Introdução à farmacodinâmica Flashcards
O que a farmacodinâmica estuda?
Estuda a interação entre a molécula do fármaco e o seu alvo no organismo humano, podendo este alvo ser enzimas, canais iônicos, receptores ou moléculas transportadoras.
Ainda, estuda o efeito/alteração bioqúimica e fisiológica do fármaco após estabelecida a interação do fármaco com o seu alvo.
Qual a característica acerca do local de ação do fármaco que deve ser levado em conta na hora de produzir este fármaco?
O local de ação do fármaco possui uma estrutura proteica específica e determinada, e o fármaco deve ser produzido de acordo com esta estrutura, visando agir nestas proteínas.
Na prática, o fármaco se adapta ao seu receptor no organismo, e não o contrário.
Na fase de distribuição (farmacocinética), como se dá a ligação da molécula do fármaco ao seu receptor-alvo ?
Essa ligação depende da afinidade do fármaco a este receptor, na maior parte das vezes, essa afinidade é suficiente para que o fármaco apenas se conecte ao receptor via ligação fraca (Van der Waals), que é instável, então ele fica se desconectando e reconectando várias vezes.
Quando o fármaco consegue desenvolver uma ligação covalente ao seu receptor, ele tende a nà ose desligar mais desse receptor, é mais “irreversível”.
Os fármacos conseguem ser bem seletivos acerca de em qual receptor ele irá atuar? Ele vai diretamente no receptor-alvo ou acaba por ser inespecífico?
O fármaco é constituído a partir do receptor no qual ele quer atuar.
No entando, na prática isso é quase imposs’viel de ocorrer, aos fármacos não se é conferido esse grau de especificidade; portanto, os fármacos se ligam a vários receptores, aos seus alvos e aos que não são seus alvos.
E é este fato que leva a ocorrência das reações adversas.
De que forma/por meio de que mecanismo ocorre a ligaçào entre a molécula do fármaco e o seu receptor?
Essa ligação ocorre pelo mecanismo chave-fechadura.
As formas deves se “encaixar” perfeitamente, e o grau de afinidade entre fármaco e receptor define quão bem essa ligação será feita, na prática indica quanto as formas do fármaco e do receptor são complementares.
Quais são os quatro principais alvos biológicos onde fármacos atuam?
Os fármacos usualmente querem atuar em quatro tipos de estruturas:
-Enzimas: busca inibir o sítio de ligação da enzima
-Canais iônicos de membrana: busca interferir no trânsito de ions na membrana, despolarizando ou hiperpolarizando a célula
-Moléculas transportadoras: busca inibir o transporte de uma molécula específica que precisa entrar/sair via os transportadores cotransporte/uniporte
-Receptores: age em estrutura específica ao fármaco e desencadeia alguma repercussão intracelular.
Como os fármacos atuam sobre as enzimas?
As enzimas são os principais alvos dos fármacos; Lembrar que enzima catalisa uma reação, ou seja, promove uma certa reação, e isso se dá quando o substrato se liga no sítio ativo da enzima, permitindo a atuação dela.
Nesse caso, o fármaco se liga no sítio ativo dessa enzima, impedindo que o substrato possa se ligar, e dessa forma, o fármaco inibe a ocorrência de uma determinada reação, e tem-se o efeito definido do fármaco. Como por exemplo, alguns anti-hipertensivos inibem a ECA, impedindo formação de angiotensina II.
NB: todo fármaco que age na enzima busca inibir a sua ação.
Quais os exemplos mais comuns de classes de fármacos que atuam inibindo enzimas?
Anti-hipertensivos inibidores da enzima conversora de angiotensina: inibe formação da angiotensina II
Anti-inflamatórios inibidores da COX1/COX2: inibe formação de prostaglandina e leucotrieno
Inibidores de acetilcolinaesterase: essa enzima quebra acetilcolina, e o fármaco vai ocupar o sítio da acetilcolina na enzima, inibindo sua quebra
Como os fármacos fazem para atuar sobre os canais iônicos?
O canal iônico é uma estrutura que permite passagem de íons segundo seu gradiente de concentração; geralmente, essa canal precisa ser ativado para permitir essa passagem, caso contrário ele fica ocluído.
Os canais podem ser ativados diante de um certo potencial na membrana (voltagem dependente) ou diante de estímulo quando algum ligante se associa a esse canal (ligante-dependente), então esses são os meios que os fármacos dispõem para inibir o canal iônico
Sobre os canais iônicos voltagem-dependente, como agem os fármacos?
Nesse caso, o fármaco impede que, quando atingido o limiar de excitação do canal voltagem dependente, ele se abra livremente.
Os canais iônicos são específicos para um certo íon, ou seja, há canais que permitem passagem de cálcio, de sódio, de potássio, e o que define se haverá influxo ou efluxo desse íon é o local onde ele está mais concentrado: o potássio sai da célula, pois é lá que ele está mais concentrado; Já o sódio irá entrar na célula, pois está mais concentrado fora dela.
Como os anestésicos locais atuam para evitar a transmissão do estímulo da dor ?
Anestésicos locais: esses são fármacos que vão inibir a abertura dos canais de sódio nas células onde ele atua. Para haver dor, deve haver despolarização da célula mediada por influxo de sódio via canal iônico, se isso não ocorre, o estímulo de dor não é passado ao SN.
E o fármaco anestésico local irá bloquear esse influxo do sódio.
Como os anticonvulsivantes atuam para as despolarizações excessivas/desnecessárias no SNC ?
Eles vão inibir os canais de sódio nas células do SNC. Se não há influxo do sódio, não há despolarização da célula.
Quais tipos de fármacos inibidores enzimáticos existem?
- Inibidores competitivos: competem com o mesmo sítio de ligação que o substrato na enzima -> muito substrato no organismo pode overcome esse efeito do inibidor.
- Inibidores não-competitivos: são os inibidores que se ligam em outro sítio que não o do substrato na enzima, e nesse sítio, ele consegue alterar o sítio de ligação do substrato na enzima, fazendo com que o substrato não seja mais reconhecido -> nem com muito substrato o efeito do inibidor será superado.
Como fica a velocidade da reação catalizada por uma enzima na presença de um inibidor enzimático competitivo segundo regra Mikaelis-Menten Kinetics?
Conforme o gráfico, tem-se que o inibidor enzimático irá fazer com que a velocidade máxima da reação catalizada seja alcançada diante de uma concentração de substrato bem mais elevada que sem a presença desse inibidor, mas mesmo com inibidor, a Vm não muda, a velocidade máxima é a mesma, só é mais difícil de ser alcançada.
Há um Km maior, ou seja, mais concentração do substrato é demandada para atingir a metade da velocidade máxima.
NB: lembrando que: velocidade é formação de produto por tempo, e só se reduz se a quantia de enzima for reduzida
Como fica a velocidade da reação catalizada por uma enzima diante da presença de um inibidor enzimático NÃO-COMPETITIVO segundo regra Mikaelis-Menten Kinetics?
A velocidade máxima daquela reação catalizada depende da quantia de enzima que há no organismo, já que o tanto de produto formado é maior segundo mais reação ocorre, e este é maior segundo quanto mais enzima há.
O inibidor enzimático não competitivo, ao se ligar na enzima, como que invalida ela, diminuindo a quantia de enzima no corpo.
Menos enzima conduz a menos produto formado e, portanto, menor velocidade da reação.
Vm é reduzido, mas o Km se mantém, já que colocar mais substrato não é capaz de aumentar Vm.