Questões Vol 7 - Distúrbios das vias Respiratórias Flashcards
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP
1 – Menina, 2a, em tratamento para otite média aguda com amoxicilina há 3 dias. Retorna ao serviço médico com febre alta, irritabilidade e queda do estado geral. Exame físico: desvio anterior do pavilhão auricular direito, edema e hiperemia retroauricular. Otoscopia: abaulamento e hiperemia de membrana timpânica direita. A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA É:
a) Adenite retroauricular.
b) Mastoidite.
c) Celulite.
d) Otite média aguda resistente.
Mesmo recebendo o tratamento com um antimicrobiano, esta menina está evoluindo com uma temida complicação da otite média aguda: a mastoidite. A otite média aguda sempre é acompanhada de inflamação das células aéreas mastóideas, mas essa inflamação costuma se resolver com a própria resolução da infecção na orelha média. A mastoidite aguda com periostite se estabelece quando a infecção acomete o periósteo e é caracterizada por inflamação na região retroauricular com deslocamento do pavilhão auricular e desaparecimento do sulco retroauricular. A linfadenite retroauricular é um diagnóstico diferencial importante, mas costuma se apresentar com uma massa na região, não apenas edema. Esta criança deverá ser internada e receber antibioticoterapia parenteral.
Resposta: letra B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP
2 – Menino, 7a, procura serviço médico com história de febre baixa há 2 semanas, inapetência e fadiga. Refere tratamento de amigdalite com penicilina benzatina, no início do quadro. Exame físico: linfonodos palpáveis em cadeias cervical anterior, cervical posterior, axilares e inguinais, de 0,5 a 2,0 cm de diâmetro, sem sinais flogísticos, não coalescentes e não aderidos. Abdome: baço palpável a 3 cm do rebordo costal esquerdo. A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E A CONDUTA SÃO:
a) Mononucleose; sorologia para vírus Epstein-Barr.
b) Tuberculose; teste tuberculínico.
c) Linfoma de Hodgkin; biópsia de linfonodo.
d) Doença de Kawasaki; imunoglobulina humana.
Um escolar de sete anos foi atendido e recebeu o provável diagnóstico de faringite estreptocócica. Na ocasião, foi tratado com amoxicilina. Não seria esperado que tivesse ocorrido uma melhora, uma vez que o estreptococo do grupo A é universalmente sensível a este antibiótico? Não é difícil entender o que ocorreu. O diagnóstico estava incorreto. O que ele provavelmente apresenta é um quadro de mononucleose infecciosa, associada tipicamente com o vírus Epstein-Barr. Nesta condição temos a presença da tríade faringite, linfadenopatia generalizada e fadiga ou astenia. O surgimento de exantema após o uso de amoxicilina ou ampicilina está descrito na maioria dos pacientes com essa afecção. Outras alterações que podem estar presentes no exame físico são a esplenomegalia e, em um percentual menor das vezes, hepatomegalia. As demais condições entram no diagnóstico diferencial de linfadenomegalia na infância. Porém, na doença de Kawasaki temos, tipicamente, apenas adenomegalia cervical e o quadro acomete crianças menores; na tuberculose ganglionar, o acometimento também não costuma ser o descrito; nos quadros de linfoma, as massas palpáveis não costumam ter o aspecto descrito.
Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP
3 – Menina, 8a, previamente hígida, tratada por pneumonia em unidade básica de saúde com amoxicilina baseada em quadro clínico de tosse, febre, queda do estado geral e presença de estertores crepitantes em base pulmonar direita. Evolui com melhora do estado geral e desaparecimento da febre, com persistência de tosse. A pedido da mãe foi realizado radiograma de tórax duas semanas após início do quadro que revelou opacidade homogênea em base direita. A CONDUTA É:
a) Prescrever antibiótico oral de maior espectro.
b) Internar para antibiótico endovenoso.
c) Iniciar investigação para tuberculose.
d) Acompanhamento ambulatorial.
