SP1 - MEDLAB Flashcards

1
Q

Qual a relação entre a aterosclerose e as doenças vasculares?

A

A aterosclerose é a base da patogenia das doenças vasculares periféricas, cerebral e coronariana, refletindo os óbitos causados pela doença cardíaca isquêmica.

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2
Q

Como se comporta a aterosclerose?

A

A aterosclerose é uma condição caracterizada por lesões da camada íntima das artérias, chamadas ateromas (também chamadas de placas ateromatosas ou ateroscleróticas). Uma placa ateromatosa consiste em uma lesão elevada com centro mole e grumoso de lipídios (principalmente colesterol e ésteres do colesterol), coberta por uma capa fibrosa, que faz protusão na luz do vaso. Além da obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, as placas ateroscleróticas podem se romper, levando à catastrófica trombose vascular obstrutiva.As placas ateroscleróticas também podem aumentar a distância de difusão da luz para a média, levando a lesões isquêmicas e ao enfraquecimento das paredes dos vasos, alterações que podem resultar na formação de aneurismas.

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3
Q

Quais os fatores de risco para a aterosclerose?

A

A probabilidade de desenvolver a aterosclerose é determinada pela combinação de fatores de riscos. Que dividem-se em:
1. Não modificáveis (Constitucionais):
- Anormalidades genéticas (mutações dos genes receptores do LDL);
- Histórico familiar;
- Idade avançada;
- Gênero masculino.

  1. Modificáveis:
    - Hiperlipidemia;
    - Hipertensão;
    - Tabagismo;
    - Diabetes;
    - Inflamação.
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4
Q

O colesterol, assim como outros lipídeos, não é muito solúvel em soluções aquosas, como o plasma. Por essa razão, quando o colesterol da dieta é absorvido pelo trato digestório, ele combina-se com lipoproteínas, que o tornam mais solúvel. Os médicos geralmente se preocupam com duas destas lipoproteínas: complexos de colesterol lipoproteína de alta densidade (C-HDL) e complexos de colesterol lipoproteína de baixa densidade (C-LDL). O C-HDL é a forma mais desejável de colesterol no sangue, pois altos níveis de HDL estão associados com menor risco de doença coronariana, já que é um complexo que mobiliza o colesterol da periferia (incluindo ateromas) e o transporta até o fígado, para excreção biliar. Algumas vezes, o C-LDL é chamado de colesterol “ruim”, uma vez que os níveis plasmáticos elevados de C-LDL estão associados à doença cardíaca coronariana. Entretanto, níveis normais de C-LDL não são ruins, pois o LDL é necessário para o transporte de colesterol para dentro das células para produção de membranas celulares ou de hormônios esteroides. Por que níveis plasmáticos excessivos de C-LDL levam à aterosclerose?

A

De maneira geral, as células endoteliais que revestem as artérias transportam C-LDL para o espaço extracelular, de modo que ele se acumula sob a íntima.

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5
Q

Como o histórico familiar predispõe a aterosclerose?

A
  • Hipercolesterolemia familiar;
  • A pré-disposição familiar bem estabelecida para aterosclerose e doenças cardíacas isquêmicas é, geralmente, poligênica, e é relacionada a outros fatores de risco também estabelecidos, como a hipertensão ou diabetes, ou a variantes hereditárias, que influenciam outros processos fisiopatológicos, como as inflamações.
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6
Q

Como a idade se relaciona com a aterosclerose?

A

O desenvolvimento da placa aterosclerótica é um processo tipicamente progressivo, e ela se manifesta clinicamente quando as lesões alcançam o limite da meia idade ou uma idade mais avançada.

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7
Q

Como o gênero se relaciona com a aterosclerose?

A

As mulheres em pré-menopausa são relativamente protegidas contra aterosclerose e suas consequências, em comparação aos homens de idade correspondente. Desse modo, o infarto do miocárdio e outras complicações da aterosclerose são incomuns nas mulheres em pré-menopausa, a menos que elas tenham pré-disposição para diabetes, hiperlipidemia ou hipertensão grave. Depois da menopausa, contudo, a incidência de doenças relacionadas com a aterosclerose em mulheres aumenta e, em idades mais altas, realmente excede a dos homens.

