Gastro: Pancreatite Crônica Flashcards

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1
Q

Qual o conceito de pancreatite crônica?

A

substituição do parênquima pancreático normal por áreas fibróticas e por alterações anatômicas nos ductos pancreáticos, caracterizadas por irregularidades e estenoses, secundária ao processo inflamatório crônico.
Essas alterações anatômicas ocasionam progressiva perda da função pancreática (tanto endócrina quanto exócrina)

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2
Q

Qual a região do Brasil com maior prevalência de pancreatite crônica?

A

Sudeste - consumo excessivo de álcool

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3
Q

Qual o principal fator de risco para pancreatite crônica?

A

Álcool - 70 a 80% dos casos

No entanto, 3-7% dos etilistas vão desenvolver

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4
Q

Como o tabagismo age na pancreatite crônica?

A

Sinérgico ao álcool

Quanto maior o número de maços por dia, maior a chance de que ocorra progressão para pancreatite crônica

Interrupção do tabagismo reduz a progressão

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5
Q

Qual a relação da hipertrigliceridemia com pancreatite crônica?

A

Pacientes com aumento de triglicérides superiores a 1000 mg/dL têm maior chance de evoluir para pancreatite aguda.

Esses episódios podem ser recorrentes, o que promove um dano pancreático progressivo, com evolução para pancreatite crônica.

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6
Q

Quais as mutações genéticas na pancreatite crônica?

A

Pancreatite hereditária associada a mutações no gene PRSS1 (gene da protease de serina 1), mutação no gene CFTR e mutação no gene N34S SPINK1.

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7
Q

Como se dá a pancreatite autoimune?

A

Distúrbio inflamatório pancreático crônico associado à fibrose do pâncreas.

Esse tipo de pancreatite admite dois subtipos: a pancreatite esclerosante linfoplasmocitária (tipo I) e a pancreatite ducto-central idiopática ou pancreatite com lesão granulocítica (tipo II). Ambas apresentam boa resposta ao tratamento com corticosteroides.

A pancreatite autoimune tipo I compreende a manifestação pancreática de doença sistêmica IgG4 associada. Nessa entidade, os níveis séricos de IgG4 costumam estar elevados.

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8
Q

Quais são as causas obstrutivas de pancreatite crônica?

A

Tumores pancreáticos, cálculos ductais, retrações fibróticas e cistos da parede duodenal.

O pâncreas divisum é causa questionável de pancreatite crônica em adultos. Acredita-se que os casos a ele atribuídos também estejam associados a alterações genéticas.

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9
Q

Quanto corresponde a pancreatite crônica idiopática?

A

10%-20% dos casos

pancreatite tropical, de etiologia desconhecida, sendo causa de pancreatite crônica de início na infância nas regiões tropicais, é considerada um tipo de pancreatite aguda idiopática.

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10
Q

Quantos % evoluirá com pancreatite crônica após um episódio de pancreatite aguda?

A

10%

Recidiva/recorrência de pancreatite aguda é uma das principais causas de pancreatite crônica.

O risco também é maior nas pancreatites agudas mais graves, como as necrosantes.

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11
Q

Qual o mnemônico para causas/fatores de risco para pancreatite crônica?

A

TIGRAO

T
Tóxico-metabólicas:
Alcoolismo | Tabagismo | Hipertrigliceridemia | Medicamentos | Hipercalcemia

I
Idiopática:
Pancreatite tropical

G
Genética:
Mutação PRSS1, CFTR, SPINK1, CTRC, CASR

R
Recidivas/Recorrência:
Pancreatite aguda que recidiva várias vezes

A
Autoimune:
Pancreatite autoimune tipo I e II

O
Obstrução:
Tumores | Cistos | Fibroses

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12
Q

Qual o paciente típico da pancreatite crônica?

A
  • Fator de risco: alcoolismo, tabagismo, múltiplos episódios de pancreatite aguda prévios, fibrose cística etc.;
  • Dor abdominal epigástrica de intensidade variável (geralmente intensa);
  • Perda de peso;
  • Esteatorreia;
  • Diabetes mellitus.
  • Hipovitaminose A, D, E e/ou K podem estar presentes nos casos graves

Obs.: Lembre-se de que, nos estágios iniciais da doença, o paciente pode ser assintomático ou oligossintomático.

Icterícia e colangite - 5-10% (fibrose da parte distal do colédoco)

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13
Q

Qual a complicação mais frequente da pancreatite crônica?

