CM04 - Síndrome Metabólica 2 Obesidade e Diabetes Flashcards
Qual a fisiologia hormonal por trás do período de pós-prandial e de jejum?
- Período pós-prandial: aumento de glicose leva a aumento de insulina que promove o anabolismo.
> Aumento de glicogênio.
> Aumento de gordura.
> Aumento de proteínas. - Período de jejum: diminuição de glicose leva a diminuição de insulina e aumento dos hormônios contra insulínicos como o glucagon, a adrenalina, o cortisol e o GH, promovendo o catabolismo.
> Gligogênio gera glicose.
> Proteína gera glicose pela gliconeogênese.
> Gordura gera corpos cetônicos.
Como podemos definir diabetes?
É um distúrbio metabólico caracterizado pelo hipoinsulinismo, estado de “jejum contínuo”.
Jejum
↓
Glicogenólise / Gliconeogênese
↓
Hiperglicemia
Qual é a etiologia, a epidemiologia, a clínica e o laboratório clássicos do DM1 e do DM2?
- DM1 (ausência de insulina):
- Etiologia: genética + autoimunidade.
- Epidemiologia: < 30 anos, magro.
- Clínica: franca, com apresentação aguda dos “Ps”, poliúria, polidpsia, polifagia e perda de peso.
- Laboratório: peptídeo C indetectável ou <0,1, pode haver positividade de alguns autoanticorpos como o anti-ICA, anti-GAD, anti-IA2.
*Para cada insulina formada, temos um peptídeo C formado, que é mais estável que a insulina por isso de mais fácil dosagem.
- DM2 (resistência periférica a insulina com falha pancreática secretória):
- Etiologia: genética + ambiente.
- Epidemiologia: > 45 anos, obeso.
- Clínica: assintomático, abre quadro com complicações.
- Laboratório: HOMA-IR (índice de resistência).
*A DM2 tem mais influência genética que o DM1, com concordância entre gêmeos monozigóticos maior inclusive.
**O HOMA-IR não é usado na prática e sim mais para pesquisa clínica.
Quais são os tipos de diabetes?
- DM1.
- DM2.
- Diabetes gestacional.
- LADA (adulto): auto-imune de evolução lenta e tardia. Clinicamente se assemelha bastante com o DM1, mas aparece fora da faixa etária (>30 anos).
- MODY (crianças): genético (herança monogenética), com lesões progressivas das células B. Pode aparecer em indivíduos magros ou obesos. Clinicamente se assemelha ao DM2, mas a fisiopatologia é diferente, além de aparecer em indivíduos mais jovens.
Como é feito o diagnóstico de diabetes?
É necessário a presenta de DOIS testes positivos (podem ser da mesma amostra).
- Glicemia de jejum: ≥ 126 mg/dL.
- Glicemia após 2h (TOTG): ≥ 200 mg/dL.
- HbA1c: ≥ 6,5%.
EXCEÇÃO: Glicemia aleatória (capilar) ≥ 200 mg/dL + sintomas fecha o diagnóstico com apenas um teste.
*O critério de exceção de glicemia aleatória é o único que pode ser feito com glicemia capilar, todos os outros envolvem glicemia plasmática.
**Se discrepância entre os exames (um positivo e outros negativo para DM), repetir o exame positivo e se ele der novamente positivo fechamos o diagnóstico.
***O TOTG é o exame mais sensível para o diagnóstico. Por isso, se glicemia em jejum ficar entre 100-125 mg/dL, fazemos o TOTG e se houverem duas medidas alteradas, damos o diagnóstico de diabetes.
Como é feito o diagnóstico de pré-diabetes?
Apenas UM teste alterado dá o diagnóstico.
- Glicemia de jejum: 100-125 mg/dL.
- Glicemia após 2h (TOTG): 140-199 mg/dL.
- HbA1c: 5,7-6,4%.
Quando e como devemos tratar os pré-diabéticos?
É usada a Metformina para o tratamento da pré-diabetes SE:
Paciente NÃO é idoso (tem < 60 anos)
+
- IMC ≥ 35
- História de diabetes gestacional.