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8
Q

V ou F
A hiperlipidemia (mais especificamente hipercolesterolemia) é um dos principais fatores de risco da aterosclerose; mesmo na ausência de outros fatores de risco, a hipercolesterolemia é suficiente para iniciar o desenvolvimento de uma lesão.

A

Verdadeiro.

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9
Q

V ou F
O diabetes melito induz hipercolesterolemia e aumenta acentuadamente o fator de risco para aterosclerose.

A

Verdadeiro.No diabetes, as células que não podem utilizar glicose começam a utilizar as gorduras e proteínas para obter energia. O corpo degrada a gordura em ácidos graxos e libera-os no sangue. Os níveis plasmáticos de colesterol também estão elevados.

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10
Q

Como a inflamação está relacionada com a aterosclerose?

A

A inflamação está presente durante todos os estágios da aterogênese e está intimamente relacionada com formação da placa aterosclerótica e sua ruptura

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11
Q

Explique como ocorre a patogenia da aterosclerose e como se configuram os ateromas

A

De acordo com a hipótese de “resposta à lesão”, a aterosclerose seria uma resposta crônica inflamatória e reparativa da parede arterial à lesão e à disfunção endotelial. As duas causas mais importantes de lesão e disfunção endotelial são os desequilíbrios hemodinâmicos e a hipercolesterolemia, mas há também citocinas inflamatórias, as toxinas do cigarro, a diabetes e a hipertensão. Os ateromas são lesões dinâmicas que consistem em acúmulo e oxidação de lipídios, células endoteliais disfuncionais, células musculares lisas proliferadas, além de linfócitos e macrófagos misturados. Todos os quatro tipos de células são capazes de liberar mediadores que podem influenciar a aterogênese.

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12
Q

Quais os mecanismos pelos quais a hiperlipidemia, em especial a hipercolesterolemia, contribui para a aterogênese?

A

Com a hiperlipidemia crônica, as células endoteliais que revestem as artérias transportam C-LDL para o espaço extracelular, de modo que ele se acumula sob a íntima. Isso pode comprometer diretamente a função das células endoteliais por aumento da produção de espécies reativas de oxigênio local, além de causar lesões na membrana e na mitocôndria. Com a função endotelial comprometida, há aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos, plaquetas e recrutamento de monócitos circulatórios e células T, com subsequente liberação de citocinas e fatores de crescimento pelas células inflamatórias, acarretando migração e proliferação das células musculares lisas e a ativação macrofágica. Macrófagos ativos e células musculares lisas englobam os lipídeos modificados (LDL oxidado), formando as células espumosas (estria gordurosa), além de mais liberação de fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas, criando círculos viciosos de recrutamento e ativação de monócitos.

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13
Q

Qual o papel dos desequilíbrios hemodinâmicos na aterogênese?

A

As placas tendem a se formar em locais onde existem padrões de fluxo desordenados, como os turbulentos, que ocorrem formar nos óstios de saída dos vasos, pontos de ramificação e por toda a parede posterior da aorta abdominal. Estudos in vitro mostraram que o fluxo laminar não turbulento leva à expressão de genes endoteliais, cujos produtos (p. ex., a antioxidante superóxido dismutase) realmente protege contra aterosclerose. Tais genes “ateroprotetores” poderiam explicar a localização não aleatória das lesões iniciais ateroscleróticas.

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14
Q

Explique como a inflamação crônica contribui com o início e progressão das lesões ateroscleróticas.

