Corrimento Vaginal Flashcards
Qual a definição de vulvovaginite?
É um processo inflamatório com PMN na região de vulva, vagina e ectocérvice (trato genital inferior).
Qual a diferença entre vulvovaginite e colpite?
A única diferença é que a colpite não acomete a vulva, mas são termos usados, muitas vezes, como sinônimos.
O que é vaginose?
Vaginose é a infecção por alguma bactéria patogênica porém sem processo inflamatório.
Como é o corrimento vaginal fisiológico? O que altera ele?
Cor branca ou transparente, sendo que o volume varia de acordo com a fase do ciclo menstrual, gravidez, uso ou não de hormônios, condições orgânicas (ex: excitação sexual) e psíquicas. Está localizado, normalmente, no fundo da vagina (fórnice posterior).
Qual o principal componente da flora bacteriana? Qual a função dele?
Os lactobacilos (bacilos de Doderlein), correspondendo a 90% da flora. São responsáveis por promoverem o pH vaginal (convertem glicogênio em ác lático -> pH < 4,5) e produzem H2O2, dificultando a proliferação de microrganismos anaeróbios.
Quais os fatores predisponentes para vulvovaginites?
Diabetes, ATB, IMSP, duchas vaginais, lubrificantes vaginais, uso prolongado de tampões vaginais, ACO e DIU, DST, estresse, traumas e período de hospitalização prolongada.
O que é a mucorreia?
É uma secreção vaginal aumentada, promovendo descarga vaginal, porém NÃO é patológica. O exame especular mostra ausência de inflamação, coloração rosa pálido da vagina e muco claro e límpido.
Quais as principais etapas no diagnóstico das vaginoses e vulvovaginites?
Avaliação do pH (amostra da parede lateral do terço médio para distal), exame a fresco (microscopia), bacterioscopia (gram) e teste das Aminas/whiff (conteúdo vaginal é misturado à KOH. É positivo quando odor de peixe).
Qual a definição de vaginose bacteriana (VB)?
É um desequilíbrio na flora vaginal que promove diminuição nos bacilos de Doderlein e proliferação de anaeróbias estritas e facultativas (Gardnerella).
Qual a epidemiologia da VB?
É a principal causa de corrimento vaginal (46%), acometendo com maior frequência mulheres com vida sexual ativa.
Quais os fatores de risco para VB?
Gravidez prévia, múltiplos e novos parceiros, uso de DIU, duchas vaginais, tabagismo, relações sexuais frequentes com ejaculação e não uso do condom.
*Condições que promovem aumento do pH -> aumento da população de Gardnerella.
Por que a VB não é uma IST?
Pois a VB é um desequilíbrio da flora vaginal que não ocorre, necessariamente, por relação sexual, apesar deste ser um fator causal (mas não o principal), pois o coito torna o meio mais alcalino.
Qual a patogenia da VB?
Fatores desencadeantes -> diminuição de lactobacilos -> alcalinização do meio e redução de H2O2 -> proliferação de anaeróbias -> produção de aminas -> odor característico.
Qual o QC da VB?
50% é assintomática. O principal sintoma é o odor de peixe podre que se agrava durante a menstruação e a relação sexual (pH mais alcalino -> volatização das aminas). Não produz prurido ou ardor (a parede é normal) e o corrimento é fluido, homogêneo, branco acinzentado ou amarelado, pequena quantidade, não aderente e pode formar microbolhas.
Como é feito o diagnóstico da VB?
Pode ser feito pelos critérios de Amsel (clínicos) ou pela coloração de GRAM (padrão-ouro -> evidencia diminuição de lactobacilos e leucócitos e presença de clue cells). **Pode-se usar o escore de Nugent (verifica o conteúdo bacteriano), sendo positivo quando maior que 7.
Quais os critérios de Amsel?
É positivo quando houver 3/4: pH < 4,5, corrimento característico, clue cells e teste das aminas positivo.
O que são as clue cells?
São células epiteliais da vagina que, quando vistas à microscopia, estão rodeadas de bactérias, tornando seu contorno granuloso e impreciso.
Qual o tto da VB?
Metronidazol ou clindamicina (evitar metronidazol no 1° trimestre de gestação -> usar clinda).
*Não necessita tratar parceiros.
**Sempre deve-se tratar gestantes.
Qual o seguimento na VB?
Deve-se evitar a relação sexual ou usar condom durante o tratamento.
Quais as complicações da VB em obstetrícia? E em ginecologia?
Obst.: Parto pré-termo, RPMO, Abortamento, Corioamnionite, infecção placentária.
Gineco.: DIP e infecções pós-operatórias.
Comente sobre a etiologia da candidíase vulvovaginal (CVV).
É causada pelos fungos do gênero Candida (gram-positivos), podendo se encontrar como pseudo-hifas (sintomático) ou leveduras (colonizadora, transmissora). O principal agente etiológico é a Candida albicans (80%). Coloniza cerca de 30% das mulheres. *Esse fungo é capaz de se proliferar em ambiente ácido, apesar dos lactobacilos.
*Candidísase de repetição deve-se pensar em outro tipo de Candida (glabrata ou tropicalis) -> respondem muito mal aos antifúngicos convencionais -> uso de ácido bórico.
Qual a epidemiologia da CVV?
Representa 23% das vulvovaginites. Estima-se que 75% das mulheres apresentará algum episódio na vida, e dessas, 5% será recorrente.
Por que a CVV não é uma IST?
Pois a transmissão sexual não é a principal forma de obtenção da doença, sendo considerada, portanto, uma doença “eventualmente de transmissão sexual”.
Quais os FR para CVV?
Gravidez, DM, obesidade, IMSP, ACO, vestuário e higiene inadequados (apertado, sintético, calça jeans -> diminuem a ventilação e aumentam o calor).
*Situações de diminuição da imunidade ou desequilíbrio da flora.
Quais os efeitos da gestação, DM e dos ACO na predisposição à CVV?
Essas 3 condições promovem aumento do glicogênio vaginal, promovendo acidificação do meio e proliferação da levedura.
Qual o QC da CVV?
Prurido vulvovaginal (piora à noite e pelo calor local), queimação, disúria, dispareunia, corrimento característico (branco, grumoso - queijo coalhado - e aderente às paredes da vagina), hiperemia e edema vulvar. *Os sintomas podem ocorrer simultaneamente ou isolados. **O parceiro sexual pode apresentar-se sintomático.
Qual a relação do QC da CVV com o ciclo menstrual?
Os sintomas tendem a piorar uma semana antes da menstruação e melhoram após esta.
Como é feito o diagnóstico de CVV?
QC, Exame físico, microscopia vaginal (exame a fresco), pH vaginal (< 4,5).
Qual o uso do hidróxido de potássio a 10% no corrimento vaginal?
Pode ser usado como exame diagnóstico em 2 casos: teste de whiff (das aminas) e no exame a fresco para candidíase para visualização das pseudo-hifas (eliminação de células do conteúdo).
Quando deve-se usar cultura para diagnóstico de CVV?
Quando houver repetições para avaliar se é por C. não albicans. Usa-se o meio ágar-Sabouraud.
Quais as formas clínicas da CVV?
Não complicada: sintomas suaves/moderados, esporádica, C. albicans e em mulheres sadias. Complicada: sintomas graves, recorrente, C. não albicans e com condições de base (gravidez, DM não controlada, IMSP).
Qual o tto da CVV?
Medidas gerais (evitar roupas justas, higiene adequada, evitar duchas e desodorantes íntimos) e farmacológico (miconazol*, fluconazol ou itraconazol VO e/ou tópico).
*Tto recomendado pelo MS na forma de creme vaginal.
Qual a epidemiologia da tricomoníase?
É a terceira causa mais frequente de corrimento vaginal (20%). Encontra-se, na maioria dos casos, associada a outras DSTs e aumenta o risco de contaminação pelo HIV. *É uma DST.
Quais os FR para tricomoníase?
Sexo desprotegido.
Qual o QC da tricomoníase?
Os homens são assintomáticos (maioria -> vetores), mas pode haver uretrite, epididimite ou prostatite. Nas mulheres, pode ser assintomática. O QC é de ardor, prurido, corrimento amarelado/esverdeado, abundante, fétido e bolhoso, colo do útero em morango/framboesa e colposcopia (teste de Schiller) de aspecto “tigroide”.
Como é feito o diagnóstico de tricomoníase?
Clínico + laboratorial: Microscopia a fresco, pH vaginal > 4,5, citologia cervicovaginal, cultura e teste de Whiff (das aminas).
O que é o efeito antabuse?
É um efeito que ocorre em pacientes em uso de metronidazol, tinidazol e secnidazol que ingerem bebidas alcoólicas. Pode ocorrer um efeito dissulfiram-like.
Qual o tto da tricomoníase?
Metronidazol.
*Deve-se tratar o paceiro sexual da pessoa e gestantes SEMPRE.
Quais as complicações da tricomoníase?
RPMO, parto prematuro, BPN, infecção puerperal.
O que pode ser observado na imagem e em qual processo patológico está presente? Comente sobre o diagnóstico dessa doença.

