Questões Vol 2 - Aleitamento materno; Alimentação em pediatria Flashcards
1 – Lactente de 13 meses, dá entrada no pronto-socorro
com febre e tosse há 3 dias, sendo diagnosticada broncopneumonia. O hemograma mostrou: hemoglobina: 4,5 g/dl; hematócrito: 14%; Volume Corpuscular Médio (VCM): 68 fl; Concentração de Hemoglobina Média (HCM): 22%; glóbulos brancos: 16.000/mm³ (6% bastões, 56% segmentados, 0% eosinófilos, 0% basófilos, 34% linfócitos, 4% monócitos);
plaquetas: 800.000/mm³. Antecedentes pessoais: recém-nascido a termo, peso ao nascimento: 2.300 gramas, recebeu leite materno até o final do 1º mês de vida, sem outras intercorrências. Mãe não fez pré-natal. Nega uso de medicamentos ou vitaminas desde o nascimento. A principal hipótese diagnóstica, além da broncopneumonia é:
a) Microesferocitose.
b) Anemia falciforme.
c) Anemia ferropriva.
d) Leucemia.
e) Anemia aplástica.
Criança com menos de 2 anos de vida, nascida com peso inferior a 2.500 g, não amamentada ao seio corretamente e sem uso de profilaxia da anemia ferropriva (ferro oral regular em baixas doses), até prova em contrário é portadora de ANEMIA FERROPRIVA (a principal anemia do mundo, principalmente nesta faixa etária e na vigência dos referidos fatores de risco), ainda mais frente a um perfil hematimétrico característico: anemia microcítica e hipocrômica com RDW aumentado. O aumento de plaquetas, vale lembrar, também pode ser uma consequência da ferropenia extrema, assim como um certo grau de imunodepressão, aumentando o risco de infecções graves como a broncopneumonia.
Resposta certa: C.
2 – Lactente, 7 meses, é trazido para consulta de puericultura. A mãe pergunta sobre a alimentação adequada nesta idade. De acordo com a orientação que consta na Caderneta de Saúde da Criança, deve-se orientar à mãe a:
a) Evitar a oferta de açúcar e usar o sal com moderação.
b) Oferecer água ou suco nos intervalos das refeições.
c) Manter a consistência pastosa nas refeições oferecidas.
d) Oferecer frutas variadas nos intervalos entre as refeições.
As orientações sobre uma alimentação saudável devem ser parte integrante de qualquer consulta de puericultura e devem começar a ser feitas desde o acompanhamento pré-natal, quando já se pode discutir a importância do aleitamento materno. Vejamos cada uma das opções.
A opção A está corretíssima; um dos passos para uma alimentação saudável aponta que devemos “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinho e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação”.
A opção B está incorreta; nos intervalos das refeições, deve ser feito o oferecimento de água. Os sucos podem ser oferecidos apenas após as refeições e, mesmo assim, não tem seu consumo encorajado. A ingestão das frutas é melhor do que a ingestão dos sucos.
A opção C gerou alguns questionamentos, mas está incorreta; um dos passos para uma alimentação saudável nos indica que “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; iniciar com a consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à
alimentação da família”. Ou seja, a consistência pastosa
não deve ser mantida e a consistência da comida deve
ser progressivamente aumentada.
E por fim, a opção D também está incorreta; as frutas devem ser oferecidas nos lanches, que seriam uma das refeições da criança.
Resposta: letra A.
3 – Mãe, orientada por pessoal de saúde capacitado, pode conservar seu leite ordenhado cru (não pasteurizado) em um congelador (freezer), podendo oferecê-lo com segurança a seu filho em período após a coleta de até, no máximo:
a) 24 horas.
b) 15 dias.
c) 30 dias.
d) 2 meses.
e) 6 meses.
Questão bem direta. Mesmo após o retorno ao trabalho, é possível que a criança seja mantida em regime de aleitamento exclusivo. De que forma o aleitamento poderá ser mantido? Simples: através da ordenha e armazenamento do leite, que deverá ser oferecido à criança nos momentos de ausência da mãe.
As orientações acerca da técnica de ordenha, armazenamento e oferecimento do leite podem ser encontradas na própria caderneta da criança, distribuída para todas as crianças ainda na maternidade. O leite ordenhado cru, isto é, não pasteurizado, pode ser conservado em geladeira por 12 horas e no freezer ou congelador por 15 dias (opção B correta).
