclicos.
V A DRM na LPA após a quimioterapia de consolidação não guarda correlação com o risco de recidiva.

Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
(B) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
(C) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.

A

(A) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras

_I CORRETA_:
A LPA é classicamente caracterizada pela t(15;17) resultando no PML-RARa e promielócitos anomalos e alta tendencia a coagulopatia. No entanto, um subgrupo de pacientes com leucemia aguda e morfologia semelhante a LPA podem apresentar translocações variantes envolvendo o RARA. Uma dessas translocações variantes é a t(11;17) resultanto no gene de fusão ZBTB16-RARA, com alguns relatos demonstrando comportamento resistente ao uso de ATRA. A abordagem ideal desses pacienes é incerta, com algumas referencias indicando tratamento semelhante a LMA.

_II CORRETA_:
Perceba que a questão não indica que ATRA e ATO devem ser usados como terapia de manutenção. A alternativa indica que eles possuem um papel importante em manutenção de remissão e prevenção de recaídas. Alguns estudos compararam a estratégia de ATRA+ATO, com maior efeito benéfico principalmente no grupo de pacientes de não alto risco. Esses estudos mostram maior EFS e menor recaída no grupo de quimio-free. Sendo que o maior estudo mostrou não inferioridade de ATRA+ATO em relação a ATRA+QT, além de menores taxas de efeitos colaterais. Dessa forma, como está associada a menores taxas de recaída (inclusive com ATO tendo boas concentrações em SNC e prevenindido a recaída, podemos afirmar que essas medicações tem papel em manter a remissão.

III INCORRETA:
O imunofenótipo da LPA é composto por dois espectros
- Hipergranular: MPO+, CD13+, CD33+, CD117+, CD64+, HLA-DR-, CD11a-, CD11b-, CD18-, CD34-, CD15-, CD65-
- Hipogranular: MPO+, CD13+, CD33+, CD117+, CD34+, CD2+, HLA-DR-, CD11a-, CD11b-, CD18-

Portanto, apesar de costumar ser negativo nas formas hipergranulares, o CD34 pode ser positivo nos pacientes com LPA hipogranular. No entanto, o que torna a alternativa incorreta é o HLA-DR que é universalmente negativo.

IV INCORRETA:
Inclusive, em pacientes com doença de alto risco, o tratamento indicado é ATRA+QT com antraciclicos

V INCORRETA:
A CR é obtida em virtualmente todos o pacientes submetidos a ATRA+QT ou ATRA+ATO atraves de avaliação molecular com PML-RARa. No entanto, o ideal e que possui valor em risco de recaída é a avaliação cde DRM no final da consolidação, e não da indução. Isso porque após a indução, nas primeiras 3-4 semanas e até 40 dias em alguns pacientes, ainda pode haver a presença de diferenciação tardia com alguns dos promielocitos anomalos, ainda apresentando citogenetica com t(15;17) por FISH ou PCR para PML-RARa. No entanto, esses achados citogenéticos e moleculares após a indução não podem ser considerados como falha de tratamento e não indicam mudança da terapia atual. Ao contrário, a análise molecular ao fim da consolidação é crucial para determinar o risco de recaida. Atingir a remissão molecular ao fim da consolidação corresponde a CR com DRM negativa pelo ELN e é um dos objetivos no tratamento dos pacientes com LPA.
Atualmente, com os tratamentos utilizados, tem se questionado o beneficio de monitoramento intensivo de DRM em pacientes de baixo risco, já que esses pacientes por si só ja possuem um baixo risco de recaída. Dessa forma, a avaliação de DRM pós consolidação pode ser realizado apenas nos pacientes de alto risco ao diagnóstico.
Em relação ao melhor método, análise por PCR de MO para PML-RARa é mais sensível para recaída, mas a facilidade de coleta de SP permite avaliações mais frequentes de forma mais confortável ao paciente, com maior vigilancia tornando igual a sensibilidade dos dois métodos.

