Sangramentos da 2ª metade da gestação Flashcards
O que é placenta prévia?
Implantação heterotópica da placenta sobre o orifício cervical interno, cobrindo-o total ou parcialmente, ou avizinhando-se deste.
Por que o diagnóstico de placenta prévia só pode se dar nas 28 semanas?
Porque a placenta migra durante a gestação devido ao crescimento uterino, e esta migração termina em torno na 28ª semana de gestação.
Qual a classificação de placenta prévia?
- PP completa/total: quando recobre totalmente a área do orifício interno do colo uterino.
- PP parcial: quando recobre parcialmente a área do orifício interno do colo uterino.
- PP marginal: o bordo placentário tangencia a borda do orifício interno, sem ultrapassá-lo.
- Placenta de inserção baixa ou lateral: placenta localizada no segmento inferior do útero, porém a borda placentária não alcança o óstio interno, mas situa-se muito próxima a ele.
Quais os fatores de risco para placenta prévia?
- Idade
- Multiparidade
- Endometrite
- Abortamento provocado
- Curetagens uterinas prévias
- Cicatrizes uterinas prévias (mais importante)
- Tabagismo
Quando pensar em placenta prévia?
Sangramento na segunda metade da gestação, vivo, indolor, de início e cessar súbito, sem outros sintomas.
Como está o exame físico na placenta prévia?
Tônus uterino normal + apresentação fetal alterada + BCF presente e sem alterações + CTG com boa vitalidade fetal. NÃO FAZER TOQUE VAGINAL.
Quais exames laboratoriais devem ser pedidos em vigência de placenta prévia?
- Hb e Ht
- Tipagem sanguínea e fator Rh
- Coagulograma
Como é realizado o diagnóstico de certeza da placenta prévia?
Através de USG.
Como deve ser a conduta em cada placenta prévia?
- PP total: com feto vivo ou morto, a conduta é cesariana.
- PP parcial: cesariana, exceto em multíparas se o parto estiver próximo do fim, o sangramento seja discreto e não haja obstáculo mecânico importante ao parto vaginal.
- PP marginal ou baixa: pode ser vaginal, devendo fazer amniotomia precoce (diminui sangramento).
Quais as complicações da placenta prévia?
- Atonia pós-parto e hemorragia
- Infecção puerperal
- Laceração do trajeto
- Distocia
- Acretismo placentário
- Parto prematuro
- Amniorrexe prematura
- Apresentações anômalas
- Discinesias uterinas
O que é o acretismo placentário?
Qualquer implantação placentária na qual há aderência anormalmente firme à parede uterina.
Qual a classificação do acretismo placentário?
- Placenta acreta: as vilosidades penetram mais profundamente no endométrio, até a camada esponjosa.
- Placenta increta: as vilosidades penetram até o miométrio.
- Placenta percreta: as vilosidades alcançam a serosa chegando a perfurá-las, e causam muitas vezes hemorragias intraperiotoneais.
Quais os fatores de risco para acretismo placentário?
Implantação no segmento inferior do útero, sobre uma cicatriz de cesariana prévia ou outras incisões uterinas prévias, ou após curetagens uterinas.
Qual o quadro clínico do acretismo placentário?
Hemorragia profusa, que ocorre no momento da tentativa de descolamento placentário. A intensidade da hemorragia depende do grau de hipocontratilidade e de aderência placentária.
Quais os sinais sugestivos de acretismo placentário na USG e Doppler?
- Adelgaçamento do miométrio.
- Perda do “espaço claro” retroplacentário
- “Lagos placentário” de aspecto irregular
- Protrusão de tecido placentário para dentro da bexiga
- Vascularização aumentada na interface entre a serosa uterina e a bexiga
- Fluxo turbulento à dopplerfluxometria nos lagos placentários
A USG é o método mais utilizado, mas qual o método mais seguro para diagnosticar acretismo placentário?
RNM.
Qual a conduta no acretismo placentário?
- Placenta acreta: extração manual da placenta ou histerectomia.
- Placenta increta: histerectomia.
- Placenta percreta: histerectomia.
O que é o descolamento prematuro da placenta?
Separação intempestiva da placenta normalmente inserida no corpo uterino em gestação com 20 ou mais semanas completas e antes da expulsão fetal.
Qual a classificação do DPP?
- Grau 0: assintomático.
- Grau I: sangramento vaginal, sem dor. Vitalidade preservada e sem repercussões hemodinâmicas.
- Grau II: sangramento, dor abdominal e hipertonia uterina, além de repercussões hemodinâmicas. Feto vivo, mas apresenta sinais de comprometimento da vitalidade.
- Grau III: sangramento importante, hipertonia uterina, hipotensão materna e óbito fetal.
- IIIA: sem coagulopatia.
- IIIB: com coagulopatia.