- Glicemia em jejum ≥ 110 mg/dL ou HbA1c ≥ 6% .
- HAS associada.
- Síndrome metabólica.
Quais são os alvos terapêuticos no tratamento da diabetes?
- HbA1c (principal): reduz incidência de eventos microvasculares se dentro dos limites.
- População habitual: HbA1c < 7%.
- Idosos debilitados: HbA1c < 8%. - Glicemia capilar (automonitorização): melhor prognóstico geral de dentros dos limites.
- Pré-prandial: 80-130 mg/dL.
- Pós-prandial: <180 mg/dL.
Quais são os tipos de insulina?
- Insulinas de ação lenta (mimetizam basal):
- Basal (NPH): aplicacada 2x/dia, fazem pico (não fisiológico). Ação em 2h e duração de 12h.
- Longa (Glardina/Detemir): aplicadas 1x/dia, efeito mais contínuo e não fazem pico, logo, são mais fisiológicas. Ação em 2h e duração de 18-42h. - Insulinas de ação rápida (mimetizam pós-prandial):
- Prandial (Regular): aplicada 30 minutos antes das refeições. Ação em 30 minutos e duração de 6h.
- Super-rápidas (Lispro/Aspart/Glulisina): aplicadas imediatamente antes da alimentação. Ação em 5 minutos e duração de 4h.
*Disponíveis no SUS: NPH e Regular.
O que é hiperglicemia de estresse?
O estresse físico ou mesmo o uso de corticoides aumentam os hormônios contra-insulínicos, aumentando também a glicemia sem diabetes associada.
Quando devemos realizar o rastreamento populacional para diabetes?
O rastreamento deve ser feito de 3 em 3 anos nas seguintes populações:
- Idade ≥ 45 anos.
*Diretriz americana afirma que devemos começar o rastreamento pelo critério de idade em indivíduos com mais de 35.
- IMC ≥ 25 + um fator de risco.
> HAS.
> Sedentarismo.
> Dislipdemia.
> História familiar de DM (1º grau).
> SOP.
> Acantose nigricans.
> Doença cardiovascular.
*Em crianças devemos considerar iniciar rastreamento populacional se sobrepeso e DOIS ou mais fatores de risco.
Como devemos realizar o tratamento da DM1?
- Bomba de insulina de infusão contínua (padrão-ouro): melhor método, mas pouco disponível por ser muito caro.
- Esquema intensivo (múltiplas doses de insulina): iniciar com insulinoterapia 0,5-1 U/Kg, dividir 1/2 para ser dado com insulina lenta e 1/2 para ser dado com insulina rápida (ajustar individualmente dose/divisão após controle com glicemia capilar).
- Regular 30 minutos antes OU Lispro/Aspart/Glulisina imediatamente antes das 3 principais refeições.
- NPH 2x/dia (de manhã e a noite) OU Glardina/Detemir 1x/dia. - Esquema com 2 aplicações: não é o ideal mas pode ser usado em pacientes pouco aderentes ao tratamento. Usa aplicações simultâneas de NPH e Regular.
- NPH + Regular 06h.
- NPH + Regular 18h.
No esquema de tratamento intensivo (com múltiplas aplicações de insulina), qual insulina é responsável pela glicemia pré-café da manhã, pré-almoço, pré-jantar e antes de dormir?
- Glicemia pré-café da manhã: NPH da noite.
- Glicemia pré-almoço: Regular da manhã.
- Glicemia pré-jantar: NPH manhã.
- Glicemia antes de dormir: Regular da noite.
O que fazer frente a uma hiperglicemia matinal?
DEPENDE da causa:
- Fenômeno do Alvorecer: manhã desprotegida, administrar NPH mais tarde ou aumentar dose de NPH.
- Fenômeno de Smogyi: hipoglicemia de madrugada com hiperglicemia matina de rebote. Reduzir NPH noturna ou lanche da noite.
