Questões Vol 2 - Aleitamento materno; Alimentação em pediatria Flashcards

1
Q

1 – Lactente de 13 meses, dá entrada no pronto-socorro
com febre e tosse há 3 dias, sendo diagnosticada broncopneumonia. O hemograma mostrou: hemoglobina: 4,5 g/dl; hematócrito: 14%; Volume Corpuscular Médio (VCM): 68 fl; Concentração de Hemoglobina Média (HCM): 22%; glóbulos brancos: 16.000/mm³ (6% bastões, 56% segmentados, 0% eosinófilos, 0% basófilos, 34% linfócitos, 4% monócitos);
plaquetas: 800.000/mm³. Antecedentes pessoais: recém-nascido a termo, peso ao nascimento: 2.300 gramas, recebeu leite materno até o final do 1º mês de vida, sem outras intercorrências. Mãe não fez pré-natal. Nega uso de medicamentos ou vitaminas desde o nascimento. A principal hipótese diagnóstica, além da broncopneumonia é:

a) Microesferocitose.
b) Anemia falciforme.
c) Anemia ferropriva.
d) Leucemia.
e) Anemia aplástica.

A

Criança com menos de 2 anos de vida, nascida com peso inferior a 2.500 g, não amamentada ao seio corretamente e sem uso de profilaxia da anemia ferropriva (ferro oral regular em baixas doses), até prova em contrário é portadora de ANEMIA FERROPRIVA (a principal anemia do mundo, principalmente nesta faixa etária e na vigência dos referidos fatores de risco), ainda mais frente a um perfil hematimétrico característico: anemia microcítica e hipocrômica com RDW aumentado. O aumento de plaquetas, vale lembrar, também pode ser uma consequência da ferropenia extrema, assim como um certo grau de imunodepressão, aumentando o risco de infecções graves como a broncopneumonia.

Resposta certa: C.

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2
Q

2 – Lactente, 7 meses, é trazido para consulta de puericultura. A mãe pergunta sobre a alimentação adequada nesta idade. De acordo com a orientação que consta na Caderneta de Saúde da Criança, deve-se orientar à mãe a:

a) Evitar a oferta de açúcar e usar o sal com moderação.
b) Oferecer água ou suco nos intervalos das refeições.
c) Manter a consistência pastosa nas refeições oferecidas.
d) Oferecer frutas variadas nos intervalos entre as refeições.

A

As orientações sobre uma alimentação saudável devem ser parte integrante de qualquer consulta de puericultura e devem começar a ser feitas desde o acompanhamento pré-natal, quando já se pode discutir a importância do aleitamento materno. Vejamos cada uma das opções.
A opção A está corretíssima; um dos passos para uma alimentação saudável aponta que devemos “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinho e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação”.
A opção B está incorreta; nos intervalos das refeições, deve ser feito o oferecimento de água. Os sucos podem ser oferecidos apenas após as refeições e, mesmo assim, não tem seu consumo encorajado. A ingestão das frutas é melhor do que a ingestão dos sucos.
A opção C gerou alguns questionamentos, mas está incorreta; um dos passos para uma alimentação saudável nos indica que “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; iniciar com a consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à
alimentação da família”. Ou seja, a consistência pastosa
não deve ser mantida e a consistência da comida deve
ser progressivamente aumentada.
E por fim, a opção D também está incorreta; as frutas devem ser oferecidas nos lanches, que seriam uma das refeições da criança.

Resposta: letra A.

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3
Q

3 – Mãe, orientada por pessoal de saúde capacitado, pode conservar seu leite ordenhado cru (não pasteurizado) em um congelador (freezer), podendo oferecê-lo com segurança a seu filho em período após a coleta de até, no máximo:

a) 24 horas.
b) 15 dias.
c) 30 dias.
d) 2 meses.
e) 6 meses.

A

Questão bem direta. Mesmo após o retorno ao trabalho, é possível que a criança seja mantida em regime de aleitamento exclusivo. De que forma o aleitamento poderá ser mantido? Simples: através da ordenha e armazenamento do leite, que deverá ser oferecido à criança nos momentos de ausência da mãe.
As orientações acerca da técnica de ordenha, armazenamento e oferecimento do leite podem ser encontradas na própria caderneta da criança, distribuída para todas as crianças ainda na maternidade. O leite ordenhado cru, isto é, não pasteurizado, pode ser conservado em geladeira por 12 horas e no freezer ou congelador por 15 dias (opção B correta).
O leite ordenhado congelado deve ser descongelado antes de ser oferecido à criança, preferencialmente dentro da geladeira. O leite descongelado deve ser aquecido em banho-maria fora do fogo. Além disso, o leite deve ser oferecido, de preferência, utilizando-se
copo, xícara ou colher. Nos momentos que a mãe estiver
em casa, deve continuar oferecendo o leite diretamente
da mama.

Resposta: letra B.

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4
Q

4 – A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) é a estratégia ampla em prol do aleitamento materno. Cabe à instituição que deseja obter o título praticar os “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno”, que inclui:

a) Permitir a entrada de acompanhante no centro obstétrico e sala de partos, como prática de humanização.
b) Permitir fórmulas infantis somente para os recém-nascidos expostos à transmissão vertical do HIV.
c) Auxiliar as mães a iniciar o aleitamento materno nas
duas primeiras horas após o nascimento.
d) Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.
e) Incentivar oferta de ambas as mamas em todas as mamadas sob livre demanda.

A

A Iniciativa Hospital Amigo da Criança é uma estratégia lançada no mundo inteiro pela Organização Mundial da Saúde e UNICEF em 1991 com o intuito de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno no âmbito hospitalar. Para receber este título, o hospital deve seguir os 10 passos do aleitamento materno, que consistem em:
1 – Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço;
2 – Treinar toda a equipe, capacitando- a para implementar essa norma;
3 – Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação;
4 – Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto;
5 – Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;
6 – Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica;
7 – Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães
e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia; 8 – Encorajar a amamentação sob livre demanda; 9 – Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas;
10 – Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à
amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.

A alternativa D é a única que contempla uma das normas supracitadas. Logo, é a resposta da questão!

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5
Q

5 – O estímulo à amamentação é um importante projeto de saúde pública, porém em algumas situações, amamentar é contraindicado. A opção com o fármaco em uso materno que CONTRAINDICA a amamentação é:

a) Ciclofosfamida.
b) Fenobarbital.
c) Ibuprofeno.
d) Digoxina.

A

Os diversos fármacos podem ser classificados, no que diz respeito à segurança durante a amamentação, em três categorias: compatíveis, de uso criterioso e contraindicados. Quando a mulher necessita usar algum dos fármacos contraindicados, a amamentação deverá ser suspensa. Existe uma extensa listagem, que periodicamente é revista, que classifica centenas de medicamentos em cada uma dessas categorias. A maior parte dos antineoplásicos, como a ciclofosfamida, não são compatíveis com a amamentação. Em relação às outras substâncias descritas nesta questão, temos que o fenobarbital é de uso criterioso; o ibuprofeno é compatível; e a digoxina também é compatível.

Resposta: letra A.

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6
Q

6 – Menina de onze meses é internada por quadro de broncoespasmo. Durante a internação observa-se que a criança apresenta fontanelas cranianas amplas, fronte olímpica, hipotonia (não fica em pé sem apoio); os membros superiores e inferiores parecem apresentar
deformidade do tipo “encurvamento” e a criança é sempre bastante irritada durante o exame clínico. Você solicita uma série de exames, radiológicos e laboratoriais com os seguintes resultados: Hb: 12,5 mg% 11.500 leuc. N35% L52% M17% 250.000 plaq. PCR 0,5. Gasometria arterial: pH 7,38; pCO2: 32; Bic: 18; BE: -3; pO2: 85; sat.: 98% (sob nebulização); ureia 20; creat.: 0,4; Na 135; K 3,8; Mg 2,1; Ca Total: 9,5; P 2,3; FA 1200.
Qual a hipótese diagnóstica CORRETA?

a) Síndrome de maus-tratos.
b) Osteogênese imperfeita.
c) Hipofosfatasia.
d) Displasia fibrosa poliostótica.
e) Raquitismo.

A
Estamos atendendo uma lactente de 11 meses com um quadro clínico marcado por fontanelas amplas, fronte olímpica, hipotonia, membros encurvados e irritabilidade. Ela foi submetida à realização de alguns exames complementares e à avaliação laboratorial
demonstrou uma fosfatase alcalina bastante elevada, mas sem outras alterações marcantes (há apenas um fósforo discretamente baixo). Em relação às radiografias, é importante notarmos que há uma rarefação óssea difusa, além da presença de concavidade metafisária no rádio e ulna. Na radiografia de tórax, nota-se um aumento da junção costocondral. Todas essas alterações radiográficas são bastante compatíveis com o diagnóstico de raquitismo e as manifestações clínicas descritas também são compatíveis com este diagnóstico. Na época do concurso, questionou-se se uma criança que tem um cálcio normal poderia ter raquitismo. O que você acha? Lembre-se de que a
principal causa de raquitismo é a deficiência de vitamina
D, onde há tendência para hipocalcemia e hipofosfatemia por baixa absorção intestinal. Isso acarreta o aumento do PTH numa tentativa de compensação. O resultado é a retenção renal de cálcio e a liberação do íon a partir dos ossos – o que normaliza o seu nível sérico. O resultado sobre o fosfato é fosfatúria e hipofosfatemia. Alguns pacientes apresentam discreta acidose metabólica, devido à perda urinária de bicarbonato, induzido pelo PTH. Em relação aos outros diagnósticos lembrados pela banca, temos o seguinte: A suspeita de maus-tratos poderia ser sugerida pela presença de fraturas em diferentes estágios de consolidação. A osteogenesis imperfecta decorre de defeitos estruturais ou quantitativos no colágeno tipo 1. O tipo 1 da doença, que é a forma mais branda, cursa com escleras azuladas, fraturas recorrentes, baixa estatura e perda auditiva precoce. Apresenta-se com fosfatase alcalina normal ou elevada. A hipofosfatasia, que radiograficamente mimetiza o raquitismo, é caracterizada por fosfatase alcalina baixa. Trata-se de um erro inato do metabolismo hereditário, onde a atividade da fosfatase alcalina em fígado, ossos e rim é deficiente, prejudicando a mineralização óssea. O espectro clínico desta doença também é variado, podendo manifestar-se com curvatura de ossos, encurtamento de membros e ossos mal-formados. Na forma infantil há hipercalcemia que pode evoluir com nefrocalcinose. A displasia fibrosa poliostótica é caracterizada pela substituição de tecido ósseo por tecido fibroso. As lesões podem ser solitárias ou multifocais. Em geral é assintomática, mas pode evoluir
com exoftalmia (quando acomete o crânio), dor, claudicação, encurvamento de membros e fraturas patológicas.

Resposta: letra E.

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7
Q

7 – A recomendação do aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida está centrada nos inúmeros benefícios nutricionais, imunológicos e outros do leite humano para a criança. O leite humano maduro apresenta, em relação ao leite de vaca, maior quantidade de:

a) Caseína.
b) Betalactoglobulina.
c) Cálcio.
d) Alfalactoalbumina.
e) Sódio.

A

As características do leite humano o tornam específico e completamente adequado para a nutrição das crianças, apresentando diferenças marcantes em relação ao leite de vaca. A concentração proteica do leite humano é menor que a do leite de vaca, não provocando
sobrecarga renal. A qualidade da proteína também
difere entre os dois leites. Existe muito mais caseína que
proteínas do soro no leite de vaca. Enquanto isso, no leite humano a relação é invertida, predominando as proteínas do soro do leite, sendo a alfalactoalbumina a proteína de maior concentração. A betalactoglobulina é a proteína do soro predominante no leite de vaca, sendo a mais alergênica. A concentração de eletrólitos também é distinta, havendo menor concentração de sódio e cálcio no leite humano, também contribuindo para menor sobrecarga renal.

Resposta: letra D.

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8
Q

8 – Um lactente de 12 meses apresenta um perfil hematológico com Hb: 7,5 g/dl, Ht: 22%, VCM: 65 fl e uma contagem ajustada de reticulócitos de 1%. A anemia dessa criança é provavelmente devida a:

a) Eritrocitopenia transitória da infância.
b) Anemia de doença crônica.
c) Anemia ferropriva.
d) Síndrome talassêmica.
e) Crise aplástica pelo parvovírus B19.

A

Estamos diante de um lactente que se apresenta com anemia, caracterizada entre 6 e 59 meses pela presença de hemoglobina < 11 g/dl. Apenas por isso já poderíamos pensar no diagnóstico de anemia ferropriva. Não há o que discutir: a anemia ferropriva é a principal causa de anemia na nossa população e, até que se prove o contrário, será sempre a nossa principal hipótese. Não bastasse isso, no caso ainda temos outras informações que corroboram esta suspeita, pois há microcitose.
A anemia ferropriva é, tipicamente, hipocrômica e
microcítica. É verdade que a banca deveria ter informado qual o índice de anisocitose (RDW). Na anemia ferropriva encontramos, caracteristicamente, um índice de anisocitose aumentado. Esta é uma informação importante para o diagnóstico diferencial com outra condição que leva à anemia hipocrômica e microcítica, que é a talassemia (que cursa, tipicamente, com índice de anisocitose normal). Porém, não poderíamos marcar talassemia apenas por isso. A anemia ferropriva é mais comum e o hemograma é compatível com essa condição.

Resposta: letra C.

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9
Q

9 – É contraindicação absoluta ao aleitamento materno a presença da seguinte infecção materna:

a) Hepatite B.
b) Hepatite C.
c) Sífilis.
d) Citomegalovirose.
e) HIV/Aids.

A

As contraindicações absolutas ao aleitamento materno são infecção materna pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), infecção materna pelo HTLV-1 e 2, galactosemia no neonato, psicose puerperal grave e uso de antineoplásicos pela mãe. As demais condições infecciosas listadas de A até D não contraindicam a
amamentação.

Gabarito: letra E.

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10
Q

10 – As preparações com soja atendem ao conteúdo
necessário de aminoácidos, sendo então consideradas
uma fonte de proteína de alto valor nutricional. No
entanto, se for usada uma fórmula de soja para substituir integralmente o aleitamento materno exclusivo, esta fonte só será de alto valor nutricional se houver a adição de qual aminoácido?

a) Serina.
b) Cisteína.
c) Metionina.
d) Biotina.

A

A metionina é um aminoácido essencial, não produzido pelo corpo humano, devendo ser obtida através da dieta. Está relacionada à ação antioxidante e é necessária para a produção de outros aminoácidos como a cisteína e a taurina. Está presente nos alimentos ricos em proteína, como ovos, peixe, frango, carnes vermelhas e crustáceos. A quantidade necessária de metionina é, em geral, suprida pela dieta. Porém, indivíduos veganos/vegetarianos podem precisar de suplementação e as fórmulas infantis à base de soja necessitam também da adição deste aminoácido.

Resposta: letra C.

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11
Q

O caso clínico abaixo refere-se às questões da prova de
Residência Médica 2016 - Acesso Direto 1 - Hospital das
Clínicas da UFU - MG. Questões 11 e 12 a seguir:
Thaís, nove meses, vem à consulta de rotina com palidez cutâneo-mucosa 2/4. É a primeira filha, nasceu de parto normal, com idade gestacional igual a trinta e seis semanas, peso de nascimento = 2.450 g. Recebeu leite humano exclusivo por quatro meses, sendo substituído por leite de vaca integral quando a mãe retornou ao trabalho. Permanece o dia na creche, não fazendo uso de nenhuma medicação. Alimentação atual/dia: cinco mamadeiras de leite integral, duas dietas de sal e uma de frutas. Crescimento, munização e desenvolvimento adequados.

11 – As alternativas abaixo apresentam fatores predisponentes à instalação deste tipo de anemia, EXCETO:

a) Peso de nascimento.
b) Idade gestacional.
c) Alimentação atual.
d) Ordem de nascimento.
e) Idade.

A

O enunciado apresenta uma lactente de 9 meses com sinais de anemia e diversos fatores de risco para o desenvolvimento de ferropenia: prematuridade, baixo peso ao nascer, faixa etária entre 6 e 18 meses de idade e substituição do leite materno pelo leite integral sem reposição de ferro. A Sociedade Brasileira de Pediatria
recomenda que crianças prematuras ou com menos de
2.500 g, independentemente do tipo de alimentação recebida, devem receber suplementação de ferro a partir de 30 dias de vida até os 2 anos de idade. A dose recomendada de ferro elementar no primeiro ano de vida é 2 mg/kg/dia. A ordem de nascimento não é um fator de risco.

Gabarito: letra D.

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12
Q

O caso clínico abaixo refere-se às questões da prova de
Residência Médica 2016 - Acesso Direto 1 - Hospital das
Clínicas da UFU - MG. Questões 11 e 12 a seguir:
Thaís, nove meses, vem à consulta de rotina com palidez
cutâneo-mucosa 2/4. É a primeira filha, nasceu de parto
normal, com idade gestacional igual a trinta e seis semanas, peso de nascimento = 2.450 g. Recebeu leite humano exclusivo por quatro meses, sendo substituído por leite de vaca integral quando a mãe retornou ao trabalho. Permanece o dia na creche, não fazendo uso de nenhuma medicação. Alimentação atual/dia: cinco mamadeiras de leite integral, duas dietas de sal e uma de frutas. Crescimento, munização e desenvolvimento adequados.

12 – Qual das alternativas abaixo representa exames laboratoriais compatíveis com a etiologia da anemia que
esta criança apresenta?

a) Ferritina, RDW e capacidade total de ligação aumentados.
b) Ferro sérico baixo e ferritina alta.
c) Diminuição do receptor solúvel de transferrina.
d) Índice de saturação de transferrina baixo e RDW
aumentado.
e) Aumento dos reticulócitos.

A

Na deficiência de ferro progressiva, ocorre uma sequência de eventos bioquímicos e hematológicos. Clinicamente, a anemia ferropriva é fácil de diagnosticar. Primeiro, os depósitos de ferro do tecido são esgotados. Esse esgotamento é refletido por um nível
de ferritina sérica, uma proteína que fornece uma estimativa relativamente precisa dos depósitos de ferro do corpo na ausência de doença inflamatória.
Em seguida, o nível sérico de ferro diminui, a capacidade de ligação de ferro no soro (transferrina sérica) aumenta e a saturação da transferrina cai abaixo do normal.
À medida que os depósitos de ferro diminuem, o ferro torna-se indisponível para complexos com protoporfirina para formar o heme.
As Protoporfirinas Eritrocitárias Livres (PEL) acumulam-se e a síntese da hemoglobina é comprometida.
Nesse ponto, a deficiência de ferro evolui para a
anemia ferropriva. Com menos hemoglobina disponível
em cada célula, os eritrócitos tornam-se menores. Essa
característica morfológica é mais bem quantificada pela
diminuição do Volume Corpuscular Médio (VCM) e da
Hemoglobina Corpuscular Média (HCM). As alterações
do VCM durante o desenvolvimento exigem o uso de
padrões relacionados à idade para o diagnóstico de
microcitose.
A variação aumentada no tamanho da célula ocorre à medida em que os eritrócitos normocíticos são
substituídos por eritrócitos microcíticos. Essa variação é quantificada pela largura de uma distribuição elevada de eritrócitos (RDW).

