CM05 - Grandes Síndromes Endócrinas Flashcards

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1
Q

Como é a estrutura da tireoide? Qual a sua unidade funcional e como os hormônios são produzidos?

A
  • Estrutura: dois lobos e um istmo.
  • Unidade funcional: folículo tireoidiano (células foliculares).
  • Produção hormonal: tireoglobulina (célula folicular) + iodo (dieta) pela ação da Tireoperoxidase (TPO) geram os hormônios T3 e T4. Esses hormônios ficam armazenados no folículo.

*O bloqueio da produção hormonal demora para ter efeito clínico, pois grande parte do hormônio é armazenado nos folículos tireoidianos.

**No mundo uma causa comum de disfunção tireoidiana é a baixa ingesta de iodo na dieta. No Brasil, isso não ocorre pois o sal de sozinha é enriquecido com iodo (sal iodado).

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2
Q

Qual a vascularização e a inervação da tireoide?

A
  • Irrigação:
    > A. tireoidea superior (ramo da artéria carótida externa).
    > A tireoidea inferior (ramo do tronco cervical).
  • Nervos:
    > N. laríngeo superior: função de tensionamento das cordas vocais (timbre da voz).
    > N. laríngeo recorrente: função de abdução e adução das cordas vocais (proteção das vias aéreas).
    > N. vago.
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3
Q

Como ocorre a disseminação dos hormônios tireoidianos pelo corpo e qual a função função biológica de casa um deles?

A
  1. Fisiologia hormonal:
    A tireoide produz T3 e T4, sendo o T4 lançado na circulação 20x mais que o T3.
    - T3: exerce função biológica, tem baixa meia vida.
    - T4: meia vida longa é convertida nos tecidos em T3 pela deseiodase I e II, sob demanda de cada tecido. O T4 ainda pode ser convertido perifericamente em T3 reverso (rT3) pela desiodase III, hormônio não funcionante.
  2. Função hormonal:
    - T3:
    > Forma receptores B-adrenérgicos (aumenta ação da adrenalina).
    > Estimula o metabolismo basal (sudorese pele quentes…).
    > Produz calor.
    > Estimula SNC (agitação, insônia…).
  • rT3:
    > Sem função biológica.
    > Reduz ação da desiodase I.
  • T4:
    > Sem função biológica.
    > Convertido em T3 perifericamente sob demanda.
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4
Q

Porque e em quais situações o T4 é convertido em rT3?

A

Isso ocorre em casos nos quais o nível de T4 é maior do que o corpo precisa, sendo assim, ocore conversão em rT3 que é biologicamente inativa. Um exemplo clássico ocorre no paciente inflamado (ex.: CTI). Com o metabolismo já acelerado pela inflamação, o corpo reduz a formação de T3 funcionante, é o chamado “eutiroideo doente”. Por esse motivo, devemos ter cuidado em avaliar a função tiroidiana em paciente agudamente doentes.

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5
Q

Como ocorre o controle hormonal na tireoide?

A

Hipotálamo
↓ TRH
Hipófise
↓ TSH
Tireoide
T3/T4

*TSH estimula hipertrofia, aumento da TPO e aumento da capitação de iodo na tireoide.

**T3/T4 fazem feedback negativo como hipotálamo e com a hipófise.

***T3/T4 tem receptores nucleares.

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6
Q

O que é uma doença tireoidiana primária, segundária e terciária?

A
  • Primária: tireoide (mais comum).
  • Segundária: hipófise (segundo mais comum).
  • Terciária: hipotálamo (raríssimo).
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7
Q

Como ocorre a avaliação prática do eixo tireoidiano?

A
  1. Avaliação:
    - T4 livre: define hiper ou hipotireoidismo (o T4 ligado não tem atividade biológica).
    - TSH: topografa a doença, é o exame mais SENSÍVEL (ótimo para rastreamento).
  2. Resultados:
    - Hiper 1º: ↑T4L e ↓TSH.
    - Hiper 2º: ↑T4L e ↑TSH.
    - Hipo 1º: ↓T4L e ↑TSH.
    - Hipo 2º: ↓T4L e ↓TSH.
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8
Q

O quer determina a presença ou ausência de bócio nas tireoidiapatias?

A

O nível do TSH.

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9
Q

O que é efeito de Wolff-Chaikoff e fenômeno de Jod-Basedow?

A
  • Efeito de Wolff-Chaikoff: é uma redução dos níveis de hormônios tireoidianos causada pela ingestão de grandes quantidades de iodo. Iode em excesso “paralisia a tireoide” (hipotireoidismo), ocorre principalmente em paciente com hipotireoidismo subclínico prévio. Ex.: exame contrastado, comida muito salgada.
  • Fenômeno de Jod-Basedow: é o hipertireoidismo induzido por iodo. Iodo em excesso faz hipertireoidismo, principalmente em pacientes com deficiência prévia de iodo. Ex.: amiodarona.
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10
Q

Qual a diferença entre hipertireoidismo e tireotoxicose?

A
  • Hipertireoidismo: hiperfunção da glândula tireoide.
  • Tireotoxicose: síndrome do excesso do hormônio tireoidiano (hiperprodução, consumo externo…).
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11
Q

Qual a clínica da tireotoxicose?

A
  • Aumento de receptores B-adrenérgicos:
    > Insônia.
    > Tremor.
    > Taquicardia.
    > Sudorese.
    > HAS divergentes.

*O receptor beta no coração causa taquicardia o que eleva a PAS. Já o beta no vaso causa vasodilação o que causa redução da PAD. Isso gera a chamada PA divergente (ex.: hipertiroidismo, exercício físico).

