CM16 - Síndrome Álgica 2 Cefaleias Flashcards
Como podemos diferenciar a cefaleia primária da cefaleia segundária?
- Cefaleia Primária:
- Características:
> Recorrência.
> Exame físico normal.
- Diagnóstico:
> Clínico.
- Cefaleia Secundária:
- Características: sinais de alarme:
> Início após 50-55 anos.
> Início súbito ou intenso.
> Progressiva (frequência, intensidade ou refratariedade).
> Mudança de característica.
> Doenças sistêmicas (ex.: HIV, câncer…).
> Sinais sistêmicos (ex.: febre…).
> Sinal focal.
> TCE recente.
> Papiledema (sempre fazer fundo de olho).
> Recorrente em menores de 6 anos.
- Diagnóstico: fazer exame complementar.
*Não existe preferência entre TC e RM (exceção na pediatria onde se prefere RM).
O que é e qual a sintomatologia da cefaleia do tipo enxaqueca (migrânea)?
- Epidemiologia:
É a segunda cefaleia mais comum, sendo mais presentes em: mulheres e paciente com história familiar positiva. - Clínica:
- Dor pulsátil, latejante, de forte intensidade, incapacitante (interfere nas atividades diárias), unilateral e que piora com movimento. Tem duração de 4-72h.
*A dor pode mudar de lateralidade a cada crise, mas costuma ser unilateral em uma única crise.
- Sintomas associados (alteração de neurotransmissores):
> Náuseas e vômitos.
> Fotofobia e/ou fonofobia.
> Aura (20% das crises): sinal neurológico focal mais comum com duração de 6-60 min. Pode vim antes (pródromos - mais comum), durante ou após a enxaqueca. Geralmente a aura é visual (pontos brilhantes).
*Quando a aura está presente, a enxqueca é chamada de enxaqueca clássica.
**A aura está asssociada a uma vasoconstricção cerebral, ou seja, pode apresentar hemiplégia, hemiparesia, tontura, dormências…
***Para elucidar os fatores desencadeantes da enxqueca, podemos solicitar que o paciente faça um diário da enxaqueca (afazeres diários e momentos em que o sintoma surge).
Como podemos tratar a enxaqueca nas crises? Existe alguma tratamento profilático?
- Abortivo (nas crises):
- Analgésicos/ AINE: crise moderada.
- Triptanos (agonistas 5HT1 serotoninérgicos, ex.: suma, riza…): crise moderada a grave.
- Metoclopramida (efeitos sobre a seratonina): anti-emético de escolha.
- Clorpromazina: se falha terapêutica.
- Dexametasona: reduzir recorrência
- Antagonistas CGRP (ex.: ringepant e ubrogepant). Poucos disponíveis. - Profiláticos (≥ 3-4 crises mês):
- Betabloqueador (ex.: atenolol, propranolol).
- Antidepressivos (ex.: amitriptilina, venlafaxina).
- Bloqueador do canal de cálcio (ex.: flunarazina).
- Anticonvulsivantes (ex.: valproato, topiramato).
- Antagonista do receptor CGRP (ex.: enerumabe, rimegepant).
*Sempre guiar o tratamento contabilizando as comorbidades do paciente, a fim de tentar tratar duas condicções simultaneamente se possível (ex.: depressão + enxaqueca).
**O valproato não deve ser usado em mulheres grávidas ou com desejo de engravidar. O topiramato causa perda de peso.
O que é e qual a sintomatologia da cefaleia tensional?
- Epidemiologia: é o tipo de cefaleia mais comum, sendo mais presente em mulheres.
- Clínica:
- Dor opressiva / aperto, bilateral, de leve-moderada intensidade (não costuma interferir nas atividades diárias). Tem duração de 30 min a 7 dias.
- Sintomas associados:
> Hiperestesia e hipertonia da musculatura pericraniana.
> Fotofobia OU fonofobia.
*Pode haver a presença de enjoo leve, mas não costuma cursar com vômitos.
