Síndrome Álgica 1 - Dor Abdominal Flashcards
Principais etiologias da pancreatite aguda?
Biliar (30-60%) Alcoólica (15-30%) Medicamentosa (ácido valproico, estrogênio, azatiprina...) Hipertrigliceridemia Pós-CPRE Trauma (principal causa em crianças) Autoimune Escorpião (Tytius trinitatis) Idiopático
Manifestações clínicas pancreatite aguda?
Dor continua em abdome superior que irradia para dorso, náuseas, vômitos, icterícia leve
Sinal de Cullen: equimose periumbilical
Sinal de Grey Turner: equimose em flancos
Sinal de Fox: equimose em base do penis
- indicam hemorragia retroperitonial. Relacionados com maior gravidade
Diagnóstico pancreatite aguda?
(2 de 3 critérios)
- Dor abdominal fortemente sugestiva
- Amilase ou lipase 3X LSN (amilase volta ao normal em 3-6 dias. Lipase em 7-8 dias, sendo a última mais específica)
- Exame de imagem característico: o primeiro exame a ser solicitado -> USG (avaliar litíase biliar). TC com contraste após 48-72h, solicitar precocemente se paciente grave ou piorando.
Classificação de gravidade na pancreatite aguda?
Leve: sem falência orgânica e sem complicações locais/sistêmicas
Moderadamente grave: falência orgânica transitória (menos 48h) ou complicações locais/sistêmicas
Grace: falência orgânica persistente
Escore se Ranson: maior ou igual a 3
APACHE II: maior ou igual a 8
BISAP: maior ou igual a 3
PCR maior 150 (pior prognóstico)
Tratamento pancreatite aguda?
Leve: repouso + dieta zero + analgesia + hidratação e reposição de eletrólitos
Grave (internação em CTI): hidratação vigorosa (manter diurese em 0,5 ml/kg/h) + suporte nutricional
Se vômitos: passar SNG
Indicações de antibióticos na pancreatite aguda?
Sepse, necrose infectada (geralmente ocorre após 7 dias, se não tiver gás no exame de imagem, solicitar punção guiada por TC)
Complicações na pancreatite aguda?
Primeiras semanas: coleção líquida fluida -> acompanhar
3-4 semanas: necrose pancreática estéril ou infectada (nesse caso tem que operar)
4-6 semanas: pseudocisto -> drenagem percutânea ou interna (cirúrgica ou endoscópica) em caso de aumento do diâmetro na USG, sintomáticos (geralmente maior 6cm) ou associados a complicações (hemorragia, abscessos). Se sintomas mínimos e ausência de ingesta alcoólica, acompanhar com USG seriada
Quando deve ser feita colescistectomia após pancreatite aguda de causa biliar?
Leve: no mesmo internamento após melhora da pancreatite
Grave: após 6 semanas
Classificação da pancreatite aguda na TC?
Edematosa ou intersticial (80%) - captação homogênea de contraste
Necrosante - captação heterogênea (necrose não capta contraste). Presença de gás em necrose é indicativo de necrose infectada.
Fisiopatologia da apendicite aguda?
obstrução (fecalito, hiperplasia linfoide, neoplasia, ascaris…) –> hipercrescimento bacteriano (infecção polimicrobiana, porem os mais encontrados são B. Fragiles e E. Coli –> distensão appendicular –> inflamação — 12h de evolução —> diminuição do suprimento arterial (necrose da parede do apêndice) — 48h —> perfuração –> abscesso (complicação mais comum) OU peritonite difusa
Quadro clínico apendicite aguda?
Dor periumbilical que migra para FID, associada a náuseas, vômitos e anorexia
Sinais clínicos na apendicite aguda?
Sinal de Blumberg: dor a descompressão súbita no ponto de McBurney
Sinal de Dunphy: dor em FID quando paciente tosse
Sinal de Rovsing: dor em FID à compressão de FIE
Sinal de Lenander: temperatura retal maior 1ºC em relação a temperatura axilar
Sinal do obturador: dor hipogástrica com rotação interna da coxa direita
Sinal do psoas: dor a extensão da coxa direita com paciente em DLE
Diagnóstico na apendicite aguda?
Homem + apresentação aguda (<48h) -> alta probabilidade…. Dx clínico
Mulher, idoso ou gestante + apresentação aguda -> TC, se gestante ou criança realizar USG
Abordagem na apresentação tardia (>48h) da apendicite aguda?
Se presença de peritonite difusa… reanimação volemica + atb + cirurgia de urgência
Se ausência de peritonite difusa… TC ->
- Abscesso: drenagem + atb + colono (4-6s)
- Fleimão ou líquido não drenável: atb + colono (4-6s)
Tratamento apendicite aguda?
Apendicite simples (<48h) -> atb profilático + apendicectomia (incisão de McBurney - oblíqua / Dovis - transversa)
Sinais sugestivos de apendicite aguda na USG e TC?
