Questões Vol 1 - Neonatologia Flashcards
1 - Em relação à reanimação do recém-nascido em sala de parto, assinale a alternativa CORRETA:
a) A frequência cardíaca é o principal parâmetro determinante da indicação de diversas manobras de reanimação.
b) Atualmente a indicação de reanimação neonatal depende da avaliação simultânea de alguns parâmetros: respiração, frequência cardíaca e coloração da pele e mucosas.
c) A frequência cardíaca pode ser avaliada por meio da ausculta do precórdio do recém-nascido com estetoscópio ou ainda pela palpação do pulso do recém-nascido na base do cordão umbilical, sendo os dois métodos igualmente adequados.
d) O preparo para atender o recém-nascido em sala de parto consiste, inicialmente, na realização da anamnese materna e, de acordo com as condições perinatais, pode-se prever se será necessário ou não reanimar o recém-nascido e, daí então preparar todo o material de reanimação.
e) Pode-se oferecer oxigênio inalatório caso se observe cianose de pele e mucosas logo após os passos iniciais da reanimação.
Vamos analisar cada alternativa:
A: Correta. A FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve respirar de maneira regular, suficiente para manter a FC acima de 100 bpm.
B: Incorreta . A avaliação da coloração da pele e mucosas do RN não é mais utilizada para decidir procedimentos na sala de parto. Tal avaliação é subjetiva e não tem relação com a saturação de oxigênio ao nascimento.
C: Incorreta. De acordo com o documento do programa de reanimação neonatal, “a frequência cardíaca deve ser avaliada por meio da ausculta do precórdio com estetoscópio, podendo eventualmente ser verificada pela palpação do pulso na base do cordão umbilical”. Portanto, a escolha é pela ausculta do precórdio.
D: Incorreta. Antes de toda sala de parto, devemos deixar todo o material preparado para uma possível necessidade de reanimação. Obviamente algumas informações na anamnese materna e no pré-parto poderão sinalizar uma possibilidade de intercorrência ao nascimento, mas o preparo dos materiais não está condicionado exclusivamente para estes casos.
E: Incorreta. Como dito anteriormente, a avaliação da coloração de pele e mucosas não refletem a saturação de oxigênio ao nascimento. Recém-nascidos com respiração regular e FC > 100 bpm podem demorar minutos para ficarem rosados. Assim, o processo de transição normal para alcançar uma saturação de oxigênio acima de 90% requer 5 minutos ou mais em recém-nascidos saudáveis que respiram ar ambiente.
Resposta correta: letra A
- Qual dos achados abaixo determina a escolha do tratamento para um recém-nascido com sífilis congênita?
a) Radiografia de ossos longos com sinais de periostite.
b) Pênfigo palmo-plantar.
c) Proteína no liquor acima de 150 mg/dl.
d) Hemograma com anemia e plaquetopenia.
e) VDRL no sangue do recém-nascido acima de 1/128.
Diante de um caso de sífilis congênita, para fins de avaliação complementar, devemos solicitar o VDRL do sangue periférico do bebê, radiografia de ossos longos, liquor (VDRL, celularidade e proteinorraquia) e hemograma. Diante de alterações clínicas, radiológicas ou laboratoriais (exceto LCR) o tratamento poderá ser feito com penicilina cristalina ou penicilina procaína. A única exceção é a presença de neurossífilis congênita, ou seja, presença de alterações liquóricas. Se VDRL for positivo no LCR, o paciente é portador de neurossífilis. Nos casos em que temos pleocitose (> 25 hemácias/mm³), aumento de proteínas no LCR (> 150 mg/dl), ou LCR inconclusivo, o RN também deve ser considerado como portador de neurossífilis. Sendo assim, o tratamento só poderá ser feito com penicilina cristalina.
Resposta correta: letra C.
- Menina, 3m, trazida por responsável pelo abrigo, refere que criança chegou há cerca de uma semana, vinda diretamente da maternidade onde foi acolhida logo após o nascimento. Mãe é moradora de rua, tem cerca de 40 anos, alcoolista e usuária de drogas ilícitas, sem acompanhamento pré-natal. Parto foi natural, na rua, logo após a criança foi recolhida e a mãe desapareceu. Apresentou baixo peso ao nascer e baixo ganho ponderal nestes 3 meses, não teve intercorrências. Exame físico: peso, comprimento e perímetro cefálico no percentil 3 da curva de referência, fendas palpebrais curtas, prega epicântica, lábio superior fino, sem outras anormalidades.
O DIAGNÓSTICO É:
a) Síndrome de Down.
b) Síndrome alcoólica fetal.
c) Síndrome de Patau.
d) Síndrome de Turner.
Ainda que os evidentes fatores de risco presentes no enunciado não estivessem descritos, deveríamos pensar na síndrome álcool fetal ao atendermos uma criança com o conjunto de alterações fenotípicas que estão descritas neste enunciado. A síndrome é representada por um conjunto de anomalias físicas, comportamentais e cognitivas que podem ser observadas em indivíduos que foram expostos ao álcool durante a gestação. As características são: fácies típicas, com lábio superior fino, filtro labial liso e alongado, fissuras palpebrais curtas, atraso no crescimento de início pré-natal, hipoplasia maxilar. Há ainda microcefalia, deficiência intelectual e defeitos cardíacos.
Resposta: letra B.
- Recém-nascido com idade gestacional de 28 semanas, peso ao nascer de 1.000 gramas, idade pós-natal de 12 horas, intubado, em ventilação mecânica e cateter venoso umbilical para infusão de líquidos e eletrólitos. NO TRANSPORTE PARA UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL DE REFERÊNCIA, A UMA DISTÂNCIA DE 20 km, DEVEM SER OBSERVADOS OS SEGUINTES PROCEDIMENTOS PARA O RECÉM -NASCIDO:
a) Gorro, luvas, meias e fonte de calor radiante.
b) Gorro, incubadora de dupla parede e fonte de calor radiante.
c) Luvas, meias, envolvê-lo em algodão e incubadora de dupla parede.
d) Gorro, envolvê-lo em saco plástico e incubadora de parede dupla.