Existe uma máxima que diz que quem não sabe o que procura, não sabe o que fazer quando acha alguma coisa! Foi isso o que aconteceu nesta história. Antes de qualquer coisa, não há qualquer recomendação para a realização de nova radiografia de tórax após o tratamento de uma pneumonia bacteriana. O exame só deve ser repetido quando houver suspeita de alguma complicação, como derrame pleural. Se não for isso, a cura será caracterizada pela melhora clínica do paciente. Avaliando o caso descrito, percebemos claramente que tal melhora ocorreu. Ainda que tenha sido descrita alguma permanência de tosse, tal manifestação pode demorar mais tempo para se resolver e isso não irá caracterizar falha terapêutica. É possível que ao término do tratamento ainda existam algumas alterações na radiografia, o que também não indica a falha. Basta que seja feito agora o acompanhamento ambulatorial.
Resposta: letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – SP
4 – Pré-escolar com síndrome da imunodeficiência adquirida e pneumonia lobar à direita, com pequeno derrame pleural. Assinale a alternativa que apresenta o agente etiológico mais provável.
a) Streptococcus pneumoniae.
b) Haemophilus influenzae.
c) Pneumocystis carinii.
d) Staphylococcus aureus.
e) Mycoplasma pneumoniae.
Se a pergunta fosse: qual o principal agente etiológico das pneumonias lobares na população pediátrica? A resposta seria: Streptococcus pneumoniae. Se a pergunta fosse: qual o principal agente das pneumonias complicadas com derrame? A resposta também seria: S. pneumoniae. Se a pergunta fosse apenas: qual o principal agente da pneumonia típica no paciente infectado pelo HIV, adivinhe qual a resposta? O S. pneumoniae! Guarde o conceito: o pneumococo é o principal agente etiológico das pneumonias por micro-organismos típicos na população pediátrica, excetuando-se o período neonatal. Assim, mesmo na presença de complicações ou de determinadas comorbidades, isso não se altera. Muitos poderiam acreditar que o S. aureus seria o provável agente em função da presença do derrame, mas não erre isso. As pneumonias estafilocócicas evoluem com a formação de derrames mais comumente que as pneumonias pneumocócicas. Porém, como essas últimas são mais comuns, este continua sendo o agente mais comumente encontrado mesmo em vigência desse tipo de complicação. A pneumocistose sempre deve ser uma preocupação quando atendemos o paciente com infecção pelo HIV, mas não há padrão lobar.
Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – SP
5 – Escolar com febre e tosse há dez dias recebeu amoxicilina por sete dias sem melhora. Irmãos mais velhos apresentam quadro semelhante. Radiografia de tórax evidencia infiltrado intersticial bilateral. Assinale a alternativa que apresenta a melhor opção terapêutica, considerando-se a provável etiologia:
a) Amoxicilina e clavulanato.
b) Cefalexina.
c) Claritromicina.
d) Ciprofloxacino.
e) Cefaclor.
A banca trouxe poucas informações sobre o caso, mas, ainda assim, seria possível chegarmos à hipótese etiológica e estabelecermos o tratamento mais apropriado. Temos um escolar atendido com uma infecção respiratória que já vem durando 10 dias. A descrição do aspecto radiográfico nos permite identificar o acometimento do trato respiratório inferior, mesmo sem a descrição do exame do aparelho respiratório. O principal diagnóstico diferencial que devemos fazer nesta faixa etária é entre a pneumonia bacteriana típica, causada pelo pneumococo (Streptococcus pneumoniae) e a pneumonia por micro-organismos atípicos, representada principalmente por infecção pelo Mycoplasma pneumoniae. O diagnóstico diferencial entre essas condições deve ser estabelecido com base em uma série de características. Em primeiro lugar, devemos levar em conta o dado epidemiológico: sabemos que a partir dos cinco anos as infecções por micoplasma vão se tornando mais frequentes e, em algumas referências, é até possível encontrarmos a descrição de que se tornem mais comuns do que as infecções pneumocócicas. Porém, o que mais chama atenção é a evolução arrastada das infecções atípicas em comparação com a evolução mais aguda das infecções típicas. No nosso caso, este escolar já está doente há 10 dias! As infecções atípicas pelo micoplasma também costumam cursar com manifestações extrapulmonares, como rouquidão, odinofagia e mialgia. Podemos ter, eventualmente, a descrição de sibilos. Os achados radiográficos também podem ser úteis na distinção entre essas afecções; na pneumonia pneumocócica podemos ter condensações homogêneas levando a uma pneumonia lobar ou padrão de broncopneumonia. Já na pneumonia atípica, o que temos é, mais comumente, a descrição de infiltrados intersticiais. Além disso, as taxas de transmissão familiares são elevadas e até 40% dos contactantes familiares de um doente podem desenvolver doença do trato respiratório inferior, e por isso tal “dica” foi apresentada pela banca. O tratamento deve ser feito com macrolídeos, sendo a claritromicina uma opção.
