Tutoria 4 - Pneumotórax Flashcards
Como ocorre a formação e a drenagem do líquido pleural?
- A membrana pleural é membrana serosa, porosa e mesenquimal, da qual transudam, continuamente, pequenas quantidades de líquido intersticial para o espaço pleural.
- O líquido pleural tem baixa concentração proteica, sendo um líquido intersticial da microcirculação sistêmica pleural, um ultrafiltrado do plasma. É renovado continuamente por um balanço de forças entre as pressões hidrostática e osmótica da microcirculação e do espaço pleural. A espessura uniforme desse fluido, ao longo da cavidade pleural, é mantida pela recirculação do líquido pleural dirigido pela gravidade e pelos movimentos ventilatórios e cardiogênicos. Sempre que essa quantidade de líquido aumenta e começa a fluir para a cavidade pleural, o excesso de líquido é bombeado para fora pelos vasos linfáticos que se abrem diretamente da cavidade pleural para (1) o mediastino; (2) a superfície superior do diafragma; e (3) as superfícies laterais da pleura parietal.
Qual a composição do líquido pleural?
Uma certa quantidade de líquido límpido e incolor que vai de 0,1 a 0,2 ml/kg de peso corporal (15 a 20mL), cerca de 1,0 a 1,5 g/dl de proteínas (albumina, fibrinogênio e globulina) e 1500 células/mm3, dos tipos monócitos, linfócitos, macrófagos, células mesoteliais e polimorfonucleares. Possui nível de glicose semelhante ao do plasma.
Qual a função do líquido pleural?
- O líquido pleural lubrifica as superfícies pleurais e permite que as camadas de pleura deslizem suavemente uma sobre a outra, durante a respiração. A tensão superficial do líquido propicia a coesão que mantém a superfície pulmonar em contato com a parede torácica. Também contribui para a manutenção do equilíbrio homeostático com o espaço pleural.
- Mecanismos de defesa da pleura: incluem funções que vão desde fornecer uma barreira mecânica a invasão de agentes agressores até um sistema sofisticado e coordenado de citocinas e células inflamatórias.
- As células mesoteliais da pleura respondem em grande parte pela imunidade inata. Reconhecem o organismo agressor, iniciam a resposta inflamatória e coordenam essa ação. Tal resposta varia de acordo com o agente agressor (microrganismos, agentes químicos, células tumorais). A superfície das células mesoteliais é coberta por glicoconjugados (sialomucinas), que consistem em moléculas fortemente aniônicas que repulsam a presença de células anormais, partículas e microrganismos, funcionando como cobertura mecânica que impede a aderência desses agentes. Além disso, as células mesoteliais produzem radicais de óxido nítrico em resposta a estimulação por citocinas, lipopolissacarídeos e particulados. Indução da enzima óxido nítrico sintase contribui para o controle de infecções do espaço pleural. A pleura conta ainda com mecanismos que incluem a secreção de lisozima, imunoglobulinas (IgG e IgA) e complemento, que ajudam na função antibacteriana. As células mesoteliais produzem fibronectina, que inibe a adesão de microrganismos, como Pseudomonas aeruginosa.
Quais as causas do acúmulo de líquido pleural?
Ocorre por mecanismos capazes de aumentar a entrada ou de diminuir a saída de líquido no espaço pleural.
Mecanismos que aumentam a entrada de líquido no espaço pleural: relacionados às forças hidrostáticas que filtram água para fora dos vasos e às forças osmóticas que reabsorvem água de volta:
- Aumento da pressão hidrostática, na microcirculação sistêmica;
- Diminuição da pressão oncótica, plasmática;
- Aumento da permeabilidade capilar, pleural;
- Diminuição da pressão no espaço pleural.
Os fatores que dificultam a saída de líquido do espaço pleural estão relacionados à redução da função linfática pleural. Os vasos linfáticos são dotados de válvulas unidirecionais e, no tórax, impulsionam a linfa, utilizando sua própria contração rítmica e os movimentos respiratórios da parede torácica. Adicionalmente, o fluxo, através dos linfáticos, é afetado pela permeabilidade dos mesmos, pela disponibilidade de líquido e pelas pressões de enchimento e de esvaziamento dos linfáticos.