O Ministério da Saúde disponibiliza para todos um manual contendo todas as recomendações relacionadas ao transporte do recém-nascido. Lá podemos reforçar a noção da importância da manutenção da temperatura corporal dos recém-nascidos. Sabe-se que a hipotermia está associada ao aumento da morbimortalidade e deve ser a todo custo prevenida. Deste modo, a manutenção da temperatura poderá ser atingida por meio da utilização de: - secagem adequada do recém-nascido, quando o transporte ocorrer logo após o nascimento; - utilização de incubadora de transporte de dupla parede com a temperatura regulada de acordo com o peso do paciente; - envolver o corpo do recém-nascido, mas não a cabeça, em filme transparente de PVC para diminuir a perda de calor por evaporação e convecção; - uso de toucas principalmente em prematuros e pacientes com hidrocefalia. Deste modo, percebemos que a letra D traz as orientações corretas.
Resposta: letra D.
5–RN de termo desenvolveu, logo após o nascimento, cianose ++++/4, necessitando de oxigênio a 80% (FiO2). Medidas de oximetria: no membro superior direito, foi 93% e, no inferior esquerdo, 84%.
Assinale a alternativa que apresenta o provável diagnóstico:
a) Doença da membrana hialina.
b) Hipertensão pulmonar primária.
c) Transposição de grandes vasos da base.
d) Atresia tricúspide.
e) Tetralogia de Fallot.
Temos um recém-nascido que apresentou cianose logo nas primeiras horas de vida. Sabemos que essa manifestação clínica em momento tão precoce deve nos remeter ao diagnóstico diferencial entre dois grupos de doenças: os distúrbios respiratórios e as cardiopatias congênitas. Porém, existe uma informação bastante importante neste enunciado, que é a grande diferença entre saturação pré e a pós-ductal. Isto indica que está ocorrendo um grande desvio de sangue não oxigenado oriundo da artéria pulmonar para a aorta através do canal arterial. A única situação dentre as descritas que seria compatível com isso seria a hipertensão pulmonar. Nas demais condições, a cianose e a queda importante de saturação seriam verificadas em todas as medidas. Na tetralogia de Fallot, pode não haver cianose desde o nascimento, mas quando o grau de estenose na via de saída do ventrículo direito for importante, haverá shunt precoce da direita para a esquerda por uma comunicação interventricular, o que faz com que a saturação pré-ductal seja baixa, pois o sangue que atinge a aorta é uma mistura de sangue desoxigenado oriundo da comunicação interventricular e sangue oxigenado das veias pulmonares. Na atresia tricúspide o sangue não consegue seguir do átrio direito para o ventrículo direito e é desviado para o átrio esquerdo pelo forame oval ou por uma comunicação interatrial. Parte do sangue que chega ao ventrículo esquerdo retorna ao ventrículo direito por uma comunicação interventricular. Ainda assim, o ventrículo esquerdo recebe uma mistura de sangue oxigenado e desoxigenado, não havendo a diferença pré e pós-ductal descrita no caso. E, por fim, nos casos de transposição dos grandes vasos, a aorta emerge do ventrículo direito e a artéria pulmonar emerge do ventrículo esquerdo. O resultado é que essas duas circulações existem em paralelo. Um shunt (pelo forame oval e pelo canal arterial) entre as duas circulações possibilita a mistura do sangue e viabiliza a vida. Não há esta cianose diferencial.
Resposta: letra B.
6 – Recém-nascido de parto vaginal, com período expulsivo prolongado apresenta abaulamento firme, limitado ao osso parietal, sem descoloração da pele do couro cabeludo, que respeita a linha de sutura, percebido algumas horas após o parto.
O sítio deste acometimento é:
a) Tecido mole.
b) Subdural.
c) Subperiósteo.
d) Subgaleal.
O principal diagnóstico diferencial que devemos estabelecer diante de um abaulamento craniano em um recém-nascido é entre a bossa serossanguínea e o céfalo-hematoma. O que está descrito neste enunciado é exatamente o que ocorre em um céfalo-hematoma. A principal característica que distingue o céfalo-hematoma da bossa serossanguínea é o fato de que, na primeira situação, o abaulamento não ultrapassa a sutura, enquanto na segunda situação, este limite não é respeitado. Na bossa o abaulamento é subcutâneo, com ou sem equimose, e desaparece em alguns dias. Já no céfalo-hematoma temos uma hemorragia subperiosteal e, justamente por isso, há o respeito às linhas de sutura.
Resposta: letra C.
7 – Pode-se afirmar sobre o teste do pezinho que:
a) Alta precoce pode gerar falso-negativo no caso da fenilalanina.
b) Prematuridade não restringe a triagem de hemoglobinopatias.
c) Íleo meconial pode gerar falso-positivo da tripsina imunorreativa.
d) Caso for positivo para hipotireoidismo, repetir em papel filtro.
O popularmente conhecido “teste do pezinho” nada mais é do que a triagem metabólica neonatal, oferecida pelo Ministério da Saúde para todos os recém-nascidos. Atualmente, seis doenças são avaliadas pelo programa: fenilcetonúria, hipotireoidismo, hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Nem todos os Estados já estão habilitados para realizarem todas essas avaliações. Vejamos cada uma das afirmativas. A afirmativa 1 foi considerada correta pela banca, mas tem uma interpretação que pode ser, no mínimo, duvidosa. Sabemos que o teste deve ser coletado entre o 3 e o 5 dia de vida. Um dos motivos para não realizarmos o teste nas primeiras 48 horas de vida é que há um maior percentual de falso-negativos para a fenilcetonúria, pois terá havido pouco tempo de ingestão proteica. Porém, caso o teste seja colhido após a alta em uma Unidade de Saúde, a alta, por si só, não teria qualquer problema. Vejamos as outras afirmativas. A opção B está errada; a prematuridade restringe a triagem de hemoglobinopatias por estar associada a diferentes percentuais de hemoglobina fetal, também aumentando percentual de falso- -negativos. A opção C está errada; os recém-nascidos com íleo meconial apresentam, mais comumente, resultados falso-negativos na triagem pela dosagem de IRT. E, por fim, a opção D está errada: quando a triagem mostrar-se alterada, deverá ser feita a coleta de sangue total.
Resposta: letra A.
8 – Recém-nascido com 38 semanas de idade gestacional, peso de nascimento 3.250 g, parto cesárea, líquido amniótico claro, Apgar 8 e 9. Encontra-se com 36 horas de vida, assintomático, frequência respiratória de 55 irpm, em aleitamento materno no alojamento conjunto. No exame de oximetria de pulso, o resultado foi de 97% no membro superior direito e no membro inferior, de 92%.
A conduta e a principal suspeita diagnóstica são, respectivamente:
a) Eletrocardiograma, persistência do canal arterial.
b) Ecocardiograma, transposição de grandes vasos.
c) Nova oximetria após uma hora, coarctação de aorta.
d) Radiografia de tórax, taquipneia transitória do recém- -nascido.
