Capítulo 28- Áreas Encefalicas Relacionadas com as emoções. O sistema Límbico Flashcards

1
Q

componente periférico e central sistema límbico - generalidades

A

Alegria, tristeza, medo, prazer e raiva são
exemplos do fenômeno da emoção. Para seu
estudo, costuma-se distinguir um componente
central, subjetivo, e um componente periférico,
o comportamento emocional.

O componente periférico é a maneira como a emoção se expressa e envolve padrões de atividade motora,
somática e visceral, que são característicos de
cada tipo de emoção e de cada espécie. Assim,
por exemplo, a raiva manifesta-se de maneira
muito diferente no homem, no gato ou em um
galo garnizé. A alegria no homem se expressa
pelo riso, no cachorro pelo abanar da cauda. O
choro é uma expressão da tristeza, característica
do homem*.

A distinção entre o componente interno, subjetivo, e o componente externo, expressivo da emoção, é, pois, importante para seu estudo. Ela fica mais clara se lembrarmos que um bom ator pode simular perfeitamente todos os padrões motores ligados à expressão de determinada emoção, sem que sinta emoção nenhuma.
Durante muito tempo acreditou-se que os
•fenômenos emocionais estariam na dependência de todo o cérebro. Coube a Hess, prêmio
Nobel de medicina há cerca de 50 anos, demonstrar que esses fenômenos estão relacionados com áreas específicas do cérebro. Este
cientista implantou eletrodos em diferentes regiões do hipotálamo do gato e observou as mais
variadas manifestações de comportamento
emocional, quando estas áreas eram estimuladas eletricamente em animais livres c acordados. Sabe-se hoje que as áreas relacionadas com
OS processos emocionais ocupam territórios
bastante grandes do encéfalo, destacando-se entre elas o hipotálamo, a área pré-frontal e o
sistema límbico. O interessante é que a maioria
dessas áreas está relacionada também com a
motivação, em especial com os processos motivacionais primários, ou seja. aqueles estados de necessidade ou de desejo essenciais à sobrevivência da espécie ou do indivíduo, tais como
fome, sede c sexo. Por outro lado, as áreas
encefálicas ligadas ao comportamento emocional também controlam o sistema nervoso autônomo, o que é fácil de entender, tendo cm vista
a importância da participação desse sistema na
expressão das emoções. Essas áreas serão estudadas a seguir.

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2
Q
tronco encefálico
o que ele contém?
qual seu principal papel?
quais as hipóteses das funções do mesencéfalo? 
por que ele influencia nas emoções?
A

No tronco encefálico estão localizados
vários núcleos de nervos cranianos, viscerais
ou somáticos, além de centros viscerais como
o centro respiratório e o vasomotor.

A ativação destas estruturas por impulsos nervosos de
origem telencefálica ou diencefálica ocorre nos
estados emocionais, resultando nas diversas
manifestações que acompanham a emoção, tais
como o choro, as alterações fisionômicas, a
sudorese, a salivação, o aumento do ritmo
cardíaco etc.

Além disto, as diversas vias descendentes que atravessam ou se originam no tronco encefálico vão ativar os neurônios medulares, permitindo aquelas manifestações periféricas dos fenômenos emocionais que se fazem por nervos espinhais ou pelos sistemas
simpático c parassimpático sacral. Deste modo,
o papel do tronco encefálico é principalmente
efetuador, agindo basicamente na expressão
dos emoções.

Contudo, existem dados que sugerem que a
substância cinzenta central do mesencéfalo e a
formação reticular podem ter, também, um papel regulador de certas formas de comportamento agressivo.

Cabe lembrar também que no tronco encefálico origina-se a maioria das fibras nervosas
monoaminérgicas do sistema nervoso central,
destacando-se aquelas que constituem as vias
serotoninérgicas, noradrenergicas e dopaminergicas (Capítulo 20B).

Estas vias projetam-se para o diencéfalo e telencéfalo e, deste modo, exercem ação moduladora sobre os neurônios e circuitos nervosos existentes nas principais áreas encefálicas relacionadas com o comportamento emocional. E especialmente importante a via dopaminérgica mesolímbica, que se projeta especificamente para áreas altamente relevantes à regulação dos fenômenos emocionais, como o sistema límbico e a área pré-frontal.

Em síntese, embora os centros encefálicos mais importantes para a regulação das emoções não estejam no tronco encefálico, estes centros sofrem influência de neurônios nele localizados, através das
vias monoaminérgicas que aí se originam

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3
Q

hipotálamo

quais as respostas a estímulos elétricos e lesões do hipotálamo em animais não anestesiados?

A

O estudo do hipotálamo foi leito no Capítulo
23, onde foram analisadas suas inúmeras
funções. Entre estas são especialmente relevantes no contexto do atual capítulo a regulação
dos processos motivacionais e dos fenômenos
emocionais. A participação do hipotálamo na regulação do comportamento emocional, evidenciada pela primeira vez por Hess. foi amplamente confirmada cm vários animais e no homem.

Estimulações elétricas ou lesões do hipotálamo em animais não anestesiados determinam respostas emocionais complexas, como raiva, medo, ou, conforme a área, placidez.

