Insuficiencia Hepatica Flashcards
Quais os cenários possíveis para um mal funcionamento hepático?
Um contexto de disfunção crônica (uma cirrose hepática que evoluiu para uma síndrome de insuficiência hepática) ou de disfunção aguda, como uma inflamação intensa que gera disfuncionalidade. Usualmente ao nos referirmos à insuficiência hepática estamos nos referindo aos pacientes CRÔNICOS.
Diferença de ácino e lóbulo hepático?
- Lóbulo Hepático (ou Lóculo Hepático)
Definição:
É a unidade anatômica clássica do fígado.
Forma:
Hexagonal.
Organização:
• No centro, encontra-se uma vênula central (veia central do lóbulo).
• Em cada vértice do hexágono, há uma tríade portal (ramo da veia porta, artéria hepática e ducto biliar).
• Os cordões de hepatócitos irradiam-se da periferia em direção à veia central.
• O fluxo sanguíneo vai da periferia (tríade portal) para o centro (veia central).
• O fluxo biliar é oposto: vai do centro para a periferia.
Importância:
Boa para entender a drenagem sanguínea e a morfologia clássica do fígado.
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- Ácino Hepático (ou Ácino de Rappaport)
Definição:
É a unidade funcional e metabólica do fígado.
Forma:
Romboidal ou oval.
Organização:
• É definido com base no fluxo sanguíneo da artéria hepática e veia porta para os sinusoides que irrigam os hepatócitos.
• O centro do ácino é formado por dois ramos portais adjacentes (ou seja, as tríades portais de dois lóbulos vizinhos).
• A veia central fica na periferia do ácino.
• Divide-se em zonas concêntricas:
• Zona 1 (periportal): Mais próxima do fluxo sanguíneo, rica em oxigênio e nutrientes — maior atividade metabólica.
• Zona 2: Intermediária.
• Zona 3 (centrilobular): Mais distante do suprimento — mais suscetível a hipóxia e toxinas.
A o que se refere o conceito de reserva funcional hepática?
Dizemos que o fígado apresenta reserva funcional pois apesar de uma doença subjacente, como uma cirrose hepática que afeta gravemente a arquitetura lobular e acinar através de fibrose, a atividade e funcionamento do fígado podem estar adequados, de forma que a condição nem mesmo seja detectado inicialmente. Existem escalas para quantificar esse funcionamento hepático, com o progredir da doença ele vai perdendo sua função.
O que é relevante destacar acerca da etiologia da doença hepática?
Independentemente de qual for a etiologia da doença hepática que cursou com a síndrome de insuficiência hepática, o mecanismo de insuficiência eh mto parecido, de forma que n importa de foi uma hepatite B crônica, C crônica, esteatose hepática, hepatite autoimune autoimune, oq seja. Assim, a manifestação sempre é parecida.
Defina cirrose hepática e as principais características e associações da mesma.
Cirrose é uma doença hepática crônica e irreversível caracterizada pela desorganização da arquitetura normal do fígado devido à fibrose extensa e à formação de nódulos regenerativos. Essa alteração estrutural prejudica o fluxo sanguíneo intra-hepático e compromete as funções metabólicas, de desintoxicação e de produção do fígado.
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Componentes principais da cirrose:
1. Fibrose progressiva: Deposição de colágeno e matriz extracelular entre os hepatócitos e sinusoides.
2. Nódulos regenerativos: Tentativas de regeneração dos hepatócitos em meio à fibrose, formando nódulos desorganizados.
3. Desestruturação lobular e vascular: A desorganização prejudica o fluxo portal e arterial, contribuindo para a hipertensão portal.
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Principais causas:
• Hepatites virais crônicas (especialmente B e C)
• Alcoolismo crônico
• Esteato-hepatite não alcoólica (NASH)
• Doenças autoimunes (como hepatite autoimune)
• Colestases crônicas (ex.: cirrose biliar primária)
• Doenças metabólicas (como hemocromatose e doença de Wilson)
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Consequências clínicas:
• Hipertensão portal
• Insuficiência hepática
• Ascite, encefalopatia hepática, varizes esofágicas
• Risco aumentado de carcinoma hepatocelular
Destaco que a cirrose se baseia num estágio final de uma DHC, de forma que a causa de cirrose seja justamente uma doença hepática crônica.