Temos um recém-nascido com teste do coração alterado, uma vez que a diferença de saturação de oxigênio entre o membro superior direito e o membro inferior é maior que 3% e, além disso, a saturação do membro inferior é menor que 95%. Diante de um resultado anormal devemos realizar nova aferição após uma hora. Apenas se o resultado anormal se mantiver é que devemos solicitar um ecocardiograma nas próximas 24h. Este teste tem como objetivo detectar cardiopatias congênitas críticas, ou seja, aquelas cujo fluxo pulmonar ou sistêmico é dependente de canal arterial, como atresia de artéria pulmonar, hipoplasia de coração esquerdo, coarctação grave de aorta e transposição de grandes vasos.
Resposta: letra C.
9 – Lactente do sexo feminino, um mês de vida, é levada ao ambulatório de pediatria para primeira consulta. Há dez dias, apresenta aumento progressivo do volume abdominal, constipação e redução do volume urinário. A mãe refere que a última ultrassonografia (USG) do pré-natal não foi normal, sendo solicitado um novo exame pelo médico que a acompanhava. Trouxe para a consulta o laudo da USG realizada há dois dias, que evidenciou hidronefrose bilateral, dilatação da bexiga e aumento importante do volume uterino. Ao exame do abdome, foi observado que este era globoso à inspeção, peristáltico, algo tenso, doloroso à palpação e com presença de massa palpável em região hipogástrica, estendendo-se até epigástrio, de difícil delimitação e consistência não endurecida.
O diagnóstico mais provável e a alteração do exame físico a ser pesquisada nesse momento, respectivamente, são:
a) Megacólon congênito; ausência de fezes ao toque retal.
b) Tumor de adrenal; genitália ambígua ao exame perineal.
c) Persistência de cloaca; malformação da genitália ao exame perineal.
d) Hidrometrocolpos; imperfuração himenal ao exame da região perineal.
O enunciado nos apresenta uma lactente de um mês com um quadro de obstrução intestinal (caracterizado por dor abdominal e constipação intestinal), obstrução urinária (indicada por hidronefrose bilateral, dilatação vesical e redução do volume urinário) e massa abdominal, localizada em hipogástrico, visualizada na ultrassonografia como útero de dimensões aumentadas. Ora, possivelmente, estamos diante de um útero aumentado de tamanho que está causando compressão extrínseca tanto intestinal quanto do trato geniturinário. Este aumento do volume uterino é chamado hidrometrocolpos, e, no período neonatal, pode ser provocado por imperfuração himenal, membrana vaginal ou atresia vaginal. Os estrogênios maternos durante a gestação estimulam a secreção endometrial e cervical, promovendo assim a retenção de líquido dentro da cavidade uterina. O exame físico da região perineal poderá evidenciar o hímen imperfurado e abaulado.
Resposta: letra D.
10 - O método mais apropriado para o diagnóstico de hemorragia intracraniana, que compromete recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso é:
a) Tomografia computadorizada de crânio.
b) Exame de líquido cefalorraquidiano.
c) Ressonância magnética de crânio.
d) Ultrassonografia de crânio transfontanela.
e) Radiografia simples de crânio.
A suspeita diagnóstica de uma hemorragia intracraniana deve ser estabelecida com base na história, manifestações clínicas e reconhecimento de fatores de risco para sua ocorrência, como o baixo peso ao nascimento. A principal forma de hemorragia intracraniana que acomete os prematuros de muito baixo peso é a hemorragia intraventricular. O exame de escolha para o rastreamento desta condição é a ultrassonografia transfontanela. Essa escolha justifica-se, pois é exame é pouco invasivo, portátil e reproduzível, além de ser sensível e específico para a detecção da hemorragia. Outros exames podem, eventualmente, ser indicados. A ressonância magnética é mais sensível para a avaliação de lesões periventriculares e pode predizer melhor o risco de sequelas. A tomografia pode ser indicada na suspeita de infartos ou trauma craniano, pois a ultrassonografia pode não indicar o edema ou a hemorragia intraparenquimatosa e áreas de infarto.
Resposta: letra D.
11 – Recém-nascido a termo, pequeno para idade gestacional, apresenta fronte oblíqua; hipertelorismo ocular; fenda palatina; lábio leporino importante; punhos cerrados; polidactilia de mãos e pés com sobreposição do quinto quirodáctilo sobre o terceiro e o quarto; região plantar arqueada; genitália externa com criptorquidia. O exame de imagem craniana revelou holoprosencefalia.
O relato é compatível com síndrome de:
a) Patau.
b) Edwards.
c) Klinefelter.
d) Turner.
e) Cri Du Chat.
A holoprosencefalia é um distúrbio do desenvolvimento cerebral, cuja causa está relacionada em 50% dos casos a deleções cromossomiais ou à trissomia do 13 (síndrome de Patau) ou do 18 (síndrome de Edwards). A síndrome de Patau ocorre em 1 a cada 10.000 nascimentos e tem como manifestações clínicas lábio leporino, fenda palatina, flexão dos dedos com polidactilia, malformação cerebral, microcefalia, microftalmia, hipotelorismo ocular (e não hipertelorismo como descreve incorretamente o enunciado!) malformações cardíacas, anomalias genitais e viscerais. Cerca de 90% dos pacientes morrem no 1º ano de vida. A síndrome de Edwards tem como manifestações baixo peso ao nascimento, punhos cerrados, com dedo indicador sobreposto ao terceiro dígito, e o quinto sobreposto ao quarto dígito, quadris estreitos com abdução limitada, esterno curto, pés chatos, microcefalia, occipital proeminente, micrognatia, malformações cardíacas e renais e retardo mental. A síndrome de Turner (45, X) se caracteriza por linfedema de mãos e pés, pescoço alado, bebê pequeno para idade gestacional e orelhas protuberantes. A síndrome de Klinefelter (47, XXY em sua maioria) é identificada geralmente na fase adulta, a partir da investigação de infertilidade e hipogonadismo. E a síndrome de Cri Du Chat tem como marco o grito característico (choro semelhante ao miado de gato).
Resposta: letra A.
12 – Recém-nascido a termo, parto cesáreo, peso ao nascimento: 2.350 g, Apgar 7 e 9. Ao exame com 12 horas de vida mostra-se ictérico, com palidez cutânea-mucosa leve e hepatoesplenomegalia. É a segunda gestação da mãe, pré-natal incompleto.