Portanto, gabarito: letra D.

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13
Q

13 – Pré-escolar de três anos foi levado à consulta por
não comer verduras. A mãe se esforçava muito com prêmios, brincadeiras, distração (TV na hora das refeições) e já o havia castigado, mas a criança não aceitava nenhum “verdinho”. Este problema é conhecido como:

a) Neofobia, comum na idade.
b) Megaloblastose, carência de folatos.
c) Birra, defeito de personalidade transitório.
d) Mimo, excesso de cuidados maternos.

A

Uma alteração de comportamento relacionada com a alimentação tipicamente encontrada nos pré-escolares é o quadro de neofobia. Este quadro caracteriza-se por recusa de alimentos novos ou desconhecidos.
Da mesma forma que é feito durante a introdução
da alimentação complementar, os alimentos devem
ser oferecidos até oito ou dez vezes para a criança.

Resposta: letra A.

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14
Q

14 – Dentre os principais hormônios ligados na síntese
primária da caseína do leite e na ejeção do leite estão,
respectivamente:

a) TRH e prolactina.
b) Prolactina e ocitocina.
c) Prolactina e dopamina.
d) Ocitocina e TRH.

A

Esta questão abordou aspectos da fisiologia da lactação. Logo após o nascimento, os dois hormônios que serão responsáveis pela manutenção da
amamentação são a prolactina e a ocitocina.
A ocitocina, liberada pela hipófise posterior, atua sobre as células mioepiteliais e é responsável pela ejeção do leite, enquanto a prolactina, produzida pela hipófise anterior, pela secreção láctea.

Resposta: letra B.

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15
Q

15 – Considere as assertivas abaixo sobre suplementação de ferro na infância.

I - Está indicada para uma criança de 9 meses de idade,
recebendo leite materno e com práticas de alimentação
complementar saudáveis.
II - Está indicada para um criança de 10 meses de idade,
recebendo cerca de 500 ml de fórmula infantil e com práticas de alimentação complementar saudáveis.
III - Está indicada para uma criança de 20 meses de idade, recebendo leite de vaca e com práticas de alimentação saudáveis.
Quais estão CORRETAS?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

A

A suplementação de ferro é uma importante estratégia para prevenção da anemia ferropriva, uma condição de alta prevalência na infância.
Os lactentes em aleitamento materno exclusivo, ou em uso apenas de fórmula infantil, não necessitam da reposição de ferro pelos primeiros seis meses de vida.
A partir dos seis meses, inicia-se a suplementação desse mineral, que deve ser mantida até dois anos (dose de 1 mg/kg/dia de ferro elementar) – afirmativas I e III estão corretas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que os que permanecerem em uso de pelo menos 500 ml/dia de fórmula infantil estão dispensados dessa suplementação – afirmativa II está incorreta.
As crianças nascidas prematuras ou com baixo peso ao nascer recebem a profilaxia a partir do primeiro mês de vida, independentemente do tipo de alimento que recebam.

Resposta: letra D.

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16
Q

16 – Como é classificado o tipo de alimentação de um
lactente de seis meses que, além do leite materno, teve
alimentos sólidos amassados introduzidos à dieta?

a) Aleitamento materno predominante.
b) Aleitamento materno complementado.
c) Aleitamento materno suplementado.
d) Aleitamento materno parcial.
e) Aleitamento materno misto.

A

Revendo as principais definições relacionadas ao tema Aleitamento Materno (AM):
o AM exclusivo é a situação na qual a criança recebe apenas leite materno (ou leite humano de outra fonte) e nenhum outro alimento ou líquido;
o AM predominante é quando a criança recebe leite materno ou leite humano e outros líquidos, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais; e, por fim,
o AM complementado é a situação quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos sólidos ou semissólidos.

Resposta: letra B.

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17
Q

17 – Caso clínico: dois anos de idade, masculino, branco, com histórico de prematuridade, alimentação inadequada (não come carne, poucas verduras e poucas frutas), hiporexia e astenia. Exame físico: palidez ++, anictérico, afebril. Abdome sem visceromegalias e sem outras alterações no exame físico. Hemograma: hemoglobina: 8 g/dl; hematócrito: 24%; volume corpuscular médio: 110 fl; hemoglobina corpuscular média: 26 pg; leucograma e plaquetas normais.
O diagnóstico mais provável é:

a) Anemia megaloblástica.
b) Anemia aplástica.
c) Anemia ferropriva.
d) Leucemia linfocítica aguda.
e) Leucemia mielocítica aguda.

A

O fato de a criança em questão apresentar uma alimentação inadequada, com baixa ingesta de alimentos de origem animal e vegetal, a coloca sob risco de cursar com deficiência tanto de vitamina B12 como de ácido fólico! E sabemos que a deficiência destes elementos pode levar ao aparecimento de anemia megaloblástica,
a qual se caracteriza pela presença de macrocitose (VCM > 100 fl), neutrófilos plurissegmentados e hiperplasia eritroide megaloblástica ao exame da medula óssea.

Alternativa A correta.

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18
Q

18 – Estudos científicos comprovam a superioridade do
leite materno em relação aos leites de outras espécies na alimentação de lactentes. Na ausência ou na complementação do leite humano, o leite de vaca ainda é o substituto mais utilizado. Em relação às diferenças encontradas entre o leite humano e o leite de vaca integral, assinale a alternativa CORRETA:

a) O leite de vaca tem menor concentração de caseína.
b) O leite de vaca tem menor concentração de ferro.
c) O leite de vaca possui três vezes mais proteínas.
d) O leite humano inibe o crescimento do Lactobacillus bifidus.
e) O leite humano possui maior concentração de sódio e
cálcio.

A

Sabemos que o leite de vaca e o leite humano possuem diferentes composições bioquímicas e essas diferenças representam parte dos benefícios relacionados com a amamentação. Alguns macronutrientes estão presentes em maior quantidade no leite de vaca, enquanto outros são mais abundantes no leite humano. Em relação ao teor de proteína, assume-se que o leite de vaca tenha cerca de três vezes mais proteínas do que o leite humano (opção C certa).
Além disso, a maior fração proteica do leite de vaca encontra-se na forma de caseína, enquanto a maior fração proteica do leite humano encontra-se sob a forma das proteínas do soro (opção A errada).
Em relação aos minerais e micronutrientes, temos que o leite humano tem menor concentração de
vários eletrólitos, como o sódio, e elementos como o cálcio (opção E errada) quando comparado ao leite de vaca.
Em relação ao ferro, assume-se que o teor de ferro de
ambos os alimentos seja semelhante, o que muda é a
biodisponibilidade. Uma fração maior do ferro presente no leite humano é absorvida em comparação ao que ocorre com o leite de vaca (opção B errada; a diferença está na biodisponibilidade, não na concentração!).
E, por fim, o leite humano possui uma série de fatores de proteção que auxiliam no desenvolvimento de flora saprófita, o que inibe o crescimento de flora patogênica (opção D errada).

Resposta: letra C.

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19
Q

19 – Recém-nascido a termo, parto normal, pesando 3.600 g. Exame físico: normal. Os exames pré-natais indicaram infecção em atividade pelo citomegalovírus no final da gestação.
A recomendação em relação à alimentação é:

a) Indicar aleitamento materno em regime de livre demanda.
b) Contraindicar a amamentação e prescrever fórmula láctea.
c) Contraindicar a amamentação e prescrever fórmula láctea e aciclovir.
d) Indicar aleitamento materno com leite ordenhado após congelamento.
e) Indicar aleitamento materno com leite ordenhado após pasteurização.

A

O Citomegalovírus (CMV) não é contraindicação absoluta para a amamentação. Apesar do CMV ser transmitido pelo leite materno, somente os recém-nascidos com menos de 32 semanas de idade gestacional têm risco de desenvolver doença mais grave, se infectados, devendo então receber leite materno ordenhado, congelado e pasteurizado. Como o paciente em questão se trata de um recém-nascido a termo, não há necessidade da realização de todo este procedimento. Sendo assim, a recomendação a ser indicada é o aleitamento materno exclusivo em livre demanda.

Resposta: alternativa A.

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20
Q

20 – Os suplementos vitamínicos e minerálicos na adolescência devem ser oferecidos somente:

a) Na fase de aceleração do crescimento.
b) Na fase de desaceleração do crescimento.
c) Antes da menarca.
d) Em situações especiais como distúrbios alimentares.

A

Durante a adolescência e a puberdade, ainda que se trate de fase acelerada do crescimento (estirão puberal), caso o indivíduo seja saudável, sem comorbidades e apresente alimentação saudável, não é necessário o uso de qualquer suplementação (de vitaminas ou minerais). Estas ficam reservadas para os diagnósticos de hipovitaminose associados aos distúrbios alimentares (bulimia, anorexia).

Gabarito: letra D.

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21
Q

21 – A anemia por deficiência de ferro é uma carência nutricional muito frequente nos países em desenvolvimento. Quanto ao uso de suplementação de ferro profilático, segundo a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012, assinale a alternativa INADEQUADA.

a) 3 mg/kg peso/dia durante um ano e, posteriormente,
1 mg/kg/dia por mais um ano para recém-nascidos pré-
-termo com peso entre 1.500 e 1.000 g.
b) 2 mg/kg peso/dia durante um ano. Após este período,
1 mg/kg/dia por mais um ano para recém-nascidos pré-termo e/ou de baixo peso até 1.500 g a partir do 30o dia de vida.
c) Não recomendado para recém-nascidos a termo, de
peso adequado para a idade gestacional, em uso de
500 ml de fórmula infantil.
d) 3 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 6o mês (ou da introdução de outros alimentos) até o 24o mês de vida, para recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno.

A

Para esta questão levamos em consideração as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre profilaxia da anemia ferropriva.
A) Recém-natos pré-termo, nascidos com peso entre 1.000 e 1.500 g devem receber, a partir do trigésimo dia de vida, 3 mg/kg/dia de ferro elementar pelo período de 1 ano, seguido de 1 mg/kg/dia por mais um ano – correta.
B) Recém-natos pré-termo e aqueles nascidos com baixo peso até 1.500 g devem receber a partir do 30o dia de vida 2 mg/kg/dia de ferro elementar durante
1 ano. Após este período, receberão 1 mg/kg/dia de ferro elementar por mais um ano – correta.
C) Recém-nascidos a termo, com peso adequado para a idade gestacional, em uso de, no mínimo, 500 ml de fórmula infantil não necessitam receber suplementação – correta.
D) Recém-nascidos a termo, com peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno, devem receber 1 mg/kg/dia de ferro elementar do sexto mês de vida até o 24o mês – incorreta.

Resposta: letra D.

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22
Q

22 – No centro de saúde, a mãe de uma criança de 7 meses de idade solicita orientação para alimentação complementar de sua filha. Quais as orientações mais adequadas?
a) Dar os alimentos semissólidos e sólidos. Colocar as
porções de cada alimento no prato, misturando-os. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia.
b) Os alimentos devem ser bem cozidos, passados pela
peneira e batidos no liquidificador. Desde cedo a criança
deve acostumar-se a comer alimentos variados.
c) Sopas e comidas ralas/moles fornecem energia suficiente para a criança; pode-se oferecê-las de mamadeira; deve-se ter cuidado com contaminação e transmissão de doenças.
d) Deve-se dar comida espessa desde o início e oferecida
de colher; começar com consistência pastosa
(papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência
até chegar à alimentação da família.

A

O primeiro passo para uma alimentação saudável nos primeiros dois anos de vida da criança é tentar garantir que nos primeiros seis meses a criança seja mantida em regime de aleitamento materno exclusivo. A partir dos seis meses, de forma gradual e progressiva, deve ser iniciada a introdução da alimentação complementar, mantendo-se o oferecimento de leite materno até dois anos de idade, no mínimo (regime chamado de aleitamento materno complementado). O Ministério da Saúde propõe algumas orientações para que a alimentação saudável seja mantida. Uma delas diz que a alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família (opção D certa).
Os alimentos não devem ser liquidificados e nem passados em peneiras (opções B e C erradas).
Além disso, deve-se oferecer à criança diferentes
alimentos todos os dias. Porém, tais alimentos não devem ser misturados, permitindo que a criança seja exposta a diferentes sabores e paladares (opção
A errada).

Resposta: letra D.

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23
Q

23 – Joana leva sua filha de 4 meses à consulta de puericultura na unidade de saúde. A criança apresenta crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor adequados para a idade. Está em aleitamento materno exclusivo. Joana está preocupada pois trabalha em um empresa privada e deverá voltar ao trabalho na próxima semana. Não sabe como deve proceder em relação à alimentação da filha.
Qual orientação mais adequada para oferecer à mesma?

a) Orientar para iniciar o desmame parcial, utilizando a
reconstituição do leite em pó a 15%, ou seja, 1 colher de
sopa cheia (15 g) em cada 100 ml de água.
b) Manter o aleitamento materno antes e após o trabalho, e introduzir fórmula infantil adequada para a idade nos horários que a mãe estiver ausente.
c) Iniciar de modo complementar, a introdução de novos alimentos, começando por papas de frutas e papas salgadas.
d) Realizar ordenha do leite materno que pode ser conservado no congelador por 15 dias, e oferecer após esquentar em banho-maria.
A

Questão relativamente simples, objetiva saber se o aluno conhece os intervalos de tempo em que o leite materno ordenhado pode ser armazenado. Mesmo após a nutriz retornar ao trabalho, é possível que a criança seja mantida em aleitamento materno exclusivo. Para isso, nos períodos em que a mãe estiver em casa, a amamentação será mantida da forma habitual. Porém, nos períodos de ausência, a criança irá receber leite que tenha sido previamente ordenhado e armazenado. Para tanto, o médico deve orientá-la a ordenhar manualmente as mamas a intervalos regulares, com a mão em forma de “C”, sempre comprimindo a mama em direção à caixa
torácica, sem atritar a pele do mamilo. O leite deverá ser armazenado em recipientes limpos, e idealmente
armazenado em geladeira por 12 horas e em freezer ou
congelador por 15 dias. Antes de oferecer o leite à criança, ele deverá ser reaquecido em banho-maria, fora do fogo.

Resposta: letra D.

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24
Q

24 – No que diz respeito ao tema “alimentação saudável”,
assinale a alternativa CORRETA:

a) Gordura trans e gordura vegetal hidrogenada são semelhantes, pois o fato de não haver gordura trans na tabela nutricional não impede que o produto contenha gordura vegetal hidrogenada.
b) Além de verificar na tabela nutricional, outra maneira
de perceber a quantidade de sódio no alimento é o gosto salgado, pois, proporcionalmente à sua quantidade, o produto ficará salgado.
c) A substituição do sal por orégano, salsa e manjericão
não deve ser incentivada, pois essas ervas ocasionam
outros tipos de danos à saúde, às vezes até piores que
os ocasionados pelo sal.
d) A tabela nutricional, obrigatória nos alimentos processados, contém a quantidade de nutrientes em ordem crescente de concentração.
e) Alimento diet e (ou) light é a melhor opção, pois sempre é menos calórico.

A

Vamos analisar as alternativas sobre o tema “alimentação saudável”:
A - Correta. Os ácidos graxos ou gorduras trans são um tipo de gordura formada pelo processo de hidrogenação natural, que ocorre quando o animal rumina, ou durante o processo industrial de hidrogenação parcial, que transforma os óleos líquidos em gorduras mais consistentes à temperatura ambiente. Gordura vegetal hidrogenada é aquela na qual são adicionadas moléculas de hidrogênio. Este processo, conhecido como hidrogenação, transforma os óleos vegetais líquidos em gorduras mais consistentes à temperatura ambiente.
B - INCORRETA. Alimentos que usam como conservante o sódio podem ser doces, como refrigerantes.
C - INCORRETA. Ervas aromáticas são amplamente utilizadas para a substituição do sal.
D - INCORRETA. A tabela apresenta uma forma de organização com início pelo valor energético, quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras, fibra alimentar, sódio, outros minerais e vitaminas, nesta ordem.
E - INCORRETA. Existe diferença entre alimentos light e diet. Os termos diet e light podem, opcionalmente, ser utilizados nas embalagens de alimentos. No entanto, os critérios e as condições para o uso dessas duas expressões são diferentes. Enquanto o termo light é usado para indicar uma informação nutricional de menor concentração calórica, o termo diet é usado em alguns produtos para fins especiais, para indicar a substituição do açúcar por adoçante e nem sempre possui menor teor calórico.

Gabarito: letra A.

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25
Q

25 – Acerca do aleitamento materno, assinale a alternativa CORRETA:

a) São contraindicações absolutas ao aleitamento materno: mãe HIV positiva, tuberculose materna com doença ativa e uso de drogas antineoplásicas pela mãe.
b) Uma boa técnica de amamentação engloba deglutição visível e audível, a boca do bebê deve estar bem aberta e abocanhando a maior parte da aréola da mama, o lábio inferior invertido e o queixo deve estar tocando a mama materna.
c) O colostro possui maior concentração de proteínas,
imunoglobulinas, sais, vitamina A, vitamina E e lactoferrina, com menor concentração de gordura e lactose em relação ao leite maduro.
d) A betalactoglobulina é a proteína do soro de maior concentração no leite materno.
e) O aleitamento materno misto ou parcial é definido quando o bebê se alimenta de leite materno associado a alimentos sólidos ou semissólidos.

A

Vejamos cada uma das afirmativas.
A opção A está errada; a infecção pelo HIV é, de
fato, uma contraindicação absoluta para o aleitamento
materno, mas o quadro de tuberculose não. Em relação
às drogas antineoplásicas, a maioria não é compatível
com a amamentação, mas há uma ou outra exceção em
que o uso da medicação pode ser de uso criterioso.
A opção B está errada; o lábio inferior deve estar Evertido (pequeno detalhe para pegar um candidato que fizesse uma leitura mais rápida).
A opção C está certa; essas são as principais diferenças encontradas no colostro quando comparado ao leite maduro. Vale lembrar que a maior concentração da vitamina A confere ao colostro sua típica coloração mais amarelada.
A opção D está errada; a principal proteína do soro no leite humano é a alfalactoalbumina. A betalactoglobulina está presente em grande quantidade no leite de vaca.
E, por fim, a opção E está errada; esta é a definição de aleitamento complementado. Chamamos de aleitamento misto a oferta de leite humano e outros tipos de leite.

Resposta: letra C.