Verificou-se, por exemplo, que a lesão do núcleo ventromedial do gato torna o animal extremamente agressivo e perigoso. Em uma experiência clássica verificou-se que, quando se retiram os hemisférios cerebrais de um gato, inclusive o diencéfalo, deixando-se apenas a parte posterior do hipotálamo, o animal desenvolve um quadro de raiva que desaparece quase completamente quando se destrói todo o hipotálamo. Sabe-se hoje que este quadro de raiva só
aparece quando são incluídas na lesão áreas
corticais ou subcorticais do sistema límbico.

Este sistema, através de inúmeras conexões (veja Capítulo 23, item 2.1), exerce uma ação inibidora sobre o hipotálamo posterior que, quando liberado, funciona como agente de expressão das manifestações viscerais e somáticas que caracterizam a raiva.

Ao que parece, o hipotálamo tem um papel preponderante como coordenador das manifestações periféricas das emoções. Sabe-se, entretanto, que a estimulação de certas áreas do hipotálamo do homem
desperta uma sensação de prazer, o que sugere
sua participação também no componente central, subjetivo, da emoção.

A maioria das modificações do comportamento observadas em experiências com o hipotálamo
de animais já foi também observada no homem,
em experiências realizadas durante o ato operatório ou como consequência de traumatismos, tumores, lesões vasculares ou infecções desta região. Não resta pois, dúvidas de que o hipotálamo exerce um importante papel na coordenação e integração dos processos emocionais.

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4
Q

TÁLAMO

A

Lesões ou esümulações do núcleo dorsomedial e dos núcleos anteriores do tálamo já foram correlacionadas com alterações da reatividade emocional no homem e cm animais. Ao que parece, entretanto, a importância destes núcleos na regulação do comportamento emocional decorre de suas conexões. O núcleo dorsomedial liga-se ao córtex da área pré-frontal ao hipotálamo e ao sistema límbico.
Os núcleos anteriores ligam-se ao corpo mamilar e ao córtex do giro do cíngulo, fazendo
parte de circuitos do sistema límbico. A significação funcional da área pré-frontal e do sistema límbico será estudada a seguir.

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5
Q

Ao que corresponde a área pré-frontal ?

A

A área pré-frontal corresponde à parte não
motora do lobo frontal, caracterizando-se como
córtex de associação supramodal. Suas conexões e funções já foram descritas no Capítulo 27, item 7.2.1, onde foram apresentadas as evidências de sua participação no controle do comportamento emocional.

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6
Q

Qual o conceito de sistema límbico?

Qual a evolução de seus conceitos?

A

a face medial de cada hemisfério cerebral
observa-se um anel cortical contínuo constituído pelo giro do cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo (Figs. 8.5, 28.2). Este anel cortical contorna as formações inter-hemisícricas e foi considerado por Broca como um lobo independente, o grande lobo límbico (de limbo, contorno). Este lobo é filogeneticamente muito antigo, existindo em todos os vertebrados.

Apresenta uma certa uniformidade citoarquitetural, pois seu córtex é mais simples que o do isocórtex que o circunda.

Do ponto de vista funcional admitiu-se durante muito tempo que o lobo límbico teria funções olfatórias, fazendo parte do chamado rinencéfalo, ou encéfalo olfatório. Em 1937, o neuroanatomista James
Papez publicou um trabalho famoso*, no qual propunha uma nova teoria para explicar o mecanismo da emoção.

Este mecanismo envolveria as estruturas do lobo límbico, do hipotálamo e do tálamo, todas unidas por um circuito hoje conhecido como circuito de Papez.

Estas estruturas compreenderiam um mecanismo harmonioso, que não só elaboraria o processo subjetivo central da emoção, mas também participaria de sua expressão.

O trabalho de Pape/ foi fundamentalmente teórico e especulativo, embora ele chamasse a atenção para certos dados clínicos, como as dramáticas alterações do comportamento emocional causadas pela raiva
(hidrofobia), cujo vírus lesa preferencialmente
o hipocampo. Embora muitos aspectos da teoria
da emoção de Papez não sejam mais aceitos, o
ponto fundamental, isto é, a importância das estruturas do lobo límbico e de suas conexões nas manifestações emocionais está, hoje, amplamente confirmado. Verificou-se também que estas estruturas não participam da apreciação consciente dos odores, sendo, pois, incorreto incluí-las no rinencéfalo, ou seja, no encéfalo olfatório. Este termo é hoje usado em um conceito muito mais restrito para indicar apenas
estruturas relacionadas diretamente com a olfacão, ou seja, o nervo, bulbo e tracto olfatórios,
a estria olfatória lateral c o uncus. As demais
formações anatômicas que tradicionalmente integravam o rinencéfalo são hoje estudadas como parte do chamado sistema límbico.

Este pode, pois, ser conceituado como um sistema
relacionado fundamentalmente com a regulação dos processos emocionais e do sistema nervoso autônomo constituído pelo lobo límbico e pelas estruturas subcorticais a ele relacionadas.

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7
Q

Quais os componentes do sistema límbico?

A

Dentro do conceito enunciado no item 6.1,
não há completo acordo entre os autores quanto
às estruturas que deveriam fazer parte do sistema límbico. Assim, enquanto alguns autores
consideram como integrando este sistema uma
parte da formação reticular e todo o hipotálamo,
outros seguem o ponto de vista inicial de MacLean e colocam nele apenas parte do hipotálamo, posição seguida neste livro*.
A seguir, apresentamos uma relação de estruturas cuja inclusão no sistema límbico é admitida pela maioria dos autores, agrupando-as cm duas categorias: componentes corticais - constituídos de áreas de associação terciárias, e componentes subcorticais.