A causa MAIS PROVÁVEL para a icterícia desse recém-nascido é:
a) Deficiência de glicose 6 fosfato desidrogenase.
b) Doença hemolítica por Rh.
c) Esferocitose.
d) Imunização por grupo ABO.
Temos uma criança com icterícia precoce, ou seja, nas primeiras 24h de vida, e por isso devemos pensar em causas hemolíticas para explicar o quadro. Apesar de a incompatibilidade ABO ser mais comum, ela é frequentemente assintomática ou pouco sintomática e não há necessidade de sensibilização prévia. A questão nos deu uma informação importante: É a segunda gestação da mãe, o que nos diz que pode ter ocorrido sensibilização prévia. Diante de um quadro exuberante de icterícia, anemia hemolítica e hepatoesplenomegalia, com possível sensibilização prévia, a causa mais provável se torna a incompatibilidade Rh. Na esferocitose e na deficiência de G6PD a icterícia costuma não ocorrer nas primeiras horas de vida.
Resposta correta: letra B.
13 – Recém-nascido a termo, IGE: 38 semanas, parto cesáreo. Apgar 7 e 8. Peso de nascimento: 2750 g. Nas primeiras horas de vida desenvolve taquipneia (FR = 82/minuto), retração subcostal e batimento de aletas nasais. Ausculta pulmonar é normal. Bulhas rítmicas e sem sopros. Saturimetria: SO2 = 90%, foi colocado em oxigenoterapia. O estudo radiológico de tórax revela discreto infiltrado linear a partir dos hilos pulmonares e discreto aumento da área cardíaca. Com 24 horas de vida o recém-nascido está bem, eupneico, saturimetria de 98% em ar ambiente.
Qual o processo fisiopatológico MAIS PROVÁVEL para explicar esse quadro?
a) Aumento da tensão superficial alveolar por deficiência de surfactante pulmonar.
b) Desenvolvimento de áreas de microatelectasias difusas com redução da complacência pulmonar.
c) Edema pulmonar decorrente de retardo na reabsorção do líquido pulmonar pelo sistema linfático.
d) Vasoconstrição venosa pulmonar pós-natal.
A primeira pergunta é: qual o diagnóstico deste recém-nascido? Temos um recém-nascido a termo, com história de parto cesáreo, que se apresenta com desconforto respiratório precoce e que melhorou apenas com oxigenoterapia. A simples evolução do quadro já nos faria pensar na possibilidade de taquipneia transitória do recém-nascido, mas antes disso já deveríamos pensar nessa possibilidade pela descrição dos aspectos radiográficos. Nesta condição, a radiografia de tórax traz alterações importantes para o diagnóstico, como hiperinsuflação pulmonar, aumento da trama vascular com a presença de hilo congesto, de onde se irradiam condensações (estrias) lineares, cissuras espessadas (derrame cissural). A fisiopatologia do evento está relacionada com um retardo na absorção do líquido pulmonar, que começa a ocorrer próximo ao termo e após o início do trabalho de parto. Assim, a opção C traz a correta justificativa para a clínica.
Resposta: letra C.
14 – Recém-nascido a termo, idade gestacional de 38 semanas, peso de nascimento 2.640 g, mãe A+, RN O+, apresenta icterícia discreta, observada com 16 horas de vida.
Com base nessas informações, assinale a alternativa CORRETA.
a) Provavelmente trata-se de icterícia por incompatibilidade ABO.
b) Por tratar-se de icterícia discreta, a hipótese principal é de icterícia fisiológica.
c) Se a dosagem de bilirrubina evidenciar predomínio de bilirrubina indireta, a atresia biliar intra-hepática está entre os diagnósticos diferenciais.
d) Galactosemia e tirosinemia são possíveis causas para a icterícia do recém-nascido.
Vamos avaliar as alternativas: A: Incorreta. A incompatibilidade ABO ocorre comumente em mães O e bebês A ou B. B: Incorreta. Icterícia nas primeiras 24h de vida é sempre patológica e nunca fisiológica. C: Incorreta. A atresia de vias biliares é uma causa importante de colestase neonatal, com hiperbilirrubinemia à custa da fração direta. D: Correta. Galactosemia e tirosinemia são causas de colestase neonatal com hiperbilirrubinemia direta, sendo, portanto, causas possíveis de icterícia neonatal.
Resposta: letra D.
15 – Assinale a assertiva CORRETA sobre sífilis congênita.
a) Hepatocarcinoma é uma sequela frequente caso a sífilis congênita não tenha sido tratada no período neonatal.
b) Penicilina por via oral é o tratamento de escolha para o recém-nascido cuja mãe realizou tratamento incompleto na gestação.
c) Penicilina G cristalina intravenosa por 21 dias é o tratamento de escolha para o recém-nascido.
d) Avaliação complementar do neonato com possibilidade de sífilis congênita inclui um exame de VDRL no sangue periférico e no liquor, hemograma e raio X de ossos longos.
e) Presença de gomas sifilíticas na pele e nas mucosas do neonato são sinais de maior gravidade da sífilis congênita.
Vejamos cada uma das afirmativas feitas sobre a sífilis congênita. A opção A está incorreta; o hepatocarcinoma não é uma sequela tardia associada à sífilis congênita, tratada ou não no período neonatal. Esta condição está tipicamente relacionada com a transmissão perinatal do vírus da hepatite B. A opção B também está incorreta; as crianças com sífilis congênita sempre irão receber tratamento com alguma forma de penicilina parenteral: seja a penicilina cristalina por via intravenosa, seja a procaína por via intramuscular. A opção C também está incorreta; as crianças tratadas com penicilina cristalina ou procaína irão receber um tratamento com duração de apenas 10 dias, não 21. A opção D está correta; na investigação dos recém-nascidos em que há a suspeita da infecção congênita, ainda que eles estejam completamente assintomáticos, todos os exames descritos deverão ser realizados. A opção E está incorreta; as lesões cutâneas habitualmente encontradas na sífilis precoce consistem em lesões maculopapulares ou lesões vesicobolhosas (pênfigo). A goma é uma alteração da sífilis terciária.
Resposta: letra D.
16 – Qual dos achados abaixo é característico em um prematuro com doença da membrana hialina? a) Redução do murmúrio vesicular à ausculta torácica. b) Radiografia de tórax com hiperexpansão pulmonar. c) Dificuldade respiratória iniciada entre 24 e 48h após o nascimento. d) Alcalose respiratória. e) Retardo na absorção do líquido pulmonar fetal.