USG: diâmetro anteroposterior maior 7mm, espessamento da parede e estruturais luminais não compressíveis, presença de apendicolito, ausência de gás no interior do apêndice, alteração da gordura periapendicular, alteração do fluxo vascular apendicular
TC: diâmetro maior 7mm, espessamento da parede (LESÃO EM ALVO)
Fisiopatologia da diverticulite aguda?
Obstrução causada por fecalito resultará em acúmulo de secreção e proliferação bacteriana, levando a microperfurações e abscesso pericólico
Quadro clínico e diagnósticoda diverticulite aguda?
“Apendicite do lado esquerdo”
Exame de escolha: TC
- Evitar colono e clister opaco
Complicações da diverticulite aguda?
Abscesso: mais comum
Peritonite: mais grave
Fistula: a mais comum é a retovesical
Classificação de Hinchey?
Estágio I - abscesso pericólico
Estágio II - abscesso pélvico
Estágio III - peritonite purulenta difusa
Estágio IV - peritonite fecal difusa
Abordagem na diverticulite não complicada?
Sintomas menos exuberantes: atb VO por 7-10 dias + dieta de líquidos claros
Sintomas mais exuberantes: internação hospitalar + atb IV + dieta zero
Após 4-6 semanas -> COLONOSCOPIA
Abordagem na diverticulite complicada?
Abscesso: maior 4 cm -> drenagem guiada por USG ou TC + atb IV + colono (4-6 semanas) +cirurgia eletiva (6-8s)
Fistulas: atb + colono (excluir Câncer e doença de Crohn) + cirurgia eletiva para fechamento de fistula (costuma fechar espontaneamente, apenas com a colação de sonda de Foley durante 7 dias)
Peritonite / obstrução intestinal refratária: cirurgia de urgência (cirurgia de Hartman)
Em quem realizar cirurgia eletiva na diverticulite aguda?
Imunodeprimidos, após 3º episódio, fistula, incapaz de excluir Câncer
Vascularização arterial do intestino?
Tronco celíaco (a. hepática comum, esplênica, gástrica esquerda): porção proximal do duodeno
Artéria mesentérica superior: parte do pâncreas e porção distal do duodeno, íleo, jejuno, ceco, apêndice , cólon ascendente, cólon transverso
Artéria mesentérica inferior: porção distal do cólon transverso e porções proximais do reto
Anastomose entre tronco celíaco e mesentérica superior: arcadas pancreatoduodenais
Anastomose entre mesentérica superior e inferior: marginais, arco de Riolan
Áreas do cólon mais propensas a isquemia?
Flexura esplênica (área de Griffiths)
Junção retossigmoide (área de Sudeck)
Quadro clínico da isquemia colônica?
Mais comum em idosos, passando por estado de hipoperfusão -> dor em cólica, diarreia mucossanguinolenta, febre, hipotensão
Diagnóstico da colite isquêmica?
Endoscopia baixa é o melhor exame
No raio X, pode vir um achado específico -> sinal das impressões digitais (thumbprint)
Tratamento colite isquêmica?
Resolução espontânea: dieta zero, hidratação, atb
Indicações de tratamento cirúrgico:
- Agudo: peritonite, sangramento maciço, colite fulminante universal
- Subagudo: pacientes sintomáticos ou com colopatia perdedora de proteínas mesmo após 2-3sem de tratamento clínico; cicatrização aparente, mas com episodes recorrentes de sepse
- Crônico: estenose ou colite sintomática
Quando suspeitar e como diagnosticar embolia arterial aguda?
Suspeitar em pacientes com cardiopatias prévias (IAM recente, FA, valvulopatias…) + dor abdominal súbita, desproporcional ao exame físico.
Diagnóstico: angiografia (obstrução da a. mesenterica superior, sem colaterais -> sinal do menisco)
Tratamento da embolia de artéria mesentérica?
Heparinização + reposição volêmica + monitorizado (acesso venoso central, acesso arterial periférico, sonda de Foley) +atb com cobertura para translocação bacteriana
Tratamento definitivo: laparotomia + embolectomia. Utilizar papaverina no pós-op para evitar vasoespasmo
Causas e quadro clínico da trombose da artéria mesentérica?
Geralmente é uma isquemia mesentérica crônica que agudiza era aterosclerose avançada é a principal causa!
Outras causas: sepse, trauma abdominal, dissecção de aorta, displasia fibromuscular, vasculites
Quadro clínico: dor abdominal de grande intensidade, desproporcional ao exame físico
Diagnóstico e tratamento da trombose artéria mesentérica?
Diagnóstico: arteriografia mesentérica (tem presença de colaterais)
Tratamento: medidas gerais (aspiração nasogástrica, reposição hidroeletolítica, atb de largo espectro, heparinização e monitorização). TRATAMENTO EMINENTEMENTE CIRÚRGICO!!
Causas, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da vasoconstricção mesentérica?