A

Muitas lesões da aterosclerose são atribuídas a reações a inflamações crônicas nas paredes dos vasos. Acredita-se que a inflamação seja desencadeada pelo acúmulo de cristais de colesterol e ácidos graxos livres que são reconhecidos como materiais anormais pelos macrófagos e células T. O resultado final da ativação dos macrófagos e das células T é a produção local de citocinas e quimiocinas que recrutam e ativam mais células inflamatórias.
-> Os macrófagos ativados produzem espécies reativas de oxigênio que aumentam a oxidação da LDL e elaboram fatores de crescimento que estimulam a proliferação de células musculares lisas;
-> As células T ativadas nas lesões da íntima em crescimento elaboram citocinas inflamatórias, por exemplo, o interferon-γ, que pode, por sua vez, estimular os macrófagos, bem como as células endoteliais e as células musculares lisas;
-> Tais leucócitos, juntamente com as células endoteliais e musculares lisas, liberam fatores de crescimento que promovem a proliferação de células musculares lisas e a síntese de proteínas da matriz extracelular.

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15
Q

Quais os dois processos fundamentais da aterosclerose e sua progressão?

A

Os processos fundamentais na aterosclerose são o espessamento da íntima e o acúmulo de lipídios, que em conjunto formam a placa.

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16
Q

Quais são os três componentes principais das placas ateroscleróticas?

A

As placas ateroscleróticas têm três componentes principais: (1) células musculares lisas, macrófagos e
células T; (2) matriz extracelular, incluindo colágeno, fibras elásticas e proteoglicanas; e (3) lipídios intra (das células espumosas) e extracelulares (da morte das células espumosas) .Esses componentes ocorrem em proporções e configurações variáveis em diferentes lesões. Caracteristicamente, há uma capa fibrosa superficial composta por células musculares lisas e colágeno relativamente denso. Abaixo da capa e ao lado dela (o “ombro”), há uma área mais celular contendo macrófagos, linfócitos T e células musculares lisas. Profundamente à capa fibrosa, há um centro (núcleo) necrótico que contém lipídios (primariamente colesterol e ésteres do colesterol), restos de células mortas, células espumosas (macrófagos e células musculares lisas contendo lipídios). As placas, em geral, continuam a mudar e aumentam de volume progressivamente pela morte e degeneração das células, síntese e degradação (remodelamento) da matriz extracelular e organização de qualquer trombo superposto. Além disso, os ateromas costumam sofrer calcificação.

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17
Q

Como ocorre a sequência de interações celulares na aterosclerose?

A
  1. Hiperlipidemia, desequilíbrios hemodinâmicos, inflamação, hiperglicemia, hipertensão, toxinas do cigarro, entre outros causam lesão e disfunção endotelial;
  2. Isso irá causar (entre outras coisas) aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos (plaquetas) e recrutamento de monócitos circulatórios e células T, que irão reconhecer o LDL como substâncias estranhas. Assim se ativam e liberam citocinas e fatores de crescimento acarretando, ativação de macrófagos e migração e proliferação das células musculares lisas;
  3. Macrófagos e células musculares lisas englobam os lipídeos modificados (LDL oxidado), formando as células espumosas (estria gordurosa); A morte/degeneração dessas células espumosas libera lipídios extracelulares e restos necróticos;
  4. Em resposta às citocinas e quimiocinas elaboradas pelos macrófagos, linfócitos T, celulas endoteliais, células musculares lisas e espumosas, células musculares lisas migram para a íntima, proliferam e produzem matriz extracelular, incluindo colágeno e proteoglicanas (que estabiliza a placa aterosclerótica) convertendo a estria gordurosa em ateroma maduro (placa bem desenvolvida), por meio da capa fibrosa. Caracteristicamente, há uma capa fibrosa superficial composta por células musculares lisas e colágeno relativamente denso. Abaixo da capa e ao lado dela (o “ombro”), há uma área mais celular contendo macrófagos, linfócitos T e células musculares lisas. Profundamente à capa fibrosa, há um centro (núcleo) necrótico que contém lipídios (primariamente colesterol e ésteres do colesterol), restos de células mortas, células espumosas (macrófagos e células musculares lisas contendo lipídios). As placas, em geral, continuam a mudar e aumentam de volume progressivamente pela morte e degeneração das células, síntese e degradação (remodelamento) da matriz extracelular e organização de qualquer trombo superposto. Além disso, os ateromas costumam sofrer calcificação.
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18
Q

Quais as principais consequências da aterosclerose?