Esta questão abordou alguns aspectos conceituais relacionados com a doença da membrana hialina, ou síndrome do desconforto respiratório, uma doença que acomete essencialmente os recém-nascidos prematuros e que tem na deficiência de surfactante alveolar a justificativa para suas manifestações (opção E errada; o retardo na absorção de líquido pulmonar é a causa de outro distúrbio respiratório do período neonatal, a taquipneia transitória do recém-nascido). A deficiência na concentração do surfactante leva à instabilidade alveolar, com progressivo colapso expiratório dos alvéolos e desenvolvimento de microatelectasias difusas. Por essa razão, a radiografia tipicamente revela hipotransparência com infiltrado reticulogranular difuso e diminuição do volume pulmonar (opção B errada). O quadro clínico tem início logo após o nascimento e vai progressivamente piorando nas primeiras horas de vida. O retardo no início do quadro clínico é algo que torna este diagnóstico menos provável e sugere outras possibilidades, como um quadro de pneumonia (opção C errada). Em relação às alterações gasométricas, a primeira delas é a hipoxemia, por diminuição no tempo de troca gasosa. Com a progressão da doença, há acidose respiratória por hipercarbia e também pode haver acidose metabólica, por alterações na perfusão tecidual (opção D errada). Resposta: letra A.
17 – Em relação à icterícia no período neonatal, analise as assertivas abaixo e assinale a INCORRETA. a) A icterícia constitui-se um dos problemas mais frequentes no período neonatal e corresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia. É mais comum em recém-nascidos de pele clara e asiáticos, com tipo sanguíneo diferente do materno e, por vezes, também do paterno. b) A “icterícia fisiológica” representa uma possível adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. c) Por vezes, a hiperbilirrubinemia indireta decorre de um processo não patológico, podendo-se alcançar concentrações elevadas de bilirrubinas lesivas ao cérebro. d) A hiperbilirrubinemia significante, presente na primeira semana de vida, é um problema comum em RN a termo e pré-termo tardio. É causa frequente de reinternações em leitos de hospitais pediátricos. e) A icterícia neonatal apresenta progressão cefalocaudal. A visualização da icterícia depende, além da experiência do profissional, da pigmentação da pele do RN e da luminosidade, sendo subestimada em peles mais pigmentadas e em ambientes muito claros e prejudicada em locais com pouca luz.
A icterícia é um dos problemas mais frequentes no período neonatal, estando frequente em 60% dos recém-nascidos a termo e em 80% dos recém-nascidos prematuros em sua primeira semana de vida, sendo a causa mais frequente de reinternações durante este período. É mais comum em indivíduos da raça asiática, ao comparar com as raças branca e negra. A doença é decorrente do aumento da fração indireta da bilirrubina e, de forma menos frequente, da fração direta. A forma mais comum de aumento da fração indireta é a icterícia fisiológica, que está relacionada a uma adaptação do RN ao metabolismo da bilirrubina. Normalmente ela não cursa com concentrações elevadas de bilirrubinas, porém pode ocorrer e com possibilidade de se difundir e impregnar as células nervosas do encéfalo. Para avaliar o grau de extensão, utiliza-se a avaliação pelas zonas de Kramer, pois sabe-se que a progressão da icterícia se faz de maneira craniocaudal, de forma que concentrações mais relacionadas de bilirrubina estão relacionados com a extensão da coloração amarelada em direção à extremidade distal dos membros inferiores. Desta forma, a única alternativa incorreta é a letra A!
18 – Recém-nascido de termo, sexo feminino, pesou 3.250 gramas ao nascimento. O exame físico na sala de parto evidenciou face achatada, fenda palpebral oblíqua, epicanto, pele abundante no pescoço, sulco entre o hálux e o segundo artelho, hipotonia muscular generalizada e reflexo de Moro débil. Entre os exames complementares rotineiramente indicados para o melhor acompanhamento desse paciente estão: a) Ecocardiograma e dosagem sérica de cortisol. b) Audiometria de tronco cerebral e dosagem sérica de TSH, T4 e T3. c) Tomografia computadorizada de crânio e cariótipo. d) Eletroneuromiografia e fundo de olho. e) Ultrassonografia de abdome global e radiografia de articulações coxofemorais.
As características fenotípicas apresentadas sugerem a síndrome de Down, que é a trissomia do cromossoma 21. Nesta cromossomopatia observam-se diversas malformações de órgãos e sistemas, assim como maior prevalência de diversas doenças. Portanto, vejamos as opções: A - Incorreta. O ecocardiograma está bem indicado ao nascimento, pois 40-50% das crianças com síndrome de Down apresentam cardiopatia congênita. Entretanto, a dosagem de cortisol não se justifica. B - Correta. A audiometria de tronco cerebral e a dosagem de TSH e T4 estão indicadas, pelo risco aumentado de diminuição da capacidade auditiva e hipotireoidismo congênito, respectivamente. C - Incorreta. O cariótipo é o exame que define o diagnóstico da cromossomopatia, mas a tomografia de crânio não auxilia para o diagnóstico das diversas complicações neurológicas (ex.: deficiência intelectual, autismo). D - Incorreta. A eletroneuromiografia, exame útil para detecção de doenças dos músculos, nervos periféricos e placa motora, não tem utilidade para acompanhamento da síndrome de Down. E - Incorreta. A ultrassonografia de abdome é útil no período neonatal, pois a síndrome de Down está associada a malformações do trato gastrointestinal e geniturinário. Além disso, há também aumento da incidência de displasia de quadril, e, por isso, é necessária a realização de ultrassonografia de quadril, e não radiografia. Gabarito: letra B.
19 – Recém-nascido de parto vaginal inicia com 12 dias de vida conjuntivite mucopurulenta bilateral, associada à otite média à esquerda. Este paciente deve ser tratado inicialmente com: a) Eritromicina oral. b) Aciclovir sistêmico. c) Colírio de tobramicina. d) Colírio de ciprofloxacino. e) Penicilina cristalina endovenosa.
Diante de um quadro de conjuntivite neonatal, devemos saber diferenciar duas situações: conjuntivite alérgica e conjuntivite infecciosa. A conjuntivite alérgica é causada pelo nitrato de prata, substância utilizada para profilaxia da oftalmia gonocócica. Ela costuma apresentar-se como uma conjuntivite purulenta, discreta, que, em geral, se resolve espontaneamente em até 48 horas. A grande maioria dos casos de conjuntivite neonatal infecciosa é adquirida durante a passagem pelo canal do parto e reflete as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) presentes na comunidade. Os principais agentes são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Para diferenciar não é difícil: É só lembrar que o período de incubação da N. gonorrhoeae é curto, de menos de uma semana. Logo, ficamos com a C. trachomatis como principal hipótese. Os sintomas da infecção por este agente geralmente se desenvolvem 5-14 dias após o nascimento, sua apresentação é variável, podendo haver pouca secreção mucosa ou ainda secreção copiosa purulenta e formação de pseudomembranas. O esquema de tratamento recomendado é Eritromicina 50 mg/kg/dia, 4 vezes ao dia, por 14 dias, já que 50% dessas crianças com conjuntivite por C. trachomatis apresenta infecção em outro local (como a criança da nossa questão). Gabarito: letra A.