  • Aumento do metabolismo basal:
    > Polifagia.
    > Emagrecimento.
    > Hipercalcemia (aumento da reabsorção óssea).
  • Aumento da produção de calor:
    > Intolerância ao calor,
    > Aumento da temperatura corporal.
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12
Q

Quais as principais causas de hipertiroidismo?

A
  1. Hipertiroidismo Primário:
    - Doença de Graves (mais comum).
    - Bócio multinodular tóxico.
    - Adenoma tóxico (doença de Plummer).
  2. Hipertiroidismo Segundário:
    - Tumor hipofisário produtor de TSH.
  3. SEM Hipertiroidismo:
    - Tireoidite.
    - Tireotoxicose factícia (uso inadvertido do hormônio).
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13
Q

Quais exames de imagem usamos para diferenciar as principais causas de tireotoxicose?

A
  • Índice de captação de iodo radioativo (RAIU):
    > Normal: 5-30%.
    > COM hipertiroidismo: 35-95%.
    > SEM hipertiroidismo: <5%.

*COM hipertiroidismo a glândula está trabalhando, ávida por iodo, RAIU elevado. SEM hipertiroidismo a glândula está trabalhando menos (muito hormônio na cirulação), RAIU baixo.

  • Cintilografia: imagem mostra captação de iodo radioativo.
    > Captação difusa: Graves.
    > Captação em nódulo único: Plummer.
    > Captação multinodular: bócio multinodular tóxico.
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14
Q

Qual a fisiopatologia por trás da doença de Graves?

A

É uma doença autoimune, sendo mais prevalente em mulheres de meia idade, na qual ocorre a produção, pela própria tireoide, de um auto-anticorpo que mimetiza o TSH, o TRAb estimulador. Por ser auto-imune, pode ocorrer a positivação dos seguintes anticorpos:
- TRAb estimulador (TSI).
- Anti-TPO.
- Anti-Tg.

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15
Q

Qual a clínica da doença de Graves?

A
  • Tireotoxicose.
  • Bócio difuso com sopro e frêmito.
  • Mixedema, com sinal do cacifo negativo (pré-tibial é o local mais comum).
  • Exoftalmopatia (geralmente bilateral, mas pode ser unilateral).
  • Faceis Bawseana.
  • Baqueteamento digital (acropatia).
  • Sinal de lid-lag (retardo na descida da pálpebra superior quando o globo ocular é movido para baixo)
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16
Q

Como é feito o diagnóstico da doença de Graves?

A
  1. Somente com a clínica:
    Tireotoxicose + Bócio OU Mixedema OU Exoftalmopatia.
  2. Clínica + laboratório (TSH + T4L + T3):
    - ↓TSH e ↑T4L: hipertireoidismo clássico.
    - ↓TSH e T4L normal com ↑T3: T3 toxicose.
    - ↓TSH e T4L/T3 normais: hipertireoidismo subclínico (não trata).

*O T3 sempre está elevado no hipertireoidismo e é mais sensível que o T4 para o diagnóstico, apesar de ser menos disponível. Isso ocorre pelo estímulo a desiodase I que converte T4 em T3, o que pode fazer com que o nível de T4 fique normal, principalmente no início do quadro.

  1. Clínica + laboratório + anticorpo (TRAb/TSI):
    - TSI positivo: doença de Graves.
    - TSI negativo: Plummer, bócio múltinodular tóxico ou tireoidite.
  2. Clínica + laboratório + anticorpo + imagem (USG, RAIU, cintilografia):
    - USG:
    > Aumento difuso da glândula com hipertireoidismo: pensar em doença de graves.
    > Nódulo com hipertireoidismo: pensar em doença de Plummer ou bócio múltinodular tóxico. Solicitar RAIU/Cintolografia para verificar se nódulo é funcionante.

*Na prática sempre dosamos o anticorpo TSI, pois ele tem importância prognóstica (quanto mais alto, mais difícil de responder ao tratamento clínico).

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17
Q

Como é feito o tratamento da doença de Graves?

A
  1. Medicamentoso: duração de 1-2 anos.
    - Beta bloqueador (sintomático).
    - Metimazol (escolha, mais barato e melhor posologia) OU Propiltiuracil (escolha no primeiro semestre da gestação).

*Propranolol é o beta bloqueador de escolha para esses casos.

**Metimazol inibe a TPO, já o propiltiuracil inibe a TPO e a desiodase I, por isso ele é mais potente.

***O efeito colateral mais temido do uso das tionamidas é a agrunulocitose. Elas devem ser suspensas na mínima suspeita desse efeito colateral (o sinal inicial costuma ser dor de garganta).

  1. Iodo radioativo: se recidiva ou reação tóxica as drogas.
    - Contra-indicações:
    > Gravidez.
    > Grandes bócios (maior que 50 ml).
    > Oftalmopatia moderada a grave (procedimento libera muito TRAb na circulação o que pode piorar a oftalmotatia).
  2. Tireoidectomia (total ou subtotal): se sem melhora farmacológica + contraindicação ao iodo radioativo.
    - Preparo:
    > PTU ou MMZ por 6 semanas.
    > Iodo por 10 dias (efeito Wolf-Chaikoff).

*IOT no paciente com bócio: deve ser feita intubação acordado, os músculos cervicais empurram o bócio e impedem a oclusão da traqueia. Se sedarmos, os músculos relaxam e oclui a VA.

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18
Q

Quais são as principais complicações relacionadas a tireoidectomia?

A
  • Hematoma cervical (a mais temida):
    > Pista: insuficiência respiratória, agitação.
    > Tratamento: abertura da incisão cirúrgica e se não resolver, traqueostomia.
  • Lesão do nervo laríngeo recorrente (a mais grave):
    > Pista: rouquidão ou laringoscopia com paralisia (normalmente unilateral). Pode ter insuficiência respiratória, mas é raro.
    > Tratamento: fonoterapia.

