Incontinência Urinária Flashcards
O que é a incontinência urinária?
É a perda involuntária de urina objetivamente demonstrável (ICS).
O que é essencial ao diagnóstico da Incontinência Urinária?
Uma anamnese contendo dados bem colhidos (a exemplo de Idade, raça, sintomas urinários, número de gestações e partos, cesarianas ou normais, traumas ou cirurgias pélvicas, doenças sistêmicas e neurológicas, medicamentos em uso, etc.) e um exame físico bem feito.
Qual a classificação da Incontinência Urinária?
- Incontinência urinária de esforço (IUE): uma vez que existem diversos graus de esforço, a incontinência é graduada em leve, moderada e severa.
- Incontinência urinária de urgência (IUU): sendo aquela que ocorre por contrações involuntárias do detrusor da bexiga, ou seja, sem a vontade da paciente.
- Incontinência urinária mista: associação de ambas.
Qual o fator que leva a uma frequência maior da incontinência urinária nas mulheres?
O tamanho da uretra, já que é órgão responsável por reter a urina.
Existem drogas que produzem um efeito sobre o trato urinário inferior?
Sim, a exemplo de álcool, cafeína, IECA, opioides, entre outras.
Quais são os fatores predisponentes da incontinência urinária feminina?
Idade, sexo, genética, raça, condição neurológica, condição anatômica e status do colágeno.
Quais são os fatores desencadeantes da incontinência urinária feminina?
Paridade (já que a gravidez produz um estresse grande para o períneo, portanto o alto número de gestações aumenta o risco da paciente ter incontinência urinária no futuro e, durante a própria gestação é comum de isto acontecer, principalmente aos esforços); cirurgias, lesões de nervo pélvico ou muscular (que podem ocorrer em virtude de traumas) e radiação.
Quais são os fatores promotores (aqueles que podemos modificar) da incontinência urinária feminina?
Disfunção intestinal, irritantes dietéticos, tipo de atividade, obesidade, menopausa, infecção, medicamentos, doença pulmonar e doença psiquiátrica.
Quais são os fatores transitórios e reversíveis da incontinência urinária feminina?
Infecção, vaginite atrófica (a falta de estrogênio leva a atrofia da musculatura, diminuindo os mecanismos de continência), ação medicamentosa, poliúria, imobilidade e constipação.
Qual a segunda principal causa de incontinência urinária feminina?
A incontinência urinária de urgência.
Qual o tipo de bexiga da incontinência urinária feminina?
Bexiga hiperativa ou hiperatividade detrusora.
O que é a incontinência urinária de urgência?
É definida enquanto a presença de contrações involuntárias do músculo detrusor da bexiga, durante a fase de enchimento (quando a urina está entrando na bexiga).
Qual o principal sintoma da incontinência urinária de urgência?
A urgência miccional, que é o desejo súbito de ir ao banheiro para urinar.
Quais os sintomas presentes na incontinência urinária de urgência?
- O aumento da frequência miccional: uma pessoa em condições normais possui um intervalo de 4/4h, e um dos sintomas aqui indica a ida ao banheiro em mais do que 7 vezes.
- Noctúria, que é acordar a noite para urinar (ao menos 2x, para ser considerado patológico)
- Enurese, que é o esvaziamento completo involuntário da bexiga.
Qual o tipo mais frequente de incontinência urinária feminina?
A incontinência urinária de esforço, que pode ser definida como um sintoma, sinal e uma condição urodinâmica.
Quais o principal sintoma da incontinência urinária de esforço?
Perda involuntária de urina, sincrônica aos esforços (como tosse, espirro, exercício físico e mudança de posição).
Quais o principal sinal apresentado no exame físico de uma paciente com incontinência urinária de esforço?
Perda involuntária, através do óstio uretral externo (observada após esforço).
Qual a principal condição urodinâmica apresentada por uma paciente com incontinência urinária de esforço?
A perda involuntária de urina, pelo meato externo uretral (que ocorre quando a pressão intravesical excede a pressão máxima de fechamento uretral, através de algum esforço, na ausência de atividade de detrusor).
O que é a bexiga e qual sua função?
É um órgão oco, revestido por epitélio de células transicionais em paredes de três camadas de músculo liso denominado detrusor; com a função de armazenar e liberar a urina voluntariamente.
Quais as camadas histológicas da uretra?
De dentro pra fora:
1. Mucosa
2. Plexo venoso
3. M. Lisa
4. M. estriada
Quais as camadas histológicas da uretra?
