Problema 8 - Lúpus Flashcards
Defina lúpus.
- O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é a doenças das “ites” (inflamações) e “penias” (citopenias), além de ser caracterizado pela produção de múltiplos autoanticorpos, justificando o achado de FAN+ na pesquisa por imunofluorescência.
- Praticamente qualquer órgão ou tecido pode ser acometido pelo LES, mas os principais são a pele, as articulações, os rins e o SNC.
Qual paciente clássico com lúpus?
mulher em idade fértil
Qual o quadro sistêmico do lúpus?
Fadiga, mialgia e artralgia representam as manifestações clínicas mais prevalentes do LES (≥ 95% dos pacientes). Além de febre e emagrecimento que também são bastante comuns
Quais são os locais mais envolvidos?
- Pele e mucosas
- Articulações
- Membranas serosas
- Células sanguíneas
- Rins
- Sistema nervoso central
Tais critérios são divididos em dois grupos: clínicos e imunológicos. É preciso ter pelo menos um critério de cada grupo. Define-se a existência de LES quando quatro ou mais critérios estiverem presentes (ao mesmo tempo ou em momentos separados no tempo).
Luana, 21 anos, negra, sem doenças conhecidas, procura atendimento médico devido a “lesões na pele” surgidas há uma semana. Refere ainda astenia e dor nas articulações das mãos e pés há, pelo menos, três meses, sem febre ou perda ponderal. Nenhum dado importante à anamnese, exceto pela ocorrência de abortamento espontâneo há quatro meses. No pré-natal, sabe-se que apresentou VDRL positivo 1:4 e foi tratada com penicilina benzatina. O exame físico se encontra a seguir: - Hipocorada +/4+, hidratada, eupneica, afebril. Ectoscopia: presença de livedo reticular em MMII e erupção malar bilateral que, segundo a paciente, piora após exposição ao sol. - Exame cardiovascular e respiratório sem alterações, PA = 130 x 88 mmHg, FC = 86 bpm. - Abdome e MMII sem alterações, exceto pelo livedo já descrito. Não possuía exames laboratoriais prévios. Exames complementares solicitados:
Hemácias = 3,6 milhões/mm³, hemoglobina = 11 g/dl, hematócrito = 33,1%, leucócitos = 3.000/mm³ (diferencial normal), plaquetas = 90.000/mm³. Reticulócitos = 0,5%. - VHS = 60 mm na 1ª hora. - Ureia = 22 mg/dl, creatinina = 0,7 mg/dl, sódio = 140 mEq/L, potássio = 4,8 mEq/L. - FAN positivo 1:160 (padrão salpicado).
Que doença seria capaz de justificar este quadro de Luana? Podemos dizer que o diagnóstico desta paciente está confirmado?
A doença é o lúpus eritematoso sistêmico. O diagnóstico está confirmado segundo os critérios da EULAR/ACR de 2019, pois a paciente apresenta FAN positivo (critério obrigatório) e soma 10 pontos: lúpus cutâneo agudo – rash malar (6 pontos) e trombocitopenia (4 pontos). Lembrando que nesse caso não contamos os 3 pontos referentes à leucopenia pois só pontuamos um critério por domínio.
Luana, 21 anos, negra, sem doenças conhecidas, procura atendimento médico devido a “lesões na pele” surgidas há uma semana. Refere ainda astenia e dor nas articulações das mãos e pés há, pelo menos, três meses, sem febre ou perda ponderal. Nenhum dado importante à anamnese, exceto pela ocorrência de abortamento espontâneo há quatro meses. No pré-natal, sabe-se que apresentou VDRL positivo 1:4 e foi tratada com penicilina benzatina. O exame físico se encontra a seguir: - Hipocorada +/4+, hidratada, eupneica, afebril. Ectoscopia: presença de livedo reticular em MMII e erupção malar bilateral que, segundo a paciente, piora após exposição ao sol. - Exame cardiovascular e respiratório sem alterações, PA = 130 x 88 mmHg, FC = 86 bpm. - Abdome e MMII sem alterações, exceto pelo livedo já descrito. Não possuía exames laboratoriais prévios. Exames complementares solicitados:
Hemácias = 3,6 milhões/mm³, hemoglobina = 11 g/dl, hematócrito = 33,1%, leucócitos = 3.000/mm³ (diferencial normal), plaquetas = 90.000/mm³. Reticulócitos = 0,5%. - VHS = 60 mm na 1ª hora. - Ureia = 22 mg/dl, creatinina = 0,7 mg/dl, sódio = 140 mEq/L, potássio = 4,8 mEq/L. - FAN positivo 1:160 (padrão salpicado).
