Jurisprudência - Cards de 2024 em diante Flashcards

1
Q

PROCESSO PENAL
Termo circunstanciado de ocorrência (TCO) é ato de natureza investigativa? Por quem deve ser lavrado?

A

. Não constitui ato de natureza investigativa, dada a sua finalidade de apenas constatar um fato e registrá-lo, podendo ser lavrado por integrantes da polícia judiciária ou da polícia administrativa.
. DD (STF – Info 1083 – ADI 6245 e 6264) -> Polícia Rodoviária Federal pode lavrar termo circunstanciado de ocorrência (TCO).
. DD (STF – Info 1046 – ADI 5.637 – Rel. Min. Edson Fachin) -> lei estadual pode autorizar que policiais militares e bombeiros militares lavrem TCO: é constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar.

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2
Q

CIVIL
Em ação demolitória há litisconsórcio passivo necessários dos coproprietários do imóvel?

A

. NÃO.
. DD (STJ – Info 701 e Info 764) -> em ação demolitória, não há obrigatoriedade de litisconsórcio passivo necessário dos coproprietários do imóvel: nas ações demolitórias de obra ajuizadas em face de construções erguidas em desacordo com as regras urbanísticas ou ambientais é prescindível a citação dos coproprietários do imóvel para integrarem a relação processual, n qualidade de litisconsorte passivo necessário.

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3
Q

EMPRESARIAL
. A remuneração do administrador judicial é crédito de qual espécie na recuperação?
. A remuneração do administrador pode ser pactuada com o devedor ou com os credores?

A

. Crédito extraconcursal.
. NÃO, deve ser fixada pelo juiz.

. DD (STJ – Info 764) -> a remuneração do administrador judicial é crédito extraconcursal, não se submetendo aos efeitos do plano de recuperação judicial: a fixação e a forma de pagamento dos honorários do administrador cabe ao magistrado, não sendo possível sua negociação quer com o devedor, quer com os credores, diante da necessidade de garantir a imparcialidade do auxiliar do juízo?

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4
Q

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL - CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

A garantia do crédito tributário na execução fiscal configura hipótese de extinção da punibilidade ou de suspensão do processo por crime tributário?

A

. NÃO!!!

. DD (STJ – Info 764) -> a garantia do crédito tributário na execução fiscal não possui natureza de pagamento voluntário e, portanto, não configura hipótese de extinção da punibilidade ou de suspensão do processo por crime tributário: o fato de a dívida ativa estar garantida por contrato de seguro no bojo de execução fiscal movida contra o contribuinte não descaracteriza a materialidade dos crimes fiscais ou a lesividade da conduta.
. A constituição definitiva do crédito tributário, pressuposto material do crime fiscal, não é afastada pela mera garantia do débito em execução.

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5
Q

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL - MARIA DA PENHA

. Qual é o foro competente para apreciar: (i) as medidas protetivas de urgência; (ii) o crime cometido?

A

. Medidas protetivas de urgência -> domicílio da mulher;
. Crime -> regra geral do CPP: local dos fatos;

; DD (STJ – Info 764) -> o juízo do domicílio da mulher vítima de violência doméstica é competente para deferir as medidas protetivas de urgência, mesmo que a agressão tenha ocorrido em outra comarca; vale ressaltar, contudo, que a competência para julgar o crime é do local dos fatos:
. A interpretação sistemática do art. 13 da Lei 11.343/06, em conjunto com o art. 147 do ECA e do art. 80 do Estatuto do Idoso, permite a aplicação do princípio do juízo imediato às ações em que se pleiteiam medidas protetivas de urgência de caráter penal no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.
. Assim, independentemente do local onde tenham inicialmente ocorrido as supostas condutas criminosas que motivaram o pedido da vítima, o juízo do domicílio da mulher em situação de violência doméstica e familiar é competente para processar e julgar o pleito de medidas protetivas de urgência por aplicação do princípio do juízo imediato.
. Vale ressaltar, contudo, que a competência para examinar as medidas protetivas de urgência atribuída ao juízo do domicílio da vítima não altera a competência do juízo natural para o julgamento de eventual ação penal por crimes praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, que deve ser definida conforme as regras gerais fixadas pelo CPP.

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6
Q

ADMINISTRATIVO

É possível que o Conselho profissional exija a quitação das anuidades devidas para renovar a carteira do Conselho?

A

. NÃO.

. DD (STF – Info 1121 – ADI 7423) -> profissionais de enfermagem não precisam quitar anuidade para renovar carteira do Conselho: são inconstitucionais as normas impugnadas pelas quais exigem a quitação de anuidades devidas ao Conselho Profissional de Enfermagem para que profissionais obtenham inscrição, suspensão de inscrição, reativação de inscrição, inscrição secundária, segunda via e renovação de carteira profissional de identidade, por instituírem sanção política como meio coercitivo indireto para pagamento de tributo.

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7
Q

PROCESSO PENAL

A mera inobservância do procedimento de cadeia de custódia previsto no CPP acarreta a imprestabilidade das provas colhidas?

A

. NÃO! A consequência processual dependerá da análise do caso concreto.

. DD (STJ – Info 803 – 6ª Turma – j. 05.03.2024) -> a mera inobservância do procedimento de cadeia de custódia previsto no CPP não acarreta, automaticamente, a imprestabilidade das provas colhidas; a consequência processual dependerá da análise do caso concreto: a quebra da cadeia de custódia, em razão da falta de numeração individualizada do material objeto da perícia definitiva, que resulte na impossibilidade de se distinguir, com segurança, se a reconhecida inconsistência de parte da perícia, relativa a natureza entorpecente do material apreendido, referia-se às substância apreendidas por ocasião da busca pessoal ou das provas declaradas ilícitas por desrespeito à inviolabilidade domiciliar, acarreta a absolvição do acusado por falta de materialidade delitiva.

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8
Q

Plano de saúde é obrigado a custear tratamento integral para autismo, incluindo psicopedagogia, equoterapia e musicoterapia?

A

. SIM!

. DD (STJ – Info 802) -> planos de saúde são obrigados a custear psicopedagogia, equoterapia e musicoterapia para crianças com autismo, se tais tratamentos tiverem sido prescritos pelo médico assistente: a psicopedagogia, a equoterapia e a musicoterapia são de cobertura obrigatória pelas operadoras de planos de saúde para os beneficiários com transtornos globais do desenvolvimento, dentre eles o transtorno do espectro autista.

. DD (STJ – Info 764) -> plano de saúde deve cobrir Terapia ABA para tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA):
É devida a cobertura do tratamento de psicoterapia, sem limite de sessões, admitindo-se que está previsto no rol da ANS, nos seguintes termos:
* (a) para o tratamento de autismo, não há mais limitação de sessões no Rol;
* (b) as psicoterapias pelo método ABA estão contempladas no Rol, na sessão de psicoterapia;
* (c) em relatório e recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – CONITEC, de novembro de 2021, elucida-se que é adequada a utilização do método da Análise do Comportamento Aplicada – ABA.

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9
Q

CONSTITUCIONAL

. (i) pais podem se recusar a vacinar filho menor?
. (ii) Municípios podem exigir a comprovação da vacinação para matrícula?

A

. (i) NÃO. (ii) SIM.