Quais os fatores de risco para DPP?
- Causas mecânicas ou traumáticas: brevidade do cordão, versão fetal externa, retração uterina intensa, miomatose uterina, torção do útero gravídico, hipertensão da veia cava inferior por compressão uterina, traumatismo abdominal.
- Causas não mecânicas: síndromes hipertensivas (mais importante), placenta circunvalada, tabagismo e uso de cocaína, anemia e má nutrição, consumo de álcool, RPMO, corioamnionite, idade.
Qual a fisiopatologia da DPP?
Há uma hemorragia decidual, formando um hematoma retroplacentário. O sangue em contato com o útero exerce ação irritante, causando hipertonia uterina. Com a evolução, observa-se infiltração sanguínea miometrial, que passa a apresentar desorganização da sua citoarquitetura muscular, gerando então hipotonia (útero de Couvelaire).
Qual o quadro clínico da DPP?
Dor abdominal, associada ou não a sangramento vaginal, associada a hipertonia uterina
Como está o exame obstétrico e fetal na DPP?
- Obstétrico: taquissistolia e hipertonia.
- Fetal: BCF não tranquilizador.
Quais exames laboratoriais devem ser pedidos no DPP?
- Hemograma com contagem de plaquetas
- Tipagem sanguínea e fator Rh
- Coagulograma
- Rotina para hipertensão
Qual a conduta diante de um DPP?
- Feto vivo: se parto iminente, parto vaginal; se parto não iminente, cesariana.
- Feto morto: quando as condições maternas, parto vaginal. Caso não haja iminência do parto, pode ser feito cesariana.
Quais as complicações do DPP?
- Choque hipovolêmico.
- Insuficiência renal aguda.
- Síndrome de Sheehan.
- CIVD
- Útero de Couvelaire com atonia uterina
Quais os fatores de risco para rotura uterina?
- Cirurgia miometrial: cesárea, miomectomia, metroplasia, ressecção do corno uterino.
- Trauma uterino: perfuração uterina pós-curetagem ou aborto provocado, perfuração por armas brancas ou armas de fogo.
- Malformação congênita: gestação com corno uterino rudimentar.
- Outros: adenomiose, mola, secundamento patológico, desnutrição, multiparidade, manobra de Kristeller, sobredistensão uterina, parto obstruído, versão externa, interna e extração podal, trauma fechado e uso de ocitócitos e prostaglandinas na indução ou condução do parto.
Qual a classificação da rotura uterina?
- Rotura parcial: preserva a serosa, quase sempre está associada à deiscência de cicatriz uterina.
- Rotura total: rompimento da parede uterina, incluindo a serosa.
Qual o quadro clínico da rotura uterina?
- Dor aguda e intensa.
- Parada súbita da contratilidade uterina.
- Sangramento vaginal ou até mesmo urinário.
- Subida da apresentação ao toque vaginal.
- Palpação de duas massas distintas, a matriz e o feto.
- Sinais de perda volêmica e/ou choque.
- Bradicardia ou não detecção dos movimentos fetais.
- Taquicardia materna importante e hipotensão grave.
O que é o sinal de Bandl na rotura uterina?
Distensão do segmento inferior, formando uma depressão em faixa infraumbilical, conferindo ao útero aspecto semelhante a ampulheta.
O que é o sinal de Frommel na rotura uterina?
Estiramento dos ligamentos redondos, desviando o útero anteriormente.
O que é o sinal de Clark na rotura uterina?
Presença de enfisema subcutâneo.
O que é o sinal de Reasens na rotura uterina?
Subida da apresentação (o feto sai do útero e cai na cavidade abdominal.
Qual a conduta na rotura uterina?
Na iminência, fazer uterolíticos para controlar a distensão do órgão e evitar rotura.
Em rotura franca, a conduta varia de rafia do útero a histerectomia.
O que é vasa prévia?
Anomalia de inserção do cordão umbilical na placenta, na qual os vasos umbilicais cruzam o segmento inferior do útero e se colocam à frente da apresentação.
Quais os fatores de risco para rotura de vasa prévia?
- Inserções marginais do cordão.
- Placentas bilobadas.
- Placentas sucenturiadas.
- Inserção vilamentosa do funículo umbilical.
Qual a clínica da rotura de vasa prévia?
Presença de hemorragia no final da gravidez ou durante o trabalho de parto, no momento do rompimento da bolsa das águas.
Qual a conduta quando há vasa prévia?
Interrupção eletiva da gestação por via alta (cesariana), em todas as pacientes com 36 semanas ou mais.
Qual o quadro clínico de rotura do seio marginal?
Episódios de sangramento vaginal indolores, contínuos, de pequena monta, vermelho vivos, acompanhados de tônus uterino normal, de batimentos cardíacos fetais normais e de placenta normoposicionada à USG.