A

O infarto do miocárdio (ataque cardíaco), o infarto cerebral (acidente vascular cerebral), os aneurismas da aorta e a doença vascular periférica (gangrena dos membros inferiores) são as principais consequências da aterosclerose. As grandes artérias elásticas (p. ex., aorta, carótida e ilíaca) e as artérias musculares de grande e médio calibres (p. ex., coronárias e poplíteas) são os principais alvos da aterosclerose.

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19
Q

Caracterize a estenose aterosclerótica

A

Com o crescimento progressivo da placa, essa pode gradualmente ocluir a luz das pequenas artérias, gerando a estenose. No estágio inicial da estenose, o remodelamento da camada média vascular tende a manter o tamanho da luz. Contudo, há limites do grau de remodelamento e, por fim, o ateroma em expansão oclui a luz a um ponto em que há comprometimento do fluxo sanguíneo. A estenose crítica é o estágio em que a oclusão é severa o suficiente para produzir isquemia tecidual. isto acontece tipicamente quando a oclusão produz uma diminuição de 70% na área de secção transversal da luz; com este grau de estenose, pode-se desenvolver dor no peito por esforço (a chamada angina estável). Embora a ruptura da placa aguda seja a evolução mais perigosa, são consequências da estenose com restrição de fluxo, devido à diminuição crônica da perfusão arterial: oclusão mesentérica e isquemia intestinal, morte súbita cardíaca, doença cardíaca isquêmica crônica, encefalopatia isquêmica e claudicação intermitente (perfusão diminuída nas extremidades). Os efeitos da oclusão vascular finalmente dependem do suprimento arterial e da demanda metabólica do tecido afetado.

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20
Q

Quais as possíveis alterações agudas das placas ateroscleróticas?

A

Ruptura, ulceração ou erosão da superfície de placas ateromatosas expõem substâncias altamente trombogênicas, acarretando trombose, podendo ocluir parcial ou totalmente a luz vascular ou embolizar. A trombose parcial ou total sobreposta à ruptura de uma placa é um fator central nas síndromes coronarianas agudas. Já é sabido que as placas que são responsáveis pelo infarto do miocárdio e outras síndromes coronárias agudas geralmente são assintomáticas antes da alteração aguda. Desse modo, estudos clínicos e patológicos mostram que a maioria das placas que passam por ruptura abrupta e oclusão coronariana apresentou anteriormente apenas uma estenose leve a moderada da luz não importante. As conclusões preocupantes são que um grande número de adultos assintomáticos pode estar correndo risco de um evento coronariano catastrófico.

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21
Q

Quais os eventos que desencadeiam as mudanças abruptas nas placas e na trombose subsequente?

A

As placas se rompem quando elas não podem suportar o estresse mecânico gerado pelas forças de cisalhamento vascular. Os eventos que desencadeiam as mudanças abruptas nas placas e na trombose subsequente são complexos e incluem fatores intrínsecos (p. ex., estrutura e composição de placas) e elementos extrínsecos (p. ex., pressão arterial, reatividade plaquetária, espasmos vasculares).

22
Q

Caracterize os fatores intrínsecos que podem levar a ruptura de uma placa

A

A composição da placa é dinâmica e pode contribuir para o risco de ruptura. A capa fibrosa passa por remodelamento contínuo que pode estabilizar a placa, ou de modo inverso, deixá-la mais suscetível a rupturas. Desse modo, as placas que contêm grandes áreas de células espumosas, de lipídios extracelulares, e aquelas nas quais as cápsulas fibrosas são finas ou contêm poucas células musculares lisas, ou têm agrupamentos de células inflamatórias, têm mais probabilidade de ruptura por degradação ou pouca produção de colágeno, sendo denominadas “placas vulneráveis” ou instáveis. As placas estáveis têm cápsulas fibrosas de colágeno mais densas e espessas com inflamação mínima e acúmulo mínimo de lipídeos.