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26
Q

26 – O panorama da evolução nutricional da população
brasileira revela, nas duas últimas décadas, mudanças
em seu padrão. As tendências temporais da desnutrição e da obesidade definem uma das características marcantes do processo de transição nutricional do país. Ao mesmo tempo em que a ocorrência da desnutrição em crianças e adultos declina em ritmo bem acelerado, aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade. Dessa forma, analise as recomendações para a promoção da alimentação saudável da criança e, consequentemente, prevenção da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis:
I. Promoção, apoio e estímulo ao aleitamento materno
exclusivo até o segundo mês e complementar até 2 anos de vida ou mais;
II. Valorização do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a partir da caderneta da criança;
III. Orientação da alimentação da criança com base nos
10 passos da alimentação da criança menor de 2 anos;
IV. Estímulo ao uso do sal e seu correto armazenamento
no domicílio;
V. Incentivo ao uso de alimentos regionais, especialmente frutas, legumes e verduras;
VI. Incentivo ao consumo e alimentos que são fontes de ferro.
Assinale a alternativa que contém todas as recomendações CORRETAS:

a) I, II, III e VI.
b) I, III, V e VI.
c) II, III, V e VI.
d) I, III, IV e V.
e) II, III, IV e VI.

A

Vejamos cada uma das afirmativas.
A primeira afirmativa é claramente falsa: o aleitamento
materno deve ser exclusivo até seis meses (não até
dois) e deve ser complementado entre seis meses até dois anos ou mais. A segunda afirmativa é verdadeira: como parte integrante do acompanhamento de uma criança, deve ser feito o acompanhamento do crescimento com o auxílio dos gráficos disponibilizados na caderneta de saúde da criança. A terceira afirmativa é verdadeira: o documento intitulado “Dez passos para uma alimentação saudável” deve ser usado para nortear as orientações alimentares para os menores de dois anos. A quarta afirmativa é falsa: o consumo de sal, pelo contrário, deve ser desencorajado.
Atualmente, a Sociedade Brasileira de Pediatria chega
até mesmo a recomendar que não seja feito o acréscimo
de sal para menores de dois anos de idade, bastando o
conteúdo de sódio intrínseco dos alimentos.
E, por fim, a quinta e sexta afirmativa são verdadeiras: além de estimularmos o consumo de hortaliças diversas e de alimentos ricos em ferro, é importante a valorização do consumo de alimentos regionais.
O Ministério da Saúde possui, inclusive, uma publicação voltada especificamente para as orientações relacionadas aos alimentos de cada região.

Resposta: letra C.

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27
Q

27 – Em relação ao aleitamento materno é sabido que:

a) O leite das mães desnutridas tem menor concentração
de gordura que o leite de mães eutróficas.
b) O colostro apresenta maiores concentrações de imunoglobulina da classe IgA que o leite maduro.
c) A prolactina é um hormônio produzido pela hipófise
posterior e promove a contração da musculatura uterina.
d) O aleitamento materno, no caso de gemelares, deverá
ser complementado com fórmulas.

A

Vamos analisar as opções
sobre aleitamento materno:
A - Incorreta. Mesmo o leite de mães desnutridas apresenta uma composição de macro e micronutrientes bastante próxima do ideal para o neonato, não refletindo, portanto, o grau de carência proteico-calórica da nutriz.
B - CORRETA. O colostro possui, por características bioquímicas, uma maior concentração de proteínas, imunoglobulinas (especialmente IgA), lactoferrina, eletrólitos e vitaminas lipossolúveis (vitamina A).
C - Incorreta. A prolactina é um hormônio secretado pela adeno-hipófise e sua função é estimular a secreção de leite pelas células alveolares mamárias.
D - Incorreta. As mães de gemelares possuem capacidade de suplência completa de amamentação para ambos os bebês, sem a necessidade de utilização de fórmulas infantis.

Gabarito: letra B.

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28
Q

28 – Manoela, mãe de Alice, de cinco meses de idade,
solicita ao seu médico fazer exames de rotina em sua
filha e nela própria, pois tem muitos casos de anemia
na família. Ambas estão sem nenhuma queixa ou alteração ao exame físico. Ao consultar o resultado dos
exames pela internet, Manoela percebe diferenças nos
resultados da série vermelha e do leucograma entre os
exames de sua filha em relação ao seu. Apavorada, liga
para o médico, que constata que ambos os exames
estão dentro da faixa de normalidade para as diferentes
faixas etárias. Sobre os valores normais do hemograma
na criança, tem-se que, na idade de Alice:
a) Os níveis de hemoglobina são maiores do que os encontrados em adultos, devido, principalmente, à policitemia relativa neonatal que pode persistir até os seis meses.
b) Os níveis de hemoglobina são menores do que no adulto, devido à anemia fisiológica, sendo que na série branca, as células predominantes são os linfócitos.
c) Em relação aos índices encontrados em adultos, os
neutrófilos são as células mais numerosas, permanecendo aumentados até os quatro anos de vida.
d) Em relação aos índices encontrados no adulto, os níveis de hemoglobina e linfócitos são menores, permanecendo até os quatro anos de vida ou mais.

A

Aqui vale aquela máxima: quem não sabe o que procura, não sabe o que fazer com o que acha. Uma criança saudável de apenas cinco meses não tem qualquer indicação para realizar um “hemograma de rotina”. Os valores mais baixos de hemoglobina encontrados nesta fase da vida são considerados normais e decorrem de um quadro conhecido como anemia fisiológica da infância. Lembre-se de que logo após o nascimento ocorre um aumento na saturação de oxigênio, o que leva à diminuição nos níveis de eritropoetina e queda nos precursores eritroides na medula óssea. Com isso, os níveis de hemoglobina vão aos poucos diminuindo, pois as hemácias senis que são retiradas da circulação não são repostas por novas hemácias. Em um determinado momento, essa queda começa a comprometer a oferta tecidual de oxigênio e a eritropoiese é então retomada. Esse momento costuma ocorrer entre 8 e 12 semanas de vida, quando a hemoglobina pode chegar a 11 g/dl (níveis menores também são encontrados). Aos cinco meses, os níveis de hemoglobina já estarão aumentando. Além disso, nos primeiros meses de vida há um predomínio de linfócitos.

Resposta: letra B.

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29
Q

29 – A mãe de uma criança de 20 dias de vida, nascida
a termo com 3,5 kg, apresenta queixa de que seu leite é fraco e que tem pouco leite, pois, segundo ela, a criança “mama o tempo todo, e apresenta algumas regurgitações após mamar”. Diante de tal queixa, a conduta mais adequada seria:

a) Manter a amamentação e iniciar medicamento antiácido e fórmula infantil antirrefluxo em horários intercalados; orientar decúbito lateral esquerdo.
b) Orientar a mãe sobre a técnica da amamentação; apoiá-la, esclarecer suas dúvidas e inseguranças, avaliar a pega e posição da criança e da mãe, além dos sinais de bom vínculo materno-infantil e ganho de peso da criança.
c) Afirmar para a mãe que ela precisa ter mais paciência
e que deve iniciar uma alimentação isenta de leite de vaca e derivados.
d) Explicar para a mãe que em alguns casos a criança
necessita de maior aporte calórico e, portanto, será necessário mudar a alimentação da criança; suspender o
aleitamento materno e iniciar fórmulas infantis.

A

A queixa de “leite fraco” é uma queixa bastante comum nos ambulatórios de pediatria e, se não for conduzida de modo apropriado, poderá ser uma das causas para a interrupção precoce do aleitamento materno. Sempre que estivermos diante de uma queixa relacionada com a amamentação, devemos buscar de forma objetiva dados que indiquem se a criança está recebendo ou não um aporte alimentar apropriado. O ganho ponderal satisfatório costuma ser a principal informação neste sentido, mas não nos foi informado. O choro da criança, embora preocupe muito os pais, não é sinônimo apenas de fome e não deve ser interpretado, isoladamente,
como sinal de má alimentação. De todo modo, uma conduta importante é sempre verificarmos como
é a técnica da amamentação (posicionamento e pega
adequados). As regurgitações são muito comuns nos
primeiros meses de vida e, na maioria das vezes, representam tão somente um refluxo gastroesofágico fisiológico. Mais uma vez, o ganho ponderal satisfatório será algo que irá corroborar a benignidade do processo. Não há, neste momento, razões para pensarmos em alergia à proteína do leite de vaca e retirarmos este produto da alimentação materna. Também não há razões para acreditarmos que a criança tenha alguma doença do refluxo gastroesofágico e iniciarmos qualquer tratamento.
O primeiro passo é o que está descrito na resposta: letra B.

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30
Q

30 – Desde 2001 a Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e não exclusivo até os dois anos de idade. Considerando essas recomendações, qual afirmativa está INCORRETA?

a) As crianças amamentadas exclusivamente ao peito,
por pelo menos quatro meses, tiveram redução de 50%
no número de episódios de otite no primeiro ano de vida.
b) O leite materno exerce proteção em relação à morte
súbita no lactente.
c) O melhor desempenho neuropsicomotor da criança
amamentada com o leite materno é devido somente à
melhor estimulação, pelo contexto mais adequado da relação entre mãe e filho.
d) A relação proteínas do soro/caseína do leite humano
é cerca de 80/20 e do leite de vaca “in natura” de 20/80.

A

Vamos analisar as opções sobre os benefícios do aleitamento materno:
A - Correta. O aleitamento materno determina a diminuição da mortalidade por doenças respiratórias (50%) e das doenças diarreicas (66%), além da diminuição da incidência e gravidade das infecções respiratórias.
B - Correta. O aleitamento materno é fator de proteção para a síndrome da morte súbita do lactente.
C - INCORRETA. O melhor desenvolvimento
cognitivo relacionado à amamentação ainda não teve seus mecanismos totalmente esclarecidos. Alguns estudiosos acreditam que o leite materno contenha substâncias que melhorem o crescimento/desenvolvimento cerebral, e outros
apostam nos aspectos comportamental e emocional positivos do ato de amamentar.
D - Correta. O maior percentual de proteínas do soro no leite materno em relação à caseína permite dois grandes benefícios: a formação de um coalho menos “duro” e de mais fácil digestibilidade e perfil de alergenicidade bem menor.

Gabarito: letra C.

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31
Q

31 – Atualmente, em lactentes não amamentados com leite materno, o uso de fórmulas lácteas tem sido cada vez mais estimulado porque o leite de vaca possui:

a) Menor carga osmótica.
b) Deficiência de sódio.
c) Menor quantidade de proteínas.
d) Maior possibilidade de contaminação.

A

O leite humano possui uma série de vantagens em relação ao leite de vaca, sendo que este é sabidamente um alimento inadequado para a alimentação de crianças, especialmente nos primeiros meses de vida. Em relação à composição de macronutrientes, temos que o leite de vaca possui maior teor de proteínas e menor teor de lactose, além de uma concentração
discretamente menor de gorduras. O excesso de
proteínas presente no leite de vaca faz com que esse
alimento seja bastante inadequado para a alimentação
da criança nos primeiros meses de vida. Além disso, o
leite de vaca tem maior concentração de diversos eletrólitos, como o sódio. Essas diferenças na composição fazem com que a osmolaridade do leite de vaca seja maior que a do leite humano. Se não bastasse isso, em função de toda a manipulação sofrida, existe uma maior possibilidade de contaminação e maior risco de infecção para a criança. Nesta questão, o que a banca queria era que fosse feita a comparação entre o leite de vaca e a fórmula infantil. As fórmulas infantis são preparados alimentares que tentam driblar alguns desses problemas identificados no leite de vaca, tornando-se o substituto ideal para o leite materno, na impossibilidade de amamentação.

Resposta: letra D.

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32
Q

32 – Lactente, 3 meses, nascido a termo, com peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno exclusivo, com bom ganho ponderal. Hemograma de 7 dias atrás devido palidez cutânea: Hb = 10,4 g/dl; Htc = 38%; VCM = 95 fl; HCM = 32 pg. A CONDUTA É:

a) Aleitamento materno exclusivo e sulfato ferroso (5 mg/kg/dia).
b) Aleitamento misto com leite fortificado com ferro.
c) Aleitamento materno exclusivo.
d) Aleitamento materno exclusivo e sulfato ferroso (1 mg/kg/dia).

A

Essa situação é relativamente frequente e se você não conhecer este quadro pode acabar acreditando que está diante de alguma doença e realizar um tratamento desnecessário. O que este lactente tem é tão somente um quadro de anemia fisiológica da infância, um quadro resultante de alguns fatores. Logo após o nascimento e início da respiração ocorre um aumento na saturação de hemoglobina e na oferta tecidual de oxigênio, o que leva a uma diminuição na síntese de eritropoetina com supressão de eritropoiese. Com o passar das primeiras semanas de vida e retirada das hemácias senis da circulação, vai ocorrendo um declínio progressivo nos níveis de hemoglobina. Entre 8 e 12 semanas de vida, que é o nadir do processo, os níveis de hemoglobina chegam a 11 g/dl ou menos. Quando isso ocorre, a oferta tecidual de oxigênio torna-se insuficiente e a eritropoiese é retomada. Assim, isso é tão somente
um processo adaptativo e não é necessária a instituição
de nenhum tratamento. O ferro que foi acumulado das
hemácias degradadas é então utilizado para esta síntese. Deste modo, não é necessário nenhum tratamento, apenas a manutenção do aleitamento materno exclusivo. A suplementação de ferro, caso a criança permaneça em aleitamento materno exclusivo até seis meses, será feita apenas após essa idade, junto com a introdução da alimentação complementar.

Resposta: letra C.

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33
Q

33 – Sobre o aleitamento materno, assinale a alternativa
que apresenta contraindicação(ões):

a) HIV, HTLV e galactosemia.
b) Hepatites B e C.
c) Tuberculose pulmonar bacilífera.
d) Herpes-simples labial ou genital.
e) Prótese de silicone nos seios.

A

Questão relativamente simples, pois trouxe contraindicações clássicas ao aleitamento materno. Sabemos que o aleitamento materno pode ser contraindicado em caso de doenças do lactante, doenças do lactente ou pelo uso de algum medicamento pela nutriz. As principais doenças maternas que irão contraindicar a amamentação são a infecção pelo vírus HIV e pelo vírus HTLV. Em ambos os casos, há possibilidade de infecção da criança pelo leite. Em relação às doenças da criança, a principal contraindicação é o diagnóstico de galactosemia. Na galactosemia, o indivíduo não é capaz de metabolizar a galactose; assim, a criança não pode receber o leite materno e nenhum outro alimento com lactose em sua formulação. Deste modo, todas as condições descritas na opção A são contraindicações. Em relação às condições descritas nas outras opções, sabemos que a hepatite C não contraindica o aleitamento; no caso de infecção crônica pelo vírus da hepatite B, a mulher poderá amamentar, só que além de receber a vacina contra a hepatite B nas primeiras 12 horas de vida, a criança também deverá receber a imunoglobulina
específica contra o vírus da hepatite B. A mulher com
tuberculose bacilífera pode amamentar; são adotados
alguns cuidados adicionais com o recém-nascido, que
não irá receber a vacina BCG e irá iniciar quimioprofilaxia com isoniazida. Quando a mulher tem infecção em atividade pelo vírus herpes-simples, o cuidado que deve ser adotado consiste em evitar que a criança tenha o contato direto com as lesões; nos casos de herpes labial ou genital basta que a região esteja coberta. E, por fim, a prótese de silicone não contraindica de modo algum a amamentação.

Resposta: letra A.

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34
Q

34 – Recém-nascido vomita sangue logo após a mamada no peito. Assinale a alternativa que indica a causa mais provável:

a) Gastrite.
b) Úlcera de estresse.
c) Distúrbio hemorrágico.
d) Plaquetopenia.
e) Sucção de sangue materno por fissura mamilar.

A

Embora possa parecer assustador, esse quadro costuma ser benigno. A presença de sangue nos vômitos de um recém-nascido é, na maioria das vezes, de origem materna. O sangue oriundo da mãe pode ter sido deglutido durante o parto ou durante a amamentação, especialmente se houver a presença de fissuras. Mesmo que a mãe não relate a presença de uma lesão mamilar, deve ser feita a avaliação da mama em busca de quaisquer alterações. É evidente que outras causas mais graves também podem levar à presença de vômitos com sangue, como doença hemorrágica do recém-nascido ou úlceras de estresse. Porém, outros dados nos fariam pensar nessas possibilidades, como ausência de uso de vitamina K após o nascimento ou uso de drogas na gestante, que interferissem com a vitamina K, para pensarmos em doença hemorrágica do recém-nascido; ou presença de doença mais grave, para pensarmos em úlceras de estresse.

Assim, a melhor resposta é a letra E.

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35
Q

35 – Nas situações em que há restrição ao aleitamento
materno, pode-se afirmar que:

a) O aleitamento materno está contraindicado no caso de infecção materna por herpes-simples, mesmo sem lesões herpéticas ativas nos seios.
b) Em mães com hanseníase não deve ser feito o aleitamento porque a transmissão depende do contato prolongado da criança com a mãe.
c) A infecção pelo vírus da hepatite C contraindica o aleitamento ao seio pela possibilidade de contaminação via sangue materno.
d) Se a mãe apresentar vesículas de varicela até dois dias após o parto, recomenda-se o afastamento até as lesões
adquirirem forma de crosta.

A

Existem poucas situações que, de fato, são contraindicações verdadeiras para o aleitamento
materno. Vejamos cada uma das situações lembradas
pela banca. Nos casos de infecção materna pelo vírus
herpes-simples, quando houver lesões em atividade o
cuidado que se deve ter é evitar o contato da criança com as lesões.
Quando a mulher apresentar lesões labiais ou genitais, basta que as lesões sejam cobertas e seja feita higiene das mãos antes das mamadas. Apenas no caso de lesão mamilar o aleitamento será temporariamente contraindicado na mama acometida (opção A errada).
O diagnóstico materno de hanseníase, como regra geral, não irá contraindicar a amamentação, se o tratamento materno for adequado. Há alguma controvérsia em relação ao tempo que se deve aguardar após o início do tratamento para permitir a amamentação (opção B errada).
Em relação ao vírus da hepatite C, o mesmo já foi detectado no leite de mulheres infectadas, mas sem relação com infectividade. Embora exista o risco teórico de infecção – e isso deve ser informado para as mulheres –, esta não está documentada por esse meio. E, por fim, nos casos de varicela materna a
amamentação será temporariamente contraindicada quando as lesões surgem de cinco dias antes até dois dias após o parto. O contato da criança com a mãe só deverá ser permitido na fase de crostas e a criança deverá receber a imunoglobulina específica contra o vírus varicela-zóster.

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36
Q

36 – Um residente do primeiro ano observa uma mãe
amamentar seu filho recém-nascido enquanto aguarda
para fazer o teste do pezinho. A descrição CORRETA da
pega e do posicionamento adequados é:
a) Queixo tocando a mama e com a aréola mais visível
abaixo da boca do bebê.
b) Rosto do bebê de frente para a mama com o nariz na
altura do mamilo.
c) Bochechas do bebê encovadas a cada sucção e boca
bem aberta.
d) Bebê bem apoiado com lábio superior virado para fora.

