CMO6 - Terapia Intensiva Flashcards

You may prefer our related Brainscape-certified flashcards:
1
Q

O que é instabilidade hemodinâmica?

A

É um estado de hipoperfusão tecidual. E leva em conta duas grandes variáveis, inversamente proporcionais entre si:
- Débito cardíaco.
- Resistência vascular periférica (arteríolas).

*DC = FC x Vol. Sis.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Quais são os tipos de choque?

A
  • Hipodinâmico (↓ DC ; ↑ RVS): hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo.
  • Hiperdinâmico (↑ DC ; ↓ RVS): distributivo (sepse, anafilaxia, neurogênico).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Quais são os tipos de monitorização hemodinâmica mais utilizados em uma UTI?

A
  • Pressão arterial média.
  • Pressão venosa central (PVC): avalia a volemia e o ventrículo direito, através da pressão do átrio direito.

*Um VD com função alterada pode dificultar a interpretação da volemia.

  • Pressão capilar pulmonar (Pcap): avalia congestão e o ventrículo esquerdo, através da pressão do capilar pulmonar (medidor na ponta, verifica refluxo de sangue do átrio esquerdo e grau de congestão).

*Um VE com função alterada pode dificultar a interpretação da congestão.

  • Débito cardíaco (DC).
  • Resistência vascular sistêmica (IRVS).

*A PVC, a Pcap, o DC e a IRVS podem ser avaliados pelo cateter da artéria pulmonar (Swan-Ganz).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

Como podemos classificar o tipo de instabilidade hemodinâmica de acordo com a monitorização do paciente?

A
  1. Parâmetro de entrada: ↓ PAM.
  2. Ver DC.
    - ↓ DC:
    > PVC e Pcap (↓): hipovolêmico.
    > PVC e Pcap (↑): cardiogênico.
    > PVC (↑) e Pcap (N): obstrutivo (TEP).
  • ↑ DC:
    > PVC e Pcap (↑ ou N): distributivo ou sepse.

*Entendendo…
- ↓ PAM = Hipotensão = Choque.

  • ↓ DC = choque cardiogênico, hipovolêmico ou obstrutivo.
    > PVC e Pcap (↓): hipovolemia, sem congestão = choque hipovolêmico.
    > PVC e Pcap (↑): VD disfuncionante e VE disfuncionante = choque cardiogênico.
    > PVC (↑) e Pcap (N): congestionado do lado direito e normal do lado esquerdo = choque obstrutivo (TEP).
  • ↑ DC = choque distributivo.
    > PVC e Pcap (↑ ou N): expressam o coração direito e esquerdo hiperdinâmico, após o tratamento esses parâmetros podem se normalizar.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Quais os parâmetros de monitorização nos ajudam a identificar a gravidade do choque?

A
  • Diurese (débito urinário < 0,5 mL/Kg/h).
  • Tempo de enchimento capilar (TEC > 3s).
  • Lactato (lactato > 1 mmol/L ou 9 mg/dL).
  • Saturação venosa central (Svc < 70%).
  • Delta CO2 (gradiente venoarterial de CO2): Gap > 5-6.

*Racional por trás do delta CO2: o sangue fica mais tempo “parado” no choque, o que aumenta o tempo de troca, logo, o sangue ficar com mais CO2.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

Quais os parâmetros podemos utilizar para verificar a fluidoresponsividade em um choque?

A
  1. Elevação passiva das pernas a 45° + Monitorização do DC,
    - Responsiva: ↑ DC ≥ 10%.
  2. DELTA-PP (variação da pressão de pulso inspiratória e expiratória).
    - Responsivo: ↑ DPP ≥ 13%.