  • DD (STF – Info 1003) -> é ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção filosófica:
    . É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância sanitária: (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, DF ou Município, com base em consenso médio-científico.
    . Tem tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.
  • DD (STF – Info 1127 – ADPF 1.123) -> Municípios devem exigir que os pais ou responsáveis comprovem que as crianças receberam vacina contra a Covid-19 para que possam se matricular na rede pública de ensino:
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10
Q

CONSTITUCIONAL

Se 2 mulheres em união homoafetiva resolvem ter um filho por inseminação artificial, só aquela responsável pela gestação terá direito à licença maternidade?

A

. NÃO! Ambas terão.

-> DD (STF – Info 1128 – Repercussão Geral Tema 1072) -> duas mulheres que vivem em união estável homoafetiva decidem ter um filho por inseminação artificial; uma delas será responsável pela gestação da criança; a outra mulher – mãe não gestante – também terá direito à licença-maternidade: na hipótese de gravidez em união homoafetiva, a mãe servidora pública ou trabalhadora do setor privado não gestante faz jus à licença-maternidade ou, quando a sua companheira já tenha utilizado o benefício, o prazo análogo ao da licença-paternidade.
. Tese fixada: ‘a mãe servidora ou trabalhadora não gestante em união homoafetiva tem direito ao gozo de licença-maternidade. Caso a companheira tenha utilizado o benefício, fará jus à licença pelo período equivalente ao da licença-paternidade’.

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11
Q

CIVIL

É possível cumular pensão vitalícia integral do Estado, em decorrência do óbito de seu companheiro, ocupante do cargo público, e a decorrente de ato ilícito causado por acidente automobilístico?

A

. SIM, DESDE QUE demonstrado decréscimo na situação financeira dos dependentes da vítima.

. DD (STJ – Info 804) -> é possível cumular pensão vitalícia integral do Estado, em decorrência do óbito de seu companheiro, ocupante do cargo público, e a decorrente de ato ilícito causado por acidente automobilístico, DESDE QUE demonstrado decréscimo na situação financeira dos dependentes da vítima: o recebimento de pensão previdenciária não exclui a condenação do ofensor à prestação de alimentos indenizatórios, desde que demonstrado decréscimo na situação financeira dos dependentes da vítima.

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12
Q

CIVIL

A decisão que decretar a prisão civil do devedor depende de fundamentação específica acerca do tempo fixado para a prisão?

A

. SIM, notadamente quando se adotar prazo superior ao mínimo legal.

  • DD (STJ – Info 804) -> a decisão que decreta a prisão civil do devedor de alimentos deve ser fundamentada no tocante à dosimetria do prazo de encarceramento (entre 1 e 3 meses), notadamente quando se adotar prazo superior ao mínimo legal: nos casos em que houver necessidade de se adotar prazo superior ao mínimo legal, deve o magistrado fixar de forma individualizada, proporcional e razoável o tempo de restrição da liberdade, estabelecendo critérios objetivos de ponderação.
  • Deve-se levar em conta, por exemplo:
    . A capacidade econômica do devedor e o valor da dívida;
    . O comportamento do devedor (está de boa-fé, é mau pagador reincidente e outros);
    . As características pessoais do devedor (como desemprego, nascimento de outro filho, alguma patologia grave, etc.);
    . As consequências advindas da inadimplência (internação hospitalar, abandono da escola, entre outros).
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13
Q

ELEITORAL E PROCESSO CIVIL

Os recursos públicos do fundo partidário são impenhoráveis? É possível a renúncia a tal impenhorabilidade?

A

. SIM e SIM.

  • DD (STJ – Info 804) -> o partido político pode renunciar à impenhorabilidade dos recursos do fundo partidário, desde que o faça para viabilizar o pagamento de dívida contraída, conforme art. 44 da Lei 9.096/95.
    . A natureza pública dos recursos do fundo partidário não os torna indisponíveis, já que os partidos podem dispor dessas verbas em conformidade com aquilo que é previsto na lei.
    . Assim, o partido político pode renunciar à proteção da impenhorabilidade dos recursos do fundo partidário, desde que o faça para viabilizar o pagamento de dívida contraída para os fins previstos no art. 44 da Lei 9.096/95.
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14
Q

. PROCESSO PENAL

. Se o juiz indefere a apresentação do réu com trajes civis (isto é, sem usar o uniforme do presídio) isso pode configurar nulidade?

A

. SIM, se não houver fundamentação adequada que justifique o indeferimento.

  • DD (STJ – Info 804) -> é nula a decisão que, genericamente, indefere o pedido de apresentação do réu em plenário do júri com roupas civis: a utilização de roupas sociais pelo réu durante seu julgamento pelo tribunal do júri é um direito e não traria qualquer insegurança ou perigo, tendo em vista a existência de ostensivo policiamento nos fóruns do estado.
    . O juiz indeferiu o pedido do réu para se apresentar no seu julgamento no Plenário do Júri sem o uniforme do presídio, sem realizar uma fundamentação adequada e sem apontar um risco concreto e específico de fuga.
    . O réu foi condenado e o STJ anulou a condenação.
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15
Q

. PENAL E PROCESSO PENAL

É possível a homologação de sentença estrangeira para determinar o cumprimento imediato da condenação no Brasil?

A

. SIM.

. DD (STJ – Info 805 – Corte Especial) -> STJ autorizou a homologação da sentença estrangeira que condenou Robinho na Itália e determinou o cumprimento imediato da condenação aqui no Brasil: a Lei 13.445/17 (Lei de Migração), em seu art. 100, autoriza a transferência da execução da pena imposta no exterior tanto a brasileiros, natos ou naturalizados, quanto a estrangeiros que tiverem residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil, a fim de evitar, com isso, a impunidade de brasileiros natos condenados no exterior, não sujeitos à extradição.

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16
Q

. CONSUMIDOR E SAÚDE

Plano de saúde é obrigado a custear transporte de ida e volta, caso o município não tenha quem preste o serviço de saúde necessário para o tratamento do paciente?

A

. SIM!

 DD (STJ – Info 805) -> se no Município não tiver quem preste o serviço de saúde necessário para o tratamento e o paciente tiver que se deslocar para outro município não limítrofe, o plano de saúde deverá custear o transporte de ida e volta: a operadora de plano de saúde tem a obrigação de custear o transporte sempre que, por indisponibilidade ou inexistência de prestador no município de demanda, pertencente à área geográfica de abrangência do produto, o beneficiário for obrigado a se deslocar para município não limítrofe àquele para a realização do serviço ou procedimento de saúde contratado.

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17
Q

ADMINISTRATIVO

A anuidade da OAB possui natureza tributária?

A

. NÃO.

. DD (STJ – Info 807) -> anuidade da OAB não possui natureza tributária e, portanto, deve ser cobrada mediante execução de título extrajudicial, sob o rito do CPC e não está sujeita ao regime da Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830/80).

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18
Q

CONSTITUCIONAL

É possível usar vestimentos ou acessórios religiosos nas fotos de documentos oficiais?

A

. SIM, desde que não impeçam a adequada identificação individual.