*O Fenômeno de Smogyi está mais associado ao uso de insulina, mas também pode ocorrer com o uso de Sulfonilureias.
Diagnóstico diferencial: glicemia de 3h da manhã.
- Alta: Fenômeno do Alvorecer.
- Baixa: Fenômeno de Smogyi.
Quais as classes de medicamentos orais utilizados para o tratamento de DM2?
- Reduzir a resistência insulínica.
1.1 - Biguanidas (Metformina).
1.2 - Glitazonas (Pioglitazona). - Aumentam secreção de insulina.
2.1 - Sulfoniureias (Glibenclamida, Gliclazida, Glimepirida).
2.2 - Glinidas (Repaglinida, Nateglinida). - Aumentam ação incretínica.
3.1 - Inibidores de DPP-IV (Sitagliptina, Vildagliptina).
3.2 - Análogos de GLP-1 (Liraglutida, Semaglutida). - Redução da reabsorção tubular de glicose.
4.1 - Inibidores de SGLT2 (Empagliflozina, Canagliflozina, Dapagliflozina).
*Existia uma classe medicamentos que reduzia a absorção intestinal de glicose e assim a glicemia pós-prandial (Acarbose - inibidor de alfa glicosidade), mas ela entrou em desuso pelas amplos efeitos gastrointestinais (diarreia, flatulência…).
Quais são os medicamentos usados no tratamento da DM2 que reduzem a resistência insulínica? Quais seus benefícios, indicações, contraindicações e efeitos colaterais?
- Biguanidas (Metformina): reduzem a resistência central (hepática) a insulina.
- Neutra quanto a redução de peso.
- Não costumam causar hipoglicemia.
- Efeitos colaterais:
> Sintomas gastrointestinal.
> Redução de B12.
> Acidose láctica.
- Contraindicações: “insuficiências”, hepatopata e nefropata graves (cirrose avançada e TGF < 30).
*Ajuste de dose da Metformina de acordo com TFG: 30-34 ml/min a dose máxima é de 1.000mg; <30ml/min a droga deve ser suspensa.
**Drogas que mais reduzem HbA1c: Metormina, Gliclazida e Glitazonas (desconsiderando sobrevida e redução de morbidade).
- Glitazonas (Pioglitazona): reduzem a resistência periférica a insulina.
- Ganho de peso e retenção hidrosalina.
- Efeitos colaterais:
> Congestão sistêmica.
> Piora da IC.
> Fraturas ósseas.
- Contraindicações: IC classe funcional III e IV.
Quais são os medicamentos usados no tratamento da DM2 que aumentam secreção de insulina? Quais seus benefícios, indicações, contraindicações e efeitos colaterais?
- Sulfoniureias (Glibenclamida, Gliclazida, Glimepirida): aumentam insulina “basal”.
- Causam ganho ponderal.
- Efeitos colaterais:
> Hipoglicemia. - Glinidas (Repaglinida, Nateglinida): aumentam a insulina “pós-prandial”. Não são mais usados na prática clínica.
Quais são os medicamentos usados no tratamento da DM2 que aumentam ação incretínica? Quais seus benefícios, indicações, contraindicações e efeitos colaterais?
- Inibidores de DPP-IV (Sitagliptina, Vildagliptina): inibem enzima que degrada incretina (DPP-IV), aumentando assim a ação dessas moléculas e por sua vez a liberação de insulina dependente de glicose.
- Neutros quanto ao peso.
- Efeitos colaterais:
> Urticária.
> Agioedema. - Análogos de GLP-1 (Liraglutida, Semaglutida): incretinicomiméticos.
- São de aplicação subcutânea.
- Perda de peso importante, são inclusive usados na perda de peso de obesos não DM.
- Benefício cardiovascular e renal.
- Efeitos colaterais:
> Gastrointestinais.
> Pancreatite (doses muito altas).
*A Liraglutida é de aplicação diária e a Semaglutida de aplicação semanal.
**A Tirzapatida estimula tanto os receptores de GLP-1 quanto o GIP (outro tipo de incretina), com redução acentuada do peso.