Quais os tipos de acúmulo de líquido pleural?
- TRANSUDATO: tem baixa densidade, pequena concentração de proteínas e ausência de células inflamatórias. O líquido acumula-se por distúrbios nos fatores hidrodinâmicos que regulam a formação e a absorção do líquido pleural, resultando no acúmulo. (Principais causas: insuficiencia cardíaca, embolia pulmonar e atelectasia)
- EXSUDATO: caracteriza-se por densidade superior a 1.020, níveis de proteínas maiores que 2 g/dL e células inflamatórias. (principais causas: neoplasia, doenças infecciosas [tuberculose] e tromboembolia pilmonar)
Diferencie transudato e exsudato
TRANSUDATO
EXSUDATO
Baixa densidade – menor que 1.020
Densidade superior a 1.020
Pequena concentração de proteínas
Níveis de proteínas maiores que 2g/dL
Ausência de células inflamatórias
Presença de células inflamatórias
Forma-se de distúrbios nos fatores hidrodinâmicos que regulam a formação e reabsorção do liquido pleural, resultando em acúmulo deste;
Forma-se por aumento da permeabilidade dos capilares sanguíneos, por obstrução do fluxo linfático ou por diminuição da pressão no espaço pleural (como na obstrução brônquica com atelectasia)
As principais causas são insuficiência cardíaca, cirrose hepática e distúrbios renais, como síndrome nefrótica.
As causas podem ser inflamatórias (pneumonias, tuberculose, bronquiectasias) ou neoplásicas (primarias da pleura ou metastáticas)
O que é derrame pleural?
É o acúmulo anormal de líquido na cavidade pleural, que é o espaço entre as pleuras visceral e parietal.
A pleura muitas vezes é acometida por doenças primárias ou secundárias, tanto benignas quanto malignas. Quase sempre acompanhado de aumento de lÍquido pleural, que pode ser um transudato (hidrotórax) ou um exsudato.
Quais as etiologias do derrame pleural?
As causas do derrame são as mesmas causas do edema em outros tecidos:
- Bloqueio da drenagem linfática da cavidade pleural;
- Insuficiência cardíaca, que causa pressões capilares periférica e pulmonar muito altas, levando à excessiva transudação de líquidos para a cavidade pulmonar;
- Diminuição acentuada da pressão coloidosmótica do plasma, permitindo a transudação excessiva de líquidos;
- Infecção (pulmonar direta ou por via sanguínea) ou qualquer outra causa de inflamação nas superfícies da cavidade pleural, que aumenta a permeabilidade das membranas capilares e permite o rápido acúmulo de proteínas plasmáticas e de líquido na cavidade.
Outros mecanismos de formação do derrame pleural: Passagem de líquido da cavidade abdominal para o espaço pleural através de pertuitos, na superfície do diafragma, ou através da vasta circulação linfática existente entre o abdome e o tórax.
Qual a fisiopatologia do derrame pleural?
Doença restritiva à diminuição da expansibilidade pulmonar, diminuindo a complacência do pulmão e diminuindo a capacidade de ventilação.
Insuficiencia respiratória hipercapnica – a dificuldade de excretar CO2 é maior do que a de difundir O2, por isso não é hipoxemica.
Quais as manifestações clínicas do derrame pleural?
O derrame pleural evolui com sintomas relacionados ao envolvimento da pleura e sintomas decorrentes da doença de base que o determinou.
Principais sintomas:
- Dor torácica pleurítica – indica acometimento da pleura parietal; sintoma mais comum; “em pontada”, lancinante, piora com a inspiração profunda e com a tosse, melhora com o repouso do lado afetado ou durante o decúbito lateral sobre o lado acometido (pois, deitando do lado não acometido vai dificultar a respiração por ele também).
- Tosse seca – pode ser produtiva dependendo da doença base.