**A cefaleia tensional é geralmente desecadeada pelo estresse.
Como podemos tratar a cefaleia tensional nas crises? Existe alguma tratamento profilático?
- Abortivo (nas crises):
- Analgésicos
- AINE - Profilático (≥ 15 dias de crise por mês - cefaleia tensional crônica):
- Amitriptilina
- Nortriptilina
Como podemos tratar a cefaleia em salva nas crises? Existe alguma tratamento profilático?
- Abortivo (nas crises):
- O2 (10-12L/min, por 15 minutos inicialmente. Se não resolver, pode-se aumentar o fluxo):
*Para melhorar a eficácia da terapia o paciente deve ficar sentado com o tronco inclinado para frente.
- Triptanos (sumatriptano SC ou intransal ou zolmitriptano intranasal).
*Se medicamento intranasal fazer-lo no lado contralateral a dor (o lado ipslateral pode estar obstruído).
- Profilático (a partir da 1ª crise):
- Verapamil (solicitar ECG antes a procura de contraindicações).
- Prednisona (ciclo de 10 dias).
O que é e qual a sintomatologia da cefaleia em salvas?
- Epidemiologia: é uma cefaleia rara, mais presente em homens. É classificada como uma cefaleia trigeminodisautonômica.
- Clínica/Diagnóstico:
- Dor em facada, unilateral, periorbitária, de intensidade insuportável. Duração média de 15-180 minutos.
- Sintomas associados (pelo menos um para diagnóstico):
> Hiperemia conjuntival.
> Lacrimejamento.
> Congestão nasal.
> Sudorese facial.
> Miose.
> Ptose.
> Edema palpebral.
*Os sintomas ocorrem ipslateral a dor. Eles podem aparecer até 8 vezes por dia e sumir por semanas.
**O diagnóstico diferencial da primeira crise de cefaleia em salvas entra em encefalites, trombose do seio cavernoso… é uma cefaleia atípica por isso sempre devemos solicitar exame de imagem.
O que é e qual a sintomatologia da cefaleia e hemicraniana paroxística crônica? Qual o tratamento dessa patologia?
- Epidemiologia: cefaleia rara, mais comum em mulheres.
- Clínica: tudo igual a cefaleia em salvas, menos que a duração é de 2-30 minutos e ocorre mais de 5 vezes por dia.
- Tratamento:
- Crise aguda: nada.
- Profilaxia: indometacina (resposta UNIVERSAL).
*A indometacina também é usada na profilaxia da cefaleia orgásmica.
O que é e qual a sintomatologia da hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor)? Como é feito o diagnóstico e o tratamento?
- Epidemiologia: mais comum em mulheres de 20-40 anos, tabagistas e obesas.
- Diagnóstico:
2.1 - Clínica:
- Redução da acuidade visual.
- Papiledema.
2.2 - Exames complementares:
- Neuroimagem NORMAL.
- Líquor normal, com raquimanometria > 20-25 mmHg.
- Tratamento:
- Parar de fumar e emagrecer (maioria some em 6 meses).
- SE persistente:
> Acetazolamida.
> Punção lombar de alívio (a primeira punção costuma já ser resolutiva, mas se refratária e pode fazer punções sucessivas).
> DVP.
No que devemos pensar em caso de uma cefaleia SÚBITA? Qual a clínica desses quadros além do sintoma descrito? Como fazer o diagnóstico diferencial?
Cefaleia súbita = pensar em quadro vascular (hemorrágico).
- Hemorragia Subaracnoide: na TC o sangue desenha os sulcos cerebrais com uma região hiperdensa, mais concentrada em base de crânio. O local mais comum de sangramento (rompimento de aneurisma) é na artéria comunicante anterior.
- Clínica:
> Cefaleia súbita e intensa.
> Rebaixamento do nível de consciência.
> Rigidez de nuca (após algumas horas).