60
Q

(UNIFESP TMO 2022) Mulher, 40 anos de idade, sem comorbidades prévias, com diagnóstico atual de LMA. Na pesquisa de mutação mieloide por NGS foi detectado mutação do NPM1. Sobre essa condição é correta afirmar:

(A) Displasia é uma característica frequente na LMA com NPM1 mutado e os blastos podem não expressar marcadores de imaturidade.
(B) A presença de cariótipo complexo não muda a estratificação de risco pela atual classificação da ELN.
(C) Mais que 20% de blastos são necessários para diagnóstico da LMA com NPM1 mutato pela nova classificação da OMS.
(D) A LMA com NPM1 mutado é considerada de baixo risco pela ELN e não tem indicação de consolidação com TMO alogênico, mesmo nos casos de persistência de DRM após consolidação.

A

(A) Displasia é uma característica frequente na LMA com NPM1 mutado e os blastos podem não expressar marcadores de imaturidade

O NPM1 (nucleofosmina 1) é uma fosfoproteína expressa em altos níveis na região granular do nucleolo e tem um papel importante da fisiopatologia de um subgrupo de leucemias agudas. É uma mutação que ocorre em cerca de 35% dos pacientes com LMA e se levarmos em consideração apenas os pacientes com LMA e cariótipo normal, compreende 50% dos casos.

Maioria dos casos de NPM1 mutado apresentam quimiossensibilidade e prognóstico favorável. No entanto, o seu prognóstico é influenciado pela presença de outras alterações citogenéticas e moleculares, como presença de FLT3-ITD e DNMT3A. Além disso, o benefício em prognóstico é mais claro nos pacientes com cariótipo normal, de modo que outras alterações citogenéticas de alto risco (como cariótipo complexo) também limitam o bom prognóstico (LETRA B INCORRETA)

Se apresentado isoladamente, sem nenhuma outra alteração citogenética e molecular de alto risco, o NPM1 por seu bom prognóstico é caracterizado como risco favorável. Dessa forma, o tratamento não preconiza transplante em primeira resposta e orienta consolidação com quimioterapia. O NPM1 é uma alteração molecular que geralmente é estável durante o curso da doença, se apresentando precocemente em casos de recaída e por isso é bastante útil como ferramenta de monitorização de DRM. Dessa forma, é importante a realização de DRm em alguns momentos do tratamento, com a orientação do ELN de que seja realizado ao diagnóstico, após 2 ciclos de indução/consolidação e ao término do tratamento. Claramente, os pacientes com NPM1 mutado que se apresentam ao fim do tratamento com DRM negativa não se beneficiam de TMO, mas a presença de DRM persistente mostra benefício de sobrevida em TMO nesses pacientes (LETRA D INCORRETA)

Quanto ao diagnóstico, a nova classificação da ELN mudou as orientações quanto ao numero de corte de blastos em algumas situações. Enquanto o numero de corte permanece 20% para a maior parte dos pacientes com LMA, os pacientes que apresentam lesões genéticas recorrentes são consideradas LMA com porcentagem de blastos em MO maior que 10%. Isso permite que pacientes com contagem de blastos inferiores acessem abordagem terapeuticas precoces e aumenta a sensibilidade do diagnostico. O grupo de alterações citogenéticas que permite o diagnóstico com blastos > 10% são:
- LMA com t(9;22)/BCR::ABL1
- LMA com CEBPA in-frame bZIP
- LMA com t(9;11)/MLLT3::KMT2A
- LMA com NPM1 mutado (LETRA C CORRETA)
- LMA com t(6;9)/DEK::NUP214
- LMA com t(8;21)/RUNX1::RUNX1T1
- LPA (t(15;17)/PML::RARA
- LMA com t(3;3) ou inv(3)/GATA2, MECOM (EVI1)
- LMA com inv(16) ou t(16;16)/CBFB::MYH11

