CM15 - Epilepsia e Fraqueza Muscular Flashcards
Qual a definição de epilepsia? E de crise epiléptica?
- Epilepsia:
- Pelo menos duas crises não provocadas em um intervalo de > 24h.
- Uma crise não provocada com chance de recorrência > 60% (ex.: alteração estrutural no cérebro). - Crise epiléptica: atividade neuronal anormal e excessiva (redução do sistema inibitório).
Quais as principais etiologias da epilepsia em cada idade?
- Neonatal: anóxia, doenças congênitas.
- 6 meses a 5 anos: crise febril.
- 5 a dose anos: genética (muitas vezes benigna com cura espontânea na adolescência).
- Idoso: AVC (normalmente sequelar, não é tão comum no AVC agudo), tumor.
*A epilepsia tem distribuição bimodal sendo mas comum em crianças e idosos.
Como podemos classificar as crises epilépticas?
- Início focal (um hemisfério):
- Focal perceptivo (simples): SEM perda da consciência.
- Focal disperceptivo (complexa): COM perda da consciência.
- Focal evoluindo para tônico clônica bilateral (generalização segundária).
*A formação reticular ascendente funciona como um “interruptor da consciência” e quando atingida pela crise, gera crises disperceptivas.
- Início generalizado (dois hemisférios):
- Motoras:
> Mioclonia: contração muscular.
> Tônico-clônica: abalos rítmicos e contração muscular.
> Atônica: perda total da tonicidade muscular (alto risco de lesões).
- Não motoras:
> Ausência: típica, atípica e mioclônica.
*As crises generalizadas por definição tem perda da consciência com exceção da crise mioclonica que pode ocorrer sem perda da consciência.
Como diferenciamos uma síncope de uma crise convulsiva após a ocorrência do episódio?
A síncope tem retorno rápido após o episódio, enquanto a crise convulsiva tem retorno lento e gradual.
Qual a grande causa de morte na epilepsia?
A disautonomia e a lesão cerebral, segundarias ao estímulo neuronal excessivo na crise.
Como é feito o diagnóstico de epilepsia?
- Anamnese.
- EEG/ VideoEEG (mais útil em crianças).
- Imagem, sendo RM o padrão ouro (mais últil em adultos e idosos).
Como é feito o tratamento das epilepsia?
- Medidas comportamentais: reduzir exposição a fatores desencadeantes (ex.: sono regular, ajuste alimentar, evitar estímulo luminoso excessivo…).
- Medicamentoso:
- Quando iniciar? No diagnóstico de epilepsia (a partir da segunda crise ou da primeira com lesão cerebral).
- Como iniciar? Monoterapia em dose baixa com aumento progressivo se necessário.
*Se monoterapia não cessar crises, iniciar outro medicamento gradualmente até ausência de crises. A partir disso, decrementar dose do primeiro anti-convulsivante até sua suspensão (se possível).
- Quando parar? Se mais de dois anos sem crise convulsiva, pode-se iniciar desmame gradual. Se crise convulsiva no desmame, retornar medicamento (pode tentar novo desmame se mais 2 anos sem crise).
- Qual usar? Depende do caso.
> Tônico-clônica generalizada: Valproato (SUS), Lamotrigina, Levetiracetam.
> Focal: Carbamazepina (SUS), Oxicarbamazepina, Lamotrgina, Valproato (segunda linha).
> Mioclônica/Atônica: Valproato (SUS), Lamotrigina, Topiramato.
> Ausência: Etossuximida, Valproato (SUS), Lamotrigina.
*Não fazer uso do Valproato na gravidez (risco de espinha bífida no feto).
**Cuidado com tabagistas em desmame com uso de bupropiona, a droga reduz o limiar convulsivo e o efeito de alguns anticonvulsivantes.
***Serve para todas: Valproato e Lamotrigina.
Como é feito o tratamento da crise febril? Ela pode recorrer?
- Tratamento:
- Suporte.
- Em crise (> 5 minutos): Diazepam IV ou retal. - Risco de Recorrência:
- < 1 ano.
- Crise com febre baixa.
- Crise com < 24h de febre.
- História familiar de crise febril.
*Não se utilizam medicamentos de uso crônico após crise febril, com exceção de casos MUITO específicos (ex.: crises febris atípicas com muita recorrência).
**Há um pequeno aumento de risco de um paciente com crise febril desenvolver epilepsia.
O que é a Síndrome de West? Qual a clínica? E o tratamento?
É uma doença epilepgênica que acomete menores de 1 ano (4-7 meses de vida).