É conhecida como isquemia mesentérica não oclusiva
Causas: choque, IAM, ICC, insuficiência aortica, diálise, cirurgia cardíaca, sepse, hipoxia grave, drogas (digital, cocaina)
Quadro clínico: geralmente não começa com dor, pode apresentar sintomas diversos (ex. HDB)
Diagnóstico: angiografia (estreitamento na origem dos vasos mesentérica, irregularidade nos ramos intestinais, espasmos das arcadas arteriais, falha no enchimento de vasos intramurais e preservação da vascularização do ronco das artérias mesentérica)
Tratamento: suspender fator causador + papaverina intra-arterial
Operar se: irritação peritoneal, sinais angiográfico de infarto intestinal, duvida diagnostica
Causas, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da trombose de veia mesentérica?
Principal causa de isquemia de delgado em pacientes jovens
Causas: estado de hipercoagulabilidade, HP, infeção, trauma, pancreatite, neoplasias
Quadro clínico: sintomas tendem a ser mais insidiosos, com desconforto abdominal progressivo (5-14 dias), pode vir acompanhado de diarreia sanguinolenta, distensão abdominal
Diagnóstico: angioTC (espessamento e realce da parede intestinal. Ingurgitamento da veia mesentérica superior, trombo no interior da veia, vasos colaterais dilatados
Tratamento: ressecção do segmento infartado, tombectomia, heparinização
Quadro clínico, diagnóstico e tratamento na isquemia mesentérica crônica?
QC: angina mensenterica (dor que piora com alimentação) + emagrecimento (medo de comer) + outros sinais de aterosclerose (ex. Sopro carotídeo, femoral…)
Diagnóstico: história clínica + arteriografia com obstrução maior 50% de duas artérias
Tratamento: revascularização cirúrgica / angioplastia
Epidemiologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da intoxicação por chumbo (saturnismo)?
Fontes de exposição: mineradoras, baterias, indústria automobilística, tintas, projéteis (causa rara, apenas relatos), destilados clandestinas (chumbo pode ser usado para acelerar a destilação)
Manifestações clínicas: abdome (dor, náuseas, vômitos, anorexia), anemia (hemolise, reticulocitose com pontilhados basofílicos, hipo/micro), amnésia, dano neurológico agudo (encefalopatia), intoxicação progressiva (dificuldade de concentração), nefrite proximal, gota, HAS, linha gengival de BURTON
Diagnóstico: história ocupacional + dosagem de chumbo sérico
Tratamento: afastamento do fator causador + quelante (ex. EDTA) se níveis séricos acima de 60 mcg/dL
Manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da porfiria intermitente aguda?
- Acúmulo desses precursores causam forte dores abdominais devido a mediadores neurotóxicos, levando a hiperatividade simpática (podem causar HAS lábil), neuropatia periférica, crises convulsivas, sintomas psiquiátricos. Pode ser uma das causas de abdome agudo com hipermotilidade (lembra como Dx diferencial a fase inicial da obstrução intestinal)
- Fatores precipitastes: álcool, tabagismo, medicamentos, infecções/cirurgias, chumbo
- Diagnóstico: excreção urinária de PBG maior 50mg/dia
- Tratamento (reduzir a função da ALA-sintase): heme, carboidratados (deslocar a CoA para a via energética).
Características principais e quadro clínico na febre tifoide?
- infecção pela Salmonella entérica (sorotipo Typhi)
- Fonte de contágio: água, alimentos, contato
- Fatores que facilitam a infecção: carga bacteriana elevada, aumento do pH gástrico, redução da barreira intestinal. Porta de entrada: placas de Peyer (íleo) -> medula/baço/fígado (pode fazer hepatoesplenomegalia por infiltração do sistema reticoendotelial) -> vesícula e fezes
- Quadro clínico:
- 1 - 2 semanas: bacteremia (febre, sinal de Faget)
- 2 - 3 semanas: hiperreatividade (rash -roséolas tifoiticas, hepatoesplenomegalia, torpor). Complicações: sangramento (mais comum), perfuração (ileal, complicação mais grave)
- 4 semanas: convalescença
- Portador crônico (< 5%)… risco: idosa, doença biliar (fica transmitindo cronicamente), por isso deve ser feito controle de cura rigoroso.
Diagnóstico e tratamento na febre tifoide?
- Cultura
- Hemocultura (1/2 semanas)
- Coprocultura (3/4 semanas)
- Mielocultura (local mais sensível), ainda pode estar positivo mesmo em uso de antibiótico
- Biópsia
- Roséolas
- Placas de Peyer
- Outros: sorologia (pode ser contágio agudo ou prévio), PCR
Tratamento: Ceftriaxone, cirpofloxacino. Uma opção pelo Ministério da Saúde: cloranfenicol. Dexametasona (se choque ou coma)
Profilaxia: existe vacina! Porém, tem pouca imunogenicidade com indicação restrita