- Dispneia
Quais achados do exame físico no derrame pleural?
Inspeção
- Derrames de maior volume: abaulamento do hemitórax acometido e de seus espaços intercostais, que passam a apresentar convexidade;
- Desvio do ictus cardíaco e da traqueia;
- Redução da expansibilidade torácica no hemitórax afetado.
Palpação
- Redução ou ausência do frêmito tóraco-vocal na área do derrame;
- Redução da expansibilidade torácica.
Percussão
- Macicez ou submacicez.
Ausculta
- Redução ou abolição do murmúrio vesicular na área do derrame;
- Egofonia;
- Estertores finos na área do pulmão em contato com o líquido pleural na parte mais alta do derrame
- Nas fases de pleurite e pouco líquido pleural, no início do processo, ou em sua fase de resolução, pode ser auscultado o atrito pleural.
Quais os achados radiográficos do derrame pleural?
Radiografia de tórax em PA, com o paciente em posição ortostática, a apresentação do derrame varia com seu volume:
- Radiografia de tórax normal - pequenos volumes não são identificados
- Elevação e alteração da conformação do diafragma, com retificação de sua porção medial;
- Obliteração do seio costofrênico - surge a partir de volumes que variam de 175 a 500 ml em adultos;
- Opacificação progressiva das porções inferiores dos campos pleuropulmonares com a forma de uma parábola com a concavidade voltada para cima.
Pode ser identificado mais precocemente na radiografia em perfil, com a obliteração do seio costofrênico posterior e desaparecimento da cúpula diafragmática correspondente ao hemitórax em que há o derrame.
IMAGEM 2: (b) velamento de aproximadamente 2/3 do hemitórax esquerdo, com sinal do menisco (seta), caracterizando derrame pleural.
O que é empiema pleural?
QUais as causas?
Consiste na presença de pus na cavidade pleural, com mais de 100.000 neutrófilos/mm3. O volume acumulado é pequeno, porém existe o risco de formação de aderências e lojas na cavidade pleural, dificultando a expansão dos pulmões.
Na maioria das vezes está associado a uma pneumonia bacteriana subjacente, constituindo-se na progressão do derrame para-pneumônico complicado. Os microrganismos mais encontrados Staphylococcus aureus (principalmente em crianças), Streptococcus pneumoniae e germes anaeróbicos.
O que é hemotórax?
Quais as principais causas?
Coleção de sangue no espaço pleural. É quase sempre secundário a ruptura de aneurisma da aorta ou traumatismo torácico. Pleurite hemorrágica é um derrame hemorrágico, geralmente devido a neoplasias ou, mais raramente, a infecções (Rickettsia).
Principais causas de hemotórax:
- Trauma torácico aberto ou fechado
- Iatrogênico
- Perfuração de veias centrais durante instalação de cateteres
- Lesões de aorta durante arteriografias
- Após toracocentese ou biópsia pleural
- Após biópsia ou aspirado pulmonar transcutâneo
- Doença metastática pleural
- Complicação de anti-coagulação na embolia pulmonar
- Associado ao pneumotórax espontâneo
- Coagulopatias: hemofilia, trombocitopenia
O que é quilotórax?
Quais as principais causas?
Presença de linfa no espaço pleural, o que dá um aspecto leitoso ao líquido. Deve-se à presença de gorduras (mais de 110 mg/dL de triglicerídeos no líquido pleural). Em geral, é confinado ao hemitórax esquerdo, mas pode ser bilateral. Causas mais frequentes são obstrução linfática por tumores do mediastino ou traumatismo no ducto torácico (como ruptura).
- Causas traumáticas: cirurgias cardiovasculares, pulmonares e de esôfago, os traumas torácicos ou cervicais, traumas com hiperextensão da coluna ou fraturas de vértebras, punções de grandes vasos para a instalação de cateteres.
- Neoplasias: principais causas de quilotórax não traumático; linfoma é o principal.
- Doenças granulomatosas (tuberculose, micoses, sarcoidose), trombose de veia cava superior, linfangioleiomiomatose.