CM08 - Grandes Síndromes Bacterianas Flashcards

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1
Q

O que é endocardite bacteriana? Qual a fisiopatologia dessa doença?

A

É uma infecção do endotélio do coração. A fisiopatologia consiste em:

  1. Lesão do endocardio:
    - Uso de drogas EV.
    - Prótese valvares,
    - Cardiopatia estrutural (ex.: prolapso mitral).
  2. Formação de trombos (plaquetas + fibrina).
  3. Endocardite trombótica não bacteriana (ETNB).

+ Bacteremia (estafilo, estrepto…).

  1. Endocardite bacteriana.
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Q

Quais são os agentes etiológicos da endocardite bacteriana?

A
  1. Valva Nativa: Estafilococos (principal), Estreptococos e Enterococos.
  • Subaguda (incidiosa):
    > Streptococcus do grupo viridans (mais comum): associado a manipulações dentárias.
    > Enterococcus fecalis (enterococo mais comum): associado a manipulação do TGI e TGU.
    > Streptococcus gallolyticus (bovis).
    > Grupo HACEK: tem um crescimento lento na cultura.
  • Aguda (desenvolvimento rápido):
    > Staphylococcus aureos (mais comum): associado a usuários de drogas EV, causam grandes vegetações que podem embolizar.
  1. Valva protética:
    > Menos de 2 meses da troca: S. aureos, S. epidermis e Gram negativos.
    > Mais de 2 meses da troca: Estrepcoccus e S. aureos
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3
Q

Ao se diagnosticar uma endocardite bacteriana causado por Streptococcus gallolyticus (bovis) qual deve ser a conduta após tratamento inicial do paciente?

A

Solicitar uma colonoscopia. O S. bovis vive de forma comensal no intestino, quando há alguma lesão (ex.: câncer colorretal) ele vai parar na corrente sanguínea podendo gerar uma endocardite.

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4
Q

Qual o local mais comum de acometimento da endocardite bacteriana na população habitual? E na população usuária de drogas EV?

A
  1. Mitral.
  2. Aórtica.
  3. Aórtica-Mitral.
  4. Válvulas a direita.

Em usuários de drogas EV a válvula mais acometida é a tricúspide. Nesses casos, o agente etiológico é o S. aureus e a maioria dos pacientes NÃO tem sopro ao exame físico. O S. aureus pode causar ainda embolização para o pulmão com pneumonia necrotizante. Lembre-se que o tratamento deve cobrir MRSA nesses casos.

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5
Q

Qual a clínica da endocardite bacteriana?

A
  • Febre (95%).
  • Sopro (85%).
  • Manifestações periféricas:
    > Hemorragias subungueais.
    > Manchas de Janeway: máculas palmo-plantares indolores.
    > Aneurisma micótico: aneurisma das artérias do vasa vasorium (artérias que supre a parede de grandes artérias).
    > Nódulos de Osler: nódulos inflamatórios presentes em mãos e pés, dolorosos. São causados por depósitos de imunocomplexos.
    > Manchas de Roth: hemorragias retinianas com centro claro, secundário a lesões por imunocomplexo.
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6
Q

Como é feito o diagnóstico da endocardite infeciosa?

A

Padrão ouro: biópsia com cultura da amostra (pouquíssimo utilizado).
Mais usado: Critérios de Duke ISCVIS (2023).

Para o diagnóstico DEFINITIVO: 2 critérios maiores OU 1 maior + 3 menores OU 5 menores.

Para o diagnóstico PROVÁVEL: 1 critério maior +
1 menor OU 3 menores.

  1. Critérios Maiores:
    1.1 - Microbiológico:
    - Hemocultura:
    > Agentes típicos em 2 amostras.
    > C. burnetti em 1 amostra.
    > Demais agentes em 3 amostras.
  • PCR:
    > C. burnetti.
    > Bartonella spp.
    > Trophenyma whipplei.
  • Sorologia:
    > C. burnetti (título de anticorpo antifase IgG).
    > Bartonella (imunoflorescência indireta).

