143 - Antiplaquetários, anticoagulantes e fibrinolíticos Flashcards
Mecanismo fisiopatológico na base da trombose arterial.
Ruptura de placa aterosclerótica com exposição de material trombogénico.
Mecanismo fisiopatológico na base da trombose venoso.
Fluxo sanguíneo lento con consequente activação endotélio, leucócitos e micropartículas com factor tecicual.
Quais os locais mais frequentes de origem trombose venosa?
Cúspides valvulares e seios musculares.
Quais as diferenças entre trombos arteriais e venosos?
Trombos arteriais - brancos, ricos em plaquetas
Trombos venosos - vermelhos, ricos em fibrina e gl. vermelhos retidos
Tendo em conta estas diferenças de constituição, quais os agentes tx preferenciais em cada um dos tipos de trombose?
Trombose arterial: antiplaquetários (muito embora em contexto agudo também se usem anticoagulantes e fibrinolíticos)
Trombose venosa: anticoagulantes (e fibrinolíticos em casos específicos)
A terapia farmacomecânica também é usada para restaurar o fluxo sanguíneo em doentes com _____.
A terapia farmacomecânica também é usada para restaurar o fluxo sanguíneo em doentes com TVP envolvendo as veias ilíacas e/ou femorais.
Quais os agentes que mantêm plaquetas circulantes no seu estado inactivo?
NO, prostaciclina e CD39 ADPase
Principais agonistas plaquetários
ADP e Tromboxano A2
Trombina também é um potente argonista plaquetário.
Qual o receptor plaquetário mais abundante? Quais as suas funções?
GP IIb/IIIa - ligação ao fibrinogénio e, se alto cisalhamento, FvW.
Quais os mecanismos de acção do AAS?
- Inibição da COX-1 (responsável pela produção de TXA2)
- Em doses elevadas inibe também COX-2 (responsável pela produção de prostaciclina)
Indicações para tx com AAS
- Prevenção secundária em doentes com d. arterial coronária, d. vascular encefálica ou periférica
- Prevenção primária em doentes com risco anual EAM >1% (ou seja: mais de 40 anos + 2 ou mais factores de risco CV OU homens > 45a/mulheres > 55a + 1 ou mais factores de risco CV)
AAS é útil na prevenção secundária porque reduz risco de _____ em _____%.
AAS é útil na prevenção secundária porque reduz risco de morte CV, EAM ou AVC em 25%.
A aspirina é mais eficaz nos homens do que nas mulheres. V/F
Falso. É igualmente eficaz em ambos os sexos.
Em homens, AAS reduz principalmente o risco de ____ e em mulheres o risco de _____.
Em homens, AAS reduz principalmente o risco de EAM e em mulheres o risco de AVC.
Eficácia AAS é tanto maior quanto maior a dose administrada. V/F
Falso, eficácia AAS não depende da dose.
Efeitos adversos do AAS são _____, pelo que as doses recomendadas são geralmente _____.
Efeitos adversos do AAS são dose-dependentes, pelo que as doses recomendadas são geralmente 75-100mg.
Caso se queira uma inibição actividade plaquetária rápida, como deve ser a adminitração de AAS?
Dose inicial de AAS de, pelo menos, 160 mg.
Principais efeitos secundários AAS
GI (desde dispepsia até úlceras pépticas).
AAS com revestimento entérico ou tamponado não elimina o risco de efeitos GI. V/F
Verdadeiro.
Risco global de hemorragia significativa com tx com AAS é de _____, aumentando ____ vezes quando administrado em conjunto com outros antiplaquetário/ anticoagulantes.
Risco global de hemorragia significativa com tx com AAS é de 1-3%/ano, aumentando 2-3 vezes quando administrado em conjunto com outros antiplaquetário/ anticoagulantes.
Estratégia para diminuição risco de hemorragia GI 2ária a AAS em doentes com doença úlcera péptica?
Erradicação H. pylori + tx com IBP’s.
Contra-indicação para tx com AAS?
Alergia ao AAS com broncospasmo.
Alergia AAS é particularmente frequente em que população?
Asmáticos/ doentes com urticária crónica, especialmente se pólipos nasais ou rinite crónica.
Resistência ao AAS é revertida pelo aumento da dose deste fármaco ou adição de outros antiplaquetários. V/F
Falso, aparentemente não reverte com nenhuma destas estratégias.
Potencias causas de resistência AAS.
- Má compliance
- Diminuição absorção
- Interacção com Ibuprofeno administrado concomitantemente
- Sobreexpressão COX-2
Mecanismo de acção das Tienopiridinas.
