Questões Vol 8 - Especialidades Pediátricas I Flashcards
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP 1 – Um lactente de 2 meses é trazido ao pronto-socorro pela mãe devido ao quadro de choro intenso. Ela relata que a criança rolou da cama e caiu no chão. A tomografia de crânio revela hematomas subdurais e no exame físico observa hemorragia retiniana bilateral. Qual a hipótese diagnóstica? a) Coagulopatia. b) Cefalo-hematoma. c) Trauma acidental. d) Malformação vascular do SNC. e) Abuso físico.
A questão apresenta relatos de uma TC de crânio evidenciando hematoma subdural e uma fundoscopia com hemorragia retiniana, achados estes que corroboram com a suspeição clínica de maus-tratos, mais especificamente na síndrome do bebê sacudido. A presença de hemorragia retiniana é muito sugestiva, uma vez que crianças com traumas cranianos leves a moderados (como queda de um leito, conforme descrito pela mãe) muitas vezes são utilizados como causas dos sintomas e não apresentam esse achado ao exame do fundo de olho. Outros dados como hematomas e fraturas também são utilizados como dados clínicos para esta hipótese diagnóstica. Resposta: alternativa E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP 2 – Menino, 8a, previamente hígido, é trazido à consulta médica com queixa de cefaleia holocraniana, em aperto, de início há 3 semanas, de média para forte intensidade e piora ao longo do dia. Há uma semana começou a apresentar despertar noturno, com náuseas e mudança de comportamento. Exame físico: FR = 12 irpm; FC = 70 bpm; PA = 130 x 90 mmHg (acima do percentil 95). A CONDUTA É: a) Realizar tomografia computadorizada de crânio. b) Coleta de líquido cefalorraquidiano. c) Avaliação de função renal. d) Iniciar anti-hipertensivo.
Temos um escolar de 8 anos com cefaleia há 3 semanas com as seguintes características: holocraniana, em aperto, média ou forte intensidade, piora com o passar do dia e piora progressiva (a dor passou a despertar a criança, surgiram náuseas e distúrbio do comportamento). Além disso, observamos no exame físico a presença de hipertensão arterial. Existem indicações precisas para a realização de neuroimagem diante de uma criança com cefaleia e este paciente apresenta várias delas: mudança no comportamento, cefaleia que acorda a criança durante o sono e aumento de intensidade da dor. Assim, está indicada a tomografia computadorizada de crânio. Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP 3 – Gestante de 30 semanas apresenta-se com feto masculino, oligoâmnio, uretero-hidronefrose Grau IV bilateral e bexiga dilatada. A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CONDUTA PÓS-NATAL SÃO: a) Mielomeningocele e derivação urinária. b) Refluxo vesico ureteral e antibioticoprofilaxia. c) Síndrome de Prune-Belly e vesicostomia. d) Válvula de uretra posterior e ressecção da válvula.
A oligodrâmnia é causada ou por insuficiência placentária ou quando o feto não urina normalmente. A presença de dilatação e tortuosidade dos ureteres (grau IV de hidronefrose) indica uma uropatia obstrutiva que, associada à oligodrâmnia, bexiga repleta (a causa da obstrução é abaixo da bexiga) e refluxo vesicouretal, sugere o diagnóstico de válvula de uretra posterior, a principal causa de obstrução do trato urinário em recém-nascidos do sexo masculino. O tratamento, na maioria dos casos, é a incisão da válvula e sua ressecção ainda nos primeiros dias de nascimento. Se isso não for possível, deve-se realizar uma cistostomia (alternativa D correta). Com relação às demais alternativas, a mielomeningocele não está relacionada à oligodrâmnia, nem à polidrâmnia (alternativa A incorreta). O refluxo vesicoureteral nesse caso não é primário, mas secundário, e deve se resolver com o tratamento da doença de base (alternativa B incorreta). A síndrome de Prune-Belly apresenta graus variáveis de estenoses nos rins, ureteres e na uretra. É uma afecção mais rara e a associação com o refluxo vesicoureteral é menos comum que na válvula de uretra posterior (alternativa C incorreta).
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – SP 4 – Com relação aos critérios de diagnósticos de crise convulsiva febril simples, assinale a alternativa INCORRETA: a) Idade entre 6 e 60 meses. b) Apresenta eletroencefalograma patognomônico. c) Apresenta crises tônico-clônicas generalizadas. d) Duração curta, geralmente inferior a 15 minutos. e) Costuma ocorrer nas primeiras 24h de febre.
