Esófago e estômago Flashcards

1
Q

Completa a frase:

O carcinoma do esófago é a __ neoplasia mais frequente em todo o mundo.

A

9ª.

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2
Q

Quais são as áreas endémicas do carcinoma do esófago?

A

China, África do Sul, Irão e Rússia.

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3
Q

Quais são os tipos histológicos mais comuns na neoplasia do esófago?

A

Quase todas as neoplasias deste órgão são carcinomas pavimento-celulares ou adenocarcinomas.

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4
Q

Qual é o tipo histológico de neoplasia do esófago mais frequente?

A

Em todo o mundo, o tipo histológico mais frequente é o pavimento-celular, porém, nos países desenvolvidos, o tipo histológico mais frequente é o adenocarcinoma.

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5
Q

Onde são as localizações mais comuns do carcinoma pavimento celular do esófago?

A

Porções cervical e torácica do esófago.

  • 1/3 proximal → 20%;
  • 1/3 médio → 50%;
  • 1/3 distal → 30%.
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6
Q

Quais são os fatores de risco para CPC do esófago?

A

Principais:
- Consumo abusivo de álcool;
- Tabagismo.
De ressalvar que o consumo síncrono de álcool e tabaco tem uma ação sinérgica.
Outros:
- Infeção HPV (ainda incerto);
- Outros carcinogénios ingeridos: nitratos (que sofrem conversão em nitritos); opioides fumados; toxinas fúngicas nos vegetais de conserva (Aflatoxina);
- Bifosfonatos;
- Neoplasia do trato aerodigestivo superior (por fatores de risco partilhados);
- Lesões mucosas por agentes físicos: bebidas quentes; ingestão de soda cáustica; estenoses induzidas por radiação; acalasia crónica;
- Gastrite atrófica: associada a um risco 2x superior de carcinoma pavimento-celular (mas não adenocarcinoma);
- Suscetibilidade do hospedeiro;
- Membrana esofágica com glossite e deficiência de ferro (Síndrome de Paterson-Kelly ou de Plummer-Vinson);
- Hiperqueratose congénita e liquenificação das palmas e das plantas (tiloses palmar e plantar);
- Deficiências nutricionais múltiplas (?): vitamina A; vitamina C; proteínas.

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7
Q

Quais são os fatores protetores para CPC do esófago?

A

A dieta mediterrânica, os legumes frescos, os AINEs (pela inibição das COX e alteração da secreção gástrica) e as fibras dos cereais (pela neutralização da conversão de nitritos em nitrosaminas) funcionam como fatores de proteção.

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8
Q

Quais são os fatores de risco para ADC do esófago?

A
  • Doença do Refluxo Gastroesofágico (GERD);
  • Fármacos que diminuem o tónus do EEI (Benzodiazepinas, anticolinérgicos, agonistas β-adrenérgicos);
  • Nitratos;
  • Obesidade;
  • Esófago de Barrett;
  • Aumento da exposição ao ácido: síndrome de Zollinger-Ellison; miotomia cirúrgica; dilatação por balão do EEI (esfíncter esofágico inferior); esclerodermia;
  • Colecistectomia (risco aumentado pelo efeito tóxico que o refluxo do suco duodenal com conteúdo bilioso possa ter na mucosa esofágica);
  • Sexo masculino;
  • Tabagismo.
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9
Q

Em que etnia é mais comum o CPC do esófago?

A

Negra.

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10
Q

Em que etnia é mais comum o ADC do esófago?

A

Caucasianos.

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11
Q

Onde são as localizações mais comuns do ADC do esófago?

A

90% distal.

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12
Q

O que é o Esófago de Barrett?

A

O Esófago de Barrett é definido como a metaplasia do epitélio estratificado pavimentoso normal do esófago em epitélio colunar de forma a torná-lo mais resistente a uma agressão – o refluxo gastroesofágico.

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13
Q

Como é que é um doente típico de Esófago de Barett?

A
  • Leucodérmico;
  • Sexo masculino (2x mais prevalente);
  • Idade >50 anos (atinge mais os adultos entre os 55 e 65 anos).
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14
Q

Quais são os fatores de risco para Esófago de Barrett?

A
  • Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): fator de risco principal; aumento do risco em 6 a 8x;
  • Obesidade;
  • Tabaco;
  • Motilidade esofágica alterada;
  • Hérnia hiatal.
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15
Q

Quais são os fatores protetores para Esófago de Barrett?

