S.P 2.3 - TUTORIA Flashcards
Defina o HIV e elucide seus tipos
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é o agente etiológico da AIDS, que pertence à família dos retrovírus humanos (Retroviridae) e à subfamília/gênero dos lentivírus. Os vírus da imunodeficiência humana são o HIV-1 e HIV-2 que causam efeitos citopáticos diretos ou indiretos. Os grupos do HIV-1 (M, N, O, P) e do HIV-2 (A a H) definidos hoje provavelmente se originaram da transferência diferenciada aos seres humanos a partir dos reservatórios dos primatas não humanos. No mundo inteiro, e certamente nos Estados Unidos, a causa mais comum da doença causada pelo HIV é o HIV-1 do grupo M. Aparentemente o HIV-2 tem infectividade e patogenicidade menor que o HIV-1. A epidemiologia molecular sugere, por meio de vários estudos, que os diferentes subtipos do HIV-1 poderiam apresentar diferenças nas características e vias de transmissão.
- Qual a diferença entre o HIV e a AIDS/SIDA?
- Caracterize o sistema de classificação atual do CDC para a infecção pelo HIV e AIDS
- O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o agente etiológico da AIDS/SIDA, que é a síndrome da imunodeficiência humana adquirida. Um indivíduo pode se infectar com o HIV e não desenvolver a AIDS, que caracteriza-se por ser uma fase mais avançada da infecção pelo HIV.
- O sistema de classificação atual do CDC para a infecção pelo HIV e AIDS categoriza os pacientes com base nas condições clínicas associadas à infecção pelo HIV junto com o nível da contagem de linfócitos T CD4+. Um caso confirmado de HIV pode ser classificado em um de cinco estágios clínicos da infecção pelo HIV (0, 1, 2, 3 ou desconhecido). A doença avançada pelo HIV (Aids) é classificada como estágio 3 se uma ou mais doenças oportunistas específicas forem diagnosticadas. Caso contrário, o estágio é determinado pelo resultado dos testes de linfócitos T CD4+ e critérios imunológicos. Se nenhum desses critérios for aplicável (p. ex., por faltar informações sobre resultados do teste de linfócitos T CD4+), o estágio é D (desconhecido).
Cite pelo menos 10 doenças oportunistas definidoras de estágio 3 (AIDS) do CDC na infecção pelo HIV
- Infecção por Mycobacterium tuberculosis em qualquer local (pulmonar, disseminada ou extrapulmonar);
- Sarcoma de Kaposi;
- Síndrome de caquexia associada ao HIV;
- Pneumonia recidivante;
- Câncer cervical invasivo;
- Candidíase do esôfago, da traqueia, dos brônquios ou dos pulmões;
- Herpes simples;
- Linfomas não Hodgkin (como de Burkitt);
- Infecções bacterianas múltiplas ou recorrentes;
- Doença por citomegalovírus, incluindo retinite.
Caracterize a transmissão do HIV
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (heterossexuais e homossexuais masculinas); por via parenteral (transfusões sanguíneas e de hemocomponentes, uso de drogas injetáveis - compatilhamento de agulha - e picada de agulha - percutânea) e pelas mães infectadas aos seus filhos nos períodos intraparto e perinatal, ou durante o aleitamento materno. Após mais de 35 anos de experiência e observações, não há evidências de que o HIV seja transmitido por qualquer outra modalidade. O risco de transmissão por mordedura, cuspida, dispersão de fluidos corporais (incluindo sêmen ou saliva) e compartilhamento de brinquedos sexuais é insignificante.
Qual a via de transmissão mais frequente e importante do HIV?
As relações sexuais foram identificadas como a mais importante via de transmissão do HIV. Estimativas indicam que de 75 a 85% das infecções por HIV no mundo ocorreram por via sexuais.
Independentemente da via de transmissão, qual é o determinante principal do risco de transmissão do vírus?
A quantidade de HIV-1 no plasma (carga viral) é o determinante principal do risco de transmissão do vírus.
Em qual estágio da infecção pelo HIV a carga viral é mais alta e como isso implica no risco de transmissão e no tratamento antirretroviral?
O índice de transmissão do HIV por coito foi maior durante o estágio inicial da infecção pelo HIV, quando os níveis do RNA do HIV plasmáticos estavam altos e quando havia doença avançada conforme a carga viral aumentava, evidenciando o maior risco de transmissão nesses estágios. Assim, o tratamento antirretroviral reduz drasticamente a viremia plasmática da maioria dos indivíduos HIV-positivos e está associado à redução dramática do risco de transmissão. Essa abordagem tem sido amplamente chamada de tratamento como prevenção ou TasP (de treatment as prevention). Estudos recentes de coorte indicaram que se a carga viral do parceiro infectado é diminuída abaixo dos níveis de detecção pela terapia antirretroviral, essencialmente não há chance de transmissão sexual para o parceiro não infectado.
Em quais locais do mundo a transmissão sexual heterossexual e homossexual do HIV é mais comum?