Obs nos referimos às ilhas de hepatocitos na cirrose.
Qual a diferença de insuficiência hepática e cirrose?
A diferença entre cirrose e insuficiência hepática está no fato de que cirrose é uma doença estrutural crônica do fígado, enquanto insuficiência hepática é uma síndrome funcional, que pode ser causada por cirrose ou outras condições, e representa a falência da função hepática.
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- Cirrose Hepática
Definição:
Doença crônica, progressiva e irreversível do fígado caracterizada por:
• Fibrose extensa
• Nódulos regenerativos
• Desorganização da arquitetura hepática
Causa:
É uma das principais causas de insuficiência hepática, mas nem toda pessoa com cirrose tem insuficiência hepática imediatamente (especialmente nas fases compensadas).
Função hepática:
Pode estar preservada (compensada) ou comprometida (descompensada).
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- Insuficiência Hepática
Definição:
É a falência funcional do fígado, quando ele perde a capacidade de manter funções vitais como:
• Metabolismo (ex.: amônia, fármacos)
• Síntese (ex.: albumina, fatores de coagulação)
• Desintoxicação
Pode ser:
• Aguda: Ocorre rapidamente, geralmente em fígado previamente saudável (ex.: hepatite fulminante por vírus, drogas como paracetamol).
• Crônica: Ocorre em contexto de doença hepática crônica, especialmente cirrose descompensada.
Manifestações típicas:
• Icterícia
• Coagulopatia (INR elevado)
• Encefalopatia hepática
• Ascite
• Hipoglicemia
Quais as principais alterações estruturais hepáticas e suas consequências? 7
As principais alterações estruturais que ocorrem no fígado durante a cirrose envolvem desorganização completa da arquitetura hepática e resultam da combinação de lesão celular crônica, inflamação persistente, fibrose progressiva e tentativas de regeneração. Essas alterações incluem:
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- Fibrose Hepática Extensa
• Acúmulo excessivo de matriz extracelular (principalmente colágeno tipo I e III).
• A fibrose se estende dos espaços porta e forma pontes fibrosas (septa) que conectam áreas periportais, perivenulares e centrolobulares.
• Essa fibrose forma um esqueleto cicatricial que separa os hepatócitos e impede a circulação normal.
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- Formação de Nódulos Regenerativos
• Os hepatócitos tentam se regenerar em resposta ao dano crônico.
• Essa regeneração ocorre de forma desorganizada, formando nódulos arredondados de hepatócitos cercados por tecido fibroso.
• Esses nódulos podem ser micronodulares (<3 mm) ou macronodulares (>3 mm), dependendo da causa e da fase da cirrose.
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- Desorganização da Arquitetura Lobular
• O padrão normal de lóbulos hepáticos e sinusoides é perdido.
• A disposição radial dos cordões de hepatócitos em torno da veia central desaparece.
• A vascularização normal é interrompida, afetando o fluxo sanguíneo intra-hepático.
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- Remodelamento Vascular
• A fibrose e os nódulos alteram o fluxo portal, contribuindo para hipertensão portal.
• O surgimento de shunts porto-sistêmicos e neoangiogênese anormal prejudica ainda mais a função hepática.
• Há aumento da resistência vascular intra-hepática.
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- Ativação de Células Estreladas (de Ito)
• Essas células, normalmente quiescentes no espaço de Disse, tornam-se ativadas em resposta à lesão.
• Elas se diferenciam em miofibroblastos, que produzem colágeno e outras proteínas da matriz, contribuindo para a fibrose.
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- Alterações nos Sinusoides Hepáticos
• Perda da fenestração dos endotélios sinusoidais (capilarização dos sinusoides).
• Diminuição das trocas metabólicas entre o sangue e os hepatócitos.
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- Redução do Número e Função dos Hepatócitos
• Morte celular crônica (necrose e apoptose).
• A regeneração não é suficiente para restaurar a função, especialmente nos estágios avançados.
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Essas alterações comprometem gravemente as funções hepáticas e levam às manifestações clínicas da cirrose descompensada, como ascite, varizes esofágicas, encefalopatia hepática e insuficiência hepática.