Quanto a características morfológicas e imunofenotípicas do NPM1, ela pode se apresentar em diferentes subtipos, do M0 ao M7 da antiga classificação da FAB. Além disso, é classicamente associada a displasia multilinhagem e podfe estar relacionada a perda de marcadores mieloides (como o CD13) ou marcadores de imaturidade (como o CD34) - LETRA A CORRETA

61
Q

(AC 2023) A combinação de fatores clínicos, citogenéticos e moleculares identificados nos últimos anos modificou a classificação das LMA e possibilitou nova visão prognóstica. Entre os fatores moleculares, aquele que impacta positivamente na sobrevida dos pacientes é a presença de:

(A) FLT3.
(B) NPM1.
(C) ASXL1.
(D) TP53.
(E) RUNX1.

A

(B) NPM1

Em 2022 houveram atualizações nos critérios diagnósticos, classificação e prognóstico de leucemias mieloides de acordo com o ELN.

Pela estratificação mais recente, existem 4 subgrupos de pacientes com LMA que apresentam um desfecho mais favorável, podendo evitar a necessidade de TMO em primeira CR:
- t(8;21) / RUNX1::RUNX1t1
- t(16;16) ou inv(16) / CBFB::MYH16
- NPM1 sem FLT3
- Mutação bialélica bZIP CEBPA

É importante lembrar que o benef;icio prognóstico de pacientes com LMA e mutação do NPM1 é altamente influenciado por outras alterações citogenéticas e moleculares. Por exemplo, o NPM1 com FLT3-ITD é classificado como risco intermediário.

Dentre as outras opções, todas são classificadas como alterações moleculares de alto risco.

62
Q

(HSL TMO 2022) Mulher de 25 anos, com diagnóstico de LPA de alto risco em fase de manutenção. Realizou tratamento com esquema convencional com Dauno e ATRA, consolidação com citarabina em altas doses e apresenta resultado positivo para PML-RARA em 1a fase em 2 situações com intervalo de 1 mês, em sangue periférico, com hemograma normal. Sobre esse caso, a melhor conduta é:

(A) ATO seguido de consolidação com TMO autólogo com condicionamento baseado em Fludarabina.
(B) ATO seguido de TMO autólogo se remissão molecular com condicionamento baseado em Bussulfano.
(C) Monitorização frequente, visto que paciente apresenta alto risco de recaída morfológica. Se confirmada recaída, tratamento com ATRA + Idarrubicina, seguido de TMO autólogo, se remissão completa molecular.
(D) ATO + ATRA de resgate, com TMO autólogo indicado para os casos que não alcançam remissão molecular.
(E) ATO seguido de consolidação com TMO alogênico de medula óssea, se doador disponível, com condicionamento baseado em fludarabina e ciclofosfamida de intensidade reduzida

A

(B) ATO seguido de TMO autólogo se remissão molecular com condicionamento baseado em Bussulfano

No tratamento de LPA, após o término de consolidação a resposta ao tratamento é avaliada com aspirado MO e biópsia. Deve ser também pesquisado PML::RARA quantitativo por RT-PCR.

O objetivo do tratamento é obter uma resposta molecular completa (CRm), definida pela ausência de transcritos de BCR::ABL1.

Atingir CRm as vezes demora, sendo geralmente obtida após o término da consolidação, embora possa ser atingida mais precocemente se o ATO for utilizado na consolidação. Dessa forma, a avaliação de PML::RARA no pós indução é questionável, pois não deve mudar tratamento.
Caso o paciente tenha um PML::RARA positivo após o término da consolidação, deve ser realizada uma segunda avaliação medular depois de 4 semanas. Caso o segundo seja negativo, deve-se prosseguir com manutenção. Caso o segundo seja positivo o paciente deve ser avaliado como doença resistente

No caso de pacientes com LPA R/R o objetivo é mudar a abordagem para atingir uma segunda remissão completa e consolidação com transplante autólogo.

