Emergências Oncológicas, Cuidados Paliativos e Dor Flashcards
Quais são os vários tipos de emergências/urgências a considerar em Oncologia?
→ Emergências metabólicas; → Emergências Neurológicas; → Emergências Hematológicas; → Emergências Cardiovasculares; → Complicações da Quimioterapia; → Emergências Urológicas.
Quais são os vários tipos de emergências/urgências metabólicas a considerar em Oncologia?
- Hipercalcemia;
- Síndrome de Lise Tumoral;
- SIADH (Síndrome de secreção insuficiente de hormona antidiurética).
Quais são os vários tipos de emergências/urgências neurológicas a considerar em Oncologia?
- Síndrome de compressão medular;
- Metástases cerebrais;
- Hipertensão intracraniana.
Quais são os vários tipos de emergências/urgências hematológicas a considerar em Oncologia?
- Síndrome de Hiperviscosidade;
- Hiperleucocitose e leucoestase.
Quais são os vários tipos de emergências/urgências cardiovasculares a considerar em Oncologia?
- Tamponamento cardíaco;
- Síndrome da Veia Cava Superior (SCVS).
Quais são os vários tipos de emergências/urgências decorrentes de complicações da QT?
- Neutropenia febril;
- Extravasão.
Quais são os vários tipos de emergências/urgências urológicas a considerar em Oncologia?
- Cistite hemorrágica;
- Cistite rádica.
Qual é a síndrome paraneoplásica mais frequente?
A hipercalcémia é a síndrome paraneoplásica mais frequente, atingindo 10-30% dos doentes.
Quando surge, é fator de mau prognóstico.
Quais são as neoplasias que mais frequentemente cursam com hipercalcemia?
Carcinoma da mama, carcinoma do pulmão (sobretudo o de pequenas células) e Mieloma Múltiplo.
Quais são os mecanismos de hipercalcemia (em oncologia)?
→ Metástases osteolíticas;
→Sobreprodução tumoral de calcitriol (Linfomas Hodgkin e Não Hodgkin);
→ Hipercalcemia tumoral (Tumores sólidos (88%) e hematológicos (33%)): Mecanismo mais comum (80%); PTHrP → aumento da reabsorção óssea e reabsorção renal de cálcio e inibição do transporte renal de fósforo.
Apresentação clínica dos doentes com hipercalcemia ligeira?
< 12mg/dl:
Geralmente assintomática ou com sintomas inespecíficos (fadiga, obstipação, depressão).
Apresentação clínica dos doentes com hipercalcemia moderada?
12-14 mg/dl:
- Se crónica, geralmente é bem tolerada;
- Se aguda, normalmente associada a poliúria, polidipsia, desidratação, anorexia, náuseas, vómitos.
Apresentação clínica dos doentes com hipercalcemia grave?
> 14 mg/dl):
Confusão, letargia, coma.
Como se realiza o diagnóstico de hipercalcémia?
O diagnóstico de hipercalcemia faz-se por doseamento do cálcio sérico ionizado (ou corrigido para a albumina).
Análises que se devem realizar na suspeita de hipercalcémia (excluindo o estudo do cálcio)?
- Creatinina, ureia e eletrólitos (função renal);
- Fosfatase alcalina (FA);
- PTH (para exclusão de hiperparatiroidismo primário, que também constitui uma síndrome paraneoplásica frequente);
- PTHrP útil como indicador de prognóstico. Um PTHrP >12 pmol/L indica menor resposta à terapêutica e maior risco de recidiva.
Opções de tratamento da hipercalcémia?
- Hidratação endovenosa (EV - 1º passo);
- Diuréticos de ansa (Furosemida - calciúrico);
- Ácido Zoledrónico ou Zoledronato (Bifosfonado);
- Calcitonina;
- Prednisolona;
- Diálise.
Papel da hidratação venosa na hipercalcémia?
A hidratação é uma das primeiras medidas, a não ser que haja algum problema de sobrecarga ou de Insuficiência Cardíaca (IC); pode ou são ser associada a um diurético.