O leite ordenhado congelado deve ser descongelado antes de ser oferecido à criança, preferencialmente dentro da geladeira. O leite descongelado deve ser aquecido em banho-maria fora do fogo. Além disso, o leite deve ser oferecido, de preferência, utilizando-se
copo, xícara ou colher. Nos momentos que a mãe estiver
em casa, deve continuar oferecendo o leite diretamente
da mama.
Resposta: letra B.
4 – A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) é a estratégia ampla em prol do aleitamento materno. Cabe à instituição que deseja obter o título praticar os “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno”, que inclui:
a) Permitir a entrada de acompanhante no centro obstétrico e sala de partos, como prática de humanização.
b) Permitir fórmulas infantis somente para os recém-nascidos expostos à transmissão vertical do HIV.
c) Auxiliar as mães a iniciar o aleitamento materno nas
duas primeiras horas após o nascimento.
d) Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.
e) Incentivar oferta de ambas as mamas em todas as mamadas sob livre demanda.
A Iniciativa Hospital Amigo da Criança é uma estratégia lançada no mundo inteiro pela Organização Mundial da Saúde e UNICEF em 1991 com o intuito de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno no âmbito hospitalar. Para receber este título, o hospital deve seguir os 10 passos do aleitamento materno, que consistem em:
1 – Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço;
2 – Treinar toda a equipe, capacitando- a para implementar essa norma;
3 – Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação;
4 – Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto;
5 – Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;
6 – Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica;
7 – Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães
e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia; 8 – Encorajar a amamentação sob livre demanda; 9 – Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas;
10 – Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à
amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.
A alternativa D é a única que contempla uma das normas supracitadas. Logo, é a resposta da questão!
5 – O estímulo à amamentação é um importante projeto de saúde pública, porém em algumas situações, amamentar é contraindicado. A opção com o fármaco em uso materno que CONTRAINDICA a amamentação é:
a) Ciclofosfamida.
b) Fenobarbital.
c) Ibuprofeno.
d) Digoxina.
Os diversos fármacos podem ser classificados, no que diz respeito à segurança durante a amamentação, em três categorias: compatíveis, de uso criterioso e contraindicados. Quando a mulher necessita usar algum dos fármacos contraindicados, a amamentação deverá ser suspensa. Existe uma extensa listagem, que periodicamente é revista, que classifica centenas de medicamentos em cada uma dessas categorias. A maior parte dos antineoplásicos, como a ciclofosfamida, não são compatíveis com a amamentação. Em relação às outras substâncias descritas nesta questão, temos que o fenobarbital é de uso criterioso; o ibuprofeno é compatível; e a digoxina também é compatível.
Resposta: letra A.
6 – Menina de onze meses é internada por quadro de broncoespasmo. Durante a internação observa-se que a criança apresenta fontanelas cranianas amplas, fronte olímpica, hipotonia (não fica em pé sem apoio); os membros superiores e inferiores parecem apresentar
deformidade do tipo “encurvamento” e a criança é sempre bastante irritada durante o exame clínico. Você solicita uma série de exames, radiológicos e laboratoriais com os seguintes resultados: Hb: 12,5 mg% 11.500 leuc. N35% L52% M17% 250.000 plaq. PCR 0,5. Gasometria arterial: pH 7,38; pCO2: 32; Bic: 18; BE: -3; pO2: 85; sat.: 98% (sob nebulização); ureia 20; creat.: 0,4; Na 135; K 3,8; Mg 2,1; Ca Total: 9,5; P 2,3; FA 1200.
Qual a hipótese diagnóstica CORRETA?
a) Síndrome de maus-tratos.
b) Osteogênese imperfeita.
c) Hipofosfatasia.
d) Displasia fibrosa poliostótica.
e) Raquitismo.