O esquema de resgate depende do tratamento utilizado em primeira linha, de modo que um paciente que foi tratado em primeira linha com ATRA+QT pode ser tratado com ATRA+ATRO.
O ATO é capaz de atingir CR em 85-88% dos pacientes. É incerto se adicionar ATRA ao ATO na recaída é melhor que ATO isoladamente. Além disso, ATO é útil em penetrar a barreira hemato-encefálica e pode ser usada em pacientes com acometimento de SNC.

Em relação a consolidação, o TMO autólogo deve ser considerado se remissão com resgate. Se o paciente não conseguir atingir resposta o TMO aologênico pode ser considerado.

No caso da questão, o condicionamento deve incluir um regime mieloablativo, geralmente com Bussulfano e não fludarabina.

63
Q

(UNIFESP TMO 2024) Mulher, 66 anos, procura PS devido a febre e astenia. Solicitado exames iniciais, incluindo hemograma que demonstrou: Hb 6,8; Leuco 25000 (Neutro 1000, Linfo 4000, Blastos 15000 - 60%), Plaq 52000. Solicitado imunofenotipagem de SP: CD13+, CD33+, CD34+, CD38++, CD71+, CD81+, CD117+, CD123+, HLA-DR+.
- Cariótipo: 46 XX,+8.
- FISH: sem alterações.
- Painel de mutações mieloides ASXL1, IDH2, DMT3A, TET2.

De acordo com a atual classificação da ELN 2022. Qual é o diagnóstico dessa paciente?

(A) LMA com alterações genéticas associadas a SMD
(B) LMA com alterações citogenéticas recorrentes
(C) É necessária avaliação medular para correta classificação
(D) LMA sem outras especificação

A

(A) LMA com alterações genéticas associadas a SMD

Trata-se de uma paciente de 66 anos com bicitopenia e leucocitose com presença de 60% de blastos em SP. A presença dessa porcentagem de blastos circulantes nos leva a considerar a hipótese de leucemia aguda. Quando realizamos a IF de SP, conseguimos perceber que esses blastos são fenotipicamente mieloides, pela presença de CD13+, CD33+, CD34+, CD117+ e HLA-DR+.

Recentemente, a ELN mudou os critérios de diagnóstico e classificação de pacientes com LMA. Essas mudanças incluem mudança no corte de blastos para o diagnóstico de LMA em alguns contextos. No caso da paciente em questão, pela grande quantidade de blastos o diagnóstico j’;a estaria estabelecido. Mas o fluxograma para classificação desses pacientes depende de achados citogenéticos e moleculares.

1) EXISTEM ALTERAÇÕES CITOGENÉTICAS RECORRENTES?
Caso o paciente apresente alterações citogenéticas recorrentes, o diagnóstico pode ser estabelecido independente da contagem de blastos.
As alterações recorrentes são:
- t(8;21) - RUNX1::RUNX1T1
- t(16;16) inv(16) - CBFB::MYH11
- NPM1 mutado
- CEBPA com mutação bialélica de bZip
- t(15;17) - PML::RARa
- t(9;22) - BCR::ABL1
- t(9;11) - MLL::KMT2A
- t(6;9) - DEK::NUP214
- t(3;3) inv(3) - GATA2, MECOM(EVI1)

2) EXISTE MUTAÇÃO TP53?
A segunda pergunta depende do status mutacional do TP53.
Caso exista mutação:
- 10-20% blastos: SMD/LMA com TP53 mutado
- >20% blastos: LMA com TP53 mutado

3) EXISTEM ALTERAÇÕES MOLECULARES DE SMD?
A terceira pergunta busca alterações relacionadas a SMD:
- ASXL1
- BCOR
- EZH2
- RUNX1
- SF3B1
- SRSF2
- STAG2
- U2AF1
- ZRSR2
Quando existem alguma dessas alterações, a classificação depende da quantidade de blastos:
- 10-20% blastos: SMD/LMA com alterações genéticas relacionadas a SMD
- > 20% blastos: LMA com alterações genéticas relacionadas a SMD