De dentro pra fora:
1. Mucosa
2. Plexo venoso
3. M. Lisa
4. M. estriada
Qual a fisiologia da micção?
Quando aumenta a pressão intravesical, temos o concomitante aumento da pressão uretral.
Quais os dois principais mecanismos de fisiopatologia da incontinência urinária de esforço?
A) Hipermobilidade do colo vesical (um comprometimento do suporte anatômico, em que há um descenso e uma rotação do colo vesical e da uretra proximal com o aumento da pressão intra-abdominal durante o esforço) - ocorre por existir um defeito no suporte da bexiga e da uretra, que quando ocorre um esforço, há uma mobilização do colo vesical e uma não sustentação da musculatura estriada.
B) Defeito esfincteriano intrínseco (que representa uma incapacidade do complexo esfincteriano em manter a continência, resultando em abertura do colo vesical e de perda urinária com o aumento da pressão intra-abdominal) - em virtude de um defeito da musculatura lisa e do plexo venoso.
Quais os fatores de etiopatogenia da incontinência urinária?
- Parto normal
- Obesidade - aumento da pressão abdominal
- Tabagismo – pigarro, tosse crônica, diminui o estrogênio
- Hipoestrogenismo
- Fator constitucional
- Traumatismos pélvicos
- Cirurgias em torno do colo vesical
- Cirurgias pélvicas radicais
- Constipação
- Doenças sistêmicas
- Doenças neurológicas: o controle da micção tem vários níveis neurológicos,
temos um centro da micção na região do sacro, responsável por receber as fibras dos nervos pélvicos (SNA) e também por levar o impulso da micção até o
córtex.
Quais os aspectos do diagnóstico clínico?
A) Anamnese
B) Um diário miccional: que é uma anotação diária da ingestão hídrica, frequência e volume das micções, necessidade e número de proteções higiênicas, momentos de perda, entre outras. Feito em torno de 3 dias.
C) Exame físico (inspeção estática e dinâmica do períneo):
1. Visão direta da saída de urina pelo meato uretral
2. Presença de distopias
3. Trofismo perineal
4. Avaliação da mobilidade do colo vesical - TESTE DO COTONETE.
Como é feito o testo do cotonete no exame físico ginecológico para a incontinência urinária?
Introdução de um cotonete embebido em anestésico na uretra até a junção uretrovesical e a observação do ângulo que forma com a horizontal, tanto na inspeção
estática (repouso), quanto dinâmica (esforço). Uma variação > que 30 graus entre a inspeção estática e dinâmica (manobra de tosse da paciente ou Valsalva), revela defeito no suporte anatômico – hipermobilidade.
Na prática não faz muita diferença porque pode gerar falso positivo e negativo.
OBS.: A Manobra de Valsava é realizada preferencialmente na posição em pé.
Quais os exames propedêuticos realizados em pacientes com suspeita de incontinência urinária?
- Sedimento urinário e urocultura (afastar infecção urinária, pois pode ser causa dos sintomas da incontinência).
- Teste do absorvente (pad-test) – geralmente quando não consegue observar a perda de urina ao exame físico.
- Ultrassonografia do colo vesical.
- Estudo Urodinâmico (padrão ouro).
Qual o procedimento de Estudo Urodinâmico (que é padrão-ouro) para pacientes em suspeita de incontinência urinária?
A inserção de um cateter bem fino na uretra da paciente e, também no ânus, um outro transdutor para fazer medida da pressão intra-abdominal.
Quais as indicações de Estudo Urodinâmico para pacientes em suspeita de incontinência urinária?
- Antes de qualquer tratamento cirúrgico da IUE
- Insucesso em cirurgia prévia (hoje em dia, antes da cirurgia, é indicado a realização desse estudo) – pacientes com incontinência mista, porque a de urgência não possui tratamento cirúrgico, é farmacológico.
Logo, algumas pacientes podem operar mas mesmo assim continuar incontinentes, devido aos dois mecanismos. - Insucesso no tratamento conservador
- Doença neurológica
- Dúvida diagnóstica
- Segurança médico-legal
Quais são os tópicos do teste urodinâmico existentes para aplicação em pacientes com suspeita de incontinência urinária?
A) CISTOMETRIA- estudo da relação entre volume e pressão vesical no momento do enchimento, é a principal fase do exame. Além de perceber a pressão de perda podemos analisar as contrações involuntárias do detrusor.
É a principal avaliação no exame de incontinência.
B) UROFLUXOMETRIA- avalia a habilidade ao urinar (fase de esvaziamento) ou a função do esvaziamento.