Estamos atendendo uma lactente de 11 meses com um quadro clínico marcado por fontanelas amplas, fronte olímpica, hipotonia, membros encurvados e irritabilidade. Ela foi submetida à realização de alguns exames complementares e à avaliação laboratorial demonstrou uma fosfatase alcalina bastante elevada, mas sem outras alterações marcantes (há apenas um fósforo discretamente baixo). Em relação às radiografias, é importante notarmos que há uma rarefação óssea difusa, além da presença de concavidade metafisária no rádio e ulna. Na radiografia de tórax, nota-se um aumento da junção costocondral. Todas essas alterações radiográficas são bastante compatíveis com o diagnóstico de raquitismo e as manifestações clínicas descritas também são compatíveis com este diagnóstico. Na época do concurso, questionou-se se uma criança que tem um cálcio normal poderia ter raquitismo. O que você acha? Lembre-se de que a principal causa de raquitismo é a deficiência de vitamina D, onde há tendência para hipocalcemia e hipofosfatemia por baixa absorção intestinal. Isso acarreta o aumento do PTH numa tentativa de compensação. O resultado é a retenção renal de cálcio e a liberação do íon a partir dos ossos – o que normaliza o seu nível sérico. O resultado sobre o fosfato é fosfatúria e hipofosfatemia. Alguns pacientes apresentam discreta acidose metabólica, devido à perda urinária de bicarbonato, induzido pelo PTH. Em relação aos outros diagnósticos lembrados pela banca, temos o seguinte: A suspeita de maus-tratos poderia ser sugerida pela presença de fraturas em diferentes estágios de consolidação. A osteogenesis imperfecta decorre de defeitos estruturais ou quantitativos no colágeno tipo 1. O tipo 1 da doença, que é a forma mais branda, cursa com escleras azuladas, fraturas recorrentes, baixa estatura e perda auditiva precoce. Apresenta-se com fosfatase alcalina normal ou elevada. A hipofosfatasia, que radiograficamente mimetiza o raquitismo, é caracterizada por fosfatase alcalina baixa. Trata-se de um erro inato do metabolismo hereditário, onde a atividade da fosfatase alcalina em fígado, ossos e rim é deficiente, prejudicando a mineralização óssea. O espectro clínico desta doença também é variado, podendo manifestar-se com curvatura de ossos, encurtamento de membros e ossos mal-formados. Na forma infantil há hipercalcemia que pode evoluir com nefrocalcinose. A displasia fibrosa poliostótica é caracterizada pela substituição de tecido ósseo por tecido fibroso. As lesões podem ser solitárias ou multifocais. Em geral é assintomática, mas pode evoluir com exoftalmia (quando acomete o crânio), dor, claudicação, encurvamento de membros e fraturas patológicas.
Resposta: letra E.
7 – A recomendação do aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida está centrada nos inúmeros benefícios nutricionais, imunológicos e outros do leite humano para a criança. O leite humano maduro apresenta, em relação ao leite de vaca, maior quantidade de:
a) Caseína.
b) Betalactoglobulina.
c) Cálcio.
d) Alfalactoalbumina.
e) Sódio.
As características do leite humano o tornam específico e completamente adequado para a nutrição das crianças, apresentando diferenças marcantes em relação ao leite de vaca. A concentração proteica do leite humano é menor que a do leite de vaca, não provocando
sobrecarga renal. A qualidade da proteína também
difere entre os dois leites. Existe muito mais caseína que
proteínas do soro no leite de vaca. Enquanto isso, no leite humano a relação é invertida, predominando as proteínas do soro do leite, sendo a alfalactoalbumina a proteína de maior concentração. A betalactoglobulina é a proteína do soro predominante no leite de vaca, sendo a mais alergênica. A concentração de eletrólitos também é distinta, havendo menor concentração de sódio e cálcio no leite humano, também contribuindo para menor sobrecarga renal.
Resposta: letra D.
8 – Um lactente de 12 meses apresenta um perfil hematológico com Hb: 7,5 g/dl, Ht: 22%, VCM: 65 fl e uma contagem ajustada de reticulócitos de 1%. A anemia dessa criança é provavelmente devida a:
a) Eritrocitopenia transitória da infância.
b) Anemia de doença crônica.
c) Anemia ferropriva.
d) Síndrome talassêmica.
e) Crise aplástica pelo parvovírus B19.
Estamos diante de um lactente que se apresenta com anemia, caracterizada entre 6 e 59 meses pela presença de hemoglobina < 11 g/dl. Apenas por isso já poderíamos pensar no diagnóstico de anemia ferropriva. Não há o que discutir: a anemia ferropriva é a principal causa de anemia na nossa população e, até que se prove o contrário, será sempre a nossa principal hipótese. Não bastasse isso, no caso ainda temos outras informações que corroboram esta suspeita, pois há microcitose.
A anemia ferropriva é, tipicamente, hipocrômica e
microcítica. É verdade que a banca deveria ter informado qual o índice de anisocitose (RDW). Na anemia ferropriva encontramos, caracteristicamente, um índice de anisocitose aumentado. Esta é uma informação importante para o diagnóstico diferencial com outra condição que leva à anemia hipocrômica e microcítica, que é a talassemia (que cursa, tipicamente, com índice de anisocitose normal). Porém, não poderíamos marcar talassemia apenas por isso. A anemia ferropriva é mais comum e o hemograma é compatível com essa condição.
Resposta: letra C.