Bloqueio selectivo da agregação plaquetária mediada por ADP através da inibição irreversível do receptor P2Y12.
Diferenças entre prasugrel e clopidogrel?
Prasugrel é 10x mais potente e tem início de acção mais rápido.
Redução risco de morte CV, EAM e AVC com clopidogrel, quando comparado com AAS, foi de ___.
8,7%
Indicações para dupla antiagregação AAS+Clopidogrel?
- Stent metálico (pelo menos 4 semanas)
- Stent com fármaco (pelo menos 12 meses)
- Angina instável
Qual o risco de utilização de dupla antiagregação AAS+Clopidogrel?
Aumento do risco hemorrágico (2% em doentes com angina instável), pelo que esta estratégia tx só deve ser usada quando há benefício claro.
Situações em que NÃO há benefício na utilização de dupla antiagregação AAS+Clopidogrel?
- AVC isquémico (clopidogrel só)
- Prevenção primária eventos CV em doentes seleccionados (só AAS).
Prasugrel é contraindicado em ________, deve ser evitado em ______ e usado com precaução em ________.
Prasugrel é contraindicado em doentes com doença cerebrovascular prévia, deve ser evitado em doentes >75 anos e usado com precaução em doentes <60kg ou função renal comprometida.
Indicação para administração Prasugrel.
Deve ser reservado para doentes submetidos a ICP + ASS (<100 mg/d)
O principal efeito adverso das tienopiridinas é _____, especialmente no caso do _____.
O principal efeito adverso das tienopiridinas é hemorragia, especialmente no caso do Prasugrel.
Qual a abordagem prevenção/ tratamento hemorragia se tx com tienopiridinas?
Prevenção: suspensão tx 5-7 dias antes de cirurgia major.
Tto: se hemorragia grave, transfusão de plaquetas.
Outros efeitos 2ários tienopiridinas.
Efeito adversos hematológicos - neutropénia, trombocitopénia, PTT (raro!)
Mecanismo na base da resistência às tienopiridinas.
Polimorfismos com perda de função do CYP2C19 - responsável pela metabolização destes fármacos aos seus metabolitos activos.
Em que populações é mais frequente o polimorfismo CYP2C19*2?
Asiáticos (50%!!)
Afroamericanos (30%)
Caucasianos (25%)
Polimorfismo CYP2C19*2 confere resistência ao _____ e manifesta-se por _____.
Polimorfismo CYP2C19*2 confere resistência ao Clopidogrel e manifesta-se por aumento eventos CV.
Administração concomitante de ____ também se associa a ligeira diminuição do efeito do clopidogrel.
Adminitração concomitante de IBP’s também se associa a ligeira diminuião do efeito do clopidogrel.
Administração concomitante de IBP’s com clopidogrel está associado a um claro aumento de risco CV. V/F
Falso. Aumento risco CV com esta associação é controverso.
Polimorfismos CYP2C19 têm o mesmo efeito no clopidogrel e prasugrel. V/F
Falso. Aparentemente menos determinantes para Prasugrel, não se tendo verificado associação entre os mesmos e aumento do risco CV com este fármaco.
A melhor estratégia para ultrapassar resistência clopidogrel é aumentar a dose deste fármaco. V/F
Falso. Não se sabe qual o benefício clínico desta estratégia (ainda que eficaz), pelo que o melhor é substituir este fármaco por clopidogrel ou ticagrelor.
Quais as principais diferenças entre Ticagrelor e Tienopiridinas?
Ticagrelor não requer metabolização prévia e inibe reversivelmente P2Y12
Tendo em conta estas diferenças quais as principais vantagens ticagrelor quando comparado com clopidogrel?
Ticagrelor tem início e fim de acção mais rápidos e resulta numa inibição mais potente e previsível da agregação plaquetária dependente de ADP.
Indicação tx com Ticagrelor.
Preferido em algumas guidelines para tx em doentes com SCA, especialmente em doentes de alto risco (aparentemente associado a maior risco de hemorragia major+minor)
Precauções a ter com Ticagrelor.
Em doentes com insuficiência hepática/ a tomar concomitante inibidores ou indutores potentes do CYP3A4.
NÃO é necessário ajustar dose se insuficiência renal.
Principais efeitos adversos Ticagrelor
- Hemorragia
- Dispneia (15%, pouco tempo depois início tx, autolimitada, leve)
- Pausas ventriculares asintomáticas
Prevenção e tratamento de hemorragia com Ticagrelor fazem-se exactamente da mesma forma que com Tienopiridinas. V/F
Falso. Prevenção sim (suspensão tx 5-7 dias antes de cirurgia major), mas tto não já que transfusão plaquetas não é eficaz!