*Quem controla o timbre a voz é o nervo laríngeo superior, se o paciente não conseguir atingir tons agudos, ele é que provavelmente foi lesado e não o laríngeo recorrente.

  • Hipoparatireoidismo / Hipocalcemia (a mais comum):
    > Pista: convulsão, tetania e sinal de Chvostek e Trousseau. Casos mais leves: constipação parestesia e cãibra. Pode cursar com alargamento do intervalo QT.
    > Tratamento: gluconato de cálcio EV, se sintomático OU carbonato de cálcio VO.

*Sinal de Chvostek: percução do nervo facial (pré-auricular) com contração da musculatura labial. Sinal de Trousseau: insufla manguito 20 mmHg acima da PAS por 3 minutos e o paciente apresenta mãos em garra.

**O valor sérico do cálcio é inversamente proporcional ao intervalo QT. Baixo cálcio alarga o QT e vice-versa.

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19
Q

Qual a fisiopatologia e os tipos de tireoidite?

A
  1. Tireoidite aguda: rara, segundária a infecção bacteriana na tireoide, com presença ou não de abcesso. Mesma fisiopatologia da subaguda, só que mais intensa.
  2. Tireoidite subaguda: segunda mais comum, noramalmente ocorre após infecção. Faz diagnóstico diferencial com doença de Graves.
    - Fisiopatologia:
    Inflamação

    Destruição da tireoide
    ↓ Liberação de homônios armazenados
    Tireotoxicose (SEM hipertireoidismo)

    Eutiroidismo (curto período)

    Hipotiroidismo (clínico ou subclínico)
  3. Tireoidite crônica: é a mais comum.
    - Fisiopatologia
    Inflamação

    Destruição da tireoide (lenta e sem subida hormonal)

    Hipotiroidismo (clínico ou subclínico)T
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20
Q

Qual é a principal causa de tireoidite subaguda? Ela tem algum tratamento específico?

A
  1. Tireoidite de Quervain: “dor que vem”.
    - Intensamento dolorosa (região cervical).
    - Pós-viral: sintomas aparecem habitualmente 1-3 semanas após infecção.
    - Aumento do VHS.
    - Tireotoxicose em 50% dos casos.
    - Tratamento específico na fase aguda: AINE +/- corticoide.

*Na fase de tireotoxicose: beta bloqueador.

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21
Q

Como podemos realizar o diagnóstico diferencial entre doença de Graves e tireoidite subaguda?

A

As duas patologias tem clínica geral similar, para realização do diagnóstico diferencial precisamos muitas vezes lanças mão de exames complementares como a cintilografia e a RAIU.

  • Doença de Graves: cintilografia com alta captação e RAIU 24h > 20%.
  • Tireoidite subaguda: cintilografia com baixa captação e RAIU <5%.
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22
Q

Qual é a principal causa de tireoidite crônica? Qual a sua fisiopatologia?

A
  1. Doença de Hashimoto (linfocítica crônica):
    - Principais causa de hipotireoidismo (mais de 90% dos casos).
    - É auto-imune (anti-TPO + em 95-100%). Pode também haver positivação de:
    > Anti-Tg.
    > Antireceptor de TSH (TRAb bloqueador).
    - Via celular: linfócitos CD8 auto-reativos.
    - Fibrose crônica da tireoide com células de Askanazy (patognemônico).
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23
Q

Qual a clínica da doença de Hashimoto?

A
  • Bócio (80%).
  • Hipotireodisimo.
  • Hipotireoidismo: mais comum, destruição crônica dos folículos.
    -Tireotoxicose (hashitoxicose): raro, destruição inicial acentuada dos folículos.
  • Hiperprolactinemia.
  • Dislipdemia.
  • Mixedema: edema genelarizado, duro, sem cacifo (última conseguência, 5-10 anos sem tratar).
  • Risco de linfoma da tireoide.

*10-20% dos casos de doença de Hashimoto não cursam com bócio por pela presença do TRAb inibidor, inibindo a ação do TSH.

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24
Q

Como é feito o diagnóstico da doença de Hashimoto?

A

Essencial: Clínica + ↑TSH e ↓T4L.
+/- (não essenciais)
Anti-TPO positivo
Anti-Tg positivo.
PAAF > Células de Askanazy

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25
Q

Como é feito o tratamento das tireoidites?

A
  • Na fase de tireotoxicose: beta bloqueador.

*Não faz PPT nem MMZ, pois o hormônio liberado já está formado, logo, não tem porque fazer inibidor da síntese hormona.

  • Na fase de hipotireoidismo: levotiroxina (T4) pela manhã, em jejum (acidez gástrica ajuda na absorção).

*A tireoidite de Hashimoto por normalmente cursar apenas com a fase de hipotireoidismo tratamos apenas com a Levotiroxina. O mesmo se segue para todas as tireoidites crônicas.

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26
Q

O que é e quais são os precipitantes para a ocorrência da crise tireotóxica?

A

É a complicação mais grave do hipertireoidismo, caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas secundários ao aumento agudo e inapropriado de hormônios tireoidianos. Precipitantes:
- Infecções.
- Trauma.
- Radioabalação.
- Tratamento irregular.

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27
Q

Como é feito o diagnóstico da crise tireotóxica?

A

O diagnóstico é feito com a Escala de Burch-Wartofsky > 45.
- Precipitantes: sim ou não.
- Febre (Tax > 37,2 Cº).
- SNC: agitação, delirum, convulsão e coma.
- Cardíaca: taquicardia, FA, ICC.
- Gastrointestinal: diarreia, náuseas, vômitos e icterícia.