9 – É contraindicação absoluta ao aleitamento materno a presença da seguinte infecção materna:
a) Hepatite B.
b) Hepatite C.
c) Sífilis.
d) Citomegalovirose.
e) HIV/Aids.
As contraindicações absolutas ao aleitamento materno são infecção materna pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), infecção materna pelo HTLV-1 e 2, galactosemia no neonato, psicose puerperal grave e uso de antineoplásicos pela mãe. As demais condições infecciosas listadas de A até D não contraindicam a
amamentação.
Gabarito: letra E.
10 – As preparações com soja atendem ao conteúdo
necessário de aminoácidos, sendo então consideradas
uma fonte de proteína de alto valor nutricional. No
entanto, se for usada uma fórmula de soja para substituir integralmente o aleitamento materno exclusivo, esta fonte só será de alto valor nutricional se houver a adição de qual aminoácido?
a) Serina.
b) Cisteína.
c) Metionina.
d) Biotina.
A metionina é um aminoácido essencial, não produzido pelo corpo humano, devendo ser obtida através da dieta. Está relacionada à ação antioxidante e é necessária para a produção de outros aminoácidos como a cisteína e a taurina. Está presente nos alimentos ricos em proteína, como ovos, peixe, frango, carnes vermelhas e crustáceos. A quantidade necessária de metionina é, em geral, suprida pela dieta. Porém, indivíduos veganos/vegetarianos podem precisar de suplementação e as fórmulas infantis à base de soja necessitam também da adição deste aminoácido.
Resposta: letra C.
O caso clínico abaixo refere-se às questões da prova de
Residência Médica 2016 - Acesso Direto 1 - Hospital das
Clínicas da UFU - MG. Questões 11 e 12 a seguir:
Thaís, nove meses, vem à consulta de rotina com palidez cutâneo-mucosa 2/4. É a primeira filha, nasceu de parto normal, com idade gestacional igual a trinta e seis semanas, peso de nascimento = 2.450 g. Recebeu leite humano exclusivo por quatro meses, sendo substituído por leite de vaca integral quando a mãe retornou ao trabalho. Permanece o dia na creche, não fazendo uso de nenhuma medicação. Alimentação atual/dia: cinco mamadeiras de leite integral, duas dietas de sal e uma de frutas. Crescimento, munização e desenvolvimento adequados.
11 – As alternativas abaixo apresentam fatores predisponentes à instalação deste tipo de anemia, EXCETO:
a) Peso de nascimento.
b) Idade gestacional.
c) Alimentação atual.
d) Ordem de nascimento.
e) Idade.
O enunciado apresenta uma lactente de 9 meses com sinais de anemia e diversos fatores de risco para o desenvolvimento de ferropenia: prematuridade, baixo peso ao nascer, faixa etária entre 6 e 18 meses de idade e substituição do leite materno pelo leite integral sem reposição de ferro. A Sociedade Brasileira de Pediatria
recomenda que crianças prematuras ou com menos de
2.500 g, independentemente do tipo de alimentação recebida, devem receber suplementação de ferro a partir de 30 dias de vida até os 2 anos de idade. A dose recomendada de ferro elementar no primeiro ano de vida é 2 mg/kg/dia. A ordem de nascimento não é um fator de risco.
Gabarito: letra D.
O caso clínico abaixo refere-se às questões da prova de
Residência Médica 2016 - Acesso Direto 1 - Hospital das
Clínicas da UFU - MG. Questões 11 e 12 a seguir:
Thaís, nove meses, vem à consulta de rotina com palidez
cutâneo-mucosa 2/4. É a primeira filha, nasceu de parto
normal, com idade gestacional igual a trinta e seis semanas, peso de nascimento = 2.450 g. Recebeu leite humano exclusivo por quatro meses, sendo substituído por leite de vaca integral quando a mãe retornou ao trabalho. Permanece o dia na creche, não fazendo uso de nenhuma medicação. Alimentação atual/dia: cinco mamadeiras de leite integral, duas dietas de sal e uma de frutas. Crescimento, munização e desenvolvimento adequados.
12 – Qual das alternativas abaixo representa exames laboratoriais compatíveis com a etiologia da anemia que
esta criança apresenta?
a) Ferritina, RDW e capacidade total de ligação aumentados.
b) Ferro sérico baixo e ferritina alta.
c) Diminuição do receptor solúvel de transferrina.
d) Índice de saturação de transferrina baixo e RDW
aumentado.
e) Aumento dos reticulócitos.