A

Quando avaliamos a amamentação, devemos considerar o posicionamento e a pega.
Quanto ao posicionamento, o corpo do bebê deve estar
próximo ao da mãe, encostando barriga com barriga,
cabeça e tronco alinhados, com o rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo, pescoço levemente estendido e corpo bem apoiado pelas mãos da mãe.
Quanto à pega, a boca do bebê deve estar bem
aberta, englobando a maior parte da aréola, lábio inferior evertido, queixo tocando a mama, com aréola mais visível acima da boca do bebê, com a língua do bebê sobre a gengiva inferior e com as bordas curvadas para cima, com deglutição visível e audível.
As bochechas do bebê não devem estar encovadas durante a sucção, já que isto é um sinal de técnica de amamentação incorreta.

Portanto, resposta: letra B.

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37
Q

37 – A respeito da anemia fisiológica do lactente, pode-se afirmar todas as abaixo, EXCETO:

a) Atinge o pico entre 8 e 12 semanas de vida no recém-
-nascido de termo e entre 3 e 6 semanas de vida no recém-nascido prematuro.
b) A suplementação de ferro pode abreviar o tempo de
anemia nos recém-nascidos de termo.
c) No nadir da anemia, nos lactentes prematuros, a concentração de hemoglobina pode atingir valores de 7 a 9 g/dl.
d) A abordagem terapêutica dos bebês nascidos prematuramente pode envolver a administração de concentrado de glóbulos para aqueles com baixo ganho ponderal, dificuldade respiratória e elevação da frequência respiratória.
e) Decorre, entre outros motivos, da menor vida média
das hemácias dos lactentes jovens.

A

O quadro de anemia fisiológica da infância é um quadro comum e nada mais é do que uma adaptação às mudanças ocorridas durante a passagem da vida intra para a extrauterina. Logo após o nascimento e início da respiração, ocorre um aumento na saturação de hemoglobina e na oferta tecidual de oxigênio, o que
leva a uma diminuição na síntese de eritropoetina com
supressão de eritropoiese. Com o passar das primeiras
semanas de vida e retirada das hemácias senis da circulação, vai ocorrendo um declínio progressivo nos níveis de hemoglobina. Entre 8 e 12 semanas de vida, que é o nadir do processo, os níveis de hemoglobina chegam a 11 g/dl ou menos nos recém-nascidos a termo. Quando isso ocorre, a oferta tecidual de oxigênio torna-se insuficiente e a eritropoiese é retomada. Já os recém-nascidos prematuros desenvolvem um quadro chamado de anemia fisiológica da prematuridade. Nessa população, o declínio nos níveis de hemoglobina é mais rápido e mais intenso e entre 3 e 6 semanas de vida chega-se a uma hemoglobina de 7-9 g/dl. Além dos mecanismos já descritos, outros fatores também explicam esse declínio nos níveis de hemoglobina do prematuro, tais como: perda sanguínea por repetidas coletas de sangue durante internações mais prolongadas, menor meia-vida das hemácias do prematuro e crescimento de recuperação pós-natal mais acelerado. Um dado importante, de etiologia pouco esclarecida, é que os níveis de eritropoetina no prematuro são menores do que os que seriam esperados em função do grau da anemia encontrada. Em relação ao tratamento, temos que a anemia
fisiológica da infância não demanda qualquer intervenção terapêutica e não é necessária a suplementação de ferro; quando a eritropoiese for retomada, será utilizado o ferro que ficou armazenado nas primeiras semanas de vida.
Nos prematuros, pode ser necessária alguma intervenção. Esta inclui a hemotransfusão ou, alternativamente, o uso da eritropoetina. Essas intervenções não são necessárias quando o prematuro não apresenta dificuldades respiratórias, taquicardia ou baixo ganho ponderal.

Resposta: letra B.

38
Q

38 – A criança que recebe, além do aleitamento materno, água, chás e sucos de frutas, é considerada como em:

a) Aleitamento materno exclusivo.
b) Aleitamento materno complementado.
c) Aleitamento materno predominante.
d) Aleitamento materno misto.

A

Questão puramente conceitual. Relembremos cada uma das definições relacionadas ao aleitamento.
Aleitamento materno exclusivo: situação na qual a criança recebe somente leite materno, seja direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
Aleitamento materno predominante: situação na qual a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais (o Ministério da Saúde apoia a inclusão de fluidos rituais na definição de aleitamento materno exclusivo, desde que utilizados em volumes reduzidos).
Aleitamento materno complementado: situação na qual
quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria, a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar.
Aleitamento materno misto ou parcial: quando a
criança recebe leite materno e outros tipos de leite. Assim, a definição trazida no enunciado caracteriza o aleitamento materno predominante.

Resposta: letra C.

39
Q

39 – A galactosemia é um erro inato do metabolismo da galactose e suas principais manifestações clínicas são baixo ganho ponderal, icterícia colestática, hepatomegalia, retardo mental, catarata e aumento da suscetibilidade a infecções, principalmente por E. coli. Neste erro inato do metabolismo, a conduta dietética considerada a mais adequada é:

a) Leite materno.
b) Leite de soja.
c) Leite de cabra.
d) Leite de vaca.

A

A galactosemia é uma doença causada por deficiência enzimática, sendo a principal a deficiência de GALT (galactose-1-fosfato-uridil-transferase).
As manifestações clínicas descritas pelo enunciado podem ser observadas já no período neonatal, após a introdução de alimentos que contenham lactose, detectando-se ainda um grande aumento na excreção urinária de galactose. A criança fica impossibilitada de receber leite materno, de vaca e de cabra. Apenas o leite de soja pode ser utilizado.
Enfim, qualquer leite cuja fonte de carboidrato seja a lactose está contraindicado, uma vez que a lactose é composta por galactose associada à glicose.
Esta é a única doença da criança que contraindica completamente o aleitamento materno.
Nos outros erros inatos do metabolismo, a amamentação tem sido permitida, sob rígido controle clínico e laboratorial.

Resposta certa: letra B.

40
Q

40 – O aleitamento materno previne a seguinte patologia:

a) Diarreia.
b) Conjuntivite.
c) Impetigo.
d) Infecção do trato urinário.
e) Escabiose.

A

O aleitamento materno é o alimento ideal para o lactente nos primeiros 6 meses porque atende às necessidades nutricionais, metabólicas e calóricas. O
aleitamento também está relacionado à diminuição da incidência e gravidade das doenças infecciosas diarreicas, bem como redução da probabilidade de ocorrência de distúrbios hidroeletrolíticos secundários. Estudos também evidenciam redução de doenças imunoalérgicas, infecções respiratórias e a ocorrência de doença crônica.

Portanto, resposta: letra A.

41
Q

41 – Sobre o leite humano, marque a alternativa INCORRETA:

a) O leite humano pasteurizado e liofilizado pode ser estocado em temperatura ambiente por um ano, desde que acondicionado em atmosfera inerte.
b) O leite humano ordenhado cru pode ser estocado em
refrigerador por um período máximo de 24 horas, a uma
temperatura de até 5ºC.
c) Uma vez descongelado, o leite humano deve ser consumido o mais rápido possível, não sendo permitido novo resfriamento ou congelamento do produto.
d) O leite humano pasteurizado deve ser estocado sob
congelamento a uma temperatura de -10ºC ou inferior,
por um período máximo de 6 meses.

A

O leite cru (não pasteurizado) pode ser estocado em refrigerador por um período máximo de 12 horas, a uma temperatura de até 5°C e em congelador ou freezer por um período máximo de 15 dias, a uma temperatura de -3°C ou inferior (letra B incorreta).
Para alimentar o bebê com leite ordenhado congelado, este deve ser descongelado, de preferência dentro da geladeira. Uma vez descongelado, o leite deve ser aquecido em banho-maria, fora do fogo. Antes de oferecer o leite à criança, este deve ser agitado suavemente para homogeneizar a gordura. Uma vez
descongelado, o leite humano deve ser consumido o
mais rapidamente possível, não sendo permitido novo
resfriamento ou congelamento do produto (letra C
correta).
O leite ordenhado submetido à pasteurização (fervura a temperatura de 62,5°C por 30 minutos) deve ser estocado sob congelamento a uma temperatura de -10°C ou inferior, por um período máximo de até 6 meses (letra D correta).
O leite humano pasteurizado liofilizado pode ser estocado em temperatura ambiente por um ano, desde que acondicionado em atmosfera inerte (letra A correta).

Portanto, resposta: letra B.

42
Q

42 – Embora, muitas vezes, em populações mais carentes, o leite de vaca seja a única alternativa viável na impossibilidade de alimentação materna, ele é contraindicado para o lactente no primeiro ano de vida, pois:

a) Contém excesso de ácido linoleico (10 vezes superior
às fórmulas).
b) Fornece baixas taxas de proteína, sendo a relação caseína/ proteínas do soro inadequada.
c) Possui baixos teores de ferro e elevadas taxas de sódio.
d) A quantidade de carboidratos é elevada, sendo necessária a diluição do leite de vaca para sua adequação.
e) Tem níveis baixos de vitaminas C e E e níveis elevados
de vitamina D.

A

Questão que gerou uma enxurrada de discussões em nosso fórum na época do concurso. Vamos analisá-la com calma. Sabemos que o leite humano e o leite de vaca possuem uma série de diferenças nutricionais e essas diferenças implicam em vários benefícios do leite humano em relação ao leite de outras espécies. Vejamos cada uma das afirmativas:
Opção A: errada. O leite de vaca é pobre em ácidos graxos essenciais e ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa. As fórmulas costumam receber o acréscimo dessas substâncias, ainda que sejam necessários estudos em longo prazo para determinar o benefício dessa suplementação das fórmulas infantis. Opção B: errada. O leite de vaca possui teor elevado de proteínas, muito maior do que o leite materno. Além disso, as principais proteínas encontradas são diferentes. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, que é
uma proteína de difícil digestão para a espécie humana.
Opção C: certa. Não há dúvidas de que o teor de sódio
do leite de vaca é elevado e ninguém questionou isso.
Porém, podemos dizer que o teor de ferro é baixo? Sim!
Sabemos que a concentração de ferro do leite de vaca
é semelhante à concentração de ferro do leite humano
e o que muda é essencialmente a biodisponibilidade (o
ferro do leite humano é cinco vezes mais absorvido que o ferro do leite de vaca). Atente para o conceito: considera-se que o teor de ferro desses dois leites seja baixo! Isto pode ser encontrado descrito exatamente desta forma na literatura e não há como contra-argumentar. Muitos candidatos, na ocasião do concurso, acreditaram ser errado afirmar que os teores de ferro do leite de vaca são baixos por serem semelhantes ao do leite humano, mas, de fato, o são.
Opção D: errada. O leite de vaca tem menor teor de lactose do que o leite humano. A necessidade de diluição do leite de vaca nos primeiros quatro meses de
vida da criança advém do excesso de proteína nesse leite (cuidado! O leite de vaca não deve ser usado em menores de quatro meses, mas se essa for a única alternativa, ele terá que ser diluído).
Opção E: errada. O leite de vaca tem baixos teores dessas vitaminas.

43
Q

43 – Os lactentes normais a termo e que foram adequados para a idade gestacional, amamentados exclusivamente ao seio materno, não precisam usar ferro complementar até os 6 meses de idade, porque o leite humano possui grande quantidade de ferro, bem maior que o leite de vaca. Analisando a relação proposta entre as duas asserções acima, assinale a opção CORRETA:

a) As duas asserções são proposições verdadeiras e a
segunda é uma justificativa correta da primeira.
b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas
a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a
segunda é uma proposição falsa.
d) A primeira asserção é uma proposição falsa e a segunda é uma proposição verdadeira.
e) As duas asserções são proposições falsas.

A

Lactentes que nasceram a termo e adequados para a idade gestacional não necessitam de profilaxia com ferro até os 6 meses de idade, se amamentados
exclusivamente ao seio materno, uma vez que a absorção do ferro presente no leite humano é suficiente
para se evitar a anemia ferropriva. Portanto, a primeira afirmativa está CORRET A.
O ferro está em baixas concentrações em ambos os leites (quantidades semelhantes), porém sua biodisponibilidade no leite humano é de cerca de 50%, enquanto apenas 10% do ferro presente no leite de vaca é absorvido. O leite de vaca é pobre em vitaminas, dentre elas, a vitamina C ou ácido ascórbico, fator que aumenta a absorção de ferro. Portanto, a segunda afirmativa encontra-se INCORRETA.

Resposta certa, letra C.

44
Q

44 – Lactente de 2 meses, previamente hígida, apresenta
constipação, dificuldade para alimentar-se e fraqueza generalizada. Ela foi amamentada ao seio até uma semana atrás, quando a mãe passou a dar leite de vaca adoçado com mel. Ao exame, a criança está alerta, afebril, hipotônica, com choro fraco e diminuição do reflexo de engasgo. O teste a ser solicitado para auxiliar no diagnóstico é:

a) Hemocultura.
b) Eletroencefalograma.
c) Biópsia retal.
d) Pesquisa de toxina nas fezes.
e) Exame toxicológico de urina.

A

Estudos científicos evidenciaram a presença de esporos da bactéria Clostridium botulinum no mel produzido no Brasil e, por isso, a ANVISA recomenda que crianças com menos de um ano de idade não consumam mel para se evitar o botulismo alimentar. O botulismo se manifesta com paralisia simétrica, descendente e flácida. O botulismo alimentar pode se iniciar com sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos ou diarreia em cerca de 30% dos casos. Pode ocorrer constipação quando a paralisia flácida se torna evidente. O diagnóstico de botulismo é inequivocamente estabelecido pela demonstração da presença de toxina botulínica no soro ou da toxina do C. botulinum em material de ferimentos, fluido do enema ou fezes. O C. botulinum não faz parte da flora intestinal residente normal de humanos, e sua presença diante de um quadro de paralisia flácida aguda fornece o diagnóstico.

Portanto, resposta: letra D.

45
Q

45 – Em relação à anemia ferropriva na infância, considere as afirmativas a seguir.
I. Sua ocorrência endêmica na infância resulta da combinação entre necessidades excepcionalmente elevadas de ferro, impostas pelo crescimento e dietas pobres, sobretudo, em ferro de alta biodisponibilidade.
II. A associação de saturação de transferrina baixa com
ferritina normal pode estar relacionada à associação conjunta de processo inflamatório e deficiência de ferro.
III. Recém-nascido a termo e de peso adequado para a
idade gestacional, em uso de fórmula infantil apropriada
para a idade, com volume igual ou superior a 500 ml/dia,
não está recomendado para receber a profilaxia com ferro.
IV. O ferro sérico deve ser usado no diagnóstico de deficiência de ferro, pois apresenta pouca variação diurna e não tem interferência pelos processos inflamatórios.
Assinale a alternativa CORRETA.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

A

Vamos avaliar as alternativas:
I- Correta. A deficiência de ferro é a carência nutricional
mais prevalente no mundo. A OMS estima que nos países em desenvolvimento, mais de 50% das crianças menores de 4 anos apresentam tal deficiência. Sua ocorrência na infância, sobretudo, entre 9 e 24 meses, se justifica pelo crescimento bastante acelerado e por dietas pobres em ferro. O padrão comum de dieta observado em recém-nascidos e em bebês com anemia ferropriva nutricional nos países em desenvolvimento é o consumo excessivo do leite de vaca, que possui menor biodisponibilidade de ferro e que pode ocasionar perda sanguínea a partir da colite proteica do leite.
II- Correta. A anemia ferropriva se caracteriza laboratorialmente por ferritina sérica e saturação de transferrina baixas. A anemia de doença inflamatória, por sua vez, se caracteriza por ferritina sérica aumentada (já que a ferritina é uma proteína de fase aguda) e saturação de transferrina reduzida. Quando
temos a associação de anemia ferropriva com anemia
de doença inflamatória, podemos observar uma ferritina
sérica normal com transferrina baixa.
III- Correta. De acordo com as recomendações da SBP, lactentes que nasceram a termo e adequados para a idade gestacional, que estejam em uso de fórmula infantil com volume de 500 ml/dia ou mais, não apresentam indicação de uso de ferro profilático, uma vez que as fórmulas infantis já são suplementadas com ferro.
IV- Incorreta. O nível do ferro sérico é pouco específico para o diagnóstico de anemia ferropriva e se altera somente nos estágios avançados de anemia. O ferro sérico sofre grande variação diurna e encontra-se com níveis reduzidos tanto na anemia ferropriva, quanto na anemia de processos inflamatórios, e portanto, não é utilizado para diferenciá-las.

Logo, as alternativas corretas são: I, II e III (letra D).

46
Q

46 – A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade. Sobre as condições maternas que contraindicam a amamentação, assinale a alternativa CORRETA.

a) Mães com HIV sem tratamento e tuberculose.
b) Mães em tratamento para hanseníase e hepatite C.
c) Mães infectadas com tuberculose e hepatite B.
d) Mães infectadas pelo HIV, HTLV-1, HTLV-2.
e) Mães infectadas por vírus herpes-simples nas mamas.

A

Questão que gerou muitas dúvidas e que acabou sendo anulada pela banca. O HIV no Brasil é uma contraindicação absoluta, visto que a transmissão do vírus através do leite materno já foi comprovada por
diversos estudos. Em alguns países em desenvolvimento, o aleitamento materno pode ser vital para o lactente, tornando, segundo a OMS, aceitável o risco da transmissão pelo HIV, mesmo na alta taxa de infecção da doença. Nesses países, os riscos da não amamentação suplantam os riscos da transmissão da doença. Outra contraindicação absoluta é o aleitamento por mães HTLV-1 e HTLV-2 (letra D correta).
A tuberculose ativa não é contraindicação, desde que a
mãe utilize máscara durante o período bacilífero (letras A e C incorretas).
Não há contraindicação para o aleitamento materno quando a mãe estiver sob tratamento adequado para hanseníase (letra B incorreta).
Porém, são necessários cuidados com a secreção nasal materna, o contato pele a pele e a higiene das mãos; a mãe deve usar máscara para proteção das secreções nasais, lavar as mãos antes de amamentar e usar lenços descartáveis. O antígeno de superfície da hepatite B (HBsAG) foi detectado no leite de mulheres HBsAG positivas. Apesar do vírus poder ser excretado no leite
materno, a transmissão da doença se dá principalmente no período perinatal (80 a 90%), por meio do sangue e secreções maternas. Estudos sugerem que a presença do vírus, no leite, não aumenta o risco de infecção para o recém-nascido (letra C incorreta).
O RNA do vírus da Hepatite C (HVC) e os anticorpos contra o vírus foram detectados no leite de mães infectadas com HCV, porém, não foi demonstrado relação com infectividade. A transmissão do HCV pela amamentação não foi documentada em mães positivas pelo anti-HVC (letra B incorreta).
O risco de transmissão do vírus herpes-simples, pelo leite materno, é muito baixo. Por conseguinte, em casos de acometimento da nutriz pelo herpes, a amamentação deve ser mantida, exceto quando há vesículas herpéticas localizadas na pele da mama. Nesse caso, a criança não deve sugar a mama afetada enquanto persistirem as lesões. No entanto, a alternativa E contempla as mamas (no plural), o que contraindica temporariamente a amamentação.