Quais as grandes alterações vasculares provocadas pela cirrose?
A cirrose hepática causa profundas alterações vasculares que são centrais para suas complicações clínicas. Essas alterações surgem devido à fibrose progressiva, distorção da arquitetura hepática e formação de comunicações anormais entre vasos (shunts). Vamos explicar passo a passo por que e como cada uma dessas alterações ocorre e quais suas consequências.
A veia porta leva sangue do intestino, baço e pâncreas para o fígado. Na cirrose, dois fatores principais aumentam a pressão nesse sistema:
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Fibrose Sinusoidal
- O que ocorre? Células estreladas hepáticas (células de Ito) são ativadas e depositam colágeno no espaço de Disse (região entre hepatócitos e sinusoides).
- Por que isso é ruim? O colágeno comprime os sinusoides (microvasos do fígado), estreitando-os e dificultando a passagem do sangue.
- Resultado: O sangue encontra resistência para fluir, aumentando a pressão na veia porta.
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Distorção da Arquitetura Hepática
- O que ocorre? Os nódulos regenerativos (aglomerados de hepatócitos tentando se regenerar) comprimem as veias centrais e os ramos da veia porta.
- Por que isso é ruim? Essas veias são essenciais para drenar o sangue do fígado. Quando comprimidas, o sangue fica “represado”, aumentando ainda mais a pressão portal.
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Disfunção Endotelial (Vasoconstrição)
- O que ocorre? As células que revestem os vasos (endotélio) produzem menos óxido nítrico (vasodilatador) e mais endotelina-1 (vasoconstritor).
- Por que isso é ruim? Os vasos do fígado ficam mais estreitos, piorando a resistência ao fluxo sanguíneo.
- O que ocorre? O corpo tenta compensar a má circulação no fígado dilatando os vasos do intestino e baço (circulação esplâncnica).
- Por que isso é ruim? Mais sangue chega à veia porta, mas o fígado não consegue drená-lo adequadamente, piorando a hipertensão.
- Varizes esofágicas/gástricas (vasos dilatados no esôfago e estômago que podem romper e sangrar).
- Ascite (acúmulo de líquido no abdômen devido ao extravasamento de plasma pelos vasos sob alta pressão).
- Esplenomegalia (aumento do baço por congestão sanguínea).
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O que ocorre? A fibrose e a regeneração desorganizada criam comunicações anormais entre:
- Artérias hepáticas → Veias portas (shunts arteriovenosos).
- Ramos da veia porta → Veias hepáticas (shunts portossistêmicos).
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Por que isso é ruim?
- Sangue “pula” o parênquima hepático funcional, ou seja, passa direto sem ser filtrado.
- Toxinas como amônia (produzida no intestino) não são metabolizadas, levando a encefalopatia hepática.
- Hepatócitos ficam mal nutridos (pouco oxigênio e nutrientes), piorando a função hepática.
- O que ocorre? Como o sangue não consegue passar facilmente pelo fígado, ele busca caminhos alternativos para voltar ao coração.
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Principais rotas de shunts:
- Varizes esofágicas/gástricas (vasos dilatados no esôfago e estômago).
- Veias umbilicais recanalizadas (“cabeça de medusa” no abdômen).
- Veias retais aumentadas (hemorroidas).
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Por que isso é ruim?
- Risco de sangramento grave (principal causa de morte em cirróticos).
- Toxinas intestinais (como amônia) vão direto para o cérebro, causando confusão mental e coma (encefalopatia hepática).
- O que ocorre? O fígado tenta compensar a redução do fluxo portal aumentando o fluxo arterial.
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Por que isso é ruim?
- Artérias hepáticas se dilatam, mas não suprem adequadamente a função hepática.
- Microtrombos se formam nos pequenos vasos, piorando a isquemia hepatocelular (falta de oxigênio nos hepatócitos).
- O que ocorre? O corpo entra em um estado de vasodilatação generalizada (pele, músculos, rins).
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Por que isso acontece?
- Óxido nítrico e outras substâncias vasodilatadoras são liberadas em excesso.
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Consequências:
- Eritema palmar, “aranhas vasculares” (angiomas na pele).