Na deficiência de ferro progressiva, ocorre uma sequência de eventos bioquímicos e hematológicos. Clinicamente, a anemia ferropriva é fácil de diagnosticar. Primeiro, os depósitos de ferro do tecido são esgotados. Esse esgotamento é refletido por um nível
de ferritina sérica, uma proteína que fornece uma estimativa relativamente precisa dos depósitos de ferro do corpo na ausência de doença inflamatória.
Em seguida, o nível sérico de ferro diminui, a capacidade de ligação de ferro no soro (transferrina sérica) aumenta e a saturação da transferrina cai abaixo do normal.
À medida que os depósitos de ferro diminuem, o ferro torna-se indisponível para complexos com protoporfirina para formar o heme.
As Protoporfirinas Eritrocitárias Livres (PEL) acumulam-se e a síntese da hemoglobina é comprometida.
Nesse ponto, a deficiência de ferro evolui para a
anemia ferropriva. Com menos hemoglobina disponível
em cada célula, os eritrócitos tornam-se menores. Essa
característica morfológica é mais bem quantificada pela
diminuição do Volume Corpuscular Médio (VCM) e da
Hemoglobina Corpuscular Média (HCM). As alterações
do VCM durante o desenvolvimento exigem o uso de
padrões relacionados à idade para o diagnóstico de
microcitose.
A variação aumentada no tamanho da célula ocorre à medida em que os eritrócitos normocíticos são
substituídos por eritrócitos microcíticos. Essa variação é quantificada pela largura de uma distribuição elevada de eritrócitos (RDW).
Portanto, gabarito: letra D.
13 – Pré-escolar de três anos foi levado à consulta por
não comer verduras. A mãe se esforçava muito com prêmios, brincadeiras, distração (TV na hora das refeições) e já o havia castigado, mas a criança não aceitava nenhum “verdinho”. Este problema é conhecido como:
a) Neofobia, comum na idade.
b) Megaloblastose, carência de folatos.
c) Birra, defeito de personalidade transitório.
d) Mimo, excesso de cuidados maternos.
Uma alteração de comportamento relacionada com a alimentação tipicamente encontrada nos pré-escolares é o quadro de neofobia. Este quadro caracteriza-se por recusa de alimentos novos ou desconhecidos.
Da mesma forma que é feito durante a introdução
da alimentação complementar, os alimentos devem
ser oferecidos até oito ou dez vezes para a criança.
Resposta: letra A.
14 – Dentre os principais hormônios ligados na síntese
primária da caseína do leite e na ejeção do leite estão,
respectivamente:
a) TRH e prolactina.
b) Prolactina e ocitocina.
c) Prolactina e dopamina.
d) Ocitocina e TRH.
Esta questão abordou aspectos da fisiologia da lactação. Logo após o nascimento, os dois hormônios que serão responsáveis pela manutenção da
amamentação são a prolactina e a ocitocina.
A ocitocina, liberada pela hipófise posterior, atua sobre as células mioepiteliais e é responsável pela ejeção do leite, enquanto a prolactina, produzida pela hipófise anterior, pela secreção láctea.
Resposta: letra B.
15 – Considere as assertivas abaixo sobre suplementação de ferro na infância.
I - Está indicada para uma criança de 9 meses de idade,
recebendo leite materno e com práticas de alimentação
complementar saudáveis.
II - Está indicada para um criança de 10 meses de idade,
recebendo cerca de 500 ml de fórmula infantil e com práticas de alimentação complementar saudáveis.
III - Está indicada para uma criança de 20 meses de idade, recebendo leite de vaca e com práticas de alimentação saudáveis.
Quais estão CORRETAS?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
A suplementação de ferro é uma importante estratégia para prevenção da anemia ferropriva, uma condição de alta prevalência na infância.
Os lactentes em aleitamento materno exclusivo, ou em uso apenas de fórmula infantil, não necessitam da reposição de ferro pelos primeiros seis meses de vida.
A partir dos seis meses, inicia-se a suplementação desse mineral, que deve ser mantida até dois anos (dose de 1 mg/kg/dia de ferro elementar) – afirmativas I e III estão corretas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que os que permanecerem em uso de pelo menos 500 ml/dia de fórmula infantil estão dispensados dessa suplementação – afirmativa II está incorreta.
As crianças nascidas prematuras ou com baixo peso ao nascer recebem a profilaxia a partir do primeiro mês de vida, independentemente do tipo de alimento que recebam.
Resposta: letra D.