20 – Recém-nascido de 21 dias apresenta suspeita de displasia do desenvolvimento do quadril. O exame complementar do quadril mais adequado para a confirmação do diagnóstico é: a) Ultrassonografia. b) Cintilografia óssea. c) Radiografia simples. d) Ressonância magnética. e) Tomografia computadorizada.
O exame de imagem de escolha para avaliação da displasia do desenvolvimento do quadril nos primeiros 4-6 meses de vida é a ultrassonografia, pois, até esse período, ainda não há o núcleo de ossificação da cabeça do fêmur. Porém, no período neonatal, a incidência de resultados falso-positivos na avaliação ultrassonográfica é alta e alguns autores recomendam que seja feito apenas o exame físico e, a partir dos achados, pode ser definida a conduta, que é a colocação do suspensório de Pavlik. Como a banca quer apenas saber qual seria o exame nesse período, nem entremos no mérito dessa discussão. Resposta: letra A.
COMEÇAR AQUI !!! 21 – Ao nascer, a maioria dos recém-nascidos com infecção congênita por citomegalovírus é: a) Asfixiada. b) Assintomática. c) Pré-termo. d) Pequeno para a idade gestacional. e) Natimorto.
A infecção congênita pelo CMV ocorre mais frequentemente quando a mãe se infecta pela primeira vez durante a gestação e, mais raramente, é resultado de reativação de um processo latente. Se a mãe desenvolve a infecção primária na gestação, ela transmite o vírus em 30% dos casos. Entre os RN afetados, somente 10% nascem com infecção sintomática, e a grande maioria, isto é, 90% destes bebês são ASSINTOMÁTICOS. Do grupo dos sintomáticos, 90% desses apresentam sequelas e aproximadamente 10% evoluem para óbito. A maior gravidade da infecção sobre o feto ocorre quando a transmissão ocorre em fases iniciais da gestação, ao passo que a maior probabilidade de contaminação se dá no último trimestre. A transmissão vertical (mãe-feto) encontra-se associada à eliminação do vírus pelo RN em sua urina, saliva e secreções da nasofaringe durante vários meses. O concepto que adquire a infecção durante o nascimento não apresenta virúria em seus primeiros dias de vida. Gabarito: letra B.
22 – A pele do recém-nascido normal pode apresentar as seguintes características, EXCETO: a) Milium sebáceo. b) Hemangioma macular. c) Eritema tóxico. d) Máculas brancas. e) Vérnix.
Vamos analisar as opções sobre as afecções cutâneas mais frequentes do neonato: A - Correta. O milium sebáceo são pápulas amarelo-esbranquiçadas que aparecem na fronte, asas do nariz e genitália, correspondendo a pequenos cistos queratogênicos, causados por obstrução dos folículos pilossebáceos. B - Correta. Os hemangiomas capilares maculares transitórios são comuns em pálpebras e pescoço, também são achados físicos normais em recém-nascidos. C - Correta. O eritema tóxico é uma erupção cutânea composta de pápulas ou lesões vesicopustulosas que surgem de um a três dias após o nascimento, sendo localizado na face, tronco e membros. É classificado como um exantema benigno, desaparecendo em uma semana. D - INCORRETA. Máculas brancas não são comuns na pele do recém-nascido. E - Correta. O vérnix caseoso é uma substância graxenta, branco-amarelada (sebo e debris de queratinócitos), que recobre a superfície cutânea das dobras. Gabarito: letra D.
23 – A icterícia constitui-se em um dos problemas mais frequentes no período neonatal e corresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia. A hiperbilirrubinemia na primeira semana de vida é encontrada tanto no recém-nascido a termo como no prematuro. Diante de um prematuro de 36 semanas de idade gestacional, existem fatores epidemiológicos que orientam o neonatologista para uma investigação clínica e laboratorial. Quais das situações abaixo significam alta probabilidade da icterícia ter origem patológica? a) Icterícia com início antes de 24-36 horas de vida, independente da idade pós-natal. b) Icterícia com início após 24 horas de vida, com pico no terceiro dia de vida. c) Icterícia em recém-nascidos com perda elevada de peso. d) Icterícia na presença de bossa serossanguínea.
Como bem lembrado no enunciado, a icterícia é uma condição muito comum no período neonatal. Justamente por isso, as questões sobre esse tema são tão comuns. Sabemos que a principal causa de icterícia nos primeiros dias de vida é a icterícia fisiológica, decorrente de um esperado aumento nos níveis de bilirrubina indireta após o nascimento. Porém, nem sempre que estivermos diante de um recém-nascido ictérico, poderemos afirmar que este quadro é fisiológico. Como ocorre em qualquer outra fase da vida, a icterícia pode ser manifestação de algum processo mórbido subjacente. Alguns dados de história, de exame físico ou mesmo de avaliação complementar poderão ser usados para pensarmos que o quadro apresentado pelo pequeno paciente merece uma avaliação mais cuidadosa e que, possivelmente, não é apenas fisiológico. Um deles é o início precoce da icterícia, ainda nas primeiras 24-36 horas de vida. É sabido que o acúmulo dito fisiológico da bilirrubina faz com que a icterícia fisiológica surja entre o 2 e o 3 dia de vida, em um recém-nascido a termo, ou entre o 3 e o 4 dia de vida, nos prematuros. O surgimento ainda nas primeiras horas de vida deve sempre levantar a suspeita de causa mórbida subjacente, em especial de uma doença hemolítica (opção A certa). O pico da hiperbilirrubinemia no 3 dia de vida pode ser encontrado nos recém-nascidos a termo com icterícia fisiológica; nos prematuros, o pico costuma ser um pouco mais tardio (opção B errada). Algumas condições clínicas aumentam o risco de que a criança apresente uma hiperbilirrubinemia significativa. Uma dessas condições é o céfalo-hematoma (não a bossa serossanguínea – opção D errada). Na ocasião do concurso, muitos candidatos questionaram por qual razão a opção C não iria sugerir um quadro patológicos. Realmente, a perda ponderal excessiva é um fator de risco para hiperbilirrubinemia significativa. Porém, caso a icterícia esteja, por exemplo, restrita à face, poderemos continuar pensando que o quadro é apenas fisiológico. Por mais que a opção C tenha suscitado dúvidas, aposte no que é certo. Não há dúvidas de que a opção A descreve um quadro patológico. Resposta: letra A.