Se confirmada sua hipótese, como você classificaria a doença de Luana de acordo com a gravidade?
Se houvesse LES, classificaríamos como LES moderado (com critérios hematológicos).
Luana, 21 anos, negra, sem doenças conhecidas, procura atendimento médico devido a “lesões na pele” surgidas há uma semana. Refere ainda astenia e dor nas articulações das mãos e pés há, pelo menos, três meses, sem febre ou perda ponderal. Nenhum dado importante à anamnese, exceto pela ocorrência de abortamento espontâneo há quatro meses. No pré-natal, sabe-se que apresentou VDRL positivo 1:4 e foi tratada com penicilina benzatina. O exame físico se encontra a seguir: - Hipocorada +/4+, hidratada, eupneica, afebril. Ectoscopia: presença de livedo reticular em MMII e erupção malar bilateral que, segundo a paciente, piora após exposição ao sol. - Exame cardiovascular e respiratório sem alterações, PA = 130 x 88 mmHg, FC = 86 bpm. - Abdome e MMII sem alterações, exceto pelo livedo já descrito. Não possuía exames laboratoriais prévios. Exames complementares solicitados:
Hemácias = 3,6 milhões/mm³, hemoglobina = 11 g/dl, hematócrito = 33,1%, leucócitos = 3.000/mm³ (diferencial normal), plaquetas = 90.000/mm³. Reticulócitos = 0,5%. - VHS = 60 mm na 1ª hora. - Ureia = 22 mg/dl, creatinina = 0,7 mg/dl, sódio = 140 mEq/L, potássio = 4,8 mEq/L. - FAN positivo 1:160 (padrão salpicado).
Caso esta paciente venha apresentar hemiplegia braquiocrural de instalação aguda, qual seria sua principal hipótese diagnóstica? Cite os principais fatores associados a esta condição, considerando a doença de base da paciente.
- AVE isquêmico
- Os três fatores patogênicos envolvidos são:
Trombose cerebral na síndrome do anticorpo antifosfolipídeo;
Embolia cerebral na endocardite de Libman-Sacks;
Vasculite cerebral.
Luana, 21 anos, negra, sem doenças conhecidas, procura atendimento médico devido a “lesões na pele” surgidas há uma semana. Refere ainda astenia e dor nas articulações das mãos e pés há, pelo menos, três meses, sem febre ou perda ponderal. Nenhum dado importante à anamnese, exceto pela ocorrência de abortamento espontâneo há quatro meses. No pré-natal, sabe-se que apresentou VDRL positivo 1:4 e foi tratada com penicilina benzatina. O exame físico se encontra a seguir: - Hipocorada +/4+, hidratada, eupneica, afebril. Ectoscopia: presença de livedo reticular em MMII e erupção malar bilateral que, segundo a paciente, piora após exposição ao sol. - Exame cardiovascular e respiratório sem alterações, PA = 130 x 88 mmHg, FC = 86 bpm. - Abdome e MMII sem alterações, exceto pelo livedo já descrito. Não possuía exames laboratoriais prévios. Exames complementares solicitados:
Hemácias = 3,6 milhões/mm³, hemoglobina = 11 g/dl, hematócrito = 33,1%, leucócitos = 3.000/mm³ (diferencial normal), plaquetas = 90.000/mm³. Reticulócitos = 0,5%. - VHS = 60 mm na 1ª hora. - Ureia = 22 mg/dl, creatinina = 0,7 mg/dl, sódio = 140 mEq/L, potássio = 4,8 mEq/L. - FAN positivo 1:160 (padrão salpicado).
