HEMINOLEPSÍASE Flashcards
A Himenolepíase é uma parasitose intestinal causada por espécies de vermes
Hymenolepis: Hymenolepis diminuta, conhecida como “tênia do rato”(pode atingir 60 cm) e Hymenolepis nana conhecida como “tênia anã”(por alcançar apenas 2 a 4 cm de comprimento).
Ciclo
monoxênico ou heteroxênico
A Hymenolepis nana é um parasita que possui um ciclo biológico
heteroxênico (intermediário = pequenos insetos; definitivo = ser humano)
e outro monoxênico (hospedeiro único = ser humano).
Transmissão Hymenolepis nana
Heteroinfecção ou Primo-infecção: O homem ingere ovos embrionados da tênia anã presentes na água ou alimentos contaminados com as fezes de um hospedeiro humano parasitado (ciclo monoxêmico); ou ingere as larvas cisticercoides presentes no interior de pequenos insetos (pulgas, carunchos de farinha) quando os consome juntamente com alimentos de forma acidental (ciclo heteroxênico);
Auto-infecção externa(ciclo monoxênico): Quando o indivíduo parasitado com hábitos higiênicos precários, ingere novamente os ovos embrionados libe-rados juntamente com as próprias fezes, levando a mão contaminada direta-mente à boca – coprofagia pode favorecer essa forma de infecção;
Auto-infecção interna(ciclo monoxênico): quando ovos embrionados pre-sentes no intestino delgado humano, liberam as larvas no ambiente intestinal e essas evoluem para vermes adultos, sem precisar do ambiente externo – favo-recendo a reiinfecção e cronicidade.
A “tênia anã” possui como formas evolutivas:
ovo
larva cisticercoide
verme adulto.
Morfologia ovo
O ovo tem formato oval, semelhante a um “chapéu de mexicano, visto por cima”, medindo de 30 μm a 50 μm de diâmetro, com casca contendo 2 membranas: externa (mais delgada) e interna (com “mamelões” nas extremidades, projetando de 4 a 8 pares de filamentos polares), finas e transparentes, separadas por um espaço claro com conteúdo granuloso. No seu interior, é possível a visualização de um embrião hexacanto com 3 pares de acúleos ou gachos. Este ovo será eliminado juntamente com as fezes de um hospedeiro infestado, em condições de infectar o mesmo ou outro ser humano. No ambiente externo, sobrevive viável até 10 dias.
CB
O ovo embrionado poderá contaminar água e alimentos ou serem levados diretamente à boca do homem. Passando pelo estômago, sofrerá a ação do suco gástrico, sendo a sua casa7 semi-digerida.
Chegando no intestino delgado, sobretudo no íleo, o embrião hexacanto será liberado e irá penetrar nas microvilosidades intestinais para se desenvolver. Após 4 dias, dará origem à larva cisticercoide.
Após 10 dias da sua origem (pela heteroinfecção ou auto-infecção externa), ela sairá das microvilosidades intestinais, agora desenvaginada, alcançando a luz intestinal. Uma vez no ambiente ileal, a larva cisticercoide (vinda das microvilo-sidades ou ingerida acidentalmente com pequenos insetos), se fixará na parede intestinal do íleo, se desenvolverá e após 10 dias, dará origem ao verme adulto da Hymenolepis nana.
Morfologia larva cisticercoide
possui uma protoescólex ou cabeça invaginada, envolta por uma membrana contendo líquido transparente, medindo cerca de 500 μm.
Morfologia verme adulto
O verme adulto ou tênia anã possui o corpo achatado, esbranquiçado, medindo de 2 a 4 cm de comprimento. Apresenta de 100 a 200 proglótes Seu corpo segmentado é composto por:
1) Escólex ou cabeça, com 4 ventosas e rostro retrátil armado com 1 fileira de acúleos;
2) Colo ou pescoço, com grande capacidade de multiplicação celular, dando origem às proglótides estreitas;
3) Estróbilo ou corpo, constituído pelas aberturas situadas todas de um mesmo lado do estróbilo
e proglótides imaturas (somente com o sistema reprodutor masculino), maduras (com ambos sistemas reprodutores) e grávidas (repletas de ovos no seu interior). Esses ovos serão ejetados e liberados no meio externo juntamente com as fezes do ser humano parasitado. Não é comum a apólise das proglotes grávidas – desprendimento das mesmas do restante do corpo do animal -, mas pode ocorrer. As mesmas também podem se desintegrar e liberar os ovos embrionados.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A tênia anã irá se instalar e parasitar o intestino delgado - íleo - do ser humano e os sintomas, na maioria das vezes, serão relacionados a essa localização. O período de incubação da doença será 2 semanas, comumente – tempo médio de desenvolvimento do verme adulto realizando ovipostura. O período de transmissibilidade será variável conforme a sobrevivência do verme adulto no interior do hospedeiro e pode ser de 5 a 6 semanas a anos (havendo auto-infecção persistente).
Na maioria das vezes, o parasita permanece na luz intestinal sem causar sinto-mas ou causando poucos – o que aumenta o risco de disseminação da doença, pela contaminação de coleções hídricas com as fezes contendo os ovos da Hymenolepis nana.
No aparecimento de sintomas, eles serão bem inespecíficos e semelhantes a outras parasitoses intestinais. Tais como: diarreia intermitente (pode ocorrer enterite catarral, pela ação irritativa e mecânica dos vermes, causando pequenas úlceras intestinais e resposta inflamatória intensa local), irritação linfocitária, dor abdominal tipo cólica (ou, em alguns casos, na fossa ilíaca direita – simulando apendicite), anorexia e perda de peso, além de agitação, insônia e irritabilidade, pruridos nasal, cutâneo e anal (que deve ser diferenciado do noturno e intenso encontrado na Enterobíase).
Ademais, pode haver cefaleia sem explicação aparente e crises epilépticas (quadros de elevadas cargas parasitárias, com o córtex cerebral sendo excitado pelas toxinas liberadas), tontura, convulsão.
DIAGNÓSTICO
clínico-epidemiológico e laboratorial : ovos da tênia anã.
O exame laboratorial padrão-ouro para diagnóstico será o EPF (Exame Parasitológico de Fezes). A partir da técnica de Lutz ou Hoffman, Pons e Janer (sedi-mentação espontânea), os ovos embrionados liberados juntamente com as fezes do hospedeiro parasitado, serão detectados pela microscopia óptica.
Exame direto ou de concentração. Exame negativo deve ser refeito.
TRATAMENTO
Praziquantel, 25 mg/kg, dose única, juntamente com as refeições, para eliminação do verme adulto
Niclosamida - 1g para crianças e 2g p adultos durante 5 dias.
VIGILÂNCIA E PROFILAXIA
Notificar os casos confirmados à equipe de Vigilância Epidemiológica da região, para mapeamento das áreas acometidas e implementação das medidas de controle e prevenção (principalmente casos em creches, orfanatos, presídios, asilos).
Identificação e tratamento de portadores e bloqueio dos focos de transmissão
Educação em saúde com orientações sobre a doença e sua forma de transmissão e prevenção, gerando mobilização comunitária (lavagem das mãos após ida ao banheiro, antes e depois da manipulação de alimentos; lavagem dos alimentos com água potável; Ingestão somente de água potável; controle sobre os hábitos de coprofagia e “mãos na boca” das crianças)
Saneamento domiciliar e ambiental nos focos da doença
Vigilância sanitária com destino adequado dos detritos humanos.
O que diferencia H. nana da H. diminuta
a presença de acúleos.
Nos ovos, nana = chapéu mexicano;