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28
Q

Como é feito o tratamento da crise tireotóxica?

A
  1. Internação em UTI.
  2. Tratar precipitantes.
  3. PTU (preferível por ser mais potente) ou MMZ via EV.
  4. Iodeto EV após 1h (dar tempo do PTU//MMZ inibir TPO).
  5. Propranolol EV.
  6. Metilprednisolona ou Hidrocortisona EV (tratar insuficiência adrenal, principal diagnóstico diferencial).
29
Q

Qual a clínica do hipotireoidismo?

A
  • Redução dos receptores beta adrenérgicos:
    > Bradicardia.
    > HAS convergente.
    > Pele fria e seca.
  • Redução do metabolismo basal:
    > Dislipidemia.
    > Anemia.
    > Ganho de peso (geralmente 2-3Kg).
    > Redução da TFG.
    > Perda de cabelo e do terço distal da sobrancelha.
  • Redução da produção de calor:
    > Intolerância ao frio.
    > Redução da temperatura corporal.
  • Outros:
    > Hiperprolactinemia.
    > Mixedema (coma mixidematoso, estado grave de hipotireoidismo).
30
Q

Como podemos investigar o hipotireoidismo?

A

Pela dosagem de T4L e TSH.
- ↑TSH e ↓T4L: hipotireoidismo primário.
- ↓TSH e ↓T4L: hipotireoidismo central (segundário ou terciário).
- ↑TSH e T4L normal: hipotireoidismo subclínico (precisa de DUAS dosagens para diagnóstico).

*Hoje o hipotireoidismo subclínico é compreendido como um hipotireoidismo primário em estágio inicial.

31
Q

Quais são as causas do hipotireoidismo? Como podemos realizar a investigação diagnóstica?

A
  1. Hipotireoidismo Primário:
    - Hashimoto.
    - Outras tireoidites.
    - Iatrogênia/drogas.
    - Redução da ingesta de iodo (pouquíssimo prevalente no Brasil pelo sal iodado).

> > Investigação: afastar pela anamnese iatrogênia/drogas e dosar anti-TPO. Se positivo é Hashimoto, se negativo é outras tireoidites.

  1. Hipotireoidismo Central:
    - Doença hipofisária (bem mais prevalente).
    - Doença hipotalâmica.

> > Investigação: RM de sela túrcica.

  1. Hipotireoidismo Subclínico = Hipotireoidismo Primário.
32
Q

Qual a droga usada no tratamento do hipotireoidismo? Qual a dose inicial e a posologia da mesma?

A

Levotiroxina.
- Dose inicial (ajuste posterior s/n): 1,6 mcg/Kg/dia.
- Posologia: 1x ao dia, pela manhã.

*Evitar trocar de laboratório ou marca pois existem grandes variações hormonais.

33
Q

Qual cuidado devemos ter ao iniciar o tratamento de hipotireoidismo em idosos e coronariopatas?

A

O hormônio tireoidiano estimula o coração e em pacientes idosos ou coronariopatas o hipotireoidismo exerce um efeito protetor cardíaco. Por isso, em pacientes com baixa reserva fisiológica, devemos começar o tratamento com cautela na dose de de 25-50 mcg/dia.

*Em pacientes com doença cardíaca importante devemos tratar primeiro o coração e depois ver a possibilidade de tratamento (ou não) do hipotireoidismo.

34
Q

Quando devemos tratar o hipotireoidismo subclínico?

A
  • Gestação ou intenção de gestar.
  • TSH ≥ 10.
  • Anti-TPO positivo.
  • Sintomáticos: teste terapêutico por 3 meses, se melhora mantém. Se não melhorar, suspende.
  • Dislipidemia ou doença cardiovascular (hipotireoidismo meche no metabolismo lipídico).
35
Q

Qual a estrutura da glândula suprarrenal? Como ocorre a regulação hormonal da mesma?

A
  1. Estrutura:
    - Córtex: aldosterona (camada glomerular), cortisol (camada fasciculada) e androgênio (camada reticular).
    - Medula: catecolaminas (andrenalina, noradrenalina…).

*Córtex e medula são 100% independentes entre si.

  1. Fisiologia (córtex):
    Hipotálamo
    ↓ CRH
    Hipófise
    ↓ ACTH
    Córtex da adrenal
    - Cortisol (glicocorticoide): sua liberação depende do eito. Faz feedback negativo com o hipotálamo e a hipófise.
    - Androgênio: pouca importância biológica (o produzido nas gônadas é que realiza função biológica importante).
    - Aldosterona: sua produção é independente desse eixo, depende do SRAA.

*Ao liberar ACTH hipófise libera outros componentes em conjunto, dentre eles, o hormônio estimulador de melanócitos que causa hiperpigmentação.

**↑Cortisol = ↓ACTH ; ↓Cortisol = ↑ACTH.

36
Q

Qual a função biológica de cada hormônio produzido na adrenal?

A
  • Catecolaminas:
    > Aumento do tônus vascular.
    > Aumento da frequência cardíaca.
  • Cortisol:
    > Catabólica (↑ glicose).
    > Ação permissiva as catecolaminas (sem cortisol não há vasoconstricção adequada).
    > Redução de linfócitos e eosinófilos (estimula apoptose).
  • Androgênio:
    > Pouca função biológica no sexo masculino.
    > Pilificação feminina.
    > Libido.
  • Aldosterona: reabsorve sódio em troca de um potássio OU hidrogênio.
37
Q

Quais são as principais doenças que acometem a adrenal?