23
Q

Caracterize os fatores extrínsecos que podem levar a ruptura de uma placa

A

Os fatores extrínsecos incluem pressão arterial, reatividade plaquetária, espasmos vasculares.

A elevada pressão arterial aumenta a tensão física na placa, assim como a vasoconstrição. A estimulação
adrenérgica pode aumentar a pressão arterial sistêmica ou induzir vasoconstrição local, aumentando assim as tensões físicas em uma placa. Na verdade, a estimulação adrenérgica associada ao ato de despertar e levantar pode causar aumentos na pressão arterial (seguidos de aumento da reatividade plaquetária) que estão casualmente atribuídos à periodicidade circadiana pronunciada para o surgimento de infartos agudos do miocárdio (picos entre 6 h e meio-dia). Estresse emocional intenso também pode contribuir para a ruptura da placa.
A vasoconstrição em sítios de ateroma pode ser estimulada por: (1) agonistas adrenérgicos circulantes; (2) conteúdo plaquetário localmente liberado; (3) disfunção da célula endotelial com comprometimento da secreção de fatores relaxantes derivados do endotélio (óxido nítrico) relativos aos fatores de contração (endotelina), e (4) mediadores liberados das células inflamatórias perivasculares.

24
Q

Diferencie as consequências das placas estáveis e vulneráveis

A

Placas estáveis podem produzir sintomas relacionados com a isquemia crônica pelo estreitamento da luz vascular, enquanto as placas instáveis podem causar complicações isquêmicas potencialmente fatais relacionadas à ruptura aguda da placa, trombose ou embolização.

25
Q

V ou F e explique
É importante observar que nem todas as rupturas de placas resultam em tromboses oclusivas com
consequências catastróficas. Na verdade, a ruptura de placas, a agregação plaquetária superficial e a trombose que se seguem provavelmente são complicações comuns, repetitivas e muitas vezes clinicamente silenciosas do ateroma. O reparo das rupturas subclínicas das placas — e a reabsorção dos trombos sobrejacentes — é um importante mecanismo de crescimento das lesões ateroscleróticas.

A

Verdadeiro. Os efeitos da oclusão vascular finalmente dependem do suprimento arterial e da demanda metabólica do tecido afetado.

26
Q

Caracterize a aglutinação plaquetária

A

Com a lesão da parede vascular ou por mecanismos patogênicos, as plaquetas inativas livres circulantes no plasma, as plaquetas se ligam ao colageno do subendotélio, se ativando, ou também podem ser ativadas pela trombina ou ADP. Isso indica uma série de reações que elevam os níveis de cálcio e diminui os níveis de AMPc dentro da plaqueta. Assim, haverá a ativação da síntese de tromboxano A2 e sua liberação no plasma. O tromboxano A2 funciona como uma molécula sinalizadora que irá se ligar ao receptores da membrana externa das plaquetas circulantes vizinhas. Dessa forma, as plaquetas previamente dormentes se tornam ativadas e iniciam a aglutinação.

27
Q

Caracterize a síntese do tromboxano A2

A

A ativação da plaqueta resulta na ativação das fosfolipases transformam os fosfolipídeos da membrana da plaqueta em ácido araquidônico. O ácido araquidônico é convertido inicialmente em prostaglandina H2 pela COX-1. A prostaglandina H2 é metabolizada a tromboxano A2, que é liberado no plasma. O tromboxano A2 promove o processo de aglutinação, que é essencial para a rápida formação do tampão hemostático.

28
Q

Descreva o mecanismo de ação dos antiagregantes plaquetários/inibidores plaquetários/inibidores da aglutinação plaquetária, especialmente o ácido acetilsalicílico (AAS)

A

Os antiagregantes plaquetários/inibidores plaquetários/inibidores da aglutinação plaquetária interferem no sinal que promove a aglutinação plaquetária. O ácido acetilsalicílico (AAS) inibe a síntese do tromboxano A2, por meio da acetilação da enzima COX-1 da plaqueta, inativando irreversivelmente tal enzima. A supressão do tromboxano A2 e a consequente supressão da aglutinação das plaquetas persistem por toda a vida da plaqueta, de 7 a 10 dias. O AAS é o único fármaco antiplaquetário que inibe irreversivelmente a função das plaquetas.