A
  • Helicobacter pylori: causa uma gastrite crónica que interfere com a produção de ácido. As estripes que expressam CagA parecem ser as que mais protegem o esófago.
  • Inibidor da Bomba de Protões (IBPs): aumentam a diferenciação das células epiteliais; diminuem a proliferação celular; ao bloquear a secreção de ácido gástrico, torna menos frequente a ocorrência de esofagites e estenoses pépticas.
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16
Q

Quais são os sintomas de Esófago de Barrett?

A

A maioria dos doentes com Esófago de Barrett é assintomática.

  • Pirose;
  • Regurgitação;
  • Dor torácica;
  • Disfagia;
  • Halitose;
  • Cáries dentárias.
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17
Q

Como se realiza o diagnóstico de Esófago de Barret?

A

EDA + estudo anatomopatológico da biópsia.

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18
Q

O que é a Classificação de Praga?

A

A Classificação de Praga serve para medir o comprimento do Esófago de Barrett, incluindo para tal a avaliação dos seguintes itens:

  • Extensão máxima da metaplasia = M (desde do cárdia até ao limite superior da língula da metaplasia);
  • Extensão circunferencial da metaplasia = C;
  • Verdadeira posição da junção gastroesofágica.
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19
Q

Como é o tratamento do Esófago de Barrett?

A

É idêntico àquele que é preconizado para o GERD:

  • Mudanças de estilo de vida e diatéticas;
  • Inibidores da Bomba de Protões (ou antagonistas H2 e procinéticos);
  • Cirurgia: Fundolpicatura de Nissen.
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20
Q

Como realizar a vigilância do Esófago de Barrett após diagnóstico?

A
  • Sem displasia: Repetir EDA 6 a 12 meses depois (com biópsia) → Repetir a cada 3-5 anos;
  • Indefinido: repetir EDA em 2-6 meses;
  • Com displasia de baixo grau: repetir EDA em 6 meses, se persistir: ablação endocópica, se não: alargar vigilância para 1 ano;
  • Displasia de alto grau - repetir EDA, se displasia: ablação endoscópica, se não: repetir em 3 meses;
  • Adenocarcinoma - referenciar para onco.
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21
Q

Como se realiza o rastreio do Esófago de Barrett?

A
O rastreio é bastante controverso.
A AGA (American Gastroenterological Association) recomenda o rastreio a todos os doentes com mais de 50 anos que se apresentem com sintomas de RGE ou necessidade de medicação antissecretória há mais de 5 anos.
Na maioria das vezes, o rastreio é feito por via endoscópica.
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22
Q

Sinais e sintomas de neoplasia esofágica?

A
  • Disfagia progressiva (inicialmente para sólidos) - 80/90%;
  • Perda ponderal recente - 70%;
  • Dor epigástrica/retroesternal - 50%;
  • Anemia;
  • Odinofagia;
  • Hematemeses e melenas;
  • Regurgitação e vómitos;
  • Pneumonia de aspiração.
    Nos casos localmente avançados (T4):
  • Disfonia (atingimento do nervo recorrente);
  • Síndrome de Horner.
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23
Q

Como se realiza o diagnóstico de neoplasia do esófago?

A

O método diagnóstico preferencial nos doentes com suspeita de neoplasia esofágica é a endoscopia digestiva alta com biópsia.

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24
Q

Como se classificam os adenocarcinomas da Junção Gastroesofágica de acordo com a localização do centro do tumor?

