FARMACOLOGIA 2 - DISPEPSIA Flashcards
Caracterize a dispepsia
-> Condição patológica do TGI, mais especificamente do estômago, caracterizada pelo aumento exarcebado da produção de ácido clorídrico (HLC) ou por uma redução da mucosa estomacal (proteção); Clinicamente, manifesta-se com epigastralgia, azia, náuseas, empachamento, etc..
-> Pode ser orgânica, quando ela é consequência de uma doença de base (tumores, obstruções);
-> Pode ser funcional, quando ela por si só já é a causa. (mais comum)
De maneira geral considerando-se a a fisiopatologia da dispepsia, como ocorre o tratamento das de causa orgânica e funcional?
Causa orgânica: tratamento da doença de base;
Causa funcional: redução/neutralização do HCL e/ou aumento da proteção gástrica.
Qual o arcabouço terapêutico da dispepsia funcional considerando a neutralização/diminuição do HCL?
- Antiácidos (não reduzem a produção de HCL, mas sim neutralizá-lo). Ex: hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio;
- Anti-histamínicos (reduzem a produção de HCL em 78%). Ex: apesar de estarem em desuso, ainda se pode encontrar a famotidina;
- Inibidores da bomba de prótons (reduzem a produção de HCL em mais de 90%, chegando até 98%). Ex: omeprazol (mais fraco), pantoprazol (mais forte que o omeprazol e mais barato que o esomeprazol), esomeprazol (mais forte, só que mais caro).
Qual o arcabouço terapêutico da dispepsia funcional considerando o aumento da proteção da mucosa gástrica?
- Sucralfato;
- Misoprostol (análogo de prostaglandinas - abortivo);
- Bismuto.
Quais são os efeitos colaterais do uso de antiácidos no tratamento da dispepsia?
O antiácido (base) + meio ácido= sal + água (neutralização). Ocorre que nesse processo o hidróxido de alumínio gera um sal de alumínio que tem características acumulativas. Então, ao ser absorvido para a corrente sanguínea se deposita nos ossos, dificultando a formação da hidroxiapatita e estimulando a osteopenia. Além disso, a natureza divalente do hidróxido de magnésio dificulta sua absorção , assim, acumula-se no TGI, provocando diarreia osmótica.
É mais seguro utilizar antiácidos para dispepsia crônica ou aguda?
Aguda. Devido aos efeitos colaterais a longo prazo advindos do antiácido. Além disso, não é sustentável utilizar antiácidos em crises crônicas já que eles não diminuem a produção de HCL.
Localize o fundo e o antro do estômago
O fundo está voltado superiomente, conectando-se com o esôfago; O antro está voltado inferiormente, conectando-se com o duodeno.
Quais as principais células presentes no fundo e no antro do estômago?
Fundo:
- Células parietais;
- Células enterocromafins (endócrinas);
- Células D.
Antro:
- Células D;
- Células G.
Quando nos alimentamos, a gastrina tem ação direta e indireta na formação do HCL, explique os dois processos:
Direta:
- Quando nos alimentamos, os peptídeos irão estimular as células G a liberarem gastrina na corrente sanguínea, que irá se ligar aos receptores específicos de gastrina das células parietais. Isso envia um sinal para a porção apical das células parietais, ativando o simporte H+_Cl-, uma bomba de prótons que joga H+_Cl- para o lúmen gástrico, formando o ácido clorídrico.
Indireta:
- A gastrina irá se ligar em receptores específicos de gastrina das enterocromafins, estimulando a liberação de histamina. Por sua vez, a histamina iria se ligar em receptores H2 das células parietais, induzindo ainda mais o simporte e a formação de HCL.
Qual a relação da acetilcolina com a formação de HCL no estômago?
Quando nos alimentamos, o alimento estira o estômago, estimulando os neurônios do sistema nervoso entérico a liberarem acetilcolina. A Ach irá se ligar em receptores M3 das células parietais, estimulando elas a liberarem ácido clorídrico na luz estomacal.
Quais são os três compostos principais relacionados com o estímulo para a produção estomacal de ácido clorídrico? Quais as células que liberam o HCL
Gastrina, histamina e acetilcolina. As células que liberam são as células parietais presentes no fundo do estômago.
A liberação do HCL é ad eternum?
Não. A diminuição do pH do estômago pelo HCL estimula as células D presentes no fundo e no antro do estômago a liberar somatostatina. A somatostatina, por sua vez, irá inibir a liberação de gastrina, histamina e acetilcolina, o que irá diminuir a liberação de HCL. (Feedback negativo)
Elucide a principal causa de dispepsia funcional
A principal causa de dispepsia funcional é a proliferação da bactéria espiroqueta gram- H. pylori. Essa bactéria se reproduz melhor em pH ácido, e por conta disso, estimulam as células parietais a produzirem mais HCL, levando à dispepsia. Vale lembrar que a H. pylori existe no TGI e normalmente não causa problemas.
Em caso de uma dispepsia funcional é possível utilizar um anti-histamínico? Se sim, qual o melhor horário?
Sim. Podemos utilizar um anti-histamínico pois ele irá bloquear o receptor de H2 de histamina das células parietais. Assim, a histamina não se ligaao receptor e a célula parietal reduz a produção de HCL. O melhor horário para utilizar esse tipo de medicamento é a noite, já que o individuo cessará suas refeições e, por isso, a secreção de gastrina e acetilcolina vai ser menor, sendo a histamina a responsável pela produção de HCL basal a noite. Se o anti-histamínico fosse administrado durante o dia, não iria surtir tanto efeito pois as outras vias de liberação de HCL (gastrina e Ach) estariam ativadas. Além disso, os anti-histamínicos costumam causar sono, ou seja, mais uma motivo para serem administrados à noite. Esta em desuso porque existem fármacos que reduzem ainda mais a produção de HCL.
Qual o grupo de fármacos mais utilizados para o tratamento de dispepsia? Como eles funcionam?
Os Inibidores da bomba de prótons (IBP’s) reduzem a produção de HCL em mais de 90%, chegando até 98%, então são os mais utilizados. Ex: omeprazol (mais fraco), pantoprazol (mais forte que o omeprazol e mais barato que o esomeprazol), esomeprazol (mais forte, só que mais caro).
IBP’s tem características básicas, então ele é revestido para suportar o HCL do estômago e chegar ao intestino. No intestino, é absorvido para circulação sanguínea até chegar na porção apical das células parietaiss do fundo do estômago e se ligar de forma irreversível a bomba de HCL, inibindo-a, mesmo na presença de gastrina, histamina ou acetilcolina.