A banca anulou a questão por considerar corretas as letras D e E.

47
Q

47 – Mãe primípara está com dificuldades na técnica de
amamentação e pede ajuda ao pediatra. O profissional
solicita a colocação do bebê ao seio e observa o sinal
de possível dificuldade. Assinale o sinal que indica a
possível dificuldade:

a) A cabeça e o tronco do bebê estão alinhados.
b) O corpo do bebê está muito perto do corpo da mãe.
c) A mama está apoiada com dedos da mãe na aréola.
d) O bebê está todo voltado para a mãe.

A

A técnica de amamentação abrange o posicionamento e a pega. Com relação ao posicionamento, o rosto do bebê deve estar de frente para a mama, com o nariz encostado no mamilo, a cabeça e o tronco devem estar alinhados e o corpo do bebê bem próximo ao corpo da mãe. Com relação à pega, a boca do bebê deve estar aberta, englobando a maior parte da aréola, lábio inferior evertido, queixo tocando a mama. Não está indicado apoiar a mama com os dedos na aréola.

Logo, resposta: letra C.

48
Q

48 – Um lactente de seis semanas de vida, com diagnóstico de cardiomiopatia congestiva, está pesando 4 kg. Alimenta-se de 360 ml de fórmula diariamente. Das alternativas abaixo, a consequência MAIS provável da ingestão diminuída nessa criança é:

a) Hipocalcemia.
b) Hipoglicemia.
c) Ganho de peso inadequado.
d) Hipopotassemia.

A

Temos uma criança com baixo ganho ponderal e volume de dieta inferior ao ideal, vejamos porque: Se considerarmos que uma criança nasce com peso médio de 3,4 kg e que, no primeiro trimestre, o esperado é
um ganho de 25-30 g/dia, o ganho de peso deverá ser entre 1,050-1,260 g, o que resulta em uma criança de 6 semanas pesando entre 4,45-4,66 kg. Além disso, a capacidade gástrica de um bebê varia entre 25-30 ml/kg, logo essa criança deverá receber entre 100 e 120 ml de fórmula por refeição, de 3/3h, resultando em 800-900 ml/dia. Logo, a consequência mais provável da ingestão diminuída é, como percebemos neste caso, o ganho de peso inadequado.

Resposta correta: letra C.

49
Q

49 – A deficiência de ferro em lactentes e crianças maiores, acompanha-se clinicamente de todos os sinais e sintomas, EXCETO:

a) Irritabilidade.
b) Geofagia.
c) Hipertrofia das papilas gustativas.
d) Anorexia.
e) Palidez.

A

A maioria das crianças com deficiência de ferro é assintomática. Quando sintomática, a palidez é o sinal clínico mais importante da deficiência de ferro, porém, não é normalmente visível até que a hemoglobina caia para 7-8 mg/dl. Quando o nível de hemoglobina cai para menos de 5 mg/dl, a irritabilidade, a anorexia e o desenvolvimento letárgico costumam aparecer. Pica, o desejo de ingerir substâncias não nutritivas, e o desejo
de ingerir gelo (pagofagia) são sintomas sistêmicos da
deficiência de ferro. Das manifestações descritas nas
alternativas, a única que não é descrita na deficiência de
ferro é a HIPERTROFIA das papilas gustativas. Na realidade, em qualquer anemia carencial (ferropriva e megaloblástica) pode ser observado um quadro de ATROFIA das referidas papilas (condição conhecida como glossite atrófica).

Resposta certa: C.

50
Q

50 – Qual das doenças hematológicas é a mais comum
na infância, acometendo 30% da população global,
sendo que a maioria dos indivíduos afetados vive
em países em desenvolvimento?

a) Anemia ferropriva.
b) Anemia megaloblástica.
c) Anemia falciforme.
d) Leucemias.

A

A deficiência de ferro é o distúrbio nutricional mais disseminado e mais comum do mundo. Estima-se que cerca de 30% da população global sofra de anemia ferropriva e que a maioria dos indivíduos afetados
vive em países em desenvolvimento. O padrão comum
de dieta observado em recém-nascidos e bebês acima do peso com anemia ferropriva nutricional nos países em desenvolvimento é o consumo excessivo de leite de vaca. A subnutrição em geral é mundialmente responsável pela deficiência de ferro.

Portanto, resposta certa: letra A.

51
Q

51 – A mãe do menor J.K.L. foi ao pediatra pedir orientação alimentar, pois o mesmo está completando 6 meses em aleitamento materno exclusivo e segundo a vizinha ela deve parar de dar o leite materno. O médico orienta que ela deveiniciar ALIMENTOS COMPLEMENTARES, o que significa:

a) Conjunto de outros alimentos, além de manter o leite
materno oferecido durante o período de aleitamento.
b) Fórmulas artificiais.
c) Conjunto de outros alimentos, substituir o leite materno por leite artificial oferecidos durante o período do primeiro ano de vida.
d) Conjunto de guloseimas, além do leite materno oferecidos durante o período de aleitamento.

A

A alimentação complementar é o início da oferta de alimentos sólidos ou semissólidos, com a finalidade de complementar o aleitamento materno, que deixa de ser exclusivo. Em hipótese alguma deve-se cessar a amamentação com 6 meses de idade, já que ela é preconizada até pelo menos 2 anos de idade. Quando a criança recebe, além do leite materno, outros tipos de
leite, chamamos de aleitamento materno misto.

Portanto, resposta correta: letra A.

52
Q

52 – Com relação à recomendação para suplementação de ferro, é CORRETO:

a) Lactentes nascidos a termo, de peso adequado para
idade gestacional, em aleitamento materno exclusivo até
6 meses de idade, não é indicado a suplementação.
b) Lactentes nascidos a termo, de peso adequado para idade gestacional, em uso de fórmula infantil até 6 meses de idade e a partir do 6° mês se houver ingestão mínima de 500 ml de fórmula por dia, não é indicado a suplementação.
c) Lactentes nascidos a termo, de peso adequado para
idade gestacional, a partir da introdução de alimentos
complementares, é indicado a suplementação de ferro.
d) Prematuros maiores de 1.500 g e recém-nascidos de baixo peso, a partir do 30° dia de vida, é indicada a suplementação.
e) Todas corretas.

A

A SBP preconiza que lactentes a termo e AIG, em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, recebam 1 mg/kg/dia de ferro elementar a partir do 6º mês (ou a partir do desmame do aleitamento materno exclusivo) até os 2 anos de idade. Caso o lactente a termo e AIG receba 500 ml/dia de fórmula infantil, não há necessidade de suplementação de ferro. Lactentes que foram prematuros e/ou com baixo peso ao nascer (menos que 2.500 g), devem receber 2 mg/kg/dia de Fe dos 30 dias até 1 ano de idade, e 1 mg/kg/dia após esse período, até completar 2 anos. Lactentes que foram prematuros e com muito baixo peso ao nascer (menos que 1.500 g), devem receber 3 mg/kg/dia de Fe dos 30 dias até 1 ano, e 1 mg/kg/dia após esse período, até completar 2 anos. Por fim, lactentes que foram prematuros e com extremo baixo peso ao nascer (menos que 1.000 g), devem receber 4 mg/kg/dia de Fe dos 30 dias até 1 ano, e 1 mg/kg/dia após esse período, até completar 2 anos.

Resposta correta E.

53
Q

53 – Lactente de 10 meses vem à consulta de puericultura
e sua mãe solicita orientação quanto à alimentação, já que o bebê recebe apenas mingau de leite integral de vaca com maisena e açúcar em mamadeira, desde o 3° mês. Em alguns intervalos consome “danoninho” e biscoitos. Não recebe complexos vitamínicos, nem ferro. Está com crescimento e desenvolvimento adequados para a idade. Quais as consequências da dieta desse bebê?

a) Hipervitaminose A e D.
b) Anemia ferropriva e sobrecarga renal.
c) Doença celíaca e dermatite herpetiforme.
d) Deficiência de vitaminas do complexo B e cálcio.

A

Ao avaliar a história alimentar desse lactente você deve ser capaz de perceber que ele tem mais de um fator de risco para o desenvolvimento de um quadro de anemia ferropriva. Temos a descrição de introdução precoce de leite de vaca e a interrupção precoce do aleitamento materno. Além disso, não foi iniciada a profilaxia
para anemia ferropriva. Nos lactentes com interrupção
precoce de aleitamento e uso do leite de vaca, o Ministério da Saúde recomenda que a suplementação comece a ser feita já a partir dos seis meses. Apenas por isso, já poderíamos pensar em marcar a letra B. Diga: essa dieta oferece risco de sobrecarga renal? Sim, principalmente nos primeiros quatro meses de vida. O leite de vaca tem excesso de proteína e de eletrólitos como sódio, o que impõe importante sobrecarga
renal nos primeiros meses de vida, quando a capacidade de concentração urinária ainda é limitada. Em relação às outras alternativas, a criança parece ter um aporte de cálcio suficiente, e isso não seria um problema; o risco maior seria de hipovitaminose A e D, não o contrário; os alimentos recebidos não parecem ser ricos em glúten (não se sabe ao certo qual o tipo de biscoito que vem sendo oferecido) e não há porque pensar em doença celíaca.

Resposta: letra B.

54
Q

54 – Assinale a alternativa que apresenta a conduta
CORRETA de alimentação saudável para crianças menores de dois anos de idade:

a) Administrar vitamina D aos lactentes que não são amamentados ao seio materno.
b) Estimular o consumo de leite de vaca e seus derivados
no segundo ano de vida.
c) A alimentação comum da família só deve ser ofertada
à criança após os dois anos de idade.
d) Lactentes e crianças jovens não têm capacidade de
autorregular a ingestão calórica, por isso não emitem
sinais de saciedade, devendo a alimentação ter quantidades estabelecidas.
e) A administração de vitamina A, na forma de megadoses, somente deve ser realizada com a comprovação laboratorial de sua hipovitaminose.

A

Lactentes que não são amamentados ao seio materno devem idealmente receber fórmula infantil. As fórmulas infantis disponíveis no Brasil possuem quantidades adequadas de vitaminas e oligoelementos, não sendo necessária a suplementação de vitamina D teoricamente (letra A INCORRETA).
Vale lembrá-los que atualmente, a SBP recomenda a
vitamina D profilática para todas as crianças menores
de 2 anos, independente da cor, região do país e tipo
de alimentação. Se fôssemos respondê-la hoje (e não
na época do concurso) esta opção estaria CORRETA.
Em regiões de alta prevalência de hipovitaminose A, deve-se administrar a vitamina A em megadoses por via oral a cada 4 a 6 meses, sem necessidade de comprovação laboratorial, uma vez que a concentração
dessa vitamina no leite materno varia de acordo com a
alimentação materna (letra E INCORRETA).
A partir dos 6 meses, inicia-se a alimentação complementar. Embora com horários mais regulares que os da amamentação, ela deve permitir pequena liberdade inicial quanto a ofertas e horários, permitindo também a adaptação do mecanismo fisiológico de regulação da ingestão. Mantém-se, assim, a percepção correta das sensações de fome e saciedade, característica imprescindível para a nutrição adequada, sem excessos ou carências (letra D INCORRET A).
Em crianças entre 1 e 2 anos de idade, a amamentação deve continuar. As refeições devem ser semelhantes às dos adultos, evitando-se alimentos industrializados ricos em açúcar, gordura e sal (letra C INCORRETA).
Devem ser consumidos todos os tipos de carnes e afins, com estímulo ativo ao consumo de frutas e verduras. Deve ser incentivada a ingestão média de 600 ml de leite de vaca (preferencialmente fortificado com ferro e vitamina A), assim como de outros derivados (iogurtes caseiros, queijos), para garantir correta oferta de cálcio (letra B CORRETA).

55
Q

55 – No item abaixo, é apresentado um caso clínico a respeito do crescimento e do desenvolvimento na infância e na adolescência, seguido de uma assertiva que deve ser julgada. A mãe de um lactente, de quatro meses de idade, alimentado exclusivamente com leite materno, queixou-se ao pediatra que o leite dela não estava sendo suficiente para nutrir o bebê, uma vez que ele estava crescendo pouco e deveria, portanto, receber outros tipos de alimento. O exame médico da criança mostrou um desenvolvimento psicomotor normal com peso e altura situados no escore Z = 0. A caderneta de vacinação da criança estava atualizada
até o 3o mês de vida. Nesse caso, o médico deve recomendar que a mãe mantenha o aleitamento materno exclusivo, que exponha o bebê diretamente à luz solar por uma hora pela manhã e que faça as segundas doses das vacinas pentavalentes antipoliomielite injetável, antipneumocócica decavalente e antirrotavírus.

a) CERTO.
b) ERRADO.

A

Temos uma criança com desenvolvimento psicomotor normal, e com peso e altura adequados (escore Z = 0), portanto, o leite materno foi capaz de manter a criança bem nutrida. Como a caderneta estava atualizada até o 3º mês e a criança já está com 4 meses, devemos atualizar as vacinas referentes ao 4º mês de vida, administrando a pentavalente, a vacina inativada contra poliomielite, a vacina oral contra o rotavírus e a pneumocócica decavalente. A orientação da SBP para evitar a hipovitaminose D é a exposição solar. Considera-se como adequada uma exposição solar de 30 minutos por semana com a criança totalmente despida, ou de duas
horas por semana com a criança parcialmente vestida (e
não 1h pela manhã, como relatado pelo enunciado). E
ainda devemos orientar o aleitamento materno exclusivo
até os 6 meses de vida.

Resposta correta: letra B.

56
Q

56 – Uma criança do sexo feminino, de 11 meses de idade, é levada ao pediatra por falta de apetite e palidez. História de prematuridade e aleitamento materno exclusivo até os 2 meses de idade, sendo então introduzido leite de vaca. Sem icterícia neonatal. Hemograma: hemoglobina = 7,1 g/dl; hematócrito = 21%; VCM = 55 fl; reticulócitos = 0.5%; leucócitos = 6000/mm³; plaquetas 700.000/mm³. Assinale a hipótese diagnóstica mais provável e os exames
necessários para a confirmação:

a) Esferocitose - fragilidade osmótica.
b) Anemia ferropriva - eletroforese de hemoglobina.
c) Talassemia - dosagem de hemoglobina fetal.
d) Deficiência de G6PD - dosagem de G6PD.
e) Anemia ferropriva - dosagem de ferro sérico e ferritina.

A

Temos uma criança apresentando uma anemia microcítica, sem reticulocitose, com história de prematuridade e aleitamento materno exclusivo somente até os 2 meses, com introdução do leite de vaca e sem suplementação de ferro. Logo, a hipótese diagnóstica mais provável é anemia ferropriva. Sabe-se que prematuros e crianças com baixo peso ao nascer devem receber suplementação de ferro a partir dos 30 dias de vida, até os 2 anos de idade. É importante lembrar também que o leite de vaca é um leite com muito baixa biodisponibilidade de ferro, já o leite materno apresenta alta biodisponibilidade deste nutriente. Então, diante da suspeita de anemia ferropriva, devemos dosar o ferro sérico e a ferritina.

Resposta: letra E.

57
Q

57 – Mãe admitida em período expulsivo é HBsAG positivo. O Recém-Nascido (RN) nasceu bem, a termo, adequado para idade gestacional e sem intercorrências. A conduta a seguir deve ser:

a) Liberar aleitamento materno na sala de parto.
b) Administrar ao RN imunização ativa para o Vírus da
Hepatite B (VHB) e liberar aleitamento materno.
c) Colher HBsAG do cordão umbilical e com o resultado
negativo liberar o aleitamento materno.
d) Administrar ao RN imunização ativa e passiva para o
VHB e liberar o aleitamento materno.
e) Iniciar aleitamento artificial imediatamente, pois não
poderá amamentar no seio materno.

A

Para prevenção da infecção perinatal pelo vírus da Hepatite B, todos os recém-nascidos a termo, filhos de mães HBsAG positivo, deverão receber a vacina contra a hepatite B (imunização ativa) e a imunoglobulina (imunização passiva), preferencialmente dentro das primeiras 12-24h de vida. O prazo máximo para administração da imunoglobulina é de 7 dias. A proteção conferida por estas medidas é próxima de 100%. Apesar do vírus da hepatite B poder ser excretado no leite materno, a transmissão da doença se dá, principalmente no período perinatal (80-90%), por meio do sangue e das secreções maternas. Estudos sugerem que a presença do vírus no leite não aumenta o risco de infecção para o recém-nascido e por isso, podemos liberar o seio materno o quanto antes.

Resposta: letra D.

58
Q

58 – Lactente, 2 meses, está em aleitamento materno
exclusivo e a mãe é vegetariana e não utiliza produto
animal na sua dieta. Qual suplementação deve ser
orientada para essa nutriz?

a) Vitamina A.
b) Vitamina D.
c) Vitamina E.
d) Vitamina K.
e) Vitamina B12.

A

A alimentação de uma nutriz deve contemplar uma ampla variedade de pães e cereais, frutas, legumes, verduras, derivados do leite (3 ou mais porções) e carnes, frutas e vegetais ricos em vitamina A. Deve-se
consumir com moderação café e outros produtos cafeinados, e evitar dietas e medicamentos que promovem rápida perda de peso. As crianças amamentadas por mães vegetarianas correm risco de hipovitaminose B12, já que essa vitamina não é encontrada em vegetais, por isso, as lactantes devem ser suplementadas com essa vitamina. Outra preocupação com as vegetarianas é se elas estão ingerindo quantidade suficiente de proteínas.

Resposta correta: letra E.

59
Q

59 – Sobre o leite materno podemos afirmar que:

a) O crematócrito avalia a taxa de lactose do leite humano.
b) A composição do leite humano de mãe de recém-
-nascido prematuro é semelhante ao da mãe de recém-
-nascido de termo.
c) A pasteurização do leite humano não preserva nenhuma propriedade imunológica do leite humano.
d) O percentual de sais minerais é muito maior no leite
humano que no leite de vaca.
e) A composição de vitaminas de uma forma geral é maior
no leite humano maduro do que no colostro.

A

Vamos avaliar as alternativas:
A) Incorreta. O crematócrito é o método mais utilizado para determinar o conteúdo energético do leite humano. Ele consiste em centrifugar amostras de leite, aferir a quantidade de gordura existente e, por meio de cálculos matemáticos específicos, determinar seu conteúdo energético;
B) Incorreta. O leite de mães de recém-nascidos pré-termo difere do de mães de bebês a termo, visto que é mais rico em proteínas, gorduras, sódio, cloro, vitaminas A e E, e possui menor teor de lactose e vitamina C;
C) Incorreta. Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente inativados pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5°C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru, porém, é incorreto também afirmar que a pasteurização não preserva nenhuma propriedade imunológica do leite. Por exemplo, a IgA secretória perde parcialmente sua atividade com a pasteurização, assim como a IgG, a lactoferrina, a lisozima e a lipase. O fator bífido e os oligossacarídeos são estáveis ao calor;
D) Incorreta. O leite de vaca possui maior concentração de sais minerais do que o leite materno, o que pode ocasionar sobrecarga renal e desidratação hipertônica em bebês que recebem esse tipo de leite;
E) Correta. Essa alternativa foi motivo de dúvida para muitos, vejamos: No colostro temos uma maior quantidade de vitaminas lipossolúveis, sobretudo, as vitaminas A e E. No leite maduro, por sua vez, temos
uma maior concentração de vitaminas hidrossolúveis. No entanto, quando comparamos o colostro e o leite maduro em relação à quantidade total de vitaminas, o leite humano maduro é o que possui maior concentração vitamínica.