- Quais exames de sangue você solicitaria a fim de confirmar ou afastar a hipótese da questão 3?
- Considerando a positividade dos exames da questão anterior, caso esta paciente voltasse a engravidar, qual seria sua conduta?
- Anticorpos anticardiolipina, anti-β2-glicoproteína I e anticoagulante lípico.
- Mulheres grávidas com SAF e história pregressa de abortamento devem ser tratadas com AAS em dose baixa e heparina em dose profilática.
Luana volta ao consultório um ano depois queixando-se de inchaço, principalmente nas pernas e na região periorbital. Durante investigação inicial, observa-se um exame parcial da urina com presença de proteína 4+/4+. Submetida à biópsia renal, observa-se espessamento da membrana basal ao longo das alças capilares, com depósitos granulares de IgG à imunofluorescência. Apesar de iniciado o tratamento com corticoide em dose imunossupressora, a paciente, na última semana, evoluiu com piora da função renal, hematúria e forte dor lombar.
1) Como você classificaria a lesão renal desta paciente? Justifique.
Nefrite lúpica classe V – membranosa. Achados na histopatologia associados a uma síndrome nefrótica franca.
Luana volta ao consultório um ano depois queixando-se de inchaço, principalmente nas pernas e na região periorbital. Durante investigação inicial, observa-se um exame parcial da urina com presença de proteína 4+/4+. Submetida à biópsia renal, observa-se espessamento da membrana basal ao longo das alças capilares, com depósitos granulares de IgG à imunofluorescência. Apesar de iniciado o tratamento com corticoide em dose imunossupressora, a paciente, na última semana, evoluiu com piora da função renal, hematúria e forte dor lombar.
- O que deve ter acontecido a Luana na última semana?
- Você se surpreenderia caso os exames laboratoriais desta paciente apresentassem anti-DNA nativo negativo e complemento sérico normal? Por quê?
- Esta paciente apresenta positividade para o anticorpo mais específico do LES. Cite-o.
- Caso esta paciente apresente psicose, qual anticorpo você espera encontrar?
- Trombose da veia renal com embolia pulmonar. Pode acometer 50% dos pacientes com nefropatia membranosa em sua evolução.
- Não. Quanto mais grave a nefrite lúpica, maior é a chance de encontrarmos o anticorpo anti-DNA nativo (dupla-hélice) positivo e níveis baixos de complemento sérico, mas a nefrite classe V foge a esta regra: geralmente tem anti-DNA negativo e complemento normal.
- Anti-Sm (especificidade = 99%).
- Anti-P
Qual anticorpo característico da nefrite lúpica?
anti-DNA nativo
Manifestações clínicas
Pele e mucosa
Manifestações clínicas
Osteoarticulares
Poliartralgias e mialgias.
❯ Artrite em 60%: não erosiva, predomina em pequenas articulações, migratória. A artrite de Jaccoud (10% dos casos) não é erosiva, porém é deformante.
❯ Miopatia/miosite: pode se dever à própria doença, ao tratamento com corticoides, aos antimaláricos…
Manifestações clínicas
Renais
São seis classes de nefrite – a mais comum e mais grave é a nefrite classe IV.
- ❯ Achados laboratoriais comuns: anti-DNA dupla-hélice positivo e complemento sérico baixo.
- ❯ Classe I: mesangial mínima – inicial, vista apenas à imunofluorescência.
- ❯ Classe II: proliferativa mesangial – proteinúria e hematúria leves, sem insuficiência renal, não precisa tratar.
- ❯ Classe III: focal – intermediária entre II e IV. Tratar com corticoide.
- ❯ Classe IV: difusa – associada a proteinúria nefrótica, hematúria, HAS e insuficiência renal. Geralmente encontramos anti-DNA em altos títulos e complemento sérico muito baixo. Tratar com corticoide + ciclofosfamida.
- ❯ Classe V: membranosa – síndrome nefrótica franca, porém com discreta hematúria e IR leve. Associada à trombose de veia renal. O complemento sérico pode ser normal e o anti-DNA negativo (exceção)! Tratamento apenas com corticoide, em geral.
- ❯ Classe VI: esclerótica avançada – rins terminais.