A

Pseudocisto pancreático (10 a 40% dos casos)

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14
Q

Quais são as complicações da pancreatite crônica?

A

Pseudocisto pancreático
Obstrução do ducto biliar
Obstrução duodenal
Pseudoaneurisma
DM
Ascite pancreática
Derrame pleural
Trombose da veia esplênica
CA de pâncreas

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15
Q

Como é a clínica na obstrução duodenal?

A

Dor abdominal pós-prandial
Saciedade precoce

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16
Q

Como é a clínica na obstrução do ducto biliar?

A

Dor abdominal
Icterícia
Colestase
Mais avançado: cirrose biliar

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17
Q

Como é a clínica na obstrução do ducto biliar?

A

Dor abdominal
Icterícia
Colestase
Mais avançado: cirrose biliar

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18
Q

Como se dá a formação do pseudoaneurisma na PC?

A

Ação de enzimas digestivas (elastase) na parede vascular (a. Esplênica em 40% e a. Gastroduodenal em 30%)

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19
Q

Qual a artéria mais afetada no pseudoaneurisma na PC?

A

A. Esplênica

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20
Q

Qual a clínica do pseudoaneurisma na PC?

A

Dor
Distensão abdominal
Melena
Sangramento leve -> hemorragia expressiva com repercussão hemodinâmica

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21
Q

Como se dá a trombose da veia esplênica na PC?

A

Trombose —> hipertensão no sistema porta —> varizes gástricas

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22
Q

Qual a clínica de trombose de veia esplênica na PC?

A

Assintomático ou sangramento gastrointestinal por sangramento das varizes gástricas

Ascite e esplenomegalia podem ocorrer

23
Q

Como se dá a insuficiência pancreática endócrina na PC?

A

Após anos de PC, 30 a 50% vão desenvolver.

Manifestação mais comum: DM de difícil controle, grande flutuação dos níveis de glicose

24
Q

Como se dá a insuficiência pancreática endócrina na PC?

A

Após anos de PC, 30 a 50% vão desenvolver.

Manifestação mais comum: DM de difícil controle, grande flutuação dos níveis de glicose

25
Q

Como se dá o câncer de pâncreas na PC?

A

Paciente com pancreatite crônica apresenta risco aumentado de evolução para câncer de pâncreas devido à inflamação crônica desse órgão. Tal risco depende do tempo de duração da doença e da etiologia da pancreatite crônica.

26
Q

Qual a clínica do Ca de pâncreas?

A

Assemelha-se e confunde-se com os próprios sintomas da pancreatite crônica, como dor abdominal, anorexia, perda de peso, icterícia e diabe

27
Q

Como é feito o diagnóstico de PC?

A

Imagem + testes funcionais (se insuficiência pancreática exócrina)

28
Q

Qual é o exame mais disponível para diagnóstico de PC?

A

TC de abdome contrastada - diagnóstico inicial e de complicações

*****Na pancreatite crônica de início precoce, a TC de abdome pode não mostrar nenhuma alteração conclusiva, apresentando perda de sensibilidade e especificidade.

29
Q

Quais são os achados de PC na TC de abdome?

A

• Atrofia do pâncreas (54% dos portadores);

• Dilatação do ducto pancreático (68% dos portadores);

• Múltiplas calcificações parenquimatosas e intraductais (50% dos portadores).

30
Q

Qual é o melhor exame para visualização do ducto pancreático?

A

RM com colangiopancreatografia (CPRM)

Melhor para estágios iniciais
Muito caro e menos disponível

31
Q

Quais são os achados da pancreatite crônica na RM?

A

Ducto pancreático principal normal (casos iniciais);

Irregularidades leves do ducto pancreático principal e de seus ramos;

Ducto pancreático principal com áreas focais de estreitamento e dilatação + ectasia dos seus ramos laterais;

Atrofia glandular

32
Q

Qual é o melhor exame para diagnosticar pancreatite crônica inicial?

A

Ultrassom endoscópico (USE)

33
Q

Como diagnosticar insuficiência pancreática exócrina por PC?

A

Testes funcionais

34
Q

Como quantificar elastase fecal?

A

Elastase fecal 100 – 200 mcg/g de fezes → Insuficiência pancreática leve

Elastase fecal < 100 mcg/g de fezes → Insuficiência pancreática grave

35
Q

Qual o nível de excreção fecal de gordura para definir esteatorreia?