Resposta: letra C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ
6 – Em lactentes com idade inferior a 3 meses, a coqueluche pode não se apresentar na sua forma clássica. Dentre as diferenças nas manifestações clínicas nesta idade, é possível ocorrer:
a) “Guinchos” nos paroxismos são mais intensos nesta idade.
b) Tosse proeminente, principalmente nas fases iniciais.
c) Período catarral maior que em outras faixas etárias.
d) Apneia com a tosse ou apneia como único sintoma.
Esta questão abordou um aspecto bem particular do diagnóstico de coqueluche na população pediátrica. A coqueluche é uma doença infecciosa cujo agente etiológico é a Bordetella pertussis. Tipicamente, a doença se divide em três fases: fase catarral, fase paroxística e fase de convalescência. Na fase catarral temos manifestações respiratórias e sintomas leves; progressivamente vai ocorrendo a instalação de surtos de tosse, cada vez mais intensos e frequentes. Tem início, então, a fase paroxística, marcada pelos típicos paroxismos de tosse seca (crises de tosse súbita incontrolável, rápida e curta). Ao término de cada episódio paroxístico, ocorre uma inspiração profunda através da glote estreitada, que origina o guincho. A presença de vômitos pós-tosse, hemorragia subconjuntival, apneia e cianose também são achados frequentes. Na terceira fase, de convalescência, os paroxismos desaparecem e dão lugar a episódios de tosse comum. Porém, nos menores de três meses, não é essa a evolução tipicamente encontrada. A apneia pode ser a única manifestação nesta população de crianças, que não exibem as fases características da doença (opção D certa). Essas crianças não costumam apresentar guinchos, pois sequer conseguem realizar uma inspiração profunda o bastante para levar ao surgimento deste ruído (opção A errada); as fases não são bem marcadas e a fase catarral pode passar despercebida ou ter duração de poucos dias (opção C errada); a tosse, quando presente, pode ser pouco proeminente (opção B errada).
Resposta: letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO – RJ
7 – Lactente de quatro meses, prematuro de 36 semanas, apresenta há três dias quadro de tosse e coriza nasal. A mãe refere que a criança não apresentou intercorrências desde o nascimento até hoje. Ao exame, o paciente encontra-se em bom estado geral, afebril; FC = 140 bpm; FR = 64 irpm; Sat = 90% e com tiragem subcostal leve. A ausculta respiratória revela sibilos difusos e o exame do abdome, fígado palpável a 4 cm do RCD. É indicada a internação hospitalar pelo pediatra, pois há presença de esforço respiratório grave e hipoxemia. Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma, as principais características que têm sido utilizadas para prever se a sibilância nessa criança irá persistir na vida adulta estão relacionadas à história:
a) Materna ou paterna de asma e prematuridade.
b) De alergia medicamentosa e presença de dermatite atópica.
c) De alergia medicamentosa e exposição à fumaça de cigarro.
d) Materna ou paterna de asma e presença de dermatite atópica.