- Hipotensão e taquicardia (pressão baixa e coração acelerado).
- Síndrome hepatorenal (os rins param de funcionar devido à má circulação).
- O que ocorre? Acúmulo de líquido no abdômen (ascite) e pernas (edema).
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Por que isso acontece?
- Hipertensão portal + hipoalbuminemia (fígado não produz albumina suficiente) → líquido extravasa dos vasos.
- Ativação do sistema renina-angiotensina → retenção de água e sal pelos rins.
- O que ocorre? Confusão mental, sonolência, até coma.
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Por que isso acontece?
- Shunts desviam sangue do fígado, então toxinas como amônia não são metabolizadas e atingem o cérebro.
Obs ver lâminas de cirrose
Como se dá o metabolismo do heme?
A hemoglobina perde o grupamento heme, ele é convertido em biliverdina, ela é convertida em bilirrubina indireta que circula associada a albumina e é captada pelos hepatocitos, aonde é convertida em bilirrubina direta que será liberada nos cabaliculos biliares. Vale a pena ler na laryssa.
De que forma uma doença hepática crônica pode provocar alterações no metabolismo da bilirrubina?
O que ocorre principalmente é que em um fígado com DHC, mesmo se ele já estar em um estágio cirrotico, há uma disfunção não na captação da bilirrubina indireta e na sua transformação em BD, mas na verdade uma disfunção na capacidade de eliminar essa bilirrubina direta, ou seja, ocorre uma icterícia por conta de um acúmulo de bilirrubina direta, e não indireta (como seria o intuitivo).
Ou seja, das 3 principais etapas do metabolismo da bilirrubina (captação, conjugação e excreção) a fase mais afetada não é a comjugacao (convertendo BI em BD) mas sim a excreção de BD pelos canaliculos biliares, o fígado mesmo muito doente consegue com eficiência captar e conjugar a bilirrubina. Acúmulo de BI ESTÁ MAIS ASSOCIADO A HEMÓLISE EXCESSIVA
Obs cabe ver icterícia da M4 de novo pela laryssa.
Qual efeito metabólico de moléculas energéticas e estruturais é alterado frente a uma DHC?
O fígado é responsável pela participação do metabolismo proteico, glicidico e lipídico de forma que o balanço normal dessas categorias de moléculas seja perdida.
Qual a principal disfunção proteica associada a uma insuficiência hepática? Como pode se manifestar?
Trata-se da disfunção da albumina, a principal proteína do sangue que também é produzida pelo fígado. A falta de albumina no sangue provoca uma redução de pressão oncotica que essencialmente pode gerar anasarca, especialmente ascite e edema de MI e derrame pleural.
E no que tange os carboidratos? Como a insuficiência hepática altera esse metabolismo?
É raro ver um paciente insuficiente hepático hipoglicêmico, isso pois mesmo um fígado parcialmente disfuncional tende a conseguir exercer a glicogenólise adequadamente, caso haja um distúrbio nesse aspecto é porque provavelmente a cirrose está muito avançada. É mto incomum.
E quantos aos lipídeos? Como seu balanço é alterado na insuficiência hepática?
O fígado produz a grande maior parte do colesterol de nosso sangue, um fígado insuficiente tende a ter essa síntese deficiente e consequentemente esses pacientes tendem a apresentar baixas quantidades de colesterol circulante, algo que, no entanto, não é tão severo quanto a deficiência de albumina, essa deficiência não reverbera negativamente usualmente. É, entretanto, um marcador de lesão hepática.
Qual um dos principais exames utilizados para avaliar de forma quantitativa a função hepática? Vale a pena procurar depois em amiores detalhes esse exame
TAP/ INR.
O fígado é responsável pela maior parte dos fatores de coagulação, de forma que esses exames laboratoriais sejam eficientes em determinar distúrbios hepáticos mais precocemente. (Os principais fatores de coagulação são da via extrínseca: 2,7, 9 e 10).
Obs esse aspecto do tap e inr é mto relevante para quantificar a função hepática porém essa disfunção de coagulabilidade não traz perigo iminente na maioria das vezes. Procurar como é feito o TAP.