29
Q

Caracterize o manejo do AAS no IAM

A

A ativação de plaquetas é considerada um processo essencial na trombose arterial. Então o AAS pode ser usado para reduzir a incidência de IAM recorrente, para diminuir a mortalidade nas situações de prevenção do IAM primário e secundário e a angina. Também é usado no protocolo IAM após escolha de terapia de reperfusão (trombólise ou angioplastia).

30
Q

Caracterize de maneira sucinta a cascata de coagulação sanguínea

A

A cascata de coagulação permite a formação do coágulo de fibrina pela ação da trombina sobre o fibrinogênio. Há dois sistemas para a formação da trombina: intrínseca e extrínseca. Essas vias interagem, transformando os fatores plasmáticos (pro-enzimas) em suas formas ativas (enzimas, assinaladas pela letra ‘a’).

Intrínseca:
-> quando o sangue entra em contato com o colágeno na parede lesada de um vaso sanguíneo, há a ativação do fator de coagulação Xll, o que inicialmente o sistema intrínseco;

Extrínseca:
-> a exposição do fator tecidual de um vaso lesionado ao sangue, permite que ele se ligue e ative o fator de coagulação Vll, iniciando o sistema extrínseco.

A interação dos sistema produz o fator de coagulação Xa, que ia transformar a protrombina (fator de coagulação ll) em trombina (fator de coagulação lla).

31
Q

Caracterize os inibidores endógenos da coagulação

A

É importante que a coagulação fique restrita ao local da lesão vascular. Endogenamente, existem vários inibidores dos fatores de coagulação, como a antitrombina lll. Na ausência de fármacos, a antitrombina lll inativa lentamente os fatores de coagulação Xa e trombina (lla)

32
Q

Caracterize a ação da heparina

A

Anticoagulante/antitrombínico injetável de ação rápida, a heparina liga-se à antitrombina lll, inativando os fatores de coagulação Xa e trombina (lla) cerca de 1000 vezes mais rápido. Assim, a heparina é utilizada com frequência para interferir agudamente na formação e expansão de trombos.

33
Q

Qual o uso terapêutico da heparina?

A

É indicado para profilaxia das tromboses arteriovenosas e da embolia pulmonar. Como a trombose arterial está intimamente ligada ao IAM, a heparina pode auxiliar. Além disso, após tratamento trombolítico do IAM estabelecido, a heparina também pode ser usada.

34
Q

Qual a função de medicamentos como antiagregantes plaquetários (e.g.: ácido acetilsalicílico (Aspirina®)) e anticoagulantes (e.g.: heparina) no manejo de pacientes em risco para IAM?

A

Sabe-se que a trombose arterial está intimamente relacionada com as SCA, incluindo o infarto. Nesse sentido, é necessário agentes que possam interferir no processo de trombose arterial:

Como a aglutinação plaquetária é um processo essencial na trombose arterial, o AAS pode ser utilizado para profilaxia do IAM, já que ele inibe a síntese do tromboxano A2, sinalizador essencial para ativação e agregação de plaquetas. O AAS também pode ser utilizado no IAM já estabelecido após a escolha de terapia de reperfusão (trombólise ou angioplastia)

Os anticoagulantes como a heparina impedem a formação de um coágulo ao inibir os fatores de coagulação (Xa e lla) que levam a formação de fibrina, componente da rede matricial do coágulo. Assim, a heparina pode ser utilizada na profilaxia de tromboses arteriovenosas e após tratamento trombolítico de um IAM já estabelecido.

35
Q

Por qual razão pacientes diabéticos apresentam um maior risco de IAM?