Mecanismos acção Dipiridamol.
- Por um lado inibe fosfodiesterase -> aumento do AMPc -> aumento Ca2+ -> inibição activação e agregação plaquetária
- Também inibe o uptake de adenosina, aumentando ainda mais o AMPc.
Dipiridamol é um antiplaquetário particularmente eficaz, mesmo quando usado isoladamente. V/F
Falso, pouco potente quando isolado, é administrado numa fórmula de libertação prolongada e em associação com AAS (baixas doses).
Indicações tx Dipiridamol.
Prevenção AVC em doentes com AIT’s (mais eficaz que qualquer um dos dois isoladamente, mas não do que Clopidogrel).
Efeitos adversos/ precauções a ter com tx com Dipiridamol.
- Deve ser evitado em doentes com doença arterial coronária (DAC), já que causa vasodilatação
- Sintomas GI
- Cefaleias
- Flushing
- Tonturas
- Hipotensão
(Todos estes acabam por desaparecer com o uso continuado deste fármaco).
Quais são os fármacos antagonistas do receptor GPIIb/IIIa? Qual o seu mecanismo de acção?
Abciximab, Eptifibatide, Tirofiban
Impedem ligação GP IIb/IIIa ao fibrinogénio (e eventualmente FvW), impedindo assim a agregação plaquetar.
_____ é o único que não é específico para o receptor GPIIb/IIIa, conferindo-lhe também ______.
Abciximab é o único que não é específico para o receptor GPIIb/IIIa, conferindo-lhe também acções anti-proliferativa e anti-inflamatória.
_____ é o único com tempo semivida longa, podendo ser detectado na superfície plaquetária durante _____.
Abciximab é o único com tempo semivida longa, podendo ser detectado na superfície plaquetária durante 2 semanas.
Indicações utilização antagonistas do receptor GPIIb/IIIa?
- Abciximab e Eptifibatide: doentes submetido a ICP (especialmente se 0 tx prévia com inibidores P2Y12)
- Epfitibatide e Tirofiban: em doentes de alto risco com angina instável.
Administração antagonistas do receptor GPIIb/IIIa?
IV (1º bólus e depois infusão)
Quais os principais efeitos adversos dos antagonistas do receptor GPIIb/IIIa?
- Hemorragia
- Trombocitopénia (imune-mediada + por formação de Ac contra os complexos GPIIb/IIIa-antagonista que se formam)
Trombocitopénia é mais comum com _____, desenvolvendo-se em ____ dos doentes, dos quais ___ dos casos são graves. Com os outros dois, este efeito só ocorre em ___ dos casos.
Trombocitopénia é mais comum com Abciximab, desenvolvendo-se em 5% dos doentes, dos quais 1% dos casos são graves. Com os outros dois, este efeito só ocorre em 1% dos casos.
Mecanismo de acção e forma de administração do cangrelor.
Inibição reversível do receptor P2Y12 - inibição da agregação plaquetária ADP dependente.
IV (1º bólus e depois infusão).
Estudos demostraram que Cangrelor diminui risco relativo em ____ e risco de trombose em ____ quando comparado com Clopidogrel, sem aumento significativo do ____.
Estudos demostraram que Cangrelor diminui risco relativo em 19% e risco de trombose em 40% quando comparado com Clopidogrel, sem aumento significativo do risco de hemorragia.
Mecanismo acção e forma de administração do Vorapaxar.
Inibição do PAR-1 (principal receptor plaquetário de trombina)
PO
Potencial indicação para a administração de Vorapaxar.
Sob consideração em doentes com EAM com < 70 anos, sem história de AVC ou AIT e com > 60Kg.
Principal efeito adverso Vorapaxar.
Hemorragia, especialmente intracraniana
Mecanismo de acção da Heparina não fraccionada?
- Activa a antitrombina - acelera a sua taxa de inibição dos factores de coagulação, nomeadamente FXa
- Inibe trombina - Formação de complexos covalentes HNF-AT-trombina estáveis.
- Promove libertação de IVFT pelo endotélio.
Todas as cadeias de Heparina administradas têm actividade anticoagulante. V/F
Falso. Apenas as que possuem a sequência pentassacárida que permite ligação à antitrombina (apenas 1/3) é que tem actividade anticoagulante.
Heparina aumenta a taxa de inibição da trombina e do FXa pelo menos 2x. V/F
Falso. Isto de facto é verdade para o FXa, mas a heparina não tem qualquer efeito na taxa de inibição da trombina.