16 – Como é classificado o tipo de alimentação de um
lactente de seis meses que, além do leite materno, teve
alimentos sólidos amassados introduzidos à dieta?
a) Aleitamento materno predominante.
b) Aleitamento materno complementado.
c) Aleitamento materno suplementado.
d) Aleitamento materno parcial.
e) Aleitamento materno misto.
Revendo as principais definições relacionadas ao tema Aleitamento Materno (AM):
o AM exclusivo é a situação na qual a criança recebe apenas leite materno (ou leite humano de outra fonte) e nenhum outro alimento ou líquido;
o AM predominante é quando a criança recebe leite materno ou leite humano e outros líquidos, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais; e, por fim,
o AM complementado é a situação quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos sólidos ou semissólidos.
Resposta: letra B.
17 – Caso clínico: dois anos de idade, masculino, branco, com histórico de prematuridade, alimentação inadequada (não come carne, poucas verduras e poucas frutas), hiporexia e astenia. Exame físico: palidez ++, anictérico, afebril. Abdome sem visceromegalias e sem outras alterações no exame físico. Hemograma: hemoglobina: 8 g/dl; hematócrito: 24%; volume corpuscular médio: 110 fl; hemoglobina corpuscular média: 26 pg; leucograma e plaquetas normais.
O diagnóstico mais provável é:
a) Anemia megaloblástica.
b) Anemia aplástica.
c) Anemia ferropriva.
d) Leucemia linfocítica aguda.
e) Leucemia mielocítica aguda.
O fato de a criança em questão apresentar uma alimentação inadequada, com baixa ingesta de alimentos de origem animal e vegetal, a coloca sob risco de cursar com deficiência tanto de vitamina B12 como de ácido fólico! E sabemos que a deficiência destes elementos pode levar ao aparecimento de anemia megaloblástica,
a qual se caracteriza pela presença de macrocitose (VCM > 100 fl), neutrófilos plurissegmentados e hiperplasia eritroide megaloblástica ao exame da medula óssea.
Alternativa A correta.
18 – Estudos científicos comprovam a superioridade do
leite materno em relação aos leites de outras espécies na alimentação de lactentes. Na ausência ou na complementação do leite humano, o leite de vaca ainda é o substituto mais utilizado. Em relação às diferenças encontradas entre o leite humano e o leite de vaca integral, assinale a alternativa CORRETA:
a) O leite de vaca tem menor concentração de caseína.
b) O leite de vaca tem menor concentração de ferro.
c) O leite de vaca possui três vezes mais proteínas.
d) O leite humano inibe o crescimento do Lactobacillus bifidus.
e) O leite humano possui maior concentração de sódio e
cálcio.
Sabemos que o leite de vaca e o leite humano possuem diferentes composições bioquímicas e essas diferenças representam parte dos benefícios relacionados com a amamentação. Alguns macronutrientes estão presentes em maior quantidade no leite de vaca, enquanto outros são mais abundantes no leite humano. Em relação ao teor de proteína, assume-se que o leite de vaca tenha cerca de três vezes mais proteínas do que o leite humano (opção C certa).
Além disso, a maior fração proteica do leite de vaca encontra-se na forma de caseína, enquanto a maior fração proteica do leite humano encontra-se sob a forma das proteínas do soro (opção A errada).
Em relação aos minerais e micronutrientes, temos que o leite humano tem menor concentração de
vários eletrólitos, como o sódio, e elementos como o cálcio (opção E errada) quando comparado ao leite de vaca.
Em relação ao ferro, assume-se que o teor de ferro de
ambos os alimentos seja semelhante, o que muda é a
biodisponibilidade. Uma fração maior do ferro presente no leite humano é absorvida em comparação ao que ocorre com o leite de vaca (opção B errada; a diferença está na biodisponibilidade, não na concentração!).
E, por fim, o leite humano possui uma série de fatores de proteção que auxiliam no desenvolvimento de flora saprófita, o que inibe o crescimento de flora patogênica (opção D errada).
Resposta: letra C.
19 – Recém-nascido a termo, parto normal, pesando 3.600 g. Exame físico: normal. Os exames pré-natais indicaram infecção em atividade pelo citomegalovírus no final da gestação.
A recomendação em relação à alimentação é:
a) Indicar aleitamento materno em regime de livre demanda.
b) Contraindicar a amamentação e prescrever fórmula láctea.
c) Contraindicar a amamentação e prescrever fórmula láctea e aciclovir.
d) Indicar aleitamento materno com leite ordenhado após congelamento.
e) Indicar aleitamento materno com leite ordenhado após pasteurização.