As características clássicas de uma crise convulsiva febril são: - Acometem crianças de 6 meses até 5 anos; - Febre alta e/ou que aumenta rapidamente; - Duração curta inferior a 10-15 minutos; - Convulsão generalizada, principalmente tônico-clônica ou apenas clônica; - Período pós-ictal marcada por alteração do nível de consciência. O EEG não possui achados patognomônicos, e não prediz o risco de recorrência. Um padrão de lentificação posterior pode ser visto até 2 semanas após a crise. Alternativa B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ 5 – Menina, 6 anos, apresenta continência diurna, mas não controla a urina à noite. História patológica pregressa: nada além de resfriados. Exame físico: normal. Neste caso deve-se solicitar: a) Cintilografia de vias urinárias. b) Dosagem de ureia e creatinina. c) Cistouretrografia miccional. d) Exame simples de urina e urinocultura.
Esta criança apresenta uma enurese monossintomática (não acompanhada de outras manifestações de acometimento do trato urinário inferior) e provavelmente primária (quando nunca houve o controle noturno, ainda que isso não tenha sido explicitado). Em geral, não é necessário que seja realizada nenhuma investigação mais aprofundada. Alguns autores recomendam a realização de urinocultura e EAS. A urinocultura pode revelar a presença de bacteriúria; a prevalência de bacteriúria é maior nas meninas com enurese do que nas demais e, quando presente, deverá ser tratada, ainda que isso nem sempre leve à melhora dos sintomas. O EAS é importante para avaliação de densidade urinária e investigação de poliúria. Além desses exames, na ausência de outras queixas, não costuma ser recomendada qualquer avaliação adicional. Resposta: letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO – RJ 6 – Menina, dois anos, é levada à emergência após episódio de crise convulsiva generalizada que durou aproximadamente cinco minutos. Apresenta tosse e coriza há um dia. Exame físico: T = 39ºC; PA = 80 x 50; FC = 120 bpm; FR = 35 irpm. Exame neurológico: normal. Pai relata ainda alguns episódios de crise convulsiva febril benigna até os cinco anos. Tio materno epiléptico. Assinale a opção compatível com o quadro: a) Cogitar hipótese de crise convulsiva febril benigna. b) Considerar possibilidade de meningite bacteriana. c) Iniciar tratamento com fenobarbital. d) Levantar hipótese de epilepsia generalizada. e) Indicar imediata tomografia computadorizada de crânio.
Estamos atendendo uma pré-escolar de dois anos que apresentou uma crise convulsiva em vigência de febre. Em uma situação como esta, sempre devemos pensar em 3 possibilidades principais: crise febril, epilepsia e infecção do sistema nervoso central. As crises febris são crises que ocorrem em crianças entre 6 e 60 meses com temperatura ≥ 38oC e que não são o resultado de infecções no sistema nervoso central ou distúrbios metabólicos e que ocorrem na ausência do relato de crises afebris anteriormente. As crises febris simples, que são as mais comuns, costumam ser tônico-clônicas, duram menos do que 15 minutos e não recorrem em um período de 24 horas. Esta condição parece ter um importante componente genético, posto que é comum a existência de história familiar positiva em um grande número de casos. A maioria das crianças com crises febris apresentam um período pós-ictal bem curto e retornam ao seu nível basal de comportamento e consciência em alguns minutos. No caso descrito, esta criança tinha uma provável causa para a febre (quadro respiratório) e não tem alterações ao exame neurológico (o que já seria esperado em uma criança de dois anos com uma meningite). Além disso, ao que tudo indica, esta foi sua primeira crise, tornando o diagnóstico de epilepsia improvável neste momento (caso ocorra recorrência, uma investigação deverá ser iniciada). Assim, trata-se de provável crise febril. Não há indicação de exames de imagem nem de início de anticonvulsivantes. Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE TAUBATÉ – SP 7 – Lactente de 8 meses, sexo feminino, com quadro de febre há sete dias, apresentando vômitos incoercíveis há 20 horas. A mãe procura serviço médico e, durante interrogatório sobre antecedentes pessoais, relata que a paciente teve Infecção do Trato Urinário (ITU) duas vezes, aos quatro e cinco meses de vida. Exame físico: regular estado geral e palidez moderada. Exame de urina (coletado por cateterismo vesical); leucocitúria: 60.000/ml; bacterioscopia: muitas bactérias. Faz-se o diagnóstico provável de ITU e solicita-se urinocultura. A conduta mais adequada é: a) Solicitar internação hospitalar, hidratação venosa, início imediato de antibioticoterapia venosa. b) Solicitar internação hospitalar, hidratação venosa e aguardar resultado de urinocultura para iniciar antibioticoterapia. c) Prescrever antibioticoterapia oral, antiemético e liberar, com orientações e encaminhamento, para nefrologia pediátrica. d) Solicitar ultrassonografia de vias urinárias, para descartar malformações, antibioticoterapia oral e liberar, com orientações. e) Aguardar parecer da nefrologia pediátrica para traçar conduta, já que se trata de uma criança com ITU de repetição.