A
  • Tipo I → 1 a 5 cm acima do cárdia;
  • Tipo II → 1 cm acima e 2 cm abaixo do cárdia;
  • Tipo III → 2 a 5 cm abaixo do cárdia.
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25
Como se realiza o estadiamento dos tumores do esófago?
``` Componente T e N: - EDA + biópsia (só T); - TC toraco-abdominal; - Ecoendoscopia (avalia a extensão da lesão extra esófago). Componente M: - PET. ```
26
Qual é a importância da avaliação do Status Fisiológico?
Dada a elevada morbilidade que a cirurgia oncológica do esófago acarreta, a avaliação do status fisiológico é fulcral.
27
Como se realiza a avaliação do Status Fisiológico?
- Avaliação das comorbilidades; - Avaliação cardiológica: ECG e Ecocardiograma; - Avaliação pneumológica: Provas de Função Respiratória (PFR) e Broncofibroscopia (BFO); - Avaliação ORL: Laringoscopia, de modo a avaliar paresia das cordas vocais por invasão do nervo laríngeo recorrente; - Avaliação das funções renal e hepática; - Avaliação do estado nutricional.
28
Qual é a cirurgia realizada no carcinoma do esófago?
Esofagectomia (total, subtotal ou esofagogastrectomia), com ou sem linfadenactomia associada (de acordo com o estadiamento TNM, podendo ser torácica e/ou abdominal).
29
Quais são as vias para a recessão esofágica?
A resseção pode ser feita por via trans-hiatais ou trans-torácica (toracatomia lateral), sendo que anastomose pode ser cervical ou intratorácica.
30
Como se realiza a recessão esofágica por via Trans-hiatal? Quais são as vantagens e desvantagens?
- laparotomia, disseção do esófago através do mediastino. - Vantagem: não se realiza toracotomia. - Desvantagem: Disseção "cega", com maior probabilidade de deiscência anastomótica.
31
Como se realiza a recessão esofágica por via Trans-torácica? Quais são as vantagens e desvantagens?
Procedimento de Ivor-Lewis - tempo abdominal: preparação de enxerto para reconstrução; - tempo torácico: isolamento do esófago e estruturas do mediastino + linfadenectomia mediastínica. Anastomose do esófago a nível torácico. - Desvantagem: maior morbilidade associada, por interferir com a mecânica ventilatória e por ocorrerem 2 incisões (abdominal e torácica). - Vantagem: permite uma linfadenectomia mais completa.
32
Em que tumores do esófago não é possível a cirurgia?
Cervicais.
33
Como se realiza a reconstrução pós-esofagectomia?
→Tubolização do estômago: - Libertar o estômago da sua inserção a nível abdominal, permitindo o seu alcance até à região cervical para realização da anastomose. - A necrose do enxerto é uma possível complicação, pois os vasos dos doentes neoplásicos já são muito débeis. →Coloplastia: - reconstrução usando uma porção de cólon.
34
Qual é a via de reconstrução preferida na excisão primária dos carcinomas do esófago?
Via mediastino posterior.
35
Como se realiza o tratamento dos tumores do 1/3 superior do esófago?
Radioquimioterapia.
36
Fármacos de quimioterapia utilizados no tumor do esófago?
MAGIC: Epirrubicina 50 mg/m2 (1 dia) + Cisplatina 60 mg/m2 (1 dia) + 5-FU 200 mg/m2 (em perfusão contínua durante 21 dias). FLOT: Docetaxel + Oxaliplatina + 5-FU/ Ácido Folínico.
37
Diferenças entre o esquema FLOT e o MAGIC?
Assim, em termos de efetividade, o esquema usado no ensaio FLOT é melhor do que o usado no ensaio MAGIC. Porém, o protocolo do FLOT produz mais neutropenia (devido ao Docetaxel); o MAGIC gerava mais náuseas e vómitos (devido à Cisplatina).
38
Opções de imunoterapia no carcinoma do esófago?
Nos doentes com sobre-expressão de HER2, a adição do mAb Trastuzumab (Herceptina) parece potenciar a probabilidade de benefícios da terapêutico, principalmente em doentes com lesões gastroesofágicas.
39
Carcinoma Esofágico: Tratamento da doença Limitada (T1-T2, N0, M0)?
Recessão cirúrgica.
40
Carcinoma Esofágico: Tratamento da doença Limitada (Tis, T1a e T1b, N0, M0)?
Em doentes com adenocarcinoma com infiltração submucosa superficial, mas sem critérios de risco acrescido, a resseção endoscópica pode ser uma opção à esofagectomia.
41
Carcinoma Esofágico: Tratamento da doença Limitada (T1-T2, N0, M0) em doentes não candidatos a cirurgia?
