Meningites (principalmente MB) Flashcards
Qual a definição de meningite bacteriana?
Infecção purulenta das meninges e do espaço subaracnoide.
Qual a consequência geral da MB?
A intensa resposta inflamatória do SNC com rebaixamento do NC, aumento da PIC, convulsões e eventos isquêmicos.
Como se chama a MB que acomete o parênquima cerebral também?
Meningoencefalite.
Qual a epidemiologia da MB?
90% acomete as crianças (1m-5a de idade).
Qual a fisiopatologia mais comum da MB?
É a fisiopatologia da MB espontânea: se inicia com a colonização das VAS por germes patogênicos, que irão se disseminar para as meninges por via HEMATOGÊNICA até o plexo coroide, invadindo o subaracnoide e, consequentemente, as meninges.
Quais outras formas de desenvolvimento das MB?
Bacteremia por EI, pneumonia e tromboflebite; contiguidade por focos infecciosos em seios paranasais (sinusite), orelha média, mastoide e osteomielite do crânio.
Por que ocorrem as manifestações neurológicas da MB? Explique a fisiopatologia dos sintomas da MB.
Pela RESPOSTA IMUNOINFLAMATÓRIA do hospedeiro e não por lesão direta da bactéria: lise bacteriana com liberação de seus antígenos, com maior liberação de citocinas que irão aumentar a permeabilidade capilar, promovendo edema VASOGÊNICO e formação de exsudato no líquor. Esse exsudato bloqueia a drenagem liquórica e promove hidrocefalia e o edema cerebral INTERSTICIAL. Outra alteração importante é a perda da autorregulação do fluxo cerebral, que irá predispor à isquemia cerebral em caso de hipotensão (como ocorre na meningococcemia). Outra lesão é o acometimento vascular, determinando vasculite, infarto cerebral e abcessos. Pode, ainda, haver SIADH.
*A elevação na pressão determina maior edema cerebral.
Qual a etiologia da MB?
DEPENDE DA FAIXA ETÁRIA:
1) RN: GBS, E. coli e Listeria. Aquisição no momento do parto.
2) Até 3m: anteriores (GBS, E. coli e Listeria) + meningococo + pneumococo.
3) 3m - 50-55 anos: meningococo + pneumococo + HI.
4) > 50-55 anos, IMSP e gestantes: meningococo + pneumococo + HI + Listeria.
5) Pós-neurocx e infecção de DVP: germes de pele (S. aureus, epidermidis), Pseudomonas e Listeria.
Qual a importância da MB por pneumococo? Qual o principal FR?
Determina os QC de maior gravidade, geralmente deixando sequelas. O principal FR é a pnm.
Qual a importância da MB por meningococo?
É o principal agente etiológico da MB, porém raramente deixa sequelas e apresenta menor letalidade que a por pneumococo.
Qual a importância da MB por HI?
Menor letalidade que pneumococo, porém costuma deixar sequelas com maior frequência que a por meningococo, sendo a surdez neurossensorial a principal.
Qual o GRAM dos seguintes germes: pneumococo, meningococo, HI, Listeria?
Pneumococo: CGP.
Meningococo: diplococo GN.
Listeria: BGP.
HI: cocobacilo GN.
Quais síndromes clínicas compõem o QC da MB?
A sd de toxemia, sd de HIC e sd de irritação meníngea, sendo a que presença de 2 delas (pelo menos) é muito sugestiva do dx.
*Lactentes: raramente irá haver sinais e sintomas de irritação meníngea. Geralmente ocorre: recusa alimentar, choro intenso e agitação.
Qual a clínica da sd toxêmica?
Febre alta, mal-estar geral, prostração e, eventualmente, agitação psico-motora. Pode haver o sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura = muita febre para pouca taquicardia).
Qual a peculiaridade da toxemia por meningococo?
Pode haver um rash hemorrágico, marcado pelo surgimento de petéquias e equimoses disseminados.
Qual o QC da sd de irritação meníngea? Explique.
É dada pelos seguintes achados:
1) Rigidez de nuca: pcte em decúbito dorsal, tenta fletir a cabeça. Há dificuldade na manobra.
