T4 - Patologia Infeciosa do Ouvido (1) Flashcards
Otite externa?
Invasão do canal auditivo externo a partir do meio exterior ou a partir do meio interno por desequilíbrio de defesas
Otite média?
- Invasão pela trompa de Eustáquio, por via hematogénea ou por via externa após perfuração
- Uma vez que a mucosa nasal é contínua com a nasofaringe e, por sua vez, com a orofaringe e ouvido médio, os processos inflamatórios com origem na nasofaringe podem-se propagar para o ouvido médio, sobretudo nas crianças, onde a trompa de Eustáquio é mais curta, mais horizontal e mais ampla
Labirintite?
Geralmente pelo ouvido médio (por exemplo o colesteatoma) mas também por via hematogénea
Patologia do ouvido externo?
- Malformações Congénitas
- Lesões Traumáticas
- Lesões Neoplásicas
- Lesões Infeciosas - Otites
Fatores de risco para uma otite externa?
o Humidade (para as otites fúngicas por Aspergillus fumigatus e Candida albicans) o Traumatismos e desequilíbrio das nossas defesas (sobretudo excesso de limpeza, que diminui a capacidade protetora do cerúmen) o Otite média supurada
Classificação otites externas?
o Agudas: predominam os sintomas álgicos (otalgia), pela inervação nervosa rica do canal)
o Sub-agudas
o Crónicas: predomina o prurido e a descamação (a pele fica seca e atrofiada)
Otite externa aguda?
- Difusas (associado a excesso de limpeza, otite média, humidade ou eczema)
- Localizadas (por infeção de um folículo piloso ou glândula ceruminosa, sendo que o furúnculo encontra-se no 1/3 externo do canal auditivo externo)
Causas Otite externa aguda?
- Exposição a água (natação, mergulho, surf, etc.)
- Patologia cutânea (eczema/exostoses)
- Autolimpeza do canal (com cotonetes)
Clínica de Otite Externa Aguda?
- Otalgia, exacerbada pela manipulação do pavilhão auricular e movimento do trago e mandíbula
- Otorreia (serosa na fase inicial mas seropurulenta tardiamente nas infeções por gram negativos; não é tão abundante como nas situações infeciosas do ouvido médio)
Avaliação otoscópica de Otite externa aguda?
- Meato ruborizado, edemaciado e sensível ao toque (dificulta a realização da otoscopia)
- Secreções: material purulento acompanhado de detritos celulares resultantes de descamação epitelial
- Membrana do tímpano baça e ruborizada
Microorganismos mais frequentes na Otite externa aguda bacteriana?
- Pseudomonas aeroginosa
- Proteus mirabilis
- Staphylococcus aureus
Tratamento de Otite externa aguda bacteriana?
- Aspiração sob microscópio das secreções purulentas
- Gotas otológicas (4 a 5 vezes por dia): antibiótico (quinolonas, aminoglicosídeos) e corticoides para aliviar a inflamação (Dexametasona) – maioria das otites resolvem com o tratamento tópico
- Antibioterapia sistémica / oral (em situações de otites mais difusas, imunossupressão, diabetes, infeção crónica, p.ex.): cefalosporinas e quinolonas;
- Analgesia: AINEs
- Evição da água / Controle do pH (colocar ácido acético no canal, diminuiu o pH, torna o ambiente menos profícuo para o crescimento bacteriano)
Se edema marcado, as gotas não conseguem penetrar no canal pelo que se deve complementar com tubo distensível para aplicação tópica de fármacos.
Diagnóstico diferencial com otomicose - otite externa fúngica?
– Infeção primária ou mista causada por fungos
– Os microorganismos mais frequentes são o Aspergillus niger e Candida albicans
– Prurido intenso, ardor e exsudado
– Ocasional otalgia e hipoacusia
– Aspeto cremoso (suspeitar de Candida albicans) ou com pontos negros (Aspergillus níger)
– Tratamento :
o Aspiração sob microscópio;
o Gotas Otológicas: Antifúngicos (clotrimazol, econazol) + Corticoides (dexametasona);
o AINEs;
o Evicção de água / Controle do pH
Otite externa maligna?
- É uma patologia muito rara, grave e fatal.