1.2 - Imagem:
- ECO /TC
> Vegetação.
> Perfuração.
> Aneurisma valvar ou de folheto.
> Abcesso.
> Fístula.
> Nova deiscência parcial de prótese valvar no ECO.
> Nova regurgitação no ECO.

*O EcoTT é mais sensível que o EcoTE, mas ambos tem a mesma especificidade. Na prática, se faz o EcoTT e se der negativo faz um EcoTT.

  • PET TC: atividade metabólica anormal.

1.3 - Cirúrgico:
- Visualização direta (não precisa de cultura nem nenhum exame adssional).

  1. Critérios Menores: os 7 Fs.
    2.1 - Fator de risco (condições predisponentes):
    - Drogas EV.
    - Prótese valvar ou reparo valvar prévio.
    - Insuficiência ou estenose de qualquer etiologia (leve não).
    - Dispositivo cardíaco eletrônico implantável.
    - Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.

2.2 - Febre (TAX > 38 ºC).

2.3 - Fenômeno vascular:
- Embolia arterial.
- Embolia pulmonar séptica.
- Abcesso esplênico ou cerebral.
- Aneurisma micótico.
- Hemorragia craniana.
- Hemorragias conjuntivas.
- Manchas de Janeway.

2.4 - Fenômenos imunológicos:
- Manchas de Roth.
- GNDA.
- Nódulos de Osler.
- Fator reumatoide positivo.

*Manchas de Roth é fenômeno imunológico, se tiver só hemorragias na conjuntiva ai é fenômeno vascular.

2.5 - Faltou hemocultura: hemocultura que não preenche critério maior. Também acrescenta aqui a especificação de outros exames (ex.: PCR, hibridização in situ…) positivos para microrganismos consistentes com endocardite bacteriana.

2.6 - Figura (exame de imagem): PET TC positivo até 3 meses após implante (nesse período pode ser infecção ou inflamação do corpo estranho no pós operatório).

2.7 - Físico (exame físico): novo sopro de regurgitação valvar.

*Se for vista regurgitação no ECO o sopro vira critério maior (e esse critério menor não conta). Se só for visto sopro no exame físico SEM evidência no ECO, aí é critério menor.

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7
Q

Como é feito o tratamento da endocardite bacteriana?

A
  1. Valva Nativa : ATB por 4-6 semanas.
    - Subaguda: aguardar culturas OU Vancomicina + Ceftriaxone.
    - Aguda / Drogas EV: Vancomicina + Cefepime OU Gentamicina.
  2. Valva Protética: ATB por 6-8 semanas.
    - Mais de 1 ano da troca: igual a nativa.
    - Menos de um ano da troca: Vancomicina + Cefepime + Gentamicina +/- Rifampicina (usado se S. aureus identificado, para descolonização valvar).

*Se paciente alérgico ou patógeno resistente a vancomicina uma opção é a Daptomicina.

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8
Q

Quando pensamos no tratamento cirúrgico para a endocardite infeciosa?

A
  1. Coração esquerdo ou válvula artificial:
    - IC por disfunção valvar.
    - Abcesso paravalvular ou fístula.
    - Vegetação > 10-15mm (divergência na literatura).

*A complicação mais associada a mortalidade na endocardite bacteriana é a insuficiência cardíaca, ocorre formação e ruptura de abcessos com lesão dos músculos papilares.

  1. Coração direito:
    - Embolia pulmonar recorrente.
    - Vegetação ≥ 20mm.
  2. Ambas:
    - Sem melhora depois de 5-7 dias (nesse período o paciente já deve estar sem febre e com hemocultura negativa).
    - Agente resistente ou fungo.
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9
Q

Quando e como devemos realizar profilaxia para endocardite bacteriana?