. DD (STF – Repercussão Geral Tema 953 – Info 1133) -> é constitucional a utilização de vestimentas ou acessórios relacionados a crença ou religião nas fotos de documentos oficiais, desde que não impeçam a adequada identificação individual, com rosto visível: desde que viável a adequada identificação individual, é assegurada, nas fotografias de documentos oficiais, a utilização de vestimentas ou acessórios que representem manifestação da fé, à luz do direito à liberdade de crença e religião e com aparo no princípio da proporcionalidade, de modo a excepcionar uma obrigação a todos imposta mediante adaptações razoáveis.

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19
Q

CONSTITUCIONAL

São possíveis reeleições consecutivas para os cargos diretivos dos tribunais de contas?

A

. NÃO, apenas uma reeleição consecutiva, sob pena de violação dos princípios republicano e democrático.

 DD (STF – ADI 7.180 – Info 1133) -> é inconstitucional norma que permita mais de uma reeleição consecutiva para os cargos de direção do TCE; vale ressaltar que a norma pode prever uma única reeleição consecutiva: são inconstitucionais normas estaduais (seja Constituição, lei ou regimento interno) que permitam mais de uma reeleição consecutiva para o mesmo cargo diretivo do Tribunal de Contas Estadual.
* A norma que permite várias reeleições consecutivas viola os princípios republicano e democrático.
* Vale ressaltar que é constitucional a previsão em norma estadual que permita uma única reeleição consecutiva para os cargos diretivos do ECA.

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20
Q

PROCESSO PENAL

Delegados e membros do MP podem requisitar de órgãos públicos e empresas privadas o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos em alguns crimes?

A

. SIM!

. DD (STF – ADI 5.642 – Info 1133) -> é constitucional o art. 13-A inserido pela Lei 13.344/16: é constitucional norma que permite, mesmo sem autorização judicial, que delegados de polícia e membros do Ministério Público requisitem de quaisquer órgãos do Poder Público ou de empresas da iniciativa pirvada o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou dos suspeitos em investigações sobre os crimes de cárcere privado, redução a condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, sequestro relâmpago, extorsão mediante sequestro e envio ilegal de criança ao exterior.

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21
Q

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

. A penhora de faturamento depende do esgotamento das diligências?

A

. NÃO.

. DD (STJ – Info 809) -> é possível a penhora de faturamento mesmo sem que tenha havido o esgotamento das diligências: no regime do CPC/15, a penhora do faturamento, listada em 10º lugar na ordem preferencial de bens passíveis de constrição judicial, poderá ser deferida após a demonstração da inexistência dos bens classificados em posição superior, ou, alternativamente, se houver constatação, pelo juiz, de que tais bens são de difícil alienação; finalmente, a constrição judicial sobre o faturamento empresarial poderá ocorrer sem a observância da ordem de classificação estabelecida em lei, se a autoridade judicial, conforme as circunstâncias do caso concreto, assim o entender (art. 835, § 1º), justificando-a por decisão devidamente fundamentada.

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22
Q

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO

Município é obrigado a instituir Procuradoria Municipal? É obrigatória a realização de concurso público?

A

o DD (STF – Info 1131 – ADI 6.331) -> o município é livre para instituir, ou não, a sua Procuradoria Municipal; caso decida instituir a Procuradoria, deverá respeitar as regras do concurso público: realizada a opção política municipal de instituição de órgão próprio de procuradoria, a composição de seu corpo técnico está vinculada à incidência das regras constitucionais, dentre as quais o inafastável dever de promoção de concurso público (art. 37, II, da CF/88).
 A instituição de Procuradorias municipais depende da escolha política autônoma de cada município, no exercício da prerrogativa de sua auto-organização.
 É inconstitucional a interpretação de norma estadual que conduza à obrigatoriedade de implementação de Procuradorias municipais, eis que inexiste norma constitucional de reprodução obrigatória que vincule o poder legislativo municipal à criação de órgãos próprios de advocacia pública.
 É materialmente inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que estabeleça a possibilidade de contratação direta e genérica de serviços de representação judicial e extrajudicial, por ferir a regra constitucional de concurso público.

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23
Q

CONSTITUCIONAL E CÍVEL

Jornalista pode responder ao divulgar notícias sobre figuras públicas?

A

. Sim, mas apenas em casos de DOLO ou de CULPA GRAVE, evidenciada negligência profissional na apuração dos fatos.

. DD (STF – Info 1138 – ADI 6.792 e ADI 7.055) -> a responsabilidade civil de jornalistas, ao divulgar notícias sobre figuras públicas ou assuntos de interesse social, só ocorre em casos de dolo ou culpa grave; caracterizado o assédio judicial, o jornalista réu poderá requerer a reunião de todas as ações no foro de seu domicílio.

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24
Q

PENAL E PROCESSO PENAL

A quem incumbe disciplinar a destinação dos recursos provenientes de prestação pecuniária fixada em substituição à prisão ou como condição para a suspensão condicional do processo ou para a transação penal?

A

. Ao JUDICIÁRIO, sendo possível que CNJ e CJF editem resoluções disciplinando a questão.

. DD (STF – Info 1137 – ADI 5.388) -> CNJ e CJF podem editar resoluções disciplinando a destinação dos recursos provenientes de prestação pecuniária fixada em substituição à prisão ou como condição para a suspensão condicional do processo ou para a transação penal:
- A administração do cumprimento das medidas alternativas, dentre as quais a prestação pecuniária, cabe ao Poder Judiciário.
- Não cabe ao Ministério Público administrar ou disciplinar a destinação dos recursos que ingressam nos cofres públicos a título de sanção criminal ou de medida alternativa (prestação pecuniária).
- Assim, as resoluções impugnadas limitaram-se a regulamentar o exercício de uma competência própria do Poder Judiciário, com a finalidade de conferir uma destinação imparcial e igualitária aos valores arrecadados e, desse modo, uniformizar a prática perante os tribunais pátrios.

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25
Q

CIVIL

Como se dá a contagem do prazo da ação de petição de herança? O que ocorre se houver ação de reconhecimento de filiação?

A

. 10 anos, contados da abertura da sucessão.
. Ação de reconhecimento de filiação não altera nada.

. Súmula 149 do STF: ‘é imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança’.
. DD (STJ – Info 757 – 2ª SEÇÃO - SAJ) -> o prazo prescricional para propor ação de petição de herança conta-se da abertura da sucessão: a ausência de prévia propositura de ação de investigação de paternidade, imprescritível, e de seu julgamento definitivo não constitui óbice para o ajuizamento de ação de petição de herança e para o início da contagem do prazo prescricional.

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26
Q

PROCESSO PENAL
Havendo justificativa plausível pode ser autorizar a intimação judicial das testemunhas da defesa?

A

. A intimação judicial das testemunhas INDEPENDE de justificativa, sendo um direito do réu.

  • DD (STJ – Info 813) -> o magistrado não pode exigir que a defesa apresente justificativa para que seja autorizada a intimação judicial das testemunhas; o magistrado não pode exigir que, se a testemunha for abonatória, o seu depoimento oral seja substituído pela juntada de declaração escrita:
    . O indeferimento do pedido da intimação de testemunhas de defesa pelo juízo criminal baseada unicamente na ausência de justificativa para a intimação pessoal, previsto no art. 396-A do CPP, configura cerceamento de defesa e infringe os princípios do contraditório e da ampla defesa.
    . É vedado ao juízo recusar a intimação judicial das testemunhas de defesa nos termos do art. 396-A do CPP, por falta de justificação do pedido, substituindo a intimação por declarações escritas das testemunhas consideradas pelo juízo como meramente abonatórias, configurando violação do princípio da paridade de armas e do direito de ampla defesa.
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27
Q

LEG. PENAL ESPECIAL

. Advogado pode celebrar acordo de colaboração premiada com violação do sigilo profissional quando for investigado?