Por que um paciente com insuficiência hepática pode apresentar ginecomastia?
O fígado é responsável por metabolizar drogas e hormônios, de forma que a sua insuficiência possa resultar na não metabolização adequada do estrogênio, provocando a gibrcomastia e mais sinais de hiperestrogenismo.
O que utilizamos para quantificar a atividade hepática?
Dosagem sérica de bilirrubina e a dosagem do TAP/ INR.
Isso serve para comparar pacientes diferentes entre si ou um mesmo paciente em momento distintos no tempo.
O que é o TAP? (Confirmar se foi extamente isso que ele falou)
Uma forma de analisarmos os fatores 2,7,9 e 10 que compõem a via extrínseca da coagulação. Mas o TAP é uma medida de tempo e portanto pode variar conforme o aparelho laboratorial que é usado, de forma que existe um fator de correção entre os kits laboratoriais usados chamado INR, agora podemos comparar tempos obtidos por kits e laboratórios diferentes.
Quais são possíveis causas de insuficiência hepática aguda?
Uso excessivo de paracetamol com objetivo de suicidio, ivermectina excessiva, hepatite A (todas as hepatites virais podem provocar uma hepatite aguda, porém a A é uma causa mto comum de insuficiência hepática aguda especialmente em adultos pois ela passou a ser colocada no calendário vacinal mais recentemente). Na realidade qualquer farmaco pode gerar insuficiência hepática aguda quando em doses excessivas.
Quais diferenças relevantes acerca da formação insuficiência hepática aguda e crônica? Pesquisar melhor
A crônica está mais associada ao desenvolvimento de cirrose e hipertensão portal.
A aguda apresenta hipoglicemia e coagulopatia como grandes características, chamada de hepatite fulminante também.
Fale sobre as principais etiologias da cirrose
1) Cirrose por Hepatite C e B
• Infecção Crônica e Inflamação:
As hepatites virais B e C podem se tornar crônicas, estabelecendo um processo inflamatório persistente no fígado. Essa inflamação contínua induz danos às células hepáticas.
• Ativação de Estelares de Ito e Fibrogênese:
A inflamação crônica ativa os células estelares de Ito, que passam a depositar colágeno e outras matrizes extracelulares, promovendo a fibrose.
• Dano Direto e Imune-Mediado:
Além do dano viral direto, a resposta imune do hospedeiro também contribui para a lesão hepática, reforçando o processo de fibrose até culminar na arquitetura dismórfica típica da cirrose.
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2) Esteatose Alcoólica
• Metabolismo do Álcool e Formação de Metabólitos Tóxicos:
O etanol é metabolizado no fígado, produzindo acetaldeído, que é tóxico e promove a formação de espécies reativas de oxigênio (ROS).
• Essas moléculas causam estresse oxidativo e lesão direta às células hepáticas.
• Acúmulo de Triglicerídeos e Lipotoxicidade:
O metabolismo alterado aumenta a síntese e o acúmulo de lipídios (esteatose), ocasionando lipotoxicidade e comprometendo a função celular.
• Inflamação e Ativação Fibrogênica:
O dano oxidativo e a inflamação subsequente estimulam a ativação das células estelares e a fibrogenese progressiva, levando, com o tempo, à cirrose.
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3) Hepatite Gordurosa Não Alcoólica (HGNA) / Esteato-hepatite Não Alcoólica (NASH)
• Insulinorresistência e Acúmulo de Lipídios:
Associada frequentemente à síndrome metabólica, a resistência insulínica contribui para a deposição excessiva de gorduras (lipídeos) nos hepatócitos.
• Lipotoxicidade e Estresse Oxidativo:
O excesso de ácidos graxos e seus metabólitos podem causar lesão celular por lipotoxicidade, gerando estresse oxidativo e inflamação.
• Inflamação Crônica e Fibrose:
A resposta inflamatória crônica leva à ativação das células estelares hepáticas e à deposição de colágeno, promovendo a progressão para fibrose e, eventualmente, cirrose.
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4) Hepatite Autoimune
• Resposta Imune Desregulada:
Trata-se de uma doença em que o sistema imune do próprio paciente ataca os hepatócitos.
