FILARIOSE Flashcards
A filariose ou elefantíase é a doença causada pelos parasitas nematoides
Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori
Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros
A fêmea do mosquisto Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes, presentes nas regiões tropicais e subtropicais.
No Brasil o vetor primário e principal é o
Culex quinquefasciatus
MORFOLOGIA DO VERME ADULTO
O macho adulto possui corpo delgado e branco leitoso. Mede de 3,5 a 4 cm de comprimento e 0,1 mm de diâmetro. A sua extremidade anterior é afilada e a posterior enrolada ventralmente. No macho, os
órgãos reprodutivos são representados por duas espículas na região posterior.
Já a fêmea adulta possui corpo delgado e branco-leitoso. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e 0,3mm de diâmetro. A sua extremidade anterior afilada apresenta uma região dilatada com papilas sensoriais e a boca. Na parte posterior enrolada ventralmente, encontram-se os órgãos reprodutivos. Na fêmea, os ovos embrionados podem ser encontrados na parte distal do útero e as microfilárias (larvas alongadas)
estão na parte mais proximal.
Possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina, que é única e se exterioriza em uma vulva localizada próximo à extremidade anterior.
MORFOLOGIA DA MICROFILÁRIA
As microfilárias medem de 250 a 300 μm de comprimento e se movimentam ativamente pela corrente sanguínea do hospedeiro. Possuem uma membrana extremamente delicada e que funciona como uma “bainha flexível”. A bainha cuticular lisa é apoiada sobre numerosas células subcuticulares e células somáticas.
Ainda sobre a bainha, esta é importante, pois alguns filarídeos encontrados no sangue não possuem tal estrutura, sendo este um dos critérios morfológicos para o diagnóstico diferencial.
MORFOLOGIA DA LARVA
São encontradas no inseto vetor (Culex quinquefaciatus). A larva de primeiro estádio (L1) mede cerca de 300 μm de comprimento e é proveniente da transformação da microfilária. Essa larva se diferencia em larva de segundo estágio (L2), duas a três vezes maior, e sofre nova muda originando a larva infectante (L3).
CICLO BIOLÓGICO
É do tipo heteroxênico. A fêmea do Culex quinquefasciatus, ao exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingere microfilárias que, no estômago do mosquito e após poucas horas, perdem a bainha e atravessam a parede do estômago do inseto. Em seguida, caem na cavidade geral e migram para o tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e
transformam-se em L1.
Uma semana após o repasto infectante, ocorre a primeira muda originando a L2. Esta cresce muito e, após cerca de duas semanas depois, sofre a segunda muda para larva infectante (L3), medindo aproximadamente 2mm, que migra pelo inseto até alcançar a probóscida (“lábios do mosquito”).
Quando o inseto volta a picar e faz o seu repasto sanguíneo, ocorre a penetração da larva L3 pela pele lesada de um novo hospedeiro humano. As larvas migram para os vasos linfáticos, tornando-se vermes adultos e, entre seis a oito meses depois, as fêmeas grávidas produzem as primeiras microfilárias (período prépatente longo).
Ou seja, a W.bancrofti possui formas evolutivas diferentes nos hospedeiros vertebrados e nos invertebrados: no ser humano, encontraremos as filárias (vermes adultos) e microfilárias; no mosquito, encontraremos larvas.
HÁBITAT
Os vermes adultos são observados sobretudo nos vasos e gânglios linfáticos humanos, vivendo em média cerca de 4 a 8 meses nesses locais.
Já as microfilárias vivem na circulação sanguínea do hospedeiro vertebrado.
Uma característica peculiar deste parasito
É a periodicidade noturna de suas microfilárias no sangue periférico do hospedeiro humano, pois, durante o dia, essas formas se localizam nos capilares profundos, principalmente nos pulmões, ao passo que à noite, surgem no sangue periférico, apresentando o pico da microfilaremia por volta das 24 horas.
Interessante observar que o pico da microfilaremia periférica coincide, na maioria das regiões endêmicas, com o horário preferencial de hematofagismo do principal inseto transmissor, o Culex quinquefasciatus.