Resposta certa: letra E.

60
Q

60 – Dentre as doenças citadas abaixo, aquela para a qual está completamente contraindicado o uso do leite materno é:

a) Doença do xarope de bordo.
b) Hipotireoidismo congênito.
c) Galactosemia.
d) Fenilcetonúria.
e) Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase.

A

Na galactosemia, um erro inato do metabolismo, existe prejuízo na metabolização da galactose, com seu consequente acúmulo nos tecidos e no sangue. Os pacientes afetados apresentam ganho ponderal diminuído, hepatomegalia, icterícia colestática, retardo mental e maior suscetibilidade à infecções. O aleitamento materno está totalmente contraindicado nesses casos, assim como o uso de qualquer leite que contenha lactose como fonte de carboidrato. A doença do xarope de bordo, ou leucinose, é um distúrbio metabólico que se caracteriza pelo acúmulo de 3 aminoácidos de cadeia ramificada (valina, isoleucina e leucina) nos líquidos corporais. O tratamento consiste na inibição do catabolismo proteico e ingestão de preparado proteico específico sem valina, isoleucina e leucina. O aleitamento materno é permitido sob rígido controle.
A fenilcetonúria caracteriza-se pela deficiência na conversão de fenilalanina em tirosina.
O aleitamento materno depende dos níveis de fenilalanina, que quando elevados contraindicam a amamentação.
No hipotireoidismo congênito não há contraindicações à
amamentação.
Na deficiência de G6PD é apenas preciso ter o cuidado de avaliar as medicações utilizadas pela mãe que possam ser passadas para a criança através da ingestão do leite materno.

Resposta correta: alternativa C.

61
Q

61 – Recém-nascido a termo, Apgar 9/9, peso de nascimento 3.300 g, chega ao ambulatório com 20 dias de vida para consulta de rotina. A mãe informa que o menino é tranquilo e dorme muito, inclusive durante as mamadas que são oferecidas exclusivamente ao seio materno, cinco a seis vezes por dia. O exame físico foi todo normal e o peso 3.320 g. A conduta neste caso deve ser:

a) Indicar sulfato ferroso.
b) Solicitar hemograma e urinocultura.
c) Iniciar complemento com fórmula láctea.
d) Orientar a técnica correta de amamentação.

A

Temos uma criança nascida a termo que já está no 20o dia de vida e há um dado no enunciado que nos preocupa: o ganho ponderal parece ser insatisfatório. Os nascidos a termo podem ter uma perda ponderal de até 10% do seu peso de nascimento durante os primeiros dias de vida, mas é esperado que o peso de nascimento já tenha sido recuperado por volta do 10o dia de vida ou até o final da segunda semana. O ganho ponderal diário neste período costuma ser de 25 a 30 g/dia. Logo, se o peso de nascimento tivesse sido alcançado no 10o dia, esperaríamos agora um peso de 3.550-3.600 g. Sempre que o ganho ponderal for insatisfatório, o primeiro passo é a avaliação de como
está o regime de amamentação: a amamentação está
em livre demanda? O tempo que a criança fica em cada
mama está sendo limitado? A técnica está correta? Os quadros infecciosos, como as infecções urinárias, até podem ser causa de baixo ganho ponderal, mas a primeira coisa a se fazer é a avaliação do regime alimentar da criança, especialmente quando o quadro
descrito indica não haver outras anomalias, como nesta
questão.

Resposta: letra D.

62
Q

62 – Cátia é atendida com 42 dias pós-parto, com quadro de febre de 39ºC, dor ao amamentar e mal-estar. Ao exame físico, apresenta mama direita ingurgitada com área de hiperemia e calor em quadrantes externos, sem evidências de abscessos ao exame clínico e ultrassonográfico. A melhor conduta neste caso, é iniciar antibioticoterapia e orientar a paciente quanto à amamentação:

a) Manter o regime vigente.
b) Continuar somente na mama esquerda.
c) Reiniciar logo após término da antibioticoterapia.
d) Suspender por duas horas, após cada dose do antibiótico.

A

Questão bem objetiva sobre mastite puerperal e amamentação. A mastite não é uma contraindicação à amamentação, muito pelo contrário, a estase do leite tende a piorar a infecção. O esvaziamento adequado da mama é o ponto mais importante do tratamento e deve ser feito, preferencialmente, pela mamada. Com isso, a amamentação deve ser estimulada e só contraindicada se houver saída de secreção purulenta pelo mamilo afetado. Na mama sadia, a amamentação deve ser mantida.

Opção correta: letra A.

63
Q

63 – Em relação à amamentação em mãe puérpera com o diagnóstico de tuberculose bacilífera, recomenda-se:

a) Amamentar sem restrições.
b) Aleitamento artificial orientado.
c) Amamentar com o uso de máscara.
d) Ordenhar o leite e oferecer na mamadeira.

A

Sabemos que a tuberculose pulmonar não contraindica a amamentação, uma vez que o bacilo de Koch não é excretado no leite materno. Porém, no caso de tuberculose em atividade (mães não tratadas ou em tratamento adequado por menos de 3 semanas), recomenda-se a amamentação com o uso de máscara em ambiente arejado. Além disso, é recomendada a prevenção da infecção tuberculosa em recém-nascidos coabitantes de caso índice bacilífero. Nestes casos, o recém-nascido não deverá ser vacinado com BCG ao nascer. A isoniazida é administrada por três meses e, após esse período, faz-se a Prova Tuberculínica (PT). Se o resultado da PT for ≥ 5 mm, a quimioprofilaxia deve ser mantida por mais três a seis meses, caso contrário interrompe-se o uso da isoniazida e vacina-se com BCG.

Resposta: letra C.

64
Q

64 – A “apojadura mamária” ocorre nas primeiras 72 horas do puerpério, desencadeia-se pelas elevadas dosagens das concentrações de estrogênio e progesterona porque estes hormônios estimulam a hipófise a produzir quantidade de prolactina suficiente para seu efeito lactogênico pleno.

a) A asserção é verdadeira e a razão é falsa.
b) A asserção e a razão são verdadeiras e a razão explica
a asserção.
c) A asserção é falsa e a razão é verdadeira.
d) A asserção e a razão são falsas.
e) A asserção e a razão são verdadeiras, porém a razão não explica a asserção.

A

De fato, entre o 3o e o 4o dia após o parto irá ocorrer a “descida do leite” ou apojadura. É claro que uma pequena quantidade de colostro já é secretada antes disso, mas a produção copiosa de leite ocorre neste momento e acontece mesmo sem qualquer estímulo
(sucção). É fácil entender por qual razão isso ocorre.
Durante a gestação, por mais que os níveis de prolactina na gestante sejam elevados, os seus efeitos sobre a produção láctea estão inibidos pela presença de progesterona e outros hormônios placentários. Após o nascimento, há o declínio desses fatores inibitórios, enquanto o nível de prolactina se mantém elevado por mais tempo, desencadeando o início da produção de leite (lactogênese II). Assim, a asserção é verdadeira, mas a razão é falsa! O que ocorre é justamente
o término dos efeitos inibitórios sobre a ação da prolactina.

Resposta: letra A.

65
Q

65 – Criança do sexo feminino, com 1 mês de vida, aleitamento materno exclusivo, nasceu com 3 kg e atualmente está com 3.700 g. A mãe relata única queixa de que a criança que evacuava cerca de 6 a 8 vezes ao dia, fezes amolecidas, agora não evacua há 5 dias. Qual a conduta mais CORRETA?

a) Receitar óleo mineral para a criança.
b) Manter aleitamento materno e orientar a mãe que é
normal o ocorrido.
c) Solicitar ultrassonografia de abdome.
d) Encaminhar para o cirurgião pediátrico.
e) Receitar fórmula láctea para complementar o leite materno.

A

O enunciado nos traz um lactente com 1 mês de vida, em aleitamento materno exclusivo e ganho de 700 g desde o nascimento. Sabemos que no primeiro trimestre, o ganho ponderal esperado é de 25-30 g/dia. Nosso paciente ganhou em média 30 g/dia nos últimos 23 dias (pois na primeira semana o neonato perde fisiologicamente 10% do peso de nascimento) e, portanto, apresenta-se com crescimento adequado.
Em relação ao padrão de evacuações de um lactente
alimentado exclusivamente ao seio, sabemos que é
FISIOLÓGICO um padrão em que se evacua várias vezes ao dia (reflexo gastrocólico exacerbado) até um
padrão no qual passam-se dias (até 1 semana) sem
evacuar.

Gabarito: letra B.

66
Q

66 – No consultório do pediatra geral, foram atendidas
cinco crianças com os diagnósticos seguintes. A baixa
reserva de ferro (ferritina) é encontrada em qual dessas
entidades clínicas?

a) Esferocitose hereditária.
b) Bruxismo.
c) Intoxicação por hidrocarbonetos.
d) Síndrome das pernas inquietas.
e) Pneumonia lobar.

A

As manifestações clínicas da carência de ferro podem anteceder os sinais de anemia.
Destacam-se, neste contexto, as seguintes:
• Neurológicas: irritabilidade, atenção reduzida, deficit de memória, prejuízo na aprendizagem, atraso na aquisição da linguagem e desenvolvimento motor.
• Sistema imunológico: redução da capacidade bactericida dos neutrófilos e diminuição da eficácia da imunidade celular. Consequentemente, há um aumento do risco de infecções respiratórias e gastrointestinais.
• Anorexia.
• Perversão do apetite: hábito de comer gelo ou terra (pagofagia), sabão, sal grosso, arroz cru e reboco de parede.
• Alterações das mucosas, de pele e fâneros: perda das papilas linguais tornando a língua lisa, síndrome de Plummer-Vinson (formação de anel esofagiano posterior com sintomas de dor e dificuldade de deglutição), escleróticas azuladas, cabelos e unhas quebradiços e coiloníquia (convexidade na borda das unhas).
Além disso, foi verificado que a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é uma doença crônica que se caracteriza por sensações de desconforto, de parestesias nos membros, principalmente inferiores, presentes no repouso e que são aliviadas pela urgência em movê-los. Mais recentemente verificou-se uma diminuição na concentração de ferritina e aumento de transferrina no liquor de pacientes com SPI, sugerindo um comprometimento do metabolismo cerebral do ferro. Dados recentes, obtidos através da ressonância magnética, indicam existir uma concentração menor de
ferro na região nigroestriatal e núcleo rubro. A SPI seria
consequente à alteração da função celular da dopamina
provocada pela deficiência do ferro, e não pela depleção da dopamina.

Gabarito: letra D.

67
Q

67 – A anemia ferropriva é a carência nutricional mais
prevalente no mundo. Sobre ela, podemos afirmar que:

a) No Brasil, estima-se que 20% dos lactentes têm
anemia ferropriva.
b) Durante a gestação a deficiência de ferro pode comprometer o desenvolvimento do sistema nervoso central, mas não tem relação com mortalidade neonatal.
c) A dosagem de ferro sérico é bom exame para ser usado no diagnóstico de anemia por deficiência de ferro.
d) Anemia na fase de lactente pode repercutir em longo
prazo com menor desempenho escolar e distúrbios da aprendizagem.

A

Vamos analisar cada uma das assertivas a respeito da anemia ferropriva.
A: Incorreta. O Ministério da Saúde estima que no Brasil a prevalência de anemia ferropriva em crianças menores de 2 anos varie de 41 a 77% (média de 60%).
B: Incorreta. A anemia grave na gestação está associada ao maior risco de morbidade e mortalidade fetal e materna. Mesmo no caso de anemia moderada, verificam-se maiores riscos de parto prematuro e baixo peso ao nascer, que, por sua vez, se associam a riscos elevados de infecções e mortalidade infantil.
C: Incorreta. No primeiro estágio da anemia ferropriva, ocorre depleção nos depósitos de ferro, o que pode ser medido pela diminuição da ferritina sérica, normalmente para valores inferiores a 12 μg/L. Neste momento, a concentração plasmática do ferro, a saturação da transferrina e a concentração da hemoglobina
permanecem normais.
D: Correta. As crianças com deficiência de ferro e anemia têm menor desempenho em testes de desenvolvimento mental e psicomotor do que crianças não anêmicas.

Resposta: letra D.

68
Q

68 – Por questões relacionadas à cultura da sociedade, mitos cercam a alimentação do lactente normal, levando às vezes à exclusão de alimentos ricos em nutrientes e em outras vezes à oferta de alimentos impróprios para a faixa etária. Analise as alternativas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

a) O mel é um alimento inseguro para qualquer criança
com menos de um ano de idade por ser fonte identificada
e evitável de esporos botulínicos para o lactente.
b) A beterraba é um alimento rico em ferro e, portanto, de
grande valor na prevenção e tratamento da anemia.
c) Após o desmame do seio materno, a ingestão de leite de vaca não é recomendada, já que naturalmente perdemos a capacidade de digerir a lactose com o passar dos anos.
d) O leite materno não é necessário e nutritivo para a
criança após um ano vida.

A

Vamos analisar cada uma das afirmativas:
A) CORRETA. No primeiro ano de vida, não usar mel. Nessa faixa etária, os esporos do Clostridium botulinum, capazes de produzir toxinas na luz intestinal, podem causar botulismo.
B) INCORRETA. Apesar da beterraba ser consagrada popularmente como alimento que pode ser usado para tratar anemia, sua quantidade de ferro é baixa, assim como sua biodisponibilidade.
C) INCORRETA. O leite de vaca deve ser restringido
na alimentação da criança e o principal motivo é que
seu uso de maneira excessiva é um fator de risco para
a anemia ferropriva. Por isso, é contraindicado o uso
de leite de vaca integral na alimentação de crianças
menores que um ano, e é recomendado o consumo de
no máximo 700 ml/dia para os maiores de um ano. É
sabido que, além do baixo conteúdo e baixa biodisponibilidade de ferro, o consumo de leite de vaca pode interferir na absorção do ferro de outros alimentos e provocar perda de sangue oculto nas fezes.
D) INCORRETA. A partir dos 6 meses de idade, as necessidades nutricionais da criança já não são mais atendidas só com o leite materno, embora este ainda continue sendo uma fonte importante de calorias e nutrientes. A partir do 6o mês de vida, deve ser iniciada a alimentação complementar e o aleitamento materno continuado até pelo menos 2 anos de idade.

Resposta: letra A.

69
Q

69 – Uma síndrome com anemia grave e transitória associada à importante diminuição dos reticulócitos pode
ocorrer em crianças hígidas entre 6 meses e 3 anos de
idade. Possui evolução benigna e, em até a metade dos
casos, pode estar associada a uma infecção viral. É a
aplasia adquirida da série vermelha mais comum na infância, sendo denominada:

a) Síndrome de Pearson.
b) Anemia hipoplásica congênita.
c) Eritroblastopenia transitória da infância.
d) Anemia transitória hemolítica crônica.

A

A eritroblastopenia transitória da infância é a forma de anemia aplásica mais COMUM DA INFÂNCIA, superando a anemia de Diamond-Blackfan e a anemia de Pearson. Afeta crianças previamente hígidas entre 6 meses e 3 anos, e a incidência estimada é de 4,3 para cada 100.000 crianças. A supressão da eritropoiese parece estar relacionada a mecanismos autoimunes mediados por IgM, IgG e pelo braço celular da imunidade. Com frequência ela sucede um quadro viral, muito embora os estudos não tenham mostrado qualquer participação direta do herpesvírus humano 6, parvovírus - B19, EBV, ou do CMV. Desenvolve-se uma anemia normocrômica, normocítica, com reticulocitopenia, neutropenia em 20% dos casos, e trombocitose (> 400.000) em 45% dos casos. Todas as crianças recuperam-se dentro de 1 a 2 meses.

Gabarito: letra C.

70
Q

70 – Sobre anemia fisiológica do lactente, marque a alternativa INCORRETA:

a) Ocorre após 24a semana nos recém-nascidos a termo.
b) Ocorre entre 6a e a 8a semanas nos recém-nascidos
prematuros.
c) Os recém-nascidos a termo podem chegar a ter níveis
de hemoglobina de até 9 g/dl.
d) Os recém-nascidos prematuros podem chegar a ter
níveis de hemoglobina de até 7 g/dl.

A

No nascimento, os recém-nascidos normais têm maiores níveis de hemoglobina e hematócritos e mais eritrócitos do que as crianças e os adultos mais velhos. Esses níveis tipicamente decaem, levando ao quadro conhecido como anemia fisiológica do lactente. O declínio ocorre na primeira semana de vida e persiste durante 6-8 semanas. E normalmente a recuperação acontece por volta de 8 a 12 semanas de vida, quando a concentração de hemoglobina é em torno de 11 g/dl. Nos neonatos prematuros, a queda de hemoglobina é mais rápida e mais intensa. Desta forma, os recém-nascidos a termo podem chegar a ter níveis de hemoglobina de até 9 g/dl e os prematuros até 7 g/dl.

Resposta: letra A.

71
Q

71 – Todas as classes de imunoglobulinas abaixo fazem
parte da constituição do leite humano. Qual delas se encontra presente em maior quantidade?

a) IgA.
b) IgG tipo 1.
c) IgG tipo 2.
d) IgE.

A

O leite materno apresenta fatores de proteção específicos (IgA, IgM e IgG), sendo o principal deles a IgA secretória, e também, fatores de proteção inespecíficos, como: fator bífido (carboidrato importante
para o crescimento de Lactobacillus bifidus - saprófita),
lisozima (enzima bactericida), lactoferrina (proteína que
quela o ferro e impede sua utilização por bactérias patogênicas), lactoperoxidase (ativa contra Streptococcus), enzimas digestivas e células (neutrófilos, macrófagos e linfócitos).

Gabarito: letra A.

72
Q

72 – Quais problemas nutricionais, abaixo relacionados,
apresentaram aumento da prevalência na população infantil brasileira nas últimas décadas?

a) Desnutrição energético-proteica e anemia ferropriva.
b) Deficiência de iodo e deficiência de vitamina A.
c) Anemia ferropriva e obesidade.
d) Obesidade e deficiência de cálcio.

