SP1 - MEDLAB Flashcards
Qual a relação entre a aterosclerose e as doenças vasculares?
A aterosclerose é a base da patogenia das doenças vasculares periféricas, cerebral e coronariana, refletindo os óbitos causados pela doença cardíaca isquêmica.
Como se comporta a aterosclerose?
A aterosclerose é uma condição caracterizada por lesões da camada íntima das artérias, chamadas ateromas (também chamadas de placas ateromatosas ou ateroscleróticas). Uma placa ateromatosa consiste em uma lesão elevada com centro mole e grumoso de lipídios (principalmente colesterol e ésteres do colesterol), coberta por uma capa fibrosa, que faz protusão na luz do vaso. Além da obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, as placas ateroscleróticas podem se romper, levando à catastrófica trombose vascular obstrutiva.As placas ateroscleróticas também podem aumentar a distância de difusão da luz para a média, levando a lesões isquêmicas e ao enfraquecimento das paredes dos vasos, alterações que podem resultar na formação de aneurismas.
Quais os fatores de risco para a aterosclerose?
A probabilidade de desenvolver a aterosclerose é determinada pela combinação de fatores de riscos. Que dividem-se em:
1. Não modificáveis (Constitucionais):
- Anormalidades genéticas (mutações dos genes receptores do LDL);
- Histórico familiar;
- Idade avançada;
- Gênero masculino.
- Modificáveis:
- Hiperlipidemia;
- Hipertensão;
- Tabagismo;
- Diabetes;
- Inflamação.
O colesterol, assim como outros lipídeos, não é muito solúvel em soluções aquosas, como o plasma. Por essa razão, quando o colesterol da dieta é absorvido pelo trato digestório, ele combina-se com lipoproteínas, que o tornam mais solúvel. Os médicos geralmente se preocupam com duas destas lipoproteínas: complexos de colesterol lipoproteína de alta densidade (C-HDL) e complexos de colesterol lipoproteína de baixa densidade (C-LDL). O C-HDL é a forma mais desejável de colesterol no sangue, pois altos níveis de HDL estão associados com menor risco de doença coronariana, já que é um complexo que mobiliza o colesterol da periferia (incluindo ateromas) e o transporta até o fígado, para excreção biliar. Algumas vezes, o C-LDL é chamado de colesterol “ruim”, uma vez que os níveis plasmáticos elevados de C-LDL estão associados à doença cardíaca coronariana. Entretanto, níveis normais de C-LDL não são ruins, pois o LDL é necessário para o transporte de colesterol para dentro das células para produção de membranas celulares ou de hormônios esteroides. Por que níveis plasmáticos excessivos de C-LDL levam à aterosclerose?
De maneira geral, as células endoteliais que revestem as artérias transportam C-LDL para o espaço extracelular, de modo que ele se acumula sob a íntima.
Como o histórico familiar predispõe a aterosclerose?
- Hipercolesterolemia familiar;
- A pré-disposição familiar bem estabelecida para aterosclerose e doenças cardíacas isquêmicas é, geralmente, poligênica, e é relacionada a outros fatores de risco também estabelecidos, como a hipertensão ou diabetes, ou a variantes hereditárias, que influenciam outros processos fisiopatológicos, como as inflamações.
Como a idade se relaciona com a aterosclerose?
O desenvolvimento da placa aterosclerótica é um processo tipicamente progressivo, e ela se manifesta clinicamente quando as lesões alcançam o limite da meia idade ou uma idade mais avançada.
Como o gênero se relaciona com a aterosclerose?
As mulheres em pré-menopausa são relativamente protegidas contra aterosclerose e suas consequências, em comparação aos homens de idade correspondente. Desse modo, o infarto do miocárdio e outras complicações da aterosclerose são incomuns nas mulheres em pré-menopausa, a menos que elas tenham pré-disposição para diabetes, hiperlipidemia ou hipertensão grave. Depois da menopausa, contudo, a incidência de doenças relacionadas com a aterosclerose em mulheres aumenta e, em idades mais altas, realmente excede a dos homens.
V ou F
A hiperlipidemia (mais especificamente hipercolesterolemia) é um dos principais fatores de risco da aterosclerose; mesmo na ausência de outros fatores de risco, a hipercolesterolemia é suficiente para iniciar o desenvolvimento de uma lesão.
Verdadeiro.
V ou F
O diabetes melito induz hipercolesterolemia e aumenta acentuadamente o fator de risco para aterosclerose.
Verdadeiro.No diabetes, as células que não podem utilizar glicose começam a utilizar as gorduras e proteínas para obter energia. O corpo degrada a gordura em ácidos graxos e libera-os no sangue. Os níveis plasmáticos de colesterol também estão elevados.
Como a inflamação está relacionada com a aterosclerose?