TRANSMISSÃO
Ocorre pela picada do inseto vetor (fêmea de C. quinquefasciatus) e deposição das larvas infectantes na pele lesada do ser humano.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Possui uma variedade de manifestações clínicas que podem ser devido aos vermes adultos no sistema linfático ou às resposta imune/inflamatória do hospedeiro contra microfilárias.
No caso dos assintomáticos, na realidade, esses podem apresentar doença subclínica com danos nos vasos linfáticos (dilatação e proliferação do endotélio) ou no sistema renal (hematúria microscópica), o que demonstra necessidade de atenção médica precoce.
As principais manifestações agudas são a linfagite, que parte da raiz do membro à extremidade, e a adenite associada à febre a mal estar.
Quanto às manifestações crônicas comuns, a hidrocele frequentemente se desenvolve na ausência de reações inflamatórias prévias. A elefantíase geralmente se localiza nos membros inferiores, é o resultado da somatória de um processo inflamatório com fibrose crônica, hipertrofia do tecido conjuntivo, adenite, dilatação e edema dos vasos linfáticos, o que justifica o aumento exagerado do volume do órgão com queratinização e rugosidade da pele. A incidência e gravidade das manifestações aumentam com a idade e as lesões crônicas podem se tornar irreversíveis. Alguns pacientes também podem apresentar comprometimento renal (quilúria).
Pode ocorrer também Eosinofilia pulmonar tropical (EPT): hiperresposta imune devido a síndrome caracterizada por sintomas de asma brônquica
PATOGENIA
Os pacientes assintomáticos ou com manifestações discretas podem apresentar alta microfilaremia, enquanto aqueles com elefantíase ou outras manifestações crônicas não apresentam microfilaremia periférica ou esta é bastante reduzida.
As possíveis ações verificadas são:
Ação mecânica: Pode resultar em estase linfática com dilatação dos vasos linfáticos ou derramamento linfático. Caso o derramamento ocorra na cavidade abdominal, observa-se a ascite linfática e, na túnica escrotal, a linfocele.
Ação irritativa: Resulta em a linfangite retrógrada (inflamação dos vasos) e adenite (inflamação e hipertrofia dos gânglios linfáticos). Fenômenos alérgicos, como urticárias e edemas extrafocais também podem ser obervados.
O que é o quadro conhecido como eosinofilia pulmonar tropical (EPT)?
Trata-se de uma hiperresposta imunológica a antígenos filariais em que se constata um aumento de IgE e hipereosinofilia, o que leva ao surgimento de
abscessos eosinofilicos com microfilárias e. posteriormente. ao aparecimento de fibrose intersticial crônica nos pulmões, comprometendo a função desse órgão.
A elefantíase é caracterizada por
Um processo de inflamação e fibrose crônica do órgão
atingido, com hipertrofia do tecido conjuntivo, dilatação dos vasos linfáticos e edema linfático.
Inicialmente, há hipertrofia da derme, porém a epiderme é normal. Com a progressão da doença, há esclerose da derme e hipertrofia da epiderme,
dando a aparência típica da elefantíase:
Em resumo: elefantíase é caracterizada pela inflamação, fibrose crônica com hipertrofia do tecido conjuntivo, edema linfático.
DIAGNÓSTICO
CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO: Numa área endêmica, a história clínica de febre recorrente associada adenolinfangite ou constatação de alteração pulmonar, eosinofilia sanguínea e suspeita de EPT podem ser indicativos de infecção filarial.
O principal diagnóstico diferencial da Elefantíase por Filariose é o linfedema causado por erisipelas de repetição. Cronicamente, isso leva a dilatação de vasos linfáticos e edema. Além disso, deve-se fazer diagnóstico diferencial com outras causas de linfedema, como linfedema primário, malignidade e tuberculose.
LABORATORIAL: Pesquisa de microfilárias no sangue: a gota espessa; peridiocidade noturna e a técnica de filtração em membrana de policarbonato, que possui maior sensibilidade por conseguir detectar cargas parasitárias pequenas.
Pesquisa de anticorpos e antígenos circulante: técnica imunoenzimática (ELISA ou imunocromatografia);
Pesquisa do DNA do parasito
Pesquisa de vermes adultos: Uso da ultrassonografia para detectar a presença e localização de vermes adultos vivos, principalmente nos vasos linfáticos escrotais de pacientes microfilarêmicos assintomáticos.