4) EXISTEM ALTERAÇÕES CITOGENÉTICAS RELACIONADAS A SMD?
Além de alterações genéticas moleculares, devemos questionar também se existem alterações citogenéticas:
- Cariótipo complexo
- Del(5q)
- Del(7q) ou -7
- +8
- Del(12p)
- inv(17) ou -17
- Del(17p)
- Del(20q)
A classificação também depende da quantidade de blastos:
- 10-20% blastos: SMD/LMA com alterações citogenéticas relacionadas a SMD
- > 20% blastos: LMA com alterações citogenéticas relacionadas a SMD

5) LMA NÃO ESPECIFICADA.
Se todas as perguntas forem negativas, a LMA é classificada como não especificada:
- 10-20% blastos: SMD/LMA NOS
- >20% blastos: LMA NOS

Levando em consideração a paciente em questão, ela possui 60% de blastos e na pesquisa de mutações genéticas moleculares ou citogenéticas, percebemos:
- +8
- ASXL1 mutado
A presença de alteração genética molecular e ausência de alterações recorrentes classifica o diagnóstico como LMA com alterações genéticas relacionadas a SMD (e não alterações citogenéticas relacionadas a SMD pelo +8) - LETRA A CORRETA.

64
Q

Qual subtipo de LMA tem uma certa resistencia intrínseca ao venetoclax?

A

Leucemia monicítica aguda (antiga FAB M5).

Terapia baseada em venetoclax pode induzir taxas de resposta em aproximadamente 70% dos pacientes idosos virgens de tratamento para LMA.
No entanto, resistencia e recaída após resposta inicial com venetoclax mostra necessidade de maior entendimento dos mecanismos de resistencia.

Estudos mostram que subtipos morfológicos monocíticos são mais resistentes. Isso porque essas células costumam perder expressão do BCL2 e necessita de maior expressão de MCL1para mediar fosforilação oxidativa e sobrevida.

65
Q

AGILE Trial

A

NEJM 2022
- População: Pacientes com LMA e IDH1 mutado não candidatos a terapia intensiva
- Esquemas: Azacitidina + Ivosidenib VS Azacitidina + Placebo
- Desfechos: Maiores taxas de resposta com Ivosidenib (47% vs 15%). Melhores desfechos de OS

66
Q

VIALE-C

A
  • População: Pacientes inelegíveis para tratamento de pcientes primeira linha unfit
  • Esquemas: Veneto + LDAC VS Veneto + Placebo
  • Desfechos: O desfecho primário é OS e não mostrou benefício significativo em favor de veneto + LDAC depois de um follow up de 12 meses. Depois de uma análise post-hoc com follow up de 17,5 meses a mediana de OS foi significativamente maior no grupo Ven+LDAC (8,4m vs 4,1m p=0,04). Além disso, houveram mais CR/CRi no grupo Ven+LDAC (48,3% vs 13,2%).
    Em 2022 foi publicado um estudo de maior follow up (2 anos) desses pacientes, com manutençao da mediana de OS. A taxa de 2y OS foi de 21 vs 12%.
  • Conclusão: Em pacientes unfit para terapia intensiva em primeira linha, a melhor opção ainda se trata de Ven+HMA (pela extrapolação de dados entre o Viale-A e o Viale-C). No entanto, pelo benefício de OS comparado com placebo, Ven+LDAC é uma opção para os pacientes sem acesso a hipometilantes
67
Q

De acordo com a classificação da ELN 2022 quais são as alterações citogenéticas recorrentes que podem ocorrer na LMA?

A
  • t(15;17) - PML::RARA
  • t(8;21) - RUNX1::RUNX1T1
  • t(16;16) ou inv(16) - CBFB::MYH11
  • t(9:22) - BRC::ABL1
  • t(9;11) - MLL3::KMT2A
  • t(6;9) - DEK::NUP214
  • LMA com NPM1 mutado
  • LMA com mutação inframe bZIP CEBPA (mono ou bialélica)
  • T(3;3) ou inv(3) - GATA2 ou MECOM(EVI1)
68
Q

Quais são as drogas que mais comumente estão associadas a LMA relacionada a terapia e qual o comportamento clínico?