*Racional por trás do DPP: em um paciente intubado, a inspiração é com pressão positiva, o que diminui retorno venoso, diminui débito cardíaco e diminui a PAS, logo, a diferença entre a PAS e PAD também reduz (PPmin). A expiração de um paciente intubado é com pressão negativa, o que aumenta o retorno venoso, aumenta o débito cardíaco e a PAS, logo, a diferença entre a PAS e PAD também aumenta (PPmax). Assim, se durante a expiração o PP aumentar muito e durante a inspiração o PP reduzir muito, significa que ao se facilitar o retorno venoso (“dar volume fisiológico”) a pressão subiu e ao dificultar a entrada desse volume adicional, a pressão caiu. Logo, o aumento do DPP significa que o paciente é responsivo a volume. Fórmulas:
PP = PAS - PAD.
DPP = PPmax - PPmin
—————————
2 . (PPmax + PPmin)

  1. Ultrassonografia (POCUS):
    - Responsivo: veia cava inferior ≤ 21mm e colapso ≥ 50%.
    - Congestão: > 3 lihas B por espaço intercostal.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

Como é feito o tratamento do choque?

A

Dependo do tipo de choque. Tratamento de base:
1. Hipovolêmico:
- Cristaloide (Ringer, SF 0,9%): padrão.
- Albumina: paciente edemaciado com muito líquido nos tecidos.
- Hemoconcentrados: se necessário.

  1. Cardiogênico / Obstrutivo:
    - Inotrópico (aumentar contratilidade):
    > Dobutamina (beta-adrenérgico): 1° opção.
    > Outros: Dopamina (3-10 ug/Kg/min).
    > Não adrenérgico: milrinona e levosimendana.
    - Suporte circulatório mecânico (ex.: balão de aorta, ajuda a chegar e a sair sangue do VE).

*A dobutamina causa uma queda da PA no início de sua ação, por isso, é interessante em pacientes hipotensos com PAS < 90-80 mmHg, fazer noradrenalina primeiro, a fim de promover uma “cabeça de pressão”.

  1. Distributivo:
    - Vasopressores:
    > Noradrenalina (alfa-adrenérgico): 1° opção.
    > Outros: Dopamina () e Adrenalina.
    > Não alfa: vasopressina (2° opção).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

Qual a fisiopatologia por trás da sepse?

A

Infecção e Predisposição:
TNF alfa / IL-1 / IL-6

Inflamação, vasodilatação, trombose/CIVD, disfunção celular.

Disfunção orgânica.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Qual a definição de sepse e choque séptico?

A

Sepse: disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta imune desregulada a uma infecção.

Choque séptico: necessidade de vasopressor para elevar a PAM ≥ 65 mmHg e lactato > 2 mmol /L (18mg/dL) após reanimação volêmica adequada.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Como é feito o diagnóstico de sepse?

A

O diagnóstico é clínico laboratorial, os escores estratificam o risco, mas NÃO dão diagnóstico.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

Como podemos estratificar o risco na sepse?

A
  • SOFA ≥ 2.
    > PaO2 / FiO2.
    > PAM.
    > Glasgow.
    > Bilirrubinas.
    > Creatinina.
    > Plaquetas.
  • qSOFA ≥ 2: triagem.
    > FR maior que 22.
    > PAS menor que 100.
    > Glasgow menor que 15.
  • NEWS ≥ 7: triagem, mais acurado que o pSOFA (os parâmetros são do qSOFA + sinais vitais).
    > FR maior que 22.
    > PAS menor que 100.
    > Glasgow menor que 15.
    > FC.
    > Temperatura.
    > SpO2.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Qual o “pacote de primeira hora” na sepse?

A
  • Ressuscitação inicial (hidratação).
  • Manejo hemodinâmico.
  • Culturas + antibiótico.

*As culturas não devem atrasar o antibiótico por mais de 45 minutos.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Qual a contada inicial (detalhada) frente a um paciente com sepse?

A

A. Ressuscitação Inicial:
- Obejetivo: reduzir o lactato (“lavar lactato”).
- Cristaloides: 30 ml/Kg, repor em 3h. Ringer (preferível) ou SF 0,9%.
- Guiar de acordo com fluirorresponsividade.