*A HSA pode ser precedida (dias a semanas) por uma cefaleia sentinela, cefaleia de forte intensidade que pode ser acompanhada de náuseas e vômitos. Representa um pequeno sangramento do aneurisma sem consequências catastróficas.
- Hemorragia intraparenquimatosa: região hiperdensa (branca) dentro do parênquima. O local mais comum é o putâmen, que fica próximo a cápsula interna.
- Clínica:
> Cefaleia súbita e intensa (menos intensa do que a cefaleia do HSA).
> Rebaixamento do nível de consciência.
> Sinal neurológico focal.
No que devemos pensar em caso de uma cefaleia PROGRESSIVA com SINAL FOCAL? Qual a clínica desses quadros além do sintoma descrito? Como fazer o diagnóstico diferencial?
Cefaleia progressiva com sinal focal = pensar em processo expansivo.
- Neoplasia:
- Clínica:
> Cefaleia progressiva.
> Sinal focal.
> Ausência de sinais inflamatórios sistêmicos. - Abcesso:
- Clínica:
> Cefaleia progressiva.
> Sinal focal.
> Presença de sinais inflamatórios sistêmicos.
O que é e qual a clínica da arterite temporal (de células gigantes)?
- Definição: é uma vasculite de grande e médio calibre, que acomete paciente com > 50 anos. Está associada a polimialgia reumática em mais de 40%.
- Clínica:
- Sintomas inflamatórios (ex.: febre).
- Cefaleia temporal.
- Claudicação da mandíbula.
- Redução da acuidade visual (pode causar cegueira).
Como é feito o diagnóstico e qual o tratamento da arterite temporal (de células gigantes)?
- Diagnóstico:
- Biópsia da artéria temporal (padrão ouro).
- VHS/ PCR (verificam atividade da doença, usadas no acompanhamento).
- O VHS e a PCR tem alto valor preditivo negativo (VPN), logo, são utilizadas para afastar o diagnóstico se negativas.
- Tratamento:
- Corticoide em dose imunossupressora (rápida resposta).
*Apesar da rápida resposta ao corticoide, se ele for retirado a cefaleia retorna, retirar quando normalização do VHS/PCR.
Qual a etiologia da meningite bacteriana aguda?
- No recém-nascido:
1) Streptococcus do grupo B.
2) E. coli.
3) Listeria. - de 01 mês aos 20 anos:
1) N. meningitidis.
2) S. pneumoniae.
3) H. influenzae. - ≥ 20anos:
1) S pneumoniae
2) N. meningitidis.
*No Brasil atualmente: 1) S. pneumoniae e 2) N. meningitidis.
**A Listeria também é comum em idosos, gestantes e imunodeficientes.
***Meningite pós-neurocirurgia ou infecção de shunts: S. aureos, S. epidermis, Pseudomonas e Listeria são os patógenos mais comuns.
Qual a clínica da meningite bacteriana aguda?
- Sinais e Sintomas:
- Cefaleia.
- Febre.
- Rigidez de nuca.
- Vômitos não precedidos por náuseas.
- Alteração do estado mental (segundário a aumento da PIC).
- Hipertensão intracraniana.
- Hiponatremia (SIADH).
- Crise convulsiva.
- Rash
- Petéquias (meningococcemia - sepse com vasculite cutânea grave podendo haver necrose de extremidades).
*A presença de crise convulsiva por definição expressa acometimento encefálico, assim o nome correto é meningoencefalite.
- Exame físico: buscar sinais de irritação meníngea - rigidez de nuca!
- Sinal de Kernig: dor na região posterior dos membros inferiores até região lombar, após flexão da coxa sobre o quadril e extensão súbita da perna.
- Sinal de Brudzinski: dor com flexão da perna/coxa após extensão cervical.
*Como diferencio Kernig de Lasegue? a dor no Lasegue é unilateral. Se doer os dois lados, não é mais irritação de raiz nervosa (hérnia de disco), e sim um Lasegue meníngeo.