QT+RT: - 4 ciclos de Cisplatina + 5-FU + - 50,4 Gy de radiação (dividida em frações de 1,8 Gy). (Em alternativa: - Protocolo FOLFOX: 6 ciclos de Oxaliplatina + 5-FU + Ácido Folínico.)
42
CPC esofágico: Tratamento da doença Localmente Avançada (T3 – T4; N1 – N3; M0)?
QT-RT neoadjuvante + cirurgia (após reestadiamento). | Carboplatina + Paclitaxel (durante 5 semanas) + Radioterapia corrente (41,4 Gy em 23 frações, 5 dias por semana).
43
ADC esofágico: Tratamento da doença Localmente Avançada (T3 – T4; N1 – N3; M0)?
QT-RT neoadjuvante + cirurgia (após reestadiamento). 8 a 9 semanas: Cisplatina + 5-FU (em casos de toxicidade, com melhor perfil podemos ter: Oxaliplatina + 5-FU / Carboplatina + Paclitaxel) + 41,4 – 50,4 Gy em frações de 1,8 a 2 Gy.
44
Tratamento do carcinoma esofágico metastático?
Diferentes opções paliativas: - Uma dose única de braquiterapia pode ser preferível à realização de radioterapia externa, pois providencia um maior tempo sem disfagia; - Colocação de stent, dilatações, gastrostomias/jejunostomias; - QT (em doentes com bom PS); - Adenocarcinomas com sobre-expressão do gene HER2: Transtuzumab juntamente com os restantes regimes.
45
Quando realizar o reestadiamento após QT+RT?
Após o tratamento de um tumor T3 ou N+, dever-se-á proceder a um re-estadiamento com TC + PET 4 a 5 semanas após a quimiorradioterapia.
46
Como se realiza o follow up dos doentes com carcinoma do esófago?
- Tis e T1a: EDA a cada 3 meses no 1º ano, a cada 6 meses no 2º ano e depois anualmente. - T1b: EDA a cada 3 meses nos primeiros 2 anos e depois anualmente. TC anual se N+ (2x/ ano se QT+RT isolada). - Outros estadios: EDA a cada 2 a 6 meses nos primeiros 2 anos e depois 2x por ano. TC 2x/ ano nos primeiros 2 anos.
47
Prognóstico geral dos doentes com CPC do esófago?
Apenas cerca de 10% dos doentes sobrevivem aos 5 anos após o diagnóstico.
48
Prognóstico do carcinoma do esófago após cirurgia?
A resseção cirúrgica do tumor macroscópico (resseção R0/ R1) somente é possível em 45% dos casos, permanecendo, frequentemente, evidência de tumor microscópico nas margens anastomóticas. Cerca de 20% dos doentes que fazem uma ressecção cirúrgica total sobrevivem aos 5 anos. A morbilidade é de 10 a 27%.
49
Prognóstico do ADC do esófago de acordo com o estadio?
``` Sobrevida aos 5 anos: I - 60-90% II - 30-60% III - 5-30% IV - 0-20% ```
50
Completa a frase: | O carcinoma gástrico é a __ neoplasia mais frequente em todo o mundo.
6ª (4ª mais letal).
51
Quais são os países com menor e maior incidência de carcinoma gástrico?
Maior: Japão, China, Chile e Irlanda. | Menor incidência na América do Norte e na Europa Ocidental (exceto Portugal).
52
Como tem evoluído a incidência do carcinoma gástrico?
- Diminuição no geral; - Diminuição da incidência de tumores distais; - Aumento da incidência dos tumores proximais (cárdia e junção gastroesofágica).
53
Quais são os fatores de risco para o carcinoma gástrico?
- Nitratos, presentes em alimentos desidratados, defumados ou salgados (Fontes endógenas que favorecem o crescimento de bactérias conversoras de nitratos no estômago: Redução da acidez gástrica; Cirurgia gástrica prévia (antrectomia); Gastrite atrófica e/ ou anemia perniciosa).; - Infeção por Helicobacter pylori; - Sexo masculino; - Tabaco; - Doença de Menetrier.
54
Quais são os alimentos protetores para o carcinoma gástrico?
- Proteínas; - Gorduras; - Vegetais frescos; - Fibras; - β-carotenos; - Vitaminas A e C.
55
Quais são os tipos histológicos do carcinoma gástrico?
``` 95% são ADC. 5% são: - Linfomas; - Tumores do estroma gastrointestinal (GIST); - Carcinoma pavimento-celular; - Leiomiossarcomas; - Tumores neuroendócrinos. ```
56
Qual é a incidência de cada localização do carcinoma gástrico?
- 35 a 50% no cárdia e fundo; - 15 a 30% no corpo; - 35% no antro.
57
A que se associam os tumores distais e antrais gástricos?
- Infeção por H. pylori, abuso de álcool, dieta rica em sal, comida processada e baixa ingestão de vegetais e fruta. - São o protótipo dos tumores que se evidenciam na população do Este Asiático.
58
A que se associam os tumores proximais gástricos?
Obesidade.
59