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8
Q

Quais os Componentes Corticais?

A

a) giro do cíngulo — contorna o corpo caloso, ligando-se ao giro para-hipocampal
pelo istmo do giro do cíngulo (Fig. 8.5).
É constituído dc um tipo de córtex intermediário entre o isocórtex e o alocórtex
que alguns autores chamam de mesocórtcx. É percorrido por um feixe de fibras,
o fascículo do cíngulo;

b) giro para-hipocampal — situa-se na face
inferior do lobo temporal (Figs. 8.5,28.1)
e, em grande parte, é constituído de um
córtex muito antigo, paleocortex, que do
ponto de vista citoarquitetural se classifica como alocórtex;

c) hipocampo* — eminência alongada e
curva que no homem situa-sc no assoalho
do corno inferior dos ventrículos laterais
(Fig. 8.8) acima do giro para-hipocampal
(Fig. 28.1). O hipocampo é constituído dc
um córtex muito antigo, arquicórtex, do
tipo alocórtex. Proteja-se para o corpo
mamilar e área septal através de um feixe
compacto de fibras, o fornix (Fig. 8.5).

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9
Q

Componentes Subcorticais

A

a) corpo amigdalóide — também chamado
núcleo amigdalóide, é um dos núcleos da
base. Situa-se no lobo temporal, próximo
ao uncus (Fig. 26.3) e em relação com a
cauda do núcleo caudado (Fig. 26.1). E
constituído de numerosos subnúclcos e
suas conexões são extremamente amplas
e complexas. A maioria de suas fibras
eferentes agrupa-se em um feixe compacto, a estria terminal** (Fig. 8.8), que acompanha a curvatura do núcleo caudado e
termina principalmente no hipotálamo;
b) área septal — situada abaixo do rostro
do corpo caloso, anteriormente à lâmina
terminal e à comissura anterior (Fig. 8.4),
a área septal compreende grupos de neurônios de disposição subcortical conhecidos como núcleos septals. Alguns destes neurônios se estendem até a base do
septo pelúcido. A área septal tem conexões extremamente amplas e complexas,
destacando-se suas projeções para o hipotálamo e para a formação reticular, através do feixe prosencefálico mediai;
c) núcleos mamilares — pertencem ao hipotálamo c situam-se nos corpos mamilares (Fig. 8.6). Recebem fibras do hipocampo que chegam pelo fornix (Fig. 27.1)
e sc projetam principalmente para os núcleos anteriores do tálamo e para a formação reticular, respectivamente pelos fascículos mamilo-talâmico e mamilo-tegmentar;
d) núcleos anteriores do tálamo — situamse no tubérculo anterior do tálamo (Fig.
25.1). Recebem fibras dos núcleos mamilares c projetam-se para o giro do cíngulo;
c) núcleos habenulares — situam-se na região do trígono das habênulas no epitálamo (Fig. 5.2). Recebem fibras aferentes
pela estria medular e projetam-se para o
núcleo interpeduncular do mesencéfalo.

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10
Q

Quais as CONEXÕES DO SISTEMA LÍMBICO ?

A

Com o aparecimento de modernas técnicas
de pesquisa neuroanatômica, nosso conhecimento sobre as conexões dos diversos componentes do sistema límbico aumentou consideravelmente. Apesar disto, não se conhece ainda o significado funcional de grande parte dessas
conexões, que são muito complexas. Seu estudo
será feito a seguir, de maneira esquemática e
simplificada.

C intrínsecas
C extrínsecas
C aferentes
C eferentes

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11
Q

Conexões Intrínsecas

O que é o circuito de Papez?

A

Os diversos componentes do sistema límbico
mantêm entre si numerosas e complexas intercomunicações. Dentre elas, a mais conhecida é
o circuito de Papez, circuito fechado que une as
seguintes estruturas límbicas, enumeradas na
seqüência que representa a direção predominante dos impulsos nervosos (Fig. 28.2): hipocampo, fornix, corpo mamilar, fascículo mamilo-talâmico, núcleos anteriores do tálamo, cápsula interna, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e novamente o hipocampo, fechando o circuito.
A importância desse circuito no mecanismo das
emoções foi apontada inicialmente por Pape/
(ver item 6.1) e há evidência de que ele está envolvido também no mecanismo da memória.
O corpo amigdalóide e a área septal, que mantêm entre si conexões recíprocas, embora não façam parte do circuito de Papez, ligam-se a este circuito em vários pontos.

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12
Q

Conexões Extrínsecas

A

As estruturas do sistema límbico têm amplas
conexões com setores muito diversos do sistema nervoso central, destacando-se, por sua
importância, as conexões recíprocas que mantêm com o hipotálamo (Capítulo 23, item 2.1).
Essas conexões serão estudadas a seguir.

C aferentes
C eferentes

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13
Q

— Conexões Aferentes

Qual o trajeto das informações sensoriais ?

A

É do senso comum que as pessoas podem se
emocionar pela simples recordação de episódios passados armazenados na memória. Mais
frequentemente, entretanto, as emoções são desencadeadas pela entrada no sistema nervoso central de determinadas informações sensoriais. Assim, por exemplo, informações visuais,
auditivas, somestésicas ou olíalórias que sinalizem perigo podem despertar medo.