A

Uma questão interessante sobre transição nutricional brasileira. Ao mesmo tempo em que declina a ocorrência da desnutrição em crianças e adultos em ritmo bem acelerado, aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade na população brasileira. A
projeção dos resultados de estudos efetuados nas
últimas três décadas é indicativa de um comportamento
claramente epidêmico do problema. Curiosamente, no
mesmo período em que ocorreu um declínio marcante
do deficit estatural e a emergência epidêmica da obesidade, continua elevada a prevalência de anemia, com uma frequência modal entre 40-50% em menores de cinco anos e de 30-40% em gestantes. A anemia representa, em termos de magnitude, o principal problema carencial do país, aparentemente sem grandes diferenciações geográficas, afetando, em proporções semelhantes, todas as macrorregiões. Por este motivo é que o Ministério da Saúde tem, entre suas atribuições, a complementação ferruginosa como linha de conduta a partir dos 6 meses de idade.

Gabarito: letra C.

73
Q

73 – Mãe, amamentando seu filho de 15 dias exclusivamente no peito, procura o serviço de saúde por apresentar fissuras mamárias. Refere dor para amamentar. Qual a conduta mais adequada neste caso?

a) Revisar a pega da mamada para orientação e manter
leite materno exclusivo.
b) Revisar a pega da mamada para a orientação e manter
leite materno complementado por fórmula infantil.
c) Suspender o leite materno por 48 horas esvaziando
as mamas através de ordenha com frequência e oferecer
fórmula infantil para o recém-nascido neste período.
d) Manter leite materno e prescrever antibiótico à mãe
para prevenir a formação de abscesso mamário.
e) Prescrever analgesia para a mãe e ordenhar o leite das
mamas a cada três horas, oferecendo o leite ordenhado ao recém-nascido com colherzinha para evitar o desmame.

A

A dor mamilar é comum na primeira semana de pós-parto, mas após este período pode ser provocada por bolhas e fissuras. As fissuras ou bolhas são decorrentes da má técnica de amamentação (pega e posicionamento), mamilos curtos ou invertidos, disfunções orais da criança (ex.: bebês com freio lingual
curto), da higiene desnecessária da aréola e do oferecimento das mamas ingurgitadas.
TRATAMENTO DAS FISSURAS MAMILARES:
• Orientar a pega correta da aréola e a posição adequada do bebê durante a mamada;
• Manter a amamentação. Começar o aleitamento pela
mama menos afetada, já que no início da mamada o
bebê suga mais avidamente o seio. Usar diferentes
posições para amamentar;
• Quando os mamilos já estão rachados, recomenda-se passar o próprio leite materno e deixá-los um pouco ao ar livre;
• Ordenhar a mama antes da mamada, para que o reflexo de ejeção já esteja presente quando o lactente iniciar a sucção, fazendo com que ele sugue com menos força;
• Não usar sutiã muito apertado, que impeça o arejamento do mamilo;
• Lembrar à mãe que, se aparecer sangue na boca do bebê ou em vômitos, não há problema;
• Não usar pomadas ou antissépticos, pois podem dificultar a cicatrização.

Gabarito: letra A.

74
Q

74 – Uma das atividades mais importantes na consulta
de puericultura em atenção primária é a observação da
amamentação materna durante a consulta de acompanhamento. Pode-se dizer que é uma característica da técnica adequada da amamentação:

a) Bochechas do bebê encovadas a cada sucção.
b) Ruídos da língua.
c) Mamilos com áreas achatadas, quando o bebê solta a
mama.
d) Queixo do bebê não toca a mama materna.
e) Mais aréola visível acima da boca do bebê.

A

O sucesso para uma amamentação adequada é dependente da técnica de aleitamento, que envolve fatores relacionados ao POSICIONAMENTO e a PEGA. POSICIONAMENTO:
• Rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz encostado no mamilo;
• Cabeça e tronco do bebê alinhados no mesmo eixo axial (o pescoço não pode estar rodado ou lateralizado); • Corpo do bebê próximo ao da mãe, encostando barriga com barriga;
• Pescoço do bebê levemente estendido;
• Corpo do bebê bem apoiado pelas mãos da mãe. PEGA:
• Boca do bebê bem aberta, englobando a maior parte da aréola (mais 2 cm acima do mamilo);
• Lábio inferior evertido;
• Queixo tocando a mama;
• A língua do bebê fica sobre a gengiva inferior e com as bordas curvadas para cima;
• Deglutição visível e audível.

Gabarito: letra E.

75
Q

75 – Marque a assertiva CORRETA em relação aos leites
humano e de vaca:

a) A composição do colostro humano é igual à do leite humano definitivo, com exceção da caseína, presente em
maior concentração no primeiro.
b) O leite de vaca tem maior teor de proteínas que o leite
humano e também diferenças na qualidade proteica, o
que compromete a adequada nutrição do RN e lactente.
c) A melhor biodisponibilidade do ferro presente no leite
humano, em relação ao leite de vaca, não é suficiente para proteger o lactente de anemia precoce dos primeiros seis meses de vida.
d) Tanto em aleitamento materno exclusivo, quanto em
uso de leite de vaca, a suplementação de vitaminas A,
C e D deve ser iniciada no primeiro mês de vida em
função da precária capacidade absortiva dos nutrientes
pelo bebê.
e) Para que se consiga igualar a quantidade de gordura
dos leites materno e de vaca, é preciso acrescentar os
triglicerídeos de cadeia média às mamadeiras de leite de
vaca no primeiro semestre de vida.

A

Vamos analisar cada uma das alternativas sobre aleitamento materno.
A opção A está INCORRETA; comparando-se com o leite maduro, o conteúdo de eletrólitos, proteínas, vitaminas lipossolúveis (principalmente vitamina A, que lhe confere coloração amarelada), minerais e a concentração de imunoglobulinas é maior no colostro, destacando-se a alta concentração de IgA e lactoferrina. Por outro lado, possui menos gordura, lactose e vitaminas hidrossolúveis. É um leite imaturo, basicamente um exsudato plasmático.
A opção B está CORRETA; o leite de vaca tem uma concentração de proteínas muito maior do que a encontrada no leite humano. Este teor de proteínas do leite de vaca impõe grande sobrecarga renal pelo excesso de solutos. Além disso, no leite de vaca, o percentual de caseína é maior que o de proteínas
do soro (o contrário ocorre no leite humano).
A opção C está INCORRETA; o ferro está em baixa concentração em ambos os leites (materno e de vaca), porém, enquanto a biodisponibilidade do ferro no leite humano alcança 50%, apenas 10% do ferro do leite de vaca é absorvido. Contribuem para isso o menor pH intestinal dos lactentes alimentados exclusivamente ao seio e a presença da lactoferrina.
As opções D e E estão INCORRETAS também. Não é necessária a suplementação universal de vitamina
A ou C, independentemente do tipo de alimentação. Não é necessário acrescentar gorduras ao leite de vaca, pois a quantidade total é semelhante ao leite humano, com a diferença na qualidade. No leite de vaca estão presentes ácidos graxos saturados em excesso e poucos ácidos graxos insaturados.

Resposta: letra B.

76
Q

76 – A partir da década de 70, após a divulgação de
alguns estudos científicos, o aleitamento materno ganhou
maior importância. Desta forma, em 1991, a OMS
estabeleceu indicadores bem definidos sobre o tema.
Dos conceitos abaixo, indique o que não corresponde
às definições propostas:

a) Aleitamento materno: a criança recebe leite humano
direto da mama ou ordenhado.
b) Aleitamento materno complementado: a criança recebe somente
leite materno ou líquido, incluindo leites não humanos.
c) Aleitamento materno exclusivo: a criança recebe somente leite humano de sua mãe ou ama de leite ou leite humano ordenhado.
d) Aleitamento materno predominante: a fonte predominante é o leite humano, no entanto, a criança pode receber água, chás, sucos, dentre outros.
e) Aleitamento materno complementado: a criança recebe leite materno e outros alimentos sólidos, semissólidos ou líquidos, incluindo leites não humanos.

A

A Organização Mundial de Saúde propõe que seja utilizada uma terminologia específica para caracterizar alguns tipos de regimes alimentares que envolvem a oferta de leite humano. As situações encontradas
são as seguintes: O aleitamento materno exclusivo é quando a criança recebe apenas leite humano, da própria mãe (diretamente do seio ou ordenhado) ou
de outra fonte (ex.: banco de leite), sem outros líquidos
ou sólidos à exceção de vitaminas, sais de hidratação e
medicamentos (gotas ou xaropes). O aleitamento materno predominante é quando, além do leite humano, a criança recebe água, chás, suco de frutas e outros fluidos/infusões em quantidades limitadas. O aleitamento materno complementado é quando, além do leite humano, a criança recebe alimentos sólidos ou semissólidos com o objetivo de complementar o leite materno, mas não substituí-lo. Os leites de outras espécies (ex.: leite de vaca, leite de cabra) não são considerados alimentos complementares. O aleitamento materno misto ou parcial é quando, além do leite humano, a criança recebe outros tipos de leite. E, por fim, o aleitamento materno é quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. Assim, a única caracterização incorreta está na letra B.

Resposta: letra B.

77
Q

77 – Em relação à anemia ferropriva em crianças, leia as
assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I. A capacidade de ligação do ferro e a protoporfirina eritrocitária
estão aumentadas na anemia ferropriva.
II. A hipocromia e microcitose ocorrem no primeiro estágio da doença.
III. A ferritina sérica está diminuída apenas no terceiro e
último estágio da doença.

a) Apenas I e III estão corretas.
b) Apenas a II está correta.
c) I, II e III estão corretas.
d) Apenas a I está correta.
e) Apenas II e III estão corretas .

A

Vamos analisar cada uma das assertivas em relação à anemia ferropriva da infância:
I - Verdadeira. Na anemia ferropriva, encontramos:
hemoglobina/hematócrito reduzidos, VGM diminuído,
RDW aumentado, ferritina sérica reduzida, capacidade
de ligação do ferro aumentada, saturação de transferrina
reduzida, protoporfirina livre eritrocitária aumentada.
II e III - Falsas. Na anemia ferropriva, primeiro a proteína
de armazenamento do ferro intracelular, a ferritina, diminui (< 20 μg/dl). Posteriormente, o ferro sérico diminui, a capacidade de ligação da transferrina aumenta e a saturação da transferrina (concentração sérica do ferro/capacidade de ligação da transferrina) diminui. A protoporfirina eritrocitária livre estará aumentada, pois haverá falta de ferro para se combinar com a protoporfirina e formar o heme da hemoglobina; a consequência é o acúmulo de protoporfirina. Ocorre uma anemia microcítica (baixo VCM) e hipocrômica (baixo HCM e CHCM) com índice de anisocitose (hemácias de diferentes tamanhos) – RDW aumenta.

Resposta: letra D.

78
Q

78 – Com relação ao aleitamento materno, assinale a alternativa CORRETA:

a) O leite de mãe com desnutrição grave contém menor
concentração de lipídios e vitaminas lipossolúveis.
b) No leite que passa por processo de pasteurização, o
fator bífido e 99% da microbiota saprófita são inativados.
c) A sucção do bebê no peito estimula as terminações nervosas do mamilo e auréola, estimulando a hipófise posterior a liberar prolactina e a hipófise anterior a liberar ocitocina.
d) O leite de mãe de prematuros comparados ao de recém-nascido a termo contém menor quantidade de proteínas, cálcio, fósforo e IgA.
e) A prolactina age na contração das células mioepiteliais
que envolvem os alvéolos expulsando o leite neles contidos.

A

Analisando cada item:
A – certo. Em situações extremas de desnutrição, a ausência de reservas lipídicas faz com que a concentração de gorduras e vitaminas lipossolúveis esteja diminuída no leite das mães submetidas a tais circunstâncias. Isso ocorre, vale lembrar também, no caso de mães vegetarianas estritas, cujo leite produzido é habitualmente carente em vitamina B12.
B – errado. Esse talvez seja o principal problema da pasteurização do leite humano. A perda de propriedades imunológicas que se desenvolve após o processo faz com que a proteção contra infecções esteja diminuída nos bebês que recebem tal alimento.
C – errado. Além do fato de a banca ter cometido um assassinato com a língua portuguesa (chamar aréola de auréola não pode, né?), a afirmativa apresenta outros erros. A sucção mamilar provoca a liberação de tais hormônios, de fato. Entretanto, a prolactina é liberada pela hipófise anterior e age nas células acinares, promovendo a produção de leite. A ocitocina é liberada pela hipófise posterior – neuro-hipófise – e age sobre as células mioepiteliais promovendo a ejeção do leite armazenado (letra E também errada).
D – errado. Tais componentes são fundamentais para a
adaptação extrauterina de recém-nascidos prematuros,
por isso, naturalmente, estão presentes em maior concentração no leite das mães em questão. E – errado, como visto acima.

Resposta: letra A.

79
Q

79 – Acerca do papel das fibras alimentares na dieta do
lactante, assinale a opção CORRETA:

a) Na redução da absorção de gorduras, utilizam-se fibras
solúveis.
b) Para o tratamento da diarreia aguda, é muito importante o uso de fibras insolúveis.
c) O leite materno é rico em fibras insolúveis.
d) Fibras solúveis são importantes na redução do colesterol.
e) Fibras insolúveis são aquelas ricas em gorduras.

A

Vamos analisar cada uma das afirmativas:
A) INCORRETA. As fibras solúveis reduzem os
níveis de colesterol. O mecanismo redutor da concentração sanguínea de colesterol através das fibras solúveis não é totalmente esclarecido. Uma das hipóteses é o aumento da excreção de ácidos biliares na presença destas fibras, fazendo com que o fígado remova colesterol do sangue para a síntese de novos ácidos e sais biliares. E outra hipótese é que o propionato, produto da fermentação das fibras solúveis, iniba a síntese hepática do colesterol.
B) INCORRETA. A fibra insolúvel está relacionada ao
aumento do volume fecal e da frequência dos movimentos intestinais, apresentando efeito mecânico e acelerando o tempo de trânsito intestinal.
C) INCORRETA. Os oligossacarídeos do leite materno não são digeridos no intestino delgado e formam fibras solúveis.
D) CORRETA. As fibras solúveis diminuem concentrações de colesterol total e LDL-c. O consumo de aproximadamente 3 g de fibra solúvel está associado à diminuição de 5 mg/dl nas concentrações de colesterol total e LDL-c, o que pode predizer uma redução na incidência de doença cardiovascular por volta de 4%.
E) INCORRETA. As fibras insolúveis fazem parte da estrutura das células vegetais, são encontradas principalmente em farelo de cereais, frutas e hortaliças.

Resposta: letra D.

80
Q

80 – Marcela, de seis anos de idade, é levada para consulta por apresentar palidez há seis meses e falta de apetite. Exame físico: palidez cutâneo-mucosa e restante normal. Para confirmação de anemia ferropriva, quais as alterações encontradas nos exames?

a) Hb < 11 g/dl, contagem de reticulócitos aumentada, hipercromia e macrocitose.
b) Hb < 11 g/dl, contagem de reticulócitos normal ou diminuída, hipocromia e microcitose.
c) Hb < 11,5 g/dl, contagem de reticulócitos aumentada,
hipercromia e macrocitose.
d) Hb < 11,5 g/dl, contagem de reticulócitos normal ou diminuída, hipocromia e microcitose.
e) Hb < 12 g/dl, contagem de reticulócitos aumentada,
hipercromia e macrocitose.

A

Antes de tudo: qual o valor de hemoglobina que define anemia para uma criança de 6 anos? Lembre-se: de 5 a 7 anos, valores abaixo de 11,5 g/dl definem anemia. E os índices hematimétricos? Vamos relembrar os estágios da anemia ferropriva para alcançarmos a resposta. O primeiro estágio da deficiência de ferro caracteriza-se pela depleção do estoque do mesmo sem anemia, caracterizado pela queda da ferritina e do ferro na medula óssea. A eritropoiese deficiente em ferro ocorre
quando os estoques começam a ser depletados e o ferro sérico começa a diminuir, a capacidade de ligação de ferro no soro (transferrina sérica) aumenta gradualmente, assim como as protoporfirinas, marcando o segundo estágio. Uma vez que a saturação de transferrina cai abaixo de 15 a 20%, a síntese de hemoglobina passa a ser prejudicada e algumas hemácias passam a ser microcíticas, justificando
o aparecimento de anisocitose no sangue periférico, caracterizado pelo RDW alto. No terceiro estágio, em que há anemia ferropriva propriamente dita, a hipocromia e microcitose começam a se tornar mais evidentes. A microcitose é evidenciada pelo Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído. E os reticulócitos? São as células precursoras das hemácias e podem estar normais (inicialmente) ou reduzidas na anemia ferropriva.

Resposta: letra D.

81
Q

81 – Marque V (Verdadeiro) ou F (Falso) e assinale a alternativa CORRETA:
( ) Em casos de doença cardiovascular materna, a amiodarona poderá ser utilizada.
( ) A vincristina é contraindicada na amamentação, bem
como a maioria dos quimioterápicos.
( ) Quando há a necessidade do uso do lítio durante a
amamentação, deve-se monitorar níveis plasmáticos de
lítio na mãe e no bebê, assim como a função tireóidea.
( ) Carbamazepina e ácido valproico são considerados
substâncias seguras para uso durante a lactação.
As respostas são, respectivamente:

a) V, V, F, F.
b) V, F, F, V.
c) F, F, V, F.
d) V, F, V, F.
e) F, V, V, V.

A

Vamos revisar aqui as contraindicações à amamentação, que não são muitas:
algumas drogas, como as antineoplásicas e imunossupressoras, substâncias radioativas, derivados do ergot em doses para enxaqueca; casos graves de psicose puerperal, eclâmpsia ou choque; lesões ativas na mama ou mamilo por herpes; mães HIV, HTLV 1 e 2 positivas. Lembre-se de que a tuberculose ativa materna NÃO contraindica a amamentação, devendo a mãe utilizar máscara e a criança receber quimioprofilaxia. Em relação à criança, são contraindicações: a galactosemia, em que a criança está impossibilitada de receber leite materno, de vaca e de cabra, podendo-se usar apenas o leite de soja, pois a doença é caracterizada por uma deficiência em desdobrar a lactose; e a fenilcetonúria, em que o aleitamento materno deve ser suspenso por 5 dias em RN com fenilalanina >17 mg/dl e, à medida que os níveis séricos forem caindo, o aleitamento pode ser reintroduzido aos poucos. A questão traz apenas opções referentes a medicações utilizadas pela mãe. Sabemos que o Ministério da Saúde divide as
medicações para a lactação em 3 categorias: drogas liberadas (que têm uso permitido, sem efeitos colaterais para o bebê), drogas usadas com cautela (quando se deve avaliar risco/benefício de seu uso e acompanhar o lactente
quanto a possíveis efeitos colaterais da droga) e drogas
contraindicadas (de uso proibido). Vamos ver, então, as
afirmativas:
1- Falsa. A amiodarona é droga de uso proibido.
2- Verdadeira. Com raras exceções, os antineoplásicos
são drogas contraindicadas durante a amamentação.
3- Verdadeira. A recomendação da dosagem do lítio e
da função tireoidiana existe pelo risco de intoxicação e
hipotireoidismo.
4- Verdadeira. A carbamazepina e o ácido valproico são drogas que podem ser utilizadas, liberadas para mães que amamentam.