A que se associam os tumores da junção GE?
Doença do Refluxo Gastroesofágico (GERD) e Esófago de Barrett.
60
O que é o H. pylori?
A bactéria H. pylori é uma bactéria Gram (-) que coloniza seletivamente o epitélio gástrico.
61
Como se adquire a infeção por H. pylori?
Ingestão de alimentos e água contaminados ou por contacto direto boca-a-boca. É adquirida durante a infância e é mais provável de ocorrer em crianças com más condições de habitação.
62
Características da H. pylori?
- Produção de urease - enzima que hidrolisa a ureia em amónia, uma substância alcalina, e CO2, o que permite modular o pH circulante. - Citotoxina Vacuolizante VacA - leva à disrupção da barreira celular epitelial e supressão da resposta de células T. - Produção de CagA - induz várias vias de sinalização intracelulares, como a cascata MAPK, o que leva a progressão de gastrite para atrofia das células glandulares da mucosa.
63
Como é que o meio gástrico muda com a infeção por H. pylori?
A inflamação persistente do corpo gástrico pela Helicobacter pylori resulta numa gastrite atrófica, a qual leva a um aumento do pH e a hipocloridria/acloridria. Este ambiente alcalino facilitará a colonização e proliferação da bactéria.
64
Para além do ADC gástrico, que outro tumor está associado ao H. pylori?
MALToma (por estimulação linfoide consecutiva).
65
Manifestações clínicas de infeção por H. pylori?
A maioria dos doentes infetados está assintomático. - epigastralgias, - halitose, - náuseas e vómitos, - eructação, - sensação de enfartamento, - pirose. - anorexia.
66
Como se realiza o diagnóstico de H. pylori?
``` Métodos invasivos: - Teste da Urease; - Cultura; - Histologia (utilizando coloração Giemsa). Métodos não-invasivos: - Serologia (ELISA ou Imunoblot); - Teste da ureia expirada; - Teste de identificação do antigénio nas fezes. ```
67
Quais são as diferenças entre os métodos invasivos utilizados para o o diagnóstico de H. pylori?
Teste da Urease: - o mais conveniente. - tem elevada sensibilidade e especificidade. - sensibilidade possa ser limitada no contexto de hemorragia digestiva alta aguda, toma de IBP, antibióticos e bismuto. Cultura: - o mais específico, mas com pouco sensibilidade. - permite realizar TSA. Histologia (utilizando coloração Giemsa): - permite avaliar a presença da bactéria e o tipo de lesões; - fatores como hemorragia digestiva alta, toma de IBP e migração bacteriana do corpo para o antro gástrico pode influenciar a sensibilidade do teste.
68
Quais são as diferenças entre os métodos não invasivos utilizados para o o diagnóstico de H. pylori?
Serologia (ELISA ou Imunoblot): - Apresenta menor sensibilidade e especificidade. - Mantém títulos positivos mesmo depois da erradicação da bactéria. Teste da ureia expirada: - grande acuidade. - Um dos métodos não-invasivos de eleição. Teste de identificação do antigénio nas fezes: - Um dos métodos não-invasivos de eleição.
69
Como é feito o tratamento da infeção por H. pylori?
Terapêutica tripla (10 a 14 dias): IBP (2x/dia) + Claritromicina (500mg, 2x/dia) + Amoxicilina (1g, 2x/dia) / Metronidazol (500mg, 3x/dia), sempre que a taxa de resistência à Claritromicina for inferior a 15-20%. Quando a taxa de resistências locais à Claritromicina é ≥15%: Terapêutica quadrupla: IBP, bismuto, metronidazol e tetraciclina.
70
Quão eficaz é a erradicação inicial do H. pylori?
20% dos doentes falha na tentativa inicial de erradicação.
71
Prognóstico do carcinoma gástrico, de acordo com a biologia molecular?
EBV - melhor prognóstico; MSI - 2º melhor prognóstico, no entanto, responde pior à QT clássica; CIN - 2º pior prognóstico (mais comum); GS - pior prognóstico.
72
Qual é o gene que codifica a HER2?
A HER2 é codificada pelo gene ERBB2 localizado no cromossoma 17q.
73
Como é que se avalia a presença de HER2 no carcinoma gástrico?
``` Imunohistoquímica. Pode ter 3 resultados: +1 - negativo; +2 - equívoco; +3 - positivo. Se o resultado for "+2", deve-se realizar teste confirmatório com FISH. ```
74
Tratamento de adenocarcinoma gástrico com HER2+?