Clue cells: células epiteliais da mucosa vaginal cercadas de bactérias. Está presente na maioria dos casos de VB.
O diagnóstico de VB se dá por critérios laboratoriais ou clínicos. Os clínicos são chamados de critérios de Amsel, sendo positivo quando houver 3/4 -> presença de clue cells, corrimento típico, pH > 4,5 e teste das aminas positivo
Qual o processo patológico da imagem? Comente sobre seu QC.

É um corrimento característico de CVV.
O QC dessa patologia é ardência e coceira vaginais, corrimento esbranquiçado, grumoso (queijo coalhado) e aderente às paredes, disúria, dispareunia.
Qual processo patológico causa o corrimento da imagem? Comente sobre seu QC.
Tricomoníase. O QC é de corrimento abundante, amarelo/esverdeado, ODOR FÉTIDO, ardência, prurido, colo do útero em framboesa e colposcopia em aspecto “tigroide”.
O que pode-se observar na imagem? Qual doença causa isso? Comente sobre a epidemiologia dessa doença.
Pode-se observar o colo do útero em aspecto de framboesa/morango, causado por tricomoníase. A tricomoníase é responsável por 20% dos corrimentos vaginais, sendo uma DST e devendo haver tto do parceiro.
O que está sendo visualizado na imagem? Comente sobre o diagnóstico dessa doença.

Pode-se observar as pseudo-hifas do fungo do gênero Candida, responsável pela candidíase. O diagnóstico é feito pela clínica, exame físico, pH vaginal menor que 4,5, microscopia vaginal e cultura em casos de recidivas.