A

A LMA relacionada a terapia compreende cerca de 10-15% de todas as LMA diagnosticadas e a sua frequencia vem aumentando pelo maior numero de pacientes sobreviventes de terapia oncológica. O termo t-LMA não é mais considerado uma entidade, mas sim usado como qualificador da apresentação e a classificação deve ser feita usando o algoritmo do ELN2022, baseando-se principalmente em características citogenéticas e moleculares.

Em geral, a LMA relacionada a terapia é associada a lesões genéticas de risco adverso e mais de 90% apresentam cariótipo anormal.

O subtipo mais comum (75% dos casos) tipicamente se apresenta 5-7 anos após a exposição a agentes alquilantes ou radiação e frequentemente é precedida por SMD, acompanhada de anormalidades no cromossomo 5 e/ou 7 ou cariótipo complexo com mutação do TP53.

Alguns pacientes desenvolvem LMA após tratamento com inibidores de topoisomerase II levando a translocações envolvendo KMT2A, RUNX1 ou RARA. Nesses casos o período de latencia é menor, de 1-3 anos e raramente é precedida por SMD

69
Q

Quais são os subtipos de LMA que mais se beneficiam da associação de Gemtuzumab-Ozogamicina ao tratamento?

A

GO é u, anticorpo anti-CD33 ligado a um anticorpo citotóxico associado a caliqueamicina. Os resultados do uso desse medicamento em pacientes com LMA e CD33+ não são tão robustos, mas existem dados que mostram benefício em EFS, sendo este limitado a pacientes com citogenética de risco favorável ou intermediário. Os melhores desfechos foram observados em pacientes com LMA CBFB (RUNX1::RUNX1T1 e CBFB::MYH11) ou NPM1 mutado.

70
Q

(DASA TMO 2021) Homem, 75 anos, portador de hipotireoidismo, DM2, HAS e DAC. Procura PS com o seguinte hemograma: Hb 6,0, Leucócitos 47000 (Blastos 50%), Plaquetas 27mil. ISFP CD34+, CD19+, Tdt+, CD22+, CD79a+, CD4-, CD8-, CD10+, CD33+, CD13-, MPO -. FISH para BCR/ABL positivo. Qual o melhor tratamento para esse paciente?

(A) Venetoclax + Vidaza
(B) GRAALL
(C) Blinatumomabe
(D) Inibidor de tirosina quinase + corticoide

A

(D) Inibidor de tirosina quinase + corticoide

Trata-se de um paciente de 75 anos com diagnóstico de leucemia aguda e evidencia de blastos mieloides caracterizados por CD34+, TdT+ e marcadores B (CD19, CD22, CD79a). Na avaliação adicional com pesquisa molecular foi evidenciado BCR::ABL1, caracterizando uma LLB Ph+ no idoso.

A frequencia de LLA Ph+ aumenta com a idade e é encontrada em aproximadamente 50% dos pacientes com LLA acima de 60 anos de idade, além de ser incomum em pacientes crianças e adolescentes. O uso de ITKs é parte essencial do tratamento (isoladamente, com corticoides ou associado a quimioterapia). Essas medicações devem ser iniciadas precocemente do diagnóstico desses pacientes e estão relacionados a altas taxas de CR (>90%). Os ITKs em combinação com quimioterapia reduz a DRM mais rapidamente a níveis mais profundos do que com quimioterapia isoladamente.

Quanto ao ITK ideal para uso nessas situações, alguns estudos demonstram maior benefício com ITKs de segunda geração, com mais estudos de dasatinib do que nilotinib nesse contexto. Os ITKs de segunda geração possuem o benefício na teoria de maior potencia e maior atividade contra algumas mutações do domínio de tirosina quinase, além de benefício teórico de maior penetração de barreia hemato-encefálica.