A
  1. Hipofunção:
    - Insuficiência adrenal.
  2. Hiperfunção:
    - Síndrome de Cushing (↑ Cortisol).
    - Hiperplasia adrenal congênita (↑ Androgênios).
    - Hiperaldosteronismo primário (↑ Aldosterona).
    - Feocromocitoma (↑ Catecolaminas).
38
Q

Quais são os tipos e as alteração hormonais presentes em cada tipo de insuficiência adrenal?

A
  • Insuficiência adrenal primária (doença de Addison): o problema está na suprarrenal, ela não consegue produzir hormônios.
    > ↑ ACTH.
    > ↓ Cortisol.
    > ↓ Aldosterona.
  • Insuficiência adrenal segundária: o problema está no eixo, hipotálamo e hipófise.
    > ↓ ACTH.
    > ↓ Cortisol.
    > Aldosterona normal (não depende do eixo e sim do SRAA).
39
Q

Quais as causas, a clínica/laboratório e o tratamento de cada tipo de insuficiência adrenal?

A
  1. Insuficiência adrenal primária (doença de Addison):
    - Causas: destruição da glândula.
    > Adrenalite auto-imune (mais comum).
    > Infecções (ex.: fungos, tuberculose…).
    > Hemorragia.
  • Clínica e laboratório:
    > ↓ Cortisol: redução de glicose, redução da PA, eosinofilia e dor abdominal.
    > ↓ Aldosterona: ↓ Na; ↑ K e ↑ H.
    > ↑ ACTH: hiperpigmentação.
  • Tratamento:
    > Glicocorticoide (hidrocortisona se quadro agudo, prednisona se crônico).
    > Minerolocorticoide (fludrocortisona).
  1. Insuficiência adrenal segundária:
    - Causas: interrupção do eixo.
    > Suspensão abrupta de corticoide.
    > Lesão no hipotálamo/hipófise.
  • Clínica e laboratório:
    > ↓ Cortisol: redução de glicose, redução da PA, eosinofilia e dor abdominal.
  • Tratamento:
    > Glicocorticoide (hidrocortisona se quadro agudo, prednisona se crônico).

*O uso de corticoide por mais de 2-3 semanas inibe o eito e exige retirada GRADUAL pelo risco de insuficiência adrenal segundária. Perceba que o que inibe o eixo é a duração e não a dose do corticoide.

**A redução da PA pode ser ainda mais importante se também ocorrer a redução na produção de catecolaminas, o que pode ocorrer na insuficiência adrenal primária e na segundária.

***A redução de androgênios pode gerar redução de libido e da pilificação feminina (efeito segundário).

40
Q

Quais as causas da Síndrome de Cushing (hipercortisolismo)?

A
  1. ACTH dependente: produtor de ACTH.
    - Doença de Cushing (adenoma de hipófise produtor de ACTH).
    - Secreção ectópica de ACTH (oat cell de pulmão, câncer medular de tireoide, carcinoide).
  2. ACTH independente: produtor de cortisol.
    - Adenoma de suprarrenal.
    - Hiperplasia de suprarrenal.
    - Carcinoma de suprarrenal.
  3. Outras:
    - Iatrogênica.

*Síndrome de Cushing é diferente de doença de Cushing. A síndrome é um conjunto de sintomas com várias causas, já a doença de Cushing é uma dessas causas, o adenoma de hipófise produtor de ACTH.

41
Q

Quais as manifestações clínicas da Síndrome de Cushing?

A
  • Redistribuição da cordura corporal:
    > Obesidade central (abdômen volumoso com MMSS e MMII finos).
    > Gibosidade (corcova de Hampton).
    > Face em lua cheia.
  • Hiperglicemia.
  • Hipertensão.
  • Hirsutismo.
  • Estrias violáceas (espessas, profundas e de cor escura).
  • Osteopenia (estímulo da ação osteoclástica e inibição da osteoblástica).
  • Fraqueza muscular (catabolismo proteico).
  • Fraqueza cutâneo-capilar.
  • Eosino / Linfopenia (aumento do risco de infecções).
  • Aumento do risco de eventos trombembólicos.
  • Hiperpigmentação (SE ACTH elevado).

*Osteoporose não é comum em obesos, pois o metabolismo desses pacientes é anabólico. Se for encontrado, pensar em Síndrome de Cushing.

*Fraqueza muscular proximal pode ser sintoma tanto de Cushing quanto de hipotireoidismo.

42
Q

Qual é o algorítmico diagnóstico e terapêutico para a Síndrome de Cushing?

A
  1. Suspeita Clínica: triagem (screening).
    - Cortisol urinário: positivo se elevado.
    - Cortisol salivar noturno: positivo se elevado.
    - 1mg de DEXA as 23h: positivo se NÃO suprimir cortisol as 8h.

*A DEXA noturna deveria suprimir momentaneamente o eixo pela manhã e reduzir os níveis de cortisol, caso isso não ocorra tem algo de errado.

  1. Se pelo menos 2 exames alterados = Diagnóstico de Síndrome de Cushing: devemos dosar o ACTH (procurar causa).
    - ACTH alto/normal:
    > Doença de Cushing.
    > ACTH ectópico.
  • ACTH suprimido:
    > Lesão na adrenal.
  1. Se ACTH alto/normal:
    (A) RM de sela túrcica (hipófise): procurar doença de Cushing.
    (B) Testes (atuam no eixo): procurar doença de Cushing.
    - Teste de supressão com altas doses de DEXA (16 mg em 2 dias): no tumor hipofisário há inibição do eixo com altas doses de DEXA e o nível do cortisol diminui. Se a produção do ACTH for ectópica, não há inibição e o cortisol continua elevado.
    - Teste do CRH: tumor de hipófise responde ao CRH, já na produção ectópica de ACTH não há resposta com o CRH.