Qual o mecanismo de inibição da trombina pela heparina? Qual a condição necessária para que isto aconteça?
Formação de complexos covalentes HNF-AT-trombina estáveis. Só as cadeias de heparina com mais de 18U é que têm “comprimento” suficiente para se ligar à trombina+AT (quase todas as cadeias de HNF).
Tendo em conta o mecanismo de acção e características da HNF qual a razão de inibição Trombina/FXa da mesma?
1:1
porque, por definição, todas as cadeias de HNF conseguem inibir trombina
Formas de administração HNF?
Qual a preferida se administração terapêutica? Porquê?
SC ou IV (infusão)
IV porque SC implica doses altas para ultrapassar biodisponibilidade limitada.
Ligação da HNF ao ____ explica a sua clearance dose-dependente: se em doses _____, tempo de semivida é _____; se em doses _____, tempo de semivida é ____ devido à saturação do _____.
Ligação da HNF ao endotélio explica a sua clearance dose-dependente: se em doses baixas, tempo de semivida é curto; se em doses altas, tempo de semivida é mais longo devido à saturação do endotélio.
Clearance HNF é maioritariamente _____, devido à sua ligação a ______.
Clearance HNF é maioritariamente extra-renal, devido à sua ligação a macrófagos.
HNF liga-se a que outros componentes plasmáticos?
- reagentes de fase aguda
- multímeros de elevado peso molecular de FvW (plaquetas e endotélio)
- PF4 (plaquetas)
Porque é que actividade HNF sobre trombos arteriais é variável?
Elevadas quantidades de PF4 libertadas pelas plaquetas que constituem estes trombose ligam-se à HNF, podendo neutralizar a sua actividade anticoagulante.
Monitorização terapêutica é importante devido à ______, especialmente nos casos de _____.
Monitorização terapêutica é importante devido à imprevisibilidade da resposta anticoagulante individual, especialmente nos casos de tratamento de trombose estabelecida.
Qual o parâmetro de monitorização mais usado? Quais os seus valores caso níveis terapêuticos de HNF?
aPTT, prolongamento 2-3x do valor normal
Que outro parâmetro pode ser usado? Quais os valores “alvo”? Qual o problema deste teste?
Níveis de anti-Xa
0,3-0,7 unidades/mL
Ainda não padronizado, elevada variação resultados.
Definição resistência HNF? Em que % de doentes ocorre?
Pacientes em que são necessárias doses <35.000 unidades/dia para alcançar valores de aPTT terapêuticos.
25%
Possíveis causas para a ocorrência de resistência à HNF?
- Níveis elevados de fibrinogénio e FVIII (reagentes de fase aguda)
- Deficiência de antitrombina (congénita ou adquirida)
- Níveis elevados de proteínas que se ligam à HNF
Que estratégias de monitorização usar em caso de resistência à HNF?
Medição níveis FXa:
- Se terapêuticos, usar sempre este teste (acontece quando há aumento de fibrinogénio e FVIII já que baixam o aPTT, mas não têm efeito sobre o Xa)
- Se com boa correlação com aPTT, qualquer um dos dois testes pode ser usado.
Deve ser realizada monitorização em qualquer doente, independentemente da dose HNF administrada. V/F
Falso, com doses baixas (como as usadas na profilaxia) não é necessário monitorar os doentes. No entanto é essencial quando administradas doses terapêuticas.
Pacientes com _____ precisam de doses mais altas de HNF para alcançar valores aPTT terapêuticos do que os com _____.
Pacientes com TVP precisam de doses mais altas de HNF para alcançar valores aPTT terapêuticos do que os com SCA.
Quais as principais limitações biofísicas e respectivas consequências da HNF?
- Não inibição o Xa quando incorporado no complexo protrombinase - produção de trombina
- Não inibição da trombina ligada à fibrina - crescimento do trombo
- Neutralização por PF4 - diminuição da sua actividade junto a trombos ricos em plaquetas.
Quais os principais efeitos adversos da HNF?
- Hemorragia (+ comum)
- Trombocitopénia
- Osteoporose
- Elevação das transaminases
Factores que aumentam o risco de hemorragia com uso de HNF?
- Aumento dose HNF
- Uso concomitante de antiplaquetários ou fibrinolíticos
- Cirurgia ou trauma recentes
Abordagem terapêutica caso hemorragia grave 2ária uso HNF?
Administração de sulfato de protamina (antídoto), IV, em infusão lenta (para diminuir risco de reacções anafilactóides).
Mecanismo fisiopatológico da trombocitopénia associada à heparina (TIH).
É um processo mediado por Ac - formação de Ac contra complexo heparina/PF4