A inflamação está presente durante todos os estágios da aterogênese e está intimamente relacionada com formação da placa aterosclerótica e sua ruptura
Explique como ocorre a patogenia da aterosclerose e como se configuram os ateromas
De acordo com a hipótese de “resposta à lesão”, a aterosclerose seria uma resposta crônica inflamatória e reparativa da parede arterial à lesão e à disfunção endotelial. As duas causas mais importantes de lesão e disfunção endotelial são os desequilíbrios hemodinâmicos e a hipercolesterolemia, mas há também citocinas inflamatórias, as toxinas do cigarro, a diabetes e a hipertensão. Os ateromas são lesões dinâmicas que consistem em acúmulo e oxidação de lipídios, células endoteliais disfuncionais, células musculares lisas proliferadas, além de linfócitos e macrófagos misturados. Todos os quatro tipos de células são capazes de liberar mediadores que podem influenciar a aterogênese.
Quais os mecanismos pelos quais a hiperlipidemia, em especial a hipercolesterolemia, contribui para a aterogênese?
Com a hiperlipidemia crônica, as células endoteliais que revestem as artérias transportam C-LDL para o espaço extracelular, de modo que ele se acumula sob a íntima. Isso pode comprometer diretamente a função das células endoteliais por aumento da produção de espécies reativas de oxigênio local, além de causar lesões na membrana e na mitocôndria. Com a função endotelial comprometida, há aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos, plaquetas e recrutamento de monócitos circulatórios e células T, com subsequente liberação de citocinas e fatores de crescimento pelas células inflamatórias, acarretando migração e proliferação das células musculares lisas e a ativação macrofágica. Macrófagos ativos e células musculares lisas englobam os lipídeos modificados (LDL oxidado), formando as células espumosas (estria gordurosa), além de mais liberação de fatores de crescimento, citocinas e quimiocinas, criando círculos viciosos de recrutamento e ativação de monócitos.
Qual o papel dos desequilíbrios hemodinâmicos na aterogênese?
As placas tendem a se formar em locais onde existem padrões de fluxo desordenados, como os turbulentos, que ocorrem formar nos óstios de saída dos vasos, pontos de ramificação e por toda a parede posterior da aorta abdominal. Estudos in vitro mostraram que o fluxo laminar não turbulento leva à expressão de genes endoteliais, cujos produtos (p. ex., a antioxidante superóxido dismutase) realmente protege contra aterosclerose. Tais genes “ateroprotetores” poderiam explicar a localização não aleatória das lesões iniciais ateroscleróticas.
Explique como a inflamação crônica contribui com o início e progressão das lesões ateroscleróticas.
Muitas lesões da aterosclerose são atribuídas a reações a inflamações crônicas nas paredes dos vasos. Acredita-se que a inflamação seja desencadeada pelo acúmulo de cristais de colesterol e ácidos graxos livres que são reconhecidos como materiais anormais pelos macrófagos e células T. O resultado final da ativação dos macrófagos e das células T é a produção local de citocinas e quimiocinas que recrutam e ativam mais células inflamatórias.
-> Os macrófagos ativados produzem espécies reativas de oxigênio que aumentam a oxidação da LDL e elaboram fatores de crescimento que estimulam a proliferação de células musculares lisas;
-> As células T ativadas nas lesões da íntima em crescimento elaboram citocinas inflamatórias, por exemplo, o interferon-γ, que pode, por sua vez, estimular os macrófagos, bem como as células endoteliais e as células musculares lisas;
-> Tais leucócitos, juntamente com as células endoteliais e musculares lisas, liberam fatores de crescimento que promovem a proliferação de células musculares lisas e a síntese de proteínas da matriz extracelular.
Quais os dois processos fundamentais da aterosclerose e sua progressão?
Os processos fundamentais na aterosclerose são o espessamento da íntima e o acúmulo de lipídios, que em conjunto formam a placa.
Quais são os três componentes principais das placas ateroscleróticas?
As placas ateroscleróticas têm três componentes principais: (1) células musculares lisas, macrófagos e
células T; (2) matriz extracelular, incluindo colágeno, fibras elásticas e proteoglicanas; e (3) lipídios intra (das células espumosas) e extracelulares (da morte das células espumosas) .Esses componentes ocorrem em proporções e configurações variáveis em diferentes lesões. Caracteristicamente, há uma capa fibrosa superficial composta por células musculares lisas e colágeno relativamente denso. Abaixo da capa e ao lado dela (o “ombro”), há uma área mais celular contendo macrófagos, linfócitos T e células musculares lisas. Profundamente à capa fibrosa, há um centro (núcleo) necrótico que contém lipídios (primariamente colesterol e ésteres do colesterol), restos de células mortas, células espumosas (macrófagos e células musculares lisas contendo lipídios). As placas, em geral, continuam a mudar e aumentam de volume progressivamente pela morte e degeneração das células, síntese e degradação (remodelamento) da matriz extracelular e organização de qualquer trombo superposto. Além disso, os ateromas costumam sofrer calcificação.