Inicialmente 200 a 300 mL/h, sendo depois ajustada a 100 a 150 mL/h.
Papel dos bifosfonatos na hipercalcémia?
Pamidronato e o Ácido Zoledrónico (4 mg ev, 15 minutos).
Inibe a reabsorção óssea, interferindo com o recrutamento e maturação osteoclástica.
Usados em conjunto com a hidratação EV.
1ª linha no tratamento crónico.
Risco de utilização de bifosfonatos na hipercalcémia?
O grande risco dos bifosfonatos é a osteonecrose da mandibula, que é algo que não acontece com uma utilização única destes fármacos, mas pode acontecer após utilização contínua dos mesmos.
Risco de utilização de Prednisolona na hipercalcémia?
20 a 40 mg/dia, per os ou ev.
Diminui a produção de calcitriol pelas células tumorais e a absorção intestinal de cálcio.
1ª linha nos Linfomas
Risco de utilização da diálise na hipercalcémia?
Útil na Insuficiência Renal (IR) ou na Insuficiência Cardíaca (IC) ou quando a fluidoterapia e os bifosfonados são não seguros ou não eficazes.
Última linha.
Risco de utilização da Calcitonica na hipercalcémia?
4 a 8 UI/Kg subcutânea (sc) ou intramuscular (IM) a cada 12 h.
Inibe a reabsorção óssea de cálcio, interferindo com a maturação osteoclástica + promove a excreção urinária de cálcio.
Apenas utilizado com alguma eficácia na hipercalcemia grave sintomática.
Tratamento da hipercalcémia ligeira?
Geralmente não requer terapêutica imediata com bifosfonatos. Acima de tudo, é importante a hidratação adequada.
Tratamento da hipercalcémia moderada?
- Se for crónica ou assintomática pode optar-se por um tratamento semelhante ao da hipercalcemia ligeira;
- Se for aguda e sintomática, requer terapêutica mais agressiva, com hidratação e bifosfonatos, semelhante à da hipercalcemia grave.
Tratamento da hipercalcémia grave?
- Internamento;
- Hidratação EV vigorosa;
- Calcitonina;
- Ácido Zoledrónico ou Pamidronato;
- Prednisolona;
- Eventualmente hemodiálise, se calcemia > 18 mg/dL ou em doentes com contraindicação para terapêutica com fluidoterapia + bifosfonados.
O que é o tamponamento cardíaco?
Acumulação de líquido pericárdico com instabilidade hemodinâmica consequente.
Fisiopatologia do tamponamento cardíaco?
Obstrução à drenagem linfática ou excesso de secreção de fluidos,
Etiologia do tamponamento cardíaco?
- Extensão “direta” do tumor ao pericárdio (mama, pulmão, linfoma);
- Metástases epicárdicas (mama, pulmão, melanoma);
- Neoplasias primárias (mesotelioma);
- Alguns meses após irradiação torácica (aguda ou crónica);
- Causas “não malignas”: hipotiroidismo, uremia (nos doentes com insuficiência renal terminal), infeção, doença autoimune (DAI), fármacos e radiação.
Sinais e sintomas do tamponamento cardíaco?
Dispneia, dor torácica, ortopneia, fadiga, taquicardia, distensão jugular, tons cardíacos hipofonéticos, hipotensão e edema.
O que é a tríade de Beck?
Conjunto de sinais que alertam para um possível tamponamento cardíaco:
- Hipotensão;
- Sons cardíacos hipofoneticos;
- Distensão jugular.
Como se realiza o diagnóstico do tamponamento cardíaco?
O diagnóstico e terapêutica fazem-se com recurso à ecografia + pericardiocentese.
Causas benignas de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Bócio mergulhante;
- Trombose de Cateter Venoso Central (CVC);
- Fibrose por Radioterapia (RT) prévia;
- Quisto dermoide;
- Teratoma benigno;
- Sarcoidose;
- Silicose;
- Tuberculose;
- Histoplasmose;
- Actinomicose;
- Infeção Piogénica;
- Sífilis.