Como descrito previamente, o uso de um ITK é um componente essencial da indução de remissão em pacientes com LLA Ph+. No entanto, um ITK isoladamente não é suficiente e a terapia de indução deve ser associada a quimioterapia ou glicocorticoide. Ambas as abordagens geralmente apresentam bons desfechos no tratamento de primeira linha que permitem que o paciente seja tratado com manejo pós remissão. As diferenças são baseadas no perfil de toxicidade e na profundidade de resposta molecular. Nenhum estudo randomizado avaliou comparativamente as duas estratégias.

O uso de ITK com glicocorticoides está associado a boas taxas de CR com menor toxicidade em relação aos pacientes com quimioterapia.

Em pacientes idosos (como o paciente em questão), principalmente os pacientes mais frágeis, costumam ser tratados com ITK+corticoides ou quimioterapia de baixa intensidade.

A única opção que inclui ITK no esquema é a letra D (LETRA D CORRETA)

LETRA A INCORRETA: Opção de tratamento de pacientes com LMA não candidatos a terapia intensiva
LETRA B INCORRETA: GRAALL é um esquema de tratamento para pacientes com LLA PH-. O esquema correspondente que inclui ITK é o GRAAPH.
LETRA C INCORRETA: O Blinatumumab é uma das opções que pode ser incluida no tratamento de primeira linha de pacientes com LLA Ph+. Um estudo fase 2 do grupo italiano GIMEMA LAL2116 avaliou o tratamento de pacientes com LLA Ph+ que foram tratados com dasatinib e corticoides seguido de 5 ciclos de blinatumumab combinado com dasatinib. O estudo demonstrou boas taxas de resposta (CR 98%) ao tratamento de primeira linha. Em 18 meses, 88% dos pacientes estavam em DFS, apesar de que 40% desses foram submetidos a TMO, confundindo o efeito da estratégia quimio-free. Outros centros também advogam o uso de Blinatumumab, como o MDACC, que costuma usar Blina + HyperCVAD + Ponatinib ou Blina + Ponatinib. No entanto, o Blina nunca deve ser usado em primeira linha isoladamente.

71
Q

(DASA TMO 2021) Paciente de 34 anos, com diagnóstico de LMA, atingiu CR após indução com esquema 7+3. O cariótipo e a análise molecular ao diagnóstico mostraram t(16;16)(p13.1;q22);CBFB-MYH11. Tem 3 irmãos HLA-idênticos e ausência de comorbidades:
A melhor conduta para a paciente é:

(A) Consolidar com 3 ciclos de citarabina em altas doses.
(B) Consolidar com novo ciclo de 7+3 e 1 ciclo de HiDAC (alta dose de citarabina) e TMO alogênico somente na recidiva.
(C) Consolidar com 2 ciclos de citarabina dose intermediária.
(D) TMO alogênico após 1 ciclo de HiDAC (alta dose de citarabina).

A

(A) Consolidar com 3 ciclos de citarabina em altas doses

Trata-se de um paciente jovem diagnosticado com LMA com t(16;16) CBFB::MYH11, sendo caracterizada como risco favorável pela classificação mais recente da ELN. Dessa forma, foi indicado tratamento com esquema de indução com D3A7, atingindo remissão completa após esse período.
Após a remissão completa, devemos planejar o tratamento de consolidação desse paciente e a escolha irá depender da estratificação de risco. Por se tratar de um paciente com risco favorável e aparente DRM negativa ao fim da indução, não é necessário consolidação com TMO alogenico, sendo essa estratégia reservada para pacientes de alto risco, alguns de risco intermediário ou risco favorável que falharam em atingir DRM com indução. Alguns estudos já demonstraram que nesse cenário de doença de risco favorável não demonstram benefício em OS ou DFS (apesar que os estudos eram randomizados de acordo com a disponibilidade de doadores aparentados). Dessa forma, não vale a pena expor o paciente aos riscos de morbimortalidade pelo TMO - LETRA D INCORRETA.