O Citomegalovírus (CMV) não é contraindicação absoluta para a amamentação. Apesar do CMV ser transmitido pelo leite materno, somente os recém-nascidos com menos de 32 semanas de idade gestacional têm risco de desenvolver doença mais grave, se infectados, devendo então receber leite materno ordenhado, congelado e pasteurizado. Como o paciente em questão se trata de um recém-nascido a termo, não há necessidade da realização de todo este procedimento. Sendo assim, a recomendação a ser indicada é o aleitamento materno exclusivo em livre demanda.
Resposta: alternativa A.
20 – Os suplementos vitamínicos e minerálicos na adolescência devem ser oferecidos somente:
a) Na fase de aceleração do crescimento.
b) Na fase de desaceleração do crescimento.
c) Antes da menarca.
d) Em situações especiais como distúrbios alimentares.
Durante a adolescência e a puberdade, ainda que se trate de fase acelerada do crescimento (estirão puberal), caso o indivíduo seja saudável, sem comorbidades e apresente alimentação saudável, não é necessário o uso de qualquer suplementação (de vitaminas ou minerais). Estas ficam reservadas para os diagnósticos de hipovitaminose associados aos distúrbios alimentares (bulimia, anorexia).
Gabarito: letra D.
21 – A anemia por deficiência de ferro é uma carência nutricional muito frequente nos países em desenvolvimento. Quanto ao uso de suplementação de ferro profilático, segundo a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012, assinale a alternativa INADEQUADA.
a) 3 mg/kg peso/dia durante um ano e, posteriormente,
1 mg/kg/dia por mais um ano para recém-nascidos pré-
-termo com peso entre 1.500 e 1.000 g.
b) 2 mg/kg peso/dia durante um ano. Após este período,
1 mg/kg/dia por mais um ano para recém-nascidos pré-termo e/ou de baixo peso até 1.500 g a partir do 30o dia de vida.
c) Não recomendado para recém-nascidos a termo, de
peso adequado para a idade gestacional, em uso de
500 ml de fórmula infantil.
d) 3 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 6o mês (ou da introdução de outros alimentos) até o 24o mês de vida, para recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno.
Para esta questão levamos em consideração as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre profilaxia da anemia ferropriva.
A) Recém-natos pré-termo, nascidos com peso entre 1.000 e 1.500 g devem receber, a partir do trigésimo dia de vida, 3 mg/kg/dia de ferro elementar pelo período de 1 ano, seguido de 1 mg/kg/dia por mais um ano – correta.
B) Recém-natos pré-termo e aqueles nascidos com baixo peso até 1.500 g devem receber a partir do 30o dia de vida 2 mg/kg/dia de ferro elementar durante
1 ano. Após este período, receberão 1 mg/kg/dia de ferro elementar por mais um ano – correta.
C) Recém-nascidos a termo, com peso adequado para a idade gestacional, em uso de, no mínimo, 500 ml de fórmula infantil não necessitam receber suplementação – correta.
D) Recém-nascidos a termo, com peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno, devem receber 1 mg/kg/dia de ferro elementar do sexto mês de vida até o 24o mês – incorreta.
Resposta: letra D.
22 – No centro de saúde, a mãe de uma criança de 7 meses de idade solicita orientação para alimentação complementar de sua filha. Quais as orientações mais adequadas?
a) Dar os alimentos semissólidos e sólidos. Colocar as
porções de cada alimento no prato, misturando-os. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia.
b) Os alimentos devem ser bem cozidos, passados pela
peneira e batidos no liquidificador. Desde cedo a criança
deve acostumar-se a comer alimentos variados.
c) Sopas e comidas ralas/moles fornecem energia suficiente para a criança; pode-se oferecê-las de mamadeira; deve-se ter cuidado com contaminação e transmissão de doenças.
d) Deve-se dar comida espessa desde o início e oferecida
de colher; começar com consistência pastosa
(papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência
até chegar à alimentação da família.
O primeiro passo para uma alimentação saudável nos primeiros dois anos de vida da criança é tentar garantir que nos primeiros seis meses a criança seja mantida em regime de aleitamento materno exclusivo. A partir dos seis meses, de forma gradual e progressiva, deve ser iniciada a introdução da alimentação complementar, mantendo-se o oferecimento de leite materno até dois anos de idade, no mínimo (regime chamado de aleitamento materno complementado). O Ministério da Saúde propõe algumas orientações para que a alimentação saudável seja mantida. Uma delas diz que a alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família (opção D certa).
Os alimentos não devem ser liquidificados e nem passados em peneiras (opções B e C erradas).