Há evidência de que todas essas modalidades de informações sensoriais têm acesso ao sistema límbico. embora nunca diretamente. Elas são antes processadas nas áreas corticais de associação secundárias e terciárias e penetram no sistema límbico por vias que chegam ao giro para-hipocampal (área entorrinal) de onde passam ao hipocampo, ganhando assim o circuito de Papez. Fazem exceção os impulsos olfatórios, que passam diretamente da área cortical de projeção para o giro para-hipocampal e o corpo amigdalóide. Também as informações relacionadas
com a sensibilidade visceral têm acesso ao sistema límbico, seja diretamente, através das conexões do núcleo do tracto solitário com o corpo amigdalóide, seja indiretamente, via hipotálamo. Ainda a propósito das conexões aferentes do sistema límbico, cabe lembrar as numerosas projeções serotoninérgicas (Fig. 20.1) e dopaminérgicas (Fig. 20.2) que ele recebe da formação reticular e que, segundo parece, exercem ação moduladora sobre a atividade de seus neurônios.

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14
Q

conexões eferentes
qual a relevância?
quais os três tipos de fibras?

A

As conexões eferentes do sistema límbico são importantes porque, através delas, este sistema participa dos mecanismos efetuadores que desencadeiam o componente periférico e expressivo dos processos emocionais e, ao mesmo
tempo, controlam a atividade do sistema nervoso autônomo. Essas funções são exercidas fundamentalmente através das conexões que o sistema límbico mantém com o hipotálamo e com
a formação reticular do mesencéfalo. As primeiras, já estudadas a propósito do hipotálamo, (Capítulo 23, item 2.1), são especialmente relevantes. Aliás, já foi dito que o hipotálamo c o
principal “braço executivo” do sistema límbico.
As conexões com a formação reticular do mesencéfalo se fazem basicamente através dc três sistemas de fibras (Fig. 28.3):

a) feixe prosencefálico mediai — situado
entre a área septal c o tegmento do mesencéfalo, este feixe contém libras que
percorrem nos dois sentidos o hipotálamo
lateral, onde muitas delas terminam. Ele
constitui a principal via de ligação do
sistema límbico com a formação reticular;
b) fascículo mamilo-tegmentar — feixe dc
libras que dos núcleos mamilares se projeta
para a formação reticular do mesencéfalo:
c) estria medular — feixe de fibras que se
origina principalmente na área septal c
termina nos núcleos habenularcs do epitálamo. Estes, por sua vez, ligam-se ao
núcleo interpeduncular do mesencéfalo.
que se projeta para a formação reticular

Como o hipotálamo e a formação reticular
têm conexões diretas com os neurônios pré ganglionares do sistema autônomo, as vias acima descritas permitem ao sistema límbico participar do controle do sistema autônomo, o que
c especialmente importante na expressão das
emoções.

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15
Q

Funções gerais do sistema límbico

A

Como já foi assinalado, a função mais conhecida do sistema límbico, e que deu origem ao próprio conceito deste sistema, é de regular
os processos emocionais. Intimamente relacionadas com esta função, estão as de regular o sistema nervoso autônomo e os processos motivacionais essenciais à sobrevivência da espécie e do indivíduo, como fome, sede e sexo.
Sabe-se também que alguns componentes do sistema límbico estão ligados diretamente ao
mecanismo da memória e aprendi/agem e participam da regulação do sistema endócrino. Algumas dessas funções serão estudadas com mais detalhes a seguir.

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16
Q

Regulação dos Processos
Emocionais e Motivacionais.
Síndrome de Klüvere Bucy

A

No mesmo ano em que Pape/ publicou seu
famoso trabalho relacionando as estruturas límbicas com as emoções, dois cientistas, H. Klüver c P. Bucy, publicaram um trabalho experimental que veio confirmar as idéias de Pape/,.
Estes autores li/eram uma ablação bilateral da
parte anterior dos lobos temporais em macacos
Rhesus, lesando algumas estruturas importantes
tio sistema límbico, como o hipocampo, o giro
para-hipocampal c o corpo amigdalóide. Esta
cirurgia resultou na maior modificação do comportamento tie um animal até hoje obtida após um
procedimento experimental. Estas alterações de
comportamento são conhecidas como síndrome
de Klüver e Bucy e consistem no seguinte:

a) domesticação completa dos animais que
usualmente são selvagens c agressivos:
b) perversão do apetite, em virtude da qual
os animais passam a alimentar-se de coisas que antes não comiam:
c) agnosia visual manifestada pela incapacidade de reconhecer objetos ou mesmo
animais que antes causavam medo. tais
como cobras c escorpiões;
d) tendência oral manifestada pelo ato de
levar à boca todos os objetos que encontra
(inclusive os escorpiões);
e) tendência hi per sexual, que leva os animais a tentarem continuamente o ato
sexual (mesmo com indivíduos do próprio sexo ou de outra espécie) ou a se
masturbarem continuamente.
Convém assinalar que quadros semelhantes
a esteja foram observados no homem, em conseqüência da ablação bilateral do lobo temporal
para tratamento de formas agressivas de epilepsia.
Admite-se que a agnosia visual que ocorre na
síndrome de Klüver e Bucy resulta de lesão das
áreas visuais de associação localizadas no córtex do lobo temporal. Todos os demais sintomas
que ocorrem nessa síndrome são conseqüência
de lesões de estruturas do sistema límbico, em
especial do corpo amigdalóide.
Estes resultados despertaram grande interesse c levaram muitos cientistas a pesquisar a
participação dos componentes do sistema límbico nos fenômenos emocionais. Algumas das
evidências encontradas sobre esta participação
serão analisadas a seguir.