3.1 RM e testes positivos: doença de Cushing.
- Tratamento: neurocirurgia transesfnoidal.

3.2 RM e testes negativos: produção ectópica de ACTH.
- Exames de imagem: procurar local da produção ectópica (pulmão, tireoide…).
- Tratamento: cirurgia de retirada do tumor.

  1. Se ACTH suprimido:
    (A) TC de abdômen: procurar carcinoma, hiperplasia ou adenoma de suprarrenal.
    - Tratamento: adrenalectomia ipslateral a lesão.
43
Q

Qual a fisiopatologia e a clínica da hiperplasia adrenal congênita? Como é feito o diagnóstico e qual o seu principal diagnóstico diferencial?

A
  1. Fisiopatologia: deficiência da 21-hidroxilase.
    COLESTEROL > …21-hidroxilase… > Aldosterona.
    COLESTEROL > …21-hidroxilase… > Costisol.
    COLESTEROL > …17-hidroxilase… > Androgênios.

Ocorre uma redução da produção de aldosterona e cortisol com desvio do eixo para produção de androgênios, com aumento desse hormônio no plasma.

  1. Clínica: regulação: hormonal alterada.
    - Androgênio: virilização.
    > Genitália atípica: em mulheres com aumento de clitóris, fusão dos lábios. Em homens a genitália é normal mas pode haver aumento do pênis e hiperpigmentação do clitóris.
    - Redução do cortisol/aldosterona: crise adrenal.
    > Vômitos.
    > Redução de sódio, aumento de potássio e hidrogênio (acidose).
  2. Diagnóstico: teste de triagem neonatal (dosagem de 21-hidroxilase).
  3. Diagnóstico diferencial: estenose hipertrófica de piloro. Também cursa com vômitos, mas com redução de hidrogênio (perda nos vômitos) e de potássio (pela alcalose).
44
Q

Quais são os tipos e as principais causas de cada tipo do hiperaldosteronismo?

A
  • Tipos:
    > Primário: ↓ Renina e ↑ Aldosterona.
    > Segundário: ↑ Renina e ↑ Aldosterona.
  • Causas:
    > Primário: Adenoma (doença de Conn) e Hiperplasia bilateral (mais comum).
    > Segundário: estenose de artéria renal.
45
Q

Qual a clínica do hiperaldosteronismo?

A
  • Hipertensão arterial grave e refratária.
  • Hipocalemia.
  • Alcalose metabólica.
46
Q

Como é feito o diagnóstico do hiperaldosteronismo?

A
  1. Laboratório: confirmar hiperaldosteronismo.
    - ↑ Aldosterona
    > ↓ Renina: hiperaldo primário.
    > ↑ Renina: hiperaldo segundário.

! Padrão ouro: razão aldosterona/renina.

  1. Imagem: procurar causa.
    - TC de abdômen.
47
Q

Qual o tratamento do hiperaldosternismo primário?

A
  • Hiperplasia: espirolactona.
  • Adenoma: adrenalectomia.
48
Q

O que é e quais são as possíveis causas do feocromocitoma?

A

Os feocromocitomas são tumores compostos de células cromafins que sintetizam e liberam catecolaminas. Tem duas grandes causas:
- Esporádico.
- Hereditário (Neoplasia Endócrina Múltipla):
> NEM 1: Paratireoide + Pâncreas + Pituitária (gene MEM).
> NEM 2A: Carcinoma medular de tireoide + Feocromocitoma + Hiperparatiroidismo primário (Gene RET).
> NEM 2B: Carcinoma medular de tireoide + Feocromocitoma + Neuromas + Marfan (Gene RET).

49
Q

Qual a clínica do feocromocitoma?

A

Sintomas em salvas com períodos sintomáticos e assintomáticos ao longo do dia.
- HAS.
- Cefaleia.
- Palpitação.

50
Q

Como é feito o diagnóstico do feocromocitoma?

A
  1. Screening:
    - Aumento de catecolaminas e metanefrinas urinárias na urina de 24h.
  2. Exame localizatório:
    - TC de abdômen (90% dos casos estão no abdômen e a TC detecta).
    - Cintiografia MIBG (10% dos casos paraganglionar).
51
Q

Como é feito o tratamento do feocromocitoma?

A

O tratamento é cirúrgico.
- Preparo: alfa bloqueador (14 dias) + beta bloqueador (s/n) + hidratação.

*Se o beta bloqueador for feito antes dos alfa bloqueadores (fenoxibenzamina / prazosin), a perda da ação vasodilatadora pela inibição dos receptores beta causaria uma hipertensão grave!

52
Q

Para que servem e onde estão mais presentes os receptores B1, B2 e Alfa?

A
  • B1: coração.
    > Aumento da frequência cardíaca.
    > Aumento do débito cardíaco.
    > Aumento da pressão arterial (principalmente PAS).
  • B2: vasos.
    > Vasodilatador.
    > Redução da pressão arterial (principalmente PAD).
  • Alfa: vasos.
    > Vasoconstricção.
    > Aumento da pressão arterial.
53
Q

Como ocorre o metabolismo do cálcio?

A

Intestino
↓ Vitamina D (ativada pelo rim): absorve cálcio.
SANGUE
↑ Paratormônio (PTH - paratireoide): absorve cálcio.
Osso

54
Q

Quais as principais causas de hipercalcemia e como podemos realizar sua diferenciação clínica/laboratorial?

A
  • Causas:
    > Hiperparatiroidismo primário: causa mais comum de hipercalcemia.
    > Câncer (metástases e produção de PTH-rp): causa mais comum de hipercalcemia em hospitaliziados.
    > Hipervitaminose D.