Alguns protocolos podem indicar uma segunda indução com esquema de D3A7, mas principalmente nos pacientes que falham em atingir respostas satisfatórias após a primeira indução - LETRA B INCORRETA

Nesse caso, já que o paciente não será candidato a terapia de consolidação com TMO, a consolidação deve ser feita através de 3 ciclos de citarabina com dose elevada (> 3g/m2 por 3 dias) - LETRA A CORRETA.

72
Q

(DASA TMO 2021) Sobre as LMA com anormalidades citogenéticas recorrentes, considere as seguintes afirmativas:

I. Na LMA com translocação (8,21), a alteração molecular encontrada é CBFB-MYH11
II. Na LMA com inv(16) (p13.1q22), a alteração molecular é RUNX1-RUNX1T1.
III. A LMA com mutação bialélica do CEBPA tem bom prognóstico.
IV. A presença de FLT3 piora o prognóstico de pacientes com mutação NPM1 e CEBPA.
Assinale a alternativa correta:

(A) Somente a afirmativa I é verdadeira.
(B) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
C) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.

A

C) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras

73
Q

Qual alteração genética está relacionada a MAIOR risco de cardiotoxicidade após exposição à antraciclina na leucemia mieloide aguda?

(A) Mutação do FLT3-ITD
(B) Mutação do NPM1
(C) Mutação do IDH 1/2
(D) Mutação do ASXL1

A

(C) Mutação do IDH 1/2

Sabe-se que a hematopoese clonal de significado indeterminado (CHIP) está relacionada a maior mortalidade em relação à população geral, maior risco de doença arterial coronariana e maior incidência de insuficiência cardíaca, principalmente nos pacientes com mutação do DNMT3A ou TET2.

Também foi demonstrado que pacientes portadores de leucemia mieloide aguda com mutação do IDH 1 ou 2 (enzima isocitrato desidrogenase) também apresentam maior frequência de doença arterial coronariana ao diagnóstico e possuem maior risco de evoluir com CARDIOTOXICIDADE após exposição à antraciclina.

A mutação da isocitrato desidrogenase impede a conversão de isocitrato em alfa-cetoglutarato e favorece ao invés disso a síntese do oncometabólito R-2-hidroxiglutarato (R-2HG), que inibe a atividade da TET2.

Key Points:

  1. Pacientes com leucemia mieloide aguda com mutação do IDH1/2 apresentam maior risco de doença arterial coronariana e maior taxa de cardiotoxicidade após exposição à antraciclina.

Referências:

  1. Kattih B, et al. IDH1/2 mutations in acute myeloid leukemia patients and risk of coronary artery disease and cardiac dysfunction—a retrospective propensity score analysis. Leukemia. 2020.
74
Q

Qual alteração genética recorrente está relacionada à presença de BASOFILIA na leucemia mieloide aguda?

(A) t(1;22)
(B) t(6;9)
(C) inv(3)
(D) t(8;21)

A

(B) t(6;9)

A leucemia mieloide aguda com t(6;9)/DEK-NUP214 é uma entidade específica e frequentemente está relacionada à presença de BASOFILIA e DISPLASIA de múltiplas linhagens.

Geralmente acomete adultos jovens e se manifesta com pancitopenia, com contagem de glóbulos brancos menor do que outros tipos de LMA.

A presença de basofilia é definida por número relativo de basófilos em sangue periférico ou medula óssea maior ou igual a 2%.

Cerca de 80% dos casos apresentam mutação do FLT3-ITD concomitante.

Key Points:

  1. A leucemia mieloide aguda com t(6;9)/DEK-NUP214 está relacionada à presença de basofilia.

Referências:

  1. The WHO classification of tumors of hematopoietic and lymphoid tissues. 4th revised edition. 2016.