Como ocorre a sequência de interações celulares na aterosclerose?
- Hiperlipidemia, desequilíbrios hemodinâmicos, inflamação, hiperglicemia, hipertensão, toxinas do cigarro, entre outros causam lesão e disfunção endotelial;
- Isso irá causar (entre outras coisas) aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos (plaquetas) e recrutamento de monócitos circulatórios e células T, que irão reconhecer o LDL como substâncias estranhas. Assim se ativam e liberam citocinas e fatores de crescimento acarretando, ativação de macrófagos e migração e proliferação das células musculares lisas;
- Macrófagos e células musculares lisas englobam os lipídeos modificados (LDL oxidado), formando as células espumosas (estria gordurosa); A morte/degeneração dessas células espumosas libera lipídios extracelulares e restos necróticos;
- Em resposta às citocinas e quimiocinas elaboradas pelos macrófagos, linfócitos T, celulas endoteliais, células musculares lisas e espumosas, células musculares lisas migram para a íntima, proliferam e produzem matriz extracelular, incluindo colágeno e proteoglicanas (que estabiliza a placa aterosclerótica) convertendo a estria gordurosa em ateroma maduro (placa bem desenvolvida), por meio da capa fibrosa. Caracteristicamente, há uma capa fibrosa superficial composta por células musculares lisas e colágeno relativamente denso. Abaixo da capa e ao lado dela (o “ombro”), há uma área mais celular contendo macrófagos, linfócitos T e células musculares lisas. Profundamente à capa fibrosa, há um centro (núcleo) necrótico que contém lipídios (primariamente colesterol e ésteres do colesterol), restos de células mortas, células espumosas (macrófagos e células musculares lisas contendo lipídios). As placas, em geral, continuam a mudar e aumentam de volume progressivamente pela morte e degeneração das células, síntese e degradação (remodelamento) da matriz extracelular e organização de qualquer trombo superposto. Além disso, os ateromas costumam sofrer calcificação.
Quais as principais consequências da aterosclerose?
O infarto do miocárdio (ataque cardíaco), o infarto cerebral (acidente vascular cerebral), os aneurismas da aorta e a doença vascular periférica (gangrena dos membros inferiores) são as principais consequências da aterosclerose. As grandes artérias elásticas (p. ex., aorta, carótida e ilíaca) e as artérias musculares de grande e médio calibres (p. ex., coronárias e poplíteas) são os principais alvos da aterosclerose.
Caracterize a estenose aterosclerótica
Com o crescimento progressivo da placa, essa pode gradualmente ocluir a luz das pequenas artérias, gerando a estenose. No estágio inicial da estenose, o remodelamento da camada média vascular tende a manter o tamanho da luz. Contudo, há limites do grau de remodelamento e, por fim, o ateroma em expansão oclui a luz a um ponto em que há comprometimento do fluxo sanguíneo. A estenose crítica é o estágio em que a oclusão é severa o suficiente para produzir isquemia tecidual. isto acontece tipicamente quando a oclusão produz uma diminuição de 70% na área de secção transversal da luz; com este grau de estenose, pode-se desenvolver dor no peito por esforço (a chamada angina estável). Embora a ruptura da placa aguda seja a evolução mais perigosa, são consequências da estenose com restrição de fluxo, devido à diminuição crônica da perfusão arterial: oclusão mesentérica e isquemia intestinal, morte súbita cardíaca, doença cardíaca isquêmica crônica, encefalopatia isquêmica e claudicação intermitente (perfusão diminuída nas extremidades). Os efeitos da oclusão vascular finalmente dependem do suprimento arterial e da demanda metabólica do tecido afetado.
Quais as possíveis alterações agudas das placas ateroscleróticas?
Ruptura, ulceração ou erosão da superfície de placas ateromatosas expõem substâncias altamente trombogênicas, acarretando trombose, podendo ocluir parcial ou totalmente a luz vascular ou embolizar. A trombose parcial ou total sobreposta à ruptura de uma placa é um fator central nas síndromes coronarianas agudas. Já é sabido que as placas que são responsáveis pelo infarto do miocárdio e outras síndromes coronárias agudas geralmente são assintomáticas antes da alteração aguda. Desse modo, estudos clínicos e patológicos mostram que a maioria das placas que passam por ruptura abrupta e oclusão coronariana apresentou anteriormente apenas uma estenose leve a moderada da luz não importante. As conclusões preocupantes são que um grande número de adultos assintomáticos pode estar correndo risco de um evento coronariano catastrófico.