A
  1. Quando?
    - Manipulação da gengiva e periapical dos dentes.
    - Perfuração de mucosa oral ou respiratória.
  2. Para quem?
    - Prótese valvar.
    - Endocardite prévia.
    - Cardiopatia cianótica não reparada.
    - Cardiopatia cianótica reparada com material protético.
  3. Com o que?
    - Amoxicilina 2g, VO, 1h antes do procedimento.
    Opções: Cefalexina ou Azitromicina / Claritromicina.
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10
Q

Qual e epidemiologia, o principal agente causador e as subclassificações da infecção do trato urinário?

A
  • Muito mais comum em mulheres com vida sexual ativa.
  • Principal agente: E. coli.
  • Tipo:
    > Bacteriúria assintomática.
    > Cistite (ITU baixa).
    > Pielonefrite (ITU alta).
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11
Q

O que é bacteriúria assintomática? Quando e como devemos trata-la?

A
  1. Definição: paciente assintomático com urinocultura mostrando > 100.000 UFC/mL ou + ≥ 100 UFC/mL (cateterizado).
  2. Quando tratar?
    - Grávidas.
    - Procedimento urológico invasivo.
  3. Como tratar? Igual a cistite.
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12
Q

Qual a clínica da cistite?

A
  • Disúria.
  • Polaciúria.
  • Urgência urinária.
  • Noctúria.
  • SEM febre.

*A cistite é uma mucosite da bexiga, logo, não tem sinais sistêmicos, como a febre.

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13
Q

Como é feito o diagnóstico da cistite?

A
  • EAS.
  • Urinocultura com antibiograma (nem sempre é necessário).

*Se epidemiologia (mulher com vida sexual ativa) e clínica compatíveis, pode-se tratar sem solicitação de exames complementares.

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14
Q

Como é feito o tratamento da cistite?

A
  • Fosfamicina (dose única).
  • Nitrofurantoína (5-7 dias).
  • Bactrim (3 dias).
  • Beta lactâmico (5-7 dias).

*O Bactrim é da literatura americana, não é usado no Brasil.

**Quinolonas são tratamento de segunda linha para ITU baixa pelo seus grande espectro antibacteriano e grandes efeitos colaterais.

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15
Q

Como podemos classificar a pielonefrite?

A
  • Não complicada: trato urinário normal e epidemiologia compatível.
  • Complicada: anormalidades do trato urinário (cateter, cálculos, abcesso…), grávidas, homem…
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16
Q

Qual a clínica da pielonefrite?

A
  • Febre.
  • Dor em flanco + Calafrio + Sinal de Giordano.
  • +/- sintomas de cistite.
17
Q

Como é feito o diagnóstico de pielonefrite?

A
  • EAS (piúria traz alta sensibilidade).
  • Urinocultura (NÃO esperar resultado para iniciar tratamento).
  • TC de abdômen com contraste SE:
    > Dúvida diagnóstica.
    > Falha terapêutica.
    > Abcesso ou obstrução.
18
Q

Como é feito o tratamento da pielonefrite?

A

Normalmente é realizado com o paciente internado fazendo antibiótico venoso por 7-14 dias.
- Não complicada: Ciprofloxacino / Levofloxacino / Ceftriaxone.
- Complicada: Pipe + Tazo / Cefepime / Imipenem (amplia espectro para psudomonas).

19
Q

Quais são as principais complicações da pielonefrite e como podemos trata-las?

A
  1. Abcesso:
    - Clínica:
    > Febre após 4-5 dias de ATB.
    > Febre + piúria estéril (leucócitos sem bactérias no EAS, a bactéria fica “presa” no abcesso).
    - Tratamento: ATB +/- drenagem SE abcesso > 5cm.
  2. Pielonefrite enfisematosa (ar dentro do rim):
    - Quadro grave.
    - Fator de risco: diabetes.
    - Tratamento: ATB +/- drenagem.