Temos um lactente de apenas quatro meses que, ao que tudo indica, está apresentando o primeiro episódio de sibilância de sua vida após sintomas compatíveis com uma infecção viral das vias aéreas superiores. Não há dúvidas de que, neste momento, o nosso diagnóstico será de uma bronquiolite viral aguda. Porém, imagine que este lactente continue a apresentar repetidos episódios de sibilância nos próximos meses. Será que teremos tanta certeza de que ele está apresentando apenas repetidas infecções virais ou poderemos pensar em outro diagnóstico? Sempre que estamos diante de um lactente sibilante, ou seja, de um lactente que apresenta episódios recorrentes de sibilância, devemos considerar algumas condições em nosso diagnóstico diferencial. Uma delas é o quadro de asma brônquica. Existem alguns dados de história que podem reforçar a nossa suspeita de que o lactente que atendemos com sibilância de repetição seja uma criança que vá evoluir com asma. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria e Tisiologia, em diretrizes publicadas no ano de 2012, temos que “as principais características que têm sido utilizadas para prever se a sibilância recorrente na criança persistirá na vida adulta são as seguintes: diagnóstico de eczema nos três primeiros anos de vida; pai ou mãe com asma; diagnóstico de rinite nos três primeiros anos de vida; sibilância sem resfriado (virose); e eosinofilia sanguínea > 3% (na ausência de parasitoses)”.
Assim, fica evidente que a resposta é a letra D.
Resposta: letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO – RJ
8 – Criança com dois anos, há dois dias apresenta coriza, tosse seca e temperatura axilar de 37,9ºC. Tosse torna-se metálica, com choro rouco, estridor inspiratório e dificuldade para respirar. O manejo inicial e o agente etiológico mais prováveis são:
a) Beta-2 inalatório e corticoide oral / vírus sincicial respiratório.
b) Corticoide inalatório / adenovírus.
c) Nebulização com adrenalina / rinovírus.
d) Nebulização com adrenalina e corticoide sistêmico / vírus parainfluenza.
e) Nebulização com adrenalina e antibioticoterapia / Streptococcus pneumoniae.
Ainda que você tivesse dúvidas em relação ao tratamento indicado pela banca (está claro que há necessidade de nebulização com adrenalina?), a análise das afirmativas não nos deixa ter dúvidas de qual é a resposta correta. Estamos atendendo um pré-escolar com uma infecção respiratória aguda, caracterizada por coriza, tosse e febre nos últimos dias. A presença do estridor aponta para um processo obstrutivo nas grandes vias de condução extrapleural. A história apresentada foi clássica do diagnóstico de laringotraqueíte viral aguda. Durante dois dias houve pródromos catarrais, antecedendo o surgimento do estridor e da tosse metálica. Sabemos que o principal agente etiológico dessa condição é o vírus parainfluenza. O tratamento da criança com laringotraqueíte viral aguda depende essencialmente da gravidade da obstrução e o marcador clínico que indica essa gravidade é a presença ou não de estridor em repouso ou a presença de dificuldade respiratória. Crianças que apresentam estridor, mesmo quando estão em repouso, são crianças com uma obstrução mais grave e, nesses casos, devemos promover uma redução imediata do edema laríngeo, o que pode ser alcançado com a nebulização com adrenalina. Porém, o efeito da adrenalina é apenas temporário e, por isso, essas crianças também devem receber corticoterapia logo após a nebulização. O corticoide tradicionalmente empregado nesses casos é a dexametasona, que pode ser prescrita em dose única por via oral ou intramuscular. Poderíamos ter dúvidas em relação à gravidade exata do quadro desta criança, mas a descrição de “dificuldade para respirar”, ainda que seja uma descrição inespecífica, indica haver uma obstrução mais importante.
Ainda assim, a única opção que traria uma resposta possível foi o gabarito letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ
9 – Lactente, sexo feminino, 45 dias de vida, é atendido em consulta de rotina e observa-se estridor inspiratório durante o choro, não relatado pela mãe. Encontra-se acianótico, eupneico, ganhando peso adequadamente. Ao ser colocado ao seio, verifica-se mamada ruidosa, mais lenta e com poucas pausas entre as sucções. Considerando o quadro clínico e a prevalência na faixa etária, o estridor deve-se, provavelmente, a:
a) Laringomalácia.
b) Estenose subglótica.
c) Paralisia de cordas vocais.
d) Hemangioma de laringe.
e) Refluxo gastroesofágico.