B. Manejo Hemodinâmico
- Objetivo: PAM 65 mmHg.
- Droga de escolha: noradrenalina.
- Opções: adicionar vassopressiva (1°) e/ou dopamina (3°).

C. Cultura e Antibioticoterapia:
- Objetivo: controlar infecção.
- ATB < 1h: choque séptico ou alta probabilidade de sepse.
- ATB < 3h: sepse possível, sem choque séptico (investigar melhor).

*O ATB geralmente é de amplo espectro inicialmente, para depois ser guiado por cultura.

D. Outras medidas:
- Hidrocortisona: se choque séptico refratário (em uso de DVA).
- Dobutamina: se hipoperfusão persistente (redução do débito cardíaco).
- Transfusão: se Hb < 7 g/dL.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Como podemos avaliar o nível de consciência de um paciente? Como podemos investigar um estado de coma?

A
  1. Avaliação do nível de consciência: é feita por escalas (Glasgow, Four, Jouvet…):
    - Glasgow é a mais utilizada.
    - Glasgow < 8: está indicado proteger vias aéreas.
  2. Investigação do coma (semiologia + neuroimagem):
    - Localização: procurar lesão no tronco com avaliação da pupila e dos reflexos (lesões no tronco “desligam” todo o córtex e é de lá que saem os pares cranianos).
    > Reflexo fotomotor: luz nos olhos, pupila contrai.
    > Reflexo corneopalpebral: estimula a córnea, pálpebra fecha.
    > Reflexo oculocefálico: vira a cabeça para um lado e os olhos vão para direção contrária (olhos de boneca), visto apenas em pacientes sedados.
    > Reflexo oculovestibular: seringa com água gelada no ouvido, olho vira para o local da injeção (mais usado em paciente com TRM pela impossibilidade de fazer o oculocefálico).
    > Reflexo da tosse: estimulação da faringe com ocorrência de tosse.
  • Etiologia: estrutural ou tóxico-metabólica.
    > Feita por meio de exames complementares (laboratório, imagem…).
    > Tóxico-metabólica: sem déficit focal e pupilas fotorreagentes (podem estar em midríase ou miose, mas são reativas a luz). A exceção é a hipoglicemia, que mimetizam quadros neurológicos.
    > Causas estruturais costumam ser irrevesvíves, enquanto causas tóxico-metabólicas reversíveis.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

Quais são os critérios para morte encefálica?

A
  1. Pré-requisitos:
    - Lesão encefálica conhecida e irreversível.
    - Tempo de observação: 6 horas (24h se causa hipóxico isquêmica).
    - Sinais vitais:
    > Temperatura maior que 35°C.
    > SatO2 maior que 94%.
    > PAM maior ou igual a 65 mmHg.
  2. Protocolo de morte encefálica:
    - 2 exames clínicos + 1 teste de apneia: feito por dois médicos diferentes, sendo que pelo menos um deve ser neurologista ou intensivista e nenhum pode fazer parte da equipe de transplante.

IDADE INTERVALO ENTRE EXAMES
7d-2m 24h
2m-2a 12h
≥2a 1h

  • Achados do exame clínico:
    > Coma e reflexo do tronco ausentes.
    > Teste de apneia positivo: PaCO2 > 55 e respiração ausente.
  • Exames complementares (arteriografia, doppler, EEG): perfusão, atividades elétrica ou metabólica ausentes.

*Morte encefálica = 2 exames clínicos + 1 teste de apneia + 1 exame complementar compatível.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

Como podemos classificar a insuficiência respiratória? Quais as diferentes de cada uma e o tratamento empregado?