A

. NÃO.

. DD (STJ – Info 813) -> ainda que o advogado seja investigado, é inadmissível o acordo de colaboração premiada firmado com violação do sigilo profissional: é inadmissível a prova proveniente de acordo de colaboração premiada firmado com violação do sigilo profissional, não havendo falar em justa causa para a utilização do instituto como mecanismo de autodefesa pelo advogado, mesmo que a condição profissional não alcance todos os investigados.
. O contrato de advocacia garante a confidencialidade das informações recebidas em razão da prestação de serviços. Afinal, o advogado tem a obrigação de guardar sigilo dos fatos que tem conhecimento por conta e durante o exercício da profissão.

28
Q

. LEP

O tempo do recolhimento domiciliar noturno deve ser considerado para fins de detração? E para fins de progressão de regime?

A

. SIM e SIM.

  • DD (STJ – Info 813) -> o tempo do recolhimento domiciliar noturno deve ser considerado para fins de progressão de regime:
    . O período de recolhimento obrigatório noturno e nos dias de folga, por comprometer o status libertatis do acusado deve ser reconhecido como período a ser detraído da pena privativa de liberdade e da medida de segurança, em homenagem aos princípios da proporcionalidade e do non bis in idem (STJ. 3ª Seção. REsp 1.977.135-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/11/2022. Recurso Repetitivo – tema 1155).
    . Computado o tempo do recolhimento domiciliar noturno para fins de detração da pena, não há razão para deixar de considerá-lo também para fins de progressão de regime.
29
Q

ADMINISTRATIVO

É possível o Judiciário rever ato da comissão de concurso que não atribui pontuação a candidato que formula resposta com base em precedente obrigatório do STJ?

A

SIM.

DD (STJ – Info 816) -> a negativa de banca examinadora de concurso público em atribuir pontuação a resposta formulada de acordo com precedente obrigatório do STJ constitui flagrante ilegalidade.

30
Q

MARIA DA PENHA

A aplicação da agravante do art. 61, II, ‘f’, do CP em conjunto com as disposições da LMP configura bis in idem?

Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime: (…) II - ter o agente cometido o crime: (…) f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;

A

NÃO!

DD (STJ – Info 816 – Recurso Repetitivo Tema 1197) -> é possível aplicar a agravante do art. 61, II, ‘f’, do CP em conjunto com as disposições da LMP: a aplicação da agravante do art. 61, inc. II, alínea f, do Código Penal, em conjunto com as disposições da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), não configura bis in idem.

31
Q

CIVIL

Se a parte morre no curso do processo de divórcio, deve-se extinguir o processo sem resolução do mérito ou é possível a decretação do divórcio post mortem?

A

É possível a decretação do divórcio post mortem.

DD (STJ – Info 815) -> é possível a decretação do divórcio na hipótese em que um dos cônjuges falece após a propositura da respectiva ação, notadamente quando manifestou-se indubitavelmente no sentido de aquiescer ao pedido que fora formulado em seu desfavor: é possível decretar o divórcio mesmo após a morte de um dos cônjuges, desde que haja evidências claras de que ambos os cônjuges desejavam essa dissolução antes da morte.

32
Q

PENAL

Os empregados da OAB são equiparados a funcionários públicos para fins penais?

A

. SIM.

DD (STJ – Info 815) -> os empregados da OAB são equiparados a funcionários públicos para fins penais:
As conclusões do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 3.026/DF, no sentido de que a OAB não faz parte ou se sujeita à Administração Pública, não têm o condão de afastar o presente entendimento, alterando a condição de funcionário público por equiparação do empregado da OAB, pois a referida decisão não retirou a natureza pública do serviço prestado pela entidade, vinculado à sua finalidade institucional de administração da Justiça, relacionada ao exercício da advocacia.

33
Q

ADMINISTRATIVO

Qual o prazo para se pedir indenização contra a Fazenda Pública? E o prazo para a Fazenda Pública pedir indenização contra o particular?

A

. 5 anos (mesmo prazo, até por isonomia).

Art. 1º do Decreto Federal nº 20.910/32: ‘as dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem’.

DD (STJ – Info 512) -> regra geral da prescrição em ações contra a Fazenda Pública: o prazo prescricional aplicável às ações de indenização contra a Fazenda Pública é de 5 anos, conforme previsto no Decreto 20.910/32, e não de 3 anos (regra do Código Civil), por se tratar de norma especial, que prevalece sobre a geral.

DD (STJ – Info 814) -> prescreve em 5 anos a pretensão e obter indenização proposta pela Fazenda Pública contra o particular; aplica-se o prazo do Decreto 20.910/32, com base no princípio da isonomia.

34
Q

CIVIL

No caso de recém-nascido que morre no parto em virtude de erro médico, é cabível a condenação a pagar pensão mensal em favor do pais?

A

. SIM, pensionamento que se inicia quando a vítima completaria 14 anos.
. A pensão corresponderá inicialmente à 2/3 do salário mínimo vigente à data do óbito e será reduzida para 1/3 após a data em que ele completaria 25 anos.

DD (STJ – Info 814) -> se um recém-nascido morre em razão de um erro médico ocorrido no hospital, o médico responsável e o hospital podem ser condenados a pagar pensão mensal em favor dos pais, pensionamento que se inicia quando a vítima completaria 14 anos:
 O pensionamento devido na hipótese de falecimento (art. 948, II, do CC) tem por finalidade suprir o amparo financeiro que era prestado pelo falecido.
 Ainda que a morte seja de filho menor, será devido o pensionamento.
 O termo inicial da pensão será a data em que a vítima completaria 14 anos, idade a partir da qual é admitida a celebração de contrato de trabalho.
 O termo final da pensão será a data em que a vítima completaria a idade correspondente à expectativa média de vida do brasileiro, segundo a Tabela do IBGE, ou o momento do falecimento dos beneficiários (pais), o que ocorrer primeiro.
 A pensão corresponderá inicialmente à 2/3 do salário mínimo vigente à data do óbito e será reduzida para 1/3 após a data em que ele completaria 25 anos.
 Se a família for de baixa renda, há presunção relativa da dependência econômica entre os seus membros, sendo que, nas demais situações, é necessária a comprovação da dependência.
 O fato de a vítima ser um recém-nascido não impede a fixação do pensionamento.

35
Q

CIVIL

Qual o termo inicial da prescrição nos casos de abuso sexual durante a infância?

A

. DD (STJ – Info 811) -> o termo inicial da prescrição nos casos de abuso sexual durante a infância e adolescência não é necessariamente a maioridade civil; o termo inicial será o momento em que a vítima tomou plena ciência dos danos causados em sua vida; aplica-se a teoria subjetiva da actio nata:

36
Q

CONSUMIDOR

É possível a cobrança de taxa de conveniência?

A

. SIM.

. DD (STJ – Info 811) -> a taxa de conveniência é lícita; também é válida a cobrança de taxas de retirada ou entrega de ingressos comprador pela internet, desde que o valor cobrado pelo serviço seja acessível e claro.