17
Q

Quais as alterações de
comportamento que são conhecidas como síndrome
de Klüver e Bucy ?

A

a) domesticação completa dos animais que
usualmente são selvagens c agressivos:
b) perversão do apetite, em virtude da qual
os animais passam a alimentar-se de coisas que antes não comiam:
c) agnosia visual manifestada pela incapacidade de reconhecer objetos ou mesmo
animais que antes causavam medo. tais
como cobras c escorpiões;
d) tendência oral manifestada pelo ato de
levar à boca todos os objetos que encontra
(inclusive os escorpiões);
e) tendência hi per sexual, que leva os animais a tentarem continuamente o ato
sexual (mesmo com indivíduos do próprio sexo ou de outra espécie) ou a se
masturbarem continuamente.

18
Q

Corpo Amigdalóide
Quais as funções?
Qual o comportamento ?
Qual a principal doença relacionada?

A

As funções do corpo amigdalóide ou amígdala são muito variadas, refletindo também sua complexidade estrutural. Lesões ou estimulações desta área cm animais resultam em alterações do comportamento alimentar (afagias e hiperfagias) ou da atividade das vísceras, bastante semelhantes às que se obtêm com procedimentos idênticos feitos no hipotálamo. O registro da atividade elétrica dos neurônios do
corpo amigdalóide. tanto no homem como nos
animais, evidencia uma ativação em situações
com significado emocional, como encontros
agressivos ou dc natureza sexual.

Embora alguns resultados sejam conflitantes, a maioria
das experiências relata que em animais as lesões
da amígdala resultam cm uma domesticação do
animal com um quadro hipersexual semelhante
ao observado na síndrome de Klüver e Bucy.

Também no homem lesões bilaterais do corpo
amigdalóide resultam em considerável diminuição da excitabilidade emocional de indivíduos portadores de distúrbios de comportamento, manifestados pela agressividade. Por outro lado, a estimulação do corpo amigdalóide em animais desencadeia comportamentos de fuga ou de defesa, associados à agressividade.

Coerentemente com este fato. no homem, focos
epilépticos da região amigdaliana do lobo temporal freqüentemente associam-se a um aumento da agressividade social Interessantes são as relações entre o corpo amigdalóide e o medo.
Pacientes conscientes submetidos a estimulação elétrica do corpo amigdalóide durante o ato cirúrgico freqüentemente relatam sentimentos não direcionados de medo, geralmente acompanhados de manifestações viscerais características da situação, como dilatação da pupila e aumento do ritmo
cardíaco. Já foi visto também que macacos que
normalmente têm medo de cobras, depois de
sofrerem amigdalectomia, perdem este medo,
aproximam-se delas c até as comem.

19
Q

área septal
Quais as funções?
Qual o comportamento ?
Qual a principal doença relacionada?

A

Lesões bilaterais da área septal em animais
causam a chamada “raiva septal”, caracterizada
por uma hiperatividade emocional, ferocidade
e raiva diante de condições que normalmente
não modificam o comportamento do animal. Há
lambem um grande aumento da sede. Estimulações da área sentai causam alterações da pressão arterial e do ritmo respiratório, mostrando
o seu papel na regulação de atividades viscerais.
Por outro lado as experiências de auto-estimulação a serem descritas no próximo item
mostram que a área septal é um dos centros do
prazer no cérebro.

20
Q

O Giro do Cíngulo
Quais as funções?
Qual o comportamento ?
Qual a principal doença relacionada?

A

Verificou-se que a ablação do giro do cíngulo
(cingulectomia) cm carnívoros selvagens domestica completamente o animal. No homem, a
cingulectomia já foi empregada no tratamento
dc psicóticos agressivos. Verificou-se, também,
que a simples secção do fascículo do cíngulo
(cingulotomia), interrompendo o circuito dc Papez, pode melhorar consideravelmente quadros
graves de depressão c ansiedade* dando resultados que, quanto a este aspecto, sc assemelham
aos obtidos nas leucotomias frontais.

21
Q

Hipocampo

A

O papel do hipocampo na regulação do comportamento emocional foi inicialmente apontado por Papez, que chamou a atenção para o aumento da reatividade emocional causada por
lesões do hipocampo pelo vírus da raiva. Lesões
bilaterais do hipocampo em macacos resultam
cm um aumento da agressividade destes animais. Apesar de existirem dados experimentais
que conflitam com este. a participação do hipocampo na regulação do comportamento emocional é hoje geralmente admitida. Outra função
importante do hipocampo é a sua participação
no fenômeno da memória, o que será estudado
no próximo item.

22
Q

quais os dois tipos de memórias?
Quais suas diferenças?
onde elas são armazenadas? Qual sua relação com o sistema límbico?
Quais as causas mais comuns da perda de memória?