• Autoanticorpos (por exemplo, anti-músculo liso, ANA, anti-LKM) estão presentes e são marcadores dessa atividade autoimune.
• Inflamação e Lesão Hepática Crônica:
A infiltração de linfócitos promove a destruição das células hepáticas e gera inflamação prolongada.
• Fibrogenese:
A constante agressão imunológica ativa os mecanismos fibrogênicos, resultando em deposição de colágeno e, consequentemente, cicatrização e cirrose.
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5) CBP (Colangite Biliar Primária) e CEP (Colangite Esclerosante Primária)
• Colangite Biliar Primária (CBP):
• Autoimunidade: Caracterizada por uma resposta imune direcionada às células dos ductos biliares intra-hepáticos.
• Destruição dos Ductos Biliares: A progressiva destruição leva à colestase, acúmulo de ácidos biliares e inflamação crônica.
• Fibrose e Cirrose: A inflamação e o acúmulo de bile favorecem a fibrogenese, culminando na cirrose.
• Colangite Esclerosante Primária (CEP):
• Processo Inflamatório e Fibroso: Afeta tanto os ductos biliares intra quanto extra-hepáticos.
• Associação com Doenças Inflamatórias Intestinais: Muitas vezes relacionada à colite ulcerativa, essa associação pode sugerir mecanismos imunológicos complexos.
• Obliteração Ductal e Cirrose: A inflamação e a cicatrização dos ductos provocam estenoses, colestase persistente e, com o tempo, evolução para cirrose.
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6) Hemocromatose, Doença de Wilson e Deficiência de Alfa-1 Antitripsina
• Hemocromatose:
• Acúmulo de Ferro: Distúrbio hereditário que causa absorção excessiva de ferro, levando à deposição desse metal em vários órgãos, inclusive no fígado.
• Dano Oxidativo: O ferro em excesso catalisa reações que geram radicais livres, danificando hepatócitos e estimulando a fibrose progressiva.
• Doença de Wilson:
• Acúmulo de Cobre: Distúrbio genético do transporte e excreção do cobre, resultando em sua acumulação no fígado (e em outros órgãos como o cérebro).
• Toxicidade do Cobre: O cobre acumulado induz estresse oxidativo e inflamação, promovendo lesão hepática e fibrose.
• Deficiência de Alfa-1 Antitripsina:
• Proteína Mal Dobrada: A deficiência resulta da má formação e acúmulo de alfa-1 antitripsina no fígado, comprometendo sua função inibitória de proteases.
• Acúmulo Tóxico e Lesão Celular: O acúmulo intracelular da proteína mal dobrada induz dano hepatocelular e desencadeia processos inflamatórios e fibrogênicos.
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7) Cirrose Biliar Secundária
• Causas Externas ou Secundárias:
Refere-se à cirrose que se desenvolve após processos que causam dano prolongado aos ductos biliares, mas não são primários da via biliar, como:
• Lesões isquêmicas
• Repetidas infecções ou inflamações (colangites) decorrentes de obstrução biliar crônica.
• Processo de Colestase Crônica:
A obstrução prolongada leva à retenção de bile, que possui efeito citotóxico nos hepatócitos e nos ductos, promovendo inflamação e fibrose.
• Evolução para Cirrose:
O dano hepático contínuo e os episódios recorrentes de inflamação e reparo geram cicatrização progressiva até se consolidar a estrutura cirrótica.
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8) Hepatopatias Congestivas
• Origem Cardíaca ou Vascular:
Essas condições estão associadas a disfunções cardíacas (ex.: insuficiência cardíaca) ou obstrução do fluxo venoso hepático (como na síndrome de Budd-Chiari).
• Congestão Hepática: A incapacidade de escoamento adequado do sangue causa congestão nos sinusoides hepáticos, especialmente nas áreas centrolobulares.
• Lesão Hepática e Necrose:
A congestão crônica leva a insuficiência de oxigenação, necrose dos hepatócitos e, eventualmente, à formação de fibrose centrolobular que pode se progredir para cirrose.
• Fibrose e Remodelação Parenquimatosa:
A exposição prolongada à congestão induz processos inflamatórios e fibrogênicos, alterando a arquitetura normal do fígado e comprometendo sua funcionalidade.