Além disso, deve-se oferecer à criança diferentes
alimentos todos os dias. Porém, tais alimentos não devem ser misturados, permitindo que a criança seja exposta a diferentes sabores e paladares (opção
A errada).
Resposta: letra D.
23 – Joana leva sua filha de 4 meses à consulta de puericultura na unidade de saúde. A criança apresenta crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor adequados para a idade. Está em aleitamento materno exclusivo. Joana está preocupada pois trabalha em um empresa privada e deverá voltar ao trabalho na próxima semana. Não sabe como deve proceder em relação à alimentação da filha.
Qual orientação mais adequada para oferecer à mesma?
a) Orientar para iniciar o desmame parcial, utilizando a reconstituição do leite em pó a 15%, ou seja, 1 colher de sopa cheia (15 g) em cada 100 ml de água. b) Manter o aleitamento materno antes e após o trabalho, e introduzir fórmula infantil adequada para a idade nos horários que a mãe estiver ausente. c) Iniciar de modo complementar, a introdução de novos alimentos, começando por papas de frutas e papas salgadas. d) Realizar ordenha do leite materno que pode ser conservado no congelador por 15 dias, e oferecer após esquentar em banho-maria.
Questão relativamente simples, objetiva saber se o aluno conhece os intervalos de tempo em que o leite materno ordenhado pode ser armazenado. Mesmo após a nutriz retornar ao trabalho, é possível que a criança seja mantida em aleitamento materno exclusivo. Para isso, nos períodos em que a mãe estiver em casa, a amamentação será mantida da forma habitual. Porém, nos períodos de ausência, a criança irá receber leite que tenha sido previamente ordenhado e armazenado. Para tanto, o médico deve orientá-la a ordenhar manualmente as mamas a intervalos regulares, com a mão em forma de “C”, sempre comprimindo a mama em direção à caixa
torácica, sem atritar a pele do mamilo. O leite deverá ser armazenado em recipientes limpos, e idealmente
armazenado em geladeira por 12 horas e em freezer ou
congelador por 15 dias. Antes de oferecer o leite à criança, ele deverá ser reaquecido em banho-maria, fora do fogo.
Resposta: letra D.
24 – No que diz respeito ao tema “alimentação saudável”,
assinale a alternativa CORRETA:
a) Gordura trans e gordura vegetal hidrogenada são semelhantes, pois o fato de não haver gordura trans na tabela nutricional não impede que o produto contenha gordura vegetal hidrogenada.
b) Além de verificar na tabela nutricional, outra maneira
de perceber a quantidade de sódio no alimento é o gosto salgado, pois, proporcionalmente à sua quantidade, o produto ficará salgado.
c) A substituição do sal por orégano, salsa e manjericão
não deve ser incentivada, pois essas ervas ocasionam
outros tipos de danos à saúde, às vezes até piores que
os ocasionados pelo sal.
d) A tabela nutricional, obrigatória nos alimentos processados, contém a quantidade de nutrientes em ordem crescente de concentração.
e) Alimento diet e (ou) light é a melhor opção, pois sempre é menos calórico.
Vamos analisar as alternativas sobre o tema “alimentação saudável”:
A - Correta. Os ácidos graxos ou gorduras trans são um tipo de gordura formada pelo processo de hidrogenação natural, que ocorre quando o animal rumina, ou durante o processo industrial de hidrogenação parcial, que transforma os óleos líquidos em gorduras mais consistentes à temperatura ambiente. Gordura vegetal hidrogenada é aquela na qual são adicionadas moléculas de hidrogênio. Este processo, conhecido como hidrogenação, transforma os óleos vegetais líquidos em gorduras mais consistentes à temperatura ambiente.
B - INCORRETA. Alimentos que usam como conservante o sódio podem ser doces, como refrigerantes.
C - INCORRETA. Ervas aromáticas são amplamente utilizadas para a substituição do sal.
D - INCORRETA. A tabela apresenta uma forma de organização com início pelo valor energético, quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras, fibra alimentar, sódio, outros minerais e vitaminas, nesta ordem.
E - INCORRETA. Existe diferença entre alimentos light e diet. Os termos diet e light podem, opcionalmente, ser utilizados nas embalagens de alimentos. No entanto, os critérios e as condições para o uso dessas duas expressões são diferentes. Enquanto o termo light é usado para indicar uma informação nutricional de menor concentração calórica, o termo diet é usado em alguns produtos para fins especiais, para indicar a substituição do açúcar por adoçante e nem sempre possui menor teor calórico.
Gabarito: letra A.