A

Pode-se distinguir dois tipos de memória:
memória recente, que permite a retenção de
informações durante pouco tempo (horas ou
dias), e memória remota, ou permanente, na
qual esta retenção pode permanecer por vários
anos*. A memória remota é muito estável e
mantém-se inalterada mesmo após danos cerebrais graves, enquanto a memória recente é
mais lábil e pode ser comprometida em várias
situações patológicas. Não se sabe exatamente
onde são armazenadas as informações no caso
da memória remota, mas admite-se que isso
ocorra em áreas de associação do neocortex.
Sabe-se, entretanto, que a memória recente depende do sistema límbico, que está envolvido
nos processos de retenção e consolidação dc
informações novas e possivelmente também em
seu armazenamento temporário e transferência
para áreas neocorticais de associação para armazenamento permanente.

A evidência desses fatos veio, principalmente, do estudo de pacientes nos quais foi feita a
remoção bilateral de parte do lobo temporal,
contendo o hipocampo, na tentativa dc melhorar
quadros graves de epilepsia. Esses pacientes
tornam-se incapazes de memorizar eventos ou
informações surgidos depois do ato cirúrgico,
quadro conhecido como amnésia anterógrada.
Assim, por exemplo, não conseguem entender
uma história ou uma novela de televisão, pois
não são capazes de memorizar os nomes dos
personagens ou os eventos que precederam
aquele que está lendo ou vendo

Tipicamente, há também perda de memória
para fatos ocorridos pouco antes da cirurgia
(amnésia retrógrada), mas, curiosamente, depois de um certo ponto no passado iodos os fatos
podem ser lembrados sem problemas, ou seja,
a memória antiga permanece normal. Certas
habilidades motoras podem também ser aprendidas, pois, como já foi visto (Capítulo 22 item
704), a aprendizagem motora depende do cerebelo. Sabe-se hoje que a síndrome amnésica
observada nesses casos se deve não só à remoção do hipocampo mas também à lesão do corpo
amigdalóide, que participa dos mecanismos relacionados com a memória. Assim, a destruição
do hipocampo em macacos causa um quadro
moderado de amnésia, que se torna muito mais
grave, quando, simultaneamente, se destrõi
também o corpo amigdalóide. Síndromes amnésicas semelhantes à acima descrita têm sido
assinaladas, no homem, em conseqüência de
processos patológicos que acometem o sistema
límbico, não só em seus componentes no lobo
temporal, mas também no fornix e no corpo
mamilar. É bem conhecida a síndrome de Korsakoff, que resulta da degeneração dos corpos
mamilares em conseqüência de alcoolismo crônico e na qual a amnésia anterógrada é o sintoma mais importante.

Outro quadro clínico em que ocorrem graves
problemas de memória é a doença de Alzheimer
(veja Capítulo 28, item 3.0), na qual há perda
gradual da memória recente, seguida, nas fases
mais avançadas, de uma completa deterioração
de todas as funções psíquicas com amnésia
total. Parece que os problemas de memória
nesta doença se devem a dois fatores principais.
Um deles, já estudado (Capítulo 28, item 3.0),
é a degeneração dos neurônios colinérgicos do
núcleo basal de Meynert. Isso leva a uma perda
das fibras colinérgicas, que exercem ação moduladora sobre a atividade dos neurônios do
sistema límbico e do neocortex relacionados
com a memória. Outro fator, provavelmente
mais importante, descoberto recentemente, é a
degeneração seletiva dc dois grupos de neurônios do sistema límbico. Um deles localiza-se
no hipocampo, nas áreas que dão origem às
principais fibras eferentes desse órgão; o outro
localiza-se na chamada área entorrinal, no giro para-hipocampal, que constitui a porta de entrada das vias que, do neocortex, se dirigem a esse
giro e daí ao hipocampo. Desse modo, essas
lesões gradualmente levam a um total isolamento do hipocampo, com conseqüências sobre a
memória que eqüivalem às que vimos acima
para os casos dc ablação do hipocampo.
Embora a participação do sistema límbico,
em especial do hipocampo e da amígdala, no
processo de consolidação da memória recente e
sua transformação cm memória remota seja
hoje geralmente aceita, não sc sabe exatamente
como isto se faz. A hipótese mais tradicional é
a apresentada acima, ou seja, a memória recente
é armazenada temporariamente no hipocampo
e na amígdala, sendo depois transferida para o
neocortex para armazenamento permanente.
Outra hipótese é que a memória recente já de
início estaria no neocortex, onde seria gradualmente consolidada c transformada cm memória
remota por ação do hipocampo e da amígdala
,
agindo através dc suas conexões com o neocortex.

23
Q

Quais as causas mais comuns da perda de memória?

A

A evidência desses fatos veio, principalmente, do estudo de pacientes nos quais foi feita a
remoção bilateral de parte do lobo temporal,
contendo o hipocampo, na tentativa dc melhorar
quadros graves de epilepsia. Esses pacientes
tornam-se incapazes de memorizar eventos ou
informações surgidos depois do ato cirúrgico,
quadro conhecido como amnésia anterógrada.
Assim, por exemplo, não conseguem entender
uma história ou uma novela de televisão, pois
não são capazes de memorizar os nomes dos
personagens ou os eventos que precederam
aquele que está lendo ou vendo

Tipicamente, há também perda de memória
para fatos ocorridos pouco antes da cirurgia
(amnésia retrógrada), mas, curiosamente, depois de um certo ponto no passado iodos os fatos
podem ser lembrados sem problemas, ou seja,
a memória antiga permanece normal. Certas
habilidades motoras podem também ser aprendidas, pois, como já foi visto (Capítulo 22 item
704), a aprendizagem motora depende do cerebelo. Sabe-se hoje que a síndrome amnésica
observada nesses casos se deve não só à remoção do hipocampo mas também à lesão do corpo
amigdalóide, que participa dos mecanismos relacionados com a memória. Assim, a destruição
do hipocampo em macacos causa um quadro
moderado de amnésia, que se torna muito mais
grave, quando, simultaneamente, se destrõi
também o corpo amigdalóide. Síndromes amnésicas semelhantes à acima descrita têm sido
assinaladas, no homem, em conseqüência de
processos patológicos que acometem o sistema
límbico, não só em seus componentes no lobo
temporal, mas também no fornix e no corpo
mamilar. É bem conhecida a síndrome de Korsakoff, que resulta da degeneração dos corpos
mamilares em conseqüência de alcoolismo crônico e na qual a amnésia anterógrada é o sintoma mais importante.