A

Excreção fecal de gordura > 7 g/dia

36
Q

Qual a função da secretina?

A

Estimula a secreção dúctil de fluidos ricos em bicarbonato

37
Q

Como é classificado o teste da secretina?

A

Pâncreas exócrino normal → bicarbonato ≥ 80 – 90 mEq/L

Insuficiência exócrina leve → 75% do valor normal

Insuficiência exócrina moderada → 30% – 75% do valor normal

Insuficiência exócrina grave → ≤ 30% do valor normal

38
Q

Quais são os parâmetros no teste da colecistocinina?

A

Tripsina < 50 mcg/kg/hora → sugere insuficiência pancreática exócrina

39
Q

Quais são os parâmetros no teste da bentiromida?

A

Excreção PABA e metabólicos ≥ 70% → Normal

Excreção PABA e metabólicos < 50% → Diminuída (observado na insuficiência exócrina pancreática)

40
Q

Como são os parâmetros para dosagem do tripsinogênio sérico?

A

Níveis séricos inferiores a 20 ng/mL sugerem o diagnóstico de insuficiência pancreática exócrina

41
Q

Como são os parâmetros no teste respiratório com triglicérides marcados com 13C?

A

13CO2/12CO2 reduzida

42
Q

O que é a D-xilose?

A

Carboidrato monossacarídeo absorvid pelo intestino por transporte ativo e difusão simples. Ou seja, não depende de processos digestivos para ser absorvido e si da integridade da mucosa intestinal

43
Q

Como é a interpretação da D-Xilose?

A

Excreção D-xilose < 6,0 ± 1,5 g ou concentração sérica < 20 mg/dL → Má absorção por problemas na mucosa intestinal

Valores normais → Observados na má absorção por problemas na digestão (exemplo: pancreatite crônica)

44
Q

Qual o tratamento na PC?

A

Cessação do alcoolismo/tabagismo

Dieta pobre em gorduras (hipertrigliceridemia)

Analgesia escalonada

Dor neuropática = antidepressivos + gapabentina (anticonvulsivante) + Pregabalina (ansiolítico)

Suplementação de enzima pancreática (se dist. digestivo)

Tto cirúrgico (casos restritos)

45
Q

Quais são as principais indicações para tratamento cirúrgico na pancreatite crônica?

A

dor refratária**

obstrução biliar ou pancreática

obstrução duodenal

pseudocisto pancreático

pseudoaneurisma

possibilidade de neoplasia pancreática.

46
Q

Quais são os objetivos da cirurgia na PC?

A

• Aliviar a dor de maneira eficaz e duradoura;

• Minimizar a morbidade a curto e a longo prazo;

• Preservar o parênquima pancreático e, portanto, a função pancreática a longo prazo.

47
Q

Que tipo de procedimento é feito em pacientes com ducto pancreático dilatado > 7mm?

A

DESCOMPRESSÃO

48
Q

Que tipo de procedimento é feito em pacientes com ducto pancreático não dilatado < 7mm?

A

RESSECÇÃO

49
Q

Qual procedimento será feito em um pcte com ducto pancreático dilatado (>7mm) devido à pancreatite crônica com fibrose, drenagem ruim junto à cabeça do pâncreas?

A

Pancreaticojejunostomia lateral com ressecção pancreática localizada (Frey)

50
Q

Qual procedimento será feito em um pcte com ducto pancreático dilatado (>7mm) devido à pancreatite crônica SEM fibrose, drenagem ruim junto à cabeça do pâncreas?

A

Pancreaticojejunostomia lateral (Puestow)

51
Q

Qual procedimento será feito em um pcte com ducto pancreático não dilatado (<7mm) com doença pp. em cabeça do pâncreas?

A

Duodenopancreatectomia clássica (Whipple)

ou

Duodenopancreatectomia
com preservação pilatórica (Transverso-Longmire)

ou

Ressecção cabeça pancreática com preservação duodenal (Beger)

52
Q

Qual procedimento será feito em um pcte com ducto pancreático não dilatado (<7mm) com doença pp. em cauda do pâncreas?

A

Pancreatectomia total

53
Q

Qual procedimento será feito em um pcte com ducto pancreático não dilatado (<7mm) com doença difusa?

A

Pancreatectomia total com autotransplante de
ilhotas pancreáticas