Sem dúvida, principalmente nos países em desenvolvimento, o mecanismo de infecção mais comum é a transmissão heterossexual (África, Caribe, etc..) embora em muitos países ocidentais a transmissão homossexual masculina predomine, além da bissexual (América do Norte e Latina, Europa ocidental, Austrália, etc..), embora em muitos desses países, observe-se o crescimento da transmissão heterossexual, como uma das consequências da disseminação do HIV entre usuários de drogas injetáveis.
Considerando a via de transmissão sexual, onde o HIV pode ser encontrado?
O HIV foi demonstrado no líquido seminal tanto no interior das células mononucleares infectadas quanto em materiais acelulares. O vírus parece concentrar-se no líquido seminal, em particular nas situações em que ocorre aumento do número de linfócitos e monócitos no líquido, conforme visto na presença de estados inflamatórios genitais como uretrite e epididimite, que são distúrbios diretamente associados às outras ISTs. O vírus também foi demonstrado nos esfregaços do colo uterino e na secreção vaginal.
Considerando a via de transmissão sexual, o risco de transmissão do HIV é maior em qual tipo de relação sexual? Por que?
-> O risco de transmissão do HIV é maior durante as relações anais passivas sem proteção (RAPSP) tanto entre os homens quanto entre as mulheres, quando comparado com o risco associado ao coito vaginal receptivo. Isso porque provavelmente apenas a mucosa retal separa o sêmen das células potencialmente suscetíveis dentro e sob a mucosa (como as células de Langerhans). Além disso, a mucosa retal fina e frágil pode sofrer microtraumatismos durante as relações anais, o que pode aumentar a probabilidade de infecção. É provável que o coito anal propicie pelo menos duas modalidades de infecção: (1) inoculação direta no sangue, quando há lacerações traumáticas da mucosa; e (2) infecção das células-alvo suscetíveis (p. ex., células de Langerhans) da camada mucosa, na ausência de traumatismo;
-> A relação anal insertiva também confere um risco aumentado de aquisição do HIV em comparação com a relação vaginal insertiva no parceiro receptor, pois a mucosa vaginal tem várias camadas a mais de espessura em relação à mucosa retal e menos chance de trauma durante a relação. Contudo, o vírus pode ser transmitido para qualquer dos parceiros pela relação vaginal.
-> O sexo oral é um mecanismo muito menos eficiente de transmissão do HIV que o coito anal ou vaginal. Apesar do risco de transmissão ser baixo, ele existe.
Por que a transmissão sexual do HIV é maior no sexo receptivo (anal/vaginal) do que no sexo insertivo?
Isso pode ser decorrente, em parte, da exposição prolongada das mucosas retal, vaginal, cervical e do endométrio (quando o sêmen entra no orifício cervical) ao líquido seminal infectado. Comparativamente, o pênis e o meato uretral do parceiro não infectado ficam expostos por períodos relativamente breves à secreção vaginal infectada, bem como a mucosa retal.
Qual a relação da presença de IST’s com o HIV?
A presença de infecções sexualmente transmissíveis (IST), especialmente as que causam ulcerações na região genital, como sífilis e herpes simples, está fortemente associada à transmissão do HIV. Além disso, os patógenos responsáveis por ISTs inflamatórias não ulcerativas, como aquelas causadas por Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e Trichomonas vaginalis, também estão associados a um risco aumentado de transmissão da infecção por HIV. A vaginose bacteriana, uma infecção relacionada ao comportamento sexual, embora não seja estritamente uma IST, também pode estar ligada ao risco aumentado de transmissão da infecção pelo HIV. Diversos estudos sugeriram que o tratamento das outras ISTs e das síndromes do trato genital ajude a evitar a transmissão do HIV.
Qual a relação do risco de infecção pelo HIV e os homens circuncidados?
Nos últimos anos, vários estudos demonstraram o efeito protetor da circuncisão na transmissão do HIV. Homens circuncidados (heterossexuais ou HSH, insertivos apenas) apresentam chances até 60 vezes menores de se infectar, quando comparados com os que não foram submetidos à circuncisão. Isso porque:
-> a camada de tecido altamente vascularizado do prepúcio contém quantidades maiores de células de Langerhans, assim como números aumentados de células T CD4+, macrófagos e outros alvos celulares do HIV;
-> o ambiente úmido sob o prepúcio pode estimular o desenvolvimento ou a persistência da microbiota microbiana que, em consequência das alterações inflamatórias, podem aumentar ainda mais as contagens de células-alvo para o HIV no prepúcio;
-> o efeito benéfico da circuncisão pode ser atribuído também suscetibilidade maior dos homens incircuncisos aos microtraumatismos do prepúcio e da glande do pênis, bem como às ISTs ulcerativas, HSV-2 e HPV.
Em alguns estudos, o uso dos anticoncepcionais orais foi associado à incidência mais alta de infecção pelo HIV, ou seja, maior do que seria esperada por não utilizar preservativos como método anticoncepcional. Esse fenômeno pode ser atribuído a que?
Esse fenômeno pode ser atribuído às alterações induzidas pelos fármacos na mucosa do colo uterino, tornando-a mais vulnerável à penetração pelo vírus.
As jovens adolescentes também podem ser mais suscetíveis à infecção durante a exposição em razão de que?
em razão das estruturas do trato genital imaturo, no qual há maior ectopia cervical ou exposição do epitélio colunar.