C) ELETROMIOGRAFIA- mostra a integridade da uretra, da musculatura
D) PERFIL PRESSÓRICO - que é a medição da pressão uretral da paciente (entretanto, não é relevante ao diagnóstico).
Qual a interpretação do teste urodinâmico feito em pacientes com suspeita de incontinência urinária?
A) No enchimento - após 200 ml e manobra de valsalva a pressão vesical é aferida na perda.
B) Quando o valor é menor que 60 cmH2O para perda – Defeito esfincteriano intrínseco.
C) Quando o valor é maior que 90cmH2O para perda – Hipermobilidade do colo vesical.
OBS.: Observar perda no enchimento - contrações involuntárias bexiga hiperativa P=V/A.
Qual a classificação da ureovideodinâmica, segundos os critérios clínicos de Blaivas e Olsson?
Tipo 0: Apesar da queixa típica de IUE, não se consegue observar a perda de urina durante o exame físico ou urodinâmico.
Tipo I: O colo vesical permanece fechado e acima da borda inferior da sínfise púbica. Abre-se, aos esforços e sua descida é menor que 2 cm da posição no repouso e há perda sincrônica de urina.
Tipo II: semelhante ao tipo I, mas durante o esforço, o colo vesical desce mais que 2 cm, abaixo da sínfise púbica.
Tipo III: O colo vesical e uretra proximal estão permanentemente abertos mesmo no repouso, sugerindo haver lesão esfincteriana.
OBS.: DEI – defeito esfincteriano intrínseco.
Quais os aspectos do tratamento clínico da incontinência urinária feminina?
- Orientação sobre hábito urinário e ingesta hídrica (ingesta adequada de água).
- Exercícios perineais (Kegel) – contrair a musculatura vaginal.
- Eletroestimulação.
- Cones vaginais - objeto introduzido na vagina com pesos variáveis e a paciente tem que manter dentro da vagina, serve de exercício na fisioterapia.
- Medicamentos- anti-colinérgicos (uma vez que o parassimpático leva contração do detrusor com consequente eliminação da urina, porém os fármacos inibidores colinérgicos não são seletivos - tendo efeitos colaterais como xerostomia e constipação intestinal. OBS.: Contraindicados em paciente que tem glaucoma e algumas doenças cardíacas), ADT, inibidores da MAO. Todos para incontinência urinária de urgência.
- Dispositivos de oclusão uretral- pouco utilizado, pois aumenta risco de ITU.
- Melhora do trofismo vaginal – prescrição de estrogênio. Adjuvante a fisioterapia pélvica.
O que é feito no tratamento clínico para melhora do trofismo vaginal?
A prescrição de estrogênio, que é adjuvante a fisioterapia pélvica.
Qual a principal terapêutica da incontinência urinária de esforço?
O tratamento cirúrgico.
O tratamento cirúrgico é a principal terapêutica de qual tipo de incontinência urinária?
De esforço.
Quais as limitações do tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço?
Pacientes obesas, idosas, contraindicações anestésicas e clínicas e recidivas.
Quais os principais métodos cirúrgicos para tratamento da incontinência urinária de esforço?
- Cirurgia de Burch - colpofixação retropúbica.
- Técnica de Sling.
- Tension-free vaginal tape.
- Safyre.
Qual a técnica cirúrgica para tratamento da incontinência urinária de esforço mais indicada em pacientes obesas?
Tension-free vaginal tape.
Como é feita a abordagem da cirurgia de Burch (Colpofixação retropúbica) no tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço?
Por via abdominal, dos fundos de saco vaginais laterais através do espaço retropúbico, seguida de fixação ao ligamento íleopectíneo ou ligamento de Cooper.
Quais os fatores de prevenção da incontinência uriária?
- Programas de educação e promoção da continência urinária.
- Controle de peso.
- Melhoria do trofismo vaginal
- Partos transvaginais assistidos.
- Controle dos fatores de aumento da pressão intra-abdominal (a exemplo de peso, DPOC, tumores abdominais e constipação crônica).
Quando se utiliza a Técnica de Sling no tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço?
Na presença ou associação do defeito esfincteriano.
Como é feita a Técnica de Sling no tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço?
Com um suporte de faixa posicionada inferiormente a uretra e fixada, superiormente na parede abdominal.
OBS.: É uma técnica com e sem tensão (passamos a fita por baixo da uretra, há fibrose e esta, futuramente, vai ser responsável por sustentar e ocluir a uretra).