Existem diferentes condições que podem levar a um estridor crônico. A descrição de sintomas desde os primeiros dias de vida aponta, provavelmente, para uma causa congênita. A principal anomalia congênita que leva ao estridor é a laringomalácia, responsável por até 60% dos casos. Os sintomas tipicamente aparecem nas primeiras duas semanas de vida e o estridor costuma ser associado a esforços como choro, agitação e alimentação. Outra característica, presente no caso descrito, é que o estridor se relaciona com a posição da criança: é agravado pela posição supina (decúbito dorsal) e aliviado pela posição prona (decúbito ventral). Assim, com base na epidemiologia e nas características, este deve ser o diagnóstico. Vale lembrar que a paralisia de corda vocal é a terceira anomalia laríngea congênita mais comum. A paralisia bilateral costuma estar associada a malformações do sistema nervoso central e manifesta-se com insuficiência respiratória aguda. A paralisia unilateral é decorrente de lesões periféricas e quase sempre é traumática. Pode cursar com estridor e choro rouco ou fraco. A estenose subglótica congênita é a segunda anomalia mais frequente. O estridor pode ser bifásico ou apenas inspiratório. É comum que a criança tenha episódios recorrentes de crupe e as primeiras manifestações surgem após uma infecção respiratória aguda.
Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) ASSOCIAÇÃO FLUMINENSE DE ASSISTÊNCIA À MULHER, À CRIANÇA E AO IDOSO – RJ
10 – Menor de quatro anos apresenta febre por cinco dias, acompanhada de fraqueza, mal-estar, dor de garganta, lacrimejamento, eritema das conjuntivas e linfadenopatia cervical e pré-auricular. O provável agente etiológico desse quadro clínico é:
a) Vírus herpes-simples tipo 1.
b) Streptococcus pyogenes.
c) Vírus de Epstein-Barr.
d) Bartonella henselae.
e) Adenovírus do tipo 3.
Temos nesta questão um pré-escolar com quadro de febre faringoconjuntival. Trata-se de uma síndrome clinicamente distinta, característica da infecção pelo Adenovírus tipo 3. As manifestações clínicas englobam febre por 4 a 5 dias, faringite, conjuntivite, lacrimejamento, linfadenopatia pré-auricular e cervical e rinite. A conjuntivite ocorre em 75% dos casos, de caráter não purulento, podendo ainda persistir após o desaparecimento dos demais sintomas. Também são comuns cefaleia, fraqueza e mal estar.
Resposta: letra E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG
11 – Qual, dentre os sinais e sintomas abaixo, NÃO sugere o diagnóstico de faringoamigdalite estreptocócica?
a) Gânglios cervicais palpáveis e dolorosos.
b) Hiperemia e edema de orofaringe.
c) Petéquias no palato.
d) Tosse e/ou rouquidão.
Estude esta questão com bastante calma, pois ela aborda um tema muito comum na vida e recorrente nos concursos: a distinção entre uma faringite viral e uma faringite bacteriana. A faringite aguda é bem frequente e o grande desafio do pediatra é o diagnóstico diferencial entre os quadros de faringite viral e faringite bacteriana/estreptocócica. Não há apenas um dado clínico que, isoladamente, permita essa distinção. Porém, um somatório de fatores nos faz pensar mais em uma condição, em detrimento da outra. A faringite estreptocócica é um quadro que ocorre mais comumente entre cinco e 15 anos; cursa com febre alta de início súbito, faringite grave, cefaleia, dor abdominal, náuseas e vômitos; ao exame físico, há eritema faríngeo e exsudato, adenomegalia cervical com sensibilidade local, petéquias em palato e hipertrofia amigdaliana. Já os quadros de faringite viral acomete indivíduos de qualquer idade. A sintomatologia inclui faringite leve, febre variável, presença de manifestações sistêmicas (mialgia, artralgia e dor abdominal em caso de influenza); os sinais clínicos incluem a ausência de exsudato, habitualmente, e pode haver úlceras; há adenomegalia não dolorosa e a presença frequente de tosse, conjuntivite, rouquidão ou diarreia. Assim, a tosse e a rouquidão não sugerem o diagnóstico de infecção estreptocócica.