24 – O mecanismo de ação da fototerapia é a transformação da bilirrubina nas áreas expostas à luz, que modificam sua estrutura molecular. A respeito dessa importante terapêutica no período neonatal, assinale a alternativa CORRETA: a) A molécula de bilirrubina torna-se menos hidrossolúvel, permitindo que ela seja eliminada pelos rins e pelo fígado. b) Recém-nascidos afrodescendentes respondem menos ao tratamento, pois a pigmentação da pele limita a penetração da luz na epiderme. c) Uma das principais complicações da fototerapia é a hipertermia. d) Nas icterícias associadas ao aleitamento materno, deve-se suspender temporariamente a amamentação para evitar a fototerapia e suas complicações. e) A fototerapia só tem eficácia quando se utiliza acima de 15 mg% de bilirrubina indireta no soro, o que contraindica seu uso nas icterícias fisiológicas.
Sobre a fototerapia temos: A) A função da fototerapia é converter a bilirrubina indireta através da fotoisomerização, em um isômero mais hidrossolúvel, facilmente excretado pela bile e pela urina, sem a necessidade de conjugação hepática. Incorreta. B) A eficácia da fototerapia depende da energia de luz emitida, da distância do bebê e a lâmpada, da área de pele exposta e do espectro de luz, não havendo diferença significativa de acordo com a cor da pele da criança. Incorreta. C) As principais complicações associadas à fototerapia são: hipertermia, desidratação, diarreia, hiperemia cutânea e síndrome do bebê bronzeado. Correta. D) Nas icterícias associadas ao leite materno, caso os níveis de bilirrubina não sejam muito elevados, é possível manter a amamentação. A tendência é a estabilização dos níveis de bilirrubina e queda gradual. Incorreta. E) A fototerapia é abordagem eficaz tanto nos casos de icterícia patológica ou fisiológica, devendo ser iniciada quando houver indicação. Incorreta. Resposta: letra C.
25 – Correlacione a primeira coluna, dos agentes etiológicos, com a segunda, que se referem à manifestação clínica mais significativa da infecção congênita, e escolha a resposta CORRETA: I- Rubéola; II- Citomegalovírus; III- Toxoplasmose; IV- Vírus herpes-simples; V- Sífilis. ( ) Vesículas e conjuntivite; ( ) Microcefalia e calcificação intracraniana; ( ) Catarata e cardiopatia congênita; ( ) Hidrocefalia e coriorretinite; ( ) Exantema maculopapular e lesão óssea. a) III-II-IV-I-V. b) V-III-I-II-IV. c) IV-II-I-III-V. d) V-III-I-IV-II. e) IV-II-III-V-I.
Vejamos as manifestações clínicas de cada doença: I- Rubéola: quando sintomática, as principais são deficiência auditiva, retardo do crescimento intrauterino, cardiopatias congênitas, como a persistência do canal arterial e estenose pulmonar, e manifestação ocular, sobretudo, catarata. II- Citomegalovírus: microcefalia, calcificações intracranianas periventriculares, coriorretinite, perda auditiva neurossensorial, prematuridade, retardo do crescimento intrauterino, hepatoesplenomegalia, hepatite, icterícia, pneumonia, trombocitopenia. III- Toxoplasmose: calcificações intracranianas difusas, coriorretinite, hidrocefalia, retardo mental e hepatoesplenomegalia. IV- Herpes-simples: vesículas cutâneas, alterações oculares e hidro/microcefalia. V- Sífilis congênita precoce: lesões cutâneo-mucosas, lesões ósseas, hepatoesplenomegalia, anemia, coriorretinite e outros. Resposta correta: letra C.
26 – Recém-nascido a termo, nasceu de parto normal, sem intercorrências. Com 12 horas de vida iniciou febre, hipoatividade, taquipneia e desconforto respiratório. Teve piora clínica rápida, evoluindo com insuficiência respiratória. Tratando-se de quadro infeccioso, o agente etiológico mais provável é: a) Candida albicans. b) Staphylococcus aureus. c) Pseudomonas aeruginosa. d) Enterobacter. e) Streptococcus agalactiae.
A questão nos fornece um recém-nascido com sinais clínicos de sepse neonatal precoce/pneumonia neonatal: febre, hipoatividade, taquipneia, desconforto respiratório. A sepse neonatal precoce consiste naquela que ocorre nos primeiros sete dias, mais comumente nas primeiras 48 horas de vida e está relacionada à infecção por germes da flora genital materna, ocorrida de forma ascendente ou durante o parto vaginal. O germe mais comumente envolvido é o estreptococo beta hemolítico do grupo B, Streptococcus agalactiae. Resposta: letra E.
27 – Um recém-nascido a termo apresenta peso adequado para a idade gestacional, Apgar 9 e 10, parto normal e gestação sem anormalidade. Nas primeiras 24 horas de vida, apresenta secreção abundante, saindo constantemente pela boca, com respiração ruidosa e, às vezes, difícil. Assinale a conduta imediata: a) Aspirar secreção e espaçar as mamadas. b) Passar sonda nasogástrica. c) Solicitar radiografia simples de tórax. d) Solicitar ultrassonografia abdominal.
Todo recém-nascido que apresente logo após o nascimento salivação intensa, dificuldade respiratória, tosse, cianose ou engasgos, deve nos levantar a suspeita de atresia de esôfago. Ela é a anomalia congênita mais comum do esôfago. Além de quadro clínico característico, algumas questões ainda podem referir polidrâmnio no período gestacional. A conduta imediata diante da suspeita de atresia de esôfago é a colocação de sonda nasogástrica em aspiração contínua do coto proximal e colocação da criança em posição prona para minimizar a aspiração de material proveniente do fundo de saco cego, até a correção cirúrgica definitiva. Após a passagem da sonda, é indicado radiografar. O exame mostrará a sonda enrolada no fundo de saco. Resposta correta: letra B.
28 – Diante um recém-nascido com genitália ambígua, pode-se pensar em deficiência de: a) 17-hidroxiprogesterona. b) 21-hidroxilase. c) ACTH. d) FSH.