A
  1. Tipo 1 (hipoxêmica): SDRA, IC, TEP…
    - Troca de O2 inadequada.
    - Distúrbio da ventilação/perfusão.
    - Parâmetros:
    > PaO2 / FiO2: P/F < 300.
    > Gradiente alvéolo capilar: G(A-a) O2 > 10-15.
    - Tratamento:
    > Oxigênioterapia (baixo/alto fluxo).
    > Máscara facial.
    > NÃO melhora = VNI / VM.

*Racional por trás do G(A-a) O2: PAO2 é a pressão alveolar de O2 e encontramos esse valor através de uma fórmula. A PaO2 é a pressão arterial de O2 e encontramos esse parâmetro pela gasometria. Os valores de referência variam de acordo com a FiO2 (acima é tido como base uma FiO2 de 21%, a mesma o ar ambiente). Na IR tipo 1, a troca de O2 é inadequada, mas a ventilação está normal (PAO2 normal - chega ar nos alvéolos). No entanto, a PaO2 está reduzida (a troca de O2 é inadequada - não chega O2 no sangue). Assim, como o G(A-a) O2 = PAO2 - PaO2 seu valor aumenta na insuficiência respiratória do tipo 1.

  1. Tipo 2 (hipercaptânica): miastenia gravis, DPOC…
    - Eliminação de CO2 inadequada.
    - Hipoventilação (problema do musculo em manter a respiração).
    - Parâmetros: acidose respiratória.
    > PaCO2: maior que 50.
    > pH: menor que 7,35.
    - Tratamento:
    > Ventilação não invasiva: CPAP (um nível de pressão) ou BIPAP (dois níveis de pressão).
    > Ventilação invasiva: modo VCV (volume controlado) ou PCV (pressão controlada).
17
Q

O que é e como é feito o diagnóstico e a classificação da síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA)?

A
  • Definição: edema pulmonar inflamatório (principal causa: sepse).
  • Diagnóstico: Critérios de Berlim
    Sete dias (início dos sintomas após exposição).
    Descartar outras causas (cardiovascular e hipovolêmica).
    Rx com opacidade bilateral (não é derrame, atelectasia ou nódulo).
    Alteração da relação PaO2/FiO2.
  • Classificação: PaO2/FiO2.
    Leve: ≤ 300.
    Moderada: ≤ 200.
    Grave: ≤ 100.
18
Q

Como é feito o tratamento da síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA)?

A
  • Sem tratamento medicamentoso específico.
  • SDRA leve: pode usar ventilação não invasiva (VNI).
  • Não existe modo ventilatório melhor.
  • Se intubar, sempre realizar ventilação protetora.
19
Q

Quais são os parâmetros da ventilação protetora? O que fazer em casos refratários?

A
  1. Conceito inicial: pulmão está pouco complacente, a ventilação protetora visa reduzir traumas nesse pulmão doente.
  2. Parâmetros:
    - Baixo volume corrente: ≤ 6ml/Kg do peso predito (hipercapnia permissiva). Previne trauma por grande volume.
    - Pressão de platô: ≤ 30 cmH2O. Previne trauma por alta pressão.
    - Driving pressure (platô-PEEP): ≤ 15 cmH2O. Previne trauma por abertura / fechamento exacerbado dos alvéolos.
    - Ajuste da PEEP: recrutar alvéolos, objetivando SpO2 > 90%. Previne atelectasia.

*Racional por trás do driving pressure: a pressão de pico corresponde ao pico de pressão dentro dos alvéolos que ocorre antes do platô (pressão máxima que atinge os alvéolos). A pressão de platô é a pressão que mantem os alvéolos abertos na inspiração, já o PEEP é a pressão mínima é impede que os alvéolos colabem durante a expiração. Assim, ao se estipular um valor máximo para o driving pressure reduzimos o risco de variações muito grandes de pressão dentro desse circuito.

  1. Refratários (PaO2 / FiO2 < 150 após medidas):
    - Posição prona (decúbito ventral por 16h).
    - Bloqueador neuromuscular (se PaO2 / FiO2 < 120).
    - ECMO (membrana extracorpórea de oxigenação).