Resposta: letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG
12 – Em relação à lactente de dois meses de idade com quadro de tosse progressiva, paroxística, seguida de vômitos e com cianose perioral, cuja ausculta pulmonar mostra apenas roncos de transmissão, assinale a MELHOR CONDUTA:
a) Internação, isolamento, prescrever azitromicina, solicitar cultura para Bordetella sp. e oferecer oxigênio durante as crises de tosse.
b) Internação, prescrever beta dois inalatório, solução salina hipertônica EV e oxigênio nasal.
c) Prescrever amoxicilina e manter acompanhamento ambulatorial.
d) Prescrever azitromicina e manter acompanhamento ambulatorial.
Valorize uma palavra-chave neste enunciado: paroxística! Esta é a principal pista para você pensar no diagnóstico de coqueluche. A coqueluche é uma doença infecciosa cujo agente etiológico é a Bordetella pertussis. A doença se divide caracteristicamente em três fases: catarral, paroxística e de convalescência. Na fase catarral, temos manifestações respiratórias e sintomas leves; progressivamente vai ocorrendo a instalação de surtos de tosse, cada vez mais intensos e frequentes. Tem início, então, a fase paroxística, marcada pelos típicos paroxismos de tosse seca (crises de tosse súbita incontrolável, rápida e curta). Ao término de cada episódio paroxístico ocorre uma inspiração profunda através da glote estreitada, que origina o guincho. A presença de vômitos pós-tosse, hemorragia subconjuntival, apneia e cianose também são achados frequentes. A apneia pode ser a única manifestação da doença nos lactentes menores de três meses, que não exibem as fases características da doença. Na terceira fase, de convalescência, os paroxismos desaparecem e dão lugar a episódios de tosse comum. A gravidade do quadro é maior principalmente quando ocorre em crianças como as do enunciado, com menos de seis meses. A baixa idade da criança e os episódios de cianose tornam a internação mandatória. A droga de escolha atualmente preconizada é a azitromicina.
Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE – MG
13 – Criança de 11 meses de idade é levada a uma consulta no pronto atendimento por ter iniciado há 48 horas quadro de febre alta, tosse, taquidispneia e muita prostração. Criança hígida, cartão de vacinas em dia. Exame físico: criança com estado geral ruim; prostrada; hipocorada +++/4; hipoativa; acianótica; desidratada. Frequência cardíaca de 160 bpm; frequência respiratória de 70 irpm; murmúrio vesicular abolido em todo hemitórax esquerdo. Necessitou reposição volêmica ainda na sala de emergência do pronto atendimento. Raio X de tórax com velamento total do hemitórax esquerdo, desvio do mediastino contralateral. Considerando o caso apresentado, assinale a alternativa CORRETA:
a) Iniciar oxacilina + coleta hemocultura + toracocentese e/ou drenagem do derrame pleural.
b) Iniciar ampicilina + solicitar fisioterapia respiratória para atelectasia presente.
c) Iniciar claritromicina e solicitar dosagem crioaglutininas.
d) Iniciar ampicilina + coleta hemocultura e toracocentese apenas se houver ultrassonografia do tórax.