A

O diabetes aumenta o risco de IAM devido sua relação com o processo de formação de placas de ateroma:

No diabetes, as células que não podem utilizar glicose começam a utilizar as gorduras e proteínas para obter energia. O corpo degrada a gordura em ácidos graxos e libera-os no sangue. Os níveis plasmáticos de colesterol também estão elevados. Além disso, a hiperglicemia pode causar disfunção endotelial e distúrbios da coagulação. Tudo isso irá contribuir para o desenvolvimento da aterosclerose e da trombose, que estão intimamente ligadas ao IAM.

36
Q

Quais as abordagens terapêuticas para o IAM?

A
  • Reperfusão (trombólise ou angioplastia);
  • Prevenção de trombose (antiagregantes plaquetários, como AAS; e anticoagulantes/antitrombínicos, como hepearina);
  • Promover vasodilatação/antiisquêmicos: nitratos, bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores e inibidores da ECA;
  • Tratar e prevenir as complicações da isquemia/necrose: betabloqueadores e antiarrítmicos;
  • Reduzir a chance de recorrência: repouso, controle da PA, betabloqueadores e prevenção de trombose.
37
Q

Descreva de maneira simples o mecanismo fisiopatológico da liberação de biomarcadores cardíacos no diagnóstico do infarto.

A

Quando células miocárdicas morrem, elas se rompem e liberam seu conteúdo. Essa é a base para o papel de todos os biomarcadores cardíacos no diagnóstico de IM. Em presença de oxigênio suficiente, o piruvato pode ser metabolizado a CO2. Quando o oxigênio está ausente, o piruvato é convertido em lactato. Sob condições isquêmicas, o lactato, o novo produto final da via, acumula nas células do músculo e causa dano às membranas celulares com seu pH baixo, causando ruptura da célula e perda do conteúdo celular. Assim, as substâncias que eram para estar dentro da célula agora encontram-se fora, levantando fortemente a hipótese que houve algum tipo de lesão celular naquele tecido.

38
Q

Quais substâncias podem ser liberadas numa lesão do miocárdio?

A

*Íons (como o potássio)
*Metabólitos (como lactato, adenosina)
*Macromoléculas (proteínas e enzimas cardíacas)

39
Q

Quais são os 3 biomarcadores cardíacos clássicos?

A

Troponina T e I;
Creatina-quinase cardíaca (CKMB);
Mioglobina.

40
Q

V ou F
A Sociedade Brasileira de Cardiologia preconiza que, no processo investigativo de IAM, devem ser usados pelo menos dois biomarcadores: um precoce (mioglobina e CKMB) e outro tardio definitivo (troponinas)

A

Verdadeiro.

41
Q

Onde está presente cada biomarcador cardíaco no miocárdio saudável?

A
  1. A troponina faz parte do aparelho de contração cardíaca regulando a interação entre a actina e a miosina;
  2. A CKMB encontra-se no núcleo e na mitocôndria;
  3. A mioglobina encontra-se no citoplasma.
42
Q

Caracterize a troponina e sua atuação como biomarcador cardíaco no Infarto Agudo do Miocárdio

A

*É uma proteína muscular estrutural que, juntamente com a tropomiosina, regula a interação entre a actina e miosina no processo de contração muscular e que em situações normais, não estão presentes na circulação sanguínea.

*As troponinas T e l são cardioespecíficas e consideradas o padrão ouro no diagnóstico de IAM, devendo-se considerar que elas podem se elevar diante de pequenos (micro)infartos, mesmo em ausência de elevação da CK-MB.

*A concentração de troponinas aumenta em poucas horas após o aparecimento dos sintomas (cerca de 20x o valor basal) e permanece elevada por 1 ou 2 semanas. Esta característica permite tanto o diagnóstico precoce quanto tardio. Portanto, sua aplicação tem se estendido desde o diagnóstico de IAM até a estratificação do risco e prognóstico, bem como intervenções terapêuticas em terapias de síndromes coronarianas agudas.
T.I:
Início: 4-6h
Pico: 12h
Normalização: de 3 a 10 dias

T.T:
Início: 3h-12h
Pico: 24h
Normalização: 12 a 14 dias.