Trastuzumab + quimioterapia (Capecitabina + Cisplatina OU Cisplatina + 5-FU) como opção de 1ª linha. NOTA: muitos médicos utilizam o Trastuzumab como terapêutica de 1ª linha para tumores HER2+ como forma de poupar Cisplatina.
75
Utilidade do Pertuzumab no tratamento do carcinoma gástrico HER2+?
A adição de Pertuzumab não demonstrou benefício, não estando recomendada.
76
Sintomas de carcinoma gástrico?
As neoplasias gástricas superficiais e curáveis cirurgicamente, geralmente, são assintomáticas. À medida que o tumor se estende, os doentes podem apresentar: - Dor epigástrica vaga (alívio com os alimentos); - Dispepsia; - Anorexia; - Náuseas; - Vómitos (especialmente com tumores que acometem o piloro); - Perda de peso; - Disfagia (mais frequente em doentes com doença difusa com origem no cárdia); - Sensação precoce de saciedade (mais frequente em doentes com doença difusa com origem no cárdia).
77
Sinais de carcinoma gástrico?
- Palpação de uma massa abdominal (sugere extensão regional) - < 30% dos casos. - Ascite maligna; - Anemia ferropénica (especialmente em homens); - Sangue oculto nas fezes.
78
Adenopatias mais prevalentes num carcinoma gástrico em estadio IV?
- Gânglios Supraclaviculares (Virchow); - Prateleira de Blumer; - Gânglios peri-umbilicais (Irmã Mary-Joseph).
79
Como se realiza o diagnóstico de carcinoma gástrico?
O exame gold standard para o diagnóstico de neoplasia gástrica é a Esofagogastroduodenoscopia – Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com Biópsia.
80
Como se realiza a avaliação inicial de um doente com | carcinoma gástrico?
- Exame objetivo; - Hemograma completo (para avaliação de anemia ferropénica); - Função renal (para determinar as opções terapêuticas válidas); - Função hepática (para determinar as opções terapêuticas válidas); - Endoscopia + Biópsia (obtenção de amostra para diagnóstico, classificação histológica e avaliação de biomarcadores moleculares).
81
Como se realiza o estadiamento de um doente com | carcinoma gástrico?
- TC com contraste toraco-abdomino-pélvica (deteção de doença metastática ganglionar, à distância); - Radiografia do tórax; - Ecoendoscopia (aumento da acuidade para avaliação do T e do N em tumores potencialmente operáveis; determinar a extensão tumoral proximal e distalmente); - Laparoscopia +/- lavagens peritoneais (excluir doença metastática oculta a envolver o peritoneu/ diafragma, recomendada em estadios IB-III considerados potencialmente ressecáveis); - PET – se disponível (pode aumentar a capacidade de deteção de doença metastática oculta em alguns casos).
82
Classificação histológica do carcinoma gástrico?
- G1: Bem diferenciado; - G2: Moderadamente diferenciado; - G3: Pouco diferenciado; - G4: Indiferenciado.
83
Características de gânglios linfáticos malignos no carcinoma gástrico?
- > 6-8 mm de menor eixo em nodos perigástricos; - Forma redonda; - Necrose central; - Aumento de volume e heterogeneidade
84
Características de tumor gástrico que aumentam a probabilidade de existência de doença metastática?
- Dimensão ≥5 cm; - Profundidade de invasão da parede até às camadas profundas; - Tipo infiltrativo na Classificação de Borrman; - Expressão de Ki-67 >75%; - Expressão de p53 positiva; - Expressão anormal de E-caderina; - Associação de Ki-67 ≥50% + E-Caderina anormal + p53 positivo; - T3/ T4 + p53 positiva ou marcadores tumorais elevados.
85
Características de cada estadio do carcinoma gástrico?
0 - carcinoma in situ; I - tumor que invade a mucosa ou a submucosa, sem nodos linfáticos regionais envolvidos e sem metástases à distância; IIA - tumor que invade a mucosa ou a submucosa, com envolvimento de 1 a 6 nodos linfáticos regionais e sem metástases à distância; IIB - tumor que invade a subserosa ou a serosa, sem nodos linfáticos regionais envolvidos e sem metástases à distância; III - tumor que invade a subserosa ou a serosa, com envolvimento de 1 a 15 nodos linfáticos regionais e sem metástases à distância; IVA - tumor que invade as estruturas adjacentes, com ou sem envolvimento dos nodos linfáticos regionais e sem metástases à distância; IVB - tumor com metástases à distância.
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O carcinoma gástrico pode ser dividido em 2 grandes grupos de acordo com a gravidade, quais?