*O PTH-rp é um hormonio “PHT like” produzido por alguns tipos de cânceres que tem a mesma ação fisiológica do PTH. Por isso o PTH fisiológico nesses casos estará suprimido.

  • Diferenciação:
    > Hiperparatiroidismo primário: ↑ PTH + lesão óssea.
    > Câncer: ↓ PTH + lesão óssea.
    > Hipervitaminose D: ↓ PTH + osso saudável.
55
Q

O que é e quais as causas do hiperparatiroidismo primário?

A

O hiperparatiroidismo primário é a produção autônoma de PTH pela (s) paratireoide (s). As principais causas são:
- Adenoma único (principal).
- Hiperplasia multiglandular (NEM 1 e 2A).
- Carcinoma.

56
Q

Como é feito o diagnóstico do hiperparatiroidismo primário?

A
  1. Laboratorial: confirmação.
    - ↑ PTH.
    - ↑ Ca.
    - ↓ PO4.
  2. Localização: a alteração provavelmente vai estar em uma das quadro glândulas.
    - Cintilografia com 99mTc (SestaMIB).
    - USG cervical.
  3. Exames adicionais: necessidade ou não de tratamento (disfunção).
    - Densitometria óssea.
    - Urina 24h (calciúria…).
    - TC de abdômen (investigar nefrolitíase).
57
Q

Quais as manifestações clínicado hiperparatiroidismo primário?

A
  • Assintomático (maioria).
  • Sintomas: fraqueza, mialgia, constipação, artralgia, poliúria, sintomas neuropsiquiátricos.
  • Complicações: nefrolitíase, doença óssea (osteíte fibrosa cística).

*Nefrolitíase: ao se aumentar o cálcio sérico, o cálcio nos túbulos renais também aumenta e, ao se associar com o PO4, ocorre a formação dos cálculos de fosfato de cálcio.

**A hipercalcemia aumenta o risco de pancreatite e de doença ulcerosa péptica.

***A elevação do PTH pode cursar com acidose metabólica por estímulo da perda urinária de bicarbonato.

58
Q

Como é feito o tratamento do hiperparatiroidismo primário?

A

O tratamento de escolha é a paratireoidetomia, mas ele tem indicações específicas.
- Indicações:
> Sintomáticos (todos).
> Assintomáticos: RICO.
Rim: clereance < 60 mL/min OU nefrolitíase OU calciúria > 400 mg/24h.
Idade < 50 anos.
Cálcio maior que 1 md/dL do limite superiore da normalidade.
Osso: fratura vertebral/pélvica OU osteoporose (T < -2,5).

*Paratireoidetomia: só retira a glândula acometida, se as 4 estiverem acometidas (menor parte dos casos) pode-se fazer um auto-enxerto (corta uma glândula em quadro partes e reimplanta 1/4 no músculo do antebraço).

59
Q

Qual a conduta frente a uma crise hipercalcêmica com desidratação, convulsões e demais sintomas de hipercalcemia grave?

A

(1) Hidratação.
(2) Inibidor da reabsorção óssea (bifosfonado, como o ácido zoledrônico).
(3) Furosemida (efeito calciúrico), após hidratação vigorosa.
(4) Corticoide (pouco realizado na prática).
(5) Diálise (se refratário ao tratamento clínico).

*A hipercalcemia grave pode induzir a presença de diabetes insipidus nefrogênico, por isso a base do tratamento é a hidratação venosa.

60
Q

Quais as funções do paratormônio e da vitamina D? O que acontece em um cenário de desregulação (aumento/diminuição) desses hormônios?

A
  1. Função hormonal:
    - Paratormônio:
    > Aumento da reabsorção óssea.
    > Redução da excreção renal de cálcio.
    > Aumento da excreção renal de PO4.
    > Estímulo a produção vitamina D.
  • Vitamina D:
    > Aumento da reabsorção de cálcio no TGI.
    > Redução da excreção renal de PO4.
  1. Desregulação:
    - Hiperparatireoidismo primário: ↑ Ca e ↓ PO4.
    - Hipoparatireoidismo primário: ↓ Ca e ↑ PO4.
    - Intoxicação por vitamina D: ↑ Ca e ↑ PO4.
    - Deficiência de vitamina D: ↓ Ca e ↓ PO4.
61
Q

Quais sinais nos exames de imagem podemos verificar em um paciente com hiperparatireoidismo e osteíte fibrosa cística?

A
  • Tumor marrom (aumento da atividade osteoclástica com deposição de hemocisteína).
  • Reabsorção subperiosteal das falanges das mãos.
  • Crânio em “sal e pimenta”.
  • Coluna vertebral em “rugger jersey “ ou “camisa de rugby”.
62
Q

Qual a complicação mais comum no pós operatório imediato de uma cirurgia de correção do hiperparatireoidismo?

A

A ocorrência de hipocalcemia transitória, que dura cerca de 1-3 dias após a cirurgia. Isso ocorre principalmente nos casos de hiperparatireoidismo prolongado, pela atrofia das glândulas remanescentes com inibição do eixo fisiológico.

*O uso de bifosfonados como tratamento paliativo antes da cirurgia pode piorar e prolongar a hipocalcemia no pós-operatório, pela inibição da atividade dos osteoclastos.

63
Q

Qual preocupação devemos ter em uma gestante com hipotireoidismo?

A

A gestação aumenta a necessidade de hormônio tireoidiano, assim, devemos aumentar empiricamente o hormônio em 30% do valor basal já utilizado e monitorizar de perto o TSH e o T4L. Isso reduz o risco do hipotireoidismo e suas consequências para o feto e para a paciente. Além disso devemos trocar o MMZ pelo PPT ao menos no primeiro trimestre.

64
Q

A deficiência pura de cortisol pode gerar algum distúrbio hidroeletrolítico? Como isso ocorreria?