Resposta: letra E.

82
Q

82 – A queixa de “pouco leite” ou “leite fraco” deve sempre ser valorizada pois, se não valorizada, pode levar ao desmame precoce. Marque a opção CORRETA.
1. Melhorar o posicionamento e a pega do bebê, quando
não adequados.
2. Oferecer as 2 mamas em cada mamada.
3. Diminuir a frequência das mamadas.
4. Trocar de mama várias vezes em uma mamada se a
criança estiver sonolenta ou se não sugar vigorosamente.
5. Não ordenhar o leite residual.

a) V, F, V, F, V.
b) V, V, F, V, V.
c) V, V, V, V, F.
d) V, F, V, F, V.
e) V, V, F, V, F.

A

Vamos analisar cada uma das afirmativas, e então classificá-las como V (Verdadeiras) ou F (Falsas).
1. Verdadeira. Melhorar o posicionamento e a pega do bebê, quando não adequados, são fundamentais para evitar o desmame precoce.
2. Verdadeira. Deve-se oferecer as 2 mamas em cada mamada; começar por uma, esvaziá-la e completar com a outra; na mamada seguinte, iniciar pela mama que foi dada por último a fim de promover sempre o esvaziamento completo das glândulas.
3. Falsa. A frequência das mamadas deve ser ditada pelo lactente, em um regime de livre demanda.
4. Verdadeira. É possível a troca de mama várias vezes em uma mamada se a criança estiver sonolenta ou se não sugar vigorosamente.
5. Falsa. O leite residual poderá ser sugado na
próxima mamada. Não há necessidade de ordenhar o que sobra em cada mama, a menos que sobre muito leite em uma das mamas. Neste caso, a nutriz deverá ordenhar o excesso a fim de evitar que o acúmulo leve à obstrução dos ductos, concorrendo para a diminuição da secreção láctea futuramente.

Gabarito: letra E.

83
Q

83 – Duas mães aguardando o atendimento obstétrico
conversam sobre a importância da alimentação saudável
para a criança, a fim de prevenir obesidade e suas complicações. Diante do conceito programação metabólica (programming), devemos começar o estímulo à alimentação saudável desde a:

a) Pós-menopausa.
b) Gestação.
c) Primeira Infância.
d) Segunda infância.
e) Lactente.

A

A programação metabólica (programming) é definida como a indução, a deleção ou o prejuízo do desenvolvimento de uma estrutura somática permanente ou o ajuste de um sistema fisiológico
por um estímulo ou agressão precoce, ocorrendo num
período suscetível, resultando em consequências de
longo prazo para a função. O padrão de ingestão de
gordura pela mãe, durante a gestação, tem sido relacionado ao desenvolvimento de doenças alérgicas na criança, sendo a ingestão de alimentos ricos em ácidos graxos linoleico e linolênico vinculados ao aumento do risco dessas doenças no futuro. Verificou-se também que, além do baixo peso ao nascer, o ganho ponderal acentuado precocemente nos primeiros seis meses de vida relaciona-se com o desenvolvimento futuro de obesidade e adiposidade central.

Gabarito: letra B.

84
Q

84 – Puérpera no quinto dia após o parto normal, retorna à Unidade Básica de Saúde para reavaliação. Na consulta, paciente e recém-nascido apresentam-se em bom estado geral. No exame físico materno, mamas ingurgitadas, dolorosas à palpação, edemaciadas, com saída de leite à expressão. No decorrer da consulta, a paciente queixa-se de que o bebê “chora muito” e acredita que seu leite é muito “fraco” para ele.
A puérpera demonstra preocupação e dúvidas sobre os benefícios da amamentação. A conduta nessa situação deve ser:

a) Substituir o leite materno pelo leite artificial, para satisfação do bebê e melhora da ansiedade materna.
b) Encorajar a amamentação e orientar a expressão manual do leite, para evitar o ingurgitamento.
c) Suspender a amamentação pelo quadro clínico de mastite e prescrever antibióticos via oral.
d) Alternar o leite artificial com o leite materno, para a
complementação nutricional do bebê.

A

O enunciado nos traz um neonato de 5 dias e sua mãe, que apresenta um ingurgitamento mamário fisiológico, próprio do período pós-apojadura. A ansiedade materna quanto à quantidade e qualidade do leite materno é muito frequente, e pode colocar em risco a amamentação exclusiva. O pediatra deve orientá-la sobre a fisiologia do processo, garantir a suplência nutricional do leite materno, corrigir a técnica de pega/posicionamento, e requer antes da pega, recomendar a ela que realize periodicamente expressão manual do leite, a fim de deixar as mamas menos túrgidas e dolorosas, tornando a aréola e bico mais macios para o bebê.

Gabarito: letra B.

85
Q

85 – Lactente de 12 meses procura o ambulatório de pediatria do HUCAM com história de palidez, irritabilidade e anorexia. Não aceita alimentação (almoço e jantar). Ainda mama leite materno, que alterna com leite de vaca engrossado desde os 4 meses de idade. Não tem nenhum antecedente de doença ou internação. Em sua avaliação inicial:

a) Deve-se pensar em anemia ferropriva, pois se trata de
lactente em faixa etária de risco para esse tipo de anemia.
b) O ferro do leite materno é muito bem absorvido e a amamentação mantida até essa idade, mesmo que quase exclusivamente, evita o aparecimento de anemia ferropriva.
c) Como se trata de lactente sem nenhuma doença prévia, a possibilidade de talassemia minor está afastada quando se pensa na etiologia da anemia.
d) Não se pode afastar a possibilidade de esferocitose
hereditária, já que as manifestações clínicas da doença só aparecem após os 4 meses de idade.
e) A possibilidade de anemia ferropriva está afastada nessa situação clínica, especialmente se durante o exame
físico detectarmos esplenomegalia.

A

Lactente com síndrome anêmica apresentando erros alimentares, como uso de leite de vaca integral na alimentação desde 4 meses e composição do cardápio atual rico em leite em detrimento da alimentação complementar, que a partir dos 6 meses torna-se necessária para suprir necessidades de macro e micronutrientes. No Brasil estima-se que entre 30% a 50% dos lactentes tenham anemia ferropriva. Nesse
sentido foram propostas estratégias para tentar reverter
este quadro, por exemplo: aleitamento materno de forma exclusiva até 6 meses e complementado até dois anos ou mais; contraindicação ao uso de leite de vaca integral na alimentação de crianças menores de um ano e utilização de carne na alimentação complementar desde o início (70 a 100 g/dia) por ser excelente fonte de ferro de elevada biodisponibilidade. Percebemos, portanto, que na questão estão enumerados outros fatores de risco para anemia ferropriva do lactente, além da faixa etária. A letra B está errada, pois apesar da alta biodisponibilidade do ferro no leite materno, a partir dos seis meses de vida, o leite materno exclusivo fornecerá somente metade da necessidade do lactente. Neste momento, torna-se necessário o início da alimentação complementar rica em ferro e a suplementação medicamentosa. A letra C está errada, pois a talassemia minor é um achado muitas vezes acidental, pois sua sintomatologia é ausente ou leve. Faz diagnóstico diferencial com anemia ferropriva, uma vez
que também se apresenta como uma anemia hipocrômica microcítica. Entretanto, o RDW é normal, enquanto na ferropriva é aumentado. A letra D está errada, já que a esferocitose hereditária é uma anemia hemolítica que pode ter manifestações ainda no período neonatal. A letra E está errada, pois a história clínica é compatível com anemia ferropriva e a presença de esplenomegalia de pequena monta pode ser uma das manifestações clínicas desta anemia.

Portanto, letra A certa.

86
Q

86 – O leite materno é o alimento ideal para crianças e deve ser oferecido de forma exclusiva (AME) até o sexto mês de vida e continuado até os dois anos ou mais, juntamente com os alimentos complementares. Em relação aos alimentos ditos transicionais, quando preparados especificamente para a criança pequena, deve-se atentar para o seguinte:

a) A primeira refeição (papa), a ser introduzida aos seis
meses, deve conter alimentos dos grupos dos cereais ou
tubérculos, leguminosas, proteína animal e hortaliças.
b) Em crianças que não recebem leite materno, o leite de
vaca “in natura”, diluído ao meio, deve ser oferecido até os quatro meses, quando se deve iniciar a refeição salgada.
c) A primeira papa salgada deve ser liquidificada, retirando-se a carne e as fibras, que, no entanto, devem permanecer na segunda papa aos sete meses.
d) O ferro no leite humano tem baixa biodisponibilidade,
razão pela qual se deve introduzir sulfato ferroso a todos
os recém-nascidos a termo que recebem AME.

A

Vamos analisar as opções sobre
a alimentação complementar nos primeiros meses de vida
(a partir de 6 meses). A: Correta. Esse é o terceiro passo da
alimentação saudável proposta pelo Ministério da Saúde: “Ao completar 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia, se a criança estiver em aleitamento materno”.
B: Incorreta. Ao lactente que por algum motivo não puder receber leite materno, a orientação é que receba fórmula láctea de partida (ex.: Nan, Nestogeno, Bebelac, Aptamil) até os seis meses e, a partir daí, inicie a alimentação complementar. O leite de vaca integral não deve ser oferecido até os 12 meses. Entretanto, muitas famílias não podem seguir estas recomendações por falta de recursos financeiros, e excepcionalmente para estas mães deve-se orientar a diluição do leite de vaca da seguinte forma: para cada 100 ml de água filtrada e fervida, acrescentar 1 colher de sopa de leite em pó
+ 1 colher de chá de farinha + 2 colheres de chá de açúcar. Desde 2013, entretanto, o Ministério da Saúde contraindica a oferta de açúcar e farinha para crianças menores de 24 meses. Atualmente, recomenda-se o acréscimo de óleo 3% ao leite de vaca diluído para crianças abaixo de 4 meses.
C: Incorreta. A primeira papa salgada NUNCA deverá ser liquidificada. Ao contrário, deverá ser bem cozida e amassada com o garfo, a fim de restarem pedacinhos de alimentos que vão auxiliar a aprendizagem da mastigação.
D: Incorreta. Apesar da concentração de ferro no leite materno ser baixa, ele possui ALTA biodisponibilidade, dispensando-se o uso de sulfato ferroso até 6 meses para lactentes que estão em aleitamento materno exclusivo.

Resposta: letra A.

87
Q

87 – A ingestão habitual de fibra alimentar abaixo da recomendação apresenta as seguintes consequências:

a) Pode ser confirmada com o emprego de qualquer tabela de composição de alimentos.
b) Não pode ser diagnosticada, uma vez que não existe
qualquer recomendação quanto ao consumo de fibras alimentares por crianças normais.
c) Aumenta o risco de constipação crônica funcional.
d) Não interfere no risco de constipação crônica funcional.
e) Não apresenta consequências para a saúde das crianças.

A

A recomendação atual da American Health Foundation é de que maiores de dois anos apresentem ingestão mínima de fibra alimentar por dia igual a 5 g mais a idade em anos (idade + 5 g). Sabe-se que a ingestão deficitária de fibra alimentar está intimamente relacionada ao quadro de constipação funcional
crônica. A fibra alimentar menos fermentável mantém sua arquitetura e aumenta o volume das fezes pelos resíduos, exercendo efeito mecânico no cólon (estiramento), o que estimula os neurônios sensoriais a iniciar os reflexos que desencadeiam os movimentos propulsivos e, na ampola retal, aumenta a pressão interna e provoca defecação. Assim, dieta com poucos resíduos não produz distensão suficiente para estimular a estrutura neuromuscular colônica retal e promover propulsão e eliminação da massa fecal. Ao lado disso, a fibra alimentar mais fermentável permite o crescimento da microbiota colônica que atua como estímulo à propulsão, formando a massa fecal, facilitando a evacuação. Assim, a ingestão de carboidratos
fermentáveis é fundamental, pois sua ausência reduz a capacidade de propulsão e eliminação fecal.

Resposta: letra C.

88
Q

88 – Em relação ao leite materno, é CORRETO afirmar que:

a) Sua elevada quantidade de ácidos graxos de cadeia
longa contribuem para melhor visão do RN.
b) Tem componentes que interferem negativamente no
desenvolvimento da visão em RN pré-termo.
c) Contém alguns aminoácidos, tipo caseína, que causam
desbalanços.
d) A presença de lipase estimulada por sais biliares retarda a absorção de gorduras.
e) Está indicado em todos pacientes de forma exclusiva
até 03 meses de idade.

A

Vamos analisar cada uma das alternativas:
A) CORRETA. Os produtos metabólicos dos ácidos
graxos essenciais linolênico e α-linolênico são respectivamente o Ácido Araquidônico (AA) e o Ácido Docosa-Hexanoico (DHA). Suas concentrações são altas no cérebro e na retina; e existe uma relação entre o DHA e o aumento da acuidade visual.
B) INCORRETA. Contém componentes como os ácidos graxos de cadeia longa que têm impacto positivo no desenvolvimento visual e cerebral.
C) INCORRETA. As proteínas do leite se dividem em duas frações: caseína e proteínas do soro. A caseína é uma proteína de difícil digestão. A maior parte da proteína do leite de vaca está na forma de caseína, enquanto no leite humano é a alfalactoglobulina, de mais fácil digestão.
D) INCORRETA. A presença de lipase estimulada por sais biliares facilita a digestão de gorduras.
E) INCORRETA. Está indicado em todos os pacientes de forma exclusiva até 06 meses de idade e complementado até no mínimo 2 anos.

Resposta: letra A.

89
Q

89 – Mãe teve filho de parto normal, a termo, e foi evidenciado nos exames de pré-natal diagnóstico compatível de citomegalovirose aguda. Em relação à alimentação deste recém-nascido, a orientação é:

a) Com leite da própria mãe, após processo de pasteurização.
b) Com fórmula láctea.
c) Direto no seio materno.
d) Com leite da própria mãe, após congelamento a 20°C.
e) Com leite da própria mãe, após processo de congelamento
a 20°C e pasteurização.

A

A citomegalovirose aguda não é uma contraindicação à amamentação do neonato A TERMO, pois há passagem de vírus, mas também anticorpos protetores maternos através do leite e por via transplacentária. Entretanto, os prematuros < 32 semanas de idade gestacional, somente deverão receber o leite materno após o congelamento a - 20ºC (redução da carga viral) e pasteurização (inativação das partículas remanescentes), pois a quantidade de anticorpos por via transplacentária é pequena para prevenir o adoecimento e evolução de dano neurológico.

Resposta: letra C.

90
Q

90 – A figura das “mães de leite” era frequente em muitos locais, antes do advento da infecção do vírus HIV. No Brasil, ainda no período da escravatura, as negras eram obrigadas a amamentar primeiro o filho da “sinhá”, para, em seguida, oferecer a mamada aos seus próprios filhos. Contudo, essa atitude de oferecer a mama primeiro ao filho da branca e na sequência ao próprio filho causava um novo problema: o filho da escrava tinha um ganho de peso mais exuberante que a criança branca. Esse relato está relacionado ao fato de que:

a) O leite do início da mamada é mais rico em proteína.
b) O leite do final da mamada é mais rico em proteína.
c) O leite do início da mamada é mais rico em gordura.
d) O leite do final da mamada é mais rico em gordura.

A

Essa questão é facilmente respondida se lembrarmos que a composição do leite materno é extremamente variável, principalmente quando falamos da quantidade de gordura presente neste alimento. Ao longo da mamada, assim como ao longo das 24 horas do dia, a quantidade de gordura do leite humano aumenta, sendo maior ao final da mamada (não é à toa que o leite é mais “espesso” e “branco” alguns minutos após o início da sucção do bebê) e ao final do dia.

Resposta: letra D.

91
Q

91 – Mãe de criança de 2 meses de idade amamentada
com leite materno de forma exclusiva, vem à consulta
de rotina. HMA: queixa-se que seu leite está “fraco”
e que seu filho não está ganhando peso como antes.
Relata que a criança está procurando o peito mais frequentemente e que o intervalo entre as mamadas está
diminuindo. Não há outras queixas. EF: está normal. O
peso com 1 mês de idade foi de 4.250 g e hoje está em
5.000 g. Além de manter o aleitamento materno, a conduta mais adequada para este caso é:

a) Continuar com aleitamento materno exclusivo e marcar
retorno fora da rotina.
b) Complementá-lo com fórmula infantil e marcar retorno de rotina.
c) Complementá-lo com fórmula infantil e marcar retorno
fora da rotina.
d) Iniciar as papas e marcar retorno de rotina.

A

Questão relativamente simples sobre uma queixa comum de mulheres que estão amamentando:
“meu leite é fraco”. Antes de mais nada, sabemos
que, como regra geral, as mulheres possuem condições
biológicas satisfatórias para produzirem um leite capaz de atender às necessidades nutricionais de seus filhos. Porém, fatores como o aspecto do leite e o choro da criança desencadeiam uma insegurança na nutriz, muitas vezes reforçada por pessoas próximas. Não existe um intervalo ideal entre as mamadas. Uma criança pode ter seu intervalo entre as mamadas diminuído e isso não traduz uma inadequação no
suprimento lácteo recebido. Qual a melhor forma de definirmos se o lactente está ou não está sendo bem nutrido? O ganho de peso, evidentemente. Percebam que no último mês esse lactente ganhou 750 g, o que representa um incremento ponderal absolutamente satisfatório no primeiro trimestre de vida. É até possível que a mãe tenha tido realmente a percepção de que o ganho ponderal foi inferior ao ocorrido no primeiro mês de vida: o primeiro mês é o período em maior crescimento pós-natal (estão lembrados de que o crescimento sofre uma desaceleração progressiva?). O
início de fórmula infantil poderia ser danoso. Ainda que o uso da fórmula pudesse acalmar a mãe, essa prática leva à diminuição das mamadas, com diminuição da produção láctea. Deste modo, a melhor conduta para o caso seria orientar a mãe, encorajá-la para a manutenção do aleitamento materno exclusivo e orientar um retorno precoce (fora da rotina habitual de puericultura), como forma de garantir que as orientações estão sendo adotadas e ela encontra-se mais segura.

92
Q

92 – São CONTRAINDICAÇÕES absolutas do aleitamento
materno:

a) HIV e HTLV.
b) HIV e hepatites B e C.
c) Herpes-zóster, CMV e EBV.
d) CMV, EBV e hepatites B e C.

A

Embora o aleitamento denote grande importância e apresente uma gama de vantagens, existem situações que exigem a necessidade de inibir ou suprimir a produção do leite materno. Uma dessas necessidades está atrelada à presença de certas doenças na mulher, o que contraindica a amamentação e requer inibição da produção do leite, denominada de “prevenção da lactação”. Contudo, são poucas as enfermidades maternas com contraindicação absoluta à amamentação natural: HIV e HTLV 1 e 2. O uso de determinadas drogas e mães com limitações temporárias, sejam físicas ou emocionais, devem ser
consideradas no momento da indicação ou contraindicação da amamentação.

Resposta: letra A.