Early Gastric Cancer: - Tumores que invadem apenas a mucosa ou a submucosa, até 1 cm, bem diferenciados; - Com ou sem metástases ganglionares; - Podem ser tratados, em alguns casos, por resseção endoscópica; - Sobrevivência aos 5 anos >90%. Advanced Gastric Cancer: - Carcinoma que invade para lá da muscularis própria; Sobrevivência aos 5 anos: 30-35%.
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Qual é o tratamento curativo do carcinoma gástrico?
A única estratégia curativa é a resseção tumoral total com linfadanectomia. Porém, sabe-se que menos de 33% dos doentes é operado.
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Quais são os tipos de cirurgias que se podem realizar no carcinoma gástrico?
- Gastrectomia subtotal → Tratamento de escolha para carcinomas distais. OBRIGATÓRIO haver uma margem macroscópica de 5 cm entre o tumor e a junção gastroesofágica. Para os adenocarcinomas difusos, terá de ser de pelo menos 8 cm. É removido 80% do estômago. - Gastrectomia total → Tratamento de escolha para tumores mais proximais. - Resseção endoscópica → é uma opção se o tumor for T1a, bem diferenciado, com ≤2 cm e não-ulcerado.
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Quantos níveis de linfadenectomia existem no tratamento do carcinoma gástrico?
4 (D1, D2, D3, D4).
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Carcinoma gástrico: O que é a linfadenectomia D1?
Resseção de nodos linfáticos perigástricos + resseção de todo o tecido ganglionar até 3 cm do tumor.
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Carcinoma gástrico: O que é a linfadenectomia D2?
Resseção de nodos linfáticos perigástricos (até 3 cm do tumor) + gástricos esquerdos + gástricos comuns + esplénicos + do eixo celíaco.
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Carcinoma gástrico: O que é a linfadenectomia D3?
Resseção D2 + omentectomia + esplenectomia + pancreatectomia caudal + gânglios da porta hepática.
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Carcinoma gástrico: Qual é o nível de linfadenectomia preferível?
D2: Resseção de nodos linfáticos perigástricos (até 3 cm do tumor) + gástricos esquerdos + gástricos comuns + esplénicos + do eixo celíaco.
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Carcinoma gástrico: Quantos gânglios linfáticos devem ser ressecados para um estadiamento aceitável?
Pelo menos 15.
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Quais são as técnicas utilizadas na reconstrução pós cirúrgica do carcinoma gástrico?
- Reconstrução de Bilroth II; | - Reconstrução em Y en Roux.
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Como se realiza a Reconstrução de Bilroth II?
- Anastomose única gastrojejunal término-lateral (terminal no estômago, lateral no jejuno); - Anastomose com menos risco de complicações; - Condiciona mais episódios de refluxo biliar, dado que os sucos pancreático e biliar chegam ao ângulo de Treitz e podem retornar ao coto gástrico. - Normalmente usada para as gastrectomias subtotais.
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Como se realiza a Reconstrução em Y en Roux?
- Técnica usada para gastrectomias subtotais ou totais. - Ansa do jejuno é seccionada de modo a fazer anastomose com o coto gástrico – 1ª anastomose término-lateral. - Posteriormente, estabelece-se uma anastomose entre o jejuno e a ansa que vem do duodeno para drenagem dos sucos biliares e pancreáticos – 2ª anastomose jejunojenunal.
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Tratamento do carcinoma gástrico irresecável, mas com doença limitada ao epigastro?
QT+RT: 3500 a 4000 Gy de radioterapia + 5-FU + Leucovorina.
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Combinações de QT disponíveis no carcinoma gástrico?
→ Cisplatina + Epirrubicina + 5-FU (infusão) +/- Irinotecano; → Cisplatina + Docetaxel + 5-FU (infusão) +/- Irinotecano; → Cisplatina + Epirrubicina + Capecitabina +/- Irinotecano; → Cisplatina + Docetaxel + Capecitabina +/- Irinotecano.
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Indicação para QT neoadjuvante no carcinoma gástrico?