Chamamos de genitália ambígua ou atípica aquela que nos deixa em dúvidas acerca do sexo genético do indivíduo. A principal causa de genitália atípica com gônadas não palpáveis é uma genitália feminina virilizada durante a vida intrauterina; a principal causa disso é a hiperplasia adrenal congênita por deficiência da enzima 21-hidroxilase. A deficiência dessa enzima interfere na síntese de cortisol e mineralocorticoides e os precursores dessas vias são desviados para a síntese de androgênios da suprarrenal, levando à virilização. Resposta: letra B.
29 – Você está de plantão na maternidade de um grande hospital e o seu primeiro atendimento é na sala de parto onde Ana, 30 anos, GI PI A0, após um pré-natal sem intercorrências, dá à luz a um recém-nascido do sexo masculino, termo (38 semanas e 4 dias), cujo peso foi 3.440 g, com Apgar de 1º minuto 9 e 5º minuto 10, que, após o atendimento padrão de rotina, você encaminhou para o alojamento conjunto. Após 8h de vida, você é chamado pela enfermeira do plantão para reavaliá-lo, pois os pais notaram que durante a mamada o RN apresentou cansaço e cianose. Qual a sua conduta e a hipótese diagnóstica mais provável? a) Iniciar oxigenoterapia, pois trata-se de um desconforto respiratório do RN. b) Iniciar prostaglandina E1, pois trata-se, muito provavelmente, de um caso de transposição das grandes artérias. c) Fazer uma nebulização, pois pode ser uma bronquiolite. d) Iniciar sildenafila, pois trata-se de hipertensão arterial pulmonar. e) Não fazer nada e apenas observar até o dia seguinte, pois essa é uma reação normal de recém-nascidos.
O enunciado apresenta um neonato a termo, AIG, sem intercorrências na gestação e parto, com bom Apgar, e que apresenta uma síndrome de desconforto respiratório (dispneia + cianose) com 8 horas de vida e pergunta a você qual a hipótese mais provável. Em neonatologia, muitas etiologias podem cursar com manifestações clínicas semelhantes, e, geralmente, os sinais/sintomas respiratórios são os mais frequentes. Podemos estar diante de doenças pulmonares, cardíacas, infecciosas ou metabólicas. Mas vejamos este caso especificamente. O neonato não é prematuro, o principal fator de risco para doença da membrana hialina. Também não nasceu de parto cesárea para pensarmos em taquipneia transitória. Não é filho de mãe diabética, CIUR, PIG ou GIG para suspeitarmos de hipoglicemia ou hipocalcemia. Não há fatores de risco para infecção (prematuridade, febre materna, GBS vaginal positivo), afastando a hipótese de pneumonia e sepse. Portanto, resta-nos as cardiopatias congênitas cianóticas dependentes de canal arterial. No Brasil, a mais frequente é a transposição de grandes artérias, como mostram alguns trabalhos. Por isso, gabarito: letra B.
30 – Dos diagnósticos citados abaixo qual o mais provável para o recém-nascido, cuja mãe não fez pré-natal e apresenta baixo peso, anemia, icterícia, hepatoesplenomegalia, hidrocefalia e coriorretinite? a) Sífilis congênita. b) Toxoplasmose congênita. c) Doença de Chagas congênita. d) Infecção pelo citomegalovírus congênita.
A infecção congênita mais relacionada à hidrocefalia e à coriorretinite é a toxoplasmose congênita. A manifestação clássica mais encontrada nesta doença em sua forma neurológica é a hidrocefalia tipo obstrutiva. Na forma generalizada da doença podemos observar a tétrade de Sabin, caracterizada por coriorretinite, calcificações intracranianas difusas, hidrocefalia ou microcefalia e retardo mental. A coriorretinite é o comprometimento clássico mais frequente nesta forma da doença, sendo bilateral em 60 a 80% dos casos. A sífilis congênita precoce tem como manifestações clássicas as lesões cutâneo-mucosas e lesões ósseas. A citomegalovirose congênita se manifesta com prematuridade, CIUR, icterícia, hepatoesplenomegalia, hepatite, trombocitopenia, anemia e alterações do SNC (calcificações intracranianas periventriculares, microcefalia, coriorretinite e surdez neurossensorial). Resposta correta: letra B.
31 – Assinale a alternativa CORRETA com relação à sífilis congênita: a) A ocorrência de alterações no liquor é muito mais frequente nas crianças assintomáticas do que nas sintomáticas com outras evidências de sífilis congênita. b) Uma criança com VDRL (teste não treponêmico - Veneral Diseases Research Laboratory ) positivo no liquor deve ser diagnosticada como neurossífilis apenas se houver alterações na celularidade e/ou na concentração de proteínas no liquor. c) Os resultados falso-positivos do VDRL são conhecidos como efeito prozona. d) A maioria das crianças se apresenta sintomática ao nascimento. e) A associação de critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais deve ser a base para o diagnóstico da sífilis na criança.
Uma questão sobre sífilis congênita que abordou alguns aspectos um pouco diferentes dos habitualmente cobrados nos concursos. Vejamos cada uma das afirmativas: Opção A: errada. O que ocorre é exatamente o contrário: as alterações liquóricas são mais frequentes em crianças com as alterações clínicas que podem ser encontradas na sífilis congênita precoce. Ainda assim, é possível haver alterações mesmo nesses casos e, por esta razão, recomenda-se realizar punção lombar para a coleta do liquor com o objetivo de avaliar a celularidade, a proteinorraquia e o VDRL, em todos os casos de sífilis em crianças, para a exclusão do diagnóstico de neurossífilis. Opção B: errada. Avalia-se principalmente o VDRL, a proteinorraquia e a celularidade no liquor. A presença de VDRL positivo no liquor é indicativa de neurossífilis mesmo se não houver qualquer outra alteração. A presença de leucocitose e de elevação na concentração de proteínas são evidências adicionais para o diagnóstico de neurossífilis. Opção C: errada. O efeito prozona, decorrente do excesso de anticorpos, pode levar a um resultado falso-negativo, não falso-positivo. Para evitar o efeito, é feita a testagem com soro submetido à diluição prévia. Opção D: errada. Como ocorre comumente em infecções ocorridas no final da gestação, as crianças apresentam-se assintomáticas no momento do nascimento. Ainda assim, deverão ser tratadas, pois as manifestações clínicas e as sequelas serão estabelecidas se isso não for feito. Opção E: certa. A suspeita de sífilis congênita se estabelece a partir de um dado epidemiológico – história materna – e a avaliação clínica e complementar colaboram para o estabelecimento desse diagnóstico.