- Clínica: Espasmos + EEG hipsarritmia (bilateral, caótico, multifocal) + Retardo no desenvolvimento.
- Tratamento:
> ACTH.
> Prednisolona.
> Vigabatrina (anticonvulsivante de escolha).
*A vigabatrana pode causar cegueira.
**A síndrome de West pode evoluir para síndrome de Lennox-Gastaut.
Como é feito o diagnóstico da crise febril? Qual um importante diagnóstico diferencial?
O diagnóstico da crise febril é clínico (crises típicas). No entando devemos nos preocupar com um importante diagnóstico diferencial que é a meningite para isso fazemos a punção lombar para afastar esses diagnósticos em:
- < 6 meses de idade
- Casos de dúvida diagnóstica (ex.: qualquer caso de crises atípicas).
- Entre 6 a 12 meses, considerar, nas não vacinadas, vacina contra Hib e pneumococo.
- Crianças em tratamento com antibiótico.
- Crise > 15 min.
O que é a epilepsia do lobo temporal? Qual a clínica? Como é feito o diagnóstico?
É a síndrome epiléptica mais comum no adulto. É causada por uma esclerose hipocampal (esclerose mesial temporal).
- Clínica: crises focais disperceptivas (parciais complexas). O paciente fica com os olhos abertos e pode fazer movimentos involuntários dos MMII, a consciência é ausente.
- Diagnóstico: RM (esclerose hipocampal) e EEG.
- Tratamento: pode ser feito tratamento medicamentoso (1º linha) ou cirúrgico.
*Geralmente é bem responsiva a cirurgia, que é o tratamento de escolha SE refratário a clínica.
O que é ausência infantil ou pequeno mal? Qual a clínica? Como é feito o diagnóstico e o tratamento?
É uma doença epilepgênica que acomete crianças entre 5 a 8 anos de idade.
- Clínica: ocorrência de várias crises de ausência ao dia. Podem ocorrer alguns movimentos involuntários da face (beijo, sorriso…).
- Diagnóstico: EEG com ponta-onda de 3Hz.
- Tratamento: igual a Crise de Ausência (boa resposta ao tratamento).
*Tem como fator desencadeante a hiperventilação.
O que é a Síndrome de Janz? Qual a clínica? Como é feito o diagnóstico?
É também chamada de epilepsia mioclônica juvenil por ter um pico de incidência entre os 13 e 20 anos.
- Clínica: crises mioclônicas principalmente ao despertar (como se fosse um “susto”).
- Diagnóstico: EEG com ponta-onda de 4-6Hz.
*Tem como fator desencadeante a privação de sono.
Como é feito o tratamento do estado do mal epiléptico?
! ) Cuidado com o ABC + Avaliar glicemia.
1ª droga) Benzodiazepínico (Diazepam IV, Midazolam IM).
> Pode-se repetir dose de Diazepam se necessário (apenas uma vez).
*O Diazepam por via IM tem absorção errática e não deve ser feito.
2ª droga) Fenitoína IV em impregnação/hidantalização (20mg/kg - 50mg/min).
> Pode-se repetir 1/2 dose se necessário.
> Opções: Ác. Valproico, Levetiracetam.
*O aumento da velocidade de infusão da fenotoína pode causar depressão miocárdica.
**A fenitoína pode ser usada caso a crise não cesse após segunda dose de diazepam ou mesmo para prevenir retorno da crise (o diazepam tem rápido início de ação e pouco tempo de duração).
3ª droga) Anestesia com Midazolam, Propofol, Pentobarbital ou Tiopental + IOT.
> Feito apenas SE não melhorar com segunda dose de fenitoína (status refratário).
*O fenobarbital (20mg/kg - 50mg/min) é uma droga coringa no tratamento das crises, podendo ser usado como primeira, segunda ou terceira droga de escolha. No entanto, há grande chance de rebaixamento do nível de consciência (preparar IOT).
**O fenobarbital é a primeira droga de escolha no tratamento da crise convulsiva em neonatos.
Qual a idade típica da chamada crise febril? Como ela pode ser classificada?
- Idade típica: de 6 meses até 5 anos (pico 14-20 meses).
- Classificação:
- Crise simples (típica):
> Crise generalizada tônico-clônica de curta duração (< 15min).
> Não se repete em 24h.
> Pós-ictal breve.
- Crise complexa (atípica)
> Início focal (> 15min).
> Repete em 24h.
> Pós-ictal longo ou com sinal neurológico.