Outro quadro clínico em que ocorrem graves
problemas de memória é a doença de Alzheimer
(veja Capítulo 28, item 3.0), na qual há perda
gradual da memória recente, seguida, nas fases
mais avançadas, de uma completa deterioração
de todas as funções psíquicas com amnésia
total. Parece que os problemas de memória
nesta doença se devem a dois fatores principais.
Um deles, já estudado (Capítulo 28, item 3.0),
é a degeneração dos neurônios colinérgicos do
núcleo basal de Meynert. Isso leva a uma perda
das fibras colinérgicas, que exercem ação moduladora sobre a atividade dos neurônios do
sistema límbico e do neocortex relacionados
com a memória. Outro fator, provavelmente
mais importante, descoberto recentemente, é a
degeneração seletiva dc dois grupos de neurônios do sistema límbico. Um deles localiza-se
no hipocampo, nas áreas que dão origem às
principais fibras eferentes desse órgão; o outro
localiza-se na chamada área entorrinal, no giro para-hipocampal, que constitui a porta de entrada das vias que, do neocortex, se dirigem a esse
giro e daí ao hipocampo. Desse modo, essas
lesões gradualmente levam a um total isolamento do hipocampo, com conseqüências sobre a
memória que eqüivalem às que vimos acima
para os casos dc ablação do hipocampo.
Embora a participação do sistema límbico,
em especial do hipocampo e da amígdala, no
processo de consolidação da memória recente e
sua transformação cm memória remota seja
hoje geralmente aceita, não sc sabe exatamente
como isto se faz. A hipótese mais tradicional é
a apresentada acima, ou seja, a memória recente
é armazenada temporariamente no hipocampo
e na amígdala, sendo depois transferida para o
neocortex para armazenamento permanente.
Outra hipótese é que a memória recente já de
início estaria no neocortex, onde seria gradualmente consolidada c transformada cm memória
remota por ação do hipocampo e da amígdala
,
agindo através dc suas conexões com o neocortex.

24
Q

Quais os dois fatores principais relacionados a Doença de Alzheimer?

A

Outro quadro clínico em que ocorrem graves
problemas de memória é a doença de Alzheimer
(veja Capítulo 28, item 3.0), na qual há perda
gradual da memória recente, seguida, nas fases
mais avançadas, de uma completa deterioração
de todas as funções psíquicas com amnésia
total. Parece que os problemas de memória
nesta doença se devem a dois fatores principais.
Um deles, já estudado (Capítulo 28, item 3.0),
é a degeneração dos neurônios colinérgicos do
núcleo basal de Meynert. Isso leva a uma perda
das fibras colinérgicas, que exercem ação moduladora sobre a atividade dos neurônios do
sistema límbico e do neocortex relacionados
com a memória. Outro fator, provavelmente
mais importante, descoberto recentemente, é a
degeneração seletiva dc dois grupos de neurônios do sistema límbico. Um deles localiza-se
no hipocampo, nas áreas que dão origem às
principais fibras eferentes desse órgão; o outro
localiza-se na chamada área entorrinal, no giro para-hipocampal, que constitui a porta de entrada das vias que, do neocortex, se dirigem a esse
giro e daí ao hipocampo. Desse modo, essas
lesões gradualmente levam a um total isolamento do hipocampo, com conseqüências sobre a
memória que eqüivalem às que vimos acima
para os casos dc ablação do hipocampo.
Embora a participação do sistema límbico,
em especial do hipocampo e da amígdala, no
processo de consolidação da memória recente e
sua transformação cm memória remota seja
hoje geralmente aceita, não sc sabe exatamente
como isto se faz. A hipótese mais tradicional é
a apresentada acima, ou seja, a memória recente
é armazenada temporariamente no hipocampo
e na amígdala, sendo depois transferida para o
neocortex para armazenamento permanente.
Outra hipótese é que a memória recente já de
início estaria no neocortex, onde seria gradualmente consolidada c transformada cm memória
remota por ação do hipocampo e da amígdala
,
agindo através dc suas conexões com o neocortex.

25
Q

Qual a implicação resultante das áreas encefálicas relacionadas com o comportamento emocional e
mútua regulação das atividades viscerais através do sistema nervoso autônomo?