A

O cortisol faz feedback negativo com a neurohipófise. Assim, se não há cortisol circulante temos aumento do ADH, o que pode causar hiponatremia.

65
Q

Para que serve a dosagem dos níveis de T3 na investigação de uma doença tireoidiana?

A

A dosagem do nível de T3 não deve ser feita de rotina pois tem pouco uso na prática. Ela serve basicamente para diferenciarmos hipertireoidismo subclínico (TSH baixo e T4L/T3 normal) de tireotoxicose por T3 (TSH baixo, T4L normal e T3 alto). Em situações pontuais ele pode ser dosado para avaliar a conversão periférica de T4L em T3.

66
Q

Como diferenciar um prolactinoma e um pseudoprolactinoma?

A

Os prolactinomas (tumores de hipófise que produzem prolactina) possuem uma relação direta do tamanho da lesão com o grau de secreção hormonal. Dessa forma, em um macroadenoma, esperaríamos que houvesse uma prolactina MUITO alta (geralmente > 200 ng/ml). Enquanto tumores menores tem também níveis menores de prolactina.

Um “pseudoprolactinoma” (tumor no SNC NÃO produtor de prolactina) pode causar hiperprolactinemia secundária à compressão da haste hipofisária - com isso, não vai chegar dopamina na hipófise para inibir os lactotrofos, que irão aumentar a sua secreção. Isso é relativamente comum de ocorrer nos
Adenomas Clinicamente Não Funcionantes (ACNF). Assim o nível de aumento da prolactina costuma ser menor. Mesmo em níveis relativamente baixos, o aumento da prolactina é capaz de reduzir o pulso de GnRH e, assim, gerar também um hipogonadismo hipogonadotrófico.

67
Q

Quais os tipos de tireotoxicose induzidas por amiodarona?

A

Quando a amiodarona causa tireotoxicose, poderos classificá-la em dois tipos:
(1) Tipo I: ocorre em pacientes que já possuíam alguma anormalidade tireoidiana subjacente, como doença de Graves subclínica, e o excesso de iodo presente na molécula de amiodarona desencadeia o chamado efeito Jod-Basedow, induzindo a glândula a hipersecretar hormônio. Nestes casos, a captação glandular está aumentada.

(2) Tipo II: a amiodarona induz toxicidade lisossomal nas células foliculares, causando um certo grau de tireoidite destrutiva. Ocorre liberação de hormônio pré-formado, justificando algum grau de toxicose. Tal processo costuma ser brando e autolimitado, e a captação de iodo pela glândula pode ser normal ou baixa (ou próxima ao limite inferior da normalidade). Nesta forma de lesão também estaria justificada a contração do volume glandular e a redução de sua vascularização interna.

68
Q

Como investigamos e tratamos o “incidentaloma” adrenal?

A

Um incidentaloma de adrenal é uma lesão assintomática na adrenal encontrada em um exame de imagem. Quando o encontramos, duas perguntas devem ser respondidas:
(1) “a lesão é funcionante?”
(2) “a lesão é maligna?”

A primeira pergunta é respondida através de dosagens hormonais. Sempre devemos solicitar metanefrinas e catecolaminas urinárias, além de pesquisar hipercortisolismo (geralmente com teste de supressão com baixa dose de dexametasona). A pesquisa de hiperaldosteronismo com a dosagem da relação aldosterona/atividade de renina plasmática está recomendada apenas para pacientes hipertensos e/ou com hipocalemia.

O risco de malignidade aumenta para lesões >4 cm que apresentam bordos irregulares, alta densidade tomográfica ( 20-30 UH), lento wash-out do contraste IV na tomografia e hipersinal na RM pesada em T2, dentre outras. Neste último caso, recomenda-se a realização de adrenalectomia, dada a elevada probabilidade pré-teste de câncer. Vale lembrar que não se indica punção guiada de lesões adrenais antes de afastar uma lesão secretora de catecolaminas (feocromocitoma), pois a punção poderia desencadear uma tempestade catecolaminérgica e levar o paciente ao óbito. O acompanhamento com imagem seriada, por suspeita de lesão benigna, só pode ser feito após exclusão de lesão funcionante.

Se funcionante, em geral, procede-se à adrenalectomia. Se não funcionante, avaliar tamanho e características radiológicas. Se ≥ 4 cm, ou apresentar características de malignidade, a cirurgia também está indicada. Porém, é claro que não vamos encaminhar o paciente para cirurgia sem antes fazer a adequada avaliação de funcionalidade - lembre-se de que existe todo um preparo para a cirurgia nos casos de lesões funcionantes (ex: alfabloqueio no caso dos feocromocitomas, reposição de glicocorticoides no pós-operatório do hipercortisolismo etc.).

69
Q

Qual a clínica de um tumor produtor de GH, como é feito o diagnóstico e o tratamento?

A
  1. Clínica:
    - Fáceis acromegálica.
    - HAS.
    - Diabetes.
    - Aumento de peso.
    - Cefaleia e alterações visuais.

*Tumores de hipófise frequentemente comprimem o quiasma óptico, pela grande proximidade entre as duas estruturas, causando alterações visuais.

** 20% dos tumores produtores de GH também são produtores de prolactina, o que corrobora o diagnóstico. Prolactinomas não são produtores de GH.

  1. Diagnóstico:
    - Triagem: dosagem do IGF-1.
    - Diagnóstico: teste de supressão com glicose + RM.

*É válido lembrar que o GH é um hormônio pulsátil, então não devemos solicitar sua dosagem. Devemos solicitar a dosagem de seu produto, que é mais estável, o IGF-1.

  1. Tratamento: cirurgia transesfenoidal.