É fato que a resposta apresentada pela banca não está completa, mas ainda assim poderíamos acertar esta questão. Estamos diante de um lactente com menos de um ano de idade que apresentase com uma infecção respiratória aguda. Mais do que isso, com uma infecção que acomete as vias aéreas inferiores. Mais ainda, com uma pneumonia de evolução rápida e cheia de complicações! Essa história lembra algo? Vamos por partes. Após definirmos que estamos diante de uma pneumonia, pela identificação da taquipneia em vigência de uma infecção respiratória aguda, devemos tentar identificar qual a etiologia do quadro: etiologia viral por micro-organismos típicos ou por micro-organismos atípicos. Os quadros virais, nesta faixa etária, manifestam-se principalmente pela presença de sibilância e ainda que possam ser graves, não evoluem com as complicações descritas. Não é comum a ocorrência de pneumonia por micro-organismos atípicos na idade dessa criança e, ainda que fosse, a evolução costuma ser uma evolução arrastada, bem diferente do apresentado. O mais provável é que seja, de fato, uma pneumonia por um micro-organismo típico. O Streptococcus pneumoniae é o principal agente etiológico da pneumonia típica nesta faixa etária e devemos, obrigatoriamente, oferecer cobertura para tal. Porém, como o quadro é um quadro muito grave, outros agentes também devem ser cobertos, como o Haemophilus influenzae e o Staphylococcus aureus. Lembre-se de que as pneumonias estafilocócicas têm evolução muito grave e não podem ter seu tratamento retardado. Pensando nisso, a banca indicou o tratamento com oxacilina. É verdade que deveria ter sido incluída a ceftriaxona, para cobertura para os demais agentes, mas nenhuma das alternativas contemplava essa associação. A criança deverá ser, evidentemente, internada e, nestes casos, torna-se recomendada a realização de hemocultura, dispensável nos casos acompanhados ambulatorialmente. A presença do derrame pleural indica a necessidade de toracocentese para avaliação do líquido pleural; se houver alterações que indiquem a formação de um empiema, indica-se a drenagem torácica. Assim, ainda que incompleta, a opção A nos parece a melhor resposta e foi o gabarito da questão.
Resposta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DE OLHOS DE CONQUISTA LTDA – BA
14 – Assinale a alternativa CORRETA:
a) A bronquiolite viral aguda ocorre, exclusivamente, em pacientes menores de 2 anos de idade.
b) Cerca de 50% das crianças com menos de 2 anos de idade são infectadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
c) A mortalidade da bronquiolite está em torno de 15% dos casos.
d) O VSR pode sobreviver por várias horas nas mãos e na superfície.
A bronquiolite viral aguda é uma infecção das vias aéreas inferiores que caracteristicamente provoca o primeiro episódio de sibilância em uma criança menor de 2 anos de idade, sem, no entanto, ser uma doença exclusiva desta faixa etária. Em geral, é uma doença autolimitada, com uma taxa de mortalidade baixa (< 1%), embora possa ser mais elevada (30%) em grupos de crianças de alto risco (prematuros, com displasia broncopulmonar, cardiopatia congênita e imunocomprometidos, desnutridos, entre outros), em que está associada a doença prolongada e maior risco de óbito. O principal agente etiológico é o vírus sincicial respiratório, respondendo por 50 a 80% dos casos, a depender da faixa etária, sendo mais expressiva nos menores de 2 anos de idade. Este vírus cresce de maneira ótima no pH ambiente e, embora seja sensível à temperatura, é recuperado após mais de uma hora em luvas contaminadas com secreção nasal infectada pelo vírus. Esta estabilidade no ambiente hospitalar contribui para colocá-lo como um patógeno nosocomial.
Resposta: alternativa D!
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) CENTRO ESPECIALIZADO OFTALMOLÓGICO QUEIROZ LTDA – BA
15 – Ao atender uma criança de 4 anos de idade, previamente hígida, que no meio da noite iniciou quadro de tosse rouca e dispneia inspiratória, ao exame físico, apresentase afebril, sudorese fria, taquicárdica e discreta cianose perioral. A ausculta pulmonar apresenta murmúrio vesicular universalmente presente em ambos os hemitórax. Referente a esse caso, marque a alternativa que apresenta a MELHOR conduta imediata?
a) Nebulização com oxigênio.
b) Nebulização com beta-2-adrenérgico.
c) Hidratação venosa e antibioticoterapia.
d) Ventilação por tubo orotraqueal.
Este enunciado trouxe poucas informações, mas, ainda assim, podemos pensar no diagnóstico de laringite estridulosa ou crupe espasmódico. Este é um quadro de etiopatogenia pouco compreendida e que se caracteriza por um episódio súbito, geralmente à noite, no qual a criança acorda ansiosa, com uma tosse metálica característica, inspiração ruidosa e dificuldade respiratória. Normalmente não há febre, e a dispneia pode ser agravada por agitação. Em geral, a intensidade dos sintomas diminui dentro de várias horas, com melhora importante no outro dia, restando apenas rouquidão leve e tosse. O quadro pode ser autolimitado e oxigênio umidificado pode ser oferecido.
Resposta: letra A.