A

Do que foi exposto, verifica-se que as áreas
encclalicas relacionadas com o comportamento
emocional ocupam territórios muito amplos do
telencéfalo c do diencéfalo, nos quais sc encontram as estruturas que integram o sistema límbico. a área pré-frontal e o hipotálamo. Além de
sua participação nos fenômenos emocionais,
estas áreas regulam as atividades viscerais através do sistema nervoso autônomo. Verificou-se,
assim, que estimulações elétricas em várias
áreas do hipotálamo, da área pré-frontal ou do
sistema límbico determinam manifestações viscerais diversas, tais como salivação, sudorese,
dilatação pupilar, modificações do ritmo cardíaco ou respiratório. O fato de que as mesmas
áreas cnccfalicas que regulam o comportamento emocional também regulam o sistema nervoso autônomo sc torna mais significativo sc considerarmos que as emoções sc expressam cm
grande parte através de manifestações viscerais
(choro no homem, aumento de salivação e criçar dos pêlos em um gato com raiva) e são
geralmente acompanhadas de alterações da
pressão arterial, do ritmo cardíaco ou do ritmo
respiratório. Torna-se mais fácil entender, também, que muitos distúrbios emocionais resultam em afecções viscerais, sendo um exemplo
clássico o caso das úlceras gástricas e duodenais. Estas inclusive podem ser provocadas por
estimulações crônicas do hipotálamo.
Merece consideração especial o problema
das localizações funcionais no hipotálamo, sistema límbico e na área pré-frontal. Essas localizações, de um modo geral, são pouco precisas
e, no que se refere às manifestações viscerais,
são muito menos precisas do que as existentes
em áreas relacionadas com a regulação de
funções somáticas.

26
Q

Qual a diferença do funcionamento do hipotálamo e do sistema límbico? Quais as consequências?

A

No hipotálamo pode-se distinguir uma área predominantemente simpática
(hipotálamo posterior) e outra predominantemente parassimpática (hipotálamo anterior); o
mesmo não ocorre na área pré-frontal ou no
sistema límbico. Com eleito, estimulações em
uma determinada área límbica podem resultar
inicialmente em hipertensão seguida de hipotensão. Lesões ou estimulações de uma mesma
área podem resultar em fenômenos muito diferentes, como diminuição da agressividade e
aumento da atividade sexual. Por outro lado, o
mesmo tipo de fenômeno, como aumento da
agressividade, pode resultar de lesões em territórios diferentes e, às vezes, distantes, como o
núcleo ventral medial do hipotálamo e a área
septal. Admite-se que isto se deva ao fato de que
a regulação de muitos tipos dc comportamento
c atividades viscerais depende não de áreas
isoladas e estanques, mas de circuitos que podem envolver áreas muito distantes.
A propósito das localizações funcionais no
hipotálamo e no sistema límbico, cabe uma
referência às experiências de auto-estimulação
que permitiram a localização dc “áreas do prazer” no cérebro. Estas experiências foram realizadas pela primeira vez por Olds e Milner cm
ratos nos quais foram implantados cronicamente eletrodos em várias partes do cérebro.
Pressionando uma alavanca, os animais podiam
estimular elctricamcnte uma determinada área
do próprio cérebro, havendo ainda um dispositivo capaz de registrar automaticamente o número de estimulações por minuto. Com este
método, verificou-se que os animais evitam estimular determinadas áreas do cérebro (áreas de punição), mas estimulam com uma freqüência
muito alta um grande número de áreas (áreas
de recompensa), onde, segundo se admite, a
estimulação resulta em prazer para o animal. O
número de estimulações em algumas áreas
atinge 8.000 por hora, ocupando todo o tempo
do animal, que deixa de ingerir água ou alimento estimulando-se até a exaustão. Com esta técnica, verificou-se que as áreas de recompensa
são em número muito maior do que as áreas de
punição, localizando-se principalmente no sistema límbico e no hipotálamo. Entre as áreas
que determinam estimulações com freqüência
mais elevada destacam-se a área septal e as
regiões percorridas pelo feixe prosencefálico
mediai. De um modo geral, as áreas de recompensa do cérebro correspondem às áreas relacionadas com os processos motivacionais primários, como a fome, a sede e o sexo. Com base
nisto, admite-se que a auto-estimulação causaria nos animais uma sensação de prazer que
seria semelhante à sentida quando o animal
satisfaz sua fome, sua sede ou sua necessidade
sexual. Esta hipótese foi em parte confirmada
em experiências de auto-estimulação realizadas
em pacientes humanos, como tentativa de tratamento de doenças mentais.

27
Q

Quais as características do sistema límbico pelo ponto de vista neuroquímico?

A

Do ponto de vista neuroquímico, as áreas
encefálicas relacionadas com o comportamento
emocional são muito importantes porque apresentam enorme diversidade de substâncias ativas, destacando-se os peptídeos, os opiáceos e
as monoaminas, estas, como já foi visto, originadas em grande parte de neurônios do tronco
encefálico. A riqueza dessas áreas em monoaminas, em especial, noradrenalina, serotonina
c dopamina, é muito significativa, tendo em
vista que muitos medicamentos usados em psiquiatria para tratamento de distúrbios do comportamento e da afetividade agem modificando
o teor de monoaminas cerebrais. Sabe-se também que muitos neurônios do hipotálamo e do
sistema límbico possuem receptores para hormônios circulantes, em especial hormônios
sexuais, que, assim, são capazes de modular a
atividade desses neurônios e influenciar os processos emocionais e motivacionais que eles regulam.
Pesquisas recentes indicam também que
substâncias ativas presentes no sistema límbico,
como algumas monoaminas e o opióide endógeno beta-endorfina, exercem uma ação moduladora sobre a memória, podendo facilitar ou
inibir o processo de memorização*.