37
Q

ADMINISTRATIVO

Concurso pode dar um bônus na nota de candidatos que nasceram e moram no Estado?

A

. NÃO.

 DD (STD – Info 1120 – ADI 7.458) -> é inconstitucional lei estadual que preveja que os candidatos que nasceram e moram no Estado terão um percentual de bônus (acréscimo) na nota que obtiverem nos concursos estaduais): é inconstitucional lei estadual que concede, em favor de candidatos naturais residentes em seu âmbito territorial, bônus de 10% na nota obtida nos concursos públicos da área de segurança pública.
o Essa previsão configura tratamento diferenciado desproporcional, sem amparo em justificativa razoável.

38
Q

ADMINISTRATIVO

Candidato que teve uma doença grave pode ser impedido de tomar posse em concurso público?

A

. NÃO.

. DD (STF – Info 1119 – Repercussão Geral Tema 1015) -> é inconstitucional proibir a posse de candidato aprovado que teve uma doença grave, mas que atualmente não apresenta sintomas incapacitantes nem restrições para o trabalho: é inconstitucional a vedação à posse em cargo público de candidato aprovado que, embora tenha sido acometido por doença grave, não apresenta sintoma incapacitante nem possui restrição relevante que impeça o exercício da função pretendida (arts. 1º, III, 3º, IV, 5º, caput, 37, caput, I e II, CF/88).

39
Q

Quando um indivíduo que tem plano de saúde recebe atendimento pelo SUS, o plano de saúde tem que ressarcir o SUS?

A

. SIM!

. Art. 32 da Lei 9.656/98: ‘serão ressarcidos pelas operadoras dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, de acordo com normas a serem definidas pela ANS, os serviços de atendimento à saúde previstos nos respectivos contratos, prestados a seus consumidores e respectivos dependentes, em instituições públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas, integrantes do SUS’.
. O art. 32 prevê o chamado ‘ressarcimento ao SUS’, segundo o qual as operadoras de planos de saúde possuem a obrigação de reembolsar o SUS pelos custos de tratamentos prestados a seus clientes.

40
Q

Ente federado pode promover diretamente ação judicial contra operadora de plano de saúde para ressarcimento de valores referentes a serviço de saúde prestado pelo SUS em cumprimento de ordem judicial?

A

. SIM!
. DD (STJ – Info 14 da Edição Extraordinária) -> o ente federado pode promover diretamente ação judicial contra operadora privada de plano de saúde para ressarcimento de valores referentes a prestação de serviço de saúde em cumprimento de ordem judicial: se esse tratamento de saúde foi fornecido ao paciente por força de decisão judicial, o STJ afirma que o ente federativo poderá buscar judicialmente o ressarcimento das despesas diretamente contra a operadora do plano de saúde.

41
Q

É constitucional lei estadual que cria nova modalidades de licenças ambientais simplificadas, para atividades de baixo e médio potencial poluidor, dispensando, inclusive, prévias consultas públcias?

A

. SIM.

. DD (STF – Info 1116 – ADI 5014) -> STF julgou constitucional lei estadual que criou novas modalidades de licenças ambientais, simplificadas, para atividades de baixo e médio potencial poluidor, dispensando, inclusive, prévias consultas públicas: é constitucional norma estadual que cria modelo simplificado de licenciamento ambiental para regularização de atividades ou empreendimentos em instalação ou funcionamento, e para atividades de baixo e médio potencial poluidor.
. Essa norma não viola o princípio do pacto federativo e as regras do sistema de repartição de competências.
. Não há ofensa ao princípio da proibição ao retrocesso socioambiental.

42
Q

. CONSTITUCIONAL

Lei estadual pode obrigar planos de saúde a custearem exames laboratoriais pedidos por nutricionistas?

A

. NÃO.

. DD (STF – Info 1145 – ADI 7.552) -> lei estadual não pode obrigar planos de saúde a custearem exames laboratoriais pedidos por nutricionistas: é inconstitucional lei estadual que dispõe acerca das diretrizes para a solicitação de exames laboratoriais para acompanhamento dietoterápico por nutricionista com cobertura obrigatória pelas operadoras de planos de saúde, o que viola a competência privativa da União para legislaar sobre direito civil (art. 22, I) e política de seguros (art. 22, VII).

43
Q

PROCESSO CIVIL

Art. 46, § 5º: ‘a execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado’.

Há algum entendimento afastando essa regra em se tratando de execução fiscal?

A

. SIM, para manter a competência dentro da esfera daquele ente federativo.

. DD (STF – Info 1144 – Repercussão Geral Tema 1.204) -> afasta-se a regra de competência jurisdicional prevista no art. 46, § 5º, do CPC, quando a sua incidência implicar o ajuizamento e o processamento da ação executiva em outro estado da Federação: a aplicação do art. 46, § 5º, do CPC deve ficar restrita aos limites do território de cada ente subnacional ou ao local de ocorrência do fato gerador.

44
Q

DIREITOS COLETIVOS

. A ação popular pode ser utilizada como meio para veicular interesses pessoais do cidadão que a propõe?

A

. NÃO. Embora seja exercida individualmente, a ação popular é um direito fundamental que visa à proteção de bens jurídicos de interesse coletivo.

. DD (STJ – Info 820) -> a ação popular tem por objetivo a tutela de direitos transindividuais não servindo para a mera tutela patrimonial dos cofres estatais, nem para a contraposição pura e simples da atividade administrativa, tampouco para a defesa de interesses do cidadão figurante no polo ativo: a ação popular, concebida como um mecanismo de concretização da soberania, é um instrumento que possibilita o controle de condutas ilegítimas do Poder Público.

. A ação popular não se destina para: (a) a mera tutela patrimonial dos cofres estatais; (b) se opor inscriminadamente ao correto exercício da atividade administrativa; (c) a defesa de interesses exclusivamente pessoais do cidadão que a propõe.

45
Q

TRIBUTÁRIO

É constitucional regra do Confaz que obriga instituição financeira a fornecer informações sobre pagamentos e transferências feitos por clientes em operações eletrônicas em que haja recolhimento do ICMS?

A

. SIM.

. DD (STF – Info 1149 – ADI 7.276) -> são constitucionais as regras de convênio do Confaz que obrigam as instituições financeiras a fornecer aos Estados informações sobre pagamentos e transferências feitos por clientes em operações eletrônicas em que haja recolhimento do ICMS:
. São constitucionais as normas editadas pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que obrigam instituições financeiras a fornecerem aos estados informações relacionadas às transferências e aos pagamentos realizados por clientes em operações eletrônicas com recolhimento do ICMS (como “pix” e cartões de débito e crédito).
. Essas normas não violam o princípio da reserva legal nem os direitos fundamentais à intimidade, à privacidade e ao sigilo de dados pessoais (art. 5º, X e XII, CF/88).
. As obrigações impostas pelo Convênio do Confaz não caracterizam quebra de sigilo bancário, constitucionalmente proibida, mas transferência do sigilo das instituições financeiras e bancárias à administração tributária estadual ou distrital.
. Os dados fornecidos são utilizados para a fiscalização do pagamento de impostos pelos estados e pelo Distrito Federal, que devem continuar a zelar pelo sigilo dessas informações e usá-las exclusivamente para o exercício de suas competências fiscais.