Uma criança de apenas oito meses apresenta um quadro de febre sem sinais claros de localização. Sabemos que as infecções do trato urinário são as infecções bacterianas mais comumente identificadas neste caso e a história de infecções prévias reforça essa suspeita (lembre-se de que tais infecções estão tipicamente associadas com fatores de risco e se os mesmos não forem abordados, a recorrência é comum). Na avaliação inicial, foi feito um EAS que reforça essa suspeita, pois revela leucócitos aumentados. Na possibilidade de uma pielonefrite, o tratamento não deve ser retardado até o resultado da urinocultura. A urinocultura deve ser coletada antes do início da antibioticoterapia, mas esta deve ser pronta - mente iniciada. Nem todas as crianças com pielonefrite devem ser internadas, mas, neste caso, a internação está recomendada pelo quadro de vômitos incoercíveis. Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTAVIANO – RJ 8 – Menino de 4 anos com história de artralgia nos membros inferiores há 15 dias, febre, fraqueza progressiva, palidez e equimoses. No exame físico foi notada hepatoesplenomegalia e o hemograma pancitopenia. O diagnóstico mais provável é: a) Leucemia aguda. b) Febre reumática. c) Artrite reumatoide juvenil. d) Monocleose infecciosa. e) Lúpus eritematoso sistêmico.
A questão nos mostra uma criança de 4 anos de idade apresentando artralgia persistente (há 15 dias) em membros inferiores, associada a febre, fraqueza, palidez e surgimento de equimoses. O exame físico evidencia hepatoesplenomegalia e o hemograma pancitopenias. Temos um pré-escolar com sinais típicos de citopenias confirmadas laboratorialmente, associado a provável dor óssea com sinais de aumento do sistema reticuloendotelial. Neste caso, devemos lembrar da hipótese de neoplasia hematológica, sendo a leucemia aguda a mais comum na faixa pediátrica. Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA – RJ 9 – Paciente de 2 anos foi trazida ao pronto-socorro após ter levado múltiplas picadas de abelha. Ao exame inicial, apresentava edema labial e orbitário, dispneia e sonolência. Diante desse quadro clínico, qual seria a sua conduta inicial? a) Aplicar hidrocortisona intravenosa. b) Aplicar prometazina intramuscular. c) Avaliar permeabilidade das vias aéreas. d) Aplicar adrenalina (1:1.000) intramuscular.
Temos um quadro grave de alergia à picada de himenópteros (abelhas, formigas e vespas) com evolução para anafilaxia (angioedema, dispneia e alteração do nível de consciência). É um caso de emergência que deve ser abordado adequadamente e com rapidez. A droga de escolha para o tratamento é a injeção intramuscular de adrenalina. Porém, jamais podemos esquecer dos passos básicos de atendimento ao paciente de risco, devendo sempre ser garantida a perviedade das vias aéreas e avaliadas as condições cardiovasculares. Resposta: letra C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE MEDICINA DE CAMPOS – RJ 10 – Quanto à ginecologia na infância escolha o item CORRETO: a) Aglutinação labial não guarda relação com processo inflamatório. b) Abuso sexual não pode ser considerado em qualquer queixa vulvovaginal. c) Corticoide é droga de escolha em aglutinação labial. d) Estrógenos não podem ser usados em aglutinação labial. e) É obrigatória a notificação institucional em suspeita de abuso sexual.
Vamos analisar as opções sobre a ginecologia infanto-puberal. A aglutinação ou aderência labial pode ocorrer em virtude de inflamação vulvar crônica de qualquer causa. O tratamento das aderências labiais consiste em breve curso de creme estrogênio tópico aplicado externamente. A consequência será o adelgaçamento da área de aderência e a separação costuma ser realizada no consultório com o uso de anestésico tópico (letras A, C e D erradas). Os sintomas de vulvovaginites de qualquer tipo em uma criança pequena devem levantar a suspeita de possível abuso sexual. Se houver a SIMPLES SUSPEITA de abuso sexual, é obrigatória notificação ao Conselho Tutelar (letra B errada e letra E certa). Gabarito: letra E.