- Tem como ponto de partida uma otite externa, que penetra pela base do crânio atingindo o osso temporal e base do crânio
- Mau prognóstico e o diagnóstico não é fácil, afetando sobretudo idosos e indivíduos sujeitos a imunossupressão crónica
- Principal microrganismo é Pseudomonas aeruginosa
- Tratamento baseia-se em desbridamento cirúrgico complementado com antibióticos e tratamento da causa subjacente
Classificação Otite Média?
-- Aguda : cerca de 3 semanas . Simples ou supurada (infeção) . Seromucosa ou serosa (obstrução) -- Subaguda : 2 semanas a 3 meses -- Crónica : mais do que 2 meses
Otite Média Aguda (OMA) SIMPLES?
- É o segundo diagnóstico médico mais frequente na criança (após a virose das vias aéreas superiores – constipação);
- Incidência a crescer a cada ano (devido ao aumento do diagnóstico);
- 90% das crianças até aos 5 anos têm uma otite
Fatores de risco de Otite Média Aguda (OMA) SIMPLES?
- Infantários (contacto entre as crianças, onde as bactérias vão ganhando características de virulência e são mais resistentes);
- História familiar;
- Aleitamento artificial (biberões – ascensão de leite pela trompa verticalizada, criando um ambiente propício à proliferação de microrganismos) - importância do aleitamento materno enquanto transferência de anticorpos para a criança;
- Exposição ao fumo do tabaco.
OMA - Sintomas?
- Otalgia
- Febre e vómitos mais frequentes nas crianças
- Irritabilidade pode ser o único sintoma
- Hipoacusia
- Otorragia seguida de otorreia (com alívio da dor)
OMA – Sinais?
- Ruborização da membrana timpanica
- Abaulamento da membrana
- Perfuração
- Otorreia
Diagnóstico de OMA?
- Febre e otalgia a seguir a uma infeção respiratória alta (como a gripe), que agravam com a deglutição e com o assoar
- Otoscopia com evidência de inflamação ou pus e hipomotilidade da membrana; (solicitar ao doente para realizar a manobra de Valsalva)
- Timpanograma com evidência de hipomotilidade da membrana
Otoscopia pneumática em OMA?
Vai aumentar a fiabilidade da otoscopia (aumentando a sensibilidade e a especificidade)
Bacteriologia de OMA?
- Streptococcus pneumoniae (32%) (mais frequente em adultos, cerca de 80%);
- Haemophilus influenzae (22%) (mais frequente em crianças entre os 7 e 8 anos);
- Moraxella catarrhalis (16%);
- Streptococcus pyogenes (5%);
- Staphylococcus aureus (2%);
- Culturas negativas em 25%.
Biofilme?
- As bactérias podem ficar semi-quiescentes, formando uma espécie de biofilme que confere mais resistência à antibioterapia e pode ser responsável pelas recorrências.
- É frequente encontrar genoma vírico em otites (detecção por PCR).
Evolução da OMA?
1) Mais de 80% curam espontaneamente em 3 dias sem tratamento e 95% em 5 dias, MAS as
não tratadas podem desenvolver múltiplas complicações (risco baixo);
2) Antibióticos podem melhorar os sintomas inicialmente, embora sem evidência de ganho terapêutico a médio e longo prazo
3) Países com baixa incidência de prescrição de antibióticos não têm aumento das complicações);
4) Antibióticos são provavelmente desnecessários na maioria das OMAs (podendo causar resistências);
5) Aconselhamento dos pais e prescrição de analgésicos são suficientes;
6) “Watchful-waiting” (vigilância atenta, controlando com analgesia e observando o doente
passadas 48h) em contextos sem risco acrescido:
a. Primeiro episódio;
b. Maiores de 2 anos;
c. Não imunodeprimidos;
d. Sem grande sintomatologia.
Tratamento de OMA?
- Adultos e crianças com mais de 2 anos – Vigilância;
- Analgesia: paracetamol versus ibuprofeno;
- Antibióticos (Amoxicilina, +Ac. clavulamica, Cefuroxime, Macrólidos se alergia a penicilina)
• Aspirar secreções;
• Analgésico e antipirético;
• Gotas otológicas (só se houver perfuração timpânica);
• Anti-histamínicos;
• Vasoconstritores locais durante 3 a 5 dias, no máximo.
Tratamento cirúrgico OMA?
Mirigintomia
Complicações OMA?
– Otite média serosa / com efusao persistente
– Perfuração Timpânica -> Otite Média Crónica
– Complicações supurativas:
. Mastoidite aguda
. Paralisisa do facial
. Meningite
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