A realização de quimioterapia peri-operatória está indicada em todos os tumores com estadios a partir de IB.
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Fármacos utilizados na QT neoadjuvante no carcinoma gástrico?
6 ciclos de: Epirrubicina + Cisplatina + 5-FU com cirurgia. Outras opções: - Capecitabina em substituição ao 5-FU tem sido considerada como hipótese viável, pois não é inferior ao 5-FU e não requer administração por Cateter Venoso Central (CVC). - Oxalipatina a substituir a Cisplatina (Oxalipatina + Epirrubicina + Capecitabina).
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Carcinoma gástrico: Quando é que a QT adjuvante está recomendada?
Para doentes com tumores em estadio ≥IB que tenham feito cirurgia de resseção sem quimioterapia neoadjuvante, a quimioterapia adjuvante está recomendada. Pode-se também realizar quimioterapia adjuvante (5-FU/ Leucovorina) + radioterapia adjuvante (45 Gy em 25 frações).
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Carcinoma gástrico: Quais são os esquemas de QT adjuvante?
- Esquemas triplos com Taxanos são de 1ª linha (Docetaxel + 5-FU + Cisplatina), embora se verifique um aumento do número de efeitos tóxicos (e.g.: neutropenia febril). - Em alternativa, poder-se-á preconizar terapêutica com Irinotecano + Leucovorina + 5-FU em infusão (FOLFORI).
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O Bevacizumab tem utilidade nestes tumores?
À semelhança do que se verifica nas neoplasias esofágicas, a adição de Bevacizumab não traz grandes benefícios na sobrevida dos doentes com cancro gástrico.
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Fármacos de imunoterapia com utilidade no carinoma gástrico?
- Trastuzumab + Capecitabina/ 5-FU + Cisplatina é o regime de eleição para doentes HER2+. - Pembrolizumab (anti-PD1) pode oferecer remissões com maior duração em doentes com cancro gástrico avançado. - Ramucirumab - existem resultados promissores que têm sido postulados por alguns ensaios.
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Tratamento paliativo do carcinoma gástrico?
- Laser; - Stents; - Dilatações; - Quimioterapia +/- Imunoterapia.
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Fármacos de QT paliativa no carcinoma gástrico?
1ª Linha: - Epirrubicina + Cisplatina + 5-FU; - Docetaxel + Cisplatina + 5-FU. - Quando HER2+: Cisplatina + 5-FU + Trastuzumab. 2ª Linha: - >6 meses de sobrevida: 5-FU + Oxaliplatina; - <6 meses de sobrevida: Docetaxel (+/- Capecitabina) + Irinotecano; - Poderá ser também usado o esquema: Paclitaxel + Ramucirumab.
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Como se realiza a avaliação da Resposta Terapêutica no carcinoma gástrico?
- Medição do valor dos marcadores tumorais séricos convencionais – CEA, CA19.9 e CA72.4. O marcador mais usado na prática clínica é o CEA. - TC ou à PET.
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Como é realizado o follow up no carcinoma gástrico?
Não existe evidência de que um seguimento intensivo aumento a sobrevivência global. A periocidade desse seguimento deve ser adaptada ao doente e ao estadio da doença.
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Prognóstico do carcinoma gástrico tendo em conta a localização?
Sobrevivência aos 5 anos é de: - 25 a 30% para os doentes candidatos a cirurgia de resseção completa; - 20% para os doentes com tumores distais; - <10% para os doentes com tumores proximais.
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Prognóstico do carcinoma gástrico tendo em conta o estadiamento?
``` Sobrevida aos 5 anos: 0 → 80%; IA → 70%; IIA → 50%. III → 18%. IV → 5%. ```
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Resumo do algoritmo do tratamento do carcinoma gástrico?
T1N0 - considerar recessão endoscópica; Candidato a cirurgia e > T1N0: - Preferível: Cirurgia + QT perioperatória; - Outro: Cirurgia + QT adjuvante ou QT+RT adjuvante. Não candidato a cirurgia ou metastático: - QT paliativa +/- Transtuzumab (com posterior reavaliação para possível cirurgia). - Best suportive care - se doente muito debilitado.