43
Q

Caracterize a CKMB e sua atuação como biomarcador cardíaco no Infarto Agudo do Miocárdio

A

*A Creatino-Quinase (CK) é uma enzima responsável pela transferência de grupos de alta energia, como o ATP, podendo-se encontrá-la no músculo esquelético, cardíaco e cerebral.
*A Creatino-Quinase Cardíaca (CKMB) é uma enzima CK cardioespecífica e representa 30% da CK total no coração.
*Para identificar se o aumento da CK-MB é de origem cardíaca ou esquelética, foi sugerida a utilização da proporção de CK-MB para CK total (CKMB/CK). Se essa proporção for > 6% sugere fortemente origem cardíaca, de modo contrário, valores elevados de CK-MB com uma proporção de CK-MB/CK < 6% sugere lesão musculoesquelética.
Níveis elevados no IAM, rabdomiólise, insuficiência renal aguda, miocardite.
Inicio: entre 3 e 12h
Pico: entre 10 e 24h
Normalização: 3 a 4 dias

Vantagens: dosagem rápida e melhor custo-eficiência, bom para diagnóstico de reinfarto precoce

44
Q

Caracterize a mioglobina, sua atuação como biomarcador cardíaco no Infarto Agudo do Miocárdio e suas vantagens e desvantagens

A

*Proteína ligadora de O2 presente nos músculos estriado cardíaco e esquelético;
*Pouco específica em relação ao Infarto Agudo do Miocárdio;
*Atua como marcador inicial do IAM pois é o primeiro que aparece, sua concentração no sangue sobe muito precocemente, cerca de 2 horas após os sintomas. É também o primeiro que desaparece.
Início: 2-3h
Pico: 6-9h
Normalização: 18h-24h

Vantagens: detecção precoce de IAM (<12h), detecção de reperfusão
Desvantagens: rápido retorno ao normal

45
Q

V ou F
As troponinas apresentam longa permanência no plasma.

A

Verdadeiro.

46
Q

V ou F
Embora troponinas sejam consideradas marcadores muito específicos no diagnóstico de IAM, elas podem aumentar também em outras patologias cardiovasculares, como miocardites, tromboembolismo pulmonar e derrame ou em condições não cardíacas como sepses graves e trauma.

A

Verdadeiro.

47
Q

Considere o texto a seguir para julgar as afirmativas abaixo e escolher a alternativa correta.
Considerando o gráfico da concentração sérica dos biomarcadores cardíacos, um idoso de 55 anos tem diagnóstico de infarto mas por imperícia médica não recebe tratamento adequado e volta à emergência com uma forte dor no peito 30h depois de ter infartado pela primeira vez.

l. A mioglobina não poderá ser utilizada para detecção de reinfarto
ll. CK-MB e troponinas poderiam ser utilizadas para detectar reinfarto

a) I e ll são falsas
b) apenas l é verdadeira
c) apenas ll é verdadeira
d) l e ll são verdadeiras

A

letra d).
30h depois do primeiro infarto, a mioglobina já teria se normalizado e os marcadores CKMB e troponina estariam em decréscimo. Assim, havendo um segundo infarto, as curvas descrescentes ascenderiam novamente.

48
Q

O gráfico abaixo representa a evolução da concentração sérica dos biomarcadores cardíacos. Relacione cada curva no gráfico com um tipo de biomarcador = CKMB, Troponina, Mioglobina.

A

Vermelho = Troponina
Azul = CK-MB
Roxo = Mioglobina

49
Q

V ou F
As troponinas e CKMB são mais utilizadas para o diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio do que a mioglobina.

A

Verdadeiro.

50
Q

Qual a especificidade tecidual e a janela diagnóstica dos biomarcadores de IAM?

A

Troponina l: absoluta; - intermediária
CKMB: alta; - precoce;
Mioglobina: média - precoce.