46
Q

ADMINISTRATIVO/CONSTITUCIONAL

Lei estadual pode exigir que um percentual mínimo dos servidores públicos e das empresas contratadas pela Administração Pública seja reservado para pessoas maiores de 40 anos?

A

. SIM.

. DD (STF – Info 1148 – ADI 4.082) -> lei estadual pode exigir que um percentual mínimo dos servidores públicos e das empresas contratadas pela Administração Pública seja reservado para pessoas maiores de 40 anos:
É constitucional lei distrital (ou estadual) que estabelece a obrigatoriedade de:
(i) serem mantidas, no mínimo, 5% (cinco por cento) de pessoas com idade acima de quarenta anos, obedecido o princípio do concurso público, nos quadros da Administração Pública direta e indireta; e
(ii) ser firmada cláusula, nas licitações para contratação de serviços com fornecimento de mão de obra, que assegure o mínimo de 10% (dez por cento) das vagas a pessoas com mais de quarenta anos.
. Essa lei confere tratamento diferenciado baseado em um discrímen razoável.

47
Q

CIVIL E ELEITORAL

A criação de jingle com base em uma música depende de autorização do compositor? Sem essa autorização é cabível indenização?

A

. Sim, exige-se autorização e pode haver responsabilização. Contudo, se o candidato e o partido não participaram da criação da música não podem ser responsabilizados.

. DD (STJ – Info 819) -> Durante a campanha, apoiadores de um candidato usam, nas redes sociais, uma música para pedir votos. Ocorre que a compositora não autorizou. Houve violação aos direitos autorais, no entanto, o candidato e o partido não podem ser responsabilizados se não participaram:
. A utilização indevida de imagem e obra musical de artista em campanha político-eleitoral de candidato à Presidência da República por adeptos da campanha eleitoral devidamente identificados e sem a participação ou conhecimento do partido ou do candidato, não gera condenação por danos materiais e morais destes.

48
Q

PROCESSO CIVIL

É cabível ação autônoma para cobrança e definição de honorários advocatícios?

A

. SIM.

. DD (STJ – Info 819) -> a partir da vigência do CPC/15, é cabível ação autônoma para cobrança e definição de honorários advocatícios quando a decisão transitada em julgado for omissa.
. Art. 85, § 18: ‘caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança’

49
Q

PENAL e PROCESSO PENAL

CONFISSÃO:
(i) a confissão extrajudicial é válida como prova?
(ii) a confissão extrajudicial pode embasar a sentença condenatória?

A

(i) SIM, mas só quando feita formalmente e de maneira documentada, dentro de um estabelecimento estatal público e oficial;
(ii) por si só, NÃO.

. Art. 197: ‘o valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância’.

DD (STJ – 3ª Seção – Info 819):
. 1. A confissão extrajudicial somente será admissível no processo judicial se feita formalmente e de maneira documentada, dentro de um estabelecimento estatal público e oficial.
Tais garantias não podem ser renunciadas pelo interrogado e, se alguma delas não for cumprida, a prova será inadmissível.
A inadmissibilidade permanece mesmo que a acusação tente introduzir a confissão extrajudicial no processo por outros meios de prova (como, por exemplo, o testemunho do policial que a colheu).
. 2. A confissão extrajudicial admissível pode servir apenas como meio de obtenção de provas, indicando à polícia ou ao Ministério Público possíveis fontes de provas na investigação, mas não pode embasar a sentença condenatória.
. 3. A confissão judicial, em princípio, é, obviamente, lícita.
Todavia, para a condenação, apenas será considerada a confissão que encontre algum sustento nas demais provas, tudo à luz do art. 197 do CPP.

50
Q

PROCESSO PENAL

É lícita a prova encontrada no lixo descartado na rua?

A

. SIM.

  • DD (STJ – Info 821) -> é legítima a prova encontrada no lixo descartado na rua por pessoa apontada como integrante de grupo criminoso sob investigação e recolhido pela polícia sem autorização judicial, sem que isso configure pesca probatória (fishing expedition) ou violação da intimidade:
     O descarte dos sacos de lixo foi realizado por um investigado, não havendo se cogitar em expectativa de privacidade a respeito do material colhido, dispensando-se autorização judicial para apreensão e análise do seu conteúdo.
     Ao analisarem o conteúdo, encontram documentos e listas que comprovavam as operações da organização, incluindo valores arrecadados com apostas, premiações e a contabilidade interna do grupo. O material encontrado nos sacos de lixo foi apreendido, analisado e anexado ao inquérito policial.
     Com base nesses e em outros elementos informativos, o Ministério Público ofereceu denúncia contra João e outros membros da organização criminosa.
     O STJ considerou que essa prova é lícita.
     Todo material, seja ele genético ou documental, uma vez descartado pelo investigado, sai de sua posse ou domínio e, portanto, deixa de existir qualquer expectativa de privacidade do investigado ou possibilidade de se invocar o direito a não colaborar com as investigações.
51
Q

(i) Qual a natureza jurídica da decisão que concede a progressão de regime?

(ii) qual a data-base para a concessão da progressão subsequente?

A

(i) declaratória;
(ii) a data em que o último requisito é cumprido, seja ele objetivo ou subjetivo.

o DD (STJ – Info 821 – 3ª Seção – Recurso Repetitivo Tema 1.165) -> a decisão que concede progressão é declaratória; a data-base para a concessão da progressão subsequente é a data em que o último requisito é cumprido, seja ele objetivo ou subjetivo:
 A decisão que defere a progressão de regime não tem natureza constitutiva, senão declaratória.
 O termo inicial para a progressão de regime deverá ser a data em que preenchidos os requisitos objetivo e subjetivo descritos no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal), e não a data em que efetivamente foi deferida a progressão.
 Se por último for preenchido o requisito subjetivo, independentemente da anterior implementação do requisito objetivo, será aquele (o subjetivo) o marco para fixação da database para efeito de nova progressão de regime.

52
Q

A compra e venda de loteamento não registrado é válida se firmada entre particulares que estavam cientes da irregularidade?

A

. NÃO.

o DD (STJ – Info 829) -> a compra e venda de loteamento não registrado é nula, independentemente de ter sido firmada entre particulares que estavam cientes da irregularidade do imóvel no momento do negócio jurídico:
 Art. 37 da Lei 6.766/79: ‘é vedado vender ou prometer vender parcela de loteamento ou desmembramento não registrado’.
* O STJ afirmou que o contrato era nulo não importando o fato de a compradora estar ciente da irregularidade. Isso porque o art. 37 da Lei nº 6.766/79 proíbe expressamente a venda de lotes não registrados. Logo, o objeto do contrato é ilícito, pois viola norma legal.

53
Q

Imóvel de sociedade de economia mista que atua em regime não concorrencial e afetado a finalidade pública essencial pode ser objeto de usucapião?

A

. NÃO.

o DD (STJ – Info 829) -> não é possível usucapião de imóvel afetado à finalidade pública essencial pertencente à sociedade de economia mista que atua em regime não concorrencial: os bens integrantes do acervo patrimonial de sociedade de economia mista ou empresa pública não podem ser objeto de usucapião quando sujeitos à destinação pública.
 A concepção de “destinação pública”, apta a afastar a possibilidade de usucapião de bens das empresas estatais, tem recebido interpretação abrangente por parte do STJ, de forma a abarcar, inclusive, imóveis momentaneamente inutilizados, mas com demonstrado potencial de afetação a uma finalidade pública.