Causas malignas de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Neoplasias do pulmão (80%): Carcinoma de não pequenas células (50% dos casos) e carcinoma de pequenas células (20 dos casos);
- Linfomas Não Hodgkin e Linfomas Hodgkin (10%);
- Timoma;
- Metástases (sobretudo de carcinoma da mama e de tumores de células germinativas do testículo – 10%);
- Mesotelioma.
O Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior é mais comumente causado por causas benignas ou malignas?
Causas Malignas (85 a 95%), as Causas Benignas correspondem a apenas 5 a 15%.
Causa mais comum de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
Neoplasias do pulmão (80%): Carcinoma de não pequenas células (50% dos casos) e carcinoma de pequenas células (20 dos casos).
Fisiopatologia da Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
Obstrução mecânica do retorno venoso através da VCS. Existem 5 mecanismos de obstrução mecânica: obstrução (propriamente dita), invasão, compressão, trombose e fibrose.
Sinais e sintomas de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
→Sinais: - Principais: Edema facial e Ingurgitamento venoso; - Edema do membro superior; - Cianose; Plétora facial; - Estridor; - Coma. →Sintomas: - Principais: Dispneia e Edema facial; - Tosse; - Edema do membro superior; - Disfagia; - Cefaleia, Confusão.
O que é o Sinal de Pemberton?
Elevação dos braços acima do tronco durante poucos minutos provoca um aumento do edema, da congestão cefálica e da cianose facial. Ocorre em casos de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior.
Como se realiza o diagnóstico de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Radiografia simples de tórax: achados inespecíficos;
- TC torácica com contraste: mais útil → identifica o nível e a extensão da obstrução, colaterais e causa subjacente → exame de 1ª linha;
- Venografia: Gold Standard para identificação da obstrução pouco utilizada pela baixa acessibilidade e elevados custos;
- Ressonância Magnética (RM): abordagem alternativa (por exemplo, útil nos doentes com alergia ao contraste ou insuficiência renal grave).
Qual é o método de imagem mais útil para o diagnóstico de Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
TC torácica com contraste.
Apesar da venografia ser o Gold Standart, é pouco utilizada pela baixa acessibilidade e elevados custos.
Importância do diagnóstico histológico na Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
Nas situações não emergentes, em doentes que não têm um diagnóstico de neoplasia e o SVCS é apresentação inaugural, o exame histopatológico permite a escolha de abordagem terapêutica mais adequada.
Como se realiza o diagnóstico histológico na Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Citologia da expetoração ou do líquido pleural (com doseamento de α-fetoproteína e β-hCG);
- Biópsia de adenopatias → das técnicas que mais acuidade diagnóstica pode ter (até 2/3 dos casos);
- Broncofibroscopia (BFO);
- Mediastinoscopia, Toracoscopia ou Toracotomia → sobretudo se necessidade de biópsia urgente.
Como se realiza o tratamento da Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Medidas gerais;
- Avaliação de situação de emergência;
- Tratamento definitivo: A abordagem varia um pouco consoante o tipo de tumor que a cause, podendo ser cirúrgico, RT ou colocação de stent.
Quais são as medidas gerais a aplicar num doente com Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Repouso com elevação da cabeceira;
- Restrição hídrica + diuréticos;
- Oxigenoterapia;
- Dexametasona.
Quais são os sinais de que poderemos estar perante uma emergência num doente com Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
- Obstrução da via aérea (p.ex. estridor);
- Edema cerebral (p.ex. alteração do estado de consciência);
- Tamponamento cardíaco.
O que fazer numa situação de emergência da Síndrome de Compressão da Veia Cava Superior?
Stenting endovascular seguido de radioterapia.
O que é a Síndrome de Compressão Medular?
Compressão nervosa que causa compromisso neurológico com alteração do estado funcional e da qualidade de vida.
É considerada a “verdadeira emergência oncológica”.
Quão prevalente é a Síndrome de Compressão Medular?
Afeta 5 a 10% dos doentes oncológicos.
Em que tumores é mais comum a Síndrome de Compressão Medular?
Tumores da mama (29%), pulmão (17%) e próstata (14%).