2) Kernig: decúbito dorsal, eleva-se o tronco (fletindo-o sobre a bacia). É positivo quando ocorre flexão da perna sobre a coxa e desta sobre a bacia. Outra forma é o paciente em decúbito dorsal, flete-se o joelho sobre a coxa e esta sobre a bacia. Ao tentar estender a perna, há dor.
3) Brudzinski: decúbito dorsal, ao tentar fletir a cabeça há flexão involuntária da perna sobre a coxa e desta sobre a baica.
4) Desconforto lombar: decúbito dorsal, flexiona o joelho. O examinador exerce força na região plantar e o paciente contra o movimento. É positivo quando há um “choque elétrico” na região lombar.
Qual o QC da sd de HIC?
Cefaleia holocraniana, náuseas, vômitos em jatos (não acompanhado de náuseas), fotofobia e, muitas vezes, confusão mental. Pode haver crise convulsiva.
Quais outras manifestações da MB?
Déficits focais (eventos isquêmicos e vasculite).
Como dx a MB?
O dx é confirmado pela raquicentese (punção lombar/PL).
Qual exame pode ser realizado antes da PL e quando deve ser realizado?
O exame de imagem para verificar se há ou não HIC (se houver e eu fizer a PL, posso herniar o SNC do paciente). Está indicada se: convulsões, papiledema, déficit focal, IMSP e rebaixamento grave do SNC.
*Caso seja realizada, devo fazer a 1a dose do ATB antes de levar o paciente para a imagem e após coleta de HMC.
Qual o local de região da PL?
Na coluna lombar (entre L1 e S1), porém sendo mais indicada entre L3-L4, L4-L5 ou L5-S1.
Qual a única CI absoluta da PL?
A presença de infecção no local da punção (piodermite).
Quais dados estudados no LCR que ajudam no dx da MB?
Pressão de abertura, coloração, celularidade, bioquímica, aglutinação pelo látex e exame microbiológico.
Qual a pressão de abertura normal e como está na MB?
O normal é de 18 cm H2O. Na MB, > 90% está > 18 cm H2O.
Qual a coloração normal do LCR e a da MB?
Normal: límpido e incolor (“água de rocha”).
MB: turvo (neutrófilos) ou purulento (neutrófilos degenerados).
*Outros: xantocrômico (HSA = LCR não se torna límpido após centrifugação; acidente de punção = inicialmente xantocrômico, porém límpido após centrifugação).
Qual a celularidade normal do LCR e como está na MB e em outras meningites?
Normal: até 4 células/mm³ com linfócitos e monócitos.
MB: > 500 (geralmente) com predomínio de PMN (neutrófilos).
TB, fungo, lepto, vírus: linfomononuclear.
Qual a bioquímica normal do LCR e a da MB e outras meningites?
Normal: glicose ≥ 2/3 da glicemia.
MB: hipoglicorraquia (< 45/40 ou < 2/3 da glicemia).
TB e fungo: hipoglicorraquia.
Vírus, lepto e TB inicialmente: normoglicorraquia.
Quais meningites promovem os seguintes padrões de LCR: aumento de PMN com glicose normal, aumento de PMN com glicose baixa, aumento de linfomono com glicose normal e aumento de linfomono com glicose baixa?
PMN + glicose baixa: MB.
PMN + glicose N: caxumba ou começo da MB.
LMN + glicose baixa: TB ou fungo (criptococo = AIDS, tinta de Nanquim/China).
LMN + glicose N: lepto, TB inicial e VÍRUS (enterovírus, como coxsackie e echovírus. Um vírus diferente é o HERPES SIMPLES, que promove QC mais grave e lesão predominante de região TEMPORAL à RNM).
Qual a importância da meningite viral? E da por herpes simples?
A meningite viral é a principal etiologia de meninigite infecciosa.
A meningite por herpes denota um QC mais grave com lesão preferencial de região temporal à RNM e o tratamento é com aciclovir e imediato.
Como diferenciar a meningite por TB inicial da meningite viral?
TB inicial apresenta elevação do ADA.