54
Q

A continuidade delitiva impede a celebração de ANPP?

A

. NÃO.

o DD (STJ – Info 829) -> a continuidade delitiva não impede a celebração do ANPP: A continuidade delitiva não está prevista como impedimento para o ANPP no art. 28-A, §2º, II, do CPP, que menciona apenas condutas habituais, reiteradas ou profissionais.
 A inclusão da continuidade delitiva como óbice ao ANPP extrapola os limites da norma, violando o princípio da legalidade.

55
Q

É possível o MP se recusar a oferecer a suspensão condicional do processo porque o crime foi praticado contra mulher por razões da condição do sexo feminino?

A

. NÃO. Isso é requisito do ANPP e não pode ser aplicado para a suspensão condicional do processo.

o DD (STJ – Info 828) -> não cabe a utilização de óbice previsto para o ANPP para negar o oferecimento da suspensão condicional do processo:
 O Ministério Público recusou-se a propor a suspensão condicional do processo usando um óbice de um instituto diverso (ANPP). Ao fazer isso, o MP realizou analogia in malam partem, o que não se admite em direito penal.

56
Q

Nos termos do art. 9º-A da LEP, com redação dada pela Lei nº 13.964/2019, o condenado por alguns crimes será submetido obrigatoriamente à identificação do perfil genético por meio da extração de DNA.

Isso constitui violação ao princípio da vedação à autoincriminação?

A

. NÃO.

 DD (STJ – Info 822) -> o fornecimento de perfil genético, nos termos do art. 9º-A da LEP, não constitui violação do princípio da vedação à autoincriminação, configurando falta grave a recusa: não há ilegalidade na exigência de coleta do perfil genético do condenado, especialmente em casos como o do art. 217-A do Código Penal.
* A obrigatoriedade de fornecer o perfil genético, como estabelecido no art. 9º-A da LEP, não está relacionada a uma investigação de crime específico que a pessoa cometeu.
* O objetivo não é produzir uma prova contra o condenado, mas sim registrar e identificar o indivíduo.
* Trata-se de uma ampliação dos métodos de identificação, possibilitada pelos avanços técnicos, e pode ser usada para elucidação de crimes futuros.
* A recusa em fornecer esse material configura falta grave, conforme os arts. 9º-A, § 8º, e 50, VIII, da LEP, não sendo possível justificar a recusa com base em crimes futuros e incertos.

57
Q

É possível presumir a dupla maternidade de criança gerada por inseminação artificial caseira?

A

. SIM.

o DD (STJ – Info 830) -> é possível presumir a maternidade de mãe não biológica de criança gerada por inseminação artificial caseira no curso de união estável homoafetiva: a inseminação caseira é válida para o reconhecimento de dupla maternidade em uniões homoafetivas, respeitando o direito ao planejamento familiar e o melhor interesse da criança, e cumprindo os requisitos do Código Civil para presunção de maternidade.

58
Q

A confissão do acusado quanto à traficância para celebração de anpp impede que posteriormente, por outro fato, seja reconhecido o tráfico privilegiado?

A

. NÃO impede.

o DD (STJ – Info 827) -> a confissão do acusado quanto à traficância em momento anterior, para ser beneficiado com a formalização de acordo de não persecução penal, não impede o reconhecimento do tráfico privilegiado: portanto, a confissão do acusado quanto à traficância em momento anterior, para ser beneficiado com a formalização de acordo de não persecução penal, não tem o condão de figurar como óbice ao reconhecimento do tráfico privilegiado, já que não sucedido de condenação definitiva a pena de reclusão.
 Foram vedadas interpretações segundo as quais o ANPP possa ser indicativo de envolvimento do seu beneficiário com atividades criminosas.

59
Q

É lícito que o provedor de aplicação de internet remova conteúdos por iniciativa própria e sem intervenção judicial?

A

. SIM!

 DD (STJ – Info 823) -> o provedor de aplicação de internet (ex: YouTube) pode, por iniciativa própria, mesmo sem ordem judicial, retirar de sua plataforma conteúdos que violem a lei ou seus termos de uso:
o Essa moderação de conteúdo encontra amparo no ordenamento jurídico, não representando violação à liberdade de expressão nem censura.
o Os termos de uso dos provedores de aplicação, que autorizam a moderação de conteúdo, devem estar subordinados à Constituição, às leis e a toda regulamentação aplicável direta ou indiretamente ao ecossistema da internet, sob pena de responsabilização da plataforma.
o A moderação de conteúdo refere-se à faculdade reconhecida de as plataformas digitais estabelecerem normas para o uso do espaço que disponibilizam a terceiros, que podem incluir a capacidade de remover, suspender ou tornar indisponíveis conteúdos ou contas de usuários que violem essas normas.
o Art. 19 da Lei 12.965/14 (‘Marco Civil da Internet): ‘Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário’.
 O art. 19 não impede nem proíbe que o próprio provedor retire de sua plataforma o conteúdo que violar a lei ou os seus termos de uso. Essa retirada pode ser reconhecida como uma atividade lícita de compliance interno da empresa, que estará sujeita à responsabilização por eventual retirada indevida que venha a causar prejuízo injustificado ao usuário.
o Vale ressaltar que, no caso concreto, o STJ entendeu que não houve shadowbannig.
 Shadowbannig consiste na moderação de conteúdo por meio do bloqueio ou restrição de um usuário ou de seu conteúdo, de modo que o banimento seja de difícil detecção pelo usuário (assimetria informacional e hipossuficiência técnica). O shadowbannig, na prática, é realizado por funcionários do aplicativo ou por algoritmos. Em tese, a sua prática pode configurar ato ilícito, arbitrariedade ou abuso de poder.
 No presente caso, houve a aplicação de técnicas convencionais como a remoção total de conteúdo, tendo sido garantido ao usuário o direito de transparência acerca da moderação de conteúdo implementada pela plataforma.

60
Q

ECA

Art. 249: ‘descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar’: Pena – multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência’.

Essa sanção se limitada à esfera familiar, de guarda ou tutela?

esfera familiar, de guarda ou tutela.

A

. NÃO, abrange qualquer pessoa física ou jurídica que descumpre determinações judiciais ou do Conselho Tutelar.

o DD (STJ – Info 832) -> a sanção prevista no art. 248 do ECA aplica-se a qualquer pessoa física ou jurídica que descumpre determinações judiciais ou do Conselho Tutelar:
 O art. 249 do ECA deve ser interpretado de forma abrangente, aplicando-se a qualquer pessoa física ou jurídica que desrespeite ordens da autoridade judiciária ou do Conselho Tutelar, sem limitar-se à esfera familiar, de guarda ou tutela.
 Caso concreto: uma empresa promotora de eventos foi autuada por permitir a entrada de menores desacompanhados dos pais e responsáveis, mesmo havendo determinação judicial em sentido contrário.

61
Q

CONSTITUCIONAL

É possível a cassação de aposentadoria de Promotor que tenha cometido ato de improbidade administrativa quando em atividade?

A

SIM!

