R2 - Epilepsia - Capítulo 01 - Semiologia das Crises - Classificação e Crises Focais (Kochen e Yacubian) Flashcards
Qual a definição de crise epiléptica?
Ocorrência transitória de sinais e sintomas decorrentes da atividade neuronal síncrona ou excessiva do cérebro
Acompanhada de:
- Alterações do nível de consciência;
- Distúrbios motores e/ou sensitivos e/ou autonômicos;
- Disrtúrbios psíquicos.
Que podem ser observados pelo paciente ou um observador.
Qual a definição de epilepsia?
Predisposição persistente do cérebro de desencadear crises epilépticas recorrentes.
Definida quando se tem duas ou mais crises epilépticas não provocadas (ou reflexas) separadas por mais de 24h
ou
Uma crise com algo que atribua risco superior a 60% de recorrência.
Definição conceitual (científica) de epilepsia? (ILAE, 2005).
Distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição persistente do cérebro em causar crises.
NÃO É DOENÇA. Passa a ser doença na definição operacional (prática), em 2014.
Definição operacional (prática) de epilepsia? (ILAE, 2014).
Pelo menos duas crises separadas por mais de 24h, não provocadas ou reflexas;
Uma crise não provocada ou reflexa com mais de 60% de risco de recorrência;
Diagnóstico de síndrome epiléptica.
Qual a definição de crises reflexas?
Quando a crise tem sua ocorrência ligada claramente a alguma atividade e/ou estímulo externo ou do indivíduo.
- Estímulos:
- Simples → lampejos luminosos, sons;
- Elaborados → música.
- Atividades:
- Simples → movimento;
- Elaborada → ler, jogar xadrez etc.
Quais são os preditores de risco > 60% para a recorrência de uma crise epiléptica?
Uma segunda crise não provocada
Alterações nos exames de imagem
Alterações no eletroencefalograma
Por que utilizamos o ponto de corte de duas crises não provocadas separadas por mais de 24h como definidora de doença e tratamento?
Hauser et al analisaram 204 indivíduos por 36 meses
O risco de crise daqueles que apresentavam duas, três ou quatro crises em recorrerem era semelhante (60-90%).
Qual o conceito de zona epileptogênica?
Região cortical que produz as crises epilépticas, que se espraiarão pelo córtex.
Os seus limites são teóricos e não podem ser definidos diretamente por nenhum instrumento.
Quais as cinco subdivisões da zona epileptogênica?
- Zona irritativa → corresponde às descargas paroxísticas interictais;
- Zona de início ictal → área do córtex na qual as crises epilépticas têm início;
- Zona sintomatogênica → sinais e sintomas observados nos dez segundos iniciais da crise;
- Zona lesional → corresponde às alterações cerebrais lesionais às quais podem ser atribuídas as crises;
- Zona de défice juncional → representada pelos défices neurológicos mensurados pelos exames neuropsicológicos e de neuroimagem funcional determinados pela zona epileptogênica.
Como avaliar localização da zona epileptogênica?
Através dos primeiros sinais e sintomas apresentados → extremamente localizatórios.
Duração da maioria das crises?
< 4-5 minutos.
(Algumas duram apenas alguns segundos).
Diagnóstico de certeza da crise?
Crise flagrada durante video-EEG.
Qual o maior obstáculo do diagnóstico da epilepsia?
Depende do relato de terceiros, na maior parte dos casos (ponto de vista do observador)
O EEG interictal pode estar normal.
Qual a porcentagem de ajuda do EEG nos períodos interictais?
50-60%
Como é dividida a epilepsia de acordo com os critérios de 1981 (ILAE)?
Qual a definição de crises focais? (ILAE, 1981).
Crises cujas primeiras manifestações clínicas e eletroencefalográficas indicam a ativação inicial de um conjunto limitado de neurônios limitados a uma parte de um único hemisfério cerebral.
Crises parciais simples x complexas? (ILAE, 1981)
Parciais → preservação do nível de consciência.
Complexas → comprometimento do nível de consciência.
Como definir crises generalizadas? (ILAE, 1981).
São aquelas cujas manifestações iniciais demonstram comprometimento hemisfério bilateral.
O que são “crises não classificáveis”?
São aquelas que não se enquadram em “focais” ou “generalizadas”.
Quadro de classificação das epilepsias segundo a ILAE (1981)?
Quais as diferenças nas classificações de 2010 e 1981?
2010:
Focais:
As crises focais são limitadas a uma rede neuronal de um hemisfério, podendo ser uma área menor ou maior
As crises focais têm SEMPRE O MESMO PADRÃO DE PROPAGAÇÃO.
Podem haver mais de uma crise focal no mesmo indivíduo, porém cada uma com o seu padrão
Podem ser iniciadas em estruturas subcorticais
Generalizadas
As crises generalizadas iniciam em um local específico e rapidamente evoluem bilateralmente
O início e a propagação são diferentes em cada crise (diferenciando-se, assim, das focais com múltiplos focos)
As crises generalizadas podem ser assimétricas
Como devem ser classificadas as crises focais, de acordo com a revisão de 2010 da ILAE?
Com comprometimento do nível de consciência (e não mais complexas) e sem comprometimento do nível de consciência (e não mais simples).
Crises focais com comprometimento do nível de consciência e com amnésia em relação à crise?
Crises discognitivas.
Conceito de “crise discognitiva”?
- Crises cujas características principais são os distúrbios na cognição;
- Cursam com comprometimento de dois ou mais dos seguintes:
- Percepção;
- Atenção;
- Emoção;
- Memória;
- Função cognitiva executiva cujo grau de comprometimento não pode ser objetivamente determinado.
Quais as classificações das “crises focais”, de acordo com Berg et al?
Qual a definição de “aura epiléptica”?
Manifestações sensitivossensoriais das crises epilépticas.
Duram segundos, geralmente antes das crises. Podem ser esquecidas nas síndromes discognitivas.
Quais os subtipos de aura?
- Auras somatossensoriais;
- Auras visuais;
- Auras auditivas;
- Auras olfatórias;
- Auras gustativas;
- Auras autonômicas;
- Auras cefálicas e cefaleia crítica;
- Auras experienciais (afetivas, mnemônicas, fenômenos perceptuais compostos, incluindo eventos alucinatórios e ilusórios).
Tipos de auras e suas localizações?
Quais são as manifestações da aura somatossensitivas?
Formigamento, entorpecimento, sensações de choque, dor, sensação de que a área afetada está se movendo ou vontade de movê-la.
O que é “marcha jacksoniana”?
Sensações parestésicas que migram de um segmento do corpo para outro (como a mão, pé ou face contralateral).
Sinal localizatório confiável da proximidade da zona epileptogênica ao córtex sensitivo primário.
O que são “ilusões somatossensitivas”?
Sensações de aumento ou redução de segmento do corpo ou ilusões cinestésicas, originadas em regiões parietais, mais frequentemente no hemisfério não dominante.
Auras envolvendo os córtices de associação são menos localizatórias? Por quê?
Sim. Essas regiões possuem inervação bilateral do corpo.
Características das auras da área somatossensitiva secundária?
Geralmente sucedidas por fenômenos motores na boca ou face, pela proximidade da região rolândica dessas partes do corpo.
Características das auras da área sensitivo-motora suplementar?
Mal definidas, com parestesias em regiões pouco específicas, bilaterais (como a região proximal de ambos os membros superiores).