DD (STJ – Info 832) -> é cabível a penalidade de cassação de aposentadoria por falta grave praticada por membro do Ministério Público ainda em atividade, mesmo que esta somente seja constatada apenas durante a aposentadoria.
É possível a cassação de aposentadoria de Promotor de Justiça que tenha cometido ato de improbidade administrativa quando em atividade.
A impossibilidade de aplicar sanção administrativa a servidor aposentado resultaria em tratamento desigual entre servidores ativos e inativos, prejudicando o princípio da isonomia e da moralidade administrativa.
A aposentação não pode servir como escudo para evitar sanções administrativas, sendo cabível a penalidade de cassação de aposentadoria por falta grave praticada por membro do Ministério Público ainda em atividade, mesmo que esta só seja descoberta após a aposentadoria.
Do contrário, isso constituiria um privilégio injustificado para servidores aposentados que cometeram infrações durante o período em que estava na ativa.

62
Q

CIVIL

Dano moral reflexo (dano por ricochete) pode ocorrer ainda que a vítima direta do evento danoso sobreviva?

A

. SIM.

DD (STJ – Info 832) -> o dano moral reflexo (dano por ricochete) pode se caracterizar ainda que a vítima direta do evento danoso sobreviva:
São características do dano moral por ricochete a pessoalidade e a autonomia em relação ao dano sofrido pela vítima direta do evento danoso, assim como a independência quanto à natureza do incidente, conferindo, desse modo, aos sujeitos prejudicados reflexamente o direito à indenização por terem sido atingidos em um de seus direitos fundamentais.
O STJ manteve a condenação, estabelecendo que o dano moral por ricochete não está limitado aos casos de falecimento da vítima direta. Tendo em vista a existência da cláusula geral de responsabilidade civil, qualquer pessoa que tenha seu direito violado por dano causado a outrem, de forma direta ou reflexa, possui interesse juridicamente tutelado, sendo a indenização devida independentemente da sobrevivência da vítima direta.

63
Q

LEG. PENAL ESPECIAL

O racismo cometido em redes sociais é de competência da justiça federal?

A

. Se o perfil for aberto, SIM.

o DD (STJ – Info 832) -> a competência da Justiça Federal no crime de racismo em redes sociais depende da comprovação de que a postagem foi feita em perfil aberto: a fixação da competência da Justiça Federal para o julgamento do crime de racismo mediante divulgação de conteúdo em rede social exige a demonstração da natureza aberta do perfil que realizou a postagem, a fim de possibilitar a verificação da potencialidade de atingimento de pessoas para além do território nacional.

64
Q

CONSUMIDOR

O gestor de banco de dados pode disponibilizar para terceiros consulentes o acesso aos dados cadastrais que sejam não sensíveis?

A

. NÃO. Só com o consentimento do titular.

 Desse modo, se um terceiro consulente tem interesse em obter as informações cadastrais do cadastrado, ainda que sejam dados pessoais não sensíveis, deve ele obter o prévio e expresso consentimento do titular, com base na autonomia da vontade, pois não há autorização legal para que o gestor de banco de dados disponibilize tais dados.

 Em relação aos consulentes, apenas autoriza a disponibilização:
* a) da pontuação de crédito; e
* b) do histórico de crédito, desde que autorizado previamente pelo cadastrado, em observância ao modelo de autorização do Decreto nº 9.936/2019.

  • DD (STJ – Info 833) -> o gestor de banco de dados que disponibiliza para terceiros consulentes o acesso aos dados do cadastrado que somente poderiam ser compartilhados entre bancos de dados deve responder objetivamente pelos danos morais causados:
     A disponibilização indevida de dados pessoais para terceiros caracteriza dano moral presumido, devido ao sentimento de insegurança experimentado pela pessoa ao perceber que seus dados foram compartilhados indevidamente, o que pode favorecer a prática de atos ilícitos.
     Além disso, embora não seja necessário consentimento prévio para abertura do cadastro, é obrigatória a comunicação ao cadastrado em até 30 dias, conforme previsto na legislação.
65
Q

PROCESSO CIVIL

A impenhorabilidade da pequena propriedade rural é presumida ou deve ser comprovada pelo executado?

A

 DD (STJ – Info 833 – Corte Especial – Recurso Repetitivo Tema 1234) -> é ÔNUS DO EXECUTADO provar que a pequena propriedade rural é explorada pela família para fins de reconhecimento de sua impenhorabilidade.
* Para que seja reconhecida a impenhorabilidade de uma propriedade rural, conforme o art. 833, VIII, são necessários 2 requisitos: 1) que o imóvel se caracterize como pequena propriedade rural (até 4 módulos fiscais, conforme Lei 8.629/93); e 2) que seja explorado pela família.

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Q

PENAL

PRAZO PRESCRICIONAL DA PENA DE MULTA
Após o trânsito em julgado, qual é o prazo de prescrição da pena de multa? Ele deverá seguir a prescrição intercorrente da LEF (5 anos)? Ou irá seguir o prazo prescricional penal?

A

. Segue o prazo prescricional penal.

o Art. 114: ‘a prescrição da pena de multa ocorrerá: (i) em DOIS ANOS, quando a multa foi a ÚNICA COMINADA ou aplicada; (ii) no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for ALTERNATIVA ou CUMULATIVAMENTE cominada ou cumulativamente aplicada’.

o DD (STJ – Info 833) -> a multa aplicada na sentença condenatória possui caráter penal; embora se apliquem as causas suspensivas previstas na LEF e as causas interruptivas disciplinadas no art. 174 do CTN, o prazo da prescricional intercorrente é o do art. 114, II, do CP:
 A execução foi suspensa devido à ausência de bens penhoráveis, e, após cinco anos do arquivamento provisório, o juiz extinguiu o processo com base na prescrição intercorrente, aplicando o prazo de cinco anos do art. 174 do CTN.
* A Fazenda Nacional recorreu, argumentando que a multa penal mantém sua natureza criminal, mesmo se cobrada via execução fiscal, e, portanto, o prazo prescricional deveria ser o mesmo da pena privativa de liberdade aplicada (16 anos, conforme o art. 109 do CP).
* O STJ concordou com a recorrente.
 A nova redação do art. 51 do Código Penal não retirou o caráter penal da multa, de modo que, embora se apliquem as causas suspensivas da prescrição previstas na Lei nº 6.830/1980 e as causas interruptivas disciplinadas no art. 174 do CTN, o prazo prescricional continua regido pelo art. 114, II, do CP, inclusive quanto ao prazo de prescrição intercorrente.

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Q

CONSTITUCIONAL

No processo legislativo, se a casa revisora fizer alterações para corrigir imprecisões técnicas ou esclarecer o texto, será necessário que o projeto retorne à casa iniciadora?

A

. NÃO.

 DD (STF – Info 1156 – ADI 7.442) -> a casa revisora pode incluir palavras ou expressões em um projeto de lei para corrigir imprecisões técnicas ou esclarecer o texto, sem necessidade de retorno à Casa iniciadora: é constitucional, pois não configura emenda aditiva e, portanto, não afronta o princípio do bicameralismo no processo legislativo, a inclusão — pela Casa revisora, sem retorno do texto à Casa iniciadora para nova votação — de palavras e expressões em projeto de lei